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Não TV Uma Nova Midia
Não TV Uma Nova Midia
I - Introdução
O que antes parecia apenas mais uma ilusão de um mundo criada pela ficção
científica, é a realidade que podemos vivenciar, mas que não vivemos completamente. O Brasil,
como em todos os lugares do mundo, tem vivido a sua porção da história da Rede Mundial de
Computadores, apesar de nossa realidade socioeconômica não ser tão favorável quanto nos
países desenvolvidos. No entanto, como a tecnologia da informática sofre uma evolução diária e
seu grande poder de atualização torna os preços acessíveis a uma camada cada vez maior da
população, sem contar o desenvolvimento da telefonia e a queda no custo pelos seus serviços —
mais acessíveis, mas por enquanto muito distante de um preço ideal. Abrigamos aqui uma série
de mentes brilhantes no desenvolvimento da Internet e um outro tanto de publicações
especializadas e preocupadas com tal desenvolvimento, que só é possível graças a uma outra
característica marcante da Rede, a amplitude planetária e — o mais importante — simultânea.
2.1. Introdução
Vivemos hoje, dias em que a ficção passou a ser uma realidade. Por outro
lado, no Brasil, ainda encontramos uma grande parte da população que acredita que o
computador (uma ferramenta útil e prática que conduz a humanidade à Revolução Tecnológica
ou Digital) seja apenas uma máquina de escrever moderna. É justamente neste ponto que
precisamos parar e começar a analisar o processo de evolução da mídia na Internet. Seu
surgimento — se é que podemos dizer assim — tem no computador o embrião tecnológico
responsável pelo nascimento da Rede Mundial de Computadores. Sendo assim, resgatemos um
pouco da história da informática e do computador pessoal, os PC’s, que hoje estão presentes na
vida diária. Será difícil encontrar alguma pessoa em uma cidade de médio a grande porte que
tenha passado pelo menos um dia sem ter qualquer tipo de contato com um computador, exceto
aquelas milhares de pessoas que trabalham praticamente o dia todo diante de um computador.
Essas engenhocas, muitas vezes tão fabulosas, nem sempre foram pequenas
ou rápidas dessa maneira. Esta afirmativa parece um tanto óbvia, mas pode não ser. Por ser uma
máquina que praticamente invadiu o cotidiano do homem comum, os computadores tornaram-
se um artigo de primeira necessidade. Começando pelas grandes corporações até as salas ou
quartos das casas de classe média, este habitante, que outrora parecia tão incomum, tornou-se
quase um membro da família, ou, em casos mais extremos, um cônjuge ou até um amante. As
pessoas passaram a relacionar-se com os seus computadores, só que, é claro, de uma forma
intelectual, devido à possibilidade de interação que existe com os softwares cada vez mais
modernos e surpreendentes e, portanto, cada vez mais vivos.
Tudo o que foi citado acima a respeito dos computadores pessoais, carrega
consigo uma dúvida: quando essa revolução dos computadores começou? Respondendo a esta
pergunta, será possível remontar a história da Internet de uma forma menos cronológica, mais
sociológica e filosófica, dentro do possível, mas acima de tudo, mais interativa.
Engelbart, com a experiência que possuía com radares, e após ouvir falar
sobre computadores, compreendeu que essas máquinas seriam capazes de muito mais do que
condensar a informação em cartões perfurados ou em impressões no papel, elas também
poderiam fazê-lo escrevendo ou desenhando numa tela. “Quando vislumbrei a ligação entre um
écran de raios catódicos, um processador de informação e um meio de representar símbolos
humanos, tudo se encaixou em não mais de meia hora” (RHEINGOLD:87-88).
Essa realidade tecnológica veio para exercer uma influência tal na vida das
pessoas a ponto de hoje o computador não apenas ser o responsável pela solução de problemas
mais complexos, mas também um dos responsáveis por uma nova cultura sobre a qual escreve
Sherry TURKLE (1995:10) em seu livro “Life on the screen: The Identity in the Age of the
Internet” (A Vida na Tela: A Identidade na Era da Internet):
“O DARPA queria criar uma rede que fosse suficientemente inteligente para
se recuperar sozinha de problemas como falta de energia, interrupções em
linhas de comunicação — e até de ataque nuclear. O DARPA chamou a
sua Rede de Darpanet.
Depois de um certo tempo o Governo desistiu da idéia de que sua rede era útil
apenas para projetos relacionados à defesa, e ela se tornou conhecida como
Arpanet. Nesse tempo, o governo começou a conectar muitas universidades do
país à Rede. A seguir, gerações de alunos estudaram , usaram e melhoraram o
que hoje é a Internet.
Para ter acesso à Web, o futuro usuário usa o browser Web*(6), programas
simples capazes de recuperar “páginas” de textos e imagens de outros computadores da
Internet. Incorporados a essas páginas estão os símbolos, chamados links (vínculos), que dizem
ao seu browser onde encontrar outras páginas relacionadas na Internet. O browser apresenta os
links*(7) de forma diferente do texto vizinho. Quando damos um clique em um link, ele
“carrega” outra página de textos e desenhos. A isso se chama “seguir um link”, e o conceito de
seguir links em páginas relacionadas de informação é chamado de “hipertexto”.
Parte do enorme sucesso da Web, deve-se ao fato de ela ser fácil de usar:
basta dar um clique com o botão do mouse, totalmente intuitivo. Outro segredo da mágica da
Web é a sua simplicidade. As “páginas” da Web são apenas arquivos residentes nas centenas de
milhares de computadores conectados à Internet. Para “servir” as páginas quando elas são
solicitadas por um browser, basta que o computador tenha um programa simples, chamado
servidor Web, essas páginas estarão armazenadas nos chamados provedores, que possivelmente
são também provedores de acesso à Internet. O servidor Web fica esperando e “ouve” os
pedidos dos browsers Web. Quando chega um “pedido”, ele encontra o arquivo solicitado e envia-
o para o browser.
É claro que isso não é tão aleatório quanto pode parecer nesse ponto. Uma
empresa ou organização que queira receber visitantes em seu site define uma página especial,
chamada de home page (ou página de apresentação). A home page é o “tapete de visitas” eletrônico
de uma empresa ou de uma pessoa. Ela informa aos visitantes qual é a organização e o que ela
faz e pode oferecer links para outras páginas relacionadas. Por exemplo, a home page de uma
empresa pode apresentar seu nome e seu logotipo, e oferecer links para outras páginas de seu
computador, com informações sobre produtos, empregados, clientes da empresa etc. Como as
empresas querem mostrar o melhor, elas produzem cuidadosamente seus sites, para serem
atraentes e oferecem informações úteis a possíveis clientes e ao público em geral.
No entanto, a Web não serve apenas para o comércio e, sendo assim, muitas
páginas são dedicadas ao divertimento e outras são completamente fúteis. Porém não podemos
esquecer a concepção da Web do ponto de vista tecnológico e educacional, uma vez que o
embrião da Internet, e conseqüentemente da Web, está completamente ligado à comunidade
acadêmica, sendo que muitas instituições educacionais, governamentais e não-governamentais
dentre outras, também têm a sua presença marcada na World Wide Web. De modo geral, no
entanto, as empresas e organizações levam suas páginas na Web (e seu site como um todo) muito
a sério.
De dois anos para cá, mesmo as empresas que nada têm a ver com a
tecnologia de computador, estão correndo para ocupar o seu espaço na Rede. Floristas, lojas de
autopeças, artistas gráficos, consultores, serralheiros, negócios agrícolas, bancos, financeira etc.
— todos estão na Web. Algumas estabeleceram sua presença para melhor servir seus clientes
atuais. Algumas estão na Web para promover seu negócio e vender seus produtos. Outras ainda,
simplesmente oferecem informações e recursos para o público em geral. Existem, também,
aquelas que colocaram na Web uma nova formatação de seu negócio, sem saber exatamente por
que, seguindo apenas uma moda. Mas os novos parâmetros da Web estão mudando esta
situação. O baixo custo de se ter um site Web e as novas tecnologias de segurança desenvolvidas
pelas administradoras de cartões de crédito passam a influir cada vez mais no consumo via
Internet, que pode ser mais barato e até mais rápido.
Para pensarmos sobre a revolução causada pela Internet de uma forma mais
completa, não podemos nos limitar à história ou a números da Rede. Existe uma transformação
sociocultural muito grande e muito presente na vida, até mesmo daqueles que ainda não estão
efetivamente conectados à Rede. Essas mudanças podem estar implícitas. Essa impressão, por
exemplo, de estarmos sempre atrasados ou desinformados, numa busca incessante por um
conhecimento que, por mais inteligentes ou capacitados que sejamos, nunca conseguiremos dar
conta, é uma característica da sociedade no século que se inicia.
O terceiro nível da alteração das nossas vidas, o nível político, deriva do nível
médio, o social, pois a política é sempre uma combinação de comunicação com
poder material, e o papel dos meios de comunicação é particularmente
importante para a política nas sociedades democráticas. O conceito da
moderna democracia representativa, como primordialmente concebido pelos
filósofos do Iluminismo, incorporava o reconhecimento de uma teia viva de
comunicação entre os cidadãos denominada sociedade civil ou esfera pública.
Embora as eleições sejam as característica fundamentais mais visíveis nas
sociedades democráticas, supõe-se que as eleições se apoiaram na discussão
entre os cidadãos, em todos os níveis da sociedade, sobre as questões
importantes para a nação.”
Ora, para ligarmos para outra pessoa em outro país, temos, como pré-
requisito, de conhecer tal pessoa; em seguida, temos que saber o número do telefone dela;
depois precisamos saber um horário conveniente para entrarmos em contato; e, por último, o
mais significante, temos de estar cientes da exorbitante quantia que teremos de pagar por essas
limitadas horas de conversa que se resumem, ainda, a apenas duas pessoas. Já graças ao
computador conectado à Internet, essa interação de relações interpessoais deixa de ser tão
restrita e cobra apenas um pré-requisito: estar sentado à frente de um computador on line. A
formação de novas comunidades, portanto, ocorre em um nível intelectual, e não mais no plano
físico da concepção de comunidade.
A idéia de hipertexto foi enunciada pela primeira vez por Vannevar Bush
em 1945, em um célebre artigo intitulado “As We May Think” (Como Deveríamos Pensar). Este
matemático e físico renomado, que havia concebido, nos anos trinta, uma calculadora analógica
ultra-rápida a qual havia desempenhado um papel importante para o financiamento do Eniac - a
primeira calculadora digital – afirma que “a maior parte dos sistemas de indexação e organização de
informações em uso na comunidade científica são artificiais. Cada item é classificado apenas por uma única
rubrica, e a ordenação é puramente hierárquica (classes, subclasses, etc.)”, explica Vannevar Bush, e
continua: “Ora, a mente não funciona desta forma, mas sim através de associações”. A nossa mente está
apta a pular de uma representação para outra ao longo de uma rede intrincada, de maneira muito
mais complexa do que os computadores podem realizar ainda hoje. A evolução dos
computadores e da tecnologia multimídia acompanham este processo na sua evolução seguindo
os caminhos trilhados pelo pensamento de Bush.
No início dos anos 60, Theodore Nelson inventou o termo hipertexto para
exprimir a idéia de escrita/leitura não linear em um sistema de informática. Desde então, Nelson
persegue o sonho de uma imensa rede acessível em tempo real contendo todos os tesouros
literários do mundo, como relata Pierre LÉVY (As Tecnologias da Inteligência. Ed. 34; São
Paulo:1991):
Talvez mais difícil do que entender a relação homem/ máquina, seja aceitá-
la. Uma grande parte da população mundial ainda tem aversão ao contato com os
microcomputadores e tem medo da interação que eles nos permitem com a Internet. O medo
desta interação homem/máquina faz com que muitos acreditem que seja realmente difícil
utilizarmo-nos do computador. Muitos ainda resistem em acreditar que os computadores
funcionam nesta relação de duas formas práticas: primeiro, como “facilitadores” na resolução de
problemas mais complexos ou evitando processos de repetição numa velocidade muito maior; e
segundo, permitindo-nos o acesso a uma infinidade de informações e relações interpessoais
através da Rede. A dificuldade de entender um sistema tão simples e pronto para a utilização
intuitiva pode ser, basicamente, proveniente do medo.
Outra forma de obter uma conta é por meio de seu provedor de acesso que
vai lhe permitir ter quantas “contas” estiverem estipuladas no seu contrato com a empresa.
Certos provedores oferecem número de contas infinitos e outras já delimitam este serviço entre
uma, cinco e dez contas por contrato. A vantagem de ter uma conta registrada direto no
provedor é a facilidade de acesso à sua caixa postal e à maior segurança. Além disso, muitos
provedores já solucionaram o problema do acesso local à caixa postal através da criação de um
serviço de Webmail, só que restrito aos seus assinantes.
Notas:
1. This book describes how a nascent culture of simulation is affecting our ideas about mind,
body self and machine. We shall encounter virtual sex and cyberspace marriage, computer
psychotherapists, robot insects, and researchers who are trying to build artificial two-year-olds.
Biological children, too, are in che scory as their play with computer toys leads them to
speculate about whether computers are smart and what it is to be alive.
Tradução: “Este livro descreve como uma nascente cultura da simulação está afetando nossas
idéias sobre a mente, o corpo, o ego e a máquina. Nós encontraremos sexo virtual e casamento
ciberespacial, psicólogos eletrônicos, insetos eletrônicos, e pesquisadores que estão tentando
construir uma inteligência artificial de uma criança de dois anos de idade. Crianças biológicas,
também, estão nesta história porque sua diversão com brinquedos eletrônicos levam-nas a
especular se os computadores são inteligentes e o que realmente é estar vivo”
2. Bit. Derivado do inglês Binary digIT. Unidade elementar de informação do sistema binários,
assumindo somente os valores 0 e 1. Mediante seqüência de bits pode-se representar todas as
informações descritas e, com um certo grau de aproximação, todos os valores reais.
Byte. Termo equivalente a um octeto binário, ou seja, uma seqüência de oito bits. Esta unidade de
informação é amplamente utilizada na representação de um caracter tipográfico, descrição de
atributos em elementos de imagens ou pacote de informação digital.
3. Matéria publicada na Revista PC Master (ano 3; n.º 5) revela que, segundo pesquisa do
Datafolha, o Brasil tem 8 milhões de internautas que navegam regularmente, mas a maioria
(60%) não acessa a Web nos finais de semana. A pesquisa realizada com pessoas com mais de 16
anos: 1,7 milhão navegam apenas em casa; 2,6 milhões usam a Internet no trabalho; e 3,3
milhões navegam em outros lugares como faculdades, bibliotecas ou casa de amigos.
4. Precisaremos definir melhor o termo online, que dentro da língua portuguesa tem distinções
conceituais: quando on line é escrito separadamente entende-se que a pessoa ou a empresa está
conectada, ou seja, ligada à Internet por uma linha telefônica — ou para os menos ortodoxos, essa
pessoa, empresa ou instituição está plugada. Quando o termo on-line estiver separado por hífen,
classificamos dentro da língua portuguesa como substantivação, por exemplo, fala-se a versão
on-line, e não a versão on line ou online. E, por fim, o termo online escrito junto é classificado na
língua portuguesa como adjetivação, antecipado por um pronome. Como exemplo podemos
citar a America OnLine (AOL) ou o Universo OnLine (UOL).
5. Internet Explorer e Netscape Communicator são os dois browser Web mais usados do mundo.
6. Links: vínculos.
7. Uniform Resource Locator (Localizador de Endereços Uniformes)
10. DeskTop: termo do inglês que pode ser traduzido para o português como escrivaninha, mas
na informática, este termo é utilizado para definir a área de trabalho do sistema operacional do
computador.
III - O Jornalismo on-line
Para se ter uma idéia ainda mais precisa da evolução da Internet em sua
jornada para entrar cada vez mais nos lares, a Internet.br, uma das principais revistas
especializadas em Internet do país, publicou em março de 1999, uma reportagem intitulada
“Internet de Graça”, falando sobre a possibilidade do acesso gratuito à Rede, o que, a curto
prazo, não seria viável por causa dos altos preços dos insumos — máquinas, servidores, links,
Embratel etc. — e das ligações telefônicas. O que aconteceu com a maioria dos provedores de
acesso gratuito todos já sabemos: ou falharam em sua missão e foram à bancarrota, ou
reduziram agressivamente suas atividades. Os EUA, maior potência mundial no acesso à
Internet, viram alguns provedores promissores irem à falência pela falta de recursos e trabalhar
no vermelho. Outro empecilho para tornar este “sonho” realidade, são os ganhos de publicidade
on-line, que ainda permanecem insatisfatórios. O argumento dos provedores é que os valores
pagos pelo acesso telefônico são tão altos que poderiam justificar uma parceria. Isso de fato
ainda não ocorreu porque as companhias telefônicas não enxergaram o bom negócio. Enquanto
isso, a guerra dos provedores está esquentando o mercado, numa batalha de preços e serviços,
além de campanhas de marketing feitas pelos grandes provedores. Com essas promoções e
incentivos, a Internet vai aos poucos, tornando-se mais popular e barateando os custos. O
acesso gratuito à Internet é uma realidade, embora tosca.
Outra reportagem que revela o teor cada vez mais popular da Rede, é
publicada em novembro de 1998, na Internet.br, intitulada “Conversando em Internetês”.
Numa espécie de brincadeira lúdica com o leitor, a matéria traz um box chamado Dicionário
Prático de Internetês, que traduz termos usados nas salas de bate-papo (popularmente conhecidos
como chats) e no ICQ, que estão mexendo com a norma culta da gramática, encurtando palavras,
tirando acentos e aportuguesando termos em inglês. A nova edição do Vocabulário Ortográfico da
Língua Portuguesa incluiu 6.242 novas palavras, muitas oriundas do meio da informática, num
total de 349.817 verbetes cobertos pelo livro. As adições ao livro, lançado em sua primeira
edição em 1981, foram indicadas por uma comissão de lexicografia nomeada pela Associação
Brasileira de Letras (ABL). Para se ter uma idéia mais concreta deste acréscimo à Língua
Portuguesa, entre as novas palavras high-tech estão: deletar, holograma, modem, scanner, robótica
e up-date. O critério para aceitação das novas palavras no vocabulário é o uso corrente por
autores ou a popularização via televisão ou jornais. Vale citar aqui que a reportagem analisada
acima pertence a uma séria chamada Série Humanos 2.0: Como a Rede Está Mudando Sua Vida.
Definitivamente, a Internet tem vida própria e, até onde se sabe, não tem
um governo. O seu futuro está, aparentemente — e verdadeiramente —, sendo ditado e escrito
pelos internautas. No entanto, esse meio tão anárquico tem o seu lado ditatorial. Em agosto de
1999, a Revista Internet Bussines, fez uma matéria completa intitulada “Evolução ou extinção: onde
sua empresa se encaixa?”, sobre a “lei da seleção natural” da economia digital em detrimento das
velhas práticas. A questão foi levantada em 10 setores para saber que mudanças a Internet traria
para os negócios, tratando o momento como questão de sobrevivência. Para este estudo, dois
setores, publicidade e editorial, valem ser analisados de imediato numa caminhada para os
negócios do mundo digital que parece não ter volta. A Rede tem sido tratada como um assunto
considerado estratégico para todos os setores consultados. A certeza, segundo a reportagem, que
existe no mercado é que, mais do que nunca, é momento para virar o jogo e adaptar-se ao
mundo dominado pela informação rápida transmitida por bits.
Mas a produção editorial na Rede não está limitada às versões on-line dos
veículos de comunicação de massa que já existem. Os portais cresceram na Rede travando uma
luta que parece incrível dentro da Internet pela audiência. Uma vez que a Internet deveria ser
um veículo de comunicação impossível — ou pelo menos improvável — de ser controlado, isso
espanta. É o que podemos constatar no texto “Dos Portais à Grande Muralha”, publicado na
Revista Brasileira de Comunicação, Arte e Educação. Mas nesta análise dos portais como fonte
de informação na Rede, precisamos entender o que são exatamente esses websites. Segue abaixo a
definição de CAMARGO & BECKER (1999) sobre os portais:
Esses portais têm o objetivo de, além de atrair o maior número de usuários,
fazer com que ele permaneça o maior tempo possível no site sem que mude seu curso, mantendo
sua navegação nas propriedades do “portal” que traz um grande número de links (vínculos)
associados.
A Internet tornou-se uma agravante desta epidemia, pois não pode (nem
deve) haver um controle deste tipo de manifestação pseudojornalística. No entanto, isto não
reduz, de forma alguma, a importância do jornalista. Pelo contrário, reforça a necessidade dos
profissionais de imprensa, como explica SHENK (1999):
Notas:
3. “Journalists in the pre-elettronic era acted as hunter-gatherers, foraging for virtually anything
they could find.
As information has come into super-abundance over the past fifty years, however, this hunter-
gatherer role has been rendered partially obsolete. People have become their own publishers and
broadcasters, and new information has become relatively easy to come by. In fact, a formidable
instant-news industry has emerged in the form of CNN, CVNfn, MSNBC, and assorted other
all-news networks, channels, and news wires, to feed us news tidbits all dav and all night long.
But the news-flash industry supplies us with entertainment. Not journalism, and as such is part
of the problem of infrormation glut. While most of the subjects mentionad in hourly news
updates are ot great national or international importance, the actual news nuggets being reported
are of little or no practical or intellectual value”.
4. “In fact, journalists are more necessary in the glutted world. As a skeptical analytical buffer
and-now more than ever-as an arbiter of statistical claims, the news media is an indispensable
public utility, every bit as vital as our electricity and gas lines. In a world with vastly more
information than it can process, journalists are the most important processors we have. They
help us filter information without spinning it in the direction of one company or another.
Further, as society becomes splintered, it is journalists who provide the vital social glue to keep
us at least partly intact as a common unit. For democracy as we know it, a bypassed media
would be a disaster.”
IV. Conclusão
Este trabalho, a meu ver, está embebido pelo que considero acompanhar a
trajetória da humanidade. Por uma sociedade melhor? Talvez. Mas certamente, com a busca de
novas alternativas através dessa nova mídia possibilitada pelas CMC. As interconexões pessoais,
as comunidades virtuais e as inteligências coletivas criando uma nova cultura, a “cibercultura”,
cria em mim um estado de êxtase ao poder visualizar um novo momento, de transição. Com este
ensaio, muito mais do que seguirmos uma onda tecnológica ou midiática, procuramos nos
antecipar ao pensamento ou às tendências correntes. Compreender de maneira real aquilo que é
virtual e como “estar” virtual sem deixar de ser real. O novo mundo, agora, não são mais terras a
serem descobertas por navegantes entusiastas dos séculos XIV e XV, são terras virtuais,
“cibernéticas” a serem construídas pela humanidade.
Podemos concluir que a nossa incursão, portanto, na era digital, diz respeito
à nossa participação e atuação na Internet e na Web. Muito mais do que a simples publicação de
um conteúdo preexistente, uma reformulação em nossa concepção de mídia e de público. A
Internet abre uma janela para um novo milênio, uma nova era na qual todos estamos inseridos.
Uns conscientes disso, outros não.
V. Bibliografia
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ELLSWORTH, J.H., ELLSWORTH, M.V. guia de negócios na Internet. 1 ed. São Paulo: Barkley,
1995.
HAHN, Harley. The Internet: complete reference. 2 ed. USA: Osborne, 1996
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. 1 ed. São Paulo: Editora 34, 1990
SHENK, David. Data smog: surviving the information glut. USA: Harper Collins Publishers,
1997.
STOUT, Rick. Dominando a world wide web. 1 ed. São Paulo: Makron Books, 1997.
TURKLE, Sherry. Life on the screen: the identity in the age of the Internet. 1 ed. USA: 1995.
Periódicos:
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Janeiro: Ediouro, ano 1/n.1, p.22-30, 1999
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Janeiro: Ediouro, ano 2/n.24, p.42-66, 1999
ARAÚJO, A., FABRIANI, M. O guru da web. Rev. Internet.br. Rio de Janeiro: Ediouro, ano
3/n.36, p.33-8, 1999.
CAMARGO, N., BECKER, M.L. Dos portais à grande muralha. Rev. Brasileira de Comunicação
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LEIRA, Luis. Por uma cibervida mais humana. Rev. Internet.br. Rio de Janeiro: Ediouro, ano
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http://www.onlinejornalism.org
http://www.orj.org
http://www.reescrita.jor.br
http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber.html
Este ensaio se apropria do conceito baseado em Copyleft para distribuição do material. Fica
autorizada a distribuição gratuitamente, a reprodução integral ou em partes, desde que citada a
fonte. Deverá ser encaminhada uma cópia ou a URL em que o material foi publicado, para fins
de arquivamento.
Faggion, Helber Guther. História Digital e Jornalismo On-Line. Ensaio. São Paulo-SP:
http://www.nova-e.inf.br Brasil: 2001.
Jornalista formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), com projeto de graduação na
área de Internet. Acompanha o processo de desenvolvimento da Internet comercial desde 1997,
prestando serviços para empresas de Internet e assessoria na área de comunicação para Web
desde 1999.
Seus artigos sobre Internet, nova economia, cibercultura e conteúdo podem ser encontrados em
diversos sites e publicações na Web.
Colunista desde novembro de 1999, em outubro de 2000 assume como editor especial da revista
www.nova-e.inf.br, com o objetivo de coordenar ações editoriais de comunicação, amparadas
por conceitos de inovação e vanguarda do projeto editorial. Apelidado na redação de
"combatente de excessos", faz da sua carreira uma declaração de fé no futuro e na ética entre os
homens. Aleluia !! Um profissional de coragem!!!