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Introdução
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Graduação em Licenciatura Plena em História pela Universidade do Vale do Itajaí - Univali
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................................................................... Anais Eletrônicos do IX Encontro Nacional dos Pesquisadores do Ensino de História
18, 19 e 20 de abril de 2011– Florianópolis/SC
Compreendendo que o papel da História para o novo século seja, entre outras coisas,
possibilitar a formação de uma consciência crítica sobre a sociedade e o mundo e a
fomentação da cidadania nas novas gerações, devemos buscar formas de alcançar tais
objetivos através da História, uma vez que tais pontos não poderão ser alcançados através do
ensino como ele é atualmente ministrado nas escolas onde as observações ocorreram.
A possibilidade de utilização da literatura nas aulas de História apresenta-se como
uma ferramenta ideal devido a algumas características específicas, dentre elas a possibilidade
de se observar e se identificar com os personagens contidos nos romances através de uma
abordagem comparativa. É um ângulo de visão diferente do apresentado nos textos da
História tradicional, é a visão de pessoas e grupos sociais muitas vezes não pertencentes as
parcelas dominantes política e economicamente. Abre-se o estudo da História a uma nova
perspectiva, mais próxima e mais acessível aos educandos.
Admitindo portanto a extrema importância de aproximar os temas de estudo do
campo de significação dos alunos, diz Piaget (2005, p. 37) “O interesse é a orientação própria
a todo ato de assimilação mental. Assimilar, mentalmente, é incorporar um objeto à atividade
do sujeito, e esta relação de incorporação entre o objeto e o eu não é outra que o interesse, no
sentido mais direto do termo („inter-esse‟)”. Busca-se na Literatura uma forma de tornar a
História viva, de encontrar nas situações e tramas ficcionais da Literatura pontos de
identificação entre os alunos e os personagens literários e a consecutiva geração de interesse
pela História. Interesse que é indispensável para um estudo crítico da História, que demonstre
as condições do Homem em outros momentos históricos e as transformações ocorridas nas
formas de entender e sentir o mundo até a atualidade, segundo Rafael Ruiz (2005, p. 77)
“Trata-se, portanto, de ensinar o aluno não a contemplar o “edifício da História” como algo já
pronto, mas de ensinar-lhes a edificar o próprio edifício”, oferecendo a ele os instrumentos
para a edificação do próprio ponto de vista, tão explicitamente quanto possível.
Tendo em vista que este trabalho é um dos resultados provenientes das práticas de
observação levadas a cabo ao longo do ano de 2010 em duas escolas da rede pública de
educação torna-se necessário iniciar as discussões com alguns elementos notados durante tais
práticas.
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Uma vez reconhecidos os problemas acima expostos devemos nos questionar então
qual História ensinar neste novo século? Uma vez que a História tradicional não encontra
espaço ou razão de ser em nossos dias?
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percebam como sujeitos históricos, cujas vidas são parte dos movimentos já ocorridos ao
passo que são também construtoras do futuro a partir do presente, nas palavras de Bezerra
(2005, p. 45) “O sujeito histórico, que se configura na inter-relação complexa, duradoura e
contraditória entre as identidades sociais e as pessoais, é o verdadeiro construtor da História”..
Se este é o papel da História para o novo século, se este objetivo trará ao ensino de História a
vitalidade e o espírito critico que a concepção de uma história factual e memorialista não a
concedeu poderemos adotar a literatura de época, os romances históricos como grandes
aliados.
A literatura operando em conjunto com o estudo da História, no sentido de
familiarizar os jovens com períodos de tempo inacessíveis através dos livros didáticos e da
exposição apenas cientifica da História permite a compreensão a partir de pontos de vista
pertencentes a grupos sociais que não prevaleceram ao longo do curso da humanidade,
apresenta-se a perspectiva histórica de grupos excluídos e não apenas a história dos heróis,
condição fundamental para a criação da consciência crítica do jovem cidadão, ainda segundo
Bezerra (2005, p. 47):
O conjunto de preocupações que informam o conhecimento histórico e suas relações
com o ensino vivenciado na escola levam ao aprimoramento de atitudes e valores
imprescindíveis para o exercício pleno da cidadania, como exercício do
conhecimento autônomo e crítico; valorização de si mesmo como sujeito
responsável da História [...]
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narrativas literárias. Tal conhecimento histórico segundo Schmidt e Garcia (2005, p. 302),
“pode ser articulado em diversas situações de aula, com outras formas de conhecimento
histórico – por exemplo, com as narrativas de historiadores, de autores de manuais didáticos e
com conteúdos históricos veiculados pela mídia”.
Conclusão
O ensino de História nas escolas brasileiras sofre hoje de uma crise de identidade,
não encontrando um lugar no mundo moderno, mundo este caracterizado pela velocidade da
informação e sua abundante disponibilidade. Valendo-se de métodos ultrapassados e
insistindo em ensinar nas salas de aula uma visão da História que não mais encontra eco na
mente dos jovens o estudo da História parece estar inviabilizado a contribuir de forma
significativa para a formação das novas gerações.
Buscando formas de se alterar tal situação devemos a um primeiro passo definir que
tipo de História devemos então ensinar aos nossos alunos, uma História tradicional pautada na
acumulação repetitiva de informações, que desincentiva qualquer análise ou reflexão e que
apresenta de forma abundante sinais de ineficiência? Ou devemos procurar formas de se
ensinar História aos nossos alunos de uma maneira que os sensibilizem em algum grau com
os conteúdos de estudo? E se esta for a opção como viabilizar isto em sala?
A opção pela utilização da Literatura não deve ser compreendida como algo de
menor importância ou como uma distração que o professor pode lançar mão de tempos em
tempos, uma medida paliativa e sem profundidade. O ensino da História sendo realizado de
forma conjunta com a Literatura a partir de obras que permitam aos estudantes realizarem
reflexões sobre as condições de vida de parcelas da população geralmente marginalizadas
como a situação das mulheres ou das crianças em vários momentos históricos é de
fundamental importância se esperamos realizar um ensino que ao invés de forçar o aluno a
apreender ou decorar algumas informações procura cativa-lo para que ele mesmo apreenda
(com a ajuda e mediação do educador) a História da humanidade e a relacione com sua
própria vida. Tal possibilidade oferecida pela literatura pode ser aproveitada pelo educador de
modo a criar as condições básicas de familiarização com o espírito de determinada época e a
partir disto iniciar uma abordagem mais “cientifica” ou “didática” inclusive a respeito de
temas políticos ou econômicos.
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Referências
ABUD, Kátia Maria; SILVA, André Chaves de Melo; ALVES, Ronaldo Cardoso. Ensino de
história. São Paulo: Cengage Learning, 2010. (Coleção ideias em ação).
PIAGET Jean. Seis estudos de psicologia. 24. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
2005.
PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi. Por uma história prazerosa e conseqüente. In:
KARNAL, Leandro (Org). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 4. ed.
São Paulo: Contexto, 2005. p. 17-36.
RUIZ, Rafael. Novas formas de abordar o ensino de História. In: KARNAL. Leandro
(Org.) História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 4. edição. São
Paulo: Contexto, 2005. p. 75-91.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora Moreira dos Santos; GARCIA, Tânia Maria F. Braga. A
formação da consciência histórica de alunos e professores. Cad. CEDES, Campinas v. 25, n.
67, p. 297-308, set./dez. 2005.