Você está na página 1de 90
ON TTem Toe! Chocolate a Chuva Con, Onaas ow Atsce Vien TRosa, Mivin tak Rosa, Prémio de Literatura tft «Ano Inter. facional da Crianga>, 19% edo, 2006 » Lorn 12, 2° Fanca, 15. tio, 2006 * Ciocoiamt A CHWWA, 13° edi, 2007 + A EsPaDa oo Thur Arosso, 11. edigto, 2001 * Este Ret Que Bu Pscoun, Prémio Galogste Gulbenkian de Literati sligio. 2001 + ‘Ganon v Discancas ba Con tr Bien Taboo, 18° edigio, 2007 houas om Venn, ego, 2008 + Fuot pe Min. 8° igo, 2008 + Vinain A Roa oo Meu Nowe, 10° digo, 2006» PAULINA 40 PASO. 3 eaigao, 1999» As Daz a Poca Prev, 6° edigh, 2000 © A Lin ho Bora A Vanna, 9° aligdo, 2006 * Urata, « Maton. 7° edgbo, Dra? * Ox Outen oe Ans Mls, 52 eigho, 2004 + Lexsioko, RE 08 Henin 6 edigho, 2004+ Prenacnrono Ba Lu. 52 eigbo, 2006 * ‘Canons Ast 4 lg, 2005» Se PokounTataw Yor Mis Daas ‘a Vows edge, 2008 * USB pe Fuso nos Covras oo Max, 2° ‘to, 2001 » Tsavet Pats A Car, 8 eg, 2007» Vie Cen ‘Sears, 2 eligho, 2004 + O Css Ox Mans Mas 205, Con, Hasromias Twnconss Powrucu sss ‘Conn, Cone Canaciite, 2° ego, 2000 © Ust Lanes Draaino 0 {Case 1991» Pra, Pac» Esra, 1991 + A Amos po Ria 1991 * eavo po Cairo # Rato 0% Cina, 192 Praag e Peas. 1992 = Manin pas Shas, 1992 + Drsawon Caco, 1992 * As Ths Fuasoewas, 1098'* A Bina Meuna, 1993 * 0 Corio BRAvoun £6 Foams Rano, 1996+ O Passo Veaue, 1994 + Os Ants 90 Dian {008 * © Grassin sas Tals ns, 1998 © Masons Paraastns, OVS Casranss, 2003» As Mornas we Ouno oe Peto Post, 2003 Cox. Masromias Taaoicsonsss Pontus. Nove sexi “A Macross tx Mesa Tota 0 Cowbko DOvRABO, 2006 © Karo ‘no Cound # Rao 0% Conoe t JOK0 GkAO 14 Miao, 2006, Ovrmas omnas isa Late, 1993 + Bu Best Vi Nascan 0 Sot; 6 ego, 2008 © Puan: fe Porat, 1997 # Contos & Las i Maca 2002 * 2 Hisromins fe Natal 2002 * Rot, Mii Hk Ross, ego comemoraiva do 25° niversao da primeir edi, 2004» Doss Cases Tenanoo w4 AdUA, 2007 \ Bibliot: pe, Reaien@ Alice Vieira Chocolate 4 Chuva 15 edigto (CHOCOLATE ACHUVA Livro impreso em papel ofc standard Capitulo 1 Fizemos malas, desfizemos malas, vamos embora, nao vamos embora, tira o mapa da gaveta, volta a por ‘© mapa na gaveta, cuidado nao te entales, contimos 0 dinheiro pela 146." vez, a Rosa tolinha de todo a aumen- tar ainda mais a confusio agarrada as nossas pernas a gritar «eu tenho cinco réis como a Carochinha», e © meu Pai com aquele ar de quem nao esta para achar graca nem 4 filha mais nova, quanto mais. ‘Nao hd diivida: férias sao rica invengio, sim senhora. Gasta-se mais dinheiro do que nos outros dias (diz 0 meu pai), cansamo-nos mais do que a trabalhar (diz a minha mie), deixamos a casa fechada © sozinha o que é um Perigo (diz a minha av6), nao vou dormir na minha caminha e com a minha almofada (diz a minha irma), ‘zangamo-nos todos & partida, & chegada, e quando nao se encontra 0 lugar para arrumar o carro (digo eu), mas nao ‘hd nada melhor neste mundo, 6 gentes! Admirarmos os rigs, os riachos, os montes, os vales, ¢ © meu pai acaba Sempre por dizer «ha la coisa mais linda que o Largo 5 de Outubro», que foi onde ele nasceu em Vila Flor, as trés ¢ meia da tarde, ¢ a minha mae pronto, amua até dali a ‘um quarto de hora que é quanto duram os amuos dela Durante esse quarto de hora, 0 meu pai aproveita para gabar, pela 486.* vez, as maravilhas do seu largo, da sua terra, da gua das suas fontes, da cor dos ovos, do sabor das couves, © do. som dos sinos. Depois encavalita a Rosa num dos jocthos e pergunta — Rosinha, 0 que € que acontecew no 5 de Outubro? E a minha irma, muito bem mandada, responde: — A Repiblica. ‘Mas engasga-se pelo meio da palavra, que é grande de mais para 0 trés anos dela, e pée «rr» onde eles nao existem, e tira 0 «1» donde ele devia estar, e fica assim uma repiblica um bocado as trés pancadas, mas o sufi- ciente para o meu pai estalar de contente: — Rica menina! Comeca logo a assobiar o hino nacional, depois passa Para o da restauragio, e ai a minha mie decide acabar ‘© amuo, antes que venha também o da Maria da Fonte, que nisto de hinos patriéticos ninguém leva a palma ao meu pai. Mas como eu ia dizendo, no ha nada melhor que as férias. O ano passado tinhamos decidido ir até Espanha, Mais propriamente Sevilha e Granada. ‘© meu pai foi buscar 0 atlas e mais o mapa que tem Sempre no carro, e logo ali comecamos a viajar com os dedos — 0 que, diga-se de passagem, é bastante mais ‘econémico © menos cansative. E com um bocadinho de imaginacao, sempre se vai conhecendo alguma coisa. Sé ‘nao se mandam bilhetes-postais aos amigos. — Estas a ver, a gente pode sair de casa cedinho. (Cedinho ¢ palavra que ele usa quando nos quer fazer Jevantar da cama 3s quatro da manba.) — ... vai direito a Vila Real de Santo Antonio, atra- vessa a fronteira em Ayamonte, segue por Huelva ¢ num instantinho esta em Sevilha. Otha aqui. famos seguindo o mapa onde, em duas piginas segui- das, se estendia a Peninsula Thérica. Ali realmente era tudo um instantinho. Da fronteira a Sevilha era so uma distancia igual a metade do meu indicador. ‘O meu pai, depois de breve paragem, metia de novo a primeira e arrancava, agora para Granada $ — Depois davamos ainda um salto a Cordova, viamos 4 mesquita, ouviamos as historias do guia sobre 0 Manolete. (Aqui eu interrompi para perguntar quem era 0 Mano- lete, ele explicou-me que tinha sido um grande toureiro ‘morto em plena praca pelo touro, ¢ tornou a embalar.) — ... divamos por lé uma volta e num instantinho estivamos em Granada, Mania que as pessoas tém do «instantinho». Quando no sabem medir 0 tempo ¢ se querem convencer de que tudo é facil e & medida dos seus desejos, Ia thes rebenta {da boca 0 instantinho. Lembro-me que, no dia em que a Rosa nasceu, toda a gente me jurou que ela ia crescer ‘num instantinho. Mas com instantinho ou sem ele, a ideia parecia ter pegado. Logo ai comecei a tentar aprender algumas pala- ‘vras de espanhol, apesar de toda a gente dizer que 1 € lingua que todo 0 portugués ji nasce a saber . © pior so as dificuldades que surgem quando ‘mesmo preciso falar. Por isso, como pessoa previdente ‘que sou (ah! ah!) arranjei logo um daqueles livros de ‘aprender linguas a pressa, © passado uma semana estava ‘pronta a dizer inimeras coisas dteis para a minha viagem, a saber: — 0 chineses sio amarelos; meg; © “tide da minha amiga é mais comprido que © canivete do meu avé é de boa marca; — 08 cavalos dormem de pé; — desculpe, mas nao acredito em fantasmas; © seu nariz tem uma verruga; = prefiro tinto, obrigada. E outras frases ‘mais ou menos neste estilo. O que, com uns bons . (© meu pai é um adepto fervoroso do campismo. Se pudesse levar com ele 0 colchio de molas, a casa de banho com banheira, esquentador, dguas frias e quentes, © sofa do escrtério, a estante dos livros, o telefone e & televisio, acho mesimo que podia perfeitamente i acam- par a Sevilha, Ou até viver sempre num parque de €ampismo. Assim, nao tem outra solucio sendo gabar as vvirtudes de tio salutar pritica, enterrado no sofia fazer 488 palavras cruzadas, ¢ a fumar o seu cachimbo. Pelo sim pelo nao (0 progresso caminha tio depressa que nao tarda 4 ser possivel levar tudo isso para debaixo de uma tenda.. ‘onieu pai é sécio de um clube, em as quotas em dia, e rece- be pelo correio o boletim, que evidentemente nunca Ie "Também nio sou assim tao azelhal Se a gente seguir as instrugses, nio vai ser nada do outro mundo por a tenda de pé. ” — Claro que nio vai, mas garanto-te que ainda leva 0 Seu tempo. Uma vez uns colegas meus foram acampar Para Franca com tenda emprestada. Era assim uma tenda lultramoderna, insuflavel, nem era preciso os tubos. de ‘armacéo nem nada, uma maravilha, diziam. Quando che- ‘garam ao primeiro parque, jé era noite, tiraram tudo para fora do carro ¢ s6 entio ¢ que repararam que niio tinham. Jevado a bomba de encher. Ninguém tinha nenhuma ‘aqueles sitios, as lojas estavam todas fechadas, tiveram outra solugao senio tomar a meter tudo dentro do Carro marchar para um hotel. Levaram o resto dos dias de loja em loja a procura da bomba que néo havia em Parte nenhuma. Ou eram grandes de mais, ou cram Pequenas de mais. E a viagem que era para durar um més, em: Franga, acabou por durar uma semana s6 em Espanha, que em hotéis se tinha gasto entretanto o dinhei- 10 todo. lao hi diivida que me estés a dar grande forca € animacao! Esta descansada que a tenda da Claudia ¢ berm antiga, arma-se como todas as outras e no precisa de ‘bomba nenhuma. E ela esti mais que habituada a acam- ar, sabe bem como ela se monta. De resto, até foi dela ue partiu a ideia. Ficimos logo todas a berrar de conten- tes, menos a Susana, claro, que nao sabe se a mie a deixa . Estis a ver a Susana toda de caracéis e vestidos finos a andar em tendas de campismo? Acho que ela daria tudo Para ir conosco, sujar-se, arranhar as pernas, amolgar os Joclhos, sei 1a, mas com aquela mie... Olho para a minha mie. Faco-Ihe uma festa, ¢ vou Para o meu quarto comecar a arranjar as coisas que preciso de levar para o acampamento deste fim de ano lectivo. E acho que ela tem razio: vio fazer-me falta as ‘suas mos a entalar-me, a noite, a roupa da cama. Mas que ninguém sonhe! unde A professora chamou-nos de parte, ja mew ‘tinha entrado para a camioneta. : moots v0 a8 duss no banco, 20 pé da Maria do e eu queria pedir-Ihes um favor. lela Oe or socks ode gor Con ce ‘andado um adoentada, nada de importante, mas enjoa muito ‘anda de automével ¢ de camioneta. Eu bem sei daqui a Almomos a viagem ndo € grande, mas se ‘@ animassem, durante 0 caminho, talvez ela conse ‘no vomitar. ‘Na camioneta estava jé tudo a postos para a partida. dizer: todos encavalitados uns mos outros, o Ricardo ‘avidezinhos de papel cabeca da Margarida, Sofia a fazer bolinhas com 0 miolo do pao que ainda 9 nijo acabara de comer, disparando-as depois com toda 4 pontaria que Ihe era possivel para 0 cabelo do Zé Pedro, enquanto a Teresa, mesmo a0 lado dela, berrava em voz esganicada © olho matreito =Josezito, ja te tenho dito / que nio € bonito / andares-me a enganar» — Isso € comigo? Perguntava 0 Zé Pedro, — Nao. E com 0 leio do Marqués de Pombal! Respondia ela, enquanto a Sofia mandava mais uma bolimha para, dentro da cabeleira do Zé. A Mara do Céu ‘se mexia, para ver, com certeza, se aguentava 0 caminho sem azar de maior. ‘Nem a deiximos respirar. Mal a camioneta arrancou comegamos logo a animagao, lembrada eu da pratica adquirida nestes dltimos anos’ com a Rosa, para quem também é preciso inventar milhentos jogos de automével Para a distraimos do vémito que, senso, chega inevi- tivel — Comecamos por adivinhas ow jogos de cabesa? Pergunto a0 ouvido da Cliudia — Jogos de cabeca € capaz de nao ser bom. Ela ppSe-se a pensar muito e entio & que vem mesmo 0 enjoo. Nao ouviste 0 que disse a «setora- ha bocado? O que € preciso & animé-ta. ‘Arrisco, , tenho a certeza. Nos & que ja viamos tudo a andar a roda. Era como se de repente as adivinhas se misturassem “com 0s provérbios e com os movimentos da camioneta "com a buzina nas curvas, tantas curvas aquela estrada tinha, ‘Santo Ambrésio!, e a galinha da minha vizinha andasse por “ali entre as nossas pemas a procura de alfinetes e de cartas, “que levavam dentro nao sei quem, ¢ um francés levantado ‘meia-noite comecasse a perguntar a todas em que més vamos, © sempre a buzina em todas as curvas, ¢. — «Setéra>, peca ai ao senhor que pare a camioneta instantinho! Gemeu a Cléudia, © nds todos com ela ‘Saimos com a cabeca tonta ¢ 0 estémago, subita- emte, a0 pé da boca. “Muito direita, a olhar para a frente, no seu banco, “Maria do Céu’ continuay: | =... alfinetes, avelis, agulhas, alcatruzes, amoras. ‘Othando-nos, sorridente e fresca, pelo vidro da jancla, 2B a Capitulo 5 ‘Pela 648.* ver a Claudia gritava: ‘Vi li, leiam isso como deve ser seno nunca mais daqui “«Daqui> era a meia diizia de metros que nos cabiam ‘no parque para colocarmos a tenda, © que tantas vezes apanhado com os tubos metilicos em “que jé comecavam a fazer buraquinhos como de formigas. TA gente ja te leu isto centenas de vezes! Aqui tudo, $6 no explica 0 que se hi-de fazer contra jeito! Wa a Isabel que, desde que o acampamento ‘na escola, sempre duvidara dos conhe- ‘campistas da Claudia. 2s E acrescentava, para a irritar ainda mais: — Afinal, tanta coisa, tanta coisa, e vai-se a ver sabes tanto disto como qualquer de nés! — O meu pai € que costumava armar a tenda ¢ eu ajudava-o. Parecia-me tio fécil quando olhava para ele 4 encaixar esta tubaria todal Mas agora. — Agora — digo eu — também nio hi-de ser assim tio dificil, Santo Ambrésio! Este parque esti cheio de barracas. —Barracas & 0 que a gente esti aqui a dar! Gritou a Isabel, saindo de ao pé de nds para se livrar (por uma unha negra) do tubo de pomada contra as formigas que era o que de mais & mio a Claudia encontra- +a para the atirar & cabeca. Para animar ainda mais este ji assaz brithante panorama, a Maria do Céu, fresca que nem uma alface (que nunca mais ninguém me falasse em animé-la!) © que ficava com mais duas numa tenda Pequena ao lado da nossa, achou por bem vir meter 0 hariz € fazer a pergunta sacramental: — Entio a tenda ainda aio est armada? AA isto chamo eu perguntas oportunas. Como quando centro em casa, depois da escola, € a minha avé Elisa diz sempre, sempre, em 13 anos que eu levo desta vida, «ji chegaste? ‘Antes que a Cléudia deitasse mio de novo ao tubo da pomada das formigas, respondi: — Esta, claro que esta armada. Mas como nio tinha- ‘mos nada que fazer, decidimos desmanchar tudo outra ‘vez para nos entretermos. Que é que pensas, somos capaz de ficar assim, monta-desmonta, monta-desmonta, 0 fim- sde-semana todo. E divertido que nem imaginas! — Pronto, pronto, nao se iritem, $6 vinha saber se pre- cisavam de ajuda! Como montimos a nossa tao depressa —Pudera! A vossa é uma canadianazita miserivel, conde nem sei como vio caber as trés deitadas! Esta ¢ um aldcio! — Para meu gosto falta-Ihe 0 salio de baile, os fogies de sala, ¢ os azulejos do século.xvit, mas mesmo assim nao esti mal, no senhoral E a Maria do Céu desandou a rir dali para fora. Acalmada a Cléudia, recomegamos trabalho. Vi, enfia la esse tubo com jeitinho, como diz aqui no papel. Nada de forcas. Muito jeito & que € preciso, Vf... Isso... Roda mais para a direita... Agora mais para ‘a esquerda, re Depois de virias tentativas, depois de virias vezes termos entalado 0s dedos ¢ gritado entéo as habituais bbonitas palavras que nestas alturas sempre se gritam, a ‘estrutura metilica ficou armada. S6 faltava, realmente, 0 “salio de baile, os fogdes e os azulejos. Que é como quem diz: 6 faltava por a lona por cima. A lona era azul- “sescura, muito resistente, e, como vinha nas instrugdes “(que eu ja sabia de cor, de trés para a frente e de frente “para tris) com tecto duplo para proteger da chuva. Quase Jinconscientemente olho para o céu. Era s6 0 que faltava ‘agora viesse uma carga de gua. Mas, como os livros “Ge Hivcin costumam dcr quando fal dos das das lugdes (vitoriosas, é Sbvio), nem uma nuvem toldava éu. Respirei um pouco mais’aliviada. Ao menos isso, Ambrosio! ae Pegémos na lona e atirimo-la por cima dos tubos jé (finalmente) encaixados uns nos outros. Ou porque ‘forca fosse de mais, ou porque o jeito fosse de menos, -verdade € que de repente, sem a gente ter tempo de (© que estava a acontecer, fomos atacadas por um monstro de muitos tubos que se desencaixavam e vam ¢ batiam nas nossas cabecas e nas nossas 5, € & gente queria sair dali para fora mas quanto esbracejivamos mais a lona se enrodilhava nos ‘bragos e volta do nosso corpo como aqueles sigantescos que a gente vé nos filmes, s6 que aqui hhavia o super-homem, nem a supermuiher, nem 0 a

Você também pode gostar