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Concreto Armado:
aços.
Parte deste texto aproveita o que foi escrito no trabalho “Concreto Armado:
Professor Doutor Libânio Miranda Pinheiro e pelo autor desta edição de 2007.
USP e o Eng. Petrus Vinicius Silveira Daniel, em 2005 aluno do curso de graduação
de Concreto A.
2 DEFORMABILIDADE DO CONCRETO 11
2.1 Considerações iniciais 11
2.1.1 Generalidades 11
2.2 Estrutura interna do concreto 11
2.3 Retração e expansão 14
2.3.1 Causas da retração e da expansão 14
2.3.2 Fatores que influem na retração 14
2.4 Deformações causadas por ações externas 15
2.4.1 Deformação imediata 16
2.4.2 Fluência 16
2.4.3 Relaxação 17
2.4.4 Deformações recuperáveis e deformação residual 17
2.5 Critérios para cálculo da retração e fluência 18
2.5.1 Preâmbulo 18
2.5.2 Deformações do concreto 18
2.5.2.1 Considerações iniciais 18
2.5.2.2 Fluência do concreto 19
2.5.2.3 Retração do concreto 23
2.5.2.4 Idade e espessura fictícias 25
2.5.2.5 Deformação total do concreto 27
2.5.3 Deformações na armadura 27
2.6 Exemplo de cálculo de deformações 28
1. INTRODUÇÃO
1.1 HISTÓRICO
1.1.1. GENERALIDADES
Figura 1.1 - Viga com barras sem aderência Figura 1.2 - Viga com barras com aderência
Com o advento dos aditivos e adições, que melhoram certas propriedades das
estruturas de concreto, obtem-se um concreto dito de alta resistência com a adição de
sílica ativa e redução do fator a/c por adição de superplastificante.
Quando se procura um concreto resistente a abrasão ou resistente a sulfatos, o
que se espera é que ele tenha um desempenho diferente do que um concreto comum,
independente do valor da resistência, então eles podem ser chamados de concretos de
alto desempenho.
Se os concreto têm resistências características menores do que 50MPa eles são
ditos de baixa resistência. Essa definição é de acordo com normas da ABNT.
Ao se adotarem em um projeto elementos estruturais de pequena espessura, não
é possível usar na mistura do concreto agregados graúdos e nem barras e fios de
grandes diâmetros. Portanto, é necessário adotar fios de pequeno diâmetro,
normalmente em forma de telas soldadas, que é posicionada ao longo da alma do
elemento. Esse material é chamado, no Brasil de Argamassa Armada.
Como foi visto podem ser adotadas estrutura de concreto protendido. E as
estruturas podem ser moldadas no local ou pré-fabricadas.
Desse modo pode-se entender que as variações nas estruturas de concreto
levam todas a pertencerem à família dos concretos, de tal modo que a escolha de um
tipo para uma dada solução estrutural depende de fatores técnicos e econômicos.
blocos para alvenaria estrutural. Em uma análise inicial, do ponto de vista ambiental, a
construção de estruturas em madeira é a que menos consome energia no processo de
obtenção dos elementos e, se usar madeira de reflorestamento o meio ambiente é
menos onerado, na seqüência encontram-se as estruturas de concreto e, por fim, as
estruturas metálicas.
Nos dias atuais nota-se um número significativo de edifícios de pequeno porte,
até quatro andares, e destinados a moradia de pequenas famílias ou individual,
construídos com a tecnologia da alvenaria estrutural. Edifícios industriais e escolares
têm sido construídos em estruturas metálicas.
A opção pelo tipo de estrutura a ser adotado pela firma construtora e ou
incorporadora depende de diversos fatores técnicos e econômicos que precisam ser
analisados com cuidado.
A quantidade de estruturas de concreto armado existentes no Brasil atesta a
viabilidade técnico e econômica como material de construção de obras com pequeno e
grande volume de concreto. Embora usado com intensidade pelo mercado da
construção as estruturas de concreto apresentam qualidades e defeitos. As vantagens
e desvantagens na adoção de um determinado material estrutural, têm sempre um
caráter relativo, dependendo de um padrão de referência.
As estruturas de concreto, por sua larga utilização, apresentam algumas
vantagens em relação a outros materiais estruturais, entre elas:
a- É um material que apresenta boa resistência à maioria dos tipos de
solicitação, porém a análise do comportamento estrutural precisa ser
cuidadosa visando a segurança estrutural, atentando-se para os cuidados de
detalhamento da armaduras e suas condições favoráveis de construção;
b- Economia na construção, pois na maioria das situações os materiais para
concreto (agregados miúdos e graúdos) encontram-se em quantidade
suficientes na região da construção, com custos favoráveis, portanto;
c- Considerando as estruturas de concreto moldadas no local, o meio técnico
dispõem de conhecimento para construir com facilidade e rapidez;
d- Se a opção for por estruturas pré-fabricadas em concreto outros fatores
precisam ser analisados tais como, transporte, equipamentos necessários
para içamento, posicionamento, solidarização e outros;
e- O concreto é considerado um material durável, porém por ser poroso e com o
meio ambiente quimicamente agressivo por conta da poluição ambiental, é
preciso prever revestimentos protetores e manutenção periódica. Esse fato
fica agravado em edificações construídas em regiões marítimas em virtude da
maresia. As barras das armaduras precisam de proteção dada pelo concreto
do cobrimento;
f- As formas arquitetônicas previstas pelos arquitetos são atendidas com o
correto projeto dos elementos estruturais e verificação da segurança da
edificação e conveniente projeto das fôrmas;
g- A estrutura é monolítica, se moldada no local, possibilitando que toda a
estrutura trabalhe permitindo a redistribuição dos esforços solicitantes;
h- Os gastos com manutenção são reduzidos, porém é necessário um programa
de inspeção e manutenção periódica;
i- O concreto é pouco permeável à água, necessitando que sejam atendida boas
condições de plasticidade, adensamento e cura. A permeabilidade pode ser
melhorada com a adição de polímeros;
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET – Concreto armado: introdução e propriedades dos materiais – Março de 2006 9
sigla NBR significa Norma Brasileira Registrada, nomenclatura adotada pelo Instituto
Nacional de Metrologia (INMETRO).
O Brasil, em 1973, criou o Sistema Nacional de Metrologia Normalização e
Qualidade Industrial (SINMETRO), com a finalidade de reger as atividades normativas,
subordinado ao Ministério da Industria e do Comércio (na época). Esse sistema é
composto por dois órgãos: Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (CONMETRO), que tem a finalidade de normalizar, coordenar e
supervisionar e o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(INMETRO) que é órgão executivo.
A ANBT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, criada pela iniciativa
privada em 1940, foi criada, em caráter permanente, na condição de Fórum Nacional
de Normalização pela resolução 14/83, de 30 de Dezembro de 1983, do Ministério da
Industria e Comércio (na época). A ABNT, assim, integrou-se definitivamente ao
SIMETRO, passando a fazer parte do CONMETRO.
A ABNT produz os seguintes tipos de normas técnicas: Procedimento (NB),
Especificação (EB), Método de Ensaio (MB), Padronização (PB), Terminologia (TB),
Simbologia (SB), Classificação (CB). Quando um projeto de norma é aprovado pelo
meio técnico com direito a voto, ela é registrada no INMETRO, denominada de Norma
Brasileira Registrada (NBR), esta sigla é seguida pelo número de registro e do ano de
publicação, separado por dois pontos (:), por exemplo com já citada a NBR 6118:2003.
As atividades de projetos e construção são, portanto, regidas por normas
técnicas, que na maioria dos casos são explicitadas em contratos de prestação de
serviços e norteiam todas as atividades econômicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SANTOS, L.M. Cálculo de concreto armado. 2v. São Paulo, LMS, 1983 (v.1), 1981
(v.2).
2. DEFORMABILIDADE DO CONCRETO
2.1.1. GENERALIDADES
b- quantidade de cimento
A retração também aumenta com a quantidade de cimento, fundamentalmente
por causa da retração química.
\
c- água de amassamento
Quanto maior a relação água/cimento (a/c), maior será o número de capilares,
resultando portanto maior retração.
d- finura do cimento e das partículas dos agregados
Quanto mais fino o grão maior é sua superfície específica, necessitando assim
maior quantidade de água de amassamento; além disso, mais finos serão os
capilares. Resultam portanto capilares mais numerosos e mais finos, aumentando
a retração.
e- umidade ambiente
O aumento da umidade ambiente dificulta a evaporação, diminuindo a retração.
Pode até provocar expansão, no caso de peças imersas em água.
f- espessuras dos elementos
A retração aumenta com a diminuição da espessura do elemento, por ser maior a
superfície de contato com o ambiente em relação ao volume da peça,
possibilitando maior evaporação.
g- temperatura do ambiente
O aumento de temperatura favorece a evaporação, aumentando a retração.
h- idade do concreto
O aumento da resistência do concreto com o tempo dificulta a retração.
i- quantidade de armadura
As barras da armadura se contrapõem à retração, sendo uma das soluções
empregadas para minorar os seus efeitos.
2.4.2 FLUÊNCIA
2.4.3 RELAXAÇÃO
2.5.1 PREÂMBULO
sendo:
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET – Concreto armado: introdução e propriedades dos materiais – Março de 2007 19
εcc (t) = [σc (t0) / Eci28] ϕ (t, t0) é a deformação por fluência, no intervalo de tempo
(t, t0), com Eci28 calculado pela mesma expressão para j = 28 dias;
a- Generalidades
ou seja:
com:
ϕ = ϕa + ϕf + ϕd [2.4]
sendo:
b.1) a deformação por fluência εcc varia linearmente com a tensão aplicada;
c- Valor da fluência
σc
εcc (t, t 0 ) = εcca + εccd = ϕ(t, t 0 ) [2.5]
Ec 28
ϕ(t, t 0 ) = ϕ a + ϕ f∞ ⋅ [β f (t ) − β f (t 0 )] + ϕ d∞ ⋅ β d [2.7]
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sendo:
f (t )
ϕ a = 0,8 1 − c 0 [2.8]
fc ( t ∞ )
sendo que:
fc (t 0 )
[2.9]
fc (t ∞ )
fckj fck
fcd = ≅ β1 [2.10]
γc γc
adotando-se:
Essa verificação precisa ser feita aos t dias, para as cargas aplicadas até essa
data.
A expressão que relaciona as resistências características aos 28 dias (fck) e aos j
dias (fckj) pode ser escrita como:
fckj fck
≅ β1 [2.12]
γc γc
ou seja:
fckj fcj
β1 = = [2.13]
fck fc
Capítulo 2 - Deformabilidade do concreto 22
fc 0
β1( t 0 ) = [2.14]
fc
fc ∞
β1( t ∞ ) = [2.15]
fc
fc ( t 0 ) β1( t 0 )
= [2.16]
fc ( t ∞ ) β1( t ∞ )
42 + hfic
ϕ2c = [2.17]
20 + hfic
sendo que:
t − t 0 + 20
βd ( t ) = [2.18]
t − t 0 + 70
t 2 − At + B
β d (t) = [2.19]
t 2 + Ct + D
sendo:
José Samuel Giongo – USP – EESC – SET – Concreto armado: introdução e propriedades dos materiais – Março de 2007 23
a- Hipóteses básicas
b- Valor da retração
3 2
t t t
+ A + B
100 100 100
β s (t) = 3 2
[2.24]
t t t
+ C + D +E
100 100 100
sendo:
A = 40;
a- Idade fictícia
Ti + 10
t = α∑ ∆t ef ,i [2.26]
i 30
sendo:
2A c
hfic = γ [2.27]
uar
sendo:
σc ( t 0 ) σc ( t 0 ) t ∂σ 1 ϕ( τ, t 0 )
εc ( t) = + ϕ( t, t 0 ) + εcs ( t, t 0 ) + ∫ c
+ dτ [2.29]
Ec ( t 0 ) Ec 28 τ = t 0 ∂τ Ecτ Ec 28
1 ϕ( t, t 0 ) 1 ϕ( t, t 0 )
εc ( t) = σc ( t 0 ) + + εcs ( t, t 0 ) + ∆σc ( t 0 ) + [2.30]
Ec ( t 0 ) Ec 28 Ec ( t 0 ) Ec 28
sendo:
∆σc (t, t0) é a variação total de tensão no concreto, no intervalo (t, t0);
σs ( t 0 ) σs ( t 0 )
εs ( t ) = + χ(t, t 0 ) [2.31]
Es Es
Capítulo 2 - Deformabilidade do concreto 28
sendo:
[σs (t0) / Es] χ (t, t0) é a deformação por fluência, ocorrida no intervalo de tempo
(t,t0) e considerada sempre que σs (t0) > 0,5 fptk.
σs ( t 0 ) σs ( t 0 ) ∆σs (t, t 0 )
εs ( t ) = + χ(t, t 0 ) + [1 + χ(t, t0 )] [2.32]
Es Es Es
sendo:
∆σs (t, t0) é a variação total de tensão na armadura, no intervalo (t, t0).
2.6.1 Exemplo 1
NEVILLE, A.M. – Propriedades do concreto. São Paulo, Editora Pini Ltda, 1997.
3.1 INTRODUÇÃO
sendo:
a/c = a relação água/cimento da mistura (inicialmente tomada em volume);
Capítulo 3 - Propriedades mecânicas do concreto 30
RESISTÊNCIA DO CONCRETO
RESISTÊNCIA PARÂMETROS
PARÂMETROS DAS FASES DE CARREGAMENTO
COMPONENTES TIPO DE TENSÃO
DA AMOSTRA
VELOCIDADE DE
DIMENSÕES APLICAÇÃO DA TENSÃO
GEOMETRIA
ESTADO DA UMIDADE
Figura 3.5 - Deformação (a) e atrito entre os pratos (b) no ensaio à compressão
simples de corpo-de-prova cilíndrico.
fc Lim
ite d
e
20 n.
rupt
n.
ura
t = 2 mi
mi
C
t=
D
0,8
ias
t =3d
Def. Lenta
A B
0,6
in.
m
0
10
t=
)
as
0,4 (%
di
ta
len
70
Idade do concreto no instante da aplicação da carga = 28 dias
t=
ão
aç
rm
fo
de t = duração do carregamento
0,2 de
ite
Lim
(0 /00)
1 2 3 4 5 6 7 8 c
Freqüência relativa
Intervalo
1,0
0,9
0,8
0,7 f cm
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
Frequência
Freq. Relativa f c (MPa)
Freq. Relativa
Intervalo
Concreto A
f c (MPa) f c (MPa)
f cm 5% f ck f cm
1,65 . s
O valor de fck pode ser calculado por esse procedimento quando o número de
corpos-de-prova utilizados no ensaio for maior que 30 (n ≥ 30). O valor do desvio
padrão para a resistência do concreto pode ser calculado pela Equação 3.4.
n
∑ (f − fcm )
2
ci
i=1
s2 = [3.4]
n -1
∑f ci
fcm = i=1
[3.5]
n
A resistência média, calculada pela Equação 3.5 com desvio padrão (s)
escolhido, permite que o laboratório de controle tecnológico defina a dosagem do
concreto, com os materiais disponíveis para determinada construção.
A resistência característica à compressão é considerada para análise da
dosagem dos materiais componentes do concreto e para determinação da resistência
de dosagem. O controle tecnológico do concreto fornecido ou fabricado na obra é feito
considerando a resistência característica estimada à compressão (fck,est), conforme
indicado na NBR 12654:1992. A resistência característica estimada à compressão
permite saber se o material com o qual se moldaram os elementos estruturais em
concreto armado estão seguros, pois se espera que fck ≥ fckest.
O controle tecnológico, no instante da recepção do concreto usinado ou do
produzido ao pé da obra, é feito por ensaio de trabalhabilidade, que permite ao
engenheiro responsável pela obra rejeitar ou aceitar o material. Também são moldados
corpos-de-prova representativos do lote que permitirão, após 28 dias, avaliar a
resistência do concreto.
A resistência característica à compressão do concreto (fck) é resistência nominal
adotada em projeto de estruturas de concreto. Com ela se determina a resistência de
cálculo à compressão do concreto (fcd), que é igual à resistência característica à
compressão dividida pelo coeficiente de minoração da resistência γc = 1,4, conforme
indicação da NBR 6118:2003.
de ensaios pode ser programada para aplicar força a partir de uma variação de
deformação constante (figura 3.10) em que foi considerada deformação de 1‰ em
100min. A figura 3.11 mostra os resultados dos ensaios de corpos-de-prova de
concreto em que foram aplicadas forças com velocidade constante.
Analisando a figura 3.11 pode-se perceber que as maiores resistências ocorrem
para a deformação de 2‰, para as várias resistências de dosagem dos concretos.
Analisando as figuras citadas observa-se que com o aumento das resistências
dos concretos os módulos de elasticidades aumentam, portanto, os concretos são
menos deformáveis, apresentando, assim, menor ductilidade.
Figura 3.10 - Ensaios com deformação Figura 3.11 - Ensaios com veloci-
constante. dade de aplicação de força
constante.
Nas estruturas de concreto armado parte das ações são de longa duração, por
exemplo, as ações relativas aos pesos próprios dos materiais concreto, pisos e
revestimentos, alvenarias, etc. O comportamento de corpos-de-prova de concreto
submetidos a ações de longa duração foi estudado no item 3.1.6 deste texto.
Os diagramas tensão – deformação mostrados nas figuras 3.10 e 3.11 são os
diagramas reais observados em ensaios de corpos-de-prova e refletem os
comportamentos do material concreto, para as várias resistências, e com as condições
de aplicação das ações.
Para os dimensionamentos das seções transversais dos elementos estruturais,
submetidos aos esforços solicitantes calculados com as hipóteses da Mecânica das
Estruturas, há que se considerar diagrama tensão – deformação teórico que represente
o comportamento do material concreto com sua equação constitutiva.
A NBR 6118:2003 indica o diagrama tensão – deformação na compressão para
os concretos especificados na NBR 8953:1994. Esse diagrama (figura 3.14) é um
modelo teórico do comportamento do concreto à compressão, que pode ser
considerado na análise de estruturas de concreto armado.
no ponto (0,85 fcd, 2‰), e, um segmento de reta paralelo ao eixo das deformações,
com origem neste ponto e fim na deformação de 3,5‰. A resistência de cálculo à
compressão do concreto (fcd) é igual a resistência característica à compressão do
concreto (fck) dividida pelo coeficiente de minoração da resistência do concreto (γc)
igual a 1,4.
O coeficiente 0,85 leva em conta três outros coeficientes como a seguir se expõe.
Segundo Fusco (1989), para representar a diferença entre a resistência do
concreto da estrutura e a resistência medida nos corpos-de-prova de controle,
proveniente da influência das placas da prensa da máquina de ensaios dos corpos-de-
prova, utiliza-se um coeficiente de redução de valor igual a 0,95.
Admitindo-se que as ações nas estruturas permanecem por longos períodos de
tempo, a resistência do concreto fica reduzida pelo coeficiente 0,75 da resistência
potencial que poderia ser atingida com longos períodos de maturação. Este fenômeno
é conhecido como “efeito Rüsch” por ter sido estudado pelo engenheiro e pesquisador
alemão Hubert Rüsch, conforme analisado no item 3.1.6.
Por fim, quando se utilizam cimentos de endurecimento normal, tem-se um
acréscimo de resistência, obtido depois dos 28 dias até se atingir alguns anos de idade,
da ordem de 20%.
Em resumo, pode-se agrupar esses três coeficientes que representam esses
fenômenos em um único coeficiente de modificação (kmod), o qual irá representar a
relação entre a resistência à compressão do concreto nas condições reais de ações na
estrutura. Assim, tem-se: kmod = k1 . k2 . k3 = 0,95 . 0,75 . 1,2 = 0,85.
3.3.1 PREÂMBULO
9 cm
A
15 cm
Ft Ft
A
9 cm
9 cm
30 cm
Corte AA
60 cm
Ft
fct = [3.6]
A ct
sendo:
F/2 F/2
cc cc
LN LN
LN LN
15
fct
20 20 20 15 ct ~ 2fct
5 60 5
c c
70 cm
considerando-se que só ocorrem forças cortantes por ação do peso próprio do corpo-
de-prova que é de pequena intensidade.
A resistência à tração na flexão, também chamada de módulo de ruptura, pode
ser determinada pela Equação 3.7,
M Fl
fct,f = = 2 [3.7]
W bh
nos casos em que a ruptura ocorre em seção transversal entre os planos de ação
das forças concentradas, e pela Equação 3.8,
3Fa
fct,f = [3.8]
bh 2
2F
ft = [3.9]
π dl
sendo:
F Tração Compressão
1 +
h 2
F 1
d 0,1d 2
Nas estruturas, em muitas situações, o concreto está sujeito a tensões que atuam
simultaneamente em várias direções. Enquanto uma propriedade inerente ao material,
como medida na prática, a resistência do concreto também é uma função do estado de
tensões atuantes no elemento. Nas vigas, por exemplo, na maioria das seções o
concreto está submetido às tensões normais e tangenciais. Sabe-se que qualquer
estado de tensões em um corpo pode ser reduzido a um outro composto por três
tensões normais σ1, σ2 e σ3, com σ1 ≥ σ2 ≥ σ3 denominadas tensões principais, em que
se considera σ > 0 para a tração e σ < 0 para a compressão. Essas tensões são
perpendiculares entre si e atuam sobre um cubo elementar orientado
convenientemente nesse corpo.
O estudo da resistência do concreto submetido a estados de solicitações triaxiais
ou biaxiais tem aplicabilidade direta nas peças estruturais de concreto armado. Citam-
se, por exemplo, a diminuição de resistência à compressão na solicitação biaxial de
compressão-tração nas mesas comprimidas de vigas T e o acréscimo de resistência à
compressão em pilares cintados ou em tubos metálicos preenchidos com concreto.
Nestes dois últimos exemplos, é importante notar que o concreto, confinado pelos
estribos em pilares cintados e pelo tubo metálico em pilares mistos, não tem sua
resistência aumentada, e sim a do elemento estrutural.
Da análise do comportamento do concreto para estados triaxiais observa-se que
a resistência axial cresce com a pressão de confinamento, apresentando propriedades
de fragilidade plástica.
Fusco (1976) indica que a ruptura do concreto no estado múltiplo de tensões
pode ocorrer de dois modos: por separação ou por deslizamento.
A ruptura por separação é uma ruptura por tração. Apresenta uma superfície de
fratura nítida e tangente em cada ponto ao plano onde atua a tensão principal maior σ1.
Admite-se que a ruptura por separação ocorra sempre que as três tensões principais
forem de tração, ou quando uma delas for de compressão e não superar, em valor
absoluto, cerca de três a cinco vezes a maior tensão de tração σ1.
A envoltória, que serve de base para as prescrições da NBR 6118:2003,
referentes aos estados múltiplos de tensões, foi proposta por Langendonck (1944). É
uma envoltória do tipo Coulomb-Mohr como a mostrada na Figura 3.18. O emprego da
envoltória de Coulomb-Mohr, de modo geral, restringe-se aos casos em que a tensão
principal σ3 é de compressão e a outra, σ1, é de tração ou nula. Esses casos são os
mais importantes na verificação da segurança de elementos estruturais.
Quando as tensões principais σ1 e σ3 forem ambas de compressão, será
necessário o emprego da envoltória de Mohr. No entanto, ainda são encontradas
dificuldades apreciáveis na realização de ensaios adequados para a solução desse
problema. Na literatura, são encontrados, para esses casos, valores muito dispersos
para a resistência do concreto. É provável que essa dispersão seja motivada pela
dificuldade de obtenção de um estado bem definido de tensões normais em mais de
uma direção, sem a interferência de tensões causadas pelo atrito entre os topos do
corpo-de-prova e os apoios da máquina de ensaio.
Ana Elisabete P. G. de Avila Jacintho (FEC – UNICAMP) e José Samuel Giongo USP – EESC – SET 51
Concreto armado: introdução e propriedades dos materiais Março de 2007
A
Ruptura por deslizamento
r
fc
C
c
D
E
fc ft
Tração + 2 / fc
- 1 / fc -0,2 + 1 / fc
Força aplicada
-0,4
por meio de
escovas de aço
2 -0,6
2
-0,8
1
1 1
-1,0
2
-1,15
-1,2
-1,25
-1,4
Tração - 2 / fc
σ 3 ≥ σ 2 ≥ σ1 [3.13]
σ 1 ≥ −fctk [3.14]
σ 3 ≤ fck + 4σ 1 [3.15]
Referências Bibliográficas
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. ACI 318 – 02: Comitte 318. Building Code
Requirement for Structural Concrete, Detroit, 2002.
______. NBR 8953:1992 Concreto para fins estruturais – Classificação por grupos de
resistência. Classificação. Rio de Janeiro, 1992.
MODESTO DOS SANTOS, L. Cálculo de concreto armado. 2v. São Paulo, LMS,
1983 (v.1), 1981 (v.2).
igual a 0,2% (2‰), que é considerada como deformação residual. A figura 4.2b
esclarece estas considerações.
A NBR 7480:1996 indica que a resistência de escoamento de barras e fios de aço
pode ser também calculada pelo valor da tensão sob ação de força correspondente à
deformação de 0,5% (5‰). Em caso de divergência vale o valor da resistência de
escoamento determinado para a deformação residual de 0,2% (2‰).
Os fios de aço são encruados por tração quando, após laminação a quente, são
submetidos a uma trefilação a frio que, ao passarem na fieira, ficam submetidos a uma
força de compressão diametral e a uma força de tração, ocorrendo uma modificação da
estrutura interna do aço, gerando, em conseqüência aumento de resistência e a perda
do patamar de escoamento.
Os fios de aço encruados por torção são obtidos por meio de aplicação de uma
força de tração e, simultaneamente, o chamado fio máquina é torcido.
Os fios encruados por compressão são obtidos pelas aplicações de forças de
compressão radiais, gerando deformações na superfície e produzindo uma
modificações na posição interna dos elementos e com conseqüente alongamento do fio
ao longo do eixo longitudinal.
Figura 4.2 - Diagramas típicos dos aços categorias CA-25 e CA-50 (a) e CA-60 (b)
4.4.1 Preâmbulo
fios aços com maiores resistências, visando, com isto, diminuir o consumo. Para que os
elementos estruturais em concreto pudessem ser armados com essas barras e fios foi
necessário melhorar as condições de aderência em relação aos produtos com menor
resistência. Assim, as barras e fios de maior resistências precisaram ser providos de
nervuras com essa finalidade e, portanto, melhorar as condições de ancoragem das
barras e fios.
Hoje o mercado brasileiro por suas várias empresas siderúrgicas oferecem para o
consumo as barras de aço nas categorias CA-25 e CA-50 e fios de aço na categoria
CA-60. Nas obras consideradas de pequeno porte podem ser usadas as barras de aço
da categoria CA-25, por causa dos pequenos valores dos esforços solicitantes.
Nas construções de maior porte, edifícios, canais, galerias, obras industriais, são
usadas as barras de aço CA-50 e os fios de CA-60.
A norma citada indica que no caso de barra com diâmetro igual ou maior do que
32mm da categoria CA-50 o diâmetro de dobramento precisa ser igual a 8φ.
Para os fios de aço da categoria CA-60 o limite de resistência mínimo é de
660MPa.
f yk f yk
f yd = = [4.1]
γf 1,15
f yk f yk f yk
217 435 522
vs (‰) v s (‰ ) vs (‰)
1,03 10 2,07 10 2,49 10
Referências Bibliográficas
Tabela A.2 - Propriedades geométricas de fios de aço para uso em projetos - CA-60
Área da
Diâmetro Massa Perímetro
seção
nominal nominal
transversal
das barras
(mm) (kg/m) (cm)
(cm2)
2,4 0,036 0,75 0,05
3,4 0,071 1,07 0,09
3,8 0,089 1,19 0,11
4,2 0,109 1,32 0,14
4,6 0,130 1,45 0,17
5,0 0,154 1,57 0,20
5,5 0,187 1,73 0,24
6,0 0,222 1,88 0,28
6,4 0,253 2,01 0,32
7,0 0,302 2,20 0,38
8,0 0,395 2,51 0,50
9,5 0,558 2,98 0,71
10,0 0,617 3,14 0,79