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Escola Técnica Estadual Henrique Lage

Curso de Construção Naval - Máquinas e Estruturas

Desenho Técnico - Professor George Guerra.

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Aspectos gerais da representação gráfica em Projeto Naval

Metodologia de projetos

Qualquer atividade da área projetual deve seguir uma série de parâmetros e requisitos, tanto os
aspectos das solicitações do produto em desenvolvimento, definidos em seu escopo (indicador
das metas e objetivos do projeto), quanto os aspectos de produção adotados, incluindo-se aí a
Metodologia de Projeto a ser seguida, determinante para a integração das fases de
abordagem, de maneira orgânica e consecutiva, orientando sua operatividade.

Nos Projetos de Construção Naval as mesmas regras são seguidas, respeitando-se, entretanto,
suas características próprias e aspectos de legislação e normas, sobretudo quanto aos
parâmetros de Classificação da Embarcação, que em última análise, é o balizador do escopo
do projeto.

Fluxograma de projetos e emprego do Desenho Técnico

Cada item do projeto é organizado em blocos em um fluxo, sendo definidos sequencialmente e


com as etapas de execução avaliadas e aplicadas por método de feedback, onde o resultado
do item avaliado gera o parâmetro para a fase seguinte e permite uma retro avaliação.

Em todas as fases do projeto o Desenho Técnico será utilizado estabelecendo o canal de


comunicação técnica entre os vários setores, internos ou externos empenhados na produção
(Equipes do projeto, fornecedores, parceiros e principalmente os demandantes).

Exemplo de fluxograma de Anteprojeto. Os blocos em destaque mostram as fases onde o Desenho Técnico
é mais empregado.
Após as definições do planejamento (Anteprojeto) com base na classificação adotada,
parâmetros gerais, métodos e processos de produção, são desenvolvidos os parâmetros para
as fases de geometria da embarcação (plano de linhas), arranjos e detalhamentos, segundo
normas do Projeto Naval, respectivamente nas fases do Projeto Preliminar e Projeto Executivo.

Nas fases do projeto especificadas no fluxograma (exemplo acima) cada item terá em sua
abordagem um resultado físico formal, com as respectivas intervenções do Desenho Técnico
em cada uma delas como visto a seguir:

1- Requerimento do armador - Definição do Escopo geral (Demanda com as finalidades da


embarcação e requisitos técnicos - Classificação) – Desenhos e diagramas esquemáticos
gerais, gráficos e fluxogramas;

2- Geração da forma (casco)- Estudos de conceitos e geração de alternativas – (com base na


Viabilidade técnica/econômica, e soluções adotáveis e Características Principais) - Desenhos
e diagramas esquemáticos mais elaborados e com definições técnicas preliminares, porém,
passivos de modificações. Inclui também a geração de alternativas para a Superestrutura;

3- Suavização e Otimização da forma - Definição da solução para as Características


Principais do projeto – (tipo e padrão adotados para atender a demanda com base na forma
gerada) - Desenhos técnicos definidos da escolha e simulações de usabilidade. Ainda passivos
de ajustes e alterações, porém, com função de comprovar o conceito adotado em função do
maior nível de detalhamento;

4- Definição da proposta e planejamento do projeto - Demais itens do fluxograma após a


Otimização da forma – Desenhos técnicos detalhados com parâmetros iniciais para a fase
executiva. Obs.: Os tópicos anteriores a essa fase são do Anteprojeto;

5- Projeto Preliminar - Definição dos parâmetros físicos como o Plano de Linhas ajustado,
arranjo geral, demais layouts e limites dimensionais. Também são definidos os métodos de
produção da embarcação. - Desenhos técnicos detalhados da embarcação e dos elementos de
produção (ferramentas, gabaritos, berços, etc.), passivos de ajustes;

6- Projeto executivo e memorial de projeto - Desenhos técnicos detalhados finais do produto


e dos elementos de produção (ferramentas, gabaritos, berços, etc.), e documentação final de
ajustes (As built – em tradução livre do inglês, “como construído” - que registra as modificações
e ajustes produzidos durante a execução e se incorporam ao projeto).

Desenho técnico aplicado

Como já abordado, o Desenho Técnico é o instrumento primordial e unificador em todas as


fases do projeto, servindo como ponte entre as disciplinas envolvidas e materializando as
soluções obtidas. Essa afirmação se dá pelo fato de que todo resultado de projetos de produto
será um objeto físico tridimensional, sendo sua melhor descrição as representações gráficas e
volumétricas por meio de desenhos técnicos, modelos e protótipos.

Dos tópicos do fluxograma de projetos apresentado as etapas 4, 5 e 6 são as que mais


empregam desenhos técnicos em nível detalhado.

Regras gerais para Desenho Naval

O Projeto Naval segue regras e normas específicas quanto à representação de desenhos


técnicos em função da natureza e características da área.

A representação dos elementos seguirá as normas do Desenho Técnico Projetivo sempre que
possível, entretanto, em situações especificas como na representação de objetos de grandes
dimensões como arranjo geral ou as projeções do casco, é possível reposicionar as vistas para
permitir o ajuste das pranchas, devendo, entretanto, ser identificadas por notação.
Organização da prancha

No desenho geral a embarcação deve ser representada com a vante direcionada para o lado
direito da prancha, com vista para boreste e as demais vistas devem seguir, sempre que
possível, a regra de projeção ortogonal, respeitando suas posições.

Sentido de posição
em relação à
prancha.

Ponto de vista do
observador
Exemplo de representação das projeções dos planos de linhas de embarcação de pequeno porte

Todas as vistas de um mesmo conjunto devem manter a mesma escala, na mesma prancha,
entretanto, em situações extraordinárias algumas representações podem estar separadas em
destaque, porém, tendo como referencia um diagrama geral para a localização ou a notação
nominal.

Fase preliminar – Desenho do plano de linhas

Na fase preliminar, após a definição dos parâmetros de Trabalho da embarcação, de acordo


com a classificação adotada, se efetua o Plano de Linhas, onde são materializados todos os
limites de curvas com base nos cálculos de esforços e cargas, resultantes dos estudos de
hidrostática e hidrodinâmica. Esta fase se refere genericamente a Geometria da Embarcação.

Os Planos de Linhas são demarcações de limites geométricos das Obras Vivas, obtidas com
base nos cálculos já mencionados. São baseados no princípio de Nuvem de Pontos, onde as
relações espaciais do sistema de 3 eixos (X,YeZ) determinam os locais de origem e
intercessões dos referidos limites no espaço.
Os desenhos de plano de linhas apresentarão apenas os traços relativos ás curvas e limites
geométricos, com a supressão de elementos estruturais, arranjos ou aparelhos, representados
nas fases de arranjo e layout. O plano de linhas apresenta os respectivos valores de limites e
coordenadas.

Sua função é estabelecer a forma virtual (abstrata) da volumetria do casco e determinar as


posições dos respectivos componentes.

Desenho do plano de linhas evidenciando o plano de balizas

O plano de balizas possui representação composta (combinação de 2 imagens no mesmo


desenho) quanto aos bordos (vante e ré) e meia representação em plano de convés.

Exemplo de desenho de plano de balizas composto, ré à esquerda e vante à direita.

Obs.: em projetos complexos os planos de vante e ré são representados em projeções


específicas.
Exemplo de desenho de plano de linhas segundo norma de representação com planos
de vante e ré separados.

Fase executiva – Desenho do arranjo geral e layouts

Nesta fase são definidos o arranjo geral e layout funcional com os respectivos componentes em
seus setores (plano de perfil, meia nau e convés). No detalhamento do arranjo geral, os
desenhos descritivos específicos seguem a referencia de posição do respectivo componente no
setor do layout.

- Em todas as vistas são representadas as balizas e demais linhas limites, com seus
respectivos números e localização relativa em cotas, obtidos na fase de plano de linhas. No
plano de perfil são representados os valores dos intervalos entre balizas, perpendiculares de
vante e ré e linhas d’agua;

Arranjo geral (preliminar e detalhamento)

Preliminar

Os desenhos de arranjo geral preliminar representarão todos os elementos da carena e


superestrutura, com o arranjo de setores (porões, paióis, camarotes, salas de comando, etc.) e
sistemas gerais (máquinas e aparelhos, tubulação, cabeamento, etc.);
Representação de layout geral
Detalhamento geral

Nesta fase são representados os sistemas funcionais e de suporte da embarcação com


definição de tipos, padrões e suas respectivas posições e parâmetros sendo:

1- Meios de salvamento (baleeiras, botes, embarcação de socorro);

2- Meios de movimentação de cargas (guinchos, molinetes, turcas etc.);

3- Meios de amarração (cabeços, buzinas, etc.)

4- Compartimentos e seus fluxos de circulação e acessos

Detalhamento específico

Nesta fase serão representados pormenorizadamente os elementos de sistemas funcionais


gerais, com projeto específico quando necessário e indicação de equipamento fornecido (item
comercial), além de representação do grupo de faróis.

Exemplo de desenho de arranjo geral (aspecto geral)


Desenho de arranjo de setores

Desenho de elemento estrutural (antepara) sem detalhes


Desenho de detalhamento de aparelho de movimentação de carga (guincho de bote)

Desenho de detalhamento de componente fornecido (polia de guincho)

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