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PROVA ESPECÍFICA DE PORTUGUÊS (M23)

2012
Nota prévia: Deve indicar por escrito, no início da prova, se segue
ou não o novo Acordo Ortográfico.

PRIMEIRA PARTE

O mito é o nada que é tudo.


O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo –
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.

Este, que aqui aportou,


Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.

Assim a lenda se escorre


A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
Este poema tem como título «Ulisses» e faz parte da obra
poética Mensagem da autoria de Fernando Pessoa.
Faça um comentário ao poema, tendo em conta:
1. a figuração de Ulisses;
2. a noção de mito.
O seu comentário deve ter em conta elementos do texto e
outros, que indo para além do texto, devem ter notoriamente
relação com o poema.

SEGUNDA PARTE

Inércia, passividade, respeito temeroso pela hierarquia,


individualismo das famílias e das pessoas, a ausência da dimensão
do futuro no viver quotidiano: eis alguns aspectos da
subjectividade actual dos portugueses. Para ela contribui
fortemente o sistema de invejas.
Todos estes aspectos são graves, indiciando uma não coesão
do tecido social. Ora, precisamos, hoje mais do que nunca, de
solidariedade, coesão, laços de respeito mútuo e vontade comum
à volta do reconhecimento de uma situação «à beira do abismo»
que nos ameça a todos.
Este texto é um excerto de uma obra ensaística de José Gil,
intitulada Portugal, hoje: o medo de existir, publicada em 2004.
Nela, o autor traça um “retrato” do Portugal nosso
contemporâneo.
Analisando o excerto, indique os aspetos mais relevantes
deste “retrato” do país.

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