2012 Nota prévia: Deve indicar por escrito, no início da prova, se segue ou não o novo Acordo Ortográfico.
PRIMEIRA PARTE
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus É um mito brilhante e mudo – O corpo morto de Deus, Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo. Sem existir nos bastou. Por não ter vindo foi vindo E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade, E a fecundá-la decorre. Em baixo, a vida, metade De nada, morre. Este poema tem como título «Ulisses» e faz parte da obra poética Mensagem da autoria de Fernando Pessoa. Faça um comentário ao poema, tendo em conta: 1. a figuração de Ulisses; 2. a noção de mito. O seu comentário deve ter em conta elementos do texto e outros, que indo para além do texto, devem ter notoriamente relação com o poema.
SEGUNDA PARTE
Inércia, passividade, respeito temeroso pela hierarquia,
individualismo das famílias e das pessoas, a ausência da dimensão do futuro no viver quotidiano: eis alguns aspectos da subjectividade actual dos portugueses. Para ela contribui fortemente o sistema de invejas. Todos estes aspectos são graves, indiciando uma não coesão do tecido social. Ora, precisamos, hoje mais do que nunca, de solidariedade, coesão, laços de respeito mútuo e vontade comum à volta do reconhecimento de uma situação «à beira do abismo» que nos ameça a todos. Este texto é um excerto de uma obra ensaística de José Gil, intitulada Portugal, hoje: o medo de existir, publicada em 2004. Nela, o autor traça um “retrato” do Portugal nosso contemporâneo. Analisando o excerto, indique os aspetos mais relevantes deste “retrato” do país.