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DIREITO ADMINISTRATIVO /
DIREITO DO TRABALHO
FGTS
Súmula 514-STJ: A CEF é responsável pelo fornecimento dos extratos das contas
individualizadas vinculadas ao FGTS dos trabalhadores participantes do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço, inclusive para fins de exibição em juízo, independentemente do período em
discussão.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 14/08/2014.
FGTS
FGTS é a sigla para Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
O FGTS foi criado pela Lei n.º 5.107/66 com o objetivo de proteger o trabalhador demitido sem justa
causa.
Atualmente, o FGTS é regido pela Lei n.º 8.036/90.
A CEF exerce a função de agente operador desde o início do FGTS, ou seja, desde que o Fundo foi criado
em 1966?
NÃO. A CEF assumiu esse papel com a edição da Lei n. 8.036/90, que substituiu a Lei n. 5.107/66.
O art. 7º da Lei nº 8.036/90 estabeleceu o seguinte:
Art. 12. No prazo de um ano, a contar da promulgação desta lei, a Caixa Econômica Federal assumirá o
controle de todas as contas vinculadas, nos termos do item I do art. 7º, passando os demais
estabelecimentos bancários, findo esse prazo, à condição de agentes recebedores e pagadores do FGTS,
mediante recebimento de tarifa, a ser fixada pelo Conselho Curador.
Desse modo, a CEF somente passou a centralizar os recursos do FGTS, controlar as contas vinculadas e
emitir extratos dessas contas a partir de maio de 1991. Antes, o controle das contas do FGTS era
pulverizado em diversas instituições financeiras. Assim, existiam contas de FGTS em diversos bancos,
sendo cada um deles responsável por isso.
No momento em que ocorreu a centralização das contas do FGTS na CEF, os bancos depositários tiveram
que emitir um extrato das contas vinculadas que estavam sob sua responsabilidade. Esses extratos foram
fornecidos à CEF. Essa obrigação foi prevista no art. 24 do Decreto n. 99.684/90, que regulamentou a Lei
do FGTS:
Art. 24. Por ocasião da centralização na CEF, caberá ao banco depositário emitir o último extrato das
contas vinculadas sob sua responsabilidade, que deverá conter, inclusive, o registro dos valores
transferidos e a discriminação dos depósitos efetuados na vigência do último contrato de trabalho.
Súmula 82-STJ: Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas, processar e julgar os
feitos relativos à movimentação do FGTS.
Algumas vezes o trabalhador precisa dos extratos analíticos de sua conta de FGTS para pleitear algum
direito relacionado com o FGTS. A CEF tem o dever de fornecer esses extratos?
SIM. A CEF, por ser a agente operadora do FGTS, é responsável pelo fornecimento dos extratos das contas
individualizadas vinculadas ao FGTS dos trabalhadores participantes do Fundo.
Confira novamente o teor da súmula para ver se agora ela ficou mais clara:
A CEF é responsável pelo fornecimento dos extratos das contas individualizadas vinculadas ao FGTS dos
trabalhadores participantes do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, inclusive para fins de exibição em
juízo, independentemente do período em discussão.
É comum o trabalhador precisar dos extratos de sua conta de FGTS para ações judiciais?
SIM. É relativamente comum (ou pelo menos já foi mais frequente). Isso porque foram propostas milhares
de ações na Justiça Federal nas quais os trabalhadores que tinham contas vinculadas de FGTS pediam que
fossem revistos os índices de correção monetárias que foram aplicados nos valores depositados.
Exemplo: há alguns anos foi identificado que, no período de janeiro de 1989 e abril de 1990, os valores
depositados nas contas vinculadas de FGTS foram corrigidos com base em índices percentuais inferiores
àqueles que seriam devidos. Logo, as pessoas ingressam em juízo contra a CEF pedindo a revisão dessa
correção (são as chamadas ações de expurgos Inflacionários do FGTS - Plano Collor e Plano Verão). Ocorre
que os autores não têm os extratos de suas contas do FGTS. Por isso, pedem que a CEF apresente em juízo
esses documentos para que fique provado o erro na correção monetária. Algumas vezes a CEF alegava que
não tinha responsabilidade pela apresentação desses extratos. A jurisprudência rechaçava esse argumento
e, agora, com a Súmula 514 do STJ, essa obrigação fica ainda mais clara e consolidada.
Súmula 249-STJ: A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se
discute correção monetária do FGTS.
Súmula 210-STJ: A ação de cobrança das contribuições para o FGTS prescreve em trinta (30) anos.
Execução fiscal
Súmula 515-STJ: A reunião de execuções fiscais contra o mesmo devedor constitui faculdade
do juiz.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 14/08/2014.
Existe a possibilidade de essas execuções fiscais serem reunidas para tramitarem e serem julgadas em
conjunto?
SIM. Trata-se de possibilidade expressamente prevista na Lei n. 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal):
Art. 28. O Juiz, a requerimento das partes, poderá, por conveniência da unidade da garantia da execução,
ordenar a reunião de processos contra o mesmo devedor.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, os processos serão redistribuídos ao Juízo da primeira
distribuição.
Na prática forense, surgiu a tese de que, apesar de o art. 28 acima transcrito, dizer que o juiz “poderá”
ordenar a reunião, na verdade, deve-se interpretar o dispositivo como sendo “deverá”. Isso porque a
cumulação das execuções atende aos princípios da economia e da celeridade processual.
A tese acima exposta foi acolhida pelo STJ? O juiz tem o dever de reunir as execuções fiscais propostas
contra o mesmo devedor? É obrigatório que o magistrado atenda o requerimento das partes nesse
sentido?
NÃO. Ainda que existam várias execuções fiscais propostas contra o mesmo devedor e mesmo que a parte
requeira a reunião dos processos, a decisão de reuni-los ou não é uma faculdade do juiz. Logo, ele não é
obrigado a atender o requerimento da parte.
Assim, a reunião de processos contra o mesmo devedor, por conveniência da unidade da garantia da
execução, nos termos do art. 28 da Lei 6.830/80, é uma faculdade outorgada ao juiz, e não um dever.
O entendimento do STJ é correto uma vez que existem hipóteses em que é inadequada a reunião dos
processos considerando que essa medida não traria economia ou celeridade à tramitação. É o caso, por
exemplo, de uma das execuções já estar suspensa pela oposição de embargos enquanto que a outra já se
encontra em fase bem avançada, com leilão marcado. Nesse sentido: GONÇALVES, Eduardo Rauber.
Execução fiscal aplicada. 2ª ed., Salvador: Juspodivm, 2013, p. 79.