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VIRENO, AQUEL MIMANSO REGALADO

(Lope de Vega)

Vireno, aquel cordeiro tão mimado


e de coleira azul, aquel formoso
que com balido rouco e amoroso
levava pelos montes a meu gado,

aquel, de seu tosão tão encrespado,


e alegres olhos e mirar gracioso,
por quem eu de ninguém fui invejoso,
sendo de mil pastores invejado,

já mo roubaram, ó Vireno irmão:


para outro já retouça, outro provoca,
dorme de dia as noites que acarinha;

já come o branco sal por outra mão,


já come alheia mão com sua boca
de cuja língua se abrasou a minha.

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