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Nem sempre a atividade de dimensionar um banco de capacitores é a mais das triviais.

Pode-
se pensar em solicitar à concessionária a memória de massa do equipamento e fazer o
dimensionamento clássico de um banco automático, chaveado por contatores e acionado por
um controlador de fator de potência.

Porém este tipo de dimensionamento tem muitas limitações. Como fazer com os casos de
múltiplos transformadores na planta industrial? Como fazer com as harmônicas de tensão e
corrente? Como trabalhar com demandas elevadas de reativo que duram menos de 1s? Como
ajustar um fator de potência de oscila de 0,4 à 0,8 em poucos ciclos?

Cargas de Solda - Nem sempre simples para correção do FP


Por isso, para um dimensionamento correto, é necessário lançar mão de analisadores de
energia modernos, os quais tem capacidade de analisar espectro harmônico, transitórios,
afundamentos de tensão, súbitas variações de carga, etc.; dados estes não fornecidos pela
memória de massa do medidor da concessionária.

http://www.aemc.com/

Este caso mostra o comportamento de uma carga de solda, durante 24h, em um transformador
de 1,5MVA 13,8kV / 660V. Devido ao baixo fator de potência, súbitas variações de carga,
elevada demanda de reativo e elevada taxa de distorção harmônica, verificamos que soluções
típicas não são suficientes para mitigar o problema de baixo FP e eliminar as multas cobradas
pela concessionária.
Perfil de Corrente (Elevados picos)

Perfil da Demanda de Potência (Em verde reativo)

Verificamos que a demanda por reativos excede inclusive a potência ativa do circuito,
mostrando uma grande necessidade de correção. Deve-se atentar também a alta oscilação de
carga.
Fator de Potência (FP oscilante e por volta de 0,42)

O fator de potência se mostra extremamente baixo e oscilante, variando de acordo com as


solicitações das máquinas de solda.

THD de Corrente (Na faixa de 50% durante produção)

O circuito apresenta baixo fator de potência, sérias distorções harmônicas de corrente e rápida
oscilação de carga, sendo estas características típicas de cargas envolvendo soldas. As
distorções harmônicas não se mostram equilibradas entre as fases, indicando alta presença de
cargas monofásicas, dificultando também a especificação de filtros passivos sintonizados.
Existe também uma alta demanda por reativos, o que gera cobrança por excedente reativo pela
concessionária de energia.

A correção do fator de potência através de bancos de capacitores fixos tem sido amplamente
utilizada em sistemas industriais. Nestes sistemas, as variações de demanda por compensação
de reativos são, na maioria dos casos, lentas, o que implica em um pequeno número de
manobras diárias dos bancos de capacitores, tipicamente realizadas através de contatores e
resistores de pré-inserção. Entretanto, o sistema em questão possui demandas dinâmicas e
variáveis de potência reativa, caracterizadas por elevado número de máquinas de soldagem de
ponto. [*1]

Neste sistema, o alto número de manobras diárias necessárias e as variações dinâmicas de


demanda de reativos impossibilitam a utilização dos sistemas convencionais baseados em
contatores e resistores de pré-inserção, ficando este tipo de circuito sujeito ao pagamento de
altas multas por fator de potência, mesmo com a instalação de bancos de capacitores capazes
de atender à máxima demanda de reativos. [*1]

A razão para isso se deve, principalmente, aos seguintes fatores: [*1]

Impossibilidade de controle do tempo de fechamento dos dispositivos eletromecânicos, aliado à


impossibilidade de comando independente por fase;
Necessidade de se aguardar tempos de descarga dos capacitores, superiores a 1 min, para
evitar correntes de inrush ainda mais elevadas;
Possibilidade real de subutilização dos bancos de capacitores, em aplicações com cargas de
dinâmica rápida, gerando um aproveitamento apenas parcial do investimento realizado.

Deve-se verificar ainda que a tensão do transformador é de 660V, não existindo capacitores
comerciais a pronta entrega para este nível de tensão, sendo necessária a fabricação sob
encomenda.

Para mitigar o problema do baixo fator de potência optamos pela especificação de um banco
de capacitores acionado por chaves de estado sólido, com filtro e sistema de controle
microprocessado, o qual evita ressonâncias, correntes de inrush elevadas e possui rápida
resposta. Este equipamento é o Dynacomp da ABB.

Dynacomp ABB
Trifilar Simplificado de Acionamento do Banco de Capacitores

Distorção de Tensão com e sem o Dynacomp

Potência Reativa requerida do Transformador com e sem Dynacomp


Transiente durante ligamento dos capacitores sem e com Dynacomp

Problemas deste tipo são comumente encontrados na indústria automobilística, gerando


pesadas multas por baixo fator de potência.

A possibilidade de se utilizar tiristores para a conexão de bancos de capacitores e eliminação


de correntes de inrush já é bastante conhecida e descrita na literatura. Entretanto, devido ao
maior custo de implantação do sistema, comparado com a solução convencional baseada em
contatores, ela ainda não tem sido largamente utilizada no Brasil, o que não ocorre em países
desenvolvidos, destacadamente, da Europa. [*1]

[*1] Fonte: http://www.osetoreletrico.com.br/web/component/content/article/57-artigos-e-


materias/395-operacao-dinamica-de-bancos-de-capacitores-com-eliminacao-de-correntes-de-
inrush.html

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