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Y Artesé 123 Técnicas de Psicoterapia Relacional Sistémica 6 edlcao- |*relmpressao Copyright © 2013 Artesi Editora tal ow parcil desta publi por escrito das editores Todos os direitos deste edigio sio reservades 8 Artesé Editors, REVISkO Maggy de Matos caer Fabrico Tacahash\ Lau dos Santos Rosera van der Meer Silvio Gabriel Spannenberg | PROIETO GRAFICO DE MIOLO Conrado Esteves DiacRamacko Conrado Esteves RERGe Rosset, Solange Mati 173 réenicas de psicotrapiarelacional sstimica/ Solange iaRosset,~2 ed, - Belo Honzonte: Ares Eto, 2013 180 p.:17x24em. I5BN 978.95-¢8000. 1 Psicoreap Tila, Blcteita responsive: Coma CA Gade A Nou CROW IMPRESSO NO BRASIL Pontoon Sri sas eomortsoa TIP) Secret Se ceeecaliewn aterm APRESENTAGAO Durante 30 anos de trabalho clinico e de ensino, fui aprendendo, criando ¢ transformando técnicas. Por muito tempo, fui cantraria a um livro de técnicas. Era uma forma de me posicionar contra o “tecnicismo” na psicoterapia, o excesso de uso de técnicas e a depositacdo da eficacia da psicoterapia na técnica. Em 2003, quando resolvi encerrar minhas atividades como coordena- dora de cursos de especializagao para psicoterapeutas, uma das questoes. que meus alunos levantaram foi: “O que eu faria com meu arsenal de téc- nicas?” Pensei, entéo, em edita-las e repass4-las para os terapeutas que foram meus alunos. Porém, outros terapeutas mostraram interesse pelo assunto; sentiam necessidade dessa sistematizagao. Surgiu dai a ideia de transformar em livro @ passar também, junto com as técnicas, a postura basica indispensavel para fazer um uso adequado e pertinente delas. Convidei trés psicoterapeutas, ex-alunas, para me auxiliarem. Elas ha- viam se submetido a varias das técnicas no curso de Formacao em Terapia Relacional Sistémica (Individual, Familias e Casais, Grupos), usavamn muitas delas no seu dia a dia de consultorio e, mais importante que isso, tinham introjetado minhas ideias com relagao a cuidados, postura e funcionalidade no uso de técnicas em psicoterapia. Acrganizagao e 0 uso das téonicas aqui apresentadas foram paralelos as mudancas que fui fazendo na minha forma de trabalhar, em fungao das especializagdes que fiz e da experiéncia clinica com terapia de familias, de casal, de grupos e individual. Minha primeira formagao profissional foi em Terapia Psicodramatica. Essa abordagem me possibilitou desenvolver a habilidade de usar instru- mentos técnicos para facilitar 0 andamento da sesséio, a compreensao & as vivéncias de que os clientes necessitavam. Depois, fiz minha especializagao em Terapia Corporal, Adquiri; en ‘20, um arsenal de técnicas e de instrumentos qué facilitavam a leitura'e © trabalho corporal, além de possibilitarem ao cliente tomar consciéncia e trabalhar suas condigdes energéticas e de carater, Ao especializar-me em Terapia Sistémica, incorporel ao meu trabalho toda a proposta sistérmica de tarefas e prescricées, paraa sesso ou Para o intervalo entre as sess6es, enriquecendo minha bagagem de técnicas psicoterapicas. Em 1989, no Nucleo de Psicologia Clinica de Curitiba, eu e minha Parceira de trabalho, Tereza Christina Fraga Brand&o Paulus, reorganizamos © trabalho que fazfamos (clinico e de formagao de profissionais), dando um nome que o diferenciasse das demais linhas clinicas e sistémicas. Batizamos ‘0. aporte tedrico-pratice de TERAPIA RELACIONAL SISTEMICA.’ Nessa abordagem, incorporamos do Psicodrama a proposta basica a relagao terapéutica, 0 trabalho focado no momento, no aqui e agora, © a nogéo de contextos (social, grupal, psicodramatico) e niveis. Usamnos, também, as teorias de Matriz de Identidace ? & Nticleo do EU paraa com. Preensao do desenvolvimento, além do instrumental técnico psicodramatico que é riquissimo. Da Terapia de Sistemas Familiares, adotamos a leitura sistémica das Siltuagoes (estrutura, hierarquia e organizacdo),? bem como a postura basi- Ga de que a responsabilidade do proceso é do cliente e de que 0 foco da terapia é a mudanga. Usamos, ainda, as intervengdes sistémicas, a instru- Mentagao do tempo (tarefas, intervalos, ete.) eo planejamento do processo visando eficdcia Da Terapia Corporal e de Energia, adotamos como base a compreen- Sao energética dos seres vivos (fluxo, carga, descarga, etc.),° bem como a teoria do desenvolvimento (caréter) para compreensao do funcionamento,” ROSSET, S.M.: PAULUS, T: C. F. B. Terapia relacional sistémica, Trabalho apresentadio a0. Seminario Ciinico do Nucleo de Psicologia Citnica, Curitiba, 30 abr, 1990, * FONSECA FILHO, J. de S. Psicodrama da loucura. Correlagdes entre Buber @ Moreno. S30 Paulo: Agora, 1980, * ROJAS-BERMUDEZ, J. G. Nucléo do eu. Leitura psicolégica dos processos evolutivos fisiolégicos. S20 Paulo: Natura, 1978. RONAS-BERMUDEZ, J. G. Introdugao ao psicodrama, 3" ed. Sao Paulo: Mestre Jou, 1980. ROSSET, S. M. Teoria geral de sistemas e a pratica clinica. Trabalho apresentado no Seminario Ciinico do Nicleo de Psicologia Clinica, Curitiba, 1989, KELEMAN, S, © corpo diz sua mente. Traducao de Maya Hantower. Sao Paula: Surimus, 1996. * LOWEN, A. Biosnergética. Sao Paulo: Summus, 1986, Usamos, também, o seu arsenal técnico ¢ a permissao para o contato corporal com o cliente. Em 1998, ao deixar a equipe com a qual trabalhei por 18 anos, passei a fazer uma redefinicao e reorganizagao do meu trabalho. Continuei com a proposta bésica da Terapia Relacional Sistémica, mas fui, aos poucos, defi nindo um modus operandi muito particular. A diferenca final do meu trabalho para outros trabalhos de abordagem sistémica € 9 foca do trabalho clinico, e também de formacao de especialistas, no padro de funcionamento.? Com isso, a tarefa terapéutica é auxiliar o cliente a ter consciéncia do seu préprio padrao de funcionamento; a partir disso, auxilid-lo a realizar as aprendizagens que se fazem necessérias ~ aquelas que ficaram por fazer No processo de desenvolvimento ou que s&o necessérias nas novas fases que atravessa, Entdo, auxilia-lo a fazer as mudangas que sao pertinentes. Outra caracteristica dessa proposta € a clara detinigo de objetivos Para 9 trabalho terapéutico. Esses objetivos s4o particulares para cada individuo ou sistema acompanhado e dependem da pertinéncia do cliente para mudanga, do nivel de consciéncia que ele tem do seu padrdo de funcionamento, do momento e do contexto em que ele esta insericio ¢ do desejo e da vontade de realizar o processo, Quando uso 0 termo padre de funcionamento, estou querendo dizer: uma forma repetitiva que o sistema usa para responder 6 reagir 4s. situagdes da vida e as situag6es relacionais, Engloba ‘0 que 6 dito e 0 que nao é cito, a forma como sao ditas e feitas as coisas, bem como todas as nuangas dos comportamentos, Fazem parte do padréo de funcionamento as compulsoas basicas, as defesas automnaticas, 0s jeitos, os Alibis prediletos. ‘Tendo em vista essas caracteristicas do meu trabalho clinico e de cursos de especializacao, 0 uso de técnicas torna-se muito importante, Importante no sentido de serem as técnicas instrumentos Uteis para se atingirem os focos e objetivos do processo, mas também no sentido de serem Uteis se usadas com parciménia, lucidez @ clareza de intengao. * ROSSET, S. M. Izabel Augusta: a familia como caminno. Belo Horizonte: arteSa, 2013. SUMARIO IntrOGUGAO...esesennesin Visdo geral das técnicas.... ae Descrigao das técnicas.... oot 1. Primeiro registro de relacionamentos.... 2. Desenho simbélico das magoas.. 3. Apresentacao com objetos... 4. Apresentagao criativa. 5. 6. 7. . Adivinhe quem sou eu. . O carpe fala. . Apresentando © outro. 8. Grade de fantasias.... 9. Livrar-se das dificuldades. 40. O que eu ganho? 11, Emogdes no dia a 14, Painel tematic 15, Limpando sentimentos. 16. Lembrete.. 19. Hist6ria com recortes. 20. Griando histérias.. 24. 25: 26. cass 28 29 a & st. 8 3 88 36. 37, 38. 39. 40. 4 42. 43 44. 45. 46. 47. 48. 49, 50 51 52. 53 54 55 56. Valor e regra... . Mapear 0 corpo. . Meu corpe...... 60. 61 . Mentagem de uma casa... 2 ZOOIOGICO ss ssses sss sass 34. 35. Como eu respiro. Risear sentimentos. Sempre, as vezes, nunca... Bola de folhas.... : Variagoes do jogo de memoria. Queda de brago... Cabo de guerra, Cabra-cega aie Cego € guia... Desenho conjunto. Expectativas.. Dificuldades da familia... O que eu preciso melhorer. Mapa da mina......... Arvore genealégica. Linha da vida... 2 Projeto para deoul a 20 anos... Escultura da situacao.. Escultura do momento atual. Criagao em corjunto.. Sonho conjunto. Técnica do rabisco. Trabalhando com baldes..... Metaforas....ss.csscssssessenssee Desenho dos quatro quartos.. Niveis de cansciéncia. Bilhetinhos e bandeiras... Pontos de contronto....... Desencadeantes.. Semelhangas e diferencas.. Culpados. Poder... Moeda no sapato. , Conversa com ausentes... Sonhos... Possibildadies. . Envelope secreto.... . Jago com baldes... a . Dramatizagéio com objetos pequencs. . Coneretizar com jornais. , Nomes ¢ apelidos... Pessoas por quinquénios © chamado........+ . Uma, historia diferente. . Girar @ roda. . Virar a roda.. 5. Limites.. Confronto. Troca de afetos. Esgrima..... Danga das cadeiras . O que 6 um casal?... . Explicitando dificuldades... . Rituais familiares. , Desenho simbdlico.... Significade do nome. Padrao de comunicagao... 6. Album da vica........ Autorretrato......... © que eu enxergo. Antepassados....... Circuito de mudancas. Dobradura com guardanapos. Quem quer mudar... . Linha do casamento..... . Limpar magoas.... Treino de mudang Mapeamento dos espacos.. Bolo de interesses....... , Dominador x dominado. Rotinas...... 100. Singularidades, diferen¢as e semelhangas. 101. Reagao... 102. Melhor forma. 103. Responsabilidades/direitos. 104. Prova de amor, 105. O melhor e 0 pior... 406. Dramatizagao das caracteristicas do parce, 107. Brasdo da familia... 108. Primeiro enconto... ir 109, Griatividade no verbal 110. Vinculos... 411. Mapa da farnfia., 112. Vou falar diss 113, Eu gostaria.. 114, Embolar/desembolar. 445, Desenho da planta baixa da primeira casa, 116. Eu, meu passado e meu futuro........ 117. O outro lado... 118. Quem é quem. 119. Xadrez... 120, Perdao. 121. Carta... 122, Padres comunicacionais.... 123. Desenho dos padres sexuais.. . para no falar claquilo. Referéncia: a Bibliogratia fesanmncatls Anexo 1 - Texto para a técnica dos Culpados. Anexo 2 - Circulo para a técnica dos Vinculos. ‘Anexo 3 - Lista para aplicagdo da técnica Quem é quem Anexo 4 - Montagem das caixas....... Anexo 5 - Lista de material para o. ort! INTRODUGAO INDICAGAO DE TECNICAS A técnica utilizada como um instrumento mecanico nao se presta se- no para a manipulagao da situagaio; porém, quando utilizada como uma real necessidade do momento de um individuo ou de um grupo, pode se transformar numa obra de arte. Para que ela seja realmente um instrumento terapéutico, algumas reflexes sao necessarias. QUANDO E POR QUE SE USAM TECNICAS As técnicas psicoterapéuticas sé devem ser usadas quando 0 pro- cesso nao esta acontecendo; quando, por alguma razao, ha necessidade de desencadear movimentos novos. Se 0 processo terapéutico esté se desenvoivendo satisfatoriamente, nao ha necessidade de langar mao de novos instrumentos. Técnica é ttil como facilitador, ¢ nunca deve ser usada como 0 ponto central de um processo ou de uma sesso terapéutica. Um processo que esta circulando nao precisa de facilitador; nesse caso, nao 6 necessario o uso de técnicas. As técnicas podem oportunizar o exercicio e o desenvolvimento de algum item que o cliente est precisando aprender, além de serem utiliza- das para treinar novos Comportamentos, tais como: aprender a lidar com a ludico, aprender a lidar com regras, aprender a lidar com agressividade, promover troca de afeto, dar colo, etc. As técnicas também sdo um bom auxilio pata “limpar” algo (raiva, medo, citime, inveja, dor), para que a pessoa possa fazer contate com o que esta por tras do sentimento e, ent&o, o processo tenha andamento, 13 Servem, ainda, para trabalhar em diferentes niveis: real (coisas eon- Gretas: listar, fazer), simbélico (representa o real: desenho, figura, jogo, @scultura) ou fantasia (Imaginacao, desejo, vontade: projeto de vida) Na Terapia de Casal, além dessas questdes gerals, as técnicas tém a fungao de auxiliar o terapeuta a manter a postura adequada para este tipo de atendimento. Ou seja, ajuda-lo a nao Polarizar, n&o tomar partido, nao ugir dos principios sistémicos basicos e ndo ficar preso no jogo incons- ciente do casal,? Outra quest&o:importante no uso de técnicas é a afinidade ue 0 tera- Peuta tern com determinada técnica, Essa afinidade depende do terapeuta ja ter vivido a técnica como Sujeito, da sua experiéncia com ela e do padréo de funcionamento do préprio terapeuta,'® Da mesma forma, é importante adequar a escolha da técnica ao ob- Jetlvo do momento. Uma técnica inadequada ao que se deseja atingir sera uma perda de tempo energia A forma como se propée o trabalho e todos 08 cuidados taticos defi- nem o bom ou mau resultado. DEFINIGAO DO OBJETIVO DA TECNICA Atécnica deve estar sempre alinhada com o objetivo a ser trabaihado Naquele momento do processo; portanto, mais importante do que conhe- Cer 0 objetivo parcial da técnica é saber para onde se esté caminhando e O dus S@ pretende atingir com o cliente, Se 0 terapeuta souber o que esta fazendo com o seu cliente, tera clareza ao definir 9 objetivo da técnica es- Pecifica que ira usar. Dessa forma, Podera adaptar técnicas ¢ criar outras de forma coerente. ADEQUACAO DA TECNICA AO OBJETIVO E AO MOMENTO. Na escolha da técnica, alguns aspectos teéricos € clinicos devem ser observades. Estas questées sao especificas da postura basica da Terapia *" WILLI, J. G eonesito de colusio: uma integragao entre a proposta sistémica ¢ Psicodindmica faa lerapia ce casa. Treduedo de: Danilo Rosset. Cuntiba, 1998. Traducao de: l concette f collusione: un’integrazione ira approcciosistémico e psicodinémico ala terapia dh coppia. Jerapia Familare, Rivstainterdscipinare ot ricerca ed intervento relaionele, Forma: 23, 27-39, mar. 1987. ROSSET, S. M. Padrdo de interagio do sistema terapéutico, Trabalho apresentado no Congresso Internacional de Terapia Familiar da IFTA, 18, Porto Aleara, 2001 Relacional Sistémica, mas séo Utels a todos os terapeutas que trabalham com terapia focada na agdo, na mudanga ena aprendizagem. Contextos Segundo a Teoria Psicodramatica, ao trabalharmos numa sessao, precisamos levar em consideragao 0 tipo de material com qual estamos lidando. Esse material pode ser de trés tipos:” = ligado ao contexte social - corresponde ao espago extrassessdo, a chamada “realidade social": é regido por leis e normas sociais que impdem determinadas condutas e compromissos ao individuo que © integra; € do qual provém o material trazido pelos clientes para a sessao; ligado ao contexto grupal - é constituido pelo sistema terapéuti- co; acha-se formado por todos os integrantes, tanto cientes como terapeutas, suas interagdes € 0 produto das mesmas, isto 6, seus costumes, normas e leis particulares; é sempre particular a cada sistema terapéutico; ligado ao contexte da sessdo — sao as cenas trabalhadas pelos clientes e pelo terapeuta na sessao; € 0 recorte que eles dao aos fatos e situagdas; é a construgdo dos dacios que eles reorganizam, Da mesma forma, ao escolher a técnica, deve-se levar em considera- 0 © contexto ao qual se liga o material que esta sendo trabalhado, além de ter claro em que contexto se pretende desenvolver mudangas, tomada de consciéncia e aprendizagens. Etapas do trabalho O trabalho terapéutico conte! + trés etapas basicas da sessao - abertura, desenvolvimento ¢ fechamento, + uma etapa de pds-sessao, «uma etapa de intervalo entre sessdes, + uma etapa de pre-sessao. Aabertura é 0 momento da sessao no qual terapeuta e cliente retomam as questdes que ficaram da sessao anterior, levantam as tarefas realizadas, Conceites psicodramaticos adaptados a lettura relacional sistémica, levantam as questées pertinentes ao momento e ao contexto da sessao e redefinem o trabalho da sessao. O desenvolvimento é a parte maior da sessao, na qual os assuntos. 880 trabalhados. E o momento em que as técnicas sao aplicadas. O fechamento é a etapa final da sesso, qué engloba uma sintese do que aconteceu, a definigao de tarefas ou técnicas para serem realizadas antes do proximo encontro e as defini¢des da proxima sessao. ‘0 pés-sesso 6 0 tempo imediatamente apds o encontro terapéutico, no qual os reflexos e as reflexdes da sessao ainda estao muito vividos. Esta € a fase para técnicas que reforgam o que foi visto na sesso. O intervalo entre sessGes 6 0 tempo em que 0 cliente fica sem o Contato direto com 0 terapeuta é integra o material da sesso ao seu dia a dia, & sua vida de relagdes e compromissos. A pré-sesso é a fase que antecede a volta, o contato com 0 tera- peuta, na qual o cliente organiza sua vivéncia externa para programar o Que levaré para sua sessao de terapia, As tarefas e técnicas para esta fase so aquelas que preparam para o encadeamento dos assuntos e das questées. Levar em consideracao essas etapas possibilita a escolha de técnicas adequadas aos momentos e objetivos do trabalho terapéutico. Etapas da técnica Ao escolher uma técnica, deve-se organizar 0 material levando-se em conta alguns aspectos citados a seguir. Aquecimento para a técnica - é um conjunto de procedimentos que intervém na preparaeado do cliente, para que ele se encontre em dtimas condigdes para a agao. Engloba a coeréncia entre o assunto que esia sendo trabalhado e a técnica que sera usada, a forma como se propde 0 trabalho, © uso de palavras e consignas adequadas para motivar o cliente © conseguir sua cooperagao ¢ disponibilidade. Desenvolvimento da técnica — é a técnica em si, desenvolvida com © material tecnico pertinente, 0 espago ¢ o tempo que forem necessarios. Fechamento da técnica — engloba o relate que os clientes fazem, os comentarios do terapeuta, as avaliagdes das situagdes envolvidas e os encadeamentos de questdes, novas tarefas, novos movimentos. que sejam pertinentes. 16 | SOLANGE MARA ROSSET Areas de funcionamento ‘O ser humano tem trés areas de funcionamento: area mente, area corpo e area ambiente.” Area mente - 6 responsavel pela produg&o racional, lagica; engloba o que a pessoa pensa, fantasia, imagina. Area corpo - engloba todas as questées ligadas as sensagdes, emocdes @ energia do individuo. Area ambiente — esta ligada as agdes da pessoa, ao seu movimento e a suas relacdes no espaco externa a si As pessoas, de acordo com seus padrées, tém maior ou menor faci- lidade de atuaco, consciéneia e integragao nessas areas. Ao definir uma técnica, é importante ter clareza de quais dessas areas a técnica vai privi- legiar, vai desenvolver, além de ter clareza do funcionamento do cliente, ou seja, quais so as areas fortes, as fracas, qual é 0 nivel de integragéo ou de invaso entre as areas. CUIDADOS NECESSARIOS: Com 0 padrao de funcionamento O terapeuta precisa estar atento a forma como a técnica ¢ realiza- da, ao contelido que surge a partir dela e, principalmente, ao padréo de funcionamento do cliente. Qualquer técnica utilzada revela o padréo de funcionamento do cliente. Nunca se deve utilizar uma técnica se houver alguma duvida de que pode estar sendo usada de modo a ser conivente com 0 padrao de funcionamento disfuncional do cliente. Nao se podern usar magicas quando 0 cliente precisa treinar, aprender e conscientizar-se do seu padrao de funcionamento. Com a consigna Uma boa consigna deve ser clara, Deve-se cuidar com as patavras utilizadas, conforme o que se pretende atingir. Qualquer coisa pode ser utilizada como técnica; basta ter 0 objetivo claro e transformar, ousar, criar e adaptar. + PICHON-AIMIERE. E. Teoria do vinculo, $30 Paulo: Martins Fontes, 1995. PSICOTERAPA RELACIONAL SISTEMICA | 17 Com o tempo © tempo, principalmente no caso de técnicas irracionais, deve ser determinado conforme a situacao, 0 tempo interno do cliente e o objetivo da técnica. Com o terapeuta O terapeuta precisa sentir-se 4 vontade com as técnicas que utiliza Ele deve ter um arsenal de técnicas, em cuja aplicacao sinta-se bem. Se ele ja se submeteu a determinada técnica, certamente estaré mais famiia~ rizado com ela, Com o espago O espago define a forma e 0 uso da técnica. A maioria das técnicas pode ser adaptada ao espaco que se tem disponivel; no entanto, algumas. técnicas serao prejudicadas se o espaco nao for adequado. Com julgamentos € interpretacdes O terapeuta nao deve julgar ou interpretar 0 material ou contetido que surgir a partir de uma técnica. Julgamentos, interpretagdes, racionalizagdes podem desqualificar ¢ enfraquecer o abjetivo. O que aparece no trabalho com as técnicas € o padréo de funcionamento do cliente, 6 um mapa que norteara o caminho a seguir. Ao nao fazer julgamentas ou interpretagées, © terapeuta fica mais disponivel para enxergar o padrao. Com o material Ad final desse livro, incluimos exemplos de materiais para a montagem de caixas de icones que sd0 usadas em muitas das técnicas que apresen- tamos (Anexo 4) @ também uma relagao de materiais viteis para se ter no Sonsult6rio € facilitar a criagéo e implementacao de técnicas terapéuticas (Anexo 5). 18 | SOLANGE MARIA: ROSSET VISAO GERAL DAS TECNICAS Sobre as técnicas desse livro, fazemos algumas coloca¢oes iniciais. | Muitas técnicas sao uteis para atendimento individual, de casal, de familia e de grupos. Naturalmente, deve-se adaptar a consigna para o cliente que est4 presente no momento. Quando nos referimos a cliente, pode ser 9 individuo, o casal, a familia ou © grupo. ‘As consignas s&0 sé uma indicagao de como as técnicas podem ser aplicadas; cada terapeuta pode adequé-las a sua linguagem, a sua forma de trabalho © aos seus objetivos. Todas as técnicas que auxiliam a ver 0 padréo de funcionamento do cliente podem ser usadas quando 0 objetivo for trabalhar aspectos espe- cificos ja definidos e relacionados com o contetido da técnica. A caixa com figuras variadas @ um material que usei, inicialmente, para facilitar 0 trabalho de colagens; aos poucos, fui incorporando esse item. em inumeras técnicas e descobrindo seus usos variados e inusitados. Ela tem side muito Util como base para trabalhar técnicas que precisam de algo menos racional e pragmatico. Pode também ser usada nos moides da avaliag&o psicoldgica realizada nas técnicas de grafismos. Quanto a cor, as figuras coloridas estado ligadas ao momento atual, ao presente; as figuras em pteto e branco esto ligadas ao passado, ao antiga, Quanto ao posicionamento, as figuras que tém mais concentragao de desenho a és- querda estao mais ligadas ao passado, as que tém mais concentragao no meio esto ligadas ao presente e as que tém mais concentragao a direita esto ligadas a0 futuro; se a figura tiver mais concentragao na parte superior, esta mais ligada a fantasia, ao mundo mental; se tiver mais concentracao fa parte inferior, esta ligada ao dia a dia, a0 mundo conereto. A seguir, apresentamos um quacro-resumo com objetivo e indicagao de cada uma das técnicas. Usamos letras para as referéncias: | - individuo, C ~ casal, F ~ familia, G - grupo, QUADRO-RESUMO [one [Nome Objetivo indicagao 4 |Primeiro registro —_| Girculagio da emogaio [de telacionamentos [dentro da fami | Retomada e elaboragao | | | Desenho simbélico | | das magoas | de magoas. ee | 3 |Abresentacaio ‘Apresentacao; lee [com objetes [auto heteropercepgao | ithe 5 | a 7 3 450 criativa APTesentagao de forma [ise [Aetesemtacdo-otae A cerrcoaal FG Adivinhe quem I ipresentacao; auto FG a sou eu |e heteroperceagao. Foca. | |Aprésentagao de | & [Ose te forma ndo verbal (RS ses aa| Apresentando ‘Apresentagao; auto @ its SR sis 1B OA IOD RESO fa] 8 | Grade de fentasias | APTesentagao; levantamento dos | padrées de avaliagso do grupo. | ‘Ampliagdo da visdo e | das possibilidades sobre i¢Fe | as dificuldades | Livrar-se das \dificuldades a | Oqueeuganno? —_|Consdlentizagao das resisténeias Para mudanca. ag ‘ ‘ | Consciéncia sobre como A 44 [Enter no dia'a dia} com as-emo ees. a CFG | Avaliagao de outras | | 12 {Sem receio lpossisicedes, cre | sheen atin ali 13__|Riscos |Avaliacao dos riseos de mudanga. || C | Treino-do trabalho em | 14 | Painel tematico | conjunto; trabalho com |F Ie : [temas de forma simbolica. 45 _|Limpando | Elaboracdo de sentimentos liee | |sentimentos referentes a situagdes passadas. Tr x T | : lisritiake Conscientizagao sobre 16 |LOrG | aprendizagens necessérias, | Nome |obietivo Indicagao | Desenvolvimento de leon Caixa magica | aval @ negativos de ume com recortes | Visio simbbélica d | Avaliagdo do padrao | Criando historias | de funcionamento e 1 | |do processo criativo. Lembrangas | Circulagdo de sentimentos; Bom x ruim dopessado _|avaliagdo da comunicagao, ES a Estimulagao da peroepgao | [Debito ecredto A cieroncas. jCFG | “a2. | Avaliagao do padrao |Contendohietios 3 unionaments _iFe 7 ‘Compreensdo, expresséo Riscar Sentiments 1 elaboracao de sentimentos. 1 Sempre, as Levantamento de | vezes, nunca | ctengas ¢ valores. Ee Bawina taney | Elaboracao de situagSes i aaa Sah |inacabadas. S | 5 : | Avaliagio de padrao de | eee J | funcionamento, enfocando CFG __|regras, limites, competigao, etc. | Avaliago das relagdes | Queda de brago quanto a competicao, Cra | |poténcia, ganho. perda, étc. zl |Avaliagae do padréo de Cabo de guerra. —_/funcionamento, enfocando CFG ae compatigao, regres, limites, etc. este * Expressao de afetos | I Cabre-cega.grupal | Contato iso. = Se Levantamento do nivel [een _|de confianga na relagdo. ie i | Montagem Levantamento do padrao. . de uma casa |e Cefinigéo da aprendizagem. | |Levantamento do padrao: Zooldgico | definigao da aprendizagem; F ‘auto © heterapercepoao. faa |Possibilidade de trabalho | Desenho conjunto | Conjunto; avaliagao do F or Padréo de funcionamento. 23 TECNICAS DE PSICOTERAPIA RELACIONAL SISTEMICA |. 21 N° |Nome Objetivo Identificagao das expectativas 35 Expectatvas lanes oes F a6 | Dificukdades Refiexdo e consciéncia F a familia {das dificuldacles da farnfla, lo que eu piéciso [Bellexée sobre difculdades nos | 37 |subsistemas; responsabilidade — |F peta pelas mudancas. |Reflexao © consciéncia 38 [Mapa da mina sobre difculdades e F |aprendizagens necessérias.. | 39 _|Arvore genealégica | Avaliagdo da construgéo familiar. [IC FG | Vis&o geral sobre étapas de vide | 40) | sone cence @ funcionamento. Me Gonscientizagao sobre anecessidade de preparar 1cFG futuro agora. Avaliagéio do 42 |soutura da situagao | erento tual Projeto para 41 | dagui a 20 anos Levantamertto do padrao de funcionamento; circulagao le FG |de contetdos, Escultura do momento atual | Levantamento do padrao 44 |Criagao em conjunto |de funcionamento; treino lore | 43 de novos comportamentos. | Desenvolvimento de flexibilidade 45 _|Sonhocenjunto |g crganizagao de conteudos. Avaliagao de expectativas lice 46 {Tecnica do rabisco | pertinéncia para terapia, HS 47 | Tebalhando Expressao da emogao ane com balbes [deforma kidicae metatérica. | ae. Wee Conscientizagao sobre CF 9 padro de funk ami 4g _|Dasenho dos quatro. | Exploragaio de uma situagao quartos ‘em todos os seus aspectos. ‘Avaliaco do equilibrio entre os niveis de consciéncia. % 50 | Niveis de consciéncia Re ~ |Bilhetinhos ¢ |Sinalizagdo de situacdes |bandeiras |de forma nao verbal. Identificacao de pontos | | 52 _ [Pontos de contronto | 3. resisténcia & mudanga. | MAFIA ROSS quinquénios do padrao de vinculos do cliente. N° |Nome objetivo Reflexdo sobre como 0 padrao de | | 58 |Desencadeantes _| cada membro desencadeia c | |o.comportamento do outro I 54 |Semelnancase | Retiexéo e comparacao sobre as ars diferencas| | caracteristicas comuns na farnfla, Treino de noves: | | 55 | Culpacios |comportamentos. ICFG | 56 |Poder | Conscientizagao sobre ic | |o exercicio do poder, | | Conscientizagao sobre | SY _|Veoreregta. _—— |crenaas a precios basicoe el | ni | Consciéncia das vivencias P 58 [ees corpo corporais : i G 59 _| Meu corpo |Consciéneia da imagem corporal. || Conscientizagae sobre 60 | Moeda no sapato | aprenden, 1 a Mapsamento do padrao de BY [Pane eo esate [ewe ede funcionamento, |! & | Conversa com | i ™ [82 faceantos Fecho de situacdes inacabadas, || | | Facilitagao da aprendizagem PSs Sones ___|em situagoes simbsticas. ! | Ampliagao ‘da percepcao 64 Possibilidades de uma situago. Limpeza de determinada | 6% i Eqvelope:secreto | situagao e sentimentos, t | Flexibilzagao da | PO BE Se ES | ralacee ie pentonl sae 67 | Dramatizacdo com | Faciltagao de outra visao ; | ‘objetos pequenos._ | de uma mesma situagéo. ret Concretizagao de uma situacao | 68 |Poneretizrcom | cobra a quel se tem pouco lCFG fener jentendimento, eI | Levantamento de pontos | 69 |Nomese apelidos | jigados a identidade e Fo = a0 padrao de funcionamento, =| 70 ar por Possibilidade de conhecimento NICAS DEPSICOTERAPIA RELACIONAL SISTEWICA, | 23 N° |Nome Objetivo Indicagao Ti__|O-chamado [Avaliaga6 do funcionamento. (FG Avaliagdo do padréo de 72 ae funcionamento e definigéo FG de aprendizagens. | Busca de vivencias @ 73 |Girar a roda |sentimentos, abrindo-se G espacos para aprendizagem. Aprendizagem de jeitos diferentes 74 || Must rede de se fazer a mesma coisa. Eo i Visualizagao do padrao | ie 3a rome de funcionamento do grupo. ete [76 _|Confronto | Treino de novos comportamentos. | G Facilitagao da circulago | 77 [Toca deatetos | Goats FG 78 |Esgrma Treino de novos comportamentos. |F G Observacao do padrao | 79 Danga das cadeiras de fencisnaments, FG | Percepgao de ambivaléncias, 80 _[O-queeum casa? | concordancias e rigidez do casal, |° Explicitando Gonsciéncia de como se lida | 87 |diffcuidades nas difeuidades. Eee | Identificagdo de rtuais que | | 82. |Rituais famitares ee ordenne Icre | Reprocessamento de | 83. [Desenno simbéico re Ire | |Trabbaiho de questoes 84 _|[Staiicado do.nome | eentiaade 16 5 _|Padréo de \dentificagao errefioxdo sobre | comunicagao 9 padrao de comunicagao. ‘ Busca da consciéncia de questoes BG | Neuen da ate | que nao foram entendidas. ees | Trabatno de questées 87 Merete, ‘de tdenitidada: 1G 88 |Oqueevenxergo | Ampliagao da percepeaa. 1s | Pesquisa de 2 ae toe antepassados miticos. 1S Circuito de Observagao do padrao de | | 90 |mudancas funcionamento paramudancas, |! © FS ‘24 | SOLANGE MARIA ROS |Nome Objetivo Indicagao Dobradura com ‘Avaliacao de expectativas/valores guardanapos sobre 0 que é ser um casa. Verificacao de prontidéo para |realizar aprendizagens e mudlanca. Visao geral sobre a histéria do casal, Quem quer mudar Linha do casamento Fecho de situagbes passadas opacmngoe para se olhar o futuro. Auxilic a0 casal nas mudangas necessarias, | Treino de mudanca Mapeamento dos | Mapeamento dos espacos espagos: individuais ¢ conjugais na relacdo. Observacao do invastimento que (0 casal faz na relacdo. Dominador x Desenvolvimento de questées idominado [relacionadas a0 poder. Bolo de interesses | Levantamento de rotinas de um Rotinas |dia comum e de um dia especial na vida do casal, Singularidades, | literencas e | semelhangas Tomada de conscién: do funcionamente, | Verificagaio do funcionamento e do raspeito em relacdo as diferencas. \Verificagao do funcionamento e Melhor forma, criagao de possibilidades dentro do relacionamento. Reagao |Percepgao de direitos enue idedes! | Gevares na relacdo | [funcionamento do casal Percepgao do que 0 outro necesita. Prova de amor Capacidade de raciocinar diante do novo; padrao de funcionamento; treino de situagSes futuras. | O melhor e o pior Dramatizagao das caracteristicas do parceiro. Explicitagao melhor percepgao de seu funcionamento. 123 TECNICAS DE PSICOTERAPIA RELAGIONAL SISTEMICA | 25: Objetivo @ | Nome Indieagao Percepgao de valores; trabalho 107 | Brasdo da familia. | de crescimento para trazer ICFSG = dificuldades. | Tomada de consciéncia do [i108 | Primate ancontro. | oe posaivel como cacal ic Criatividade Lida com a criatividade | 108 | no verbal _ |e o inusitado. ose | Trabalho com vinculos; | 110 | Vineulos abertura de portas; treino iG | _|de relapdes pessoais. | z | Estratégias novas para | 111 [Mapa da familia | trabainar coisas l6gicas. eal tip |Voutalar disso... |Levantamento de temas ra | fea para nao falar daquilo conteudos que esto encobertos. |" sol | Explicitagdio do padio | 113 | Eugosteria Ses toate Beeson |Fe | Contato com o funcionamento 114 | Embolaridesembolar |i propa c | Integracdo do presente, lo ie ee eee passado e do futuro: resgate alee | aa |de emogées; trabalho mitico, | | = valores, espaco. i Identificagao de novos | 116 ares adios relacionados ao |lFG wi aealae Sint: cliente e a sua histéria, +7 lSouswes Explicitagao de polaridades i 5 | __ |e opostes. i | | Avaliagao do padréio de | 118 |Quem quem |funcionamento da fartia. IES | ‘Avaliacao do padrao de | NS access funcionamente do casal. c |Faclitagao do trabalho com | eee situagées de magoa e culpa, _|! Auxllo para se desprender bean! tere de stuagbes antigas. fe top| Padroes Visualzagao de seus padrées |) |_'F* |comunicacionals _| de comunicacéo atueis. jag |Desenho dos ‘Auxilio para enxergar os we adrées sexuais _ | padrOes de funcionamento. 26 | SOLANGE MARIA RO: DESCRIGAO DAS TECNICAS No quadro abaixo, esto relacionados os itens que compdem a des- crigao de cada uma das técnicas Titulo | Numero, Nome ou Definigao Técnica Objetivo | Para que se usa a técnica. Cédigo | = individual, © = casal, F = famflia, G = Grupo. Miser) || Melons au sermoncede/ dorama aesnice Consigna | Todos 08 Hear aa tecnica 5 Variegso | Mudanga ds acordo c | Mudanga de acordo com os objetivos. Observacao | Item importante a ser observado ou avaliado. Pergunta | Diivida mais comum que os aplicadores podem ter,

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