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Grafismo Infantil - Estágios do desenho

segundo Lowenfeld e Luquet


julho 06, 2013
Em nossa rotina na Educação Infantil trabalhar com desenhos não é novidade,
alguma vez, com certeza já estudamos sobre isso. Porém é sempre importante
voltarmos ao assunto para que possamos refletir se estamos ou não propiciando
às crianças oportunidades de se expressarem e de criarem, respeitando-as em
sua maneira específica de agir e pensar sobre o mundo.
O ato de desenhar não se trata apenas de um gesto mecânico ao acaso, cada
movimento tem um significado simbólico, dessa forma o desenho infantil é alvo de
vários estudos e de diversas áreas do conhecimento.
O desenho é para a criança um modo muito significativo e prazeroso de expressão
e de representação e que transita entre o real e o imaginário. Desenhar e rabiscar
são formas de comunicação e expressão desde os primórdios da humanidade,
mas para a criança nem sempre o importante é atribuir significados aos seus
rabiscos, pois quando descobre as propriedades do giz, do lápis e da tinta os
explora e diverte-se com as novas descobertas, quando rabisca está
desenvolvendo sua criatividade e ampliando sua capacidade de expressar-se.
Com o passar do tempo, esses rabiscos e desenhos passam a ser feitos
intencionalmente e a criança começa a usar o desenho para comunicar seus
pensamentos, desejos, emoções, exteriorizar seus sentimentos e brincar com a
realidade, seu desenho ganha simbologia e significação potencializando sua
capacidade de criar. O primeiro desenho simbólico em sua maioria é o da figura
humana.
Através do desenho as crianças brincam, experimentam ideias, emoções e
pensamentos, representam o mundo a partir das relações que estabelecem com o
outro e com o meio em que vivem.
As etapas e os estágios do desenho infantil definidos e estudados por Lowenfeld
nos ajuda a compreender e observar o desenvolvimento da criança, embora ele
mesmo afirma que não é fácil perceber a transição dessas etapas, além de não
ocorrerem na mesma fase e da mesma maneira para todas as crianças.
Segundo ele, a primeira etapa é o " Estágio das Garatujas" que acontece por volta
dos dois anos de idade. Nessa fase a criança rabisca sem intenção e sem controle
de forma desordenada e que aos poucos vai percebendo seus movimentos e
controlando e organizando mais seus traçados. Explora e experimenta os
movimentos de seu corpo e o espaço.

Marcos - 4 anos
Estágio das Garatujas

Marcos - 4 anos
Estágio das Garatujas

A segunda etapa é o " Estágio Pré-Esquemático", inicia por volta dos quatro anos
de idade até os sete aproximadamente. A criança adquire consciência da forma e
começa a fazer tentativas de representar o real de maneira desordenada e
desproporcional.

André Luiz - 4 anos


Estágio Pré-Esquemático

Alexia - 4 anos
Estágio Pré-Esquemático

A terceira etapa é o " Estágio Esquemático" e em sua maioria inicia-se aos sete
anos e pode ir até os nove anos de idade. Nele a criança já desenvolveu o
conceito de forma e seus desenhos são representativos, descritivos e organizados.
É possível percebê-los dispostos em linha reta.

Alexia- 4 anos
Estágio Esquemático

Catherine - 4 anos
Estágio Esquemático

O " Estágio do Realismo", quarta e última etapa, inicia aos nove anos e se estende
até os doze. Nele o desenho tem maior representação com o real embora ainda
exista bastante simbologia. A autocrítica em seus desenho é bem maior.
Luquet foi um dos primeiros a estudar o grafismo infantil, para ele o desenho é a
representação do modelo interno do objeto que a criança vê. Ele dividiu o desenho
em quatro etapas.
A primeira denominou de " Realismo Fortuito" que se incia por volta dos dois anos
de idade e se divide em duas fases: desenho involuntário e desenho voluntário. No
primeiro a criança desenha linhas sem intenção ou significado, o faz pelo prazer do
movimento e do que vê no papel. No segundo, a criança desenha sem intenção,
mas enxerga em seus traçados semelhanças com objetos conhecidos, depois
surge a intenção de desenhar mas a interpretação dos seus desenhos podem
variar.

Miguel - 2 anos
Realismo Fortuito involuntário
Miguel - 2 anos e sete meses
Realismo Fortuito voluntário
"Vou desenhar uma minhoca e uma pedra"

A segunda etapa é chamada de " Realismo Falhado" ou " Incapacidade Sintética".


Nela a criança desenha objetos sem ter relação entre eles, ou seja, os desenhos
são independentes. Ela pode exagerar ou omitir partes. Essa falta de coordenação
é percebida também em suas ações e pensamentos. Esse estágio começa por
volta dos quatro anos e pode ir até os dez ou doze anos.
Bianca- 4 anos
Realismo Falhado

Felipe- 4 anos
Realismo Falhado
Exagero no desenho
Camily- 4 anos
Realismo Falhado
Omissão de partes no desenho

A terceira etapa é chamada de "Realismo Intelectual", e quando a criança


representa objetos pelo seu conhecimento intelectual, ela reproduz objetos que vê
e também os que estão ausentes. Dá transparência à alguns objetos desenhando
o que está dentro do corpo ou de uma casa, por exemplo. Usam legendas e nessa
etapa também conseguem representar distâncias, profundidade e posições
organizando os objetos no espaço usando uma base de referência.

Maria Eduarda- 5 anos


Realismo Intelectual
Camilly- 4 anos
Realismo Intelectual
Transparência no desenho

Fabio- 5 anos
Realismo Intelectual

A quarta etapa é o " Realismo Visual" , nela a criança desenha e representa o que
vê.
Vários pesquisadores estudaram, classificaram e analisaram o desenho infantil,
entretanto não diferenciaram muito de Luquet e Lowenfeld, as fases e os estágios
definidos não devem ser vistos de maneira rígida, devemos levar em conta as
especificidades de cada criança e suas experiências vividas. Essas definições do
desenho servem para que possamos compreendê-las e entender seu
desenvolvimento, ou seja, esses estudos nos mostram que as crianças têm sua
maneira própria de se expressar, de pensar, de registrar seus desejos, emoções,
pensamentos. Cabe a nós educadores portanto, entendê-las e respeitá-las
propiciando a elas oportunidades de expressão, criação e experimentação.

Referência Bibliográfica

LOWENFELD, V.; BRITAIN, W. L. Desenvolvimento da Capacidade Criadora. São


Paulo: Mestre Jou. 1977.

LUQUET, G. H. O Desenho Infantil. Porto: Editora do Minho, 1969.

PERONDI, D. Processo de alfabetização e desenvolvimento do grafismo


infantil. Caxias do Sul: EDUCS, 2001

MOGNOL, L. T.; PILLOTO, S. S. D.; SILVA, M. K.,Grafismo Infantil: linguagem do


desenho. UNIVILLE. 2004

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