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Síntese dos textos sobre a vida e a obra de Margaret Mahler.

Margaret Mahler (1987-1985) foi uma das grandes autoras psicanalistas do


século XX que se propôs a investigar o desenvolvimento psíquico precoce, sendo
responsável por uma extensa pesquisa focada em bebês e crianças pequenas e uma rica
teoria sobre o desenvolvimento infantil e suas psicopatologias. Nascida em Sopron,
Hungria, em 10 de maio de 1897, Margaret foi a primeira filha do casal Gustav
Schonberger e Eugenia Weiner-Schonberger, uma mãe pouco envolvida nos cuidados
com a primogênita, principalmente após o nascimento da segunda filha. A relação
distante entre Mahler e sua mãe pode ter afetado diretamente o interesse da psicanalista
em estudar o relacionamento entre a criança pequena e seus genitores, especialmente a
mãe.
Em 1916, a jovem iniciou seus estudos na Universidade de Budapeste, cursando
História da Arte. Entretanto, pouco tempo depois, Mahler notou que possuía uma
grande vocação para a pesquisa científica, transferindo-se para o curso de Medicina em
1917. Em Jena, Alemanha, para onde Margaret se mudou a fim de concluir seus estudos
em 1920, conheceu o Doutor Ibrahim, famoso médico neurologista pediátrico, com
quem aprendeu sobre a importância das relações efetivas e do brincar para o
desenvolvimento psíquico e físico sadio da criança. Foi em Jena que Mahler teve uma
experiência importante que a guiaria para os estudos sobre a relação bebê-genitores: em
uma noite de plantão no Departamento de Pediatria da cidade, um pai deixou seu filho
sadio – de quem nunca havia se separado – aos cuidados dos médicos e enfermeiros
locais. Na manhã seguinte, o bebê havia falecido sem nenhuma explicação fisiológica
evidente. Esse acontecimento a impulsionou a estudar sobre a importância da relação
simbiótica para a saúde física e psíquica da criança pequena.
Em 1933, Margaret Mahler tornou-se membro da Sociedade Psicanalítica de
Viena. Alguns anos mais tarde, em 1939, mudou-se para Nova York – o que foi
determinante para o futuro de sua carreira. Em 1950, já possuía um lugar de destaque no
Child Analytic Program, onde conciliava suas duas grandes paixões: desenvolvimento
infantil e psicanálise. Também passou a chefiar o serviço de treinamento de jovens
médicos em psiquiatria pediátrica no Albert Einstein School of Medicine onde, junto
com Manuel Furer, fundou uma creche terapêutica para estudar a psicose em crianças
pequenas. No fim da década de 1950, Mahler e Furer fundaram o Master Children’s
Center, local onde a psicanalista desenvolveu sua pesquisa inovadora sobre o
desenvolvimento infantil e o método de tratamento chamado tripartite, o qual envolvia a
presença do genitor (normalmente a mãe), o bebê e o analista.
O trabalho de Mahler é considerado revolucionário dentro do movimento
psicanalítico pois envolveu uma pesquisa longitudinal com o objetivo principal de
compreender como ocorria o desenvolvimento das capacidades cognitivas e emocionais
em crianças que ainda não haviam desenvolvido a fala (pré-verbais). Inicialmente, o
projeto era focado nas crianças psicóticas e buscava entender qual dinâmica na relação
entre mãe e filho influenciava a estruturação psicopatológica do bebê. Algum tempo
depois, entretanto, Margaret Mahler considerou necessário ampliar a sua pesquisa e
também observar crianças que possuíam desenvolvimento sadio, com o objetivo de
formular um estudo comparativo que fortalecesse suas hipóteses. Assim, no ano de
1959, após a realização de um estudo piloto, iniciou-se no Masters Children’s Center a
pesquisa nomeada “O desenvolvimento da identidade do eu e seus distúrbios”, que
contava com a participação de um grupo controle formado por bebês normais e suas
mães medianas e na qual o desenvolvimento dessas crianças normais e de crianças com
psicose esquizofrênica simbiótica seriam comparados. Os financiamentos concedidos
pelo National Institute of Mental Health foram imprescindíveis para a realização deste
estudo.
Sobre o método utilizado na pesquisa, Mahler afirmou que “contou com uma
abordagem clínica e descritiva que incluía observações de pares de mãe-criança em uma
situação essencialmente naturalista”. Para ela, o fenômeno a ser estudado não era
acessado diretamente, sendo necessário observar as crianças pequenas em companhia de
suas mães, as maiores responsáveis pela qualidade do desenvolvimento psíquico dos
filhos. Além da participação materna, o espaço físico da pesquisa também era
importante: a disposição das salas e dos banheiros interferiam nas observações. Sendo
os banheiros posicionados dentro das salas onde as crianças e as mães eram observadas,
era possível que os pesquisadores acompanhassem a troca de fraldas, um momento
significativo na relação da díade.
Havia duas pesquisas sendo realizadas ao mesmo tempo: uma envolvendo
crianças com desenvolvimento normal de 6 meses a 3 anos, acompanhadas de suas mães
e outra envolvendo crianças de 3 a 5 anos diagnosticadas com psicose esquizofrênica
simbiótica. Destaca-se que para cada um dos grupos havia um espaço físico separado. A
sala destinada aos bebês normais era composta por um grande cercado central, sendo o
chão coberto com mantas e colchões. A locomoção era livre e os brinquedos eram
espalhados pela sala de forma a escolha do bebê não ser orientada pelos pesquisadores.
As mães ficavam na sala juntamente com os bebês, interagindo com eles e com outras
mães. Já a sala das crianças maiores em locomoção vertical – os chamados toddler – era
diferente das dos bebês menores e possuía brinquedos mais atraentes, mas não havia
restrição entre ambas, sendo a circulação livre. Dessa forma, a criança era capaz de
experimentar ir e vir para longe e perto de sua mãe livremente. É importante frisar que
na sala das crianças a partir dos 2 anos de idade as mães não estavam presentes o tempo
todo. O amadurecimento psíquico que permitia à criança ficar longe de sua mãe
proporcionou diversas observações significativas.
A partir dessa disposição, Mahler e os pesquisadores observaram fatores
importantes que auxiliaram em sua teorizações, entre eles: a maneira como cada mãe
segura seu bebê; em que momento o bebê toma conhecimento da existência materna; as
primeiras características de comunicação da díade; a reação da crianças frente a outras
crianças; os treinos de afastamento que o bebê faz indo para longe e voltando ao
encontro da mãe; as reações da mãe frente aos movimentos iniciais de separação; e
como é a reação da criança em momentos de separação total da mãe.
A díade dos bebês e crianças normais frequentavam as sessões em grupo, de
duas a quatro vezes por semana, por várias horas durante o dia. Além de interagirem
livremente com os filhos, as mães eram entrevistadas a cada semana e suas casas eram
visitadas duas vezes ao mês. Cada díade possuía o próprio observador, entrevistador e
investigador. As crianças psicóticas simbióticas, por sua vez, frequentavam as sessões
de três a cinco vezes por semana, com os encontros durando duas horas em média.
Assim como o grupo controle, eram observadas a partir do método tripartite e as
entrevistas com a mãe e as visitas domiciliares aconteciam da mesma forma. Em suma,
é possível destacar que a unidade mãe-bebê foi o único sujeito da pesquisa, sendo a
orientação do estudo bifocal. Os pesquisadores foram sistematicamente treinados e eram
responsáveis pela observação da díade e pela realização da entrevista com a mãe. Além
das observações, as crianças eram filmadas em todos os encontros, sozinhas ou em
companhia materna. Durante cerca de uma década, entre 1959 e 1968, foram estudadas
por Mahler e seus colaboradores 38 crianças e 22 mães.
Após a coleta de dados, as crianças normais e suas mães eram enquadradas em
uma classificação de comportamentos determinada por uma escala com 58 variáveis
sobre o comportamento da díade, elaboradas a partir do estudo piloto. Mais tarde, houve
uma tentativa de sistematizar os dados e as 58 variáveis foram transformadas em
grandes subgrupos de comportamento e interação, sendo agrupados em categorias
específicas. Após uma tentativa inicial com 17 categorias descritivas, os pesquisadores
decidiram por 4, sendo elas: relação de objeto, disposição, desenvolvimento da pulsão
libidinal e agressiva e desenvolvimento cognitivo. Com as crianças maiores, foram
acrescentadas outras 6 áreas de análise: jogo, nível de atenção, compreensão e utilização
da linguagem, habilidades motoras refinadas e grosseiras.
Sobre o desenvolvimento psíquico precoce normal da criança, Mahler dividiu o
desenvolvimento emocional infantil em 3 fases: autística normal; simbiótica; e
separação-individuação. Essa última foi subdividida em 4 subfases: diferenciação;
exploração; reaproximação; e individuação e consolidação de objeto. A fase autística
normal corresponde ao primeiro mês de vida e é nomeada como autística pela
incapacidade do bebê em distinguir dentro e fora de si mesmo, não havendo uma
diferenciação entre self e não-self. Nessa fase, o recém-nascido busca a todo momento
recuperar a homeostase de seu organismo e aliviar os estados de tensão através de suas
capacidades fisiológicas. Margaret Mahler salienta que, para que o psiquismo se
desenvolva satisfatoriamente e seja capaz de estabelecer uma mínima percepção do
mundo externo, é necessário o desenvolvimento em conjunto dos aspectos físicos da
criança. A fase seguinte, intitulada simbiótica, por sua vez, é definida pelo aumento da
atenção do bebê e seu investimento afeto-perceptivo. É durante essa fase que as “ilhas
de memória” começam a estabelecerem-se, entretanto, a criança ainda não é capaz de
realizar uma diferenciação entre self e outro, interno e externo. Outra característica
marcante da fase simbiótica é a criação do vínculo entre mãe e filho, imprescindível
para o desenvolvimento saudável do bebê.
Na fase de separação-individuação, entre os 4/5 meses e os 30/36 meses, ocorre
um distanciamento entre mãe e bebê realizado pela própria criança, de forma ativa,
principalmente quando ela começa a se locomover. Apesar desse distanciamento, é
importante que a mãe esteja sempre disponível emocionalmente para o filho. Na subfase
de diferenciação, as funções locomotoras e a coordenação motora e visual ganham
destaque, permitindo que o bebê explore o mundo a sua volta ativamente. O foco
perceptivo também muda, passando do próprio bebê para os eventos que ocorrem ao seu
redor. Já na subfase de exploração (ou treinamento), como o próprio nome sugere, a
exploração do mundo externo se intensifica, ao passo que a intolerância quanto a
frustração aumenta significativamente. Também é necessário para o bebê retornar ao
contato com a mãe para “reabastecimento emocional”. A disponibilidade materna é
extremamente importante, possibilitando que o filho passe por essa subfase
satisfatoriamente. Já capaz de andar, o toddler aumenta consideravelmente sua
descoberta da realidade e é sujeito ativo na relação com a mãe.
A seguir, há a subfase de reaproximação ocorrendo entre os 15 meses até os
22/24 meses. Nela, juntamente com a necessidade do bebê caminhar livremente, surge a
ansiedade de separação, levando a um retrocesso em processos que já pareciam
consolidados na subfase anterior. Segundo Mahler, essa subfase é de extrema
importância, pois representa o que ela denominou como “crises inerentes ao
desenvolvimento”, reações que parecem patológicas, mas são naturais no processo de
desenvolvimento precoce. O ponto mais característico da subfase de reaproximação é a
ambivalência da criança, que deseja se distanciar e explorar, mas teme esse momento,
evitando-o. Por último, a subfase de individuação e consolidação de objeto envolve o
desenvolvimento de funções complexas, entre elas a comunicação verbal e funções
cognitivas mais evoluídas. Nessa subfase, a criança adquire as funções de aquisição
efetiva de uma individualidade e obtenção da constância de objeto, sendo capaz de obter
uma imagem mental interna e constante da mãe.
Como já fora comentado anteriormente, ao acompanhar o desenvolvimento
psíquico precoce normal, Margaret Mahler identificou crises específicas inerentes ao
desenvolvimento que não são consideradas patológicas, pois tratam-se de um curso
natural do desenvolvimento da libido de objeto. É a qualidade da relação materna que
vai permitir à criança superar as crises e retornar ao desenvolvimento sadio. A primeira
crise descrita por Mahler é a “crise de separação” durante a subfase de reaproximação.
A ansiedade sentida pelo bebê está relacionada com a necessidade de romper a barreira
simbiótica com o objeto mãe, abrindo mão da fantasia onipotente que a figura materna
possui. Para o bebê, tudo o que é diferente de sua mãe é considerado estranho, mesmo
que sejam objetos que fazem parte de seu convívio (como por exemplo os avós), sendo
a mãe o único objeto de amor do filho. Para que a crise de separação seja superada e o
bebê se separe e se individualiza da mãe, há a escolha de um “objeto transicional” que
irá preencher uma lacuna no relacionamento entre mãe e filho, trazendo segurança para
o bebê quando o afastamento materno gera desconforto psíquico.
Além da crise de separação, Mahler também identificou a crise de
reaproximação, que ocorre durante a subfase de treinamento, onde o andar ereto e livre
se inicia. Essa evolução locomotora evidencia ainda mais a separação física entre o
toddler e a mãe, além do desenvolvimento de funções cognitivas apontarem para a
criança que realmente ocorreu uma separação, exigindo que a consciência acione
mecanismo de defesa. Estes mecanismos fazem com que o bebê sinta novamente uma
ansiedade de perda do objeto e a ambivalência de manter-se fusionado à mãe e separar-
se dela. Dessa forma, a crise de reaproximação é representada por uma vulnerabilidade
emocional, um decréscimo significativo da capacidade de suportar frustrações, uma
tendência à agressividade – que pode ser dirigida ao mundo externo ou ao próprio self –,
hiperatividade e agitação e uma incompatibilidade de comunicação com a mãe. É a
qualidade da relação mãe-bebê e a disponibilidade emocional da figura materna que vai
proporcionar a superação da crise de reaproximação por parte da criança.
Ademais, Margaret Mahler contribuiu significativamente no entendimento das
psicoses infantis, foco inicial de sua pesquisa no Masters Children’s Center. Segundo a
autora, a psicose em bebês e crianças pequenas acontece apenas naqueles que possuem
o psiquismo vulnerável ou quando o ego primário passou por eventos de intenso
desprazer e acúmulos de tensão, perdendo a capacidade de fazer o uso sadio do objeto
gratificador, sendo consequência de um desenvolvimento emocional insatisfatório, ou
seja, no qual o processo de separação-individuação não é alcançado. Um fator
determinante para o desenvolvimento da psicose infantil é a baixa qualidade dos
cuidados maternos, porém Mahler não descarta a influência das características
hereditárias e dos fatores intrapsíquicos, reconhecendo que tanto os fatores herdados
como os ambientais estão envolvidos na etiologia da psicose. Ainda de acordo com a
psicanalista, os comportamentos psicóticos começam a ser melhor identificados a partir
dos 3 anos de idade, atingindo o seu ápice aos 4 anos.
Durante a realização da pesquisa, Mahler e seus colaboradores identificaram
uma predominância de graves perturbações na relação simbiótica entre mãe e bebê.
Entretanto, também foi observado que algumas crianças psicóticas possuíam mães
devotadas e dispostas a corresponder às necessidades emocionais de seus filhos. A
incidência da psicose nessas crianças estaria ligada a uma intrínseca vulnerabilidade que
não poderia ser neutralizada mesmo em um ambiente favorável ao desenvolvimento
precoce normal. Dessa forma, segundo a autora, o mundo da criança psicótica está
restrito a ela e à sua mãe, que é tida como um prolongamento de seu corpo, de forma a
não assumir uma posição de totalidade frente ao filho, sendo ele incapaz de
movimentar-se em busca da separação.
Para Mahler, as fases autística e simbiótica seriam os momentos em que a
psicose se estruturaria no psiquismo, havendo duas formas de descrição clínica da
psicose infantil. A psicose autística, como o próprio nome sugere, é caracterizada por
uma fixação da libido na fase autística, na qual a criança mantém sua catexia
direcionada para a percepção de seus processos internos. Nesta fase, o organismo do
bebê tem como função reduzir ou aliviar as tensões, necessitando de um cuidador – a
mãe – para realizar a tarefa. Entretanto, o bebê é incapaz de diferenciar o mundo
externo e interno, não reconhecendo quem foi o responsável pelo alívio de sua angústia,
ele mesmo ou outro objeto. Somente é possível registrar, em forma de ilhas de memória,
as experiências agradáveis e desagradáveis, percebendo um ritmo de prazer-desprazer
proporcionado por uma fonte gratificadora. É essa relação entre bebê e cuidador que vai
garantir à criança evoluir da resposta instintual e reflexa para uma resposta intencional e
social. Se esta relação for insuficiente, o bebê pode retornar ao funcionamento anterior
que lhe é confortável. Dessa forma, Margaret Mahler considera que as crianças com
psicose autística são aquelas que, quando bebês, não foram capazes de aprender através
da experiência de que o alívio da tensão instintual era proporcionado por um objeto que
não fazia parte de seu corpo.
A psicose simbiótica, por sua vez, está relacionada com as vivências da fase de
desenvolvimento psíquico posterior, a simbiose. Nessa fase pré-objetal de simbiose com
a mãe, a catexia transfere-se do centro para a periferia, possibilitando uma maior
percepção do interior do próprio corpo e do corpo externo da mãe. A fase simbiótica
também é caracterizada pela percepção da gratificação relacionada ao objeto parcial
bom e as ilhas de memórias boas e da frustração relacionada a objetos parciais maus e
ilhas de memórias más. Nesse sentido, a psicose simbiótica é definida como um
processo de regressão a esse estágio rudimentar do desenvolvimento, sendo ele
dominante na organização psíquica da criança. Da mesma forma que acontece na
psicose autística, a representação mental da figura materna permanece – ou funde-se
regressivamente com o self – e não se separa do self. As maiores perturbações ocorrem
após o primeiro ano de vida, com a maturação do ego. À medida que a criança passa a
ter maior controle da situação de separação, o risco psíquico faz com que o ego reaja
com acessos de pânico e agressividade, sendo uma tentativa de reestruturação do ego
fragmentado que resulta em uma regressão a uma fase anterior do desenvolvimento na
qual havia a ilusão onipotente da fusão narcísica.
Em suma, é possível considerar que Margaret Mahler foi uma das grandes
psicanalistas do século XX, realizando um trabalho revolucionário e tornando-se
referência mundial no estudo do desenvolvimento infantil a partir da teoria psicanalítica.
Além das contribuições teóricas, a autora também auxiliou no desenvolvimento de uma
forma de investigação inovadora que enriqueceu o método de pesquisa limitado da
psicanálise tradicional.

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