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Projecções Terrestres

Projecções cartográficas tentam representar a superfície da terra ou uma parte da


terra num pedaço de papel ou tela de computador. Um sistema de coordenadas (SC)
define, por isso, com a ajuda de coordenadas, como o mapa projectado pelo seu SIG,
bidimensional, se relaciona com os locais reais na terra. A decisão sobre qual a
projecção cartográfica e qual o sistema de coordenadas usar, depende da extensão e
região da área onde deseja trabalhar, da análise que deseja realizar, e,
frequentemente, da disponibilidade de dados.

Projeção Cartográfica em detalhe

Um método tradicional de representar a forma da terra é usar esferas. Há, no entanto,


um problema com esta abordagem. Embora esferas preservem a maioria da forma da
terra e ilustrem a configuração espacial de elementos de dimensão continental, são
difíceis de carregar num bolso. São também apenas convenientes de usar em escalas
extremamente pequenas (p. ex. 1:100 milhões).

A maioria dos dados de mapas temáticos utilizados em aplicações SIG têm uma escala
consideravelmente maior. Conjuntos de dados SIG típicos têm escalas de 1:250.000 ou
maiores, dependendo do nível de detalhe. Uma esfera com este tamanho seria difícil e
dispendioso de produzir e ainda mais difícil de transportar. Consequentemente, os
cartógrafos desenvolveram um conjunto de técnicas designadas por projecções
cartográficas concebidas para representar, com precisão razoável, a terra esférica em
duas dimensões.

Quando olhada de perto a terra aparenta ser relativamente plana. Contudo quando
olhada a partir do espaço, podemos ver que a terra é relativamente esférica. Mapas,
como aqueles que veremos posteriormente no tópico dedicado à produção de mapas,
são representações da realidade. São concebidos para não apenas representar
entidades, mas também a sua forma e disposição espacial. Cada projecção
cartográfica tem vantagens e desvantagens. A melhor projecção para um mapa
depende da escala do mapa, e dos objectivos para os quais será usado. Por exemplo,
uma projecção poderá ter distorções inaceitáveis se usada num mapa de todo o
continente Africano, mas poderá ser uma excelente escolha para um mapa numa
escala grande (detalhado) do seu país. As propriedades de uma projecção
cartográfica podem também influenciar algumas características na concepção do
mapa. Algumas projecções são indicadas para pequenas áreas, outras são indicadas
para representar áreas com uma grande extensão Este-Oeste, e outras são mais
apropriadas para representar áreas com uma grande extensão Norte-Sul.

As três famílias das projecções cartográficas

O processo de criar projecções cartográficas pode ser visualizado posicionando uma


fonte de luz dentro de um globo transparente no qual estão colocadas entidades
opacas. Então projectam-se as delimitações dessas entidades num papel plano
bidimensional. Diferentes formas de projectar podem ser criadas ao rodear o globo com
o papel num ajuste cilindrico, ou cónico, ou mesmo como uma superfície plana.
Cada um destes métodos produz o que se designa de um tipo de projecção
cartográfica. Desta forma, há um tipo de projecção planar, um tipo de projecção
cilíndrica, e outro tipo denominado de projecção
cónica (ver figure_projections_families)
Figure Projection Families 1:

Os três tipos de projecções cartográficas. Podem ser representadas por a) projecções


cilíndricas, b) projecções cónicas ou c) projecções planares.

Hoje, naturalmente, o processo de projectar uma terra esférica num papel plano é feito
usando princípios matemáticos de geometria e trigonometria, reproduzindo-se a
projecção física de luz através do globo.
Precisão das projecções cartográficas
Projecções cartográficas nunca são representações totalmente precisas da terra
esférica. Como resultado do processo de projecção, cada mapa mostra distorções de
ângulo, distância e área. Uma projecção pode combinar várias destas características
ou pode ser um compromisso que distorce todas as propriedades de área, distância, e
conformidade angular, dentro de alguns limites aceitáveis. Exemplos de projecções
com este tipo de compromissos são a projecção de WinkelTripel e a projecção de
Robinson (ver figure_robinson_projection), que são muitas vezes usadas em mapas
do mundo.

Figure Robinson Projection 1:

A projecção de Robinson é um compromisso entre distorções de área, ângulo e


direcção, e distância que são aceitáveis.
É geralmente impossível preservar todas as características em simultâneo numa
projecção cartográfica. Isto significa que quando queremos executar operações
analíticas precisas necessitamos de usar uma projecção cartográfica que fornece as
melhores características para as nossas análises. Por exemplo, se for necessário medir
distâncias no nosso mapa, devemos usar uma projecção que garante uma elevada
precisão nas distâncias.

Projecções cartográficas com conformidade angular


Ao trabalhar com um globo, as principais direcções da rosa dos ventos (Norte, Este,
Sul e Oeste) ocorrerão sempre a 90º umas das outras. Por outras palavras, Este
ocorrerá sempre num ângulo de 90º com a direcção Norte. As propriedades
angulares correctas podem ser preservadas numa projecção. Uma projecção que
mantém ângulos e direcções é designada de projecção conforme ou projecção
ortomórfica.

Estas projecções são usadas quando a preservação das relações angulares é


importante. São usadas geralmente para tarefas de navegação ou meteorologia. É
importante relembrar que manter verdadeiros os ângulos num mapa é difícil para
grandes áreas e deve ser apenas tentado para pequenas porções da terra. O tipo de
projecções Conformes resulta em distorções de áreas, o que significa que se forem
efectuadas medições de área no mapa, estas serão incorrectas. Quanto maior a área
menos precisas serão as medições de área. Exemplos são a projecção de
Mercator (como ilustrado na figure_mercator_projection) e a projecção Cónica
Conforme de Lambert. O U.S. GeologicalSurvey usa uma projecção conforme para
muitos dos seus mapas topográficos.

Figure Mercator Projection 1:


A projecção de Mercator, por exemplo, é usada quando relações angulares são
importantes, mas as relações entre áreas são distorcidas.

Projecções cartográficas com distâncias equivalentes


Se o seu objectivo ao projectar um mapa é medir distâncias com precisão, deve
seleccionar uma projecção que é concebida para preservar distâncias correctamente.
Estas projecções, designadas projecções equidistantes, necessitam que a escala do
mapa seja mantida constante. Um mapa é equidistante quando representa distâncias
correctamente a partir do centro de projecção até qualquer outro local no
mapa. Projecções Equidistantes mantêm distâncias precisas a partir do centro de
projecção ou ao longo de certas linhas. Estas projecções são usadas para mapas de
rádio ou sismologia, e para navegação. A Projecção Cilíndrica Equidistante de
PlateCarree (ver figure_plate_caree_projection) e a projecção Equirectangular são
dois bons exemplos de projecções equidistantes. A **projecção Equidistante Azimutal
** é a projecção usada no emblema das Nações Unidas
(ver figure_azimuthal_equidistant_projection).
Figure Plate Carree Projection 1:

A projecção Cilíndrica Equidistante de PlateCarree, por exemplo, é usada quando a


medição precisa de distâncias é importante.
Figure Azimuthal Equidistant Projection 1:
O Logo das Nações Unidas usa a projecção Equidistante Azimutal.

Projecções com áreas equivalentes


Quando um mapa representa áreas sobre todo o mapa de forma a que todas as áreas
cartografadas têm a mesma relação proporcional com as áreas na Terra que
representam, então o mapa é um mapa de áreas equivalentes. Na prática, mapas de
referência geral e mapas educacionais necessitam frequentemente de
utilizar projecções equivalentes. Como o nome indica, estes mapas são
especialmente úteis quando o cálculo de áreas é o uso dominante que lhes é dado. Se,
por exemplo, tiver necessidade de analisar uma área particular na sua cidade para
descobrir se é suficientemente grande para um novo centro comercial, então as
projecções equivalentes são a melhor escolha. Por outro lado, quanto maior a área em
análise mais precisas serão as medições de área que fizer, se usar uma projecção
equivalente em vez de qualquer outro tipo de projecção. Por outro lado, uma projecção
equivalente resulta na distorção da conformidade angular ao lidar com áreas
grandes. Pequenas áreas serão muito menos sujeitas a verem os seus ângulos
distorcidos ao usar uma projecção equivalente. As projecções Cilíndricas
Equivalentes de Alber, de Lambert, e de Mollweide (representadas
na figure_mollweide_equal_area_projection) são exemplos de projecções equivalentes
muito usadas em trabalho com SIG.

Figure Mollweide Equal Area Projection 1:

A projecção Cilíndrica Equivalente de Mollweide, por exemplo, garante que todas as


áreas cartografas têm a mesma relação proporcional com as áreas na Terra.
Tenha em atenção que as projecções cartográficas são um tópico muito complexo.
Existem centenas de diferentes projecções disponíveis em todo o mundo, cada
tentando retratar uma certa porção da superfície da terra o mais fielmente possível num
pedaço plano de papel. Na realidade, a escolha de qual a projecção a usar será
frequentemente estará já tomada. A maioria dos países têm as suas projecções mais
comuns e quando informação é trocada, em geral segue-se a norma nacional.

Sistemas de Coordenadas (SC) em detalhe


Com a ajuda dos sistemas de coordenadas (SC) cada lugar na terra pode ser
especificado por um conjunto de 3 números, chamados coordenadas. Em geral, os SC
podem ser divididos ente sistemas de coordenadas projectados (também
designados por sistemas de coordenadas Cartesianas ou rectangulares) e sistemas
de coordenadas geográficas.

Sistemas de Coordenadas Geográficas


O uso de Sistemas de Coordenadas Geográficas é muito comum. Estes usam graus de
latitude e longitude e por vezes um valor de altura para descrever uma localização na
superfície da terra. O mais popular é chamado WGS 84.

Linhas de latitude são paralelas ao equador e dividem a terra em 180 secções


igualmente espaçadas entre si deste o Norte ao Sul (ou do Sul ao Norte). A linha de
referência para a latitude é o equador e cada hemisfério é dividido em noventa
secções, cada representando um grau de latitude. No hemisfério norte, os graus de
latitude são medidos de 0 no equador até 90 graus no pólo norte. No hemisfério sul, os
graus de latitude são medidos de 0 no equador até 90 graus no pólo sul. Para
simplificar a digitação de mapas, os graus de latitude no hemisfério sul são muitas
vezes representados como valores negativos (0 a -90º). Sempre que esteja na
superfície da terra, a distância entre linhas de latitude é a mesma (60 milhas náuticas).
Ver figure_geographic_crs para uma ilustração.
Figure Geographic CRS 1:

Sistemas de coordenadas geográficas com linhas de latitude paralelas ao equador e


linhas de longitude com o meridiano principal a passar por Greenwich.

Linhas de longitude, por outro lado, não são tão uniformes. Linhas de longitude são
perpendiculares ao equador e convergem nos pólos. A linha de referência para a
longitude (o meridiano principal) desenvolve-se a partir do pólo Norte até ao pólo Sul
passando por Greenwich, Inglaterra. Linhas de longitude subsequentes são medidas de
0 a 180 graus Este ou Oeste em relação ao meridiano principal. Note que os valores a
Oeste do meridiano principal são negativos para uso em aplicações de cartografia
digital. Ver figure_geographic_crs para uma ilustração.

No equador, e apenas no equador, a distância representada por uma linha de longitude


é igual à distância representada por um grau de latitude. Ao mover-se para os pólos, a
distância entre linhas de longitude torna-se progressivamente menor, até que, na
exacta localização do pólo, todos os 360º de longitude são representados por um único
ponto que pode tocar com o seu dedo (quererá provavelmente usar luvas). Usando o
sistema de coordenadas geográfico, podemos ter uma grelha de linhas dividindo a terra
em quadrados que cobrem aproximadamente 12363,365 quilómetros quadrados até ao
equador — um bom início, mas não muito útil para determinar a localização de algo
num desses quadrados.

Para ser realmente útil, uma grelha no mapa deve ser dividida em secções
suficientemente pequenas para que possam ser usadas para descrever (com um nível
de precisão aceitável) a localização de um ponto no mapa. Para isto, graus são
divididos em minutos ( ' ) e segundos( " ). Existem sessenta minutos num grau, e

sessenta segundos num minuto (3600 segundos num grau). Assim, no equador, um
segundo de latitude ou longitude = 30,87634 metros.

Sistemas de coordenadas projectadas

Um sistema bidimensional de coordenadas é frequentemente definido por dois eixos.


Em ângulos rectos entre si, formam o denominado plano
XY (ver figure_projected_crs à esquerda). O eixo horizontal é normalmente marcado
com X, e o eixo vertical é normalmente assinalado com Y. Num sistema tridimensional
de coordenadas, outro eixo, normalmente designado por Z, é adicionado. É também
posicionado em ângulos rectos em relação aos eixos X e Y. O eixo Zfornece a terceira
dimensão do espaço (ver figure_projected_crs à direita). Cada ponto que é expresso
em coordenadas esféricas pode ser expresso como uma coordenada X Y Z.
Figure Projected CRS 1:

Sistemas de coordenadas de duas e três dimensões

Um sistema de coordenadas projectadas no hemisfério sul (a sul do equador)


normalmente tem a sua origem no equador numa Longitude específica. Isto significa
que os valores de Y aumentam para Sul e os valores de X aumentam para Oeste. No
hemisfério norte (a norte do equador) a origem é também o equador
numa Longitude específica. Contudo, agora os valores de Y aumentam para Norte e
os valores de X aumentam para Este. Na secção seguinte, descreveremos um sistema
de coordenadas projectadas, chamado Universal Transverso de Mercator (UTM) muito
usado para a África do Sul.
O SC Universal Transverso de Mercator (UTM) em detalhe
O sistema de coordenadas Universal Transverso de Mercator (UTM) tem a sua origem
no equador numa Longitude específica. Os valores de Y aumentam para Sul e os
valores de X aumentam para Oeste. O CS UTM é uma projecção cartográfica global.
Isto significa que é usado comummente em todo o mundo. Mas como já referido na
secção „precisão de projecções cartográficas‟ acima, quanto maior a área (por
exemplo, África do Sul) mais distorção da conformidade angular, distância e área
ocorre. Para evitar demasiada distorção, o mundo é dividido em 60 zonas iguais,
ou fusos, que têm todas 6 graus de largura em longitude de Este para Oeste.
As zonas UTM são numeradas de 1 a 60, começando na linha internacional de
data (zona 1 aos 180 graus Oeste de longitude) e progredindo para Este de volta
à linha internacional de data (zona 60 aos 180 graus Este de longitude) tal como
ilustrado na figure_utm_zones.

Figure UTM Zones 1:

As zonas do sistema Universal Transverso de Mercator. Para a África do Sul são


usadas as zonas 33S, 34S, 35S, e 36S.
Como pode ver nas figure_utm_zones e figure_utm_for_sa, a África do Sul é coberta
por quatro zonas UTM para minimizar distorções. As zonas são chamadas UTM
33S, UTM 34S, UTM 35Se UTM 36S. O S após a zona significa que as zonas UTM
estão localizadas a sul do equador.

Figure UTM for South Africa 1:

Zonas UTM 33S, 34S, 35S, e 36S com as suas longitudes centrais (meridianos) usadas
para projectar a África do Sul com alta precisão. A cruz vermelha mostra uma Área de
Interesse (ADI).
Imagine, por exemplo, que queremos definir um sistema de coordenadas bidimensional
dentro da Área de Interesse (ADI) marcada com uma cruz vermelha
na figure_utm_for_sa. Pode ver que a área está localizada dentro da zona UTM 35S.
Isto significa que, para minimizar a distorção e obter resultados de análise precisos,
devemos usar a zona UTM 35S como o sistema de coordenadas.
A posição de uma coordenada UTM a sul do equador deve ser indicada com o número
da zona(35) e os seus valores de deslocação para Norte (y) e deslocação para Este
(x) em metros. A deslocação para Norte é a distância da posição desde o equador em
metros. A deslocação para Este é a distância da posição a partir do meridiano
central (longitude) da zona UTM usada. Para a zona UTM 35S esta é 27
graus Este como ilustrado na figure_utm_for_sa. Além disso, uma vez que estamos a
sul do equador e não são permitidos valores negativos no sistema de coordenadas
UTM, temos de adicionar o denominado valor de false origem Nortede 10.000.000 m
ao valor de y e um valor de falsa origem Este de 500.000 m ao valor de x. Isto parece
difícil, por isso faremos um exemplo que mostrará como encontrar a coordenada UTM
35S correcta para a Área de Interesse.

A origem de coordenada Norte (y)

O local que procuramos está a 3.550.000 metros a sul do equador, e assim a origem da
coordenada norte (y) recebe um valor negativo e é de -3.550.000 m. De acordo com
as definições UTM devemos adicionar o valor de origem falsa norte de 10.000.000 m.
Isto significa que o valor norte (y) da nossa coordenada é 6.450.000 m (-3.550.000 m +
10.000.000 m).

A origem de coordenada Este (x)

Primeiro temos de encontrar o meridiano central (longitude) para a zona UTM 35S.
Como podemos ver na figure_utm_for_sa este é 27 graus Este. O local que
procuramos está a 85.000 metros Oeste do meridiano central. Tal como a origem de
coordenada Norte, o valor da origem de coordenada Este (x) recebe um sinal negativo,
resultando em -85.000 m. De acordo com as definições UTM temos de adicionar
um valor de false origem Este de 500.000 m. Significa isto que o valor de Este (x) da
nossa coordenada é 415.000 m (-85.000 m + 500.000 m). Finalmente, temos de
adicionar o número da zona ao valor de Este para obter o valor correcto.

Como resultado, a coordenada para o nosso Ponto de Interesse, projectado na zona


UTM 35Sseria escrito como: 35 415.000 m E / 6.450.000 m N. Em alguns SIG, quando
a zona UTM 35S correcta é definida e as unidades escolhidas são metros, as
coordenadas podem aparecer como simplesmente 415.000 6.450.000.

Projecção em Tempo-Real

Como pode provavelmente imaginar, pode surgir uma situação onde os dados que quer
usar num SIG estão projectados num sistema de coordenadas diferente. Por exemplo,
poderá ter um tema vectorial com os limites da África do Sul projectados em UTM 35S
e outro tema vectorial de pontos com informação sobre precipitação fornecido no
sistema de coordenadas geográficas WGS 84. Num SIG estes dois temas vectoriais
são mostrados em duas áreas totalmente diferentes na janela do mapa, porque têm
diferentes projecções.

Problemas comuns / situações a que deve estar atento

O tópico projecções cartográficas é muito complexo e até profissionais que


estudaram geografia, geodesia ou outra ciência relacionada com SIG, muitas vezes
têm problemas com a definição correcta de projecções cartográficas e sistemas de
coordenadas. Geralmente quando trabalha com SIG, já tem dados para começar a
trabalhar. Na maioria das vezes, estes dados estarão projectados num determinado
SC, e não terá de criar o novo SC nem mesmo de re-projectar os dados de um SC para
outro. Dito isto, é sempre útil ter uma noção do que significam projecção cartográfica e
SC

As Coordenadas Geográficas são um sistema de mapeamento global utilizadas


pela cartografia e baseado em linhas imaginárias, ou seja, riscas sobre a superfície
terrestre e alinhadas ao eixo de rotação do planeta.
Com efeito, esse método de mapeamento remonta aos antigos impérios babilônicos
e fenícios, contudo, ficou patente quando o filósofo grego Ptolomeu definiu que
um círculo completo poderia ser dividido em 360 partes (graus) iguais,
constituindo 360°.
As Coordenadas Geográficas formam um sistema de localização que se estrutura
através de linhas imaginárias, traçadas paralelamente entre si nos sentidos norte-sul
e leste-oeste, medidas em graus. Com a combinação dessas linhas, criam-se
“endereços” específicos para cada ponto do mundo, permitindo a sua identificação
precisa.
Essas linhas imaginárias são chamadas de paralelos e meridianos, e suas medidas
em graus são, respectivamente, as latitudes e as longitudes. Os paralelos cortam a
Terra horizontalmente, no sentido leste-oeste, enquanto os meridianos cortam a
Terra verticalmente. A junção dessas linhas é o fator responsável pela existência
das coordenadas geográficas.
O principal paralelo é a Linha do Equador, pois representa a faixa da Terra que se
encontra a uma igual distância dos polos norte e sul. Já o principal meridiano é o
de Greenwich e foi escolhido a partir de uma convenção, realizada na cidade de
Washington D.C., nos Estados Unidos, no ano de 1884. Essas duas linhas
representam o marco inicial da contagem das latitudes e das longitudes.
Por esse motivo, tudo o que se encontra exatamente sobre a Linha do Equador
possui uma latitude 0º, aumentando à medida que se desloca para o norte e
diminuindo à medida que se desloca para o sul. Assim, as latitudes são a
distância em graus de qualquer ponto da Terra em relação à Linha do
Equador. Suas medidas vão de -90º até 90º.
Da mesma forma acontece com o Meridiano de Greenwich em relação às
longitudes. Tudo que estiver sobre essa linha possui 0º de longitude, aumentando à
medida que nos deslocamos para leste e diminuindo à medida que nos deslocamos
para oeste. Por isso, as longitudes são a distância em graus de qualquer ponto
da Terra em relação ao Meridiano de Greenwich. Suas medidas vão de -180º
até 180º.
Observação: É a partir das longitudes que são traçados os fusos horários.
Diante desse conceito, podemos concluir que as latitudes negativas estão sempre se
referindo a lugares localizados no Hemisfério Sul, também chamado de Austral ou
Meridional. As latitudes positivas, obviamente, referem-se a lugares posicionados
no Hemisfério Norte, também chamado de Boreal ou Setentrional.

Já as longitudes negativas fazem referência a pontos posicionados no Hemisfério


Oeste ou Ocidental, enquanto as longitudes positivas são relativas a pontos
localizados no Hemisfério Leste ou Oriental.

O mapa a seguir fornece as coordenadas geográficas globais estabelecidas a partir


da combinação das latitudes e das longitudes.
As coordenadas geográficas permitem a localização dos diferentes pontos no mapa
Acima, temos a representação de cinco pontos diferentes. Observando as suas
latitudes e longitudes, podemos, então, descrever as coordenadas geográficas de
cada um deles, indicando os seus hemisférios (Norte: N. Sul: S. Leste: E. Oeste:
W).

Ponto A:
Latitude: -20º ou 20ºS
Longitude: -60º ou 60ºW

Ponto B:
Latitude: -40º ou 40ºS
Longitude: 0º
Ponto C:
Latitude: -20º ou 20ºS
Longitude: 90º ou 90ºE

Ponto D:
Latitude: 0º
Longitude: 0º
Ponto E:
Latitude: 40º ou 40ºN
Longitude: 120º ou 120ºE

Coordenadas topográficas X Coordenadas UTM


Geóide x elipsóide
O Geóide é uma superfície irregular com saliências “buracos” ocasionado pela maior ou menor
concentração de massa no interior da Terra. Para identificar a posição de uma determinada informação
ou de um objeto, são utilizados os sistemas de referência. Também conhecidos como sistemas de
referência terrestres ou geodésicos, estão associados a uma superfície que se aproxime do formato da
Terra, ou seja, um elipsóide. Sobre esta figura matemática são calculadas as coordenadas, que podem
ser apresentadas em diversas formas (VOLPI, 2007).

Segundo o IBGE (2013), Numa superfície esférica recebem o nome de coordenadas geodésicas e em
uma superfície plana recebem a denominação da projeção às quais estão associadas, como por
exemplo, as coordenadas planas UTM. Assim, as coordenadas referidas aos sistemas de referência são
normalmente apresentadas em três formas: Cartesianas, Geodésicas ou Elipsoidais e Planas.

Sistema de Coordenadas Cartesianas


Um sistema coordenado cartesiano no espaço 3-D é caracterizado por um conjunto de três retas (x,y e
z), denominados de eixos coordenados, mutuamente perpendiculares. Ele associado à um Sistema de
Referência Geodésico, recebe a denominação de Sistema Cartesiano Geodésico de modo que: O eixo X
coincidente ao plano equatorial, positivo na direção de longitude 0°; O eixo Y coincidente ao plano
equatorial, positivo na direção de longitude 90°; e O eixo Z é paralelo ao eixo de rotação da Terra e
positivo na direção norte.

A origem é definida quanto a localização. Se está localizada no centro de massas da Terra (geocêntro),
as coordenadas são denominadas de geocêntricas, usualmente utilizadas no posicionamento à satélites,
como é o caso do WGS84, SIRGAS 2000, SAD69.

Sistema de coordenadas geodésicas


Um ponto na superfície definido por suas coordenadas geodésicas (latitude, longitude e altitude
geométrica ou elipsoidal) considera-se um elipsóide de revolução. Define-se como coordenadas
geodésicas de um ponto P qualquer na superfície do elipsóide como: Latitude geodésica é o ângulo
formado entre a normal (linha perpendicular ao elipsóide) no ponto considerado e o plano equatorial do
elipsóide. Esta coordenada tem sinal positivo no hemisfério norte e negativo no hemisfério sul, pode-se
também ser indicada pela letra N quando no hemisfério norte ou S no hemisfério sul.

Longitude geodésica é o ângulo formado entre o meridiano de origem (Greenwich) e o meridiano do


ponto considerado, contado sobre o plano equatorial. Esta coordenada é positiva a leste de Greenwich e
negativa a oeste. Podendo ser indicada pelas letras E e W para leste ou oeste respectivamente.

Altitude geométrica ou elipsoidal corresponde à distância entre o ponto considerado à superfície do


elipsóide medida sobre a sua normal. Esta coordenada é nula sobre o elipsóide. As coordenadas
curvilíneas podem ser representadas em um sistema cartesiano, através de formulações que fazem
associações entre estes dois sistemas (Cartesiano e Geodésico).

Sistema de coordenadas planas


As coordenadas podem ser representadas no plano através dos componentes Norte (N) e Leste (E)
regularmente utilizadas em mapas e cartas, referidas a um determinado sistema de referência
geodésico. Para representar uma superfície curva em plana são necessárias formulações matemáticas
chamadas de projeções. Diferentes projeções poderão ser utilizadas na confecção de mapas, no Brasil a
projeção mais utilizada é a Universal Transversa de Mercator (UTM).

Sistema de projeção UTM


UTM é um sistema de coordenadas baseado no plano cartesiano (eixo x,y) e usa o metro (m) como
unidade para medir distâncias e determinar a posição de um objeto. Diferentemente das Coordenadas
Geodésicas, o sistema UTM, não acompanha a curvatura da Terra e por isso seus pares de
coordenadas também são chamados de coordenadas planas. Os fusos do sistema UTM indicam em que
parte do globo as coordenadas obtidas se aplicam, uma vez que o mesmo par de coordenadas pode se
repetir nos 60 fusos diferentes. A imagem abaixo representa esses fusos, com a linha horizontal
representando o Equador e a vertical, o Meridiano Central do Fuso UTM.

De uma forma mais simples, é o mundo é dividido em 60 fusos, onde cada um se estende por 6º de
longitude. Os fusos são numerados de um a sessenta começando no fuso 180º a 174º W Gr. e
continuando para leste. Cada um destes fusos é gerado a partir de uma rotação do cilindro de forma que
o meridiano de tangência divide o fuso em duas partes iguais de 3º de amplitude (IBGE, 2013).

O quadriculado UTM está associado ao sistema de coordenadas plano-retangulares, tal que um eixo
coincide com a projeção do Meridiano Central do fuso (eixo N apontando para Norte) e o outro eixo, com
o do Equador. Assim cada ponto do elipsóide de referência (descrito por latitude, longitude) estará
associado ao terno de valores Meridiano Central, coordenada E e coordenada N. No sistema UTM é
adotado um elipsóide de referência que procura ser unificado com um elipsóide internacional, cujos
parâmetros vêm sendo determinados com maior precisão. Inicialmente, era utilizado um elipsóide
diferente para cada país ou grupo de países.

Ele também usa um fator de redução de escala, que corresponde a tomar um cilindro reduzido a esse
valor, de forma a se tornar secante ao esferóide terrestre. Isso diminui o valor absoluto das deformações,
e em vez de se ter uma linha de verdadeira grandeza (k=1) e deformações sempre positivas
(ampliações), passam-se a ter duas linhas de deformação nula (K=1), com redução no interior (k <1) e
ampliação no exterior (k>1).

Mesmo sendo considerada como um dos melhores sistemas de projeção para a cartografia de médias
de grandes escalas, a projeção UTM apresenta algumas limitações para a representação do globo
terrestre, pois mantém precisão dos ângulos, mas possui imprecisões nas medições de áreas e
distâncias.

O sistema UTM emprega diferentes escalas dentro do mesmo fuso de representação. Não proporciona
continuidade de representação entre os diferentes fusos, os erros aumentam na medida em que os
dados se afastam do meridiano central e da latitude de origem.

Para evitar coordenadas negativas, são acrescidas constantes à origem do sistema de coordenadas,
conforme especificado na figura abaixo, 10.000.000 m para a linha do Equador, referente ao eixo das
ordenadas do hemisfério sul, com valores decrescentes nesta direção; 0 m para a linha do Equador,
referente ao eixo das ordenadas do hemisfério norte, com valores crescentes nesta direção; e 500.000 m
para o meridiano central, com valores crescentes do eixo das abscissas em direção ao leste.

Como convenção atribui-se a letra N para coordenadas norte-sul (ordenadas) e, a letra E, para as
coordenadas leste-oeste (abscissas). Um par de coordenadas no sistema UTM é definido, assim, pelas
coordenadas (E, N). Cada fuso, na linha do equador, apresenta, aproximadamente, 670 km de extensão
leste-oeste, já que a circunferência da Terra é próxima a 40.000 km. Como o meridiano central possui
valor de 500.000 m, o limite leste e oeste de cada fuso corresponde, na linha do Equador,
respectivamente, valores próximos a 160.000 m e 830.000 m. (IBGE,2005).

As linhas de secância do cilindro estão situadas entre o meridiano central e o limite inferior e superior de
cada fuso, o que infere, assim, duas linhas onde a distorção é nula, ou seja, o fator escala igual a 1. Elas
estão situadas a cerca de 180 km a leste e a oeste do meridiano central, correspondendo,
respectivamente, a coordenada 320.000 m e 680.000 m. Entre os círculos de secância, fica estabelecida
a zona de redução e, externa a eles, a zona de ampliação. No meridiano central, o coeficiente de
redução de escala corresponde a 0,9996, enquanto, nos limites do fuso, o coeficiente de ampliação é
igual a 1,0010.

Como quase toda a extensão latidudinal do território está situada no hemisfério sul, as coordenadas
situadas ao norte da linha do Equador, que deveriam apresentar valores crescentes e seqüenciais a
partir do zero, de acordo com a convenção atribuída à origem do sistema de coordenadas, apresentam
valores crescentes e seqüenciais a partir de 10.000.000 m, dando continuidade às coordenadas
atribuídas ao hemisfério sul.

Cartas

2. Mapas Topográficos
2.1. Nomenclatura de cartas topográficas
Toda carta topográfica possui um nome, normalmente relacionado ao principal povoamento ou
feição geográfica nela contido, mas também
possui um código, com padrão internacional, baseado na subdivisão das cartas, em escalas cada
vez maiores, a partir das cartas 1:1.000.000.

As cartas 1:1.000.000 são limitadas por paralelos e meridianos e possuem dimensões de 6 de


longitude por 4 de latitude. São designadas por um código composto por duas letras e um
número. A primeira letra refere-se ao hemisfério da carta, e é sempre N ou S. A segunda letra
refere-se à distância do Equador: de 0 a 4 a carta é A (NA ou SA), de 4 a 8 é B (NB ou SB) e
assim por diante. O número refere-se à distância do meridiano
central de data (a 180 do meridiano de Greenwish), contada de 6 em 6 para Leste, e coincide com
o número da zona UTM correspondente a duas cartas topográficas.
Esse sistema internacional de cartas topográficas possui ainda mapas nas escalas 1:500.000,
1:250.000, 1:100.000, 1:50.000, 1:25.000; 1:10.000. A cada divisão da carta 1:1.000.000 é
adicionado um novo algarismo ou letra ao código, conforme a figura abaixo:

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