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A liturgia usa muito a linguagem dos sinais, dos gestos e das posições. O primeiro sinal
o mais importante e o mais conhecido é o Sinal da Cruz. Já no catecismo da Primeira
Comunhão aprendemos que o Sinal da Cruz é o sinal do Cristão, lembre-se?
Mas, veja bem: Jesus morreu numa cruz e a cruz é formada por uma haste vertical e
uma haste horizontal, não é? O sinal da cruz de muita gente parece mais um espanador
ou coisa que o valha. O indivíduo dá uma “espanada”, umas “voltinhas” com a mão
direita na frente do peito, depois de Ter dado uma apontada com o indicador para
cima… mas do que um sinal é um trejeito da Cruz. E depois termina dando um beijinho
nos dedos; ou, se quiser, um tapinha na boca. Olhe Cristo não morreu pregado num
espanador , mais numa Cruz.
Façamos o sinal da cruz com a mão direita aberta, toque a testa com a ponta dos dedos,
dizendo: “Em nome do Pai …” desça em linha vertical até a altura do estômago: “…e
do Filho…” leve a mão ao ombro esquerdo: “…e do Espírito”…, leve a mão ao ombro
direito e conclua: “Santo. Amém”. E não precisa dar o “tapinha na boca” nem beijar os
dedos. Devemos sempre através de nosso exemplo de Cristãos autênticos buscar corrigir
nossos irmãos que ainda não conhecem e ensiná-los o significado importantíssimo do
sinal da cruz, usando-o é claro, o bom senso para não ferir nem magoar ninguém. Sinal
este que hoje, muitas vezes, passa despercebido seu verdadeiro significado.
Persignação
Nós cristãos temos este belo costume de persignar-se, ato ou efeito de benzer-se,
fazendo três cruzes com o dedo polegar da mão direita, uma na testa outra na boca e
outra no peito. Existe uma piedosa explicação que nos diz que a cruz na testa é para
Deus nos livrar dos maus pensamentos; na boca, para nos livrar das más palavras; e, no
peito, para nos livrar das más ações. Mas existe um sentindo Litúrgico mais abrangente
e expressivo para o verdadeiro cristão autêntico na fé e na boa nova do Evangelho: A
cruz na testa, lembra que o Evangelho deve ser entendido, estudado, conhecido; a cruz
nos lábios lembra que o evangelho deve ser proclamado, anunciado (missão de todo
cristão); e a cruz no peito, à altura do coração, nos indica que o evangelho, acima de
tudo, deve ser vivido, pregado e testemunhado por todos os que acreditam que Cristo
ressuscitou. Também o Cristão que for fazer a proclamação e leitura da Boa Nova, deve
fazer a cruz na leitura do Evangelho a ser lido, indicando com isso que cada palavra
pronunciada seja um despertar para cada cristão ser luz e sal para o mundo.
O momento em que geralmente fazemos o persignar-se é na liturgia da palavra, quando
nos preparamos para ouvir a Palavra de Deus. Devemos com isso também estarmos de
Pé, indicando com essa posição, que estamos prontos para seguir, dispostos a marchar
com Jesus para onde Ele nos levar.
Essa forma de fazer o sinal da Cruz, também, tem um significado teológico profundo. O
sinal da Cruz começa com a mão direita da cabeça até o peito, aceitando que nosso
Senhor Jesus Cristo desceu do alto (isto é, do Pai) à terra, pela sua santa Encarnação.
O sinal da Cruz continua partindo do lado esquerdo, onde está o coração; lugar no qual
se guarda com amor o mistério pascal de Jesus (sua dolorosa Paixão e Morte), depois,
dirigindo-se ao lado direito, recordando que Jesus está sentado à direita do Pai, pela sua
gloriosa Ascensão. Ou seja, a Cruz termina na glória celestial.
Quando recordamos que na Cruz Jesus nos amou até o extremo, se nosso pequeno gesto
do sinal da Cruz é consciente, estaremos continuamente reorientando a nossa vida na
boa direção, pois, carregar a Cruz é o que Jesus pede para segui-lo.
Todo gesto simbólico, pode nos ajudar a entrar em comunhão com aquilo que o gesto
significa, e isso é o mais importante.
O sinal da cruz
“O Verbo se fez Carne e habitou entre nós”. “Veio para o que era seu e os seus não O
receberam” E Ele foi crucificado. Por isso, o sinal do cristão é o sinal da cruz. É pelo
Batismo que nos tornamos cristãos. Somos batizados em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo. Somos batizados em nome da Santíssima Trindade. Por isso o sinal da
cruz é uma profissão de fé. Fé na Santíssima Trindade, fé no mistério da Encarnação e
da Redenção.
O sinal da cruz deve ser bem feito. Com consciência, com fé e amor. Pois é um ato
bonito e faz bem a quem o faz e aos outros também. O nosso primeiro ato, ao despertar,
deve ser o sinal da cruz, pois é um gesto de confiança e amor, e a noite, adormeçamos
sentindo a força de sua proteção. Façamo-lo antes de sair de casa, antes de qualquer
trabalho, nas horas difíceis e nas horas de alegria também.
O sinal da cruz é feito da seguinte forma: com a mão direita, levando-a da testa ao peito
e do ombro esquerdo ao direito, pronunciando-se, ao mesmo tempo: “Em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo. Amém.” Isto significa benzer-se.
Persignar-se é, com o polegar direito, fazer um pequeno sinal da cruz na TESTA, outro
na BOCA e outro no PEITO, enquanto se pronuncia: “Pelo sinal da santa cruz, livrai-
nos Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos”. Nossos inimigos, quase sempre, estão
dentro de nossa cabeça, como também em nossa própria boca e coração.
A cruz na BOCA é para nos livrar da gula, do excesso de apego a coisas inferiores,
como, também, preservar nossa língua de toda a maldade e toda a mentira. A língua é
uma arma de dois gumes, pois com ela você pode ferir, humilhar, difamar, envergonhar,
esmagar, caluniar e matar. Mas com a língua você pode também, ensinar, orientar,
animar, consolar, pacificar, abençoar e salvar. Nós somos livres para usa-la.
A Cruz no CORAÇÃO, nos deve levar a ter um coração regido pela lei do Senhor, lei
que Santo Agostinho tenta resumir nesta frase: “Ama e faze o que quiseres”. Mas
cuidado, muitos falam de amor, inclusive os que confundem amor com luxúria,
liberdade com libertinagem, paz com acomodação, equilíbrio com mediocridade.
Santo Agostinho disse aquela frase (“Ama e faze o que quiseres”), admitindo um caráter
em que a parte espiritual domine. Esta frase se aplica a pessoas inteiramente libertas,
libertas pela submissão à Lei do Senhor, à Lei do Senhor que nos pede um coração
puro. O Evangelho diz: “Onde está o teu tesouro, está o teu coração”. Por isso
procuremos “tesouros que as traças não destroem”.
Se somos cristãos, procuremos “as coisas do alto”. E guardemos puro o nosso coração,
“pois dele vêm as fontes da vida”. E, então, a nossa capacidade de amar será dilatada. E
veremos como é bom ser bom.
CATEQUESE
Sala Paulo VI
Quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Queridos irmãos e irmãs,gostaria de iniciar hoje a refletir convosco sobre o Credo, isso
é, sobre a solene profissão de fé que acompanha a nossa vida de crentes. O Credo
começa assim: "Eu creio em Deus". É uma afirmação fundamental aparentemente
simples na sua essencialidade, mas que abre ao infinito mundo do relacionamento com
o Senhor e com o seu mistério. Crer em Deus implica adesão a Ele, acolhimento da sua
Palavra e obediência alegre à sua revelação. Como ensina o Catecismo da Igreja
Católica, " a fé é um ato pessoal: é a livre resposta do homem à iniciativa de Deus que
se revela" (n. 166). Poder dizer acreditar em Deus é também um dom – Deus se revela,
vem ao nosso encontro – e um empenho, é graça divina e responsabilidade humana, em
uma experiência de diálogo com Deus que, por amor, "fala aos homens como aos
amigos" (Dei Verbum, 2), fala a nós a fim de que, na fé e com a fé, possamos entrar em
comunhão com Ele.
Muito belo, a este respeito, é o capítulo 11 da Carta aos Hebreus, que escutamos há
pouco. Aqui se fala da fé e se colocam à luz grandes figuras bíblicas que a viveram,
transformando-se modelo para todos os crentes. Diz o texto no primeiro versículo: "A fé
é fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê" (11, 1). Os olhos
da fé são, portanto, capazes de ver o invisível e o coração do crente pode esperar além
de toda a esperança, propriamente como Abraão, do qual Paulo diz na Carta aos
Romanos que “acreditou, esperando contra toda a esperança” (4,18).
O autor da Carta aos Hebreus faz também referência ao chamado de Abraão, narrado no
Livro de Gênesis, o primeiro livro da Bíblia. O que pede Deus a este patriarca? Pede-lhe
para partir abandonando a própria terra para ir para o país que lhe mostraria, "Deixa tua
terra, tua família e a casa de teu pai, e vai para a terra que eu te mostrar" (Gen 12, 1).
Como respondemos nós a um convite similar? Trata-se, na verdade, de uma partida à
escuridão, sem saber onde Deus o conduzirá; é um caminho que pede uma obediência e
uma confiança radical, ao qual só a fé concede o acesso. Mas a escuridão do
desconhecido – onde Abraão deve ir – é iluminada pela luz de uma promessa; Deus
acrescenta ao comando uma palavra tranquilizante que abre diante de Abraão um futuro
de vida em plenitude: “farei de ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu
nome…e todas as famílias da terra serão benditas em ti” (Gen 12, 2.3).
A benção, na Sagrada Escritura está ligada primeiramente ao dom da vida que vem de
Deus e se manifesta antes de tudo na fecundidade, em uma vida que se multiplica,
passando de geração em geração. E à benção está ligada também a experiência da posse
de uma terra, de um lugar estável no qual viver e crescer em liberdade e segurança,
temendo a Deus e construindo uma sociedade de homens fiéis à Aliança, “reino de
sacerdotes e nação santa” (cfr Es 19, 6).
Por isso Abraão, no projeto divino, está destinado a transformar-se “pai de uma
multidão de povos” (Gen 17, 5; cfr Rm 4, 17-18) e a entrar em uma nova terra onde
habitar. Porém, Sara, sua esposa, é estéril, não pode ter filhos; e o país para o qual Deus
o conduz é distante da sua terra de origem, já está habitado por outras populações, e não
lhe pertencerá mais verdadeiramente. O narrador bíblico o enfatiza, com muita
discrição: quando Abraão chega ao lugar da promessa de Deus: “os cananeus estavam
então naquela terra” (Gen 12, 6). A terra que Deus doa a Abraão não lhe pertence, ele é
um estrangeiro e como tal permanecerá para sempre, com tudo aquilo que isto
comporta: não ter ambição de propriedade, sentir sempre a própria pobreza, ver tudo
como presente. Esta é também a condição espiritual de quem aceita seguir o Senhor, de
quem decide partir acolhendo o seu chamado, sob o sinal de sua invisível mas poderosa
benção. E Abraão, “pai dos crentes”, aceita este chamado, na fé. Escreve São Paulo na
Carta aos Romanos: “Ele acreditou, esperando contra toda a esperança e assim e se
tornou pai de muitas nações, segundo o que lhe fora dito: Assim será a tua
descendência. Ele não vacilou na fé, embora reconhecendo o seu próprio corpo sem
vigor – pois tinha quase cem anos – e o seio de Sara igualmente amortecido. Ante a
promessa de Deus, não vacilou, não desconfiou, mas conservou-se forte na fé deu glória
a Deus. Estava plenamente convencido de que Deus era poderoso para cumprir o que
prometera” (Rm 4, 18-21).
A fé conduz Abraão a percorrer um caminho paradoxal. Ele será bendito, mas sem os
sinais visíveis da benção: recebe a promessa de formar grande povo, mas com uma vida
marcada pela esterilidade de sua esposa Sara; é conduzido em uma nova pátria, mas
deverá viver como estrangeiro; e a única posse de terra que lhe será concedida será
aquela de um pedaço de terreno para enterrar Sara (cfr Gen 23, 1-20). Abraão é bendito
porque, na fé, sabe discernir a benção divina indo além das aparências, confiando na
presença de Deus também quando os seus caminhos lhe parecem misteriosos.
O que significa isto para nós? Quando afirmamos: “Eu creio em Deus”, dizemos como
Abraão: “Confio em ti, confio-me a ti, Senhor”, mas não como a Qualquer um a quem
recorrer somente nos momentos de dificuldade ou a quem dedicar qualquer momento do
dia ou da semana. Dizer “Eu creio em Deus” significa fundar sobre Ele a minha vida,
deixar que a sua Palavra a oriente a cada dia, nas escolhas concretas, sem medo de
perder algo de mim mesmo. Quando, no Rito do Batismo, por três vezes pergunto:
“Crês?” em Deus, em Jesus Cristo, no Espírito Santo, a santa Igreja Católica e as outras
verdades de fé, a tríplice resposta é no singular: “Creio”, porque é a minha existência
pessoal que deve receber um avanço com o dom da fé, é a minha existência que deve
mudar, converter-se. Cada vez que participamos de um Batismo devemos perguntar-nos
como vivemos cotidianamente o grande dom da fé.
Abraão, o crente, ensina-nos a fé; e, como estrangeiro na terra, nos indica a verdadeira
pátria. A fé nos torna peregrinos na terra, inseridos no mundo e na história, mas em
caminho para a pátria celeste. Crer em Deus nos torna, portanto, portadores de valores
que frequentemente não coincidem com a moda e a opinião do momento, pede-nos para
adotar critérios e assumir comportamentos que não pertencem ao modo comum de
pensar. O cristão não deve ter temor de ir “contra a corrente” para viver a própria fé,
resistindo a tentação da “uniformidade”. Em tantas de nossas sociedades Deus se tornou
o “grande ausente” e no seu lugar estão muitos ídolos, diversos ídolos e sobretudo a
posse e o “eu” autônomo. E também os significativos e positivos progressos da ciência e
da técnica têm levado o homem à ilusão de onipotência e de auto-suficiência, e um
crescente egocentrismo criou não poucos desequilíbrios dentro dos relacionamentos
interpessoais e dos comportamentos sociais.
No entanto, a sede de Deus (cfr Sal 63, 2) não foi extinta e a mensagem evangélica
continua a ecoar através das palavras e obras de tantos homens e mulheres de fé.
Abraão, o pai dos crentes, continua a ser pai de muitos filhos que aceitam caminhar sob
seus passos e se colocam em caminho, em obediência à vocação divina, confiando na
presença benevolente do Senhor e acolhendo a sua benção para fazer-se benção para
todos. É o mundo abençoado da fé ao qual todos somos chamados, para caminhar sem
medo seguindo o Senhor Jesus Cristo. E é um caminho às vezes difícil, que conhece
também o julgamento e a morte, mas que abre a vida, em uma transformação radical da
realidade que somente os olhos da fé são capazes de ver e desfrutar em plenitude.
Afirmar “Eu creio em Deus” leva-nos, então, a partir, a sair continuamente de nós
mesmos, como Abraão, para levar na realidade cotidiana na qual vivemos a certeza que
nos vem da fé: a certeza, isso é, da presença de Deus na história, também hoje; uma
presença que leva vida e salvação, e nos abre a um futuro com Ele para uma plenitude
de vida que não conhecerá nunca o pôr do sol.
CREIO!
Creio em Deus, quer dizer: confio em Deus, entrego-me a Deus, Aquele que
é a fonte do bem, do amor, da felicidade, da realização. Ele que gosta de mim e
deseja que eu viva unido a Ele, participe da sua vida, felicidade, amor, realização,
mas também no seu dinamismo de doação, magnanimidade, misericórdia e
fecundidade. Este Deus é comunidade trinitária, Pai, Filho e Espírito Santo e
associa-me, sempre mais, a essa comunhão divina na medida em que eu respondo
ao seu amor e cumpro a sua vontade (AP).
DEUS PAI
Também nos foi dada a fé que nasce e se desenvolve com a assídua escuta da
Palavra e com as graças do Espírito Santo nos nossos corações. Para nós foi escrito
no Evangelho: “Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigénito, para que
todo aquele que acredita n’Ele não morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16; cf 1
Jo 4,9-10)
Entre estes dois personagens há uma palavra que os separa e os une: padeceu. De
Maria o nascimento, de Pilatos a morte; entre o nascimento e a morte, mais de
trinta anos que o credo parece resumir numa só palavra: padeceu. De facto o nome
de Maria que lembra a Encarnação de Deus, não nos recorda que a paixão
começou no presépio? Jesus “apesar de ser de condição divina não reivindicou o
direito de ser equiparado a Deus, mas despojou-se a Si mesmo tomando a condição
de servo, tornando-se semelhante aos homens” (Fil 2,6-7). E semelhante aos mais
pequenos, aos mais pobres, colocado ao canto de uma estrada em Belém,
deportado para longe de Nazaré… O nome de Maria lembra esta paixão desde a
infância, como aquele de Pilatos lembra a paixão da morte. Toda a vida de Cristo é
uma subida até Jerusalém, até ao Calvário (Rey-Mermet - A fé explicada aos
jovens e adultos)
FOI CRUCIFICADO
Desde sempre fomos habituados a ver na cruz apenas uma pessoa divina,
aquela do Filho feito homem e crucificado, como se a cruz fosse somente “sua”…
Mas no mistério que aí se cumpre, a fé do Novo Testamento vê a obra de toda a
Trindade. Na paixão de um dos três é a Trindade que revela o seu amor
misericordioso, oferece a sua comunhão eterna de vida, liberta a humanidade do
peso esmagador do pecado e da morte, reconcilia consigo toda a humanidade
hostilmente alienada. A cruz do Filho é a revelação insuperável do amor trinitário
e a sua demonstração comovente. É o ícone dilacerante do amor apaixonado do
Pai-Filho-Espírito que foi até aquele ponto no amar-nos (cf 1 Jo 4,10; Rm 8,31) (F.
Duci).
Depois de morto, Jesus foi até junto dos mortos como salvador; foi levar-
lhes os benefícios da sua morte redentora: “Foi anunciada a boa nova também aos
mortos” (1 Pd 4,6). Os justos de anteriores gerações obtiveram a perfeição (Heb
12,23) e foram introduzidos no santuário celeste atrás de Cristo morto e
ressuscitado. Esta verdade de fé resume-se nas três seguintes afirmações: Jesus
foi verdadeiramente morto; a sua morte redentora tem valor salvífico para todos
os homens, também para os que viveram antes d’Ele; Jesus no seu encontro com os
justos já mortos, comunicou-lhes a plenitude da comunhão com Deus. Assim, a
descida à mansão dos mortos, mais que sujeição à morte, foi vitória sobre ela.
A Ascensão foi a etapa final da vida terrena do Filho de Deus feito homem.
Ele subiu para o Pai, donde tinha vindo. A partir daquele momento, com o seu
corpo ressuscitado, entrou definitivamente no mundo de Deus e tornou-se “O
vivente”, o dador de todo o bem, o único mediador entre o Céu e a terra. A
Ascensão não foi, portanto, um simples episódio da vida de Jesus, foi a meta
definitiva do seu caminho e da sua doação como Messias, e indica também o
destino final a que somos chamados. Para Jesus elevado ao Pai, deixaram de existir
os limites do espaço e do tempo, Ele passou a poder ficar em perfeita comunhão
com as pessoas de todos os tempos e lugares, e a oferecer a plenitude de Deus a
quantos acreditam n’Ele.
A vida para além da morte não é indiferenciada, mas é feliz para os justos
e infeliz para os malvados. Isso é bem expresso na Bíblia (Lc 16,19-31; 2 Cor 5,6-8;
Lc 23,43)
Cristo pode remir de todo o pecado os que acreditam n’Ele. “Não existe nenhuma
culpa, por mais grave que seja, que não possa ser perdoada pela Santa Igreja(CIC
982). Se não fosse esta remissão, viveríamos sem esperança. A remissão dos
pecados revela-nos que Deus não se resigna perante o pecado, pois, em Cristo, nos
escolheu para sermos seus filhos, e está empenhado em nos libertar de tudo o que
impede que sejamos “santos e irrepreensíveis” (Ef 1,4)
Boletim da Santa Sé
Tradução: Cristiane Aparecida Monteiro (Canção Nova)
Eis que chegamos no último pedido do “Pai Nosso”: «Mas livrai-nos do mal» (Mt
6.13b)
Com esta expressão, quem reza pede não somente de não ser abandonado no tempo da
tentação, mas suplica também de ser livre do mal. O verbo grego original é muito forte:
fala da presença do maligno que tende a nos aferrar e a morder (1 Pd, 5,8) e do qual se
pede a Deus a libertação.
O apóstolo Pedro diz que o maligno, o diabo, está ao redor de nós como um leão furioso
para nos devorar e nós pedimos a Deus para nos livrar.
Com esta dupla súplica: “Não nos deixeis” e “livra-nos”, se ergue uma característica
essencial da oração cristã. Jesus ensina aos seus amigos a colocar a invocação do Pai
diante de tudo, também e especialmente nos momentos no qual o maligno faz sentir a
sua presença aterrorizante.
De fato, a oração cristã não fecha os olhos sobre a vida. É uma oração filial e não uma
prece infantil. Não é de nenhuma forma apaixonada pela paternidade de Deus, a ponto
de esquecer que o caminho do homem é repleto de dificuldades. Se não existisse os
últimos versos do “Pai Nosso” como poderiam rezar os pecadores, os perseguidos, os
desesperados, os moribundos? O último pedido é de fato um pedido no momento que
estaremos no limite, sempre.
Existe um mal na nossa vida que é uma presença incontestável. Os livros de história são
um catálogo sombrio de como nossa existência neste mundo tem sido muitas vezes uma
aventura oscilante. Há um mal misterioso que certamente não é obra de Deus, mas
penetra silenciosamente nos vincos da história. Silencioso como a serpente que carrega
o veneno, silenciosamente.
Às vezes, ele parece assumir o controle: em alguns dias, sua presença parece ainda mais
prepotente do que a da misericórdia de Deus, no momento de desespero é ainda mais
claro.
Aquele que reza não é cego, e vê nitidamente diante dos seus olhos este mal tão
incômodo e, portanto, em contradição com o próprio mistério de Deus, ele o vê na
natureza, na história, mesmo em seu próprio coração. Porque não há ninguém entre nós
que possa dizer que está isento do mal, ou pelo menos de ser tentado.
“Todos nós sabemos o que é mal, todos nós sabemos o que é a tentação. Todos nós
temos experimentado na própria carne a tentação, de qualquer pecado. Mas é o tentador
que nos move e nos impulsiona ao mal, nos dizendo: “faça isso, pense isso, vá por esse
caminho”.
O último grito do “Pai Nosso” é lançado contra este mal “de amplas abas”, que encerra
sob a sua sombra as mais diversas experiências: o luto do homem, a dor inocente, a
escravidão, a exploração do outro, o choro de crianças inocentes. Todos esses eventos
protestam no coração do homem e se tornam vozes na última palavra da oração de
Jesus.
Queridos irmãos e irmãs, assim o “Pai Nosso” se assemelha a uma sinfonia que pede
para ser cumprida em cada um de nós. O cristão sabe quão esmagador é o poder do mal,
mas ao mesmo tempo faz a experiência de quanto Jesus, que jamais cedeu às suas
maquinações, está do nosso lado e vem em nosso auxílio.
Assim, a oração de Jesus nos deixa as mais preciosas heranças: a presença do Filho de
Deus que nos libertou do mal, lutando para convertê-lo. Na hora da sua luta final, pede a
Pedro para colocar a espada de volta em sua bainha, para o ladrão arrependido assegura
o céu, para todos os homens ao seu redor, inconsciente da tragédia que estava
ocorrendo, oferece uma palavra de paz: “Pai, perdoa porque não sabem o que fazem
“(Lc 23,34).
Do perdão de Jesus na cruz vem a paz, o verdadeiro dom da paz vem do Ressuscitado,
dom que Jesus nos dá. A primeira saudação do Jesus ressuscitado é: “A paz esteja
convosco”. Paz para as suas almas, para os seus corações, para a sua vida. O Senhor nos
dá paz, nos dá perdão. Mas, nós pedimos a libertação do mal para não cair no mal. Essa
é nossa esperança! A força que nos dá Jesus ressuscitado, no meio de nós. Essa força
que nos dá para seguir em frente e promete nos libertar do mal. Obrigado!
O que é a oração? Nada mais do que o relacionamento íntimo entre a criatura e o Criador.
Relacionamento que se manifesta através de palavras ou no silêncio do coração.
Jesus tinha uma maneira tão linda de orar, que certa vez os discípulos pediram: “Mestre,
ensina-nos a orar!” E Jesus ensinou a Oração do Pai Nosso.
É necessário que nós compreendamos este modelo de oração para que nele nos espelhemos
no nosso momento a sós com o Senhor.
2.Santificar o nome de Deus corresponde a louvar, bendizer e glorificar este nome que tem
todo o poder.
3.Pedir que o Reino se instale no meio de nós é desejar que esta Fonte de amor, justiça,
fraternidade e paz, envolva os nosso coração e a nossa vida.
4.Que a vontade de Deus se realize e não a nossa. Em outras palavras: Da mesma maneira que
a vossa vontade se realiza no céu, que também ela se realize na terra.
5.O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Não é o meu alimento nem o seu alimento, mas o
NOSSO ALIMENTO. Aí estamos diante da vivência da partilha. Nada é meu; nada é seu. Tudo é
nosso. E é a alimentação para o DIA DE HOJE. Por que as nossas despensas se abarrotam de
alimento?
6.Se eu perdoo serei perdoado. Se não perdoar não serei perdoado por Deus e a minha oração
é vã.
7.As tentações existem. Jesus passou por estes momentos. Tanto é que Ele nos ensina a pedir,
“não nos deixeis cair em tentação.” O problema em si não se encontra nas tentações, porém
nas quedas. O fechamento desta oração é maravilhoso: “Mas livrai-nos do Maligno. Amém”.
TOME POSSE! (Mateus 6,7-15).
“Papai nosso”. Não é somente “papai meu”. Numa língua africana (o kirundi, falada no
Burundi), foi traduzido assim: “Pai de todos nós” (Dawe wa twese). Seria suficiente a
vivência dessas duas palavras para o mundo inteiro viver na paz. Se Ele, pois, é Pai de
todos nós, nós somos irmãos e o mundo vira uma família.
“Que estais no Céu”: a palavra “Céu” indica o Reino de Deus. Ao invocar o “Deus
Papai”, expressamos a tensão para o Reino, quando poderemos vê-Lo “face a face” (cf.
1 João 3,2).
Vosso Reino
“Santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa
Vontade, assim na Terra como no Céu”. Trata-se de três pedidos, sendo fundamental o
segundo: “Venha a nós o Vosso Reino”. Este Reino vem quando “fazemos a Sua
Vontade” e proclamamos, assim, a “santidade do Seu Nome”. A expressão “santificado
seja o vosso Nome” aponta para a realização da mensagem do profeta Ezequiel:
“Santificarei o meu grande nome” (36,23).
“Assim na Terra como no Céu”: “Céu” é o lugar onde, com a presença de Deus, seu
Reino sempre está presente: e nós rezamos pedindo que céu e terra se unam, para que
aconteça o Reino de Deus de maneira completa.
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“O Pão-Nosso de cada dia nos dai hoje”: é a necessidade material, mas com uma atitude
de confiança e desapego, é a confiança em Deus, que “cuida dos pássaros do céu e dos
lírios do campo e muito mais de nós” (cf. Mateus 6,26-30). E a necessidade também do
desapego, pois procuramos o “pão”, do qual necessitamos apenas para hoje, sem uma
exagerada preocupação para o dia de amanhã (cf. Mateus 6,34).
“Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido”: é a necessidade espiritual. Trata-se de reconhecer humildemente nossos
pecados. Mas o perdão, a misericórdia de Deus, manifesta-se somente se nós somos
misericordiosos com o próximo: “como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
Livrai-nos do mal
“E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”: é a necessidade da Igreja.
Aponta, pois, para a tentação dos discípulos diante da Paixão de Jesus; e para a tentação
da Igreja, no momento da perseguição. Uma tentação que a Igreja primitiva, época na
qual Mateus escreve, conhecia muito bem.
A tentação continua, hoje, pois, como falou recentemente o Papa Francisco, “o envio
em missão, por parte de Jesus, não garante aos discípulos o sucesso, assim como não os
exime das falências nem dos sofrimentos. Eles devem ter em conta quer a possibilidade
da rejeição, quer a da perseguição” (Reflexão na oração do Angelus de 25 de junho de
2017). Este é o “mal” futuro e possível.
Há também o “mal presente”, o espírito do mal que, neste momento, quer nos desviar de
Deus. Eis por que muitos biblistas traduzem “livrai-nos do maligno”, em paralelismo
com o que Jesus diz numa das parábolas: “vem o maligno e rouba o que foi semeado no
coração dele” (Mateus 13,19).
Eis, pois, como é riquíssimo o conteúdo do “Papai nosso”. Vamos penetrar no coração
dessa oração, sem a reduzir apenas às palavras vazias, como fazem os pagãos (cf.
Mateus 6,7).
Com efeito, Jesus convida os seus discípulos a aproximar-se de Deus e a fazer-lhe com
confidência alguns pedidos: antes de tudo em relação a Ele e depois em relação a nós.
Não há prefácios no “Pai-Nosso”. Jesus não ensina fórmulas para “adular” o Senhor,
aliás, convida a pedir-lhe abatendo as barreiras da reverência e do medo. Não diz para
se dirigir a Deus chamando-lhe “Onipotente”, “Altíssimo”, “Tu, que estás tão distante
de nós, eu sou miserável”: não, não diz assim, mas simplesmente “Pai”, com toda a
simplicidade, como as crianças se dirigem ao pai. E esta palavra “Pai", expressa a
confidência e a confiança filial.
Jesus, na oração, não quer apagar o humano, não o quer anestesiar. Não quer que
moderemos as perguntas nem os pedidos aprendendo a suportar tudo. Ao contrário, quer
que cada sofrimento, qualquer preocupação, se projete rumo ao céu e se torne diálogo.
Mas nenhum de nós é obrigado a aceitar a teoria que no passado alguém propôs, isto é,
que a oração de pedido seja uma forma tíbia da fé, enquanto que a oração mais autêntica
seria o louvor puro, aquele que procura Deus sem o peso de pedido algum. Não, isto não
é verdade. A prece de pedido é autêntica, espontânea, é um ato de fé em Deus que é Pai,
que é bom, omnipotente. Trata-se de um ato de fé em mim, que sou pequenino, pecador,
necessitado. E por isso a oração para pedir algo é muito nobre. Deus é o Pai que tem
imensa compaixão por nós, e deseja que os seus filhos lhe falem sem medo, chamando-
lhe diretamente “Pai”; ou nas dificuldades dizendo: “Mas Senhor, o que me fizeste?”.
Por isso podemos contar-lhe tudo, até aquilo que na nossa vida permanece distorcido e
incompreensível. E prometeu-nos ficar conosco para sempre, até ao último dia que
vivermos nesta terra. Rezemos o Pai-Nosso, começando assim, simplesmente: “Pai” ou
“Papá”. E Ele compreende-nos e ama-nos muito.