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PONTA GROSSA
2000
SEME YOUSSEF REDA
PONTA GROSSA
2000
Nome: Seme Youssef Reda
Comissão Julgadora
da
Monografia para a obtenção do Grau de Especialista
___________________________________
Prof. Msc. Paulo Roberto Fávero
Presidente e Orientador
___________________________________
Prof. Dr. Luís Antônio Esmerino
Membro
___________________________________
Prof. Dr. Roberto Ferreira Artori
Membro
À Professora Dra. Elizabete Moro, por suas aulas enriquecedoras e por sua
Ao Prof. Msc. Paulo Roberto Fávero pela sua dedicação e paciência nos
Ao médico e pesquisador Dr. Luís Carlos Pastorino, cuja ajuda foi inestimável
Ao médico Ricardo Mussi, homem público que nas suas oratórias mais do que
conhecimentos de forma exímia. Meus agradecimentos àquela que foi uma grande
mestra.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................... ix
LISTA DE ABREVIATURAS........................................................................................ x
RESUMO.......................................................................................................................... xi
INTRODUÇÃO............................................................................................................... 1
CAPÍTULO 2: IMUNODEFICIÊNCIAS......................................................................... 24
2.3.1 Classificação das doenças em que o defeito primário está nas células
B.............................................................................................................. 26
DISCUSSÃO.................................................................................................................... 49
CONCLUSÃO.................................................................................................................. 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 54
LISTA DE FIGURAS
Figura 6 - Neutrófilo....................................................................................................... 11
Figura 7 - Eosinófilo....................................................................................................... 12
Figura 8 - Monócitos...................................................................................................... 13
ix
LISTA DE ABREVIATURAS
Ac Anticorpo
Ag Antígeno
CD Clusters de Diferenciação
FC Fração complemento
GH Hormônio do Crescimento
Ig Imunoglobulina
MO Medula Óssea
RN Recém-nato
x
RESUMO
xi
1
INTRODUÇÃO
IDF, 1993; PUNK, 1993). Este é o primeiro sinal de que uma possível
1998; XLA, 2000). Algumas vezes pode ser demonstrado que o fato de crianças do
normalmente não causam gravidade, pode ter sua causa numa imunodeficiência
específica, como a XLA (PASTORINO et aI., 1997; ABBAS et aI., 1998; CHIN, 1999;
AARDA, 1999).
Este trabalho fará uma revisão do sistema imunológico e descreverá a ação
são classificados como o sistema imune. Portanto, o sistema imune é composto por
1992; BIER,1989).
(MERCK, 2000; BIER, 1989). Além dos vasos linfáticos, o sangue circulante também
humano.
1.2 ÓRGÃOS LlNFÓIDES
a) Primários ou Centrais
b) Secundários ou Periféricos
a) Órgãos linfóides primários ou centrais: são o Timo e a Medula Óssea (MO) nos
na diferenciação dos linfócitos (MOTTA JR, 1999; ABBAS et al.,1998; BIER, 1989,
fetal para a MO, onde se maturam (ANTUNES; MATOS, 1992; STITES, 1992;
(ABBAS et aI., 1998; BIER, 1989; STITES, 1992), que são conectados uns aos
outros através do sangue e dos vasos linfáticos. Através destes vasos, linfócitos
exposição ao Ag, para todas as partes do sistema linfóide (MOTTA JR, 1999). São
locais nos quais há geração de uma resposta imunológica específica aos antígenos
transversalmente. Da parte côncava (hilo) sai uma veia que drena o sangue dos
representam o local onde circula a linfa, que drenam para os seios peritrabeculares
(são os canais ao redor dos septos) correndo em direção à zona medular, onde se
originam os vasos eferentes. Uma artéria também entra neste local para nutrir os
no qual se pode observar uma região mais escura periférica, e uma região mais
Figura 5 – Células germinativas que dão origem ao linfócito (ABBAS et al., 1998,
modificado).
Os linfócitos circulam pelo organismo através dos vasos linfáticos (Figuras 3 e 4)
não vivem mais que 7 a 10 dias, os linfócitos podem viver por anos ou até décadas
receptores e principalmente uma dicotomia dos linfócitos T. Esta dicotomia pode ser
avaliada pela presença dos receptores CD4 E CD8, que Ihes são exclusivos
sangue periférico, dos linfócitos T totais (CD3+), cerca de 65% expressam fenótipo
Timo, mas na MO. Pequena porcentagem dos linfócitos circulantes, por não
expressarem em sua superfície CD ou moléculas de Imunoglobulinas, são
conhecidas como células nulas (não T, não B) . Atualmente ficou aparente que a
maioria das células nulas são linfócitos grandes com numerosos grânulos
sem prévia estimulação antigênica. Como resultado, estes linfócitos são chamados
não estão dissolvidos no plasma (ABBAS et aI., 1998). Os linfócitos B não possuem
receptores CD2, CD4 nem CD8, porém apresentam receptores para componentes
terminando sua maturação, quando além da IgM, apresentam IgD ou IgG e IgA
Características:
Realizam sua maturidade na MO, circulam pelo sangue por um curto tempo, e
1998).
para uma classe de anticorpos chamados IgE e são capazes de se ligar avidamente
a partículas revestidas por eles (ASBAS et al, 1998). Fazem fagocitose, mas
c) MONÓCITOS OU MACRÓFAGOS
substância que estimule uma resposta imunológica, como bactérias, por exemplo
macrófagos estão em difusão nos tecidos. Eles têm a seguinte função: quimiotaxia,
fagocitose, processamento e apresentação do Ag em uma forma imunogênica para
os linfócitos.
d) BASÓFILOS OU MASTÓCITOS
O termo Anticorpo (Ac), foi usado pela primeira vez em 1890 por von Bhering
organismo.
gama do soro. Mais tarde verificou-se que sua distribuição eletroforética ia da fração
ser sinônimos (apud ANTUNES; MATOS, 1992). Um outro nome comum para Ac é
começam a produzir anticorpos (MERCK, 2000; ABBAS et aI., 1998; STITES, 1992).
consistem de uma região variável na molécula (VL) e uma região constante (CL)
(ROSKOSKI, 1996).
Tanto as cadeias leves quanto as cadeias pesadas contêm uma série de unidades
exceto alguns poucos pacientes que manifestam uma síndrome de deficiência de Ig,
produzem moléculas de imunoglobulinas capazes de atuar como anticorpos
a) IgM: é o Ac que é produzido sob exposição inicial a um Ag. Por exemplo, quando
classe IgM são produzidos 10 a 14 dias depois (MERCK, 2000). Esta Ig é incapaz de
atravessar a barreira placentária (MOTTA JR, 1999), e assim não conferem proteção
Shigella sp, E. coli), por exemplo. Ao contrário das células B produtoras de IgG, as
subseqüente a um Ag. A IgG está presente tanto no sangue quanto nos tecidos. É o
único Ac que é transferido por via transplacentária da mãe para o feto (MERCK,
2000; ABBAS et aI., 1998). A IgG corresponde a 80% das imunoglobulinas séricas e
23 dias sendo a proteína de vida mais longa (CARVALHO et aI., 1998). A habilidade
principal função é a defesa das mucosas (MOTTA JR, 1999; CARVALHO et aI.,
1998).
d) IgE: é o Ac que causa uma reação alérgica imediata. A esse respeito, a IgE é
única classe de Ac que aparentemente faz mais danos que bem. De qualquer forma
níveis elevados são observados em doença atópica, por exemplo (MOTTA JR,
1999).
MATOS, 1992). Sua função não está bem caracterizada e sua estrutura é similar aos
mg/ml.
1.7 DESENVOLVIMENTO FETAL DAS IMUNOGLOBULlNAS
Os linfócitos B com receptores para IgM, IgE, IgA, IgD e IgG na membrana
celular são demonstráveis no feto entre a 10a e 12a semanas de gestação e podem
séricas (em geral, IgM e IgA) podem ser sintetizadas em quantidades apreciáveis
antes do nascimento.
placentária. Uma vez que a IgG é catabolizada, o nível sérico total de IgG do bebê
diminui desde o nascimento até os 3 a 6 meses de idade. A partir desta fase seu
1998), embora BRUTON (1952) tenha publicado a concentração de 200 mg/dl para
imunoglobulinas. A IgE por sua vez possui a meia-vida biológica mais curta, em
torno de 2,3 dias. IgG, IgA e IgE são distribuídas de forma quase igual entre os
vão da rinite alérgica à artrite reumatóide severa (MOTT A JR,1999; ABBAS et aI.,
1998).
dos antígenos não varia de pessoa para pessoa (MERCK, 2000). É a primeira a ser
ativada através dos fagócitos e permite excluir o agente agressor, sem que haja
detectada e destruída em algumas horas por este sistema. Fazem parte desse
macrófagos nos tecidos (ABBAS et aI., 1998). As citoquinas são secretadas pelos
imune de uma pessoa não teve ainda contato com o mundo externo, entretanto
então aprende a responder a todos os novos antígenos aos quais entra em contato.
mecanismos da imunidade não específica. Isto fará com que ocorra uma geração de
passiva.
que o que recebeu a transferência (receptor) nunca tenha entrado em contato com o
Ag em questão (ABBAS et al, 1998; STITES, 1992). Por exemplo, a proteção contra
outro indivíduo, que atuarão neutralizando este agente, impedindo que ele atinja as
2) imunidade celular, mediada por leucócitos (ABBAS et al, 1998; MERCK, 2000).
- maior gravidade
- prolongamento do curso
- complicações inesperadas
XLA, 2000).
2.3.1 Classificação das doenças em que o defeito primário está nas células B (PIA4,
- Síndrome de Wiskott-Aldrich
- Ataxia-Telangiectasia
2.3.2 AGAMAGLOBULlNEMIA DE BRUTON OU XLA
imune descrita primeiramente por Bruton em 1952 (AARDA, 1999; HAUGHEY, 1999;
pacientes não conseguem produzir anticorpos, têm nível sérico de linfócitos B muito
mente nos linfonodos (IDF, 1993; PASTORINO et al.,1997; HAUGHEY, 1999; CHIN,
tirosina quinase nas células B causa um bloqueio na maturação das células pré-B
(ou pré-linfócitos B) em células B (Figura 10). Com isso, ocorre uma diminuição
órgãos linfóides, devido ao bloqueio no estágio pré-B, não havendo rearranjo dos
regulado para baixo nos linfócitos T (OCHS; SMITH, 1996; HAUGHEY, 1999;
et aI., 1988).
1999; VINIHEN, 2000; CHIN, 1999; HAUGHEY, 1999). Os pacientes com XLA têm
forma funcional desta proteinoquinase (ABBAS et aI., 1998). O gene para esta
domínio TH, domínio SH2, domínio SH3 e um domínio Quinase. Nestes cinco
TH: mutações neste domínio causam XLA devido à inativação da enzima Btk. Isto é
ligação. Uma interessante deleção da estrutura do SH3 com 21 resíduos foi descrito,
no qual a atividade normal da quinase está presente, mas ainda causa XLA.
SH2: A maioria das mutações no domínio SH2 que causam XLA, alteram os locais
contendo SH2.
mutações para a XLA identificadas. Dez por cento destas mutações estão contidas
alta energia do ATP . Estas mutações induzem aos fenótipos mais severos da XLA.
2.4.1 Achados Clínicos Relacionados a XLA
ZENONE, 1996).
Estas infecções podem não ser mais severas do que na população em geral,
mas podem vir a ser crônicas e seguramente mais graves nestes pacientes (IDF,
1993; CHIN, 1999; PASTORINO et al.,1997; ABBAS et al.,1998; PIA2, 1993), que
naqueles pacientes com doença pulmonar crônica (IDF3, 1993; HAUGHEY, 1999;
pacientes com XLA, podem apresentar os primeiros sinais clínicos da doença, entre
criança (ibid).
2.5 AVALIAÇÃO LABORATORIAL NA XLA
1993).
1) concentração de IgG que está em geral inferior a 200 mg/dl (2,0 g/ml). A IgA, IgM,
isto é, linfócitos CD4, CD8, CD19, CD23, também é utilizado (PIA3, 1993);
Pedro de Alcântara" no período de 1981 a 1996, com idade entre 11 meses e 7 anos
pacientes.
imunoflorescência direta.
clássica e alternativa. Nos pacientes com sintomas alérgicos ou doenças por causas
em:
- resposta à imunização;
- capacidade hemolítica
Paciente: V.R.M. , menino, 13 anos. Aos cinco meses de vida apresentou a primeira
infecção: uma pneumonia. Dos seis meses aos dois anos de idade apresentou
diarréia crônica, herpes nasal, artrite no joelho esquerdo, abscessos cutâneos e uma
pneumonia com derrame pleural. Aos três anos apresentou edema generalizado,
pulmonar. Aos 12 anos o quadro clínico do paciente era grave, com insuficiência
HIPOGAMAGLOBULlNEMIA
como, administrar por três anos seguidos, um estudo para avaliar a possível
que precipitou uma avaliação para imunodeficiência. É provável que esses meninos
Sua duração foi variável mas foi freqüentemente mais que uma semana e não foi
notada em qualquer paciente com XLA que estava sendo tratado com Ig
intravenosa. Embora não tenha sido associada com qualquer mutação específica na
Btk, a maioria das alterações neste gene nos pacientes com XLA e com neutropenia,
locais que se pensa ser crítica a função da Btk. A Btk pode não ser requisitada para
pacientes com IDVC e uma de paciente com XLA, mostraram uma ampla escala de
anormalidades. Uma forma que lembra uma doença aguda de rejeição a enxerto,
absorção mostrou leve a severa atrofia das vilosidades. Em três pacientes verificou-
IDVC. Paciente com XLA teve fissura recorrente com necrose de intestino grosso
infecção crônica refratária num paciente com XLA . Esta infecção persistiu por mais
específica das células T para o C. jejuni foi apenas fraco neste paciente. Estudos de
Imunoglobulinas.
debelada. O relato deste caso mostrou que in vitro a análise imunológica pode ser
AGAMAGLOBULlNEMIA
mais comum encontrado foi o ecovírus. Assim, quatro pacientes tiveram infecções
de critério clínico.
3.7 NEUTROPENIA COMO MANIFESTAÇÃO PRECOCE DA XLA.
anos (1970 - 1998), de acordo com o critério de diagnóstico da XLA. Foram incluídos
feitos estudos imunológicos por técnicas padronizadas. Dos 37 pacientes que foram
foi de 5,88%. Em todos os casos, a neutropenia esteve presente durante uma séria
pacientes manifestou neutropenia durante o tempo que estavam sob terapia com
gamaglobulina intravenosa.
3.8 MONO-ARTRITE PEDIÁTRICA COMO MANIFESTAÇÃO INICIAL DA XLA.
alto grau.
FU et al (1999), afirmou que vinte por cento dos pacientes com XLA podem
apresentar artrite. A artrite séptica pode ocorrer, mas há também uma forma de
artrite que é similar à artrite reumatóide ou artrite juvenil crônica. Eles relataram um
caso de XLA num menino com artrite crônica de joelho direito não-erosiva. Não
Este caso ilustra que a XLA deveria ser considerada como uma possível causa
PRIMÁRIA
inicialmente com hipoglicemiante oral (Glipezida) e dieta, manteve-se bem por dois
Microbiológica do Arizona.
criança de um casal, sendo que 5 anos antes haviam perdido um menino que
morreu de pneumonia na infância. Suas duas outras irmãs, tiveram somente uma
gripe e transtornos estomacais. Seus pais trouxeram o bebê para a sala de
emergência quando ele estava com seis meses e fizera nesta ocasião 40°C de febre
com dispnéia. Seus nódulos linfáticos não estavam enfartados e ele só tinha sofrido
infecção respondeu aos antibióticos e a criança foi capaz de ir para casa depois de
uma semana.
anticorpos no soro. A IgG estava presente somente ao redor de 10% dos níveis
Btk. O diagnóstico foi XLA e o tratamento preconizado foi feito com injeções de
XLA, que foi associada a siringomielia, uma doença que se caracteriza por
atendimento médico em primeiro lugar. As infecções começam a surgir por volta dos
da criança. Mas há relatos em que esta catabolização pode começar mesmo aos 2
quase certo aos médicos que tratam destes doentes. Em algumas ocasiões podem
vir a apresentar uma fissura recorrente com necrose de intestino grosso parecido
com a Doença de Crohn, uma doença inflamatória crônica e inespecífica que mais
comumente afeta o íleo distal e o colo, mas pode ocorrer também em qualquer parte
MERCK,2000).
bronquiectasia foi uma das principais anormalidades. Da mesma forma, outro estudo
congênita.
inicial. Mas para FU et al (1999), 20 % dos pacientes com XLA podem apresentar
artrite reumatóide e que a XLA deveria ser considerada como uma possível causa
1999).
são consideradas raras mesmo para pacientes com XLA (AUTENRIETH et aI.,
PLO, 1999), como mostra um estudo conduzido por FARRAR (1996), em que 26%
com a XLA.
de GH. Apesar disso, não ficou evidente a associação da XLA com a diabete. O
raridade e sinais clínicos sutis. Portanto, deve-se estar atento às revelações clínicas
documentado.
da IgG com suas subclasses, deve ser imediatamente pedido, seguido da pesquisa
assim como a quantificação dos seus componentes individuais, são exames que
também devem fazer parte do estudo, para o diagnóstico diferencial entre uma
congênita.
5) Por fim, tendo-se feito o diagnóstico prévio de imunodeficiência primária por
BIER, O. B.; MOTA, I.; SILVA, W.D. Imunologia Básica e Aplicada. 4.ed. Rio de
Janeiro: Guanabara, 1989.
VÄLIAHO, J.; SMITH C. I. E.; VIHINEN, M. Recent Results from the Analysis of
Btkbase. <http://www.uta.fi/imt/bioinfo> Acesso em 2000.