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RELATÓRIO DE VALIDAÇÃO DA CENTRÍFUGA KR 4i

Hemocentro Regional de Guarapuava – 06/06/2019

Dr. Seme Youssef Reda –Setor de Produção

Resumo

O objetivo deste estudo foi validar a obtenção de hemocomponentes obtidos pela Centrífuga
Refrigerada, modelo KR4i, em atenção ao determinado pela RDC 34/2014/ANVISA e pela
Portaria Ministerial 158/2016.

Introdução

O avanço do conhecimento técnico e científico na área de Hemoterapia tornou imprescindível


aos setores das unidades hemoterápicas, a validação das suas diversas metodologias, onde os
métodos de obtenção de hemocomponentes devem ser validados, conforme preconiza a RDC
34/2014/ANVISA, que define validação como uma “evidência documentada de que um
procedimento, processo, sistema ou método realmente conduz aos resultados esperados”.
Assim, este estudo teve como princípio validar o processo de centrifugação de amostras de
sangue total (ST), visando a garantia da qualidade dos hemocomponentes obtidos.

Material e Métodos

Material:

1. Centrífuga validada: centrífuga refrigerada KR4i, Thermo Scientific, 208V-60Hz, Vmáx=4.900


rpm, 6 caçapas.
2. Câmara de Neubauer
3. Soro fisiológico a 0,9%
4. Microscópio óptico: aumento 10 - 1000x
5. Contador hematológico – Mindray/BC 3600

Método:

A metodologia utilizada na validação foi a instituída no Guia de Qualificação e Validação


Aplicado a Serviços de Hemoterapia - ANVISA/2012, Protocolo de Validação do Processo de
Produção de Hemocomponentes – Hemobrás e pelas Planilhas de Validação de
Hemocomponentes - Hemobrás, onde se seguiu os seguintes protocolos:
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1. Configurações da Centrífuga em Estudo conforme os dados da Tabela 1:

Tabela 1: Configurações da Centrífuga Kr 4i.

1a Centrifugação 2a Centrifugação
Rotação (rpm) 2.300 3.500
Tempo (min) 6min30seg 10 min
Temperatura (oC) 22 22
Centrifuga Kr 4i Kr 4i
Equipamento Thermo Scientific Thermo Scientific

2. Inicialmente foi determinado o peso em gramas e o volume em ml de 6 bolsas de ST,


escolhidas para o processo de validação, com os seguintes parâmetros: hematócrito entre 40 e
45%, peso entre 750 e 760 g, tempo máximo de coleta de 10 minutos e sem qualquer
intercorrência, para a otimização na obtenção de concentrado de plaquetas (CP).

3. O procedimento da contagem de plaquetas em Câmara de Neubauer procedeu-se somente


para o Plasma Fresco Congelado (PFC), para a contagem de células residuais.

4. Para a contagem de plaquetas no PFC, fez-se a seguinte diluição: 1:20, em NaCl 0.9%

5. Para a contagem de leucócitos e hemácias no PFC, utilizou-se as amostras sem diluição.

6. A contagem de Plaquetas no Sangue Total (ST), Plasma Rico em Plaquetas (PRP),


Concentrado de Plaquetas (CP) e Concentrado de Hemácias (CH), nessa ordem, foi realizada
em contador eletrônico Mindray, modelo BC 3600.
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Resultados

Os resultados obtidos na validação dos hemocomponentes são mostrados na Tabela 2.


É possível observar na Tabela 2, que os dados referentes ao primeiro rendimento ou
rendimento da primeira centrifugação no PRP estiveram acima de 80% para as seis bolsas de
ST testadas, assim como o rendimento do volume de plasma obtido ficaram acima de 70%,
conforme determina o Protocolo de Validação do Processo de Produção de Hemocomponentes
da Hemobrás. O desvio padrão para o primeiro rendimento foi calculado em σ =5,2 indicando
que a precisão da metodologia aplicada foi bastante satisfatória, porém com um grau de
dispersão discretamente maior, em relação à mediana.
Com relação ao rendimento do volume de plasma a maioria das amostras ficou bem
acima dos 70% de rendimento mínimo exigidos.
O segundo rendimento ou rendimento da segunda centrifugação para a obtenção de
concentrado de plaquetas (CP), a contagem de plaquetas esteve acima de 80%, indicando que
a calibração da centrífuga para o a segunda centrifugação ficou bastante aceitável. O desvio
padrão calculado foi σ = 2,1 mostrando que a precisão do método foi significativa. Da mesma
forma a recuperação de plaquetas no CP manteve-se acima de 80% para as amostras
testadas, com um desvio padrão calculado de σ = 3,4 revelando que o grau de dispersão em
torno da mediana foi baixo e, portanto, com grau de precisão satisfatório. De outro lado, o
número de leucócitos encontrados se manteve abaixo dos valores de referência preconizados
para o CP.
As células residuais determinadas para o plasma fresco congelado (PFC) se mantiveram
abaixo dos valores de referência para hemácias residuais, leucócitos residuais e plaquetas
residuais, indicando que toda a metodologia para a obtenção de PFC está de acordo com os
padrões de qualidade recomendado pela Hemobrás, ANVISA e MS. Corroboram para essa
afirmação, os baixos desvios padrões calculados para as células residuais encontradas: σ = 0,1
para hemácias residuais, σ = 0,8 para leucócitos residuais e σ = 2,3 para plaquetas residuais.

Conclusão

A metodologia utilizada para a obtenção de hemocomponentes de ST, por meio da


centrífuga Kr 4i, indicou que a calibração feita, tanto para a primeira centrifugação, quanto para
a segunda centrifugação foram satisfatórias e os resultados obtidos confirmam, portanto, a
hipótese geradora desse trabalho, isto é, a validação do processo foi confirmada.
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Tabela 2: Resultado da validação dos hemocomponentes obtidos pela centrífuga KR4i.

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