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Organizadores

Alexandre Rosa dos Santos


Carlos Antonio Alvares Soares Ribeiro
João Batista Esteves Peluzio
Telma Machado de Oliveira Peluzio
Gleissy Mary Amaral Dino Alves dos Santos
Giselle Lemos Moreira
Ivo Augusto Lopes Magalhães

GEOTECNOLOGIAS & ANÁLISE


AMBIENTAL
Aplicações Práticas

Alegre - ES
2015

ii
GEOTECNOLOGIAS & ANÁLISE AMBIENTAL: APLICAÇÕES PRÁTICAS

CCA-UFES
Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo
Alto Universitário, s/n, Bairro Universitário, Alegre-ES
Telefone: (28) 3552-8955
www.cca.ufes.br

Ifes-Campus de Alegre
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Espírito Santo
Rodovia ES 482, km 47, Cx. Postal-47, Distrito de Rive, Alegre-ES
Telefone: (28) 3552-8131
www.alegre.ifes.edu.br

UFV
Universidade Federal de Viçosa
Avenida Peter Henry Rolfs, s/n - Campus Universitário, Viçosa - MG, 36570-900
Telefone: (31) 3899-2200
www.ufv.br

Capa
Thiago de Oliveira Tuler
Imagens: originais obtidas pelos organizadores

Editoração Eletrônica
Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Espírito Santo
Universidade Federal de Viçosa

Revisão de texto
Alexandre Rosa dos Santos - CCA-UFES
Carlos Antonio Alvares Soares Ribeiro - UFV
João Batista Esteves Peluzio - Ifes-Campus de Alegre
Telma Machado de Oliveira Peluzio - Ifes-Campus de Alegre
Gleissy Mary Amaral Dino Alves dos Santos - UFV
Giselle Lemos Moreira - CCA-UFES
Ivo Augusto Lopes Magalhães - UFMGS

Revisão Técnica
Jéferson Luiz Ferrari - Ifes-Campus de Alegre
Nilton Cesar Fiedler - CCA-UFES
Aderbal Gomes da Silva - CCA-UFES

Contato
http://www.mundogeomatica.com.br
e-mail: mundogeomatica@yahoo.com.br e alexandre.santos@pq.cnpq.br
Tel.: (28) 3552 8988 ou (28) 9 9926 0262

iii
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - O livro é gratuito podendo ser impresso. A violação dos
direitos autorais (Lei no 9.610/98) é crime (art. 184 do Código Penal). Depósito legal na Biblioteca
Nacional, conforme Decreto no 1.825, de 20/12/1907. Os autores são seus professores, respeite-
os, sempre citando seus nomes em possíveis publicações.

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)


(Biblioteca Setorial de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

G352 Geotecnologias & análise ambiental: aplicações práticas [e-book] / Alexandre Rosa dos
Santos (organizador)... [et al.], Thiago de Oliveira Tuler (ilustrador). – Alegre, ES:
CAUFES, 2015.
230 p. : il.

Inclui bibliografia.
Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader.
Modo de acesso: World Wide Web:
<http://www.mundogeomatica.com.br/Livro_Geoteconologia_Analise_Ambiental.htm>.
ISBN: 978-85-61890-70-4

1. Geomática. 2. Florestas. 3. Vegetação. 4. Meio ambiente. 5. Interpretação


fotográfica. I. Santos, Alexandre Rosa dos, 1974-. II. Tuler, Thiago de Oliveira, 1988-.

CDU: 630*18

iv
DEDICATÓRIA

Nós, autores, dedicamos este livro aos familiares que sempre acreditaram em nossos trabalhos.

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal do Espírito Santo (UFES): ao Centro de Ciências Agrárias; ao Programa


de Pós-graduação em Ciências Florestais e ao Departamento de Engenharia Rural.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Espírito Santo, em especial


ao Campus de Alegre e ao Departamento de Desenvolvimento Educacional.

À Universidade Federal de Viçosa (UFV): ao Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal e


ao Departamento de Engenharia Florestal.

Às instituições de apoio à pesquisa: CNPq; CAPES e; FAPES.

À empresa Fibria.

Aos órgãos INPE, IEMA-ES, INCAPER-ES; IDAF-ES; IJSN-ES; GEOBASES; NEDTEC.

Em especial, a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para o desenvolvimento deste


livro.

REFLEXÃO

"A multidisciplinaridade e a integração harmônica de uma equipe correspondem ao sucesso de um


trabalho em conjunto" (Prof. Dr. Alexandre Rosa dos Santos)

PREFÁCIO
Satisfação é a palavra que nos vem à cabeça quando nos referimos à obra “GEOTECNOLOGIAS
& ANÁLISE AMBIENTAL: APLICAÇÕES PRÁTICAS”, onde observamos um somatório de
esforços na compilação de trabalhos científicos desenvolvidos por pesquisadores de diferentes
áreas atuantes em instituições de ensino e pesquisa do Brasil.

Particular dedicação foi dada à exposição dos elementos que permitem aos leitores a análise dos
seus dados, além da simples identificação do objeto, bem como extrair informações que os
ajudem a descobrir a natureza intrínseca do mesmo.

O compêndio apresenta em seus capítulos os fundamentos para que as geotecnologias e análises


ambientais possam ser exploradas em sua total potencialidade.

Assim sendo, a produção deste material de cunho científico-didático é destinado a profissionais, a


alunos graduandos e pós-graduandos, e de cursos técnicos da área de Geotecnologia e afins.

v
ORGANIZADORES

Alexandre Rosa dos Santos – Organizador


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Engenharia Rural.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais.
Cep: 29.500-000 – Alegre, ES.
Endereço eletrônico: mundogeomatica@yahoo.com.br e alexandre.santos@pq.cnpq.br

Carlos Antonio Alvares Soares Ribeiro – Organizador


Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Engenharia Florestal.
Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal.
Cep: 36.570-000 – Viçosa, MG.
Endereço eletrônico: cribeiro@ufv.br

João Batista Esteves Peluzio - Organizador


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus de Alegre.
Departamento de Desenvolvimento Educacional.
Cep: 29.500-000 – Alegre, ES.
Endereço eletrônico: jbpeluzio@ifes.edu.br

Telma Machado de Oliveira Peluzio – Organizadora


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus de Alegre.
Departamento de Desenvolvimento Educacional.
Cep: 29.500-000 – Alegre, ES.
Endereço eletrônico: tmpeluzio@ifes.edu.br

Gleissy Mary Amaral Dino Alves dos Santos – Organizadora


Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Química.
Programa de Pós-graduação em Agroquímica – Doutoranda.
Cep: 36.570-000 – Viçosa, MG.
Endereço eletrônico: gleissym@yahoo.com.br

Ivo Augusto Lopes Magalhães – Organizador


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Mestre.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: ivosrmagalhaes@gmail.com

vi
AUTORES

Aderbal Gomes da Silva


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais e Madeira.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: aderbal.silva@ufes.br

Aguinaldo Silva
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus do Pantanal.
Programa de Pós-graduação em Estudos Fronteiriços.
Cep: 79.304-020 – Corumbá, MS.
Endereço eletrônico: aguinaldo.silva@ufms.br

Alexandre Rosa dos Santos – Organizador


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Engenharia Rural.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais.
Cep: 29.500-000 – Alegre, ES.
Endereço eletrônico: mundogeomatica@yahoo.com.br

Alexandre Simões Lorenzon


Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Engenharia Florestal.
Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal - Doutorando.
Cep: 36.570-000 - Viçosa, MG.
Endereço eletrônico: alexandre.lorenzon@ufv.br

Aline Roberta Queiroz Lobato


Floresta Nacional de Pacotuba, ICMBio.
Cep: 29.323-000 - Pacotuba, Cachoeiro de Itapemirim, ES.
Endereço eletrônico: aline.lobato@icmbio.gov.br

Andressa Martins da Cunha


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo - Campus de Alegre.
Bacharelado em Ciências Biológicas - Graduanda.
Cep: 29.520-000 - Rive, Alegre-ES.
Endereço eletrônico: martinsc_andressa@hotmail.com

Antônio Freire Jardim


Gestor Ambiental - Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de
Minas Gerais.
Cep: 31.748-075 – Belo Horizonte, MG.
Endereço eletrônico: antonioenf_ufv@hotmail.com

Bárbara de Cássia Ribeiro Vieira


Universidade Federal do Espírito Santo. Departamento de Medicina Veterinária.
Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias - Mestranda.
Cep: 29500-000 – Alegre, ES.
Endereço eletrônico: barbaravieira.biologia@gmail.com

Beatriz Lima de Paula Silva


Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus do Pantanal.
Programa de Pós-graduação em Estudos Fronteiriços.
Cep: 79.304-020 – Corumbá, MS.
Endereço eletrônico: beatriz.paula@ufms.br

vii
Carlos Antonio Alvares Soares Ribeiro – Organizador
Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Engenharia Florestal.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais.
Cep: 36.570-000 – Viçosa, MG.
Endereço eletrônico: cribeiro@ufv.br

Carlos Roberto lima Thiago


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Mestre.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: tuca119@hotmail.com

Eduardo Alves Araújo


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Mestrando.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: eduardoaraujo_vox@yahoo.com.br

Elvis Ricardo Figueira Branco


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Mestrando.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: elvisgeoflorestal@gmail.com

Everton de Carvalho
Geógrafo - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus do Pantanal.
Cep: 79304-902 - Corumbá, MS.
Endereço eletrônico: everton-ms@hotmail.com

Fabrício Silva
Universidade Federal de Viçosa – Departamento de Engenharia Florestal.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Doutorando.
Cep: 36.570-000 – Viçosa, MG.
Endereço eletrônico: fabricioardufv@gmail.com

Felício Santos de Oliveira


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Mestre.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: felicioliveira@gmail.com

Fernando Coelho Eugenio


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Doutorando.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: coelho.fernando@yahoo.com.br

Flávio Eymard da Rocha Pena


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo - Campus Ibatiba.
Cep: 29.395-000 – Ibatiba, ES.
Endereço eletrônico: flaviorochapena@gmail.com

Franciane Lousada Rubini de Oliveira Louzada


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Produção Vegetal.
Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal – Doutoranda.
Cep: 29.500-000 – Alegre, ES.
Endereço eletrônico: francianelouzada@yahoo.com.br

viii
Getúlio Fonseca Domingues
Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Engenharia Florestal.
Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal – Doutorando.
Cep: 36.570-000 – Viçosa, MG.
Endereço eletrônico: getulio.floresta@gmail.com

Giselle Lemos Moreira – Organizadora


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Mestranda.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: celly_eng.florestal@hotmail.com

Gleissy Mary Amaral Dino Alves dos Santos – Organizadora


Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Química.
Programa de Pós-graduação em Agroquímica – Doutoranda.
Cep: 36.570-000 – Viçosa, MG.
Endereço eletrônico: gleissym@yahoo.com.br

Gustavo Eduardo Marcatti


Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Engenharia Florestal.
Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal – Doutorando.
Cep: 36.570-000 – Viçosa, MG.
Endereço eletrônico: gustavomarcatti@gmail.com

Ivo Augusto Lopes Magalhães – Organizador


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Mestre.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: ivosrmagalhaes@gmail.com

Jaqueline Pêgo Quintino Santos


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Mestranda.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: jaqueline_pego@hotmail.com

Jéferson Luiz Ferrari


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo - Campus de Alegre.
Departamento de Desenvolvimento Educacional.
Cep: 29.520-000 – Rive, Alegre, ES.
Endereço eletrônico: ferrarijl@ifes.edu.br

João Batista Esteves Peluzio - Organizador


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus de Alegre.
Departamento de Desenvolvimento Educacional.
Cep: 29.520-000 – Rive, Alegre, ES.
Endereço eletrônico: jbpeluzio@ifes.edu.br

João Paulo Fernandes Zorzanelli


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Doutorando.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: jp.zorzanelli@gmail.com

José Marinaldo Gleriani


Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Engenharia Florestal.
Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal.
Cep: 36.570-000 – Viçosa, MG.
Endereço eletrônico: gleriani@ufv.br

ix
Karla Maria Pedra de Abreu
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus de Alegre.
Cep: 29.520-000 – Rive, Alegre, ES.
Endereço eletrônico: karla.abreu@ifes.edu.br

Luciana de Souza Lorenzoni


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e da Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Mestranda.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: lucianaloren27@gmail.com

Luciano José Quintão Teixeira


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Engenharia de Alimentos.
Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Cep: 29.500-000 – Alegre, ES.
Endereço eletrônico: luqteixeira@yahoo.com.br

Marks Melo Moura


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e da Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Mestrando.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: marksmoura@yahoo.com.br

Maurício Alves Moreira


Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Divisão de Sensoriamento Remoto.
Programa de Pós-graduação em Sensoriamento Remoto.
Cep: 12.227-010 – São José dos Campos, SP.
Endereço eletrônico: mauricio@dsr.inpe.br

Mayk Henrique Souza


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus de Alegre.
Tecnólogo em Cafeicultura.
Cep: 29.520-000 – Rive, Alegre, ES.
Endereço eletrônico: maykhenriquesouza@hotmail.com

Nathália Suemi Saito


Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Divisão de Sensoriamento Remoto.
Programa de Pós-graduação em Sensoriamento Remoto.
Cep: 12.227-010 – São Jose dos Campos, SP.
Endereço eletrônico: nssaito@gmail.com

Nero Lemos Martins de Castro


Universidade Federal de Viçosa – Departamento de Engenharia Florestal.
Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal – Doutorando.
Cep: 36.570-000 – Viçosa, MG.
Endereço eletrônico: nerolemos@yahoo.com.br

Nilton Cesar Fiedler


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e da Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: fiedler@pq.cnpq.br

Olavo dos Santos Pereira Júnior


Universidade Federal de Juiz Fora – Departamento de Ciências Farmacêuticas.
Cep: 36.037-000 – Juiz de Fora, MG.
Endereço eletrônico: olavo.pereira@ufjf.edu.br

x
Patrycia Pansini de Oliveira
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus de Alegre.
Tecnóloga em Cafeicultura.
Cep: 29.520-000 – Rive, Alegre, ES.
Endereço eletrônico: patricia.pansini@hotmail.com

Paulo Robson Mansor


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus de Alegre.
Departamento de Desenvolvimento Educacional.
Cep: 29.520-000 – Rive, Alegre, ES.
Endereço eletrônico: prmansor@ifes.edu.br

Raphael Lima Dalfi


Universidade Federal do Espírito Santo - Engenheiro Florestal.
Cep: 29.278-000 - Domingos Martins – ES.
Endereço eletrônico: dalfi.raphael@gmail.com

Ricardo Soares Ramos


Universidade Federal de Viçosa – Departamento de Engenharia Civil.
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil – Mestrado em Informações Espaciais.
Cep: 36.570-000 – Viçosa, MG.
Endereço eletrônico: rsramos07@gmail.com

Rodrigo Scherer
Universidade de Vila Velha - Departamento de Produtos Naturais.
Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas.
Cep: 29.102-920 – Vila Velha, ES.
Endereço eletrônico: rodrigo.scherer@uvv.br

Ronie Silva Juvanhol


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Doutorando.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: roniejuvanhol@gmail.com

Rosane Gomes da Silva


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais – Mestranda.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: rosane_gomes.s@hotmail.com

Sérgio Henriques Saraiva


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Engenharia de Alimentos.
Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Cep: 29.500-000 – Alegre, ES.
Endereço eletrônico: sergiohsaraiva@gmail.com

Sustanis Horn Kunz


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Ciências Florestais e da Madeira.
Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais.
Cep: 29.550-000 – Jerônimo Monteiro, ES.
Endereço eletrônico: sustanis@gmail.com

Taís Neves Calabianqui


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus de Alegre.
Licenciatura em Ciências Biológicas – Graduanda.
Cep: 29.520-000 – Rive, Alegre, ES.
Endereço eletrônico: taiscalabianqui@gmail.com

xi
Telma Machado de Oliveira Peluzio – Organizadora
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus de Alegre.
Departamento de Desenvolvimento Educacional.
Cep: 29.500-000 – Rive, Alegre, ES.
Endereço eletrônico: tmpeluzio@ifes.edu.br

Tessa Chimalli
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo - Campus Itapina.
Cep: 29709-910 - Colatina, ES.
Endereço eletrônico: tessa.chimalli@ifes.edu.br

Thaisa Ribeiro Teixeira


Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Engenharia Florestal.
Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal – Mestranda.
Cep: 36.570-000 – Viçosa, MG.
Endereço eletrônico: thaisarib@gmail.com

Thiago de Oliveira Tuler


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Informática.
Programa de Pós-graduação em Informática – Mestrando.
Cep: 29.075-910 – Vitória, ES.
Endereço eletrônico: thiagootuler@gmail.com

Ulysses Rodrigues Vianna


Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Agronomia.
Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias.
Cep: 29.500-000 – Alegre, ES.
Endereço eletrônico: ulyssesvianna@hotmail.com

Wantuelfer Gonçalves
Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Engenharia Florestal.
Programa de Graduação em Ciência Florestal.
Cep: 36.570-000 – Viçosa, MG.
Endereço eletrônico: w.goncav@ufv.br

Weliton Menário Costa


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo - Campus de Alegre
Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas – Graduando.
Cep: 29.520-000 – Rive, Alegre, ES.
Endereço eletrônico: weliton.wmc@gmail.com

xii
ÍNDICE ANALÍTICO

Dedicatória............................................................................................................. v

Agradecimentos.................................................................................................... v

Reflexão................................................................................................................... v

Prefácio................................................................................................................... v

Organizadores....................................................................................................... vi

Autores.................................................................................................................... vii

Índice Analítico...................................................................................................... xiii

Índice de Tabela................................................................................................... xvii

Índice de Figuras................................................................................................... xix

Introdução
Geotecnologias & análise ambiental: aplicações práticas.................................. 22

Capítulo 1
Mapeamento da vegetação urbana da cidade de Vila Velha, ES
1 Introdução .............................................................................................................. 23
2 Metodologia ........................................................................................................... 24
2.1 Área de estudo .................................................................................................... 24
2.2 Banco de dados .................................................................................................. 25
2.3 Mapeamento da vegetação urbana ....................................................................... 26
2.4 Índices de arborização ......................................................................................... 28
2.4.1 Índices de Áreas Verdes (IAV) ......................................................................... 28
2.4.2 Índice de Sombreamento Arbóreo (ISA) ............................................................. 30
2.4.3 Índice de Densidade Arbórea (IDA) ................................................................... 30
3 Resultados e discussão ......................................................................................... 31
3.1 Mapeamento da vegetação urbana da cidade de Vila velha, ES .............................. 31
3.2 Áreas verdes ....................................................................................................... 33
3.2.1 Índice de Áreas Verdes (IAV) ........................................................................... 35
3.3 Índices de Densidade Arbóreos (IDA) e Índice de Sombreamento Arbóreos (ISA) ..... 35
4 Conclusões ............................................................................................................ 39
5 Referências bibliográficas ..................................................................................... 40

Capítulo 2
Uso e cobertura da terra no entorno do pólo de educação ambiental/IFES-
campus de Alegre
1 Introdução .............................................................................................................. 41
2 Metodologia ........................................................................................................... 42
2.1 Localização e caracterização da área ................................................................... 42
2.2 Materiais utilizados .............................................................................................. 43
3 Resultados e discussão ......................................................................................... 46
4 Conclusões ............................................................................................................ 48

xiii
5 Referências bibliográficas ..................................................................................... 48

Capítulo 3
Estrutura da paisagem florestal no entorno do pólo de educação ambiental
da mata atlântica/IFES-campus de Alegre
1 Introdução .............................................................................................................. 50
2 Metodologia ........................................................................................................... 52
2.1 Localização e caracterização da área ................................................................... 52
2.2 Materiais utilizados ............................................................................................. 52
3 Resultados e discussão ......................................................................................... 57
4 Conclusões .......................................................................................................... 65
5 Referências bibliográficas ..................................................................................... 66

Capítulo 4
Áreas de preservação permanente no entorno do Parque Nacional do
Caparaó - análise comparativa de acordo com o antigo e o novo código
florestal
1 Introdução .............................................................................................................. 68
2 Metodologia ........................................................................................................... 69
2.1 Localização e caracterização da área ................................................................... 69
2.2 Materiais utilizados .............................................................................................. 70
2.2.1 BASE DE DADOS .................................................................................................. 70
2.2.2 Modelo Digital de Elevação Hidrograficamente
Condicionado.......................................... 70
2.2.3 DELIMITAÇÃO DAS APP PELO ANTIGO (LEI 4.771/65) E NOVO CÓDIGO FLORESTAL (LEI 12.727/12).. 71
2.2.4 ESPACIALIZAÇÃO MATRICIAL DAS APP CONSERVADAS ...................................................... 74
3 Resultados e Discussão ........................................................................................ 74
3.1 Análise comparativa das APP espacializadas de acordo com o antigo e o novo
código florestal ............................................................................................................ 74
3.2 Áreas de preservação permanente totais e conservadas no entorno capixaba do
Parque Nacional do Caparaó ........................................................................................ 77
4 Conclusões ............................................................................................................ 82
5 Referências bibliográficas .................................................................................. 82

Capítulo 5
Avaliação de duas metodologias distintas para o cômputo das áreas de
preservação permanente ao longo de cursos d’água
1 Introdução ............................................................................................................. 84
2 Metodologia ........................................................................................................... 86
2.1 Localização e caracterização da área ................................................................... 86
2.2 Materiais utilizados .............................................................................................. 86
3 Resultados e discussão ......................................................................................... 88
3.1 Áreas de preservação permanente calculada através da metodologia da largura
variável do curso d’água .............................................................................................. 88
3.2 Áreas de Preservação Permanente calculadas pela largura média do curso d’água .. 89
4 Conclusões ........................................................................................................... 92
5 Referências bibliográficas .................................................................................... 92

Capítulo 6
Diagnóstico da aceitação dos proprietários rurais quanto a implantação de
corredores ecológicos entre dois parques estaduais no es utilizando
geotecnologica
1 Introdução .............................................................................................................. 94
2 Metodologia ........................................................................................................... 95
3 Resultados e discussão ......................................................................................... 97

xiv
4 Conclusões ............................................................................................................ 100
5 Referências bibliográficas ..................................................................................... 100

Capítulo 7
Proposta de corredor ecológico para bacia hidrográfica do Rio Itapemirim
Estado o Espírito Santo
1 Introdução .............................................................................................................. 102
2 Metodologia ........................................................................................................... 103
3 Resultados e discussão ......................................................................................... 105
4 Conclusões ............................................................................................................ 115
5 Referências bibliográficas ...................................................................................... 115

Capítulo 8
Dinâmica da cobertura vegetal do corredor ecológico Burarama-Pacotuba-
Cafundó, ES
1 Introdução .............................................................................................................. 118
2 Metodologia ........................................................................................................... 120
2.1 Localização e caracterização da área .................................................................... 120
2.2 Procedimentos para obtenção do NDVI ................................................................. 121
2.2.1 Materiais utilizados ........................................................................................ 121
2.2.2 Correção geométrica e corte da imagem ............................................................ 122
2.2.3 Calibração radiométrica .................................................................................. 122
2.2.4 Correção atmosférica ..................................................................................... 124
2.2.5 Índice de vegetação por diferença normalizada ................................................... 125
2.3 Análise temporal dos índices de vegetação ........................................................... 125
3 Resultados e discussão ......................................................................................... 126
4 Conclusões ............................................................................................................ 131
5 Referências bibliográficas ..................................................................................... 131

Capítulo 9
Avaliação da precipitação acumulada mensal estimada por sensoriamento
remoto para o estado do Espírito Santo
1 Introdução .............................................................................................................. 134
2 Metodologia ........................................................................................................... 135
2.1 Localização e caracterização da área .................................................................... 135
2.2 Materiais utilizados .............................................................................................. 137
2.3 Metodologia de trabalho ....................................................................................... 138
3 Resultados e discussão ......................................................................................... 140
4 Conclusões ............................................................................................................ 141
5 Referências bibliográficas ..................................................................................... 142

Capítulo 10
uso do sensoriamento orbital aplicado na análise das mudanças
hidromorfológicas no rio Miranda, estado do Mato Grosso do Sul, Ms
1 Introdução .............................................................................................................. 143
2 Metodologia ........................................................................................................... 144
2.1 Localização e caracterização da área .................................................................... 144
2.2 Geologia ............................................................................................................. 145
2.3 Geomorfologia .................................................................................................... 146
2.4 Pedologia ........................................................................................................... 146
2.5 Vegetação .......................................................................................................... 147
2.6 Clima ................................................................................................................. 147
3 Resultados e discussão ......................................................................................... 150
4 Conclusões ............................................................................................................ 157

xv
5 Agradecimentos ..................................................................................................... 158
6 Referências bibliográficas ..................................................................................... 158

Capítulo 11
Modelagem de risco de incêndios em florestas naturais com o uso de
geotecnologias
1 Introdução .............................................................................................................. 160
2 Metodologia ........................................................................................................... 161
2.1 Área de estudo ................................................................................................... 161
2.2 Fatores relevantes ao risco de incêndio florestal .................................................... 162
2.2.1 Uso e ocupação da terra ................................................................................ 162
2.2.2 Topografia ................................................................................................... 163
2.2.3 Fatores socioeconômicos ............................................................................... 165
2.3 Implementação do modelo .............................................................................. 166
3 Resultados e Discussão ........................................................................................ 169
4 Conclusões ............................................................................................................ 171
5 Referências bibliográficas ..................................................................................... 172

Capítulo 12
Atropelamentos de fauna silvestre em um trecho da rodovia BR-482, Rive,
Alegre, ES
1 Introdução .............................................................................................................. 173
2 Metodologia ........................................................................................................... 174
2.1 Localização e caracterização da área ................................................................... 174
2.2 Coleta de dados e materiais utilizados .................................................................. 175
3 Resultados e discussão ......................................................................................... 176
4 Conclusões ............................................................................................................ 179
5 Referências bibliográficas ..................................................................................... 181

Capítulo 13
Análise bibliográfica e mapeamento de artigos científicos envolvendo a
cultura de café em periódicos do sudeste brasileiro
1 Introdução .............................................................................................................. 182
2 Metodologia ........................................................................................................... 183
3 Resultados e discussão ......................................................................................... 184
4 Conclusões ............................................................................................................ 207
5 Referências bibliográficas ..................................................................................... 208

Capítulo 14
Resíduos de agrotóxicos no brasil: uma análise bibliométrica
1 Introdução .............................................................................................................. 210
2 Metodologia ........................................................................................................... 212
3 Resultados e discussão ......................................................................................... 215
4 Conclusões ............................................................................................................ 228
5 Referências bibliográficas ..................................................................................... 228

Livros produzidos - Portal Mundo da Geomática ........................................ 230

xvi
ÍNDICE DE TABELAS

Capítulo 1
Tabela 1. Arquivos vetoriais poligonais auxiliares para fotointerpretação .................................................. 26
Tabela 2. Polígonos e representação da vegetação urbana da cidade de Vila Velha, ES 27
Tabela 3. Quantificação e porcentagem das classes de vegetação da cidade de Vila Velha, ES ....................... 32

Capítulo 2
Tabela 1. Chave de fotointerpretação das classes de uso e cobertura da terra presentes no entorno do
PEAMA/Ifes – Campus de Alegre, Espírito Santo, Brasil .................................................................... 44
Tabela 2. Resultados as áreas das classes de uso e cobertura da terra no entorno do PEAMA/Ifes-Campus de
Alegre, Espírito Santo, Brasil ................................................................................................... 47

Capítulo 3
Tabela 1. Descrição das métricas utilizadas para a análise da estrutura da paisagem florestal da zona de
amortecimento do PEAMA/Ifes ................................................................................................. 55

Capítulo 4
Tabela 1. Classes e caracterização das Áreas de Preservação Permanente de acordo com o antigo e novo Código
Florestal ........................................................................................................................... 73
Tabela 2. Quantificação da representatividade das Áreas de Preservação Permanente no entorno capixaba do
Parque Nacional do Caparaó ................................................................................................... 75
Tabela 3. Quantificação das Áreas de Preservação Permanente totais e conservadas na região do entorno
capixaba do Parque Nacional do Caparaó .................................................................................... 77

Capítulo 5
Tabela 1. Definição da abrangência de APP por largura de canal de drenagem......................................... 87
Tabela 2. Áreas de preservação permanentes obtidas pelos dois métodos de delimitação ............................. 88
Tabela 3. Comparativo entre o resultado do calculo das APP com largura variável com a largura média do curso
d’água ............................................................................................................................. 90

Capítulo 7
Tabela 1. Comprimento, largura e área de cada corredor ecológico proposto para conexão dos fragmentos
florestais potenciais identificados na bacia hidrográfica do rio Itapemirim, ES em ordem crescente do
comprimento...................................................................................................................... 106
Tabela 2. Uso e cobertura da terra em cada corredor proposto para a bacia hidrográfica do rio Itapemirim, ES. ...... 112

Capítulo 8
Tabela 1. Dados das imagens LANDSAT-5 TM utilizadas para aplicação dos índices de vegetação .................. 121
Tabela 2. Radiância espectral das bandas do sensor TM L5 e irradiância solar exoatmosférica média ............... 123
Tabela 3. Intervalo das classes de mudanças da cobertura vegetal ....................................................... 126
Tabela 4. Área das classes de mudança da cobertura vegetal para a subtração 2000-1990 ............................ 128
Tabela 5. Área das classes de mudança da cobertura vegetal para a subtração 2010-2000 ............................ 128

Capítulo 11
Tabela 1. Pesos e classificação atribuídos para as variáveis ............................................................... 167
Tabela 2. Matriz de comparação pareada e respectivos pesos dos fatores de influência ao risco de incêndio
florestal na área de estudo ...................................................................................................... 168
Tabela 3. Classificação de zonas de risco de fogo e área correspondente em risco ..................................... 170
Tabela 4. Principais classes de uso e ocupação da terra sob risco alto na área de estudo ............................. 170

Capítulo 12
Tabela 1. Número de atropelamentos de animais por grupos ecológicos e por quilômetro do trecho km 37,4 a 43,5,
na rodovia BR-482, sentido Cachoeiro de Itapemirim a Alegre, Espírito Santo, Brasil ................................... 179

Capítulo 13
Tabela 1. Periódicos avaliados ................................................................................................. 185
Tabela 2. Periódicos analisados, instituição sede e seus respectivos objetivos .......................................... 186
Tabela 3. Visão geral dos periódicos, número e porcentagem de volumes e artigos publicados em café
considerando apenas revistas situadas no Sudeste brasileiro .............................................................. 187

xvii
Tabela 4. Visão geral dos periódicos, volumes utilizados na presente pesquisa e período analisado relacionado a
cafeicultura ....................................................................................................................... 188
Tabela 5. Visão geral dos periódicos e dos artigos publicados por décadas e por Estados de publicação no período
de 1941 a 2012 ................................................................................................................... 189
Tabela 6. Preço médio da exportação nacional do café (verde e solúvel), 1945 – 2012 (US$/sacas de 60 Kg) ....... 191
Tabela 7. Visão geral dos trabalhos publicados envolvendo café, considerando estados no período de 1941 a
2012................................................................................................................................ 191
Tabela 8. Visão geral dos 10 municípios que se destacaram como sede do desenvolvimento dos artigos
científicos.......................................................................................................................... 194
Tabela 9. Visão geral por décadas dos estados em que foram desenvolvidos os artigos analisados no período de
1941 a 2012 ...................................................................................................................... 195
Tabela 10. Visão geral das especialidades em que foram encontradas nos artigos analisados no período de 1941 a
2012 ............................................................................................................................... 196
Tabela 11. Visão geral das espécies totais encontradas nos artigos analisados no período de 1941 a 2012 ......... 204
Tabela 12. Visão geral das espécies por décadas encontradas nos artigos analisados no período de 1941 a 2012.. 205

Capítulo 14
Tabela 1. Periódicos consultados na análise bibliométrica sobre resíduos de agrotóxicos ............................... 212
Tabela 2. Evolução do número de artigos sobre resíduos de agrotóxicos ................................................. 216
Tabela 3. Principais instituições brasileiras com atuação em pesquisas sobre resíduos de agrotóxicos ................ 217
Tabela 4. Principais autores com atuação em pesquisas sobre contaminação por resíduos de agrotóxicos ........... 221
Tabela 5. Resultado do cadastro temático do banco de dados, indicando o número de artigos em cada técnica e
aplicação .......................................................................................................................... 223

xviii
ÍNDICE DE FIGURAS

Capítulo 1
Figura 1. Localização do município de Vila Velha, ES.................................................................... 25
Figura 2. Esquema representativo para classificação das áreas verdes da cidade de Vila Velha, ES. .............. 29
Figura 3. Mapa da vegetação urbana da cidade Vila Velha, ES ......................................................... 31
Figura 4. Áreas verdes e percentual de superfície permeável na cidade de Vila Velha, ES .......................... 34
Figura 5. Porcentagem de áreas verdes e espaços livres em Vila Velha, ES .......................................... 34
Figura 6. Índice de Sombreamento Arbóreo (ISA) dos espaços livres da cidade de Vila Velha, ES ................. 36
Figura 7. Índice de Densidade Arbórea (IDA) dos espaços livres da cidade de Vila Velha, ES ...................... 37
Figura 8. ISA e IDA das praças classificadas como áreas verdes da cidade de Vila Velha, ES ..................... 38
Figura 9. Coeficiente de correlação de Pearson entre os índices arbóreos dos espaços livres do município de
Vila Velha ...................................................................................................................... 39

Capítulo 2
Figura 1. Localização do PEAMA/Ifes - Campus de Alegre em relação ao estado do Espírito Santo, Brasil ....... 42
Figura 2. Demonstração esquemática dos procedimentos executados, no programa computacional ArcMap do
ArcGis®10.2.2, para a geração do mapa do uso e da cobertura da terra no entorno do PEAMA/Ifes - Campus de
Alegre, Espírito Santo, Brasil ................................................................................................ 45
Figura 3. Mapa de uso e cobertura da terra no entorno do PEAMA/Ifes – Campus de Alegre, Espírito Santo,
Brasil ........................................................................................................................... 46

Capítulo 3
Figura 1. Mapa de localização PEAMA/Ifes - Campus de Alegre em relação ao município de Alegre, estado do
Espírito Santo, Brasil ......................................................................................................... 52
Figura 2. Esquematização da metodologia utilizada no programa computacional ArcGis® 10.2.2 .................. 57
Figura 3. Mapa dos fragmentos florestais identificados na área de estudo ............................................. 58
Figura 4. Incidência classes de natureza antrópica, como a pastagem e fios de eletricidade ........................ 59
Figura 5. Relação entre o número de fragmentos florestais e suas receptivas áreas das classes de tamanho .... 62
Figura 6. Mapa de localização dos fragmentos florestais distribuídos por classes de tamanho ...................... 63
Figura 7. Mapa de efeito de borda nos fragmentos florestais ............................................................ 64

Capítulo 4
Figura 1. Porção capixaba da Zona de Amortecimento do Parque Nacional do Caparaó ............................ 69
Figura 2. Comparação entre os critérios adotados para definição de uma elevação como morro ou montanha
em face da Lei 4.771/65 e Lei 12.727/12 ................................................................................... 72
Figura 3. Etapas metodológicas para determinação das Áreas de Preservação Permanente na zona de
amortecimento do Parque Nacional do Caparaó, ES. ..................................................................... 73
Figura 4. Etapas necessárias para análise estatística das Áreas de Preservação Permanente conservadas ...... 75
Figura 5. Mapa das Áreas de Preservação Permanente no entorno capixaba do Parque Nacional do Caparaó,
de acordo com o antigo Código Florestal (Lei 4.771/65) .................................................................. 78
Figura 6. Mapa das Áreas de Preservação Permanente no entorno capixaba do Parque Nacional do Caparaó,
de acordo com o novo Código Florestal (Lei 12.727/12). ................................................................. 79
Figura 7. Mapa das Áreas de Preservação Permanente totais e conservadas no entorno capixaba do Parque
Nacional do Caparaó, de acordo com o antigo Código Florestal (Lei 4.771/65 ......................................... 80
Figura 8. Mapa das Áreas de Preservação Permanentes totais e conservadas no entorno capixaba do Parque
Nacional do Caparaó, de acordo com o novo Código Florestal (Lei 12.727/12) ....................................... 81

Capítulo 5
Figura 1. Localização da área de estudo no estado de Minas Gerais ................................................... 86
Figura 2. APP geradas a partir da metodologia da largura variável do curso d’água ................................ 89
Figura 3. APP geradas a partir da metodologia de largura média do curso d’água.................................. 90
Figura 4. Representação das APP geradas a partir das duas metodologias ......................................... 91

Capítulo 6
Figura 1. Parques Estaduais de Forno Grande e Pedra Azul, no Estado do Espírito Santo e a localização das
propriedades entrevistadas .................................................................................................. 96

xix
Figura 2. Produção da propriedade do entorno dos Parques Estaduais de Forno Grande e Pedra Azul, ES, para
geração de renda ............................................................................................................. 97
Figura 3. Produção da propriedade do entorno dos Parques Estaduais de Forno Grande e Pedra Azul, ES, para
consumo próprio .............................................................................................................. 98
Figura 4. Porcentagens das áreas aceitas pelos proprietários do entorno dos Parques Estaduais de Forno
Grande e Pedra Azul, ES, para possível implantação dos Corredores Ecológicos .................................... 100

Capítulo 7
Figura 1. Fluxograma com as operações para a delimitação dos corredores ecológicos na bacia hidrográfica do
rio Itapemirim, ES ............................................................................................................. 105
Figura 2. Corredores ecológicos, fragmentos conexão e fragmentos com maior potencial espacial para
conservação e conexão na bacia hidrográfica do rio Itapemirim, ES .................................................... 110
Figura 3. Corredores ecológicos, fragmentos conexão e fragmentos com maior potencial espacial para
conservação e conexão na bacia hidrográfica do rio Itapemirim, ES, setor Cachoeiro/Itapemirim ................... 110
Figura 4. Corredores ecológicos, fragmentos conexão e fragmentos com maior potencial espacial para
conservação e conexão na bacia hidrográfica do rio Itapemirim, ES, setor Vargem alta/Conceição do Castelo .... 111
Figura 5. Corredores ecológicos, fragmentos conexão e fragmentos com maior potencial espacial para
conservação e conexão na bacia hidrográfica do rio Itapemirim, ES, setor Muniz Freire/Ibitirama ................... 111

Capítulo 8
Figura 1. Localização do Corredor Ecológico Burarama-Pacotuba-Cafundó, Espírito Santo ......................... 120
Figura 2. Evolução do NDVI em uma série temporal de 20 anos no Corredor Ecológico Burarama-Pacotuba-
Cafundó, Espírito Santo ...................................................................................................... 127
Figura 3. Imagem-subtração do NDVI 1990-2000 no Corredor Ecológico Burarama-Pacotuba-Cafundó, Espírito
Santo ........................................................................................................................... 127
Figura 4. Imagem-subtração do NDVI 2000-2010 no Corredor Ecológico Burarama-Pacotuba-Cafundó, Espírito
Santo ........................................................................................................................... 128
Figura 5. Composição RGB com demonstração de sombreamento na região de Burarama para os anos de 1990
(A), 2000 (B) e 2010 (C) ...................................................................................................... 129
Figura 6. Composição RGB demonstrando ganho da vegetação (cultivo de eucalipto) em trecho próximo à
RPPN Cafundó - 1990 (A), 2000 (B) e 2010 (C). .......................................................................... 130

Capítulo 9
Figura 1. Localização da área de estudo .................................................................................. 136
Figura 2. Precipitação média (a) mensal e (b) anual para o Estado do Espírito Santo ................................ 137
..........................
Figura 3. Distribuição espacial das estações meteorológicas no Estado do Espírito Santo 139
Figura 4. Raiz do Erro Médio Quadrático (REMQ) para o produto 3B43 do satélite TRMM .......................... 141

Capítulo 10
Figura 1. Área de estudo no trecho do rio Miranda, MS .................................................................. 145
Figura 2. A) Imagem Landsat5 TM de 09/1984, composição colorida (R5/G4/B3 ..................................... 148
Figura 2. B) Imagem Landsat OLI 8 de 09/2014, composição colorida (R6/G5/B4) ................................... 149
Figura 3. Foto interpretação do rio Miranda usando como base imagens: A) Landsat-5TM e B) Landsat OLI 8 ... 150
Figura 4. Rio Miranda. Presença de meandros abandonados e margem côncava e margem convexa ............. 151
Figura 5. Vazão média mensal do rio Miranda. Estação Fluviométrica Tição de Fogo de Miranda .................. 152
Figura 6. Gráfico de variação mensal histórica do nível de água do rio Miranda de 1968 a 1988 ................... 152
Figura 7. A) Imagem do Landsat-TM5 de 09/1984, B) Imagem do Landsat OLI 8 09/2014, C) possível ponto de
rompimento do canal, Base de Estudos UFMS ............................................................................ 154
Figura 8. Meandro em processo de abandono. A) Imagem do Landsat TM 5 de 09/1984, B) Imagem Landsat
OLI 8 09/2014, C) Fotografia aérea obliqua de 2014 e D) Imagem de alta resolução doSPOT ...................... 155
Figura 9. Paleocinturão de meandros em imagens Landsat de diferentes anos e estações: A) Composição
Landsat R7G4B2 para o ano de 1988, B) Mosaico Landsat R3G4B5 com Imagens de 1999 e 2000, C)
Composição Landsat R7G4B2 para o ano de 2001 e D) Composição Landsat R7G4B2 para o ano de 2011 ...... 156
Figura 10. Possível rompimento de meandro abandonado. A) Imagem do Landsat TM 5 de 09/1984, B), C)
Imagem Landsat OLI 8 09/2014 e C) Imagem de alta resolução do SPOT ............................................. 157

Capítulo 11
Figura 1. Localização da área de estudo ................................................................................... 162
Figura 2. Mapa das variáveis relevantes ao risco de incêndio florestal. (a) Uso e ocupação da terra; (b)
Orientação do relevo; (c) Declividade; (d) Proximidade a estradas; (e) Densidade populacional; (f) Proximidade a
residências. .................................................................................................................... 164
Figura 3. Mapa de zona de risco de incêndio florestal na área de estudo .............................................. 169

xx
Capítulo 12
Figura 1. Localização da área de estudo ................................................................................... 174
Figura 2. Fluxograma do desenvolvimento do experimento .............................................................. 176
Figura 3. Mapa do trecho km 37,4 a km 43,5 da rodovia BR-482 (Cachoeiro-Alegre) demonstrando os pontos de
atropelamento de animais silvestres vertebrados mortos ................................................................. 177
Figura 4. Mapa do trecho km 37,4 a km 43,5 da rodovia BR-482 (Cachoeiro – Alegre) demonstrando os pontos
de atropelamento de animais silvestres, por quilômetro, de acordo com o grupo zoológico .......................... 178
Figura 5. Registros fotográficos da fauna silvestre vertebrada encontrada morta, conforme os grupos
zoológicos: anfíbios (A e B), aves (C e D), mamíferos (D e E) e répteis (G e H) ....................................... 180

Capítulo 13
Figura 1. Fluxograma das etapas envolvidas na pesquisa desenvolvida ............................................... 184
Figura 2. Posicionamento de trabalhos em municípios e estados ....................................................... 192
Figura 3. Identificação dos estados com publicações analisadas no presente trabalho .............................. 193
Figura 4. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades trabalhadas nos artigos
publicados envolvendo a cafeicultura no período de 1941 a 1950 ...................................................... 197
Figura 5. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades trabalhadas nos artigos
publicados envolvendo a cafeicultura no período de 1951 a 1960 ....................................................... 198
Figura 6. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades trabalhadas nos artigos
publicados envolvendo a cafeicultura no período de 1961 a 1970 ....................................................... 198
Figura 7. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades trabalhadas nos artigos
publicados envolvendo a cafeicultura no período de 1971 a 1980 ....................................................... 200
Figura 8. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades trabalhadas nos artigos
publicados envolvendo a cafeicultura no período de 1981 a 1990 ...................................................... 200
Figura 9. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades trabalhadas nos artigos
publicados envolvendo a cafeicultura no período de 1991 a 2000 ...................................................... 201
Figura 10. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades trabalhadas nos artigos
publicados envolvendo a cafeicultura no período de 2001 a 2010 ...................................................... 202
Figura 11. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades trabalhadas nos artigos
publicados envolvendo a cafeicultura no período de 2011 a 2012 ...................................................... 203
Figura 12. Distribuição percentual dos trabalhos publicados de acordo com os referentes delineamentos
experimentais ................................................................................................................. 206

Capítulo 14
Figura 1. Planilha construída para o cadastramento dos artigos ........................................................ 214
Figura 2. Fluxograma metodológico das etapas necessárias para elaboração da análise bibliométrica
relacionada com resíduos de agrotóxicos .................................................................................. 215
Figura 3. Evolução temporal, espacial e temática da produção de artigos relacionados com resíduos de
agrotóxicos no Brasil entre os anos de 1997 a 2012 ...................................................................... 220
Figura 4. Distribuição espacial da produção brasileira de artigos relacionados com resíduos de agrotóxicos por
técnica empregada ............................................................................................................ 226
Figura 5. Distribuição espacial da produção brasileira de artigos relacionados com resíduos de agrotóxicos por
aplicação ...................................................................................................................... 227
Figura 6. Distribuição relativa de artigos relacionados com resíduos de agrotóxicos publicados por região do
Brasil ........................................................................................................................... 228

xxi
INTRODUÇÃO

GEOTECNOLOGIAS & ANÁLISE AMBIENTAL: APLICAÇÕES


PRÁTICAS

De acordo com evidências relatadas pelo Painel Intergovernamental sobre


Mudanças Climáticas (IPCC), diferentes setores ambientais já estão sofrendo os
impactos negativos com o advento do aquecimento global ocasionado, principalmente,
pela emissão de gases do efeito estufa.
Mesmo com os avanços tecnológicos e acordos internacionais visando reduzir a
emissão de gases do efeito estufa, os eventos extremos, como secas, enchentes, ondas
de calor e de frio, furacões e tempestades, têm afetado diferentes partes do planeta,
ocasionando enormes perdas econômicas e de vidas, além de prejuízos já observados
nos setores de saúde, agrícola, energético, econômico, dentre outros.
Sabendo que ciência pode ser definida como “A arte de descobrir como as coisas
a respeito do mundo funcionam” e tecnologia como “A ciência dos meios”, à medida que
os conhecimentos científicos são incorporados às atividades econômicas a própria
sociedade torna-se mais consciente de seus inúmeros impactos sobre a natureza e de
como esta reage às interferências.
Com o propósito de analisar o espaço geográfico por meio de técnicas
computacionais, uma nova área da ciência, definida como Geotecnologia, passa a ser
protagonista no que se refere a análise ambiental tendo como suporte outras ciências
como: topografia, cartografia, geodésia, fotogrametria, sensoriamento remoto,
geoprocessamento e sistemas de informações geográficas. Neste sentido, tarefas que
antes eram morosas e realizadas com grande dificuldade, agora podem ser
concretizadas rapidamente e com melhores resultados.
Diante do exposto, informações geotecnológicas e ambientais, de preferência
livres e de fácil acesso, oriundas de uma sociedade globalizada, tornam-se fundamentais
para o desenvolvimento sustentável de nosso planeta.

Alegre, ES, outubro de 2015.

Prof. Alexandre Rosa dos Santos


Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

22
CAPÍTULO 1

MAPEAMENTO DA VEGETAÇÃO URBANA DA CIDADE DE VILA


VELHA, ES
Felício Santos de Oliveira
Alexandre Rosa dos Santos
Aderbal Gomes da Silva
José Marinaldo Gleriani
Wantuelfer Gonçalves
Thaisa Ribeiro Teixeira
Getúlio Fonseca Domingues
Carlos Antonio A. Soares Ribeiro
Elvis Ricardo Figueira Branco
Rosane Gomes da Silva
Raphael Lima Dalfi
Marks Melo Moura

1 Introdução

A presença de vegetação nas cidades é essencial na estrutura e dinâmica da


paisagem urbana, pois devido às suas características, melhora a qualidade de vida da
população e a condição ambiental das cidades (LIMA NETO, 2011). É inquestionável o
papel das árvores no bem-estar das comunidades urbanas. Sua capacidade única de
controlar efeitos adversos do meio urbano contribui para uma significativa melhora da
qualidade de vida (VOLPE-FILIK et al., 2007). O acesso a ambientes arborizados no
interior das cidades é uma necessidade humana fundamental (THOMPSON, 2002),
sendo que a inclusão de áreas verdes no planejamento das cidades tem se tornado um
direito do cidadão (SANESI e CHIARELLO, 2006).
Carneiro e Mesquita (2000), afirmam inexistir práticas consagradas do tratamento
da paisagem urbana como um todo, incluindo os espaços livres. A falta de planejamento
socioambiental, como exemplo, o crescimento desordenado das cidades litorâneas
brasileiras, têm trazido muitos danos ao ambiente e conduzido à perda de qualidade
ambiental, como é observado no município de Vila Velha, Espírito Santo (OLIVEIRA e
LIMA, 2003).
Vila Velha é a cidade mais populosa do estado do Espírito Santo, localizada ao
Sul da capital. Com 458.489 habitantes, segundo estimativa feita pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE, 2013), a cidade registrou aumento populacional entre
os anos de 1991 e 2013 de aproximadamente 70%.
Vila Velha consolidou-se em um território ambientalmente fragilizado, onde as
estruturas urbanas, devido, principalmente, as questões econômicas enfrentadas pelo
município e seu intenso crescimento populacional, colaboraram com uma ocupação do
território onde o planejamento urbano não foi capaz de controlar e prevenir que áreas

23
impróprias à ocupação fossem habitadas. Ainda que haja, atualmente, um aparato legal
que oriente a ordenação do território, o crescimento pelo qual passou o município e que
ainda se anuncia, demonstra um grande conflito entre os espaços construídos, os
espaços livres e as áreas naturais (GARCIA, 2011).
De acordo com Baseggio et al. (2006), levantamentos sobre recursos naturais e
uso da terra são de fundamental importância como subsídios ao planejamento,
monitoramento e controle do processo de ocupação do solo. O mesmo autor afirma que o
sensoriamento remoto orbital tem se mostrado uma ferramenta eficaz para pesquisas
dessa natureza, uma vez que possibilita em curto espaço de tempo a obtenção de uma
grande quantidade de informações. Afirma ainda, que aliado ao geoprocessamento, o
sensoriamento remoto constitui uma tecnologia imprescindível ao estudo e análise de
variações ambientais terrestres, como por exemplo, os padrões de estrutura espacial da
cobertura vegetal intraurbana.
Diante do exposto, o presente estudo visa conhecer a situação em que se
encontra a distribuição da vegetação urbana da cidade de Vila Velha, mapeando-a e
classificando-a em diferentes classes de vegetação, bem como identificar áreas verdes
no município e gerar índices de qualidade ambiental, utilizando geotecnologias.

2 Metodologia

2.1 Área de estudo

O estudo foi realizado nas áreas urbanizadas da cidade de Vila Velha, estado do
Espírito Santo, pertencente à Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), situada
entre as latitudes de 20°19’ e 20°32’ Sul e longitudes de 40°16’ e 40°24’ Oeste. Estas
áreas urbanizadas (área de estudo) representam 49,35 km², e a área total do município é
de 129,86 km² (Figura 1).
A cidade de Vila Velha está inteiramente localizada no bioma Mata Atlântica
(IBGE, 2013), sendo a vegetação típica de floresta tropical, com presença de áreas de
mangue e restinga (PMVV, 2013). O clima é tipo Aw, Tropical Úmido com Inverno seco,
segundo a classificação de Köppen (1928), apresentando temperatura média anual em
torno de 24,7°C e precipitações pluviométricas distribuídas entre os meses de outubro e
janeiro (INMET, 2013).

24
Figura 1. Localização do município de Vila Velha, ES.

2.2 Banco de dados

Para elaboração do mapa de vegetação urbana da cidade de Vila Velha foram


realizadas as digitalizações em tela de 26 imagens oriundas do satélite GeoEye,
referentes ao ano de 2013, e obtidas pelo aplicativo computacional Google Maps
Downloader. Cada uma abrange uma área de 6,25 km² de visualização, com resolução
espacial de 0,41 m.
Visando aumentar o poder de decisão e melhor definição das características das
classes de vegetação urbana durante o processo de fotointerpretação, foram adquiridos e
adicionados às imagens, arquivos vetoriais poligonais disponibilizados pelo Instituto
Jones dos Santos Neves para o estado do Espírito Santo. Os respectivos arquivos, bem
como o ano de publicação dos mesmos, encontram-se descritos na Tabela 1.

25
Tabela 1. Arquivos vetoriais poligonais auxiliares para fotointerpretação
Arquivos Shapefile Ano
Limite entre Comunidades 1994
Ottobacias Hidrográficas 2008
Área Efetivamente Urbanizada 2010
Eixo de Logradouro 2010
Aeródromos 2010
Equipamentos de Ensino 2010
Equipamentos de Saúde 2010
Equipamentos de Segurança 2010
Equipamentos de Assistência Social 2010
Limite entre Macrorregiões 2010
Limite entre Microrregiões 2010
Sistema de Dutos 2010
Sistema Ferroviário 2010
Sistema Rodoviário 2010
Mapeamento Geomorfológico 2012
Cemitérios 2010
Limite entre Bairros nos Municípios 2012
Limite Distrital 2013
Limite Municipal 2013
Fonte: o autor.

2.3 Mapeamento da vegetação urbana

Visando conhecer a distribuição da vegetação urbana da cidade de Vila Velha e


gerar o mapeamento da mesma, foram identificados e espacializados 16 polígonos
referentes aos tipos de vegetação e seus limites, conforme descritos na Tabela 2.
A digitalização das feições e características desejadas foram realizadas utilizando-
se técnicas de sensoriamento remoto no aplicativo computacional ArcGIS 10.2 e durante
o processo da fotointerpretação via tela na escala 1:1.000 m, foram considerados
elementos como forma, tamanho, padrão, textura e tonalidade, identificando maciços
verdes, espaços livres e árvores individuais baseado no diâmetro das copas.

26
Tabela 2. Polígonos e representação da vegetação urbana da cidade de Vila
Velha, ES
(Continua)
Representação
Feição Descrição
gráfica

1. Limites de parques Contorno das áreas dos parques

Árvores isoladas presentes nos


2. Árvores de parques
parques urbanos

3. Gramado de parques Piso gramado dos parques urbanos

Maciços de vegetação presentes nos


4. Fragmentos de parques
parques urbanos

5. Limites de praças Contorno das áreas das praças

6. Árvores de praças Árvores isoladas presentes nas praças

7. Gramado de praças Piso gramado nas praças

Conjunto de árvores que formam


8. Fragmentos de praças maciços de vegetação presentes nas
praças

Árvores isoladas presentes na orla


9. Arborização da orla
marítima

Árvores de acompanhamento viário de


10. Arborização viária
calçadas e canteiros

27
Tabela 2. Polígonos e representação da vegetação urbana da cidade de Vila
Velha, ES
(Conclusão)

Arborização de instituições de ensino,


11. Arborização privada saúde, segurança, assistência social,
industriais, comerciais e recreativos

Árvores nos quintais das casas e nos


12. Arborização residencial
conjuntos residenciais

Árvores isoladas presentes nos


13. Arborização de cemitérios
cemitérios

Áreas de mangue, restinga e


14. Fragmentos florestais
reflorestamento

Campos de futebol, canteiros, jardins


15. Gramado públicos, trevos e rotatórias com
superfície gramada

Terrenos ou lotes sem uso e ocupação


16. Terrenos baldios
da terra, inseridos na zona urbana

Fonte: Souza (2011), adaptado pelo autor.

Após a conclusão da etapa de fotointerpretação da vegetação em arquivos


vetoriais poligonais, foram realizados os agrupamentos destes polígonos e a mensuração
das áreas que ocupam na cidade por meio de calculadora de mapas, possibilitando a
geração do mapa de vegetação urbana da cidade de Vila Velha, ES.

2.4 Índices de arborização

2.4.1 Índices de Áreas Verdes (IAV)

A etapa de identificação das áreas verdes urbanas teve início com a obtenção do
mapeamento da vegetação urbana da cidade de Vila Velha. Com base nos limites e nas
combinações da cobertura vegetal de cada localidade foi quantificada a porcentagem da

28
área com solo livre de edificações ou coberturas impermeabilizantes por meio da
ferramenta de calculadora de mapas.
A classificação proposta consiste num processo de seleção das áreas estudadas
em conformidade aos critérios estabelecidos na concepção de áreas verdes adotada no
presente trabalho (Figura 2).

Figura 2. Esquema representativo para classificação das áreas verdes da cidade de


Vila Velha, ES. Fonte: Buccheri e Nucci (2006), adaptado pelo autor.

29
De acordo com o fluxograma metodológico apresentado na Figura 2, o Índice de
Áreas Verdes (IAV) foi calculado por meio da seguinte equação:

AV
IAV  (eq. 1)
NH

Em que,
IAV: índice de áreas verdes (m²/habitante);
AV: área verde (m²); e
NH: número de habitantes (habitantes).

2.4.2 Índice de Sombreamento Arbóreo (ISA)

O Índice de Sombreamento Arbóreo (ISA) é o percentual de área sombreada em


relação à área total. O resultado obtido é o potencial de sombra resultante da soma das
áreas de copa arbórea, que por sua vez é estimada pela composição de polígonos
delimitados no processo do mapeamento. O ISA foi calculado por meio da seguinte
equação.

 As 
ISA     100 (eq. 2)
 A

Em que,
ISA: índice de sombreamento arbóreo (%);
As: área sombreada (m²); e
A: área total (m²).

2.4.3 Índice de Densidade Arbórea (IDA)

O Índice de Densidade Arbórea (IDA) é o número de árvores existentes em cada


100 m². Logo, o valor obtido representará um déficit ou abastecimento da arborização no
ambiente. O IDA foi calculado por meio da seguinte equação:

30
N
IDA     100 (eq. 3)
A
Em que,
IDA: índice de densidade arbórea (árvore/m²);
N: número de árvores em cada 100 m²; e
A: área total (m²).

3 Resultados e discussão

3.1 Mapeamento da vegetação urbana da cidade de Vila velha, ES

Uma vez estabelecidas as 16 classes de vegetação urbana presentes no


mapeamento e procedendo-se a fotointerpretação e quantificação das mesmas, obteve-
se o mapa da vegetação urbana da cidade de Vila Velha, ES (Figura 3).

Figura 3. Mapa da vegetação urbana da cidade Vila Velha, ES. Fonte: o autor.

31
A quantificação em hectares (ha) e porcentagem de cada classe de vegetação
urbana em relação à área mapeada e à área de estudo podem ser observadas na Tabela
3.

Tabela 3. Quantificação e porcentagem das classes de vegetação da cidade de Vila


Velha, ES

Relação à área Relação à área


Classes de vegetação Área (ha)
urbanizada (%) mapeada (%)
1. Limites de praças 14,89 0,3 0,71
2. Limites de parques 556,2 11,27 26,66
3. Gramado 55,24 1,12 2,65
4. Gramado de praças 2,59 0,05 0,12
5. Gramado de parques 1,3 0,03 0,06
6. Fragmentos florestais 209,05 4,24 10,02
7. Fragmentos de praça 0,48 0,01 0,02
8. Fragmentos de parques 553,16 11,21 26,51
9. Árvores de praças 3,5 0,07 0,17
10. Árvores de parques 1,75 0,04 0,08
11. Arborização viária 65,34 1,32 3,13
12. Arborização da orla 3,74 0,08 0,18
13. Arborização residencial 194,3 3,94 9,31
14. Arborização privada 26,31 0,53 1,26
15. Arborização de cemitérios 1,51 0,03 0,07
16. Terrenos baldios 397,03 8,04 19,03
Total das classes mapeadas 2.086,39
Total da área urbanizada 4.935,64

Foram identificados e mapeados 2.086,39 hectares de vegetação urbana,


distribuídos em 16 classes da cidade de Vila Velha. Esse número corresponde a 42,27%
da área de estudo ou áreas urbanizadas do município.
Destaca-se em relação a maior ocorrência de áreas, a classe de Limites de
parques com 556,20 hectares, representando 26,66% do total mapeado. Este número se
deve, em maioria, às Unidades de Conservação e áreas protegidas do município, como
podemos citar: Morro da Penha, Morro do Moreno, Parque Natural Municipal do
Jacarenema, Parque Natural Municipal Morro da Mantegueira e Monumento Natural
Morro do Penedo, cujos fragmentos florestais inseridos nas mesmas somam 553,16
hectares, representando 26,51% do total mapeado. Muitas destas áreas encontram-se
inseridas no ambiente urbano e em constante conflito com a urbanização, sobretudo no
que diz respeito à fauna e flora presentes nas mesmas.
Souza (2011) encontrou para o mapeamento da vegetação do município de
Vitória, os Fragmentos florestais como a maior classe de ocorrência, totalizando 67,28%

32
da área mapeada. Para o mapeamento da vegetação urbana de Vila Velha, esta mesma
classe de Fragmentos florestais totalizou 209,05 hectares que corresponde à 10,02% das
áreas mapeadas, sendo uma das mais relevantes.
A classe Terrenos baldios, com 19,03% da área total mapeada, representa um
dado importante para este estudo, pois estas áreas se encontram, sobretudo nos bairros
novos e na periferia, portanto ainda em desenvolvimento, retratando a continuidade do
crescimento da cidade e da urbanização dos espaços anteriormente naturais.
Tratando das classes de arborização, observa-se que a Arborização residencial foi
a classe de maior representatividade (9,31%), seguida pelas classes de Arborização
viária (3,13%), Arborização privada (1,26%), Arborização da orla (0,18%) e Arborização
de cemitérios (0,07%).

3.2 Áreas verdes

No processo de identificação das áreas verdes urbanas conforme a metodologia


proposta e adotada no presente trabalho, em princípio, foram fotointerpretados e
registrados durante o mapeamento da vegetação urbana de Vila Velha quarenta e dois
espaços livres urbanos, representados pelas classes Limites de praças e Limites de
parques.
Dentre os 42 (quarenta e dois) espaços livres avaliados, 09 (nove) foram
classificados como áreas verdes urbanas e suas localizações na área de estudo são
ilustradas na Figura 4.
Constata-se que as áreas verdes urbanas da cidade de Vila Velha representam
apenas 21,43% do total de espaços livres do município, conforme ilustrado na Figura 5.
Cerca de 21,43% dos espaços livres da cidade de Vila Velha foram classificados
como áreas verdes. Esta proporção pode ser considerada baixa se comparada com o
estudo realizado por Buccheri e Nucci (2006), no bairro Alto da XV em Curitiba, PR, onde
foram encontrados 42,85% de áreas verdes dentre os espaços livres encontrados.
Este percentual de áreas verdes encontrado evidencia que a maioria das praças e
parques urbanos da cidade Vila Velha apresenta baixas concentrações de cobertura
natural (piso gramado, arborização). Porém, este valor poderá aumentar se forem
adotadas medidas e políticas públicas que visem a modificação do atual modelo
encontrado.
Ainda pela mesma avaliação, constatou-se que, se o critério para determinação das
áreas verdes em relação à porcentagem de superfície permeável fosse de 60%, teríamos
26,19% de áreas verdes na cidade, obtendo um acréscimo apenas 4,76%.

33
Figura 4. Áreas verdes e percentual de superfície permeável na cidade de Vila
Velha, ES. Fonte: o autor.

21,43%

78,57%

ESPAÇOS LIVRES ÁREAS VERDES

Figura 5. Porcentagem de áreas verdes e espaços livres em Vila Velha, ES. Fonte: o
autor.

34
3.2.1 Índice de Áreas Verdes (IAV)

O Índice de Áreas Verdes (IAV) obtido para Vila Velha foi de 17,56 m²/habitante.
O IAV é a relação entre as áreas verdes e o número de habitantes do município e é muito
utilizado como um indicador de qualidade ambiental. Este valor está acima do mínimo de
15 m²/habitante para áreas verdes públicas, sugerida pela Sociedade Brasileira de
Arborização Urbana.
Ainda que o IAV obtido para a cidade de Vila Velha seja promissor, é importante
ressaltar que este índice gera um valor para toda cidade, e não para cada rua, bairro ou
região. No presente estudo, por exemplo, as 09 áreas verdes públicas encontradas estão
distribuídas por apenas 09 bairros dentre os 92 existentes. Nesse cenário, mais de 90%
dos bairros não pode usufruir diariamente dos benefícios das áreas supracitadas e,
portanto, não se enquadram numa situação de aumento da qualidade ambiental. Isso
reforça a importância de uma boa distribuição do sistema de áreas verdes no meio
urbano.
Em estudos relacionados às áreas verdes e praças públicas, Lindennaier e Santos
(2008) encontraram um índice de 3,33 m²/habitante para a cidade de Cachoeira do Sul,
Rio Grande do Sul; Harder et al. (2006) encontraram 2,19 m²/habitante para a cidade de
Vinhedo, São Paulo; Souza (2011) encontrou o baixo índice de 0,91 m²/habitante para a
cidade de Vitória, ES.

3.3 Índices de Densidade Arbóreos (IDA) e Índice de Sombreamento Arbóreos (ISA)

Visando encontrar parâmetros para avaliação dos espaços livres mapeados,


foram identificadas 37 (trinta e sete) praças públicas na cidade de Vila Velha, as quais
foram avaliadas em relação aos Índices de Densidade Arbórea (IDA) e Índice de
Sombreamento Arbóreo (ISA).
O Índice de Sombreamento Arbóreo (ISA) dos espaços livres da cidade de Vila
Velha, ES é apresentado na Figura 6.
De acordo com os resultados apresentados, observa-se que 15 praças públicas
(40,5%) possuem ISA acima de 30%, valor recomendado para bairros com função
comercial. Apenas 09 (24,3%) destas praças possuem ISA acima de 50%, valor
recomendado para bairros com função residencial. A maioria das praças públicas (22
praças - 60,5%) possuem ISA abaixo de 30%, não se enquadrando nos perfis ideais para
bairros com características comerciais e residenciais.

35
O Índice de Densidade Arbórea (IDA) dos espaços livres da cidade de Vila Velha,
ES é apresentado na Figura 7.

Praça de Vila Nova


Praça Cristalina
Praça Ulisses Guimarães
Praça do Desbravador
Praça Josué Jair Eller
Praça Domício Mendes
Praça de Santa Paula II
Praça de Santa Mônica Popular
Praça Haroldo Rosa
Praça Benedito de Oliveira Trabach
Praça Deonila Dadalto
Praça Getúlio Vargas
Praça Virgínia
Praça Leopoldina Cândida Dias
Praça Beira Mar
Praça Jardim Asteca
Praça Deus Pai
Praça de Jardim Marilândia
Praça de Jardim Guadalajara
Praça Rubens Ximenes
Praça Jardineira
Praça das Camélias
Praça Agenor Moreira
Praça Regina Friger Furno
Praça São João Batista
Praça de Ilha dos Ayres
Praça Ralth Salles
Praça Assis Chateaubriand
Praça Manoel Ferreira Rangel
Praça Engenheiro Siqueira
Praça do Coqueiral
Praça Vereador Sebastião Cibien
Praça Duque de Caxias
Praça Almirante Tamandaré
Praça Pedro Valadares
Praça José Vereza
Praça de Araças
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
ISA (%)

Figura 6. Índice de Sombreamento Arbóreo (ISA) dos espaços livres da cidade de


Vila Velha, ES. Fonte: o autor.

36
Praça de Vila Nova
Praça Cristalina
Praça Ulisses Guimarães
Praça do Desbravador
Praça Josué Jair Eller
Praça Domício Mendes
Praça de Santa Paula II
Praça de Santa Mônica Popular
Praça Haroldo Rosa
Praça Benedito de Oliveira Trabach
Praça Deonila Dadalto
Praça Getúlio Vargas
Praça Virgínia
Praça Leopoldina Cândida Dias
Praça Beira Mar
Praça Jardim Asteca
Praça Deus Pai
Praça de Jardim Marilândia
Praça de Jardim Guadalajara
Praça Rubens Ximenes
Praça Jardineira
Praça das Camélias
Praça Agenor Moreira
Praça Regina Friger Furno
Praça São João Batista
Praça de Ilha dos Ayres
Praça Ralth Salles
Praça Assis Chateaubriand
Praça Manoel Ferreira Rangel
Praça Engenheiro Siqueira
Praça do Coqueiral
Praça Vereador Sebastião Cibien
Praça Duque de Caxias
Praça Almirante Tamandaré
Praça Pedro Valadares
Praça José Vereza
Praça de Araças
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6
IDA (%)

Figura 7. Índice de Densidade Arbórea (IDA) dos espaços livres da cidade de Vila
Velha, ES. Fonte: o autor.

De acordo com os resultados, observa-se que apenas 07 praças públicas da


cidade de Vila Velha (20%) possuem o IDA superior a 1,0, ou seja, possuem no mínimo
01 (uma) árvore a cada 100 m² de praça. Para Simões et al. (2001), o índice considerado
adequado é de 7 a 10 indivíduos para cada 100 m². Logo, os índices encontrados no

37
presente estudo revelam a necessidade de implantação de indivíduos arbóreos para
manutenção das áreas verdes urbanas da cidade de Vila Velha, ES.
Na Figura 8 são apresentados os índices (ISA e IDA) das praças da cidade de Vila
Velha que foram consideradas áreas verdes no mapeamento realizado.

87,93
83,15
100 79,07
73,94
90
80
70
60
50
%40

30
20 ISA
10 1,06 0,57 1,00 0,71
IDA
0
Praça José Praça Praça de Praça Josué
Vereza Almirante Jardim Jair Eller Índices
Tamandaré Guadalajara arbóreos

Praças públicas consideradas áreas verdes

Figura 8. ISA e IDA das praças classificadas como áreas verdes da cidade de Vila
Velha, ES. Fonte: o autor.

De acordo com os resultados, conclui-se que as 04 praças que foram


classificadas como áreas verdes são as únicas que apresentam ISA maior que 70%,
sendo elas: Praça Josué Jair Eller (79,07%), Praça de Jardim Guadalajara (83,15%),
Praça Almirante Tamandaré (73,94%) e Praça José Vereza (87,93%). Já o IDA das
mesmas praças não foram os maiores observados e apenas duas delas possuem uma
árvore a cada 100 m².
As correlações entre os índices arbóreos e o percentual de área permeável,
necessário para identificação das áreas verdes, estão apresentadas na Figura 9.
Dentre os índices arbóreos avaliados para o presente estudo, o Índice de
Sombreamento Arbóreo (ISA) está diretamente relacionado com a identificação das áreas
verdes urbanas, apresentando uma correlação positiva (0,8). Uma vez que as praças

38
públicas que apresentaram este índice acima de 70% foram as únicas classificadas como
áreas verdes urbanas conforme a metodologia aplicada, este é um importante parâmetro
a ser adotado para esta finalidade.
Os resultados vão de encontro aos de Callejas et al. (2014), que calculou os
índices arbóreos em ambientes escolares. O ISA, o IDA e o IAV guardam certa relação
entre si, visto que ao se calcular o ISA e o IAV a partir do IDA igual a 1,0, praticamente
encontrou-se os valores ideais sugeridos na literatura para estes índices.

Figura 9. Coeficiente de correlação de Pearson entre os índices arbóreos dos


espaços livres do município de Vila Velha. Fonte: o autor.

4 Conclusões

 O uso de geotecnologias, bem como imagens com maior resolução espacial,


mostrou-se eficiente para o mapeamento da vegetação urbana da cidade de Vila
Velha, possibilitando uma visualização mais detalhada das classes de vegetação;
 Ao todo, foram mapeados 20,86 km² de vegetação urbana, distribuídas em 16
classes, e que correspondem a 42,27% das áreas urbanizadas da cidade de Vila
Velha;
 Foram identificadas 09 (nove) áreas verdes dentre os 42 (quarenta e dois) espaços
livres mapeados e avaliados;
 O Índice de Áreas Verdes (IAV) encontrado para a cidade de Vila Velha foi de 17,56
m²/habitante, acima do índice preconizado pela Sociedade Brasileira de Arborização
Urbana;
 Embora o IAV seja satisfatório para a população total do município, a distribuição das
áreas verdes é ruim, pois são encontradas em apenas 09 (nove) dentre os 92

39
(noventa e dois) bairros existentes do município, ou seja, 90,22% dos bairros e seus
moradores não são contemplados pelos benefícios destas áreas.
 Para o estudo realizado no município de Vila Velha, encontrou-se que o Índice de
Sombreamento Arbóreo (ISA) pode ser adotado como parâmetro para a identificação
das áreas verdes urbanas.

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Piracicaba/SP através de parâmetros qualitativos. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Piracicaba,
v. 2, n. 1, p. 34 - 43, 2007.

40
CAPÍTULO 2

USO E COBERTURA DA TERRA NO ENTORNO DO PÓLO DE


EDUCAÇÃO AMBIENTAL/IFES-CAMPUS DE ALEGRE

Taís Neves Calabianqui


Jéferson Luiz Ferrari
Karla Maria Pedra Abreu

1 Introdução

O conhecimento do uso e da cobertura da terra de uma localidade constitui


importante ferramenta de planejamento e gestão dos recursos naturais. Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2006), o levantamento de uso e da
cobertura da terra comporta o mapeamento e a análise da forma de uso e ocupação do
espaço geográfico, o que possibilita a avaliação da capacidade de suporte ambiental e a
identificação de alternativas promotoras de sustentabilidade. O referido levantamento é
de suma importância, na medida em que o uso desordenado dos recursos naturais
acarreta efeitos que causam a deterioração do ambiente (LORENA, 2013;
NASCIMENTO, 2013; NUNES, 2014).
Dentre as várias técnicas que podem ser utilizadas no levantamento do uso e
cobertura da terra destaca-se a integração do Sistema de Informações Geográficas (SIG)
com os dados de Sensoriamento Remoto (BLASCHKE e LANG, 2009). Segundo esses
autores as atividades humanas estão diretamente relacionadas com o tipo de
revestimento do solo e, o sensor remoto, apesar de não visar o registro da atividade
diretamente, permite reconhecer, por meio de fotografias aéreas e imagens orbitais, as
características da superfície da terra que retratam o revestimento do solo.
O foco deste trabalho trata-se do conhecimento do uso e cobertura da terra que
circunda o Pólo de Educação Ambiental da Escola Agrotécnica Federal de Alegre
(EAFA), hoje Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) – Campus de Alegre, um dos seis
pólos regionais de educação ambiental da Mata Atlântica do Espírito Santo (IEMA, 2015).
Conhecer a forma de ocupação desse espaço geográfico permitirá ao Pólo aprimorar as
suas atividades educativas e ambientais, que são, entre outras, o levantamento de
problemas ambientais, a criação de alternativas para a solução desses problemas e a
realização de treinamentos, oficinas, capacitação, apoio a atividades escolares. Desta
forma, este trabalho teve como objetivo qualificar e quantificar o uso e a cobertura da
terra no entorno do PEAMA/Ifes - Campus de Alegre, por meio da integração de SIG com
os dados de Sensoriamento Remoto.

41
2 Metodologia

2.1 Localização e caracterização da área

O Pólo de Educação Ambiental da Escola Agrotécnica Federal de Alegre (EAFA),


ao qual nos referimos como PEAMA/Ifes – Campus de Alegre fica localizado no município
de Alegre, Sul do estado do Espírito Santo (Figura 1), Brasil, nas coordenadas
geográficas de 20º45’46”S, 41º 27’44” O e 220m de altitude.

Figura 1. Localização do PEAMA/Ifes - Campus de Alegre em relação ao estado do


Espírito Santo, Brasil.

Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é “Cwa” tropical quente


úmido, com inverno frio e seco, possuindo temperatura média anual de 23,1ºC com
precipitação média anual de 1.341 mm.
O PEAMA/Ifes – Campus de Alegre foi criado em 1992 e abrange uma área
aproximada de 70 hectares, sendo 40 hectares composta por mata secundária e
capoeira, visto que o fragmento encontra-se em idades e processos regenerativos
distintos, devido à sua utilização em meados da década de 60 para a exploração
madeireira, cafezais e pastagem, estes sob regeneração a partir da década de 80
(LORENZONI, 2013).

42
2.2 Materiais utilizados

O levantamento do uso e da cobertura do solo foi realizado no Laboratório de


Geoprocessamento do Ifes – Campus de Alegre, no período de Outubro a Novembro de
2014. Inicialmente, criou-se um banco de dados geoespaciais compostos pelo arquivo
vetorial do estado do Espírito Santo e pela ortofoto local do ortofotomosaico Vale/IEMA,
referente ao ano de 2007/2008, na escala 1/15.000 e com resolução espacial de 1 metro.
O arquivo vetorial foi obtido pelo Sistema Integrado de Bases Geoespaciais do Estado do
Espírito Santo (Geobases) e a ortofoto foi disponibilizada pelo Instituto Estadual do Meio
Ambiente (IEMA).
A estruturação do banco de dados geoespaciais bem como o processamento dos
dados foram realizados no programa computacional ArcMap do ArcGis®10.2.2 (ESRI,
2014). O primeiro procedimento do processamento foi à obtenção do arquivo vetorial do
PEAMA/Ifes - Campus de Alegre, criado por meio da técnica de fotointerpretação sobre a
ortofoto local, na escala 1: 2000. Em seguida, foi delimitada a área de estudo pela
aplicação de um buffer de 3 km (3.000 m), sendo essa área denominada Zona de
Amortecimento.
Com a área de estudo definida, foi feita uma análise visual detalhada de todas as
classes de uso e cobertura da terra presentes na Zona de Amortecimento. Após esse
reconhecimento foram identificadas quinze (15) classes de uso e cobertura da terra e
elaborada uma chave de fotointerpretação para facilitar a diferenciação dos padrões
texturais de cada classe de uso e cobertura da terra (Tabela 1). Os princípios para a
escolha, definição e padronização das classes de uso e cobertura foram baseados no
Manual Técnico de Uso da Terra (IBGE, 2006), com apoio do glossário de termos usado
em atividades agropecuárias, florestais e ciências ambientais (ORMOND, 2006).
De posse da chave de fotointerpretação foi feita a digitalização das feições de
cada classe de uso e cobertura da terra. A escala utilizada foi escala padrão em 1:2.000.
A escolha dessa classe foi baseada na instância dos objetos do trabalho e do tamanho
da área a ser mapeada. Concluída a etapa da fotointerpretação, foi gerado o mapa de
uso e cobertura da terra no entorno do PEAMA/Ifes - Campus de Alegre, na escala de
1:45.000, tomando como referência o Datum Soulth American Datum 1969 (SAD 69) e
sistema de coordenadas Universal Transversa de Mercator. A Figura 2 mostra um
fluxograma que resume todos os procedimentos realizados para o mapeamento do uso e
cobertura da terra no entorno do PEAMA/Ifes – Campus de Alegre.

43
Tabela 1. Chave de fotointerpretação das classes de uso e cobertura da terra
presentes no entorno do PEAMA/Ifes – Campus de Alegre, Espírito
Santo, Brasil.
(continua)
Classes de uso e Recorte da classe
cobertura da Descrição na ortofoto,
terra escala 1:2000
Remanescente de mata atlântica (são áreas de
Fragmento
vegetação nativa contínua, interrompidas por
florestal
ações do homem ou natural).

Vegetação que surge após a destruição da


Capoeira cobertura vegetal primitiva (ação antrópica para
uso agrícola ou pecuário, e posterior abandono).

Áreas onde houve interveção humana para uso


da terra, descaracterizando a vegetação primária,
Pastagem quando abandonadas, ficam sujeitos a
regeneração natural, de acordo com o tempo e
uso.

Área Áreas destinadas aos cultivos de culturas anuais,


agriculturada I hortaliças e capineiras.

Área Áreas destinadas aos cultivos de culturas


agriculturada II perenes.

Estrada não
Via de acesso com cobertura de terra batida.
pavimentada

Estrada Via de acesso com cobertura asfáltica ou


pavimentada granítica.

Construções ou Construções civis direcionadas para habitação ou


edificações comércio.

Caracterizado pela edificação contínua e pela


existência de infraestrutura urbana, que
Área urbanizada
compreende ao conjunto de serviços públicos que
possibilitam a vida da população.

Corpos d’água Rios, córregos, lagos, lagoas.

44
Tabela 1. Chave de fotointerpretação das classes de uso e cobertura da terra
presentes no entorno do PEAMA/Ifes – Campus de Alegre, Espírito
Santo, Brasil.
(conclusão)

Silvicultura Cultura de essências florestais.

Consiste na retirada da vegetação de uma


Solo exposto determinada área, alterando a paisagem e
contribuindo no enfraquecimento do solo.

Árvores cujas copas não possuem contato entre


Árvores isoladas si, sendo caracterizadas por estarem situadas
fora das fisionomias vegetais ou florestais.

Material rochoso Concreções rochosas visíveis.

Áreas baixas, onde a água não possui algum tipo


Áreas alagadas de vazão, ficando acumulada sob a superfície,
gerando a formação de alagados (água parada).

Figura 2. Demonstração esquemática dos procedimentos executados, no programa


computacional ArcMap do ArcGis®10.2.2, para a geração do mapa do uso
e da cobertura da terra no entorno do PEAMA/Ifes - Campus de Alegre,
Espírito Santo, Brasil.

45
3 Resultados e discussão

Na Figura 3 é apresentada a distribuição espacial das quinze classes de uso e


cobertura da terra no entorno do PEAMA/Ifes – Campus de Alegre. Nota-se que as
classes de pastagem e de solo exposto encontram-se presente em todos os quadrantes
da Zona de Amortecimento. Verifica-se também que, próximo ao PEAMA/Ifes - Campus
de Alegre há a presença de uma área urbanizada, representada pelo distrito de Rive,
município de Alegre.

Figura 3. Mapa de uso e cobertura da terra no entorno do PEAMA/Ifes – Campus de


Alegre, Espírito Santo, Brasil.

Os valores de área (ha), perímetro (m) e porcentagem da área de cada classe é


mostrada na Tabela 2. Verifica-se que a área da Zona de Amortecimento corresponde a
3.894,06 ha, ou seja, 38,941 km². Na quantificação das áreas de maior ocupação obteve-
se maior representatividade de pastagem totalizando 1.870,58 ha (48,04%). Oliveira
(2010) destaca a predominância da pecuária leiteira na região e a carência de cuidados
nas pastagens. Um estudo elaborado por Pirovani (2014) relata a comparação das
classes de uso e ocupação da terra em duas diferentes épocas (1970 e 2007) no entorno
da RPPN Cafundó, tendo como resultado a predominância por pastagens. Segundo a

46
referida autora, o grande problema é a realização de práticas inadequadas de manejo
gerado pelo superpastoreio a compactação do solo e solos expostos.
A exposição do solo chega a 7,55% em áreas degradadas devido ao mau uso da
terra sendo frequente, perto dos cursos d’água, a ausência de fragmentos florestais.
Áreas essas que deveriam ser destinadas à preservação ambiental (COUTINHO, 2013).
Essa realidade tem como consequência um solo desprotegido, o que aumenta a
possibilidade do assoreamento dos rios, solo e do transporte de substâncias químicas e
orgânicas para os corpos d’água (SILVA, 2004).
Apesar da economia do município ser pautada na bovinocultura e cafeicultura,
nesse perímetro a Área agricultada II (culturas perenes) foi representada por apenas
3,62% e a soma total das classes destinadas à agricultura (perenes e anuais) chegam a
4,67%.

Tabela 2. Resultados as áreas das classes de uso e cobertura da terra no entorno


do PEAMA/Ifes-Campus de Alegre, Espírito Santo, Brasil

Nome Área (ha) Perímetro (m) Área (%)


Árvores isoladas 32,34 101.218,95 0,83
Pastagem 1.870,58 451.564,38 48,04
Fragmento Florestal 778,95 204.364,16 20,00
Solo exposto 294,02 208.641,35 7,55
Hidrografia 52,08 50.630,09 1,34
Capoeira 442,39 167.106,92 11,36
Material rochoso 127,96 30.870,02 3,29
Estrada não-pavimentada 38,51 140.629,08 0,99
Construções e instalações 7,47 19.162,06 0,19
Área agricultada II (perenes) 141,03 58.068,79 3,62
Silvicultura 18,14 5.555,19 0,47
Área agricultada I (anuais) 40,87 20.061,87 1,05
Áreas alagadas 27,43 20.256,29 0,70
Estrada pavimentada 10,62 21.524,19 0,27
Área urbanizada 11,67 5.185,19 0,30
Total 3.894,06 1.504.838,53 100,00

Os resultados demonstram que 20% da área está coberta por fragmentos


florestais, sendo os mesmos de suma importância para a conservação da biodiversidade
e controle de erosões. Fato relevante é que 11,36% da área é constituída por capoeira,
que junto com os fragmentos representam 31,36% da área total de estudo. A capoeira
pode ter surgido através de uma recuperação livre, sem interferência antrópica, podendo
demorar anos para se estabelecer como um fragmento. Sugerem-se plantios de
enriquecimento, para que a capoeira possa tornar-se futuramente um espaço para a
utilização de corredores servindo como trampolins ecológicos. Pode-se destacar a
importância de um fragmento encontrado a sudoeste do fragmento principal da reserva
legal do PEAMA/Ifes – Campus de Alegre, apresentando duas vezes o tamanho do

47
mesmo com 132,50 ha. Estando diretamente influenciado pelo meio, pois encontra-se em
área de pastagem, capoeira e silvicultura, visto que, por não possuir nenhum tipo de
construção e instalação, a interligação dos mesmos através de trampolins ecológicos
seria viável para sua conservação e aumento da biodiversidade local.
Os fragmentos florestais encontram-se dispersos em grande quantidade, porém
em pequenos tamanhos. Lorena (2013) destaca, a partir de uma análise visual, sem
quantificar as áreas, que existe um alto nível de fragmentação das áreas de vegetação
natural do estado do Espírito Santo, representando o alto grau de desmatamento
representado por glebas de diferentes tamanhos, concentradas aleatoriamente devido à
expansão agropecuária.

4 Conclusões

 A Zona de Amortecimento que envolve o PEAMA/Ifes – Campus de Alegre


apresentam 778,95 ha de fragmento florestal e 442,39 ha de capoeira.
 As classes de uso da terra mais representativa são, respectivamente, a pastagem
(1.870,58 ha) e solo exposto (294,02 ha).

5 Referências Bibliográficas

BLASCHKE, T.; LANG, S. Análise da Paisagem com SIG. Tradução Herman Kux. São Paulo: Oficina de Textos, 2009.
COUTINHO, L. M.; ZANETTI, S. S.; CECÍLIO, R. A.; GARCIA, G. O.; XAVIER, A. C. Usos da terra e Áreas de Preservação
Permanentes (APP) na bacia do rio da Prata, Castelo-ES. Floresta e Ambiente. 2013; v.20, ed. 4, pag.: 425-434.
ESRI – Plataforma ArcGis. http://www.esri.com/ Acessado em: 01 de outubro de 2014.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Manuais Técnicos em Geociências: Manual
Técnico de Uso da Terra. 2ª ed. Rio de Janeiro, IBGE, n. 7, 2006.
INSTITUTO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS – IEMA. Pólo de Educação Ambiental Escola
Agrotécnica Federal de Alegre. Disponível em: < http://www.meioambiente.es.gov.br/default.asp?pagina=16793>
Acesso: 14 Set. 2015.
LORENA, R. B.; BERGAMASCHI, R. B.; JABOR, P. M.; JÚNIOR, F. J. T. Mapeamento e análise do uso e cobertura da
terra do Estado do Espírito Santo – 2010, a partir de imagens de sensoriamento remoto. Anais..., XVI Simpósio Brasileiro
de Sensoriamento Remoto. 7695 – 7701. 2013. Foz do Iguaçu (PR) – Brasil (13-18 abril).
LORENZONI, L. S. Estrutura do compartimento arbóreo da Reserva Legal do Pólo de Educação Ambiental do Ifes
Campus de Alegre. 2013. Monografia (Ciências Biológicas) – Instituto Federal do Espírito Santo. Alegre – ES. Orientador:
Jéferson Luiz Ferrari.
NASCIMENTO, P. C.; BISSANI, C. A.; LEVIEN, R.; FINATO, T.; MEDEIROS, P. S. C. Influência do uso da terra em
atributos físicos e químicos do solo na região da Serra do Sudeste – RS. In: VII Congresso Brasileiro de Agroecologia. Vol.
8, nº 2. Nov. 2013.
NUNES, A. B.; LEITE, E. F. Geoprocessamento aplicado à determinação do uso e cobertura da terra da bacia hidrográfica
do Rio Areias. Anais... , 5º Simpósio de Geoprocessamento no Pantanal. 121-128. 2014.Campo Grande (MS) – Brasil (22-
26 novembro).
OLIVEIRA, O. M.; SANTOS. E. M.; SANTOS, A. R. S. Determinação do uso e ocupação do solo no entorno de uma
hidroelétrica no município de Guaçui, ES. Enciclopédia biosfera. 2010. (aceito para publicação em 2010).
ORMOND, J. G. P. Glossário de termos usados em atividades agropecuárias, florestais e ciências ambientais. Rio
de Janeiro: BNDES, 2006.

48
PIROVANI, D. B.; SILVA, A.G. SANTOS, A. R. Análise da paisagem e mudanças no uso da terra no entorno da RPPN
Cafundó, ES. Revista CERNE. 2014 (aceito em 2014).
SILVA, Vitor Heringer. Estimativas do escoamento superficial em microbacia hidrográfica sob diferentes condições
de uso da terra. 2014. Monografia (Ciências Florestais e da Madeira) – Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre –
ES. Orientador Prof. Dr. Sidney Sara Zanetti.

49
CAPÍTULO 3

ESTRUTURA DA PAISAGEM FLORESTAL NO ENTORNO DO


PÓLO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA MATA ATLÂNTICA/IFES-
CAMPUS DE ALEGRE

Andressa Martins da Cunha


Jéferson Luiz Ferrari
Telma Machado de Oliveira Peluzio
Nathália Suemi Saito
Aline Roberta Queiroz Lobato

1 Introdução

A ecologia da paisagem é uma área recente da ecologia que visa entender a


interação da heterogeneidade dos padrões espaciais de uma paisagem nos processos
ecológicos, enfatizando também o estudo do ser humano sobre o meio ambiente
(METZGER, 2001; EMBRAPA, 2004; PIVELLO e METZGER, 2007). Forman e Godron
(1986) e Casimiro (2009), definem a ecologia da paisagem como um sistema vivo que
exibe três características gerais: a estrutura da paisagem, com padrão espacial de
arranjo dos elementos da paisagem; o funcionamento, referindo-se ao movimento biótico
e abiótico; e a energia através da estrutura e mudança, por meio da dinâmica ou
alterações nos padrões espaciais em funcionamento do tempo.
Ao destacar a heterogeneidade espacial em processos ecológicos, a ecologia da
paisagem enfatiza a necessidade do desenvolvimento e aplicação de modelos utilizados
para descrever e quantificar a estrutura da paisagem (METZGER et al., 2007). A
estrutura de uma paisagem fragmentada é composta por uma matriz com uma grande
área de ecossistemas similares que causa influência sobre os demais elementos da
paisagem; as manchas caracterizam-se por áreas homogêneas não lineares, e os
corredores que constituem-se de áreas com faixa estreita de terra que se difere.
Normalmente os corredores conectam manchas ou fragmentos dentro de uma paisagem
(PIVELLO e METZGER, 2007).
Com a finalidade de conhecer e analisar os padrões da estrutura de uma
paisagem utiliza-se da aplicação de métricas que possibilitam a leitura através da
interpretação espacial (LANG e BLASCGKE, 2009). Para estudos de fragmentos
florestais, por exemplo, foram criados métricas ou índices de ecologia da paisagem,
aplicadas conjuntamente com bases nas técnicas de geoprocessamento (PIROVANI,
2010). A aplicação dessas medidas, com base nos padrões de ecologia da paisagem é
uma ferramenta útil para análise dos remanescentes de vegetação.

50
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2014), o bioma Mata Atlântica é
considerado um complexo de ecossistemas com maior biodiversidade no Brasil, mas, em
contrapartida é um dos biomas que mais sofreu com a devastação florestal. Atualmente,
este bioma conta apenas com 22% de sua cobertura original, que é composta por
formações florestais (Florestas Ombrófilas densa, Ombrófila mista, Estacional
Semidecidual, Estacional Decidual e Ombrófila Aberta) e ecossistemas associados como
as restingas, manguezais e campos de altitude. Estima-se que apenas 7% desses
ecossistemas encontram-se em estado de conservação (SOS MATA ATLÂNTICA, 2014).
O foco deste trabalho trata-se da estrutura da paisagem florestal que circunda o
Pólo de Educação Ambiental da Mata Atlântica situado na Escola Agrotécnica Federal de
Alegre (EAFA), hoje Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) – Campus de Alegre, um
dos seis pólos regionais de educação ambiental da Mata Atlântica do Espírito Santo
(IEMA, 2015). O Pólo de Educação Ambiental da Escola Agrotécnica Federal de Alegre
(EAFA), ao qual nos referiremos como PEAMA/Ifes - Campus de Alegre foi criado em
1992 e abrange uma área de, aproximadamente, 70 hectares de Mata Atlântica
(LORENZONI, 2013). O sistema de educação ambiental por ele desenvolvido visa valorar
o respeito à diversidade biológica, à cultura e à ética, conjuntamente com o respeito do
homem para com a natureza, o que está de acordo com Neto, et al., (2013) apud
Carvalho (2004) e com Ministério da Educação (MEC, 2007). Desta maneira, a educação
ambiental desenvolvida potencializa a dinâmica da motivação e a sensibilização dos
indivíduos de forma a aumentar a responsabilidade socioambiental dos mesmos
(JACOBI, 2005).
Ressalta-se que, de acordo com o decreto Nº 2530-R, de 02 de junho de 2010 do
Estado do Espírito Santo, a região onde o PEAMA/Ifes - Campus de Alegre está inserido
é classificada como Área Prioritária para a Conservação da Biodiversidade de Alta
Prioridade no Estado, que se constitui em uma área com alta riqueza de espécies em
geral, com ocorrência de espécies raras ou ameaçadas, ou que possuam remanescentes
de vegetação significativos ou com alto grau de conectividade.
O objetivo deste trabalho foi analisar a estrutura da paisagem florestal na Zona de
Amortecimento que circunda o PEAMA/Ifes - Campus de Alegre, por meio de métricas da
paisagem.

51
2 Metodologia

2.1 Localização e caracterização da área

O PEAMA/Ifes - Campus de Alegre fica localizado no município de Alegre, Sul do


estado do Espírito Santo (Figura 1), Brasil, nas coordenadas geográficas de 20º45’46’’S,
41º27’44’’O e 220m de altitude.

Figura 1. Mapa de localização PEAMA/Ifes - Campus de Alegre em relação ao


município de Alegre, estado do Espírito Santo, Brasil.

De acordo com a classificação Köppen, o clima da região enquadra-se no tipo


Awa, verão chuvoso e inverno seco, com precipitação pluviométrica média anual de
1.341mm e temperatura média anual de 23,1ºC (LIMA et al., 2008).

2.2 Materiais utilizados

Para analisar a estrutura da paisagem florestal, inicialmente criou-se um banco de


dados geográficos, composto pelos arquivos vetoriais do estado do Espírito Santo e do
Ifes – campus de Alegre e por ortofotos do ortofotomosaíco do estado do Espírito Santo,
referente ao ano de 2007. As ortofotos foram disponibilizadas pelo Sistema Integrado de

52
Bases Geoespaciais do Estado do Espírito Santo – GEOBASES, com escala de 1:35.000
e resolução espacial de 1m (GEOBASES, 2007).
As imagens foram editadas em tela, por meio do programa computacional ArcMap
do ArcGIS®10.2.2 (ESRI, 2014), visando a criação do arquivo vetorial do PEAMA do Ifes
- Campus de Alegre e, a partir deste, foi então delimitada a zona de amortecimento com
buffer de 3 km (3.000 m), com base na resolução do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA) 428/2010, que dispõe sobre sobre a zona de amortecimento para
estudos de impactos ambientais (BRASIL, 2010).
Definida a área de estudo foi realizada uma análise visual da paisagem e
materializada a chave de fototinterpretação dos fragmentos florestais presentes. No
Quadro 1 encontram-se sumarizados os padrões texturais da chave de fototinterpretação.

Quadro 1. Chave de fotointerpretação dos fragmentos florestais da zona de


amortecimento

Classe Textura Descrição

Remanescente florestal com


textura arbórea densa e rugosa,
com pouca incidência de clareiras.

Remanescente florestal com


Fragmento textura arbórea pouco densa e
florestal com grande evidência de clareiras.

Remanescente florestal com


superfície de área reduzida.

A fotointerpretação foi realizada na escala cartográfica de 1:2.000 por meio da


digitalização em tela de todos os fragmentos florestais que apresentaram área acima de
80m² pelo qual foram realizadas as medidas, por meio de uma ferramenta de medida
fornecida pelo programa do ArcGIS®10.2.2. Após a conclusão desta etapa foram gerados

53
os mapas temáticos de localização da área de estudo e dos fragmentos florestais da
zona de amortecimento.
A análise da estrutura da paisagem florestal foi realizada por meio da aplicação
dos índices de ecologia da paisagem: índice de forma, de borda, de densidade, de
tamanho e de proximidade dos fragmentos. Os valores obtidos para cada métrica, foi
resultante do condicionamento do mapa dos fragmentos florestais ao Vectorbased
Landscape Analysis Tools (V-LATE), um aplicativo do ArcMap do ArcGIS®10.2.2. Este
aplicativo fornece as informações, com base nos cálculos mostrados na Tabela 1.

54
Tabela 1. Descrição das métricas utilizadas para a análise da estrutura da paisagem florestal da zona de amortecimento do
PEAMA/Ifes
(Continua)
Grupo Sigla Métrica Unidade Observações Equação

Somatório das áreas de todas das 𝑛


Área

Área da Classe Hectare (ha) manchas ou fragmentos florestais na área 𝐴𝑇𝐶 = ∑ 𝑐𝑖


ATC 𝑖=1
de estudo.

Tamanho
Soma do tamanho das manchas dividido ∑𝑛𝑗=1 𝑎𝑖𝑗
TMM médio da Hectare (ha)
pelo número de manchas. 𝑇𝑀𝑀 =
mancha 𝑛𝑖
Densidade e Tamanho

Número de Número total de manchas na paisagem ou


NM Adimensional
manchas na classe. 𝑁𝑀 = ∑ 𝑛𝑖
55

Desvio padrão | ∑𝑛𝑗=1 |𝑎


Razão da variância do tamanho das ∑𝑛
𝑗=1 𝑎𝑖𝑗
DPTM do tamanho da Hectare (ha) .| 𝑛𝑖
manchas. 𝑖𝑗
mancha 𝐷𝑃𝑇𝑀 = )|
𝑛𝑖

Coeficiente de
Desvio padrão do tamanho de mancha
variação do Porcentagem 𝐷𝑃𝑇𝑀
CVTM dividido pelo tamanho médio da mancha,
tamanho da (%) 𝐶𝑉𝑇𝑀 = 𝑋 100
multiplicado por 100. 𝑇𝑀𝑀
mancha

55
Tabela 1. Descrição das métricas utilizadas para a análise da estrutura da paisagem florestal da zona de amortecimento do
PEAMA/Ifes
(Conclusão)
Extremidade total de todas as manchas.
Total de 𝑛
TB Metros (m) É a soma de perímetro de todas as
bordas 𝑇𝐵 = ∑ 𝑒𝑗
Borda

manchas. 𝑖=1

Densidade de Quantidade de extremidade relativa à 𝑇𝐵


DB m/ha
borda área da paisagem. 𝐷𝐵 =
𝐴𝑇𝐶
É igual a um quando todas as manchas
Índice de forem circulares e aumentam com a 0,28𝑝𝑖𝑗)
IFM Adimensional ∑𝑛𝑗=1 |(
forma média crescente irregularidade da forma da ./𝑎𝑖𝑗
𝑀𝑆𝐼 =
mancha. 𝑛𝑖
Índice de
Forma

forma de Difere do IFM, porque manchas maiores 𝑛 0,28𝑝𝑖𝑗 𝑎𝑖𝑗


IFMP Adimensional 𝐼𝐹𝑀𝑃 = ∑ |( )𝑋( 𝑛 )|
média terão mais peso que as menores. ∑
√𝑎𝑖𝑗 𝑗=1 𝑎𝑖𝑗
56

𝑗=1
ponderada
Os valores se aproximam de um para
Dimensão
formas com perímetro simples e chega a 2𝐼𝑛(0,28𝑝𝑖𝑗 )
DFMM fractal da Adimensional
dois quando as formas forem mais 𝐷𝐹𝑀𝑀 =
mancha média 𝐼𝑛𝑎𝑖𝑗
complexas.
Proximidade

A distância média do vizinho mais


Distância
próximo e a média destas distâncias para
média dos ∑𝑛𝑗=1 ℎ𝑖𝑗
DMVP Metros (m) classes individuais ao nível de classe e a
vizinhos mais 𝐷𝑀𝑉𝑃 =
distância média da classe vizinha mais 𝑛′𝑗
próximos
próxima ao nível da paisagem.

Fonte: Mcgarigal e Marks, 1995 (Adaptado).

56
Para a compreensão da dinâmica dos fragmentos florestais, os mesmos foram
distribuídos em quatro classes por ordem de tamanho: Pequeno (< 1 ha); Médio (1 a 10
ha); Grande (> 10 ha); e Todos (<1 ha a >10 ha). A metodologia aplicada foi simplificada
por meio do fluxograma apresentado pela Figura 2.

- Geração de mapas
- Criação do shapefile -Análise visual dos temáticos
- Ortofotos do do PEAMA/Ifes fragmentos
IEMA 2007/2008 -Obtenção de métricas
- Delimitação da zona - Fotointerpretação (V-late 10.2.2)
- Shapefile do ES de amortecimento dos fragmentos
(Buffer de 3 km) (Área ≥ 80 m²) - Análise da estrutura
- Shapefile do E =1:2000 dos fragmentos
Ifes

Figura 2. Esquematização da metodologia utilizada no programa computacional


ArcGis® 10.2.2.

Foram gerados os mapas de localização da área de estudo, dos fragmentos


florestais e de distribuíção por classe e borda dos fragmentos florestais. Para o mapa de
borda foi considerando as bordas de 30 e 350 m. Foi ainda realizada uma campanha de
campo, no ano de 2014, acompanhado de um registro fotográfico para averiguação dos
fragmentos florestais.

3 Resultados e discussão

Constatou-se por meio da realização deste trabalho que a área do PEAMA/Ifes de


Alegre constitui-se de 64,234 ha. Destaca-se que este valor refere-se a 57,33% da área
do fragmento florestal do qual pertence. O espaço delimitado destina-se à execução de
atividades voltadas às práticas de educação ambiental e conservação da biodiversidade
local.
Ao analisar o mapa dos fragmentos florestais da área de estudo (Figura 3)
verifica-se que a paisagem florestal é constituída por fragmentos de diversos tamanhos e
formas. Nota-se ainda uma menor disposição desta classe nas regiões Nordeste,
Sudeste e Noroeste. Numa visita in loco, realizada no ano de 2014, foi possível confirmar
este cenário e a incidência de classes de natureza antrópica, como a de pastagem e fios
de eletricidade (Figura 4).

57
De acordo com Forerro-Medina e Vieira (2007) apud Seosoane et al. (2010), a
perda de habitat revelam drásticas consequências para a biodiversidade, dentre elas
afetam a taxa de crescimento populacional, diminui o comprimento e a diversidade da
cadeia trófica e causa alterações entre as espécies.

Figura 3. Mapa dos fragmentos florestais identificados na área de estudo.

Da área total em estudo, que corresponde a 3.939,055 ha, apenas 883,575 ha


(22,43%) é ocupada por fragmentos florestais. A fotointepretação da área possibilitou a
identificação e a vetorização de 104 fragmentos de remanescentes florestais.
O maior fragmento florestal identificado localiza-se na região Sudoeste com
157,725 ha (Figura 3), o que corresponde a 2,45 vezes a área do PEAMA/Ifes – Campus
de Alegre. Em média, os fragmentos florestais dispõem de 8,495 ha com desvio-padrão
de 22,262 ha, revelando a maior ocorrência de fragmentos florestais médios seguidos
dos pequenos. A menor área de fragmento florestal encontrada foi de 0,232 ha.
Metzger et al. (2007) afirma que além de romper o fluxo gênico de uma
população, a fragmentação resulta muitas vezes na subdivisão da população em sub-
populações demasiadamente pequenas para que sejam capazes de se auto-sustentar ao
longo do tempo. Esse problema torna-se ainda mais grave quando os fragmentos são
muito pequenos e/ou de baixa qualidade. Os fragmentos florestais com área reduzida
estão mais propensos às causas da extinção, pois se constituem de uma população
pouco variada (COSTA, 2003). Nesta situação, a flora e a fauna ficam a margem da

58
vulnerabilidade, ou até mesmo da própria extinção, devido à perda da variabilidade
genética, ocasionada pelo endocruzamento; e ao declínio populacional, oriundo de uma
maior exposição aos predadores exóticos e aos maiores índices de mortes no caso dos
animais que transitam entre fragmentos. Entretanto, quando um pequeno remanescente
florestal é avaliado independentemente, a este é atribuída características pouco
relevantes para a paisagem. Porém, quando os fragmentos florestais são avaliados
conjuntamente com a paisagem, da qual fazem parte, destacam-se pelos chamados
stepping stones, ou também denominados “trampolim ecológico”, que para algumas
espécies funcionam como canal de transporte entre os demais fragmentos dispostos no
entorno de uma matriz (CALEGARI et al., 2010).

Figura 4. Incidência classes de natureza antrópica, como a pastagem e fios de


eletricidade.

59
Na Tabela 2, são apresentados os resultados da aplicação das métricas da
estrutura da paisagem florestal da zona de amortecimento do PEAMA/Ifes-campus de
Alegre, dentro da classificação por tamanho. Verifica-se que a apresentação das
métricas, de cada grupo, por classes de tamanho permite avaliar a estrutura da paisagem
com maior peculiaridade.
Verifica-se, inicialmente, que o índice de Área da Classe (AC), da classe Todos,
possui 883,575 ha que representa 22,43% da cobertura florestal dento da zona de
amortecimento. A mérito de comparação, se comparado a área de amortecimento como
sendo a área total de um imóvel, nota-se que atribuído a cobertura florestal, vai de
encontro com a Lei nº 12.727 de 25 de maio de 2012 (BRASIL, 2012), que estabelece
área mínima de 20% da área do imóvel para criação de Reserva Legal, haja vista que a
área total do Ifes/campus de Alegre é de 327,08 ha. Este resultado deve ser analisado
com um cerco cuidado, pois ao observar as demais métricas, distribuídas nas classes
pequena, média e grande, nota-se uma certa discrepância nos resultados.
Dos 104 remanescentes florestais identificados (Tabela 2), 40 fragmentos
(38,47%) correspondem à classe de tamanho pequeno (<1 ha), 48 fragmentos (46,15%)
à classe de tamanho médio (1 a 10 ha) e 16 fragmentos (15,38%) pertencentes à classe
grande (>10 ha). Estas classes ocupam respectivamente uma área de 24,634 ha,
147,081 ha, 711,860 ha.
A relação entre o número de fragmentos florestais e suas receptivas áreas das
classes de tamanho é apresentada na Figura 5 e, na Figura 6 o mapa da localização dos
fragmentos distribuídos por classe de tamanho. Apesar da classe pequena ser a segunda
classe mais representativa em números de fragmentos, sua área de extensão territorial é
28,89 vezes menor do que área ocupada pelos fragmentos florestais da classe grande,
que possui o menor número de fragmentos identificados. Este cenário de fragmentação
da paisagem florestal é semelhante ao encontrado por Pirovani (2010), em seu trabalho
sobre fragmentação florestal, dinâmica e ecologia da paisagem na bacia hidrográfica do
rio Itapemirim, ES, e está de acordo com Viana e Pinheiro (1998), que mostram que
grandes partes dos remanescentes florestais da Mata Atlântica apresentam-se de forma
isolada, perturbados e pouco protegidos.

60
Quadro 2. Métricas da estrutura da paisagem florestal da zona de amortecimento
do PEAMA/Ifes - Campus de Alegre

Classes e tamanho
Grupo Índices* Unidade Pequeno Médio Grande Todos
(< 1 ha) (1– 10 ha) (> 10 ha) (<1->10)
Número

- - 40 48 16 104
Área

ATMC ha 24,634 147,081 711,86 883,575

TMM ha 0,615 3,064 44,491 8,495


Densidade e tamanho

NM Adimensional 40 48 16 104

DPTM ha 0,221 2,153 41,792 22,262

CVTM % 35,917 70,27 93,935 262,041

TB m 22404,91 71087,82 128652,5 222145,3


Borda

DB m/ha 5,688 18,047 32,661 56,396

IFM Adimensional 2,026 2,469 3,631 2,478


Forma

IFAMP Adimensional 0,001 0,009 0,184 0,033

DFMM Adimensional 1,157 1,17 1,198 1,169


Proximidade

DMVP m 117,527 78,377 35,87 86,895

* Índices: ATMC (Área de todas as manchas da classe); TMM (Tamanho médio da mancha); NM
(Número de mancha); DPTM (Desvio padrão tamanho da mancha); CVTM (Coeficiente de
variação do tamanho da mancha); IFM (Índice de forma médio); IFMP (Índice de forma de área
média ponderada); DFMM(Dimensão fractal da mancha média); TB (Total de bordas); DB
(Densidade de borda); IFM (Índice de forma média); IFAMP (Índice de forma de área média
ponderada); DFMM (Dimensão fractal da mancha média); DMVP (Distância média do vizinho mais
próximo).

61
Em concordância com Forman e Godron (1986), os remanescentes florestais que
possuem maior extensão favorecem a manutenção da biodiversidade local, enquanto que
os fragmentos pequenos atuam como “ilhas de habitat” para o refúgio da vida silvestre.
Se considerarmos a Mata Atlântica outrora íntegra que ocupava cerca de 15% do atual
território brasileiro, constituindo um dos mais ricos biomas do Brasil (AGAREZ et al.,
2001), hoje é avaliada em apenas 7% desse total (SOS MATA ATLÂNTICA, 2014).
Historicamente, este bioma tem trazido juntos aos avanços sérios problemas por meio
dos intensos processos de deteriorização de habitat, seguido das caudas da
fragmentação florestal. Por este motivo, a Mata Atlântica constitui uma das regiões
identificadas mundialmente como Hotspot – área prioritária para conservação, isto é, de
alta biodiversidade e ameaçada no mais alto grau (AZEVEDO et al., 2003).

Número Área total (ha)


883,575
711,86

24,634 147,081
40
48
16 104
Pequeno
Médio
Grande
Todos

Figura 5. Relação entre o número de fragmentos florestais e suas receptivas áreas


das classes de tamanho.

O TMM, averiguadas na Tabela 2, revela os seguintes índices: 0,615 ha (<1 ha);


3,064 ha (1 a 10 ha); 44,491 ha (>10 ha) e 8,495 ha (Todos <1->10). Ao analisar a média
do TMM da classe Todos (8,495 ha), nota-se um indicativo relevante sob o ponto de vista
da área. Porém, quando se compara essa métrica com os valores elevados do desvio
padrão do tamanho da mancha (DPTM= 22,262 ha), conjuntamente com o coeficiente de
variação (CVTM= 262,041%), percebe-se a existência de valores discrepantes de TMM
nos fragmentos. Para Calegari et al. (2010) o tamanho médio dos fragmentos torna-se
um bom indicativo da situação da fragmentação florestal.
No entanto, ressalta-se que na zona de amortecimento do PEAMA/Ifes – campus
de Alegre, o desvio-padrão é muito superior à média e, desta forma, o tamanho médio
dos fragmentos não seria um bom indicativo para retratar a situação da fragmentação
florestal. Quanto maior o tamanho médio de um fragmento florestal, melhor é o indicio de
estabilidade estrutural do mesmo.

62
Figura 6. Mapa de localização dos fragmentos florestais distribuídos por classes de
tamanho.

Em relação às métricas do grupo borda, percebe-se um aumento progressivo do


TB entre as classes dos fragmentos florestais, onde os fragmentos pequenos
apresentaram 22.404,905 m, os médios com 71.087,820 m e os grandes 128.652,546 m
(Tabela 2 e Figura 7). Esses valores divergem dos encontrados por Pirovani (2010) e
Vidolin et al. (2011), o mesmo se dá mediante ao fato da estratificação atribuída entre as
classes e dentro de cada classes. Nota-se que a relação de TB entre as classes foram
respectivamente, 0,315 (<1 a 1 – 10 ha) e de 0,552 (1 – 10 ha a > 10 ha). Os valores de
densidade de borda evidenciam que os fragmentos menores apresentam maior
densidade de borda enquanto os fragmentos maiores possuem menor densidade de
borda.
Segundo Primack e Rodrigues (2001), dentre os principais efeitos causados pela
fragmentação está à maior quantidade de borda por área de habitat e maior exposição do
centro de cada. O ecossistema fragmentado sofre ainda com as causas de maior
incidência de luz, alterações de umidade, temperatura eventos e competição das
espécies nativas com as espécies invasoras que encontram ambiente favorável para o
seu desenvolvimento, o que implica numa série problemas socioambiental (COLLINGE,
1996 apud MAIA, 2002).

63
Figura 7. Mapa de efeito de borda nos fragmentos florestais.

O desequilíbrio do ecossistema, afeta diretamente a disponibilidade de recursos


naturais, reduzindo-o e consequentemente limitando ao máximo a sobrevivência das
espécies, o que agrava a situação quanto à preservação e conservação das mesmas,
principalmente quando há casos de endemismo (PRIMACK; RODRIGUES, 2001). Para
Pinto e Brito (2005), apesar da Mata Atlântica abrigar um número muito alto de áreas
protegidas, elas possuem pouca área em extensão, portanto inadequadas para subsidiar
algumas espécies.
O cálculo de índice de forma obtido nesse trabalho deu-se por meio de
comparação a um círculo, recorrente ao fato dos resultados terem sido gerados com base
em arquivo vetorial. Desta maneira, o IFM das classes pequeno e médio dos fragmentos
apontaram formatos mais regulares 2,026 e 2,469, respectivamente, enquanto os
fragmentos da classe grande apresentaram maior valor (3,631). Verifica-se que na
relação de IFM entre as classes, obteve-se respectivamente 0,82 (<1 a 1 – 10 ha) e de
0,67 (1 – 10 ha a > 10 ha). IFM mais próximos ao valor 1 (um), revela maior regularidade
do fragmento, ou seja, apresenta um formato mais circular (SANTOS, 2011; PIROVANI,
2010), que minimiza a relação borda-área, onde o centro do fragmento está mais distante
da borda, reduzindo a influências das ações externas sobre os fatores biótico e abióticos
do ecossistema (VIDOLIN et al., 2011). De acordo com Forman (1995), os fragmentos
florestais podem ser encontrados na paisagem apresentando formato curvilíneo,
compactado, alongado até as formas mais arredondadas. Para o IFAMP, as classes de

64
fragmentos apresentaram respectivamente os valores de 0,001 (<1 ha), 0,009 (1 a 10 ha)
e de 0,184 (>10 ha). O valor médio obtido para a DFMM corresponde a 1,169. Este valor
mostra em média a regularidade de forma apresentada pelo total de fragmentos
identificados. Esta métrica diferencia-se do IFM, de modo a apresentar valores que
variam ente 1 e 2, possibilitando melhor interpretação dos dados obtidos (PIROVANI,
2010).
Na análise de proximidade entre os fragmentos florestais, percebe-se que os
fragmentos classificados como pequenos apresentaram menor vizinhança entre os
remanescentes florestais, enquanto os fragmentos classificados como grandes
apresentaram distâncias menores entre os fragmentos. Em média, os fragmentos
florestais apresentaram 86,895 m de distância até o mais próximo, levando em
consideração a proximidade da extremidade de uma borda à outra. A distância entre os
fragmentos pode ser considerando um indicador da fragmentação da paisagem,
evidenciado pelo grau de isolamento do qual os mesmos dispõem-se. As estruturas de
isolamento dos fragmentos agem negativamente na riqueza de espécies ao diminuir a
taxa de imigração (HERMANN et al., 2005), restringe a área de vida favorecendo os
processos endogâmicos, além do aumento da competição por recursos.

4 Conclusões

Com base no mapa dos fragmentos florestais conjuntamente da aplicação das


métricas de ecologia da paisagem, pode se concluir que:
 A área estudada constitui-se em sua maioria por remanescentes florestais de área
igual ou inferior a 1-10 ha, revelando um cenário de fragilidade do sistema florestal à
nível ecológico.
 Recorrente a tamanha fragmentação e redução da área de cobertura florestal, os
fragmentos da classe pequena (<1 ha), estão mais propícios às causas do efeito de
borda (total de borda e densidade de borda), o que condiciona o desequilíbrio dos
fatores bióticos e abióticos, enquanto que os fragmentos da classe grande (>10 ha)
apresentam maior estabilidade.
 Para os próximos trabalhos, indica-se a realização de estudos mais aprofundados a
cerca da métrica de proximidade, pois a mesma subsidia estudos para a criação de
corredores ecológicos que facilitem a melhor movimentação dos organismos, por meio
da integração dos fragmentos florestais.

65
5 Referências bibliográficas

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67
CAPÍTULO 4

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO ENTORNO DO


PARQUE NACIONAL DO CAPARAÓ - ANÁLISE COMPARATIVA
DE ACORDO COM O ANTIGO E O NOVO CÓDIGO FLORESTAL

Alexandre Rosa dos Santos


Tessa Chimalli
João Batista Esteves Peluzio
Aderbal Gomes da Silva
Gleissy Mary A. D. A. dos Santos
Alexandre Simões Lorenzon
Thaisa Ribeiro Teixeira
Nero Lemos Martins de Castro
Gustavo Eduardo Marcatti
Getúlio Fonseca Domingues
Carlos Antonio A. Soares Ribeiro

1 Introdução

O Brasil desempenha o importante papel de proteger a megadiversidade biológica


que possui. Abriga duas das vinte e cinco regiões mais importantes para conservação da
biodiversidade do planeta, a Mata Atlântica e o Cerrado, consideradas como hotspots, ou
seja, regiões que concentram alto número de endemismos e perdas elevadas de habitat
(MYERS, 2000).
O Código Florestal Brasileiro (CF) representa uma das principais leis ambientais
destinadas à conservação da biodiversidade. Nesse, é definida as Áreas de Preservação
Permanente (APP), com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (BRASIL,
2012a).
Valente e Gomes (2005) citam que as APP atuam principalmente na conservação
do regime hidrológico, e causam a estabilização das linhas de drenagem natural e suas
margens. Em paisagens agrícolas, essas áreas protegidas funcionam como filtro
biológico nos processos de erosão laminar, lixiviação, deriva e fluxo lateral de
agroquímicos e ainda possuem a função de isolamento e de quebra-ventos.
Ribeito et al. (2005) destacam a atuação das APP como grandes corredores
ecológicos ao longo das bacias hidrográficas. Bhagwat et al. (2005) consideram a
proteção complementar proporcionada pelas florestas localizadas em áreas de encostas
e interflúvios e Tundisi e Tundisi (2010) demonstraram que a qualidade da água está
diretamente relacionada com a presença da vegetação ripária e sua densidade ao longo
do rio.

68
As APP foram inicialmente definidas pelo Código Florestal (Lei 4.771) (BRASIL,
1965) e seus parâmetros, definições e limites eram estabelecidos por meio da Resolução
CONAMA n° 303 (BRASIL, 2002). Em 2012, a Lei 4.771 foi substituída pela Lei 12.651
(BRASIL, 2012b), a qual sofreu alterações por meio da Lei 12.727 (BRASIL, 2012a),
tornando-se essa o novo CF, responsável por definir e estabelecer limites e parâmetros
sobre as APP.
Com o novo Código Florestal, alterações substanciais foram realizadas nas APP.
Isso gerou intensos debates na sociedade, haja visto o importante papel ecológico que as
APP desempenham no ambiente. Desta forma, este trabalho teve como objetivo analisar
as mudanças ocorridas com a alteração do Código Florestal (CF) nas APP no entorno
capixaba do Parque Nacional do Caparaó, Brasil.

2 Metodologia

2.1 Localização e caracterização da área

A área de estudo compreende a porção capixaba da Zona de Amortecimento (ZA)


do Parque Nacional do Caparaó, definida pelo Plano de Manejo dessa Unidade (IBDF,
1981) como sendo o entorno de 10 km de distância do limite do Parque (Figura 1).

Figura 1. Porção capixaba da Zona de Amortecimento do Parque Nacional do


Caparaó.

69
Geograficamente, a área de estudo está localizada no Sul do estado do Espírito
Santo, compreendida entre os paralelos 20º12’ e 20º42’ de Latitude Sul e os meridianos
41º38’ e 41º52’ de Longitude Oeste. A maior parte do parque, cerca de 70%, localiza-se
no estado do Espírito Santo e engloba parcialmente os municípios de Iúna, Ibatiba, Irupi,
Ibitirama, Divino de São Lourenço, Guaçuí e Dores do Rio Preto e ocupa uma área de
65.238,84 ha.

2.2 Materiais utilizados

2.2.1 Base de dados

A base de dados utilizada no presente estudo foi fornecida pelo Sistema Integrado
de Bases Georreferenciadas do estado do Espírito Santo (GEOBASES) e pelo Instituto
Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEMA). Foram
utilizados os seguintes planos de informação: curvas de nível com equidistância vertical
de 20 m; aerofotos da região (escala de 1:35:000, referentes a junho de 2007);
delimitação do PARNA do Caparaó; e zona de amortecimento do PARNA do Caparaó.
Além disso, utilizou-se a hidrografia, obtida por meio da fotointerpretação em tela
(escala cartográfica de trabalho de 1:1.500, com resolução espacial de 1 m) das
aerofotos já ortorretificadas da região. A nova hidrografia fotointerpretada foi utilizada
para a delimitação das APP de nascentes e de cursos d’água.
Para a base cartográfica, o Sistema Geodésio World Geodetic System de 1984
(WGS 84) e o Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator – UTM foram
adotados para a geração dos mapas. O mapeamento foi realizado no programa ArcGIS
10.1.

2.2.2 Modelo Digital de Elevação Hidrograficamente Condicionado

O Modelo Digital de Elevação Hidrograficamente Condicionado (MDEHC) foi


gerado a partir de curvas de nível com equidistância vertical de 20 m e resolução espacial
de 10 m, conforme metodologia sugerida por Gonçalves et al. (2012). O MDEHC
processado foi utilizado para delimitação das APP de altitude, encosta e topos de morro e
montanhas.

70
2.2.3 Delimitação das APP pelo antigo (Lei 4.771/65) e novo Código Florestal (Lei
12.727/12)

Segundo os critérios estabelecidos pela Resolução do CONAMA nº 303/2002


(BRASIL, 2002) que dispõe sobre parâmetros, definições e limites das APP, foram
delimitadas, com o auxílio do aplicativo computacional ArcGIS 10.1, as seguintes classes
de APP (Lei 4.771/65):

a) APP1 – cursos d’água (faixa marginal): obtidas por meio da função “buffer” com zonas
tampões de 30 m em cada margem, pois no período chuvoso a largura de cada
córrego não ultrapassa 10 m;
b) APP2 – nascentes: obtidas por meio da função “buffer” com zonas tampões de 50 m
de raio a partir do ponto central;
c) APP3 – altitude: altitudes superiores a 1.800 m, obtida por meio da função
“reclassify”, tendo como imagem matricial de entrada o MDEHC;
d) APP4 – declividade: encostas com declividade superior a 45 graus ou 100%,
espacializadas por meio das funções “slope” e “reclassify” e tendo como imagem
matricial de entrada o MDEHC;
e) APP5 – topos de morro e montanhas: foi utilizada a metodologia de Hott (2004),
adaptada por Peluzio et al. (2010). A base para geração desta classe de APP foi o
MDEHC. A identificação dos topos de morro e montanhas seguiu os critérios da
legislação, Resolução CONAMA nº 303/2002 (BRASIL, 2002), segundo a qual é
necessário que possua uma elevação de no mínimo 50 m de altura e no máximo de
300 m e encostas com declividade superior a 30% (aproximadamente dezessete
graus) na linha de maior declividade para morro, ou então, mais de 300 m para
montanha (BRASIL, 2002). Na ocorrência de dois ou mais morros cujos cumes
estejam separados entre si por distância inferior a 500 metros, a área de preservação
permanente abrangerá o conjunto de morros e montanhas, delimitada a partir da
curva de nível correspondente a dois terços da altura em relação à base do morro ou
montanha de menor altura do conjunto.

As classes de APP pelo novo Código Florestal (CF) foram delimitadas utilizando-
se a mesma metodologia adotada para o Código Florestal (Lei 4.771/65), mas com a
seguinte alteração:

a) APP5 - topos de morro e montanhas: no novo CF, conforme a Lei 12.727/12 (BRASIL,
2012a) foram considerados como topos de morros, montes, montanhas e serras os

71
locais com altura mínima de 100 m e inclinação média maior que 25 graus, em áreas
delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 da altura mínima da
elevação sempre em relação à base, que é definida pelo plano horizontal determinado
pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação.
O comparativo das alterações nas delimitações de APP de topos de morro e
montanhas é apresentado na Figura 2.

Figura 2. Comparação entre os critérios adotados para definição de uma elevação


como morro ou montanha em face da Lei 4.771/65 e Lei 12.727/12. Fonte:
(SOUZA, 2012).

As alterações nos limites de recomposição das APP localizadas ao longo de


cursos d’água, estabelecidas no novo CF, não foram incluídas nesse estudo, uma vez
que os limites adotados para recomposição das faixas marginais relacionam-se
diretamente com o tamanho de cada imóvel rural, em módulos fiscais; e o novo CF
estabelece que não há exigências de se recompor as APP quando o percentual total de
recomposição ultrapassar o limite máximo de 20% da área total do imóvel, para imóveis
rurais com até quatro módulos fiscais.
Assim, como o entorno capixaba do PARNA do Caparaó consiste numa área de
estudo muito extensa, não foi possível adotar todas as delimitações de APP localizadas
ao longo de cursos d’água com até 10 m de largura. Portanto, adotou-se o limite de 30 m
de faixa marginal de qualquer curso d’água natural ou perene com até 10 m de largura,
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha de seu leito regular, previsto na Lei
12.727/12 (BRASIL, 2012a).
Os limites adotados em cada categoria de APP sob a perspectiva das duas
legislações (antigo e novo Código Florestal) são apresentados na Tabela 1.

72
Tabela 1. Classes e caracterização das Áreas de Preservação Permanente de
acordo com o antigo e novo Código Florestal

Classes de Código Florestal


Método
APP’s Antigo Novo
Buffers de zonas tampões a partir
Nascentes do ponto central nas acumulações 50 m 50 m
com superfície superior a 1 ha
Borda da calha
Buffers das faixas marginais de rios Borda da calha do
Cursos do nível mais
para cursos d’água com menos leito regular do rio
d’água alto do rio
de 10 m de largura 30 m
30 m
Encostas com Encostas com
MDEHC interpolado com as curvas declividade declividade
Encostas
de nível de 20 m superior a 45º ou superior a 45º ou
100% 100%
Declividade
Declividade
Topos de superior a 17° em
Terço superior de morros e superior a 25° em
morros e altitudes entre 50
montanhas altitudes mínimas
montanhas a 300m ou acima
de 100 m
de 300 m
Altitudes Altitudes
MDEHC interpolado com as curvas
Altitude superiores a superiores a
de nível de 20 m
1.800 m 1.800 m

O fluxograma metodológico contendo todas as etapas necessárias para a


delimitação das APP no antigo e no novo Código Florestal é apresentado na Figura 3.

Figura 3. Etapas metodológicas para determinação das Áreas de Preservação


Permanente na zona de amortecimento do Parque Nacional do Caparaó,
ES.

73
Finalmente, para a geração do mapa de APP totais, foram utilizados os dados
obtidos individualmente no mapeamento de cada classe de APP, as quais foram
agrupadas em um único plano de informação sem sobreposições, que obedeceu a uma
ordem de prioridade: APP de nascentes, APP de cursos d’água, APP de encostas, APP
de topos de morro e montanha e APP de altitude.

2.2.4 Espacialização matricial das APP conservadas

As APP conservadas são aquelas que atualmente apresentam suas áreas


cobertas por vegetação florestal. Logo, com o objetivo de espacializar apenas as APP
conservadas, foi aplicada sobre as APP totais a função de “extract by mask”, tendo como
máscara de corte os remanescentes florestais.
Posteriormente, foi aplicada a função “combine” tendo como entrada as imagens
matriciais de: a) APP conservadas e altitude; b) APP conservadas e declividade e; c) APP
conservadas e aspecto. O objetivo desses procedimentos foi quantificar as proporções
que cada classe do relevo (altitude, declividade e aspecto) mantém nas áreas de APP
conservadas.
Finalmente, de posse dos dados tabulares em formato dBase (.dbf), estes foram
convertidos para o formato .xls no aplicativo computacional Microsoft Excel 2010, com o
propósito de quantificar as frequências observadas de APP conservadas em relação as
classes de relevo (Figura 4).

3 Resultados e discussão

3.1 Análise comparativa das APP espacializadas de acordo com o antigo e o novo
código florestal

Segundo as normas do antigo Código Florestal (Lei 4.771/65), 31,26% dos


65.238,84 ha de área estudada correspondem à Áreas de Preservação Permanente,
enquanto que na atual legislação (Lei 12.727/12) existe uma redução de 6,44% (4.204,59
ha) de terras que deixaram de estar protegidas por lei, passando a proteger 24,82% da
área de estudo (Tabela 2).

74
Figura 4. Etapas necessárias para análise estatística das Áreas de Preservação
Permanente conservadas.

Tabela 2. Quantificação da representatividade das Áreas de Preservação


Permanente no entorno capixaba do Parque Nacional do Caparaó

Código Antigo Código Novo


Classes de APP Área APP Área Área APP
Área (%)
(ha) (%) (ha) (%) (%)
Nascentes 151,79 0,23 0,74 163,04 0,25 1,01
Cursos d’água 4.608,63 7,06 22,59 4.658,56 7,14 28,77
Encostas com declividade > 45° 67,20 0,10 0,33 67,56 0,10 0,42
Topos de morro e montanhas 15.540,35 23,82 76,19 11.274,22 17,28 69,63
Altitude > 1.800 m 28,87 0,04 0,14 28,87 0,04 0,18
Total de APP 20.396,84 31,26 100,00 16.192,25 24,82 100,00
Área de Estudo = 65.238,84 ha

75
Estudos realizados em regiões próximas encontraram percentuais mais elevados
de APP. Oliveira et al. (2008) avaliaram o entorno mineiro do PARNA do Caparaó e
identificaram um total de 48,06% de cobertura de APP. Nascimento et al. (2005)
identificaram 45,95% de cobertura de APP na bacia do rio Alegre. Eugenio et al. (2011)
identificaram 43,50% de cobertura de APP para todo o município de Alegre.
Na região serrana do Espírito Santo, Scárdua et al. (2012) encontraram uma
distribuição por classes de APP bem próxima à encontrada neste trabalho, e valores de
cobertura de APP acima do encontrado neste trabalho (40,34%).
Dentre as classes de APP analisadas, as de topos de morro e montanhas
representam as áreas de proteção mais expressivas na região, independente da
legislação adotada. No novo CF, essa categoria representa 69,63% do total de APP e
17,28% da área de estudo, e sofreu redução de 27,45% devido às alterações nos limites
de elevação e inclinação para esta classe.
Observou-se que no entorno do Parque Nacional do Caparaó as APP de topos de
morros e montanhas abrangem um percentual de cobertura a ser preservado superior ao
encontrado para o estado do Espírito Santo, o qual, segundo Victoria et al. (2008), possui
16,41%, sendo o segundo estado brasileiro com maior percentual de APP desta
categoria. Comparando-se sob a mesma legislação que avaliou os estados brasileiros
(LEI 4.771/65), 23,82% de toda a área de estudo deveriam manter os topos de morros e
montanhas preservados, enquanto que na atual proposta este percentual cai para
17,28%.
Estes valores acima da média do estado do Espírito Santo se devem as elevadas
altitudes e relevo acidentado da região, os quais, juntamente com o clima, contribuem
para a existência de um considerável número de APP de nascentes e de cursos d’água.
As APP de cursos d’água são as que possuem a segunda maior área de
abrangência, tanto em relação às demais classes como na área de estudo. Embora esta
classe tenha sofrido alterações no novo CF quanto aos limites para sua recomposição
nas áreas onde a vegetação natural foi suprimida, neste trabalho, foi considerado o limite
máximo de 30 m para todas as APP de cursos d’água, uma vez que os limites de
recomposição variam em função do tamanho da propriedade. Assim, o pequeno
acréscimo obtido, de praticamente 50 ha, deve-se ao procedimento metodológico
necessário para o agrupamento e remoção de sobreposições de APP.
As demais classes de APP (nascentes, encostas com declividade superior a 45
graus e altitude superior a 1.800 m) também não sofreram alterações de seus limites para
preservação, salvo as alterações nos limites para suas respectivas recomposições.
Contudo, para estas classes citadas, aplicou-se o mesmo procedimento metodológico

76
realizado para a classe margens de cursos d’água, resultando em alterações mínimas de
área no novo CF.
Juntas, as classes topos de morro e montanhas e cursos d’água representam,
aproximadamente, 99% (antigo CF) ou 98% (atual CF) das APP analisadas na região. As
classes menos representativas referem-se à de altitude, encontrada apenas numa
pequena área que faz divisa com o PARNA do Caparaó, no município de Dores do Rio
Preto, e à de encostas com declividade superior a 45 graus, que respondem, juntas, por
menos de 0,6% do total de APP e de 0,15% da área de estudo.
As Figuras 5 e 6 apresentam a distribuição das Áreas de Preservação
Permanente na área de estudo.

3.2 Áreas de preservação permanente totais e conservadas no entorno capixaba do


Parque Nacional do Caparaó

De acordo com o novo Código Florestal, 4.204,6 ha deixaram de compor Áreas de


Preservação Permanente, devido às alterações de definições e limites das APP de topos
de morros e montanhas. No entanto, a redução real de área para esta classe foi de
4.266,1 ha, (27,45%) apresentando uma pequena diferença da perda de área total das
APP’s devido ao procedimento metodológico aplicado para o levantamento das APP
(Tabela 3).

Tabela 3. Quantificação das Áreas de Preservação Permanente totais e


conservadas na região do entorno capixaba do Parque Nacional do
Caparaó

Código Antigo Código Novo


Classes de APP APP APP
APP APP
conservadas % conservadas %
(ha) (ha)
(ha) (ha)
Nascentes 151,79 27,50 18,10 163,04 28,40 17,40
Cursos d’água 4.608,63 593,80 12,90 4.658,56 600,30 12,90
Encostas com
67,20 13,10 19,40 67,56 12,80 19,00
declividade > 45°
Topos de morro e
15.540,35 2.811,90 18,10 11.274,22 2.299,50 20,40
montanhas
Altitude > 1.800 m 28,87 27,90 96,60 28,87 27,90 96,60
Total de APP 20.396,80 3.474,20 17,00 16.192,20 2.968,90 18,30

Com a alteração do CF, além de ter havido redução de áreas de APP na área de
estudo, houve aumento do percentual das APP conservadas, de 17% para 18,3% (Tabela
3), indicando que a mudança do CF na área de estudo provocou um melhor cenário de

77
conservação das APP, embora para o meio ambiente tenha resultado em redução de
áreas importantes para a conservação da biodiversidade.
As Figuras 7 e 8 apresentam o padrão de conservação das APP na área de
estudo, de acordo com a legislação proposta.

210000 220000 230000 240000

AMPLIAÇÃO
7760000

7760000
7750000

7750000
7740000

7740000
7730000

7730000
APPs - Antigo Código
Nascentes - 0,23%
Curso D'água - 7,06%
Declividade - 0,1%
Topo de Morro - 23,82%
Altitude - 0,04%
7720000

7720000

Área de Estudo
PARNA do Caparaó

0 2,5 5 10 km
7710000

7710000

Projeção Universal Transversa de Mercator


Meridiano Central 39/Zona 24 K
Elipsóide: WGS84
Área de Estudo - 65.238,8 ha E: 1:220.000
210000 220000 230000 240000

Figura 5. Mapa das Áreas de Preservação Permanente no entorno capixaba do


Parque Nacional do Caparaó, de acordo com o antigo Código Florestal
(Lei 4.771/65).

78
210000 220000 230000 240000

AMPLIAÇÃO
7760000

7760000
7750000

7750000
7740000

7740000
7730000

7730000
APPs - Novo Código
Nascentes - 0,25%
Cursos D'água - 7,14%
Declividade - 0,1%
Topo de Morro - 17,28%
Altitude - 0,04%
7720000

7720000
Área de Estudo
PARNA do Caparaó

0 2,5 5 10 km
7710000

7710000

Projeção Universal Transversa de Mercator


Meridiano Central 39/Zona 24 K
Elipsóide: WGS84
Área de Estudo - 65.238,8 ha E: 1:220.000
210000 220000 230000 240000

Figura 6. Mapa das Áreas de Preservação Permanente no entorno capixaba do


Parque Nacional do Caparaó, de acordo com o novo Código Florestal (Lei
12.727/12).

79
210000 220000 230000 240000

ESTATÍSTICA DOS FRAGMENTOS


DENTRO DAS APPs
7760000

7760000
Número: 765
Área: 3.474,2 ha
Percentual de fragmentação: 17,0%
Área total de APPs: 20.396,8 ha

AMPLIAÇÃO
7750000

7750000
7740000

7740000
7730000

7730000
Fragmentos florestais
APPs - Antigo Código
7720000

7720000
Área de Estudo
PARNA do Caparaó

0 2,5 5 10 km
7710000

7710000

Projeção Universal Transversa de Mercator


Meridiano Central 39/Zona 24 K
Elipsóide: WGS84
Área de Estudo - 65.238,8 ha E: 1:220.000
210000 220000 230000 240000

Figura 7. Mapa das Áreas de Preservação Permanente totais e conservadas no


entorno capixaba do Parque Nacional do Caparaó, de acordo com o
antigo Código Florestal (Lei 4.771/65).

80
210000 220000 230000 240000

ESTATÍSTICA DOS FRAGMENTOS


DENTRO DAS APPs
7760000

7760000
Número: 661
Área: 2.968,9 ha
Percentual de fragmentação: 18,3%
Área total de APPs: 16.192,2 ha

AMPLIAÇÃO
7750000

7750000
7740000

7740000
7730000

7730000
Fragmentos florestais
APPs - Novo Código
7720000

7720000
Área de Estudo
PARNA do Caparaó

0 2,5 5 10 km
7710000

7710000

Projeção Universal Transversa de Mercator


Meridiano Central 39/Zona 24 K
Elipsóide: WGS84
Área de Estudo - 65.238,8 ha E: 1:220.000
210000 220000 230000 240000

Figura 8. Mapa das Áreas de Preservação Permanente totais e conservadas no


entorno capixaba do Parque Nacional do Caparaó, de acordo com o novo
Código Florestal (Lei 12.727/12).

Pela análise do percentual de APP conservadas, tem-se que as APP localizadas


em altitudes superiores a 1.800 m são as que mantêm o maior percentual de cobertura
conservada (96,6%), ou seja, com vegetação florestal, estando presentes no limite com o
PARNA do Caparaó; enquanto as localizadas em margens de cursos d’água são as mais

81
impactadas, mantendo, em ambas as legislações, apenas 12,9% de suas áreas de forma
conservada.
No antigo CF, as classes mais conservadas, depois das APP de altitude, são as
localizadas em encostas com declividade superior a 45 graus (19,4%), em nascentes
(18,1%) e topos de morros e montanhas (18,1%). Contudo, no novo CF, a redução nos
limites de topos de morro e montanhas permitiu que essa classe passasse a ocupar a
segunda posição dentre as APP mais conservadas (20,4%), seguida pela classe de
encostas com declividade superior a 45 graus (19%), todas com percentuais de
conservação superiores ao percentual atingido para todas as classes de APP, 18,3%.
Em ambas as legislações, as APP de topos de morros e montanhas são as mais
abundantes e, embora representem um total de 76,19 % das APP no antigo CF e 69,19%
no novo, contribuem com 80,9% (antigo CF) e 77,5% (novo CF) das áreas conservadas
de APP. Em seguida, a classe de APP cursos d’água contribui com 17,1% (antigo CF) e
20,2% (novo CF) do total de áreas que estão conservadas, embora mantenha apenas
12,9% de seu território de forma conservada.

4 Conclusões

 A alteração do Código Florestal reduziu em 6,44% as APP no entorno do PARNA do


Caparaó;
 Atualmente, as APP ocupam 24,82% dos 65.238,84 ha da área de estudo;
 18,3% das APP existentes estão conservadas em florestas;
 As APP de altitude e topos de morros e montanhas são as mais conservadas.

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RIBEIRO, C. A. A. S.; SOARES, V. P.; OLIVEIRA, A. M. S.; GLERIANI, J. M. O desafio da delimitação das áreas de
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SCÁRDUA, M. D.; ARCHANJO, K. M. P. A.; QUINTO, V. M.; CARMO, F. C. A.; LOUZADA, F. L. R. O.; SANTOS, A. R.
Análise comparativa de áreas de preservação permanente de acordo com o Código Florestal (Lei 4771/65) e o substitutivo
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TUNDISI, J. G.; TUNDISI, T. M. Impactos potenciais das alterações do Código Florestal nos recursos hídricos. Biota
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83
CAPÍTULO 5

AVALIAÇÃO DE DUAS METODOLOGIAS DISTINTAS PARA O


CÔMPUTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE AO
LONGO DE CURSOS D’ÁGUA
Getúlio Fonseca Domingues
Antônio Freire Jardim
Fabrício Silva
Ricardo Soares Ramos
Nero Lemos Martins de Castro
Thaisa Ribeiro Teixeira

1 Introdução

Os grandes debates ocorridos nas últimas décadas, sobre as consequências da


exploração desordenada dos recursos naturais, culminaram com a criação ou alteração
de leis que visam à regulamentação e uso sustentável dos recursos naturais, sobretudo a
regularização de propriedades rurais quanto à delimitação e proteção de áreas de
reserva legal e de preservação permanente.
O novo código florestal brasileiro, Lei nº 12651 sancionado em 25 de maio de
2012, trouxe várias alterações tanto nos limites, quanto nas formas de proteção e
possibilidades de uso das áreas consideradas de preservação permanente (APP). A
referida lei trás em seu Art.3º inciso II, as áreas que devem ser protegidas, cobertas ou
não com vegetação nativa. São áreas que tem a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o
fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas.
A definição legal de áreas de preservação permanente abrange vários
componentes que se relacionam e que na visão correta e finalista do legislador,
asseguram o bem-estar humano. Ao homem é, portanto, atribuído não só o direito de
utilização dos recursos naturais para o seu bem, mas também o dever de agir para a
manutenção destes. No entanto, as características do espaço e os interesses,
principalmente econômicos, levam a maiores pressões exploratórias em determinadas
áreas específicas do relevo. De acordo com Oliveira et al. (2007), as frequentes
alterações não planejadas no uso da terra, acima da capacidade de suporte do solo,
estão entre os principais fatores relacionados com o aumento da degradação ambiental,
sendo responsáveis pelo aumento dos processos erosivos verificados nas áreas
agrícolas e urbanas.

84
O maior interesse antrópico pela exploração dos recursos naturais no entorno dos
corpos d’água é constatada pela observação das atividades agrícolas, edificações rurais
e padrões de ocupação do espaço físico em geral. A atratividade dessas áreas é
justificada por apresentarem o relevo mais suave e maior fertilidade em relação às
demais, além de ser a via de acesso à água.
A Lei 12.651/12, que revogou o código florestal anterior, manteve as
determinações quanto às dimensões das APP em relação à largura dos cursos d’água,
alterando apenas a região de onde a metragem deve ser originada. A delimitação deve
se dá a partir da margem regular do leito do rio ou córrego e não mais a partir do leito de
cheia sazonal (nível mais alto). Assim as dimensões das APP em cursos d’água
continuam variando entre 30 a 500 metros, dependendo da largura do leito regular do
corpo d’água.
Um fato importante, não abordado na legislação, é quanto à metodologia
específica para se delimitar tais áreas. Não parece haver parâmetros adotados pelos
órgãos ambientais que levem em consideração as pequenas variações da largura, sendo
que na maioria das vezes essa dimensão é assumida como sendo a da largura média do
curso d’ água. O uso de procedimentos para a delimitação correta dessas áreas evitaria
possíveis conflitos quanto aos interesses econômicos dos proprietários rurais e as
determinações da legislação. Neste sentido é de extrema importância o desenvolvimento
de técnicas para a viabilizar o processo de delimitação e assegurar a eficácia da Lei.
Conforme Nascimento et al., (2005), este tem sido um grande desafio do ponto de
vista técnico e econômico, pois os critérios de delimitação com base na topografia,
exigem o envolvimento de pessoal especializado e de informações detalhadas da
unidade espacial em análise. Atualmente, a disponibilidade comercial de programas
computacionais como os Sistemas de Informações Geográficas (SIG), oferecem diversos
recursos para a modelagem numérica do relevo de forma bastante acurada (TRIBE,
1992; RIBEIRO, et al., 2005). Tem-se nesses programas, portanto, uma importante
ferramenta para a criação de metodologias de delimitação e monitoramento de áreas de
preservação permanente.
Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar duas metodologias
para a delimitação de áreas de preservação permanente de curso d’água, visando o
atendimento às determinações da legislação ambiental vigente.

85
2 Metodologia

2.1 Localização e caracterização da área

A delimitação de APP neste estudo foi realizada ao longo de um trecho do rio


Jequitinhonha, localizado entre as coordenadas geográficas 41º 29’ 59,1” W, 16º 34’
22,8” S e 41º 13’ 33,9” W, 16º 29’ 52,2” S, abrangendo os municípios de Itaobim e
Jequitinhonha, ambos localizados na região nordeste do estado de Minas Gerais (Figura
1).

Figura 1. Localização da área de estudo no estado de Minas Gerais.

2.2 Materiais utilizados

Utilizou-se a base de dados referente à FOLHA SE-24-V-A-V (Joaima),


disponibilizada pelo Serviço Geológico do Brasil-CPRM, na escala 1:100.000. Toda a
base cartográfica utilizada foi convertida para o sistema Geodésico SIRGAS 2000 na
projeção UTM, zona 24 S.
Todo tratamento e a análise dos dados foram realizados no software ArcGis10.2,
destacando-se o módulo ArcMap.
As APP foram geradas de acordo com a variação da largura do curso d’ água,
como determina o artigo 4° da Lei n° 12.651, novo código florestal brasileiro (Tabela 1).

86
Tabela 1. Definição da abrangência de APP por largura de canal de drenagem

Largura do canal de drenagem Largura da APP


Até 10 m 30 m em cada margem
de 10 a 50 m 50 m em cada margem
de 50 a 200 m 100 m em cada margem
de 200 a 600 m 200 m em cada margem
Superior a 600 m 500 m em cada margem

Com a finalidade de automatizar a geração da APP, de acordo com a largura


variável dos cursos d’água, utilizou-se o ambiente Model Builder do ArcMap para
implementar uma rotina desta função.
Primeiro passo foi simplificar o número de vértices das margens, eliminando
aqueles distribuídos de forma excessiva, através do comando Simplify Line. O excesso
de vértices limitava a regularidade da distância na qual as margens seriam fragmentadas.
Os vértices remanescentes foram convertidos para uma classe de feição do tipo ponto,
através do comando Feature Vertice to Point.
A linha simplificada de cada margem foi então densificada por uma malha de
vértices regulares de 5 metros de espaçamento. Estes vértices foram também
convertidos para uma classe de feição do tipo ponto, através do comando Feature Vertice
to Point. Os pontos gerados pelos vértices da linha simplificada foram eliminados do
conjunto de pontos gerados pelos vértices da linha densificada através da ferramenta
Erase. O intuito foi evitar possíveis irregularidades provocadas durante a geração do
Buffer.
O passo seguinte foi segmentar as linhas das margens, nos pontos gerados
depois da aplicação da ferramenta Erase, com o comando Split Line at point. Após essa
segmentação, identificou-se a menor distância entre o segmento de uma margem em
relação à outra, utilizando o comando Near, que adiciona um campo na tabela de
atributos com os valores das distâncias. Com as distâncias calculadas, foi elaborada a
classificação da APP para cada segmento.
A partir dos segmentos de margem categorizados, geraram-se as APP através do
Buffer com as distâncias relativas a cada trecho, ou seja, categorizadas pela distância de
uma margem a outra.
Para comparar os resultados obtidos com a metodologia da largura variável,
geraram-se também as APP pelo método da largura média do curso d’água, por ser o
mais utilizado atualmente em termos práticos.
Na execução desse método foi utilizado o comando Densify, para adicionar
vértices de 10 em 10 metros nas linhas que representavam as margens duplas do curso
d’água. Esses vértices foram convertidos para uma classe de feição do tipo ponto. Com

87
isso, as margens foram segmentadas em linhas de 10m, e através do comando Near
receberam os valores na tabela de atributos referentes às distâncias com a margem
oposta. Com essa informação gerou-se, então, um Buffer com a categoria de APP
referente ao valor médio das distâncias.

3 Resultados e discussão

3.1 Áreas de preservação permanente calculada através da metodologia da largura


variável do curso d’água.

Por meio dessa metodologia, foram encontradas APP de 0,2194 ha com largura
de 50 metros, 481,8710 ha com largura de 100 metros e 742,3327 ha com largura de 200
metros, somando 1224,4232 ha de APP para o curso d’água de 42 km de comprimento
(Tabela 2 e Figura 2). Trata-se, portanto, de um curso d’água com grande irregularidade
na largura, o que possibilita a geração de conflitos entre a legislação ambiental e o uso e
ocupação da terra, se a delimitação das APP não for feita por meio de métodos que
contemplem essas variações.
Como colocado anteriormente, pode ser observada uma região de conflito, em
que a área urbana do município de Itaobim avança sobre um trecho de APP (Figura 2).
Em tal situação, torna-se necessária a revisão do plano diretor de ocupação urbana por
parte do município, para à adequação com a Lei 12.651 em vigência.
Ainda na Figura 2, podem ser observadas variações nas faixas de APP nas duas
margens, evidenciando a eficiência da metodologia em representar a realidade em
comparação com outros métodos de delimitação empregados atualmente.
A descrição de metodologias de delimitação de APP considerando as variações
na largura do curso d’água ainda é escassa e recente, sendo que na maioria dos casos a
delimitação é feita com base na largura média destes.

Tabela 2. Áreas de preservação permanentes obtidas pelos dois métodos de


delimitação

MÉTODO 50m 100m 200m Total

Área de Preservação Permanente Margem


0,2194 481,871 742,3327 1224,423
dupla APP variável (ha)

Área de Preservação Permanente Margem


0 819,894 0 819,894
dupla APP média do rio (ha)

88
Figura 2. APP geradas a partir da metodologia da largura variável do curso d’água.

Eugênio et. al (2011), descrevem que pelo comando buffer, disponível no módulo
ArcToolbox do programa ArcGIS 9.3, foi delimitada uma área de preservação de 30 m em
cursos d’água com menos de 10 m de largura e de 50 m em cursos d’água com largura
entre 10 e 50 m. No entanto, não descreveram detalhadamente como desenvolveram a
metodologia, apenas deram indícios de que obedeceram as variações de largura dos
cursos d’água para a delimitação das APP. O mesmo é observado em Machado (2010),
que pelo comando buffer, gerou as APP com larguras de 30 e 50 metros ao longo do
curso d’água. Nesse caso, o fato da conferência das medidas em campo descrita pelo
autor confere maior segurança quanto à delimitação correta das APP.

3.2 Áreas de Preservação Permanente calculadas pela largura média do curso


d’água.
Por este método, o mesmo trecho do rio teria uma faixa de APP com a mesma
largura em toda a sua extensão. A largura média do curso d’água foi mensurada em,
aproximadamente, 193 metros, assim a faixa de APP seria de 100 metros, nas duas
margens (Figura 3). Nesse método a área total de APP foi de 819,8940 hectares,
correspondendo a uma subestimação em 33,04% em relação à área de APP obtida pela
metodologia da largura variável (Tabela 3).

89
Tabela 3. Comparativo entre o resultado do calculo das APP com largura variável e
com a largura média do curso d’água

Área de Preservação Área de Preservação


Permanente Margem Permanente Margem Diferença %
ÁREA (ha) dupla APP variável dupla APP média do rio

1224,4232 819,894 404,5292 33,04%

Figura 3. APP geradas a partir da metodologia de largura média do curso d’água.

Importante observar que diferentemente da metodologia da largura variável,


quando se considera a largura média do rio para a delimitação das APP, não ocorre
conflito entre o limite dessa e o urbano.
As maiores restrições na utilização desse método consistem na dimensão
considerada do curso d’água, bem como a regularidade na largura ao longo deste. Assim,
para grandes propriedades rurais, por exemplo, a consideração da média da largura do
curso d’água pode levar a subestimação, na delimitação das APP. Por outro lado, em
pequenas propriedades rurais esse problema tende a ser reduzido ou mesmo ser
insignificante, uma vez que se espera pequena variação em trechos de pequenas
dimensões.

90
Atualmente a maior parte dos trabalhos de delimitação de APP é feita com base
na largura média dos cursos d’água. Perini et al., (2011), destaca que as faixas de APP
são variáveis em função da necessidade de se obedecer às determinações legais para
cada caso. Porém, afirma que os cursos d’água na microbacia de estudo apresentam a
mesma faixa de largura (até 10 metros), sem deixar claro se realmente as dimensões
foram mensuradas ou não, dando a entender que foi considerada uma largura média em
sua delimitação. Castro da Costa et al. (1996), também não especificaram a metodologia
adotada para a delimitação de APP de 30 metros referentes a um córrego e a um
segmento de rio, assumindo, nesse caso, largura de até 10 metros para os dois cursos
d’água.
Para melhor visualização das duas metodologias, ambas foram agrupadas no
mesmo plano de visualização (Figura 4). Nesta figura podem ser observadas regiões em
que os limites das APP delimitadas pela metodologia da largura variável coincidem com
aquela em que se considerou a largura média do curso d’água. Esse fato pode ser
explicado pela coincidência da largura média e a largura real nessas regiões.

Figura 4. Representação das APP geradas a partir das duas metodologias.

91
4. Conclusões

 A metodologia da largura variável apresentou-se eficiente, possiblitando a


delimitação das APP em conformidade com as variações ao longo do trecho do curso
d’água estudado.
 A metodologia, que considera a média da largura ao longo do trecho do curso
d’água, subestimou a dimensão das APP em 33,04%, em comparação à metodologia
da largura variável.
 O uso de metodologias que se baseiam na largura média do curso d’água pode ser
tão problemático quanto maior for o trecho, pela maior possibilidade de ocorrência de
variação de largura, e quanto maiores às irregularidades no curso d’água.
 A inexistência de norma especifica que regulamenta a delimitação de APP, propicia o
uso de metodologias menos morosas e onerosas. Como consequência, aumenta-se
a chance de falhas na delimitação correta das APP, gerando, em muitos casos,
conflitos pelo uso e ocupação não autorizados dessas áreas.
 Apesar dos resultados preliminares da metodologia da largura variável terem sido
satisfatórios, ainda se faz necessário o aperfeiçoamento e mais testes para a
confirmação da aplicabilidade da mesma.

5 Referências bibliográficas

BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Institui o novo código florestal. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/ Lei/L12651.htm>. Acesso em: 18 novembro de 2013.
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permanente, por meio de um sistema de informações geográficas (sig). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
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NASCIMENTO, M. C. Delimitação automática de áreas de preservação permanente (APP) e identificação de conflito de
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Goiânia, GO. Anais... Goiânia, GO: 2005. p. 2289-2296.Disponível em: <http://marte.sid.inpe.br/col/ltid.inpe.br/sbsr/2004/
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OLIVEIRA, M. Z; et al. Delimitação de Áreas de Preservação Permanente: Um estudo de caso através de imagem de
satélite de alta resolução associada a um sistema de informação geográfica (SIG). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
SENSORIAMENTO REMOTO, 13., 2007. Florianópolis, SC. Anais... Florianópolis, SC: 2007. p. 4119-4128. Disponível
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PERINI, I. L; et al. Utilização de Delimitação Automática para Áreas de Preservação Permanente (APP) e Identificação de
Conflitos de Uso da Terra na Bacia Hidrográfica do Rio Crubixá. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO
REMOTO, 15., 2011. Curitiba, PR. Anais... Curitiba, PR: 2011. p.4247- 4254. Disponível em:
<http://www.dsr.inpe.br/sbsr2011/files/p1212.pdf>. Acesso em: 18 novembro de 2013.

92
RIBEIRO, A. A. S. R; et al. O desafio da delimitação de áreas de preservação permanente. Revista Árvore, v.29, n.2,
p.203-212, 2005.
TRIBE, A. Automated recognition of valley lines and drainage networks from grid digital elevation models: a review and a
new method. Journal of Hidrology, v. 139, p. 263-293, 1992.

93
CAPÍTULO 6

DIAGNÓSTICO DA ACEITAÇÃO DOS PROPRIETÁRIOS RURAIS


QUANTO A IMPLANTAÇÃO DE CORREDORES ECOLÓGICOS
ENTRE DOIS PARQUES ESTADUAIS NO ES UTILIZANDO
GEOTECNOLOGICA
Franciane L. Rubini de Oliveira Louzada
Alexandre Rosa dos Santos
Aderbal Gomes da Silva

1 Introdução

Os fragmentos florestais estão cada vez mais isolados, com isso as áreas de
preservação como os parques e suas zonas de amortecimentos não serão suficientes
para evitar o colapso da biodiversidade e suas funções ecológicas. Porém, mosaicos com
múltiplos usos da terra em uma paisagem manejada podem permitir o movimento de
populações por meio de ligações entre florestas próximas (C.I.B, 2000).
Corredores Ecológicos (CE) e/ou corredor de remanescentes, é “uma faixa de
cobertura vegetal existente entre remanescentes de vegetação primária em estágio
médio e avançado de regeneração, capaz de propiciar habitat ou servir de área de
trânsito para a fauna residente nos remanescentes. Os corredores constituem-se pelas
matas ciliares em toda sua extensão e pelas faixas marginais definidas por lei e pelas
faixas de cobertura vegetal existentes nas quais seja possível a interligação de
remanescentes, em especial, às unidades de conservação e áreas de preservação
permanente” (CONAMA, 1996).
Desta forma, os corredores ecológicos em termos de ecologia e conservação de
populações apontam para a necessidade de sua preservação e restauração,
reconectando diferentes ambientes e ou fragmentos florestais minimizando o isolamento
causado pela fragmentação, aumentando a cobertura vegetal e garantindo a conservação
dos recursos naturais e da biodiversidade de ecossistemas considerados prioritários.
O Parque Estadual de Forno Grande e Pedra Azul fazem parte das sete áreas
consideradas de extrema importância biológica, no Estado do Espírito Santo. A
proximidade entre estes Parques e a existência de importantes remanescentes de
floresta entre as duas UCs coloca ainda mais em evidência a sua importância, e faz desta
região, a principal referência para o projeto de implantação do Corredor Central da Mata
Atlântica na região Sul do Estado do Espírito Santo (LOUZADA, et al., 2012).

94
O Corredor Ecológico deve ser criado dentro de uma perspectiva de educação
ambiental contínua da população local, favorecendo esta região que possui um grande
potencial turístico.
Para implantação de CEs é essencial identificar o grau de aceitação dos
proprietários rurais, pois é importante considerar que esta proposta envolve a atuação em
propriedades privadas e o seu sucesso depende da adesão dos proprietários.
A aceitação dos proprietários é uma das inúmeras questões que limitam a efetiva
implantação dos CEs. Convencê-los a implantar um corredor em locais de grande
fertilidade, como indicado na legislação (matas ciliares) é uma situação conflitante,
principalmente por não receberem, até o momento, compensação financeira por isso.
O conhecimento prévio da posição dos proprietários em relação aos CEs é a
chave para elaboração das propostas para ações que visem obter o compromisso dos
mesmos na condução dos projetos de implantação. Por meio deste conhecimento será
possível elaborar, futuramente, planos de educação ambiental nas escolas, nas
comunidades e nas propriedades.
A utilização de Geotecnologias como ferramenta de planejamento e análise em
estudos ambientais é muito importante e eficaz. O Sistema de posicionamento
geográfico - GPS, as aerofotos digitais ortorretificadas, inseridas no Sistema de
Informação Geográfica (SIG), permitem a realização de estudos com baixo custo e com
mais eficiência. Assim como, auxilia no planejamento das ações em campo permitindo
melhor desenvolvimento das atividades e otimização do tempo e possibilita a
manipulação e visualização dos dados em forma de mapas.
Dentro deste contexto o presente estudo teve como objetivo avaliar a
predisposição dos proprietários rurais, que residem entre os Parques Estaduais Forno
Grande e Pedra Azul, quanto a aceitação da implantação de Corredores Ecológicos e o
conhecimento a respeito deste assunto utilizando geotecnologias como ferramenta de
apoio.

2 Metodologia

A área de estudo está localizada na região Serrana do Estado do Espírito Santo,


no município de Castelo, onde se encontra o Parque Estadual Forno Grande e a 23 km
deste, no Município de Domingos Martins, o Parque Estadual Pedra Azul.
O limite adotado para o estudo foi delimitada por (LOUZADA et al., 2012) (Figura
1) que compreende a zona de amortecimento do Parque Estadual Pedra Azul – PEPAz
com 338,38 km² e a área proposta para a ampliação da zona de amortecimento do

95
Parque Estadual Forno Grande – PEFG com 153,15 km², devido a sua área atual ser
considerada pequena com 38,46 km².
A aprovação do Comitê de Ética em Seres Humanos e Animais foi necessária
para a realização deste estudo, conforme as normas da Resolução nº 196, de 10 de
outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde. Assim como obtenção da autorização
do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo - IEMA
para a realização desta pesquisa nas áreas de amortecimento das unidades de
conservação dos parques estaduais de ‘Forno Grande’ e ‘Pedra Azul’.
A coleta de dados foi feita mediante a aplicação de questionário estruturado,
contendo 08 perguntas objetivas e 2 discursiva, para apresentar os conceitos de CEs aos
proprietários e também como forma de avaliar a predisposição dos mesmos, quanto à
aceitação de modelos e rotas dos corredores. Este questionário foi direcionado aos
proprietários rurais que residem entre os Parques estaduais, na região das propostas dos
CEs. Estas atividades foram realizadas nos dias cinco (05) e seis (06) de junho de 2010.

41°7'30"W 41°2'0"W 40°56'30"W 40°51'0"W

Espírito
Santo

Domingos Martins
20°20'0"S
20°20'0"S

Venda Nova do Imigrante

!
20°25'30"S

!
20°25'30"S

!
! Propriedades entrevistadas
! !
!
! ! !
!! ! Área de estudo
! ! ! Marechal Floriano
!
!
! ! !
! ! !
! !
!
Parque Estadual Pedra Azul
!! !! !
!
! !
!! ! !
!
!! ! Parque Estad. Forno Grande
! ! !
! !
20°31'0"S

-
20°31'0"S

! Alfredo Chaves
5 2,5 0 5 km

E.: 1:200.000
Castelo

Geographic Coordinate System - GCS


Vargem Alta Datum WGS 1984 - Zona 24k
20°36'30"S
20°36'30"S

41°7'30"W 41°2'0"W 40°56'30"W 40°51'0"W

Figura 1. Parques Estaduais de Forno Grande e Pedra Azul, no Estado do Espírito


Santo e a localização das propriedades entrevistadas.

96
Para o planejamento das etapas de campo e auxilio nas discussões dos
resultados foi utilizado o sistema de Informação Geográfica ArcGis 9.3 e os seguintes
planos de informações: aerofotos da região, delimitação do PEFG, delimitação do
PEPAz, disponibilizados pelo IEMA. A base cartográfica adotada foi o sistema
geodésico World Geodetic System de 1984 (WGS 84) e o Sistema de Projeção Universal
Transversa de Mercador (UTM) para a geração dos mapas. O mapeamento foi realizado
no programa ArcGIS 9.3.

3 Resultados e discussão

As entrevistas foram realizadas com 55 proprietários que residem entre os


Parques Estaduais de Forno Grande (FG) e Pedra Azul (PAz). As maiores ocorrências
foram a faixa etária de 41-50 e 31-40 anos, representando 32,6% e 26,5%
respectivamente, e 70,9% possuem o ensino fundamental incompleto. Verificou-se que
89,1% residem na propriedade e 54,4% vivem lá há mais de 31 anos.
Arguidos sobre a produção da propriedade para a geração de renda verificou-se
que os legumes e hortaliças são as maiores porcentagens com 53,6%, seguidas das
leguminosas e frutas, com 32,8%. Os outros são provenientes do café, leite e derivados,
flores, artesanato (8,0%) e 5,6% não vivem da terra (Figura 2). A produção para consumo
próprio também foram hortaliças e legumes com 67,7%, e leguminosas e frutas com
28,3% (Figura 3).

35
32

30 HORTALIÇAS
FRUTAS
25
21,6 LEGUMES
20 17,6 LEGUMINOSAS
15,2 CAFÉ
15 LEITE E DERIVADOS
FLORES
10
5,6 ARTESANATO
4 NÃO VIVE DA TERRA
5 2,4
0,8 0,8
0
% Produção para geração de renda

Figura 2. Produção da propriedade do entorno dos Parques Estaduais de Forno


Grande e Pedra Azul, ES, para geração de renda.

97
40,0
36,4
35,0
31,3
30,0
HORTALIÇAS
25,0 FRUTAS
LEGUMES
20,0
16,2 LEGUMINOSAS
15,0 12,1 GALINHAS
PORCOS
10,0

5,0 2,0 2,0


0,0
% Produção para consumo próprio

Figura 3. Produção da propriedade do entorno dos Parques Estaduais de Forno


Grande e Pedra Azul, ES, para consumo próprio.

De acordo com IDAF (2004), esta região tem potencial para o desenvolvimento de
atividades rurais agrícolas e não agrícolas que compatibilizem a produção com o
desenvolvimento local sustentável, que possa contemplar o planejamento da paisagem
de forma participativa. Com isso, conforme o mesmo autor seria possível o
estabelecimento de um mosaico de atividades sustentáveis, que gere a melhoria da
qualidade de vida das comunidades e, ao mesmo tempo, contribua para a conservação
da biodiversidade, pautada na utilização dos recursos naturais que considere as
potencialidades e fragilidades do ambiente em que residem.
Sobre a situação de reflorestamento na região, aproximadamente 49,0% do total
dos entrevistados possuem reflorestamento com eucalipto, 6,8% com pinus, apenas 1,7%
com árvores nativas e 42,4% não possuem nenhum tipo de reflorestamento em sua
propriedade. Estas informações podem ser observadas nas aerofotos da região.
Questionados se sabiam o que era um CE, verificou-se que 40% nunca ouviram
falar, 38,2% já ouviu, e somente 21,8% sabiam, porém, observou-se que, deste
percentual, a maioria possuía um conhecimento superficial. Julga-se necessário um
trabalho intenso de informação e esclarecimento da população a este respeito, para
sensibilizar e promover a conscientização dos proprietários da importância da
implantação de um CE.
Propostas de rotas para a passagem de corredores ecológicos foram realizadas
por (LOUZADA et al., 2012) para interligação destes dois parques estaduais, Forno
Grande e Pedra Azul. Estas rotas foram estabelecidas por meio da técnica da distância
de menor custo de Louzada et al. (2010) que teve como base Rocha et al. (2007), Martins

98
et al. (1998), Altoé et al. (2005), Nunes et. al. (2005), Tebaldi et al. (2009) e Bergher
(2008). Considerou-se as Áreas de preservação Permanente, o uso e cobertura da terra
e a declividade.
As entrevistas foram realizadas com os proprietários que residiam próximas a
estas rotas pré-estabelecidas. Estas informações são importantes para os órgãos
ambientais. Este estudo oferece um direcionamento para as possíveis ações para a
implantação destes corredores ecológicos na região.
Outra questão abordada foi, se eles acreditavam que a inclusão de um CE entre
os PEFG e PEPAz poderia contribuir com a geração de renda com o turismo na região.
Dos entrevistados, 70,9% acreditam que sim, e disseram que o turismo é um dos
caminhos para geração de renda para os proprietários do entorno e que todo incentivo
em relação ao turismo é válido. No entanto, percebeu-se que somente 9,1% dos
entrevistados têm alguma renda proveniente deste meio. Alguns dizem que “não tem
turismo no PEFG” e mostram sua insatisfação quanto às restrições do acesso à Pedra de
Forno Grande, pois, no passado, havia festas e celebrações neste local, sendo agora
proibido.
Observou-se em conversa com os proprietários, que existe uma insatisfação geral
em relação à falta de manutenção das estradas, pois não estão em boas condições.
Acreditavam que com a implantação do parque FG e com o turismo, as estradas iriam
melhorar, “mas ficou só na esperança”. Isto pôde ser constatado em campo. Alguns estão
insatisfeitos com o governo e comentam que não tem apoio.
Outra questão discutida foi a respeito do interesse dos proprietários em que o CE
seja estabelecido em áreas de domínio de sua propriedade, 70,91% responderam sim.
Arguidos sobre quais áreas teriam autorização para fazer parte desta implantação,
obteve destaque as áreas de cobertura florestais já existentes (23,1%), seguida das
áreas ao redor das nascentes (20,3%), topos de morro (18,9%), mata ciliar (16,8%),
cerca de divisa como delimitador de propriedades ou quebra vento (10,5%), margens de
rodovias ou estradas (7,7%) e outras áreas, com reserva legal (2,8%) (Figura 4).
Arguidos sobre quais benefícios o estabelecimento de um CE poderia trazer, as
respostas foram abrangentes, como a melhoria da qualidade de vida, do ar, dos cursos
d’água e estradas, seguidas da redução da erosão, facilidade para adquirir mudas,
proteção e preservação do meio ambiente (fauna, flora, microclima) e turismo. Alguns
disseram que não vêem nenhum benefício enquanto outros, por falta de conhecimento,
não opinaram a respeito.

99
25,0 23,1
18,9 20,3
20,0 16,8
15,0 10,5
10,0 7,7
5,0 2,8

0,0
% Áreas para implantação do Corredor Ecológico
MATAS CILIARES (APP)
TOPOS DE MORRO (APP)
AO REDOR DE NASCENTES (APP)
MARGEM DE RODOVIAS OU ESTRADAS
*CERCA DE DIVISA COMO DELIMITADOR DE PROPRIEDADE OU QUEBRA VENTO
AREA DE COBERTURA FLORESTAL JÁ EXISTENTE
OUTRAS AREAS

Figura 4. Porcentagens das áreas aceitas pelos proprietários do entorno dos


Parques Estaduais de Forno Grande e Pedra Azul, ES, para possível
implantação dos Corredores Ecológicos.

4 Conclusões

 A respeito do conhecimento dos proprietários sobre CEs, verificou-se que a maioria


não possui este conhecimento, então se torna necessário a realização um trabalho
intenso de informação e esclarecimento à população a respeito de CE, para
sensibilizar e promover a conscientização dos proprietários da importância de sua
implantação. É essencial a orientação, pois o entendimento dos benefícios
aumentará o grau de aceitação dos proprietários para implantação destas técnicas
em suas propriedades.
 A respeito do interesse dos proprietários em que o CE seja estabelecido em áreas de
domínio de sua propriedade, a maioria mostrou-se dispostos.
 A geotecnologia foi uma ferramenta muito importante para o desenvolvimento deste
estudo, possibilitando um melhor planejamento e desenvolvimento das atividades de
campo e nas análises dos resultados.

5 Referências bibliográficas

ALTOÉ, R. T; OLIVEIRA, J. C. de; RIBEIRO, C. A. A. 2005. Sistema de informações geográficas na definição de corredores
ecológicos para o município de Conceição da Barra. Anais... XII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. 2005.
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BERGHER, I. S. B. 2008. Estratégias para edificação de micro-corredores ecológicos entre fragmentos de Mata
Atlântica no Sul do Espírito Santo. Universidade Federal do Espírito Santo. Brasil. Dissertação de Mestrado em
Produção Vegetal.

100
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (BRASIL). Resolução nº09, 24 de outubro de julho de 1996. Dispõe
sobre corredor de vegetação entre remanescentes como área de trânsito para a fauna. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br>. Acesso em: 25 jul. 2015.
CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL- CIB, FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÃNTICA. Avaliação e Ações
Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Fundação Biodiversidade,
Instituto de Pesquisas Ecológicas, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Semad/Instituto Estadual de
Florestas - MG. MMA/SBF, Brasília. 2000, 40 p.
INSTITUTO DE DEFESA AGROPECUÁRIA E FLORESTAL DO ESPÍRITO SANTO - IDAF. Plano de manejo do Parque
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Mata Atlântica 595p. 2004.
LOUZADA, F. L. R. O; SANTOS, A. R.; SILVA, A. G.; COELHO, A. L. N.; EUGENIO, F. C.; SAITO, N. S.; PELUZIO, T. M.
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taludes rodoviários e de mineração. Viçosa (MG) - Brasil: Aprenda Fácil. 270p.
NUNES, G. M.; SOUZA FILHO, C. R. de; VICENTE, L. E.; MADRUGA, P. R. de A.; WATZLAWICK, L. F. 2005. Sistemas de
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COUTINHO, L. M. 2009. Utilização de sistema de informação geográfica para delimitação de corredores de biodiversidade.
In: Corredores ecológicos: iniciativas e metodologias para a implementação do Projeto corredores ecológicos.
Roberto Xavier de Lima, organizador. MMA/SBF. Brasília – Brasil.

101
CAPÍTULO 7

PROPOSTA DE CORREDOR ECOLÓGICO PARA BACIA


HIDROGRÁFICA DO RIO ITAPEMIRIM ESTADO O ESPÍRITO
SANTO

Carlos Roberto Lima Thiago


Alexandre Rosa dos Santos
Ivo Augusto Lopes Magalhães
Flávio Eymard Rocha Pena

1 Introdução

Desde as primeiras etapas da colonização do Brasil, o bioma Mata Atlântica vem


passando por alterações antrópicas, nas quais, as florestas naturais estão sendo
substituídas por outros usos da terra. Com a fragmentação florestal ocorrem
modificações nas condições abióticas e bióticas, consequentemente na distribuição dos
organismos no espaço.
O fragmento florestal é conceituado como qualquer área de vegetação natural
contínua, interrompida por barreiras antrópicas (estradas, cidades, culturas agrícolas,
pastagens etc.) ou naturais (montanhas, lagos, outras formações vegetacionais, etc.),
capazes de diminuir significativamente o fluxo de animais, pólen e ou sementes (Viana,
1990).
Dados da Fundação SOS Mata Atlântica (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA,
2014) indicam que restam aproximadamente 14,5% da vegetação original do bioma Mata
Atlântica, distribuída em fragmentos florestais de tamanho reduzido (<100 ha),
biologicamente empobrecidos e cuja restauração poderia levar centenas de anos
(LIEBSCH et al., 2008). Estima-se que no estado do Espírito Santo, que está em sua
totalidade sob domínio do Bioma Mata Atlântica, possui aproximadamente 12,2% de seu
território ocupado por fragmentos florestais (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA, 2014).
As barreiras criadas pela fragmentação dificultam a dispersão entre os fragmentos
florestais, diminuindo o fluxo gênico, a variabilidade genética, logo, a capacidade de
adaptação das espécies. Esses efeitos podem ser mitigados se as populações não
ficarem isoladas. Sendo assim, é de fundamental importância o desenvolvimento de
ações direcionadas para promover a conexão entre fragmentos.
Os corredores ecológicos são apontados como uma das soluções viáveis tanto
para a ligação de ecossistemas fragmentados como para a manutenção da
biodiversidade (PEREIRA et al., 2007; SEOANE et al., 2010). Segundo Ayres et al.
(2005), corredores ecológicos, referem-se às extensões de terra com manchas contínuas

102
de vegetação que visam permitir o trânsito e o fluxo gênico entre as populações. Dentre
as suas principais funções destacam-se a redução da fragmentação das florestas
existentes, a restauração da conectividade da paisagem e a manutenção dos recursos
hídricos (MUCHAILH et al., 2010).
Mediante o cenário de fragmentação florestal e de perda da biodiversidade no
bioma Mata Atlântica, o propósito deste trabalho foi propor corredores ecológicos na
bacia hidrográfica do rio Itapemirim no estado do Espírito Santo utilizando a técnica do
caminho mais curto, função Shortest Path, disponível no ArcGIS 10.2. Esta função utiliza
as imagens matriciais de distância e direção de custo para determinar uma rota de menor
custo entre os fragmentos.

2 Metodologia

Na geração das rotas dos corredores ecológicos (CEs) foi utilizada uma
metodologia por meio de Sistemas de Informações Geográficas (SIGs), envolvendo
banco de dados e uma base cartográfica digital fornecida pelo Sistema Integrado de
Bases Georreferenciadas do Estado do Espírito Santo – GEOBASES”, sendo os
seguintes planos de informação utilizados no formato “shapefiles” (.shp): hidrografia,
manchas urbanas, vias urbanas e vias interurbanas. Foram considerados fatores tais
como: uso e cobertura da terra, áreas de preservação permanente e declividade.
Foi adotado para a geração dos mapas o Sistema de Referências Geocêntrico
para as Américas (SIRGAS 2000) e o Sistema de Coordenadas Geográficas Latitude e
Longitude. O mapeamento foi realizado no aplicativo computacional ArcGIS 10.2,
utilizando-se a técnica de pesos de menor custo, de Louzada et al. (2010), que teve como
base Martins et al. (1998), Altoé et al. (2005), Nunes et. al. (2005), Rocha et al. (2007),
Bergher (2008) e Tebaldi et al. (2009).
Foi utilizado o mapa de uso e cobertura da terra, disponibilizado pelo GEOBASE,
ao qual para cada classe de uso da terra foi determinado um peso de adequabilidade,
conforme Louzada et al. (2010), numa escala de 1 a 100, sendo os pesos mais elevados
atribuídos àqueles por onde os corredores não deveriam passar, dando origem ao mapa
de fricção, o qual foi obtido com a soma de todos os pesos atribuídos para cada elemento
considerado. A esse procedimento, objetivou-se gerar uma superfície de custo nas quais
as classes com maiores pesos teriam maiores custos, para o caso de conservá-los ou
recuperá-los.
O mapa de APP totais, disponibilizado por Eugenio (2014), foi dividido em duas
classes, sendo uma a de APP Totais com peso 1 e a classe de outras áreas com peso

103
100, uma vez que o objetivo maior é que a rota dos CEs passe pelas APP, estas
receberam o peso menor.
Após a atribuição dos pesos, as imagens matriciais foram multiplicadas pelo seu
respectivo peso estatístico, utilizando método Analise Hierárquica dos Processos (AHP)
proposto por Saaty (1977) e, posteriormente somados gerando a Imagem Matricial de
Custo Total, equação 12:

CustoTotal  P1xUsoTCusto P2 xAPPsCusto P3 xDecCusto; (eq. 1)

Em que,
Custo Total: Imagem Matricial de custo total;
P1: Peso estatístico da imagem matricial de custo de uso e cobertura da terra;
P2: Peso estatístico da imagem matricial de custo de APP;
P3: Peso estatístico da imagem matricial de custo de declividade;
UsoTCusto: Imagem Matricial de custo de uso e cobertura da terra;
APPCusto: Imagem Matricial de custo de APP; e
DecCusto: Imagem Matricial de custo de declividade.

Para traçar os caminhos ótimos, os quais representam menores custos entre os


fragmentos, utilizou-se a técnica do caminho mais curto, função Shortest Path, disponível
no ArcGIS 10.2. Esta função utiliza as imagens matriciais de distância e direção de custo
para determinar uma rota de menor custo entre os fragmentos.
Em seguida fez-se a interligação entre os fragmentos com os corredores
considerando largura igual a 10% de seu comprimento de acordo com a orientação
descrita pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 1996) por meio da
Resolução Nº 09, de 24 de outubro de 1996. Art. 3º desta resolução que define “a largura
dos corredores será fixada previamente em 10% (dez por cento) do seu comprimento
total”, e em seu Parágrafo Único diz que: “quando em faixas marginais a largura mínima
estabelecida se fará em ambas as margens do rio”.
O Fluxograma com as operações para proposição de corredores ecológicos é
apresentado na Figura 1.

104
Base de dados

Geração Determina Determinação


das ção da da imagem
Rsterizar Imagens imagem Matriial de
Limite da área Matriciais Matricial Distância e
de estudo de custo de Custo Direção de
Total Custo

AHP
APPs_T_rast APPs_Custo SAATY
APPs totais
er s (1977)

Determina
Distância ção da
imagem
MDE – Vetorial de
Declividade Dec_Rec_Ra Caminho
Dec_Custos Custo_Total
<20°, 20 a 45°> ster mais curto
45° Direção entre dois
de Custo pontos

Uso e cobertura Uso_T_Raste Uso_T_Cust


da terra r os

Cálculo de comprimento e largura dos


Individualização dos Corredores
Corredores

Figura 1. Fluxograma com as operações para a delimitação dos corredores


ecológicos na bacia hidrográfica do rio Itapemirim, ES. Fonte Louzada et
al. (2012). Adaptado pelo autor.

3 Resultados e discussão

Com a imagem de Custo Total que foi gerada por meio das imagens matriciais
das áreas de preservação permanente (APP), do mapa de uso e cobertura da terra, do
modelo digital de elevação, gerou-se o mapa de rotas dos corredores ecológicos (CEs).
Foram estabelecidos corredores do tipo contínuo, de modo que fiquem
interligados entre si, pois esta opção atende a um maior número de elementos da fauna e
flora (BERGHER, 2008).’Fez-se a interligação entre os fragmentos com os corredores
possuindo largura igual a 10% de seu comprimento.
Foram identificadas 95 propostas de corredores, totalizando, 70.879,65 m de
comprimento (Tabela 1). A área total dos corredores foi de 2.500,23 ha, com área média
de 26,32 ha. O comprimento médio foi de 746,10 m, com largura média de 74,61 m. Na
Tabela 1 é apresentado o comprimento, largura e área de cada corredor ecológico
proposto para a bacia hidrográfica do rio Itapemirim, ES.

105
Tabela 1. Comprimento, largura e área de cada corredor ecológico proposto para
conexão dos fragmentos florestais potenciais identificados na bacia
hidrográfica do rio Itapemirim, ES em ordem crescente do comprimento
(continua)
Corredores Comprimento Largura Buffer Área
Nº (m) (m) (m) (m²)
26 12,70 1,27 0,63 54,03
30 13,94 1,39 0,70 57,59
11 20,71 2,07 1,04 86,10
10 21,43 2,14 1,07 86,42
88 24,90 2,49 1,25 99,40
24 35,40 3,54 1,77 144,01
13 40,61 4,06 2,03 243,96
41 40,62 4,06 2,03 162,36
12 44,90 4,49 2,25 274,17
82 48,60 4,86 2,43 291,43
75 52,98 5,30 2,65 316,80
1 54,81 5,48 2,74 655,08
69 58,96 5,90 2,95 354,65
46 65,72 6,57 3,29 525,28
22 69,96 7,00 3,50 580,16
27 70,01 7,00 3,50 575,85
40 70,11 7,01 3,51 560,89
21 76,53 7,65 3,83 631,86
23 91,01 9,10 4,55 948,21
42 95,25 9,52 4,76 928,61
86 103,41 10,34 5,17 1055,79
15 105,11 10,51 5,26 1118,40
6 118,62 11,86 5,93 1452,26
29 119,71 11,97 5,99 1496,73
4 125,54 12,55 6,28 1528,49
5 125,55 12,55 6,28 1468,85
39 132,29 13,23 6,61 1856,48
73 135,60 13,56 6,78 1907,51
16 139,98 14,00 7,00 1123,70
17 149,81 14,98 7,49 2516,88
19 149,81 14,98 7,49 2516,88
54 162,40 16,24 8,12 2577,93
51 163,48 16,35 8,17 2816,36
84 165,63 16,56 8,28 2628,26
90 168,83 16,88 8,44 2698,29
49 172,45 17,25 8,62 3222,45
53 178,65 17,87 8,93 3204,61
50 181,13 18,11 9,06 3308,51
76 189,06 18,91 9,45 3244,49
68 212,34 21,23 10,62 4676,10
72 239,93 23,99 12,00 5765,89

106
Tabela 1. Comprimento, largura e área de cada corredor ecológico proposto para
conexão dos fragmentos florestais potenciais identificados na bacia
hidrográfica do rio Itapemirim, ES em ordem crescente do comprimento
(continuação)
Corredores Comprimento Largura Buffer Área
Nº (m) (m) (m) (m²)
92 244,74 24,47 12,24 5870,75
47 245,57 24,56 12,28 5914,86
78 259,80 25,98 12,99 6626,32
44 270,94 27,09 13,55 7542,81
70 272,86 27,29 13,64 7566,83
33 275,12 27,51 13,76 7819,02
74 296,79 29,68 14,84 8969,19
63 300,82 30,08 15,04 9580,64
48 301,19 30,12 15,06 8975,02
59 344,13 34,41 17,21 11887,02
64 359,09 35,91 17,95 14481,73
45 369,84 36,98 18,49 13589,17
18 383,43 38,34 19,17 15687,40
65 410,59 41,06 20,53 16476,04
95 423,65 42,37 21,18 26250,12
60 442,87 44,29 22,14 19916,46
66 463,55 46,36 23,18 21786,85
77 477,55 47,75 23,88 12622,60
56 480,80 48,08 24,04 23299,61
20 481,20 48,12 24,06 24818,16
43 488,79 48,88 24,44 23651,90
7 502,37 50,24 25,12 25417,01
28 503,71 50,37 25,19 24439,91
58 514,78 51,48 25,74 27058,84
80 515,36 51,54 25,77 29320,09
62 527,60 52,76 26,38 29021,56
71 553,38 55,34 27,67 30832,27
55 557,07 55,71 27,85 32379,97
67 579,00 57,90 28,95 34067,50
93 588,22 58,82 29,41 34288,15
52 623,26 62,33 31,16 38711,97
57 625,90 62,59 31,29 52483,72
81 670,28 67,03 33,51 46031,41
87 680,14 68,01 34,01 46260,98
85 711,94 71,19 35,60 50684,57
83 743,86 74,39 37,19 55007,63
9 857,41 85,74 42,87 74871,11
32 860,47 86,05 43,02 69390,53
79 934,86 93,49 46,74 91420,63
34 962,54 96,25 48,13 94117,37
61 1182,15 118,21 59,11 142481,60

107
Tabela 1. Comprimento, largura e área de cada corredor ecológico proposto para
conexão dos fragmentos florestais potenciais identificados na bacia
hidrográfica do rio Itapemirim, ES em ordem crescente do comprimento
(conclusão)
Corredores Comprimento Largura Buffer Área
Nº (m) (m) (m) (m²)
3 1264,17 126,42 63,21 63297,60
89 1376,09 137,61 68,80 195039,04
2 1570,59 157,06 78,53 249524,55
14 1868,81 186,88 93,44 354151,75
35 1947,27 194,73 97,36 309492,84
36 3106,18 310,62 155,31 958075,19
31 4192,57 419,26 209,63 1811315,16
8 4417,88 441,79 220,89 2047465,26
37 6104,29 610,43 305,21 3759948,31
38 8052,09 805,21 402,60 6181178,57
94 8452,58 845,26 422,63 7230792,69
Total 70.879,65 25.002.302,07
Média 746,10 74,61 37,31 263.182,13

Merece destaque os corredores, 8, 31, 37, 38 e 94, juntos ocuparam 84,11% da


área total dos corredores, 2.103,07 ha. Exibiram comprimento total 31.219,40 metros,
44.05% do comprimento total dos corredores. Comparando o comprimento médio destes,
com os demais, observou-se expressiva diferença, 6.243 m, versus 440,67 m.
Os corredores propostos consideraram outros fragmentos com menor potencial
espacial, estes, denominados neste estudo de fragmentos conexão. Foram utilizados 196
fragmentos com área total de 9.414, 52 ha, média de 48,03 ha. Esses resultados revelam
que os fragmentos ora denominados fragmentos de conexão, independente de sua
diversidade ou área, neste estudo, atuaram com trampolins ecológicos, destacando sua
importância como facilitadores na implantação de corredores ecológicos.
Na Figura 2 são apresentados os corredores, os fragmentos conexão e os
fragmentos com maior potencial para conexão.
Para promover a análise dos corredores, a bacia foi dividida em três setores:
Cachoeiro/Itapemirim; Vargem Alta/Conceição do Castelo e Muniz Freire/Ibitirama,
apresentados simultaneamente nas Figuras 3, 4 e 5.
Analisando o setor Cachoeiro do Itapemirim/Itapemirim, Figura 3, identificou-se 91
fragmentos conexão. Entretanto, apesar do número de fragmentos conexão relativamente
elevado quando comparado aos fragmentos conexão dos demais setores, estes não
foram suficientes como elementos de conexão, fato apoiado na área e comprimento dos
corredores deste setor.

108
Os corredores deste setor totalizaram 1.633,74 ha, 65,34% da área total de todos
os corredores propostos para bacia hidrográfica. O comprimento foi de 40.716,65 m,
57,44% do comprimento total dos corredores da bacia. Destacam-se os corredores 8, 31,
35, 36, 37 e 38, que representam 60,26% da área total dos corredores do setor
Cachoeiro/Itapemirim e 39,25% do seu comprimento total.
Este comportamento apresentou como consequência maiores custos para
implantação do corredor. O desempenho exibido é explicado em função das maiores
distâncias entre os fragmentos, refletidos na extensão dos corredores propostos para
este setor.
Examinando o setor Vargem Alta/Conceição do Castelo, Figura 4, foram
identificados 43 fragmentos conexão. Os valores de área, 45,36 ha e
comprimento, 8.294,80 m ocupados pelos corredores, foram significativamente
menores, quando comparados com o setor Cachoeiro/Itapemirim.
Os valores de área e comprimento do setor representam
concomitantemente 1,85% e 11,60% do total dos corredores propostos para a
bacia. Os resultados obtidos neste setor foram bastante satisfatórios, visto que, os
corredores apresentaram área e comprimento relativamente pequenos, refletindo
menores custos para sua implantação.
Pesquisando o setor, Muniz Freire/Ibitirama, Figura 5, encontrou-se 62
fragmentos conexão. Os corredores exibiram área total de 821,15 ha,
comprimento de 2.2169,03 metros. Estes valores representam em área 32,79%, e
em comprimento, 31,00% do total dos corredores propostos para a bacia do rio
Itapemirim. Evidencia-se o corredor 94, ocupando 88,13% da área e 38,12% do
comprimento total dos corredores propostos para o setor.
Com objetivo de avaliar as trajetórias dos corredores, foram analisados os
usos e coberturas da terra para cada corredor. Na Tabela 2, são apresentados os
usos e coberturas da terra em cada corredor proposto para a bacia hidrográfica
do rio Itapemirim, ES.

109
41°45'0"W 41°30'0"W 41°15'0"W 41°0'0"W

Fragmentos Potenciais
Fragmentos Conexão

20°15'0"S
20°15'0"S
IBATIBA
Corredores

IRUPI
Largura dos Corredores
CONCEIÇÃO DO CASTELO VENDA NOVA DO IMIGRANTE
IÚNA
Municipios
MUNIZ FREIRE Limites da bacia

20°30'0"S
20°30'0"S

IBITIRAMA

CASTELO
VARGEM ALTA

ALEGRE

20°45'0"S
20°45'0"S

CACHOEIRA DE ITAPEMIRIM

JERÔNIMO MONTEIRO

MUQUI
ATÍLIO VIVÁCQUA

ITAPEMIRIM

21°0'0"S
21°0'0"S

10 5 0 10
km
PRESIDENTE KENNEDY

Sistema de Coordeandas Geográficas


SIRGAS 2000 - ZONA 24S

41°45'0"W 41°30'0"W 41°15'0"W 41°0'0"W

Figura 2. Corredores ecológicos, fragmentos conexão e fragmentos com maior


potencial espacial para conservação e conexão na bacia hidrográfica do
rio Itapemirim, ES. Fonte: Elaborado pelo autor.

41°15'0"W 41°10'0"W 41°5'0"W 41°0'0"W

Fragmentos Potenciais
Fragmentos Conexão
Corredores
20°40'0"S
20°40'0"S

38 Largura do Corredor
Itapemirim
37
Cachoeiro do Itapemirim
36

31
35

20°45'0"S
20°45'0"S

20°50'0"S
20°50'0"S

8
20°55'0"S
20°55'0"S

5 2.5 0 5
km
Sistema de Coordeandas Geográficas
SIRGAS 2000 - ZONA 24S

41°15'0"W 41°10'0"W 41°5'0"W 41°0'0"W

Figura 3. Corredores ecológicos, fragmentos conexão e fragmentos com maior


potencial espacial para conservação e conexão na bacia hidrográfica do
rio Itapemirim, ES, setor Cachoeiro/Itapemirim. Fonte: Elaborado pelo
autor.

110
41°15'0"W 41°10'0"W 41°5'0"W 41°0'0"W

Fragmentos Potenciais

20°15'0"S
20°15'0"S
Fragmentos Conexão
Corredores
Largura do Corredor
Vargem Alta

20°20'0"S
20°20'0"S

Castelo
Venda Nova
Conceição Castelo

20°25'0"S
20°25'0"S

20°30'0"S
20°30'0"S

5 2.5 0 5
km

20°35'0"S
20°35'0"S

Sistema de Coordeandas Geográficas


SISGAS 2000 - ZONA 24S

41°20'0"W 41°15'0"W 41°10'0"W 41°5'0"W 41°0'0"W

Figura 4. Corredores ecológicos, fragmentos conexão e fragmentos com maior


potencial espacial para conservação e conexão na bacia hidrográfica do
rio Itapemirim, ES, setor Vargem alta/Conceição do Castelo. Fonte:
Elaborado pelo autor.

41°45'0"W 41°40'0"W 41°35'0"W 41°30'0"W 41°25'0"W 41°20'0"W

Fragmentos Potenciais
Fragmentos Conexão
20°15'0"S

Corredores
20°15'0"S

Largura do Corredor
Iuna
Irupi
20°20'0"S
20°20'0"S

Ibitirama
Muniz Freire
20°25'0"S
20°25'0"S

20°30'0"S
20°30'0"S

20°35'0"S
20°35'0"S

7 3.5 0 7
km
Sistema de Coordeandas Geográficas
20°40'0"S

SIRGAS 2000 - ZONA 24S


20°40'0"S

41°45'0"W 41°40'0"W 41°35'0"W 41°30'0"W 41°25'0"W 41°20'0"W

Figura 5. Corredores ecológicos, fragmentos conexão e fragmentos com maior


potencial espacial para conservação e conexão na bacia hidrográfica do
rio Itapemirim, ES, setor Muniz Freire/Ibitirama. Fonte: Elaborado pelo
autor.

111
Tabela 2. Uso e cobertura da terra em cada corredor proposto para a bacia
hidrográfica do rio Itapemirim, ES.
(Continua)
AG RE AR CD AE ENP EP PA SE VA AFR
Corredor
(ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha)
1 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,07 0,00 0,00 0,00
2 0,20 0,00 1,58 11,97 2,21 0,31 0,16 8,98 0,00 0,00 0,00
3 0,00 0,00 3,90 0,04 0,00 0,00 0,01 0,30 0,08 0,00 0,00
4 0,00 0,00 0,15 1,13 0,00 0,00 0,00 0,07 0,00 0,00 0,00
5 0,00 0,00 0,37 0,23 0,00 0,02 0,00 0,08 0,00 0,00 0,00
6 0,00 0,00 0,00 0,00 0,15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
7 0,00 0,00 0,03 0,00 0,06 0,00 0,00 0,06 0,00 0,00 0,00
8 0,00 0,00 0,00 0,12 0,00 0,00 0,00 0,02 0,00 0,00 0,00
9 0,00 0,00 0,66 1,83 0,00 0,00 0,00 0,05 0,00 0,00 0,00
10 0,00 0,00 10,11 44,86 143,78 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
11 0,00 0,00 0,03 5,10 2,36 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
12 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
13 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00
15 0,00 0,00 0,00 0,02 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
16 0,00 0,00 4,99 17,89 0,00 0,47 0,00 12,54 0,00 0,00 0,00
17 0,00 0,00 0,00 0,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
18 0,00 0,00 0,04 0,05 0,00 0,00 0,00 0,02 0,00 0,00 0,00
19 0,00 0,00 0,04 0,20 0,00 0,03 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00
20 0,00 0,00 0,40 1,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
21 0,00 0,00 0,00 0,19 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
22 0,00 0,00 0,17 2,08 0,00 0,00 0,00 0,23 0,00 0,00 0,00
23 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,00 0,00 0,00
24 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00
25 0,00 0,00 0,00 0,09 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
26 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
27 0,82 0,00 2,38 10,45 0,00 0,87 0,00 10,98 0,00 0,00 0,00
28 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
29 0,00 0,00 0,00 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
30 0,41 0,00 0,00 1,70 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00
31 0,00 0,00 0,00 0,14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
32 0,00 0,00 0,00 57,59 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
33 4,62 0,00 33,11 47,18 5,06 0,87 2,77 91,16 0,00 0,00 0,00
34 0,00 0,00 0,07 4,70 2,01 0,00 0,24 0,16 0,00 0,00 0,00
35 0,00 0,00 0,62 0,00 0,01 0,00 0,00 0,07 0,00 0,00 0,00
36 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 9,41 0,00 0,00 0,00
37 0,52 0,00 2,88 5,46 0,00 0,71 0,00 22,09 0,00 0,00 0,00
38 3,47 0,00 8,91 11,05 0,00 2,19 0,00 69,40 2,47 0,51 0,00
39 5,57 6,87 31,20 21,82 0,00 11,67 0,24 309,98 0,00 0,54 0,00
40 42,86 1,52 43,33 12,01 0,00 11,70 0,00 480,88 11,18 3,38 7,95
41 0,59 0,00 1,43 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00
42 0,19 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

112
Tabela 2. Uso e cobertura da terra em cada corredor proposto para a bacia
hidrográfica do rio Itapemirim, ES.
(Continuação)
AG RE AR CD AE ENP EP PA SE VA AFR
Corredor
(ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha)
43 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06
44 0,00 0,02 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
45 0,00 0,02 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
46 0,00 0,09 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
47 0,95 0,00 1,41 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00
48 0,05 0,00 0,04 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67 0,00 0,00 0,00
49 0,66 0,00 0,23 0,00 0,00 0,00 0,00 0,47 0,00 0,00 0,00
50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,59 0,00 0,00 0,00
51 0,18 0,22 0,00 0,00 0,00 0,04 0,00 0,49 0,00 0,00 0,00
52 0,05 0,00 0,27 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
53 0,02 0,00 0,31 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
54 0,01 0,07 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00
55 1,21 0,00 2,29 0,31 0,00 0,03 0,00 0,06 0,00 0,00 0,00
56 0,04 0,15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
57 0,00 0,00 0,26 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
58 0,21 0,20 0,59 0,27 0,00 0,09 0,00 1,45 0,00 0,51 0,00
59 0,15 0,50 1,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,58 0,00 0,00 0,00
60 1,97 2,27 0,80 0,00 0,00 0,08 0,00 0,04 0,00 0,00 0,17
61 0,69 0,00 1,13 0,00 0,00 0,00 0,16 0,00 0,00 0,00 0,88
62 0,35 0,33 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00
63 0,19 0,17 1,23 0,00 0,00 0,04 0,00 0,34 0,00 0,00 0,06
64 2,82 0,00 0,32 0,00 0,00 0,56 0,00 10,55 0,00 0,55 0,00
65 0,00 0,83 1,80 0,00 0,00 0,05 0,00 0,26 0,00 0,00 0,02
66 0,17 0,60 0,19 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
67 0,60 0,00 0,80 0,00 0,00 0,00 0,00 0,04 0,00 0,00 0,00
68 0,35 0,00 1,19 0,00 0,00 0,00 0,19 0,11 0,00 0,00 0,00
69 0,98 0,00 0,87 0,00 0,00 0,13 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00
70 0,09 0,93 2,00 0,00 0,00 0,04 0,00 0,40 0,00 0,00 0,00
71 0,01 0,13 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
72 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,04 0,00 0,00 0,00
73 0,00 0,00 0,75 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00
74 0,34 0,00 2,75 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
75 0,00 0,00 0,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
76 0,00 0,00 0,13 0,00 0,00 0,01 0,00 0,06 0,00 0,00 0,00
77 0,00 0,00 0,25 0,00 0,00 0,00 0,00 0,46 0,00 0,19 0,00
78 0,00 0,00 0,02 0,00 0,00 0,00 0,01 0,01 0,00 0,00 0,00
79 0,00 0,15 0,07 0,00 0,00 0,01 0,00 0,10 0,00 0,00 0,00
80 0,69 0,00 0,11 0,00 0,00 0,04 0,00 0,46 0,00 0,00 0,00
81 0,19 0,00 0,08 0,00 0,00 0,00 0,02 0,38 0,00 0,00 0,00
82 2,53 0,00 3,67 0,00 0,86 0,37 0,00 1,93 0,00 0,16 0,00
83 0,00 0,74 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 2,14 0,00 0,00 0,00

113
Tabela 2. Uso e cobertura da terra em cada corredor proposto para a bacia
hidrográfica do rio Itapemirim, ES.
(Conclusão)
AG RE AR CD AE ENP EP PA SE VA AFR
Corredor
(ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha) (ha)
84 0,00 0,00 3,56 0,00 0,00 0,03 0,00 0,71 0,02 0,00 0,32
85 0,00 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
86 0,00 0,00 1,50 0,00 0,00 0,00 0,00 1,28 0,00 0,00 2,72
87 0,00 0,00 0,00 0,11 0,00 0,01 0,00 0,15 0,00 0,00 0,00
88 0,00 0,00 2,18 0,00 0,00 0,00 0,00 2,10 0,00 0,00 0,79
89 0,00 0,00 0,05 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06
90 0,00 0,00 3,95 0,00 0,00 0,00 0,00 0,44 0,00 0,00 0,24
91 2,52 0,00 10,77 0,00 0,00 0,25 0,16 5,50 0,00 0,00 0,16
92 0,00 0,00 0,26 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00
93 2,08 5,71 2,44 0,00 0,00 0,51 0,00 11,22 0,00 0,00 0,00
94 258,19 12,66 7,41 15,60 8,28 8,77 0,00 338,69 0,92 3,86 0,00
95 0,16 0,40 2,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Total 337,71 34,58 206,34 275,62 164,78 39,92 3,97 1399,44 14,68 9,71 13,42
% 13,39 1,37 8,42 10,93 6,53 1,58 0,16 56,13 0,58 0,38 0,53
(AE) Área edificada, (AG) Agricultura, (PA) Pastagem, (AR) Área em regeneração, (RE)
Reflorestamento, (SE) Solo exposto, (AFR) Afloramento rochoso, (EP) Estradas
pavimentadas, (ENP) Estradas não pavimentadas, (CD) Corpos d'água, (VA) Várzea.

A análise dos dados da Tabela 2 nos revela que 546,38 ha, 21,66% da área total
dos corredores encontram-se em áreas edificadas, agrícolas, estradas pavimentadas e
não pavimentadas, consideradas como barreiras para a passagem dos CEs, no entanto,
esses valores são explicado em função dos buffers aplicados ao percurso dos
corredores, que inevitavelmente sobrepõem áreas de maiores custos para sua
implantação. Todavia, relacionando a área total conectada (fragmentos potenciais,
fragmentos conexão e área dos corredores), com as áreas consideradas fatores de
impedância, verifica-se que estas áreas representam 1,71% da área total conectada.
As áreas dos corredores cobertas por cursos d’água, áreas em regeneração,
várzeas, solos expostos e pastagens, consideradas neste estudo como fatores de menor
custo, representam 76,23% da área total dos corredores. Todavia, para a implantação
deste CE, são necessárias algumas ações nas classes de uso da terra.
As áreas de pastagem devem melhorar o seu estado vegetativo principalmente
por adoção de sistemas silvipastoris. Os sistemas silvipastoris são potencialmente mais
sustentáveis que os sistemas tradicionais favorecendo os CEs. Em áreas de agricultura
recomenda-se o uso de sistemas agroflorestais.
As estradas são consideradas barreiras para os CEs, pois, além de serem
barreiras intransponíveis para muitas espécies, existem ainda os riscos devido ao

114
aumento da vulnerabilidade ao predador e o risco de atropelamentos. Para minimizar
esta situação devem-se construir túneis especialmente projetados para facilitar o
movimento de animais sob as estradas em alguns pontos.
Salienta-se que a delimitação de corredores ecológicos por meios
computacionais, como o realizado neste trabalho, deve ser usada para análises prévias
de viabilidade. O processo de estabelecimento de um corredor ecológico envolve também
outras variáveis, como a desapropriação de propriedades particulares, a promoção de
mudanças de comportamento dos autores sociais envolvidos, a fim de aprimorar o
planejamento e a execução de corredores necessários para a atenuação dos efeitos
negativos advindos da fragmentação florestal.

4 Conclusões

 Os fatores considerados neste estudo como alto custo, ou impedância para


implantação dos corredores ecológicos, representaram 1,71% da área total
conectada.
 A metodologia utilizada por meio de técnicas de Sistemas de Informações
Geográficas mostrou-se eficiente.
 As técnicas de Sistemas de Informações Geográficas proporcionou o
desenvolvimento de rotas de corredores ecológicos com pesos de menor custo e
menor caminho entre dois pontos, produzindo, de forma automatizada, informações
sobre suas dimensões e distribuição espacial na paisagem e permitindo a elaboração
de mapas analógicos e digitais.

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117
CAPÍTULO 8

DINÂMICA DA COBERTURA VEGETAL DO CORREDOR


ECOLÓGICO BURARAMA-PACOTUBA-CAFUNDÓ, ES

Eduardo Alves Araújo


Giselle Lemos Moreira
Jaqueline Pêgo Quintino Santos
João Paulo Fernandes Zorzanelli
Sustanis Horn Kunz

1 Introdução

A Floresta Atlântica brasileira sensu lato (COLOMBO; JOLY, 2010; JOLY;


METZGER; TABARELLI, 2014) experimenta a mais de 500 anos diversos cenários de
devastação desde o período do descobrimento do Brasil, sendo essa escala cronológica
sumarizada por Dean (1996). Todos esses processos – incluindo recentemente as
expansões urbana, industrial e agrícola (TABARELLI et al., 2010; PEREIRA et al., 2015)
– foram os principais agentes no estabelecimento de fragmentos florestais no domínio
supracitado, onde a matriz florestal está circundada principalmente por paisagem
composta de variados usos e ocupação da terra, proporcionando o isolamento da
vegetação, a formação de bordas e a restrição de mecanismos ecológicos (RODRIGUES;
NASCIMENTO, 2006). Essas condições são mais alarmante, pois a Floresta Atlântica
brasileira está localizada justamente nas regiões mais populosas do Brasil e apenas 9%
desse domínio fitogeográfico está protegido na forma de Unidades de Conservação
(JOLY; METZGER; TABARELLI, 2014).
Os processos de fragmentação florestal e degradação do habitat são alguns dos
grandes precursores da perda de biodiversidade global (PRIMACK; RODRIGUES, 2001;
PARDINI et al., 2009; ANDRADE et al., 2015; HADDAD et al., 2015), pois atuam
diretamente na dinâmica de polinização e dispersão da flora e fauna, reduzindo as
diversidades genética e específica das populações. Devido essas fortes ameaças e o
elevado nível de endemismos (FORZZA et al., 2012), a Floresta Atlântica brasileira é
reportada como um dos grandes hotspots mundiais prioritários para conservação
(MYERS et al., 2000; BROOKS et al., 2006).
Nesse contexto, os corredores ecológicos foram implementados como instrumento
legal em 1996 com o objetivo de estabelecer conexões entre fragmentos florestais,
facilitando deslocamento da fauna e da flora e atenuando as consequências da
fragmentação (BRASIL, 1996). Em 1997, uma das iniciativas do Ministério do Meio
Ambiente (MMA), da Conservação Internacional e da Fundação SOS Mata Atlântica foi a
definição do Corredor Central da Mata Atlântica, pelo qual foram delimitadas diversas

118
áreas focais para conservação no estado do Espírito Santo e no sul da Bahia, os quais
apresentam regiões com elevados níveis de endemismo e diversidade (WERNECK et al.,
2011).
Um dos corredores ecológicos instituídos no Corredor Central da Mata Atlântica,
cujo limite está situado em uma área prioritária para conservação da biodiversidade
(MMA, 2008), foi o Burarama-Pacotuba-Cafundó, em 2004. Cerqueira (2007) assinalou
que esse corredor foi o primeiro a ser implantado no Espírito Santo, com o objetivo de
unir as vegetações da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Cafundó e da
Floresta Nacional (FLONA) de Pacotuba às cadeias de montanhas do distrito de
Burarama.
Nesse corredor ecológico, Couto et al. (2012) confirmaram, a partir de um estudo
da dinâmica sucessional, que técnicas de restauração florestal com base em plantio de
mudas surtiram efeito positivo na sucessão florestal. Isso demonstra que as propostas de
restauração podem ser medidas adequadas na implantação do modelo de corredores
ecológicos. Em outro estudo desenvolvido nesta região, Carneiro, Bernini e Silva (2013)
realizaram dimensionamento de Áreas de Preservação Permanente (APP) em matas
ciliares utilizando sensoriamento remoto (SR). Esses autores sugeriram a conexão
dessas áreas aos fragmentos florestais já existentes, como forma de melhorar a
eficiência do estabelecimento dos corredores ecológicos.
Desse modo, o uso de ferramentas de SR são de grande utilidade para auxílio das
tomadas de decisão e propostas de conservação. Através desses instrumentos também é
possível avaliar a evolução da vegetação ao longo do tempo, tornando-se fundamental,
por exemplo, para avaliar o aumento de áreas de florestas nativas e conectividade dos
remanescentes florestais inseridos nos corredores ecológicos.
Uma das técnicas de SR bastante difundidas para monitoramento dos
ecossistemas em determinada escala de tempo, consiste no uso dos índices de
vegetação. Atualmente, o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) é a
métrica mais usual (PONZONI; SHIMABUKURO; KUPLICH, 2012; KE et al., 2015), pois
trata-se de uma ferramenta simples e possui estreita relação com a produtividade da
vegetação (PRINCE, 1991). Tian et al. (2015) salientaram que o uso do NDVI deve ser
realizado com cautela, devido ao número de sensores utilizados na escala temporal e nas
correções mal interpretadas, as quais podem conduzir o aparecimento de artefatos e
incertezas nas análises.
Dessa forma, para nortear o desenvolvimento desse trabalho foi elaborada a
seguinte pergunta: a implantação do corredor ecológico Burarama-Pacotuba-Cafundó
está influenciando no ganho de cobertura vegetal dentro de seus limites e no seu
entorno? Diante disso, constituiu objetivo deste estudo analisar a dinâmica da cobertura

119
vegetal dentro dos limites e no entorno do corredor ecológico Burarama-Pacotuba-
Cafundó, Espírito Santo, por meio do NDVI, em uma série temporal de 20 anos.

2 Metodologia

2.1 Localização e caracterização da área

O presente estudo foi realizado na Bacia Hidrográfica do rio Itapemirim, no


entorno do Corredor Ecológico Burarama-Pacotuba-Cafundó (Figura 1), abrangendo os
municípios de Alegre, Cachoeiro de Itapemirim e Jerônimo Monteiro, Espírito Santo (20º
39’ – 20° 45’ S e 41º 11’ – 41° 23 W), com área aproximada de 11.944,63 ha. O uso e
ocupação da terra nessa localidade caracterizam-se principalmente pelo manejo de
pastagem e cultivo de lavouras de café (CARNEIRO; BERNINI; SILVA, 2013). Além
disso, a região integra uma comunidade quilombola e duas unidades de conservação
(FLONA de Pacotuba e RPPN Cafundó), as quais abarcam dois dos maiores
remanescentes de floresta do sul do Espírito Santo. Ainda, nesse corredor, foram
realizados alguns projetos de restauração, objetivando interligar fragmentos florestais do
corredor ecológico, como o avaliado por Couto et al. (2012).

Figura 1. Localização do Corredor Ecológico Burarama-Pacotuba-Cafundó, Espírito


Santo.

120
O clima da localidade, de acordo com a classificação de Köppen adaptada por
Alvares et al. (2013), pertence ao tipo Aw, com clima tropical e estação seca bem
definida, com precipitação média anual de 1.224 mm (PAIVA et al., 2010). Os solos, de
forma geral, foram classificados pela Embrapa (2006) como pertencentes à classe
latossolo vermelho-amarelo distrófico.
O Corredor Ecológico Burarama-Pacotuba-Cafundó apresenta vegetação
caracterizada por Floresta Estacional Semidecidual nas duas unidades de conservação e
trechos de Floresta Ombrófila Densa no distrito de Burarama (IBGE, 2012), sendo
comuns na paisagem dessa região inselbergs graníticos. Os fragmentos florestais da
FLONA de Pacotuba e RPPN Cafundó foram considerados por Archanjo et al. (2012) e
Abreu, Silva e Silva (2013) prioritários para políticas conservacionistas.

2.2 Procedimentos para obtenção do NDVI

Para a realização da análise da dinâmica da cobertura vegetal, foi considerada


uma série temporal de 20 anos, a qual foi subdividida em dois intervalos de 10 anos,
antes da implantação do corredor ecológico (1990/2000) e após o estabelecimento do
mesmo (2000/2010). Para execução dos procedimentos foi utilizado o software ArcGIS®
10.2.

2.2.1 Materiais utilizados

Foram utilizadas imagens provenientes do satélite Landsat-5, sensor Thematic


Mapper (TM), órbita 216, ponto 74, e adquiridas do catálogo de imagens do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Como critério de seleção, optou-se por imagens
obtidas durante o período seco dos anos de 1990, 2000 e 2010, e que apresentassem
mínima cobertura de nuvem (Tabela 1).

Tabela 1. Dados das imagens LANDSAT-5 TM utilizadas para aplicação dos índices
de vegetação

Órbita/Ponto Data das Imagens Resolução Espacial Período


216/074 27/07/1990 30 metros Seco
216/074 07/08/2000 30 metros Seco
216/074 04/09/2010 30 metros Seco
Fonte: INPE (2015).

Para conferência do uso e ocupação do solo nas datas analisadas, foram


utilizadas imagens da série temporal do Google Earth.

121
2.2.2 Correção geométrica e corte da imagem

Após a aquisição das imagens Lansat-5/TM, realizou-se a composição colorida


RGB, e em seguida estas foram corrigidas geometricamente com o auxílio de uma
imagem ortorretificada Geocover. Tal correção se deu a partir do georreferenciamento,
com a utilização de pontos de controle comuns entre as imagens, a fim de se obter maior
precisão em seu posicionamento, pois a resolução espacial das imagens de satélite e a
curvatura da Terra influenciam o deslocamento das coordenadas (LIU, 2006). Posterior à
correção geométrica, realizou-se a reprojeção das imagens para a projeção Universal
Transversa de Mercator UTM-SIRGAS 2000 e realizou-se o recorte das imagens a partir
de um polígono com buffer de 500 metros do entorno do corredor ecológico Burarama-
Pacotuba-Cafundó.

2.2.3 Calibração radiométrica

Segundo Mercante et al. (2009), a calibração radiométrica tem como principal


objetivo reduzir as distorções ocasionadas pela defasagem dos sensores e é realizada
quando há necessidade de converter o sinal capitado pelo sensor em grandezas físicas
(radiância e reflectância).
Os valores digitais brutos (números digitais - ND) das imagens Landsat TM são
frequentemente empregados para classificar estatisticamente tipos de cobertura, criar
mosaicos digitais de múltiplas imagens e identificar mudanças em imagens sucessivas de
uma mesma área. Porém, os NDs são utilizados apenas por conveniência no
processamento dos dados, uma vez que eles não representam quantitativamente valores
físicos reais (PEREIRA; BATISTA; ROBERTS, 1996).
Segundo Ponzoni, Shimabukuro e Kuplich (2012), as imagens, mesmo que
obtidas pelo mesmo sensor, mas em diferentes bandas, não apresentam compatibilidade
entre os valores NDs. Ainda conforme os autores, esse fator impossibilita a comparação
entre NDs de bandas distintas, provenientes do mesmo sensor ou de sensores
diferentes, e, consequentemente, inviabiliza a caracterização espectral de objetos.
Para solucionar este inconveniente é necessário realizar a conversão dos NDs
para valores físicos, ou seja, converter para radiância e reflectância. Essas conversões
proporcionam melhor base para realizar comparação entre dados de imagens com
diferentes datas de aquisição (PONZONI; SHIMABUKURO; KUPLICH, 2012).

122
 Radiância espectral

Inicialmente realizou-se a conversão dos valores de ND para valores de


radiância (L𝜆), seguindo a metodologia proposta por Chander, Markham e Helder (2009),
com a seguinte equação:

LMAXλ - LMINλ
Lλ = (Q ) (Qcal - Qcalmin ) + LMINλ (eq. 1)
calmax - Qcalmin

Em que,
L𝜆 = radiância espectral em W/(m² sr µm);
Qcal = valor do pixel quantificado e calibrado (em números digitais);
Qcalmin = valor do pixel mínimo quantificado e calibrado correspondente à LMIN𝜆 (em
números digitais);
Qcalmax = valor do pixel máximo quantificado e calibrado correspondente à LMAX𝜆 (em
números digitais);
LMIN𝜆 = radiância espectral escalonada para Qcalmin em W/(m² sr µm);
LMAX𝜆 = radiância espectral escalonada para Qcalmax em W/(m² sr µm).

A Tabela 2 apresenta os valores de radiância LMIN𝜆 e LMAX𝜆 pré-calibrados


propostos por Chander, Markham e Helder (2009), e que foram utilizados para a
conversão dos NDs em valores de radiância.

Tabela 2. Radiância espectral das bandas do sensor TM L5 e irradiância solar


exoatmosférica média

Sensor TM L5 (Qcalmin = 1 e Qcalmax = 255)


Faixa espectral LMIN𝜆 LMAX𝜆 ESUN𝜆
Banda (un) µm W/(m² sr µm) W/(m² sr µm) W/(m² m)
1 0,452 - 0,518 -1,52 169 (193)* 1983
2 0,528 - 0,609 -2,84 333 (365)* 1796
3 0,626 - 0,693 -1,17 264 1536
4 0,776 - 0,904 -1,51 221 1031
5 1,567 - 1,784 -0,37 30,2 220,0
6 10,45 - 12,42 1,238 15,3032 N/A
7 2,097 - 2,349 -0,15 16,5 83,44
Fonte: Adaptado de Chander, Markham e Helder (2009).
*valores recalibrados.

123
 Reflectância

Conforme afirmado por Chander, Markham e Helder (2009), a conversão para


dados de reflectância apresenta as vantagens de remover o efeito cosseno, devido às
diferentes datas de aquisição das imagens, além de compensar os diferentes valores da
irradiância solar exoatmosférica, causada pelas diferenças nas bandas espectrais, e
corrige a variação da distância Terra-Sol entre as diferentes datas de aquisição das
imagens. Sendo assim, para a conversão dos dados de radiância para reflectância
utilizou-se a Equação 2.

π . Lλ . d2
ρλ = ESUNλ ∙ cosθs
(eq. 2)

Em que,
ρ𝜆 = reflectância medida ao nível do satélite ou reflectância aparente (adimensional);
π = constante matemática igual a aproximadamente 3,14159 (adimensional);
L𝜆 = radiância espectral em W/(m² sr µm);
d = distância Terra-Sol, em unidades astronômicas;
ESUN𝜆 = irradiância solar exoatmosférica média em W/(m² sr µm)(Tabela 2);
cosθs = ângulo zenital solar, em graus.

A transformação para reflectância, segundo Ponzoni, Shimabukuro e Kuplich


(2012), resulta em uma imagem de reflectância aparente, sendo dessa forma, possível a
realização de operações aritméticas, uma vez que as grandezas físicas já possuem a
mesma escala, mesmo em imagens provenientes de sensores diferentes. Entretanto,
conforme Maillard (2001), essa reflectância aparente não corresponde a reflectância real
dos objetos, visto que, apresenta efeitos da atmosfera, sendo necessário eliminar e/ou
minimizar tais efeitos.

2.2.4 Correção atmosférica

A atmosfera afeta as imagens de satélite por meio de espalhamento, absorção, e


refração da luz (CHAVEZ, 1988). De acordo com Ponzoni, Shimabukuro e Kuplich (2012)
uma das formas mais comuns para realizar a correção atmosférica sobre os valores de
reflectância aparente é a chamada Correção Atmosférica pelo Pixel Escuro (ou Dark
Object Subtraction – DOS), método proposto por Chavez (1988). Ainda segundo os

124
autores, o resultado final é a obtenção da reflectância de superfície, sendo dessa forma
possível a caracterização espectral.
Diante disso, a fim de obter melhores resultados na análise dos dados de
sensoriamento remoto, realizou-se a correção atmosférica por meio do método DOS.

2.2.5 Índice de vegetação por diferença normalizada

Posterior aos processos de correção das imagens, foi gerado o NDVI por meio
da aplicação da Equação 3:

ρivp - ρv
NDVI = ρivp + ρv
(eq. 3)

Em que,
ρivp = reflectância no infravermelho próximo (banda 4);
ρv = reflectância no vermelho (banda 3).

2.3 Análise temporal dos índices de vegetação

A análise temporal foi realizada para os períodos compreendidos entre 1990 a 2000
e 2000 a 2010. Para avaliar as mudanças ocorridas entre os períodos estudados, foi
realizada a subtração dos NDVIs, de acordo com a Equação 4.

NDVIDiferença = A – B (eq. 4)

Em que,
NDVIDiferença = imagem resultante da subtração;
A = Imagem NDVI correspondente a data mais recente;
B = Imagem NDVI correspondente a data mais antiga.

Os parâmetros, média (μ) e desvio padrão (σ), das imagens resultantes da


subtração foram utilizados para definir as classes representativas das mudanças da
cobertura vegetal na área de estudo, conforme os intervalos apresentados na Tabela 3.

125
Tabela 3. Intervalo das classes de mudanças da cobertura vegetal

Classes Intervalos
Perda de vegetação Mín., μ - σ
Não mudança μ – σ, μ + σ
Ganho de vegetação μ + σ, Máx.
Fonte: Adaptado de Ferrari, Santos e Garcia (2011).

Após essa reclassificação, as imagens-subtração foram convertidas do formato


raster para polígono, para a realização do cálculo de área de cada classe de mudança da
cobertura vegetal.

3 Resultados e discussão

A partir da análise visual das imagens de NDVI para os anos de 1990, 2000 e
2010, verifica-se alterações na vegetação do Corredor Ecológico Burarama-Pacotuba-
Cafundó (Figura 2). Nas imagens resultantes do cálculo do NDVI, os pixels variam entre -
1 e 1, onde os valores positivos correspondem a áreas com cobertura vegetal, os valores
próximos a 0 representam solos expostos ou pouca vegetação, já os pixels de valor
negativo referem-se a áreas de lâmina d’água e sombras ocasionadas por nuvens ou
posição do sol durante o registro da cena.
Em relação aos valores correspondentes à cobertura vegetal, pixels próximos a
1 significam vegetação mais densa, representadas no mapeamento com a tonalidade
mais escura de verde. Deste modo, as alterações na cobertura vegetal verificadas entre
os anos estudados, referem-se tanto às modificações na vegetação nativa quanto à
dinâmica do uso do solo para o plantio de culturas. Este fato foi confirmado após a
verificação junto às imagens do Google Earth.
A partir das imagens-subtração, pode-se constatar as alterações ocorridas no
uso e ocupação do solo nos dois intervalos temporais analisados neste estudo
(1990/2000 e 2000/2010) (Figuras 3 e 4).
Em ambos cenários foi verificado pouco ganho de vegetação, sendo que no
intervalo 1990/2000 o acréscimo e a perda de cobertura vegetal foram, respectivamente,
maior e menor, em relação ao intervalo 2000/2010 (Tabelas 4 e 5).
Vale ressaltar que o elevado valor apresentado como perda de vegetação
entre os anos 2000 e 2010, deve-se em grande parte à presença de sombras na
imagem na região de Burarama, a qual apresenta diversos inselbergs graníticos
compondo a paisagem, interferindo no resultado dessa análise (Figura 5).

126
Figura 2. Evolução do NDVI em uma série temporal de 20 anos no Corredor
Ecológico Burarama-Pacotuba-Cafundó, Espírito Santo.

Figura 3. Imagem-subtração do NDVI 1990-2000 no Corredor Ecológico Burarama-


Pacotuba-Cafundó, Espírito Santo.

127
Figura 4. Imagem-subtração do NDVI 2000-2010 no Corredor Ecológico Burarama-
Pacotuba-Cafundó, Espírito Santo.

Tabela 4. Área das classes de mudança da cobertura vegetal para a subtração


2000-1990

Classes Área (ha) % área total


Perda de vegetação 863,35 7,22
Não mudança 9.795,54 82,01
Ganho de vegetação 1.285,74 10,77
Total 11.944,63 100
Fonte: os autores.

Tabela 5. Área das classes de mudança da cobertura vegetal para a


subtração 2010-2000

Classes Área (ha) % área total


Perda de vegetação 2.391,05 20,02
Não mudança 8.630,79 72,25
Ganho de vegetação 922,79 7,73
Total 11.944,63 100
Fonte: os autores.

128
Figura 5. Composição RGB com demonstração de sombreamento na região de
Burarama para os anos de 1990 (A), 2000 (B) e 2010 (C).

Com relação aos valores de ganho de vegetação, tal fenômeno coincidiu com o
ciclo de plantio e crescimento de culturas na localidade, sendo estas representadas por
extensas áreas (Figura 6). Alguns trechos foram caracterizados por acréscimo de
vegetação nativa, entretanto corresponderam a pequenos polígonos na paisagem. Assim,
o aumento de vegetação observado neste estudo foi representado principalmente por
áreas de cultivo, sendo composto basicamente por reflorestamento com plantio de
eucalipto, havendo pouca contribuição de áreas de vegetação nativa nos valores
observados. Tal fato demonstra que a interligação entre fragmentos florestais nativos,
objetivo da implantação de corredores ecológicos, não está ocorrendo efetivamente.
Neste sentido, evidenciando a importância do aumento de vegetação para o sucesso da
implantação de corredores ecológicos, Bennet (2003) afirmou que a ligação entre
vegetações na paisagem, devem essencialmente ser compostas por vegetação natural
existente, contudo, nem sempre isto é possível. Nestes casos, deve-se realizar a
restauração de áreas adjacentes objetivando a ligação entre fragmentos isolados.
Em contrapartida, o mosaico composto por fragmentos de vegetação nativa e
plantios de eucalipto, pode influenciar na manutenção da biodiversidade dependendo do
objetivo do plantio, dos tratos culturais, da resiliência e da destinação da área após a
colheita final do eucalipto (BARLOW et al., 2007; ONOFRE; ENGEL; CASSOLA, 2010).
Estas condições proporcionam a formação de variados estádios da regeneração natural,
podendo abrigar diversas espécies da flora e da fauna. Além disso, Gabriel et al. (2013)
salientaram que no sub-bosque de plantios convencionais de eucalipto, o período de
manejo e o ciclo de corte podem interferir diretamente na presença ou ausência de
algumas espécies arbustivo-arbóreas.
Ainda com relação as alterações na paisagem do Corredor Ecológico Burarama-
Pacotuba-Cafundó, Mancino et al. (2014) destacaram que as mudanças na cobertura

129
vegetal, ocorridas naturalmente ou por intervenção antrópica, afetam diretamente os
ecossistemas, alterando sua composição e produtividade, o que influencia na
disponibilidade de recursos naturais, bem como na distribuição espacial e temporal. Além
disso, Leong e Roderick (2015) ressaltaram a influência das paisagens modificadas e
diferentes tipos de uso da terra sobre os processos fenológicos, atuando negativamente
nas síndromes de polinização das espécies de plantas.

Figura 6. Composição RGB demonstrando ganho da vegetação (cultivo de


eucalipto) em trecho próximo à RPPN Cafundó - 1990 (A), 2000 (B) e 2010
(C).

Os resultados indicaram que, apesar de implementado como instrumento legal e


atestado em diversos registros e documentos a partir da década de 1990, o Corredor
Ecológico Burarama-Pacotuba-Cafundó, na prática, não tem sido alvo de ações
concretas significativas que permitam a conexão de seus fragmentos florestais. Essa
tendência demonstra o desinteresse dos órgãos públicos na promoção das melhorias dos
serviços ecossistêmicos prestados pela manutenção de florestas nativas, principalmente
com relação ao atual cenário desastroso e proeminente de escassez de vazão de água
em diversas bacias hidrográficas na região sudeste do Brasil (DOBROVOLSKI; RATTIS,
2015).
Neste contexto, é pertinente ressaltar a importância da preservação,
conservação e ampliação da cobertura vegetal na prestação de serviços ecossistêmicos
(COSTANZA et al. 1997; COSTANZA et al., 2014), os quais são tratados como benefícios
gerados através dos processos oriundos dos ecossistemas e convertidos em bem-estar
humano. A dificuldade em se perceber a essencialidade destes serviços reside no fato de
que muitos desses não são quantificados financeiramente, como a aplicabilidade
econômica da diversidade biológica (MACE; NORRIS; FITTER, 2012).
Dessa forma, sugere-se a aplicação prática dos modelos de corredores
ecológicos por meio do fomento financeiro e de educação ambiental fornecidos pelos
órgãos públicos e não-governamentais. Além disso, é importante haver o engajamento

130
das próprias comunidades rurais do entorno do Corredor Ecológico Burarama-Pacotuba-
Cafundó como forma de estimular a conectividade dos fragmentos florestais, promovendo
benefícios diversos como produção de água, proteção do solo, manutenção das redes de
interações ecológicas e da diversidade biológica, pois estão intimamente relacionados às
atividades humanas.

4 Conclusões

 A implantação do Corredor Ecológico Burarama-Pacotuba-Cafundó refletiu em pouco


incremento de vegetação nativa;
 O intervalo de tempo entre a criação e o último período de análise (6 anos), pode ter
sido insuficiente para demonstrar diferenças significativas na dinâmica da vegetação
nativa, sendo necessário estudos futuros com maior escala temporal;
 Corredores ecológicos necessitam ser implementados na prática, provendo serviços
ecossistêmicos e beneficiando a relação homem-ambiente.

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133
CAPÍTULO 9

AVALIAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO ACUMULADA MENSAL


ESTIMADA POR SENSORIAMENTO REMOTO PARA O ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO

Nathália Suemi Saito


Maurício Alves Moreira
Alexandre Rosa dos Santos
Ulysses Rodrigues Vianna

1 Introdução

O Espírito Santo possui um relevo bem acidentado e, segundo Ross (1998), é


constituído por duas unidades conhecidos como: Baixada Espírito-Santense e a Serra
Capixaba, respectivamente.
A Baixada Espírito-Santense acompanha todo o litoral, ocupa cerca de 40% do
território estadual e possui altitude média de 40 a 50 m. Por outro lado, a Serra Capixaba,
no interior, possui uma altitude média de 700 m (FREITAS, 2007).
Devido a sua localização, o clima do Estado é caracterizado por grande variação
espacial na magnitude de seus elementos, principalmente no sentido Leste-Oeste, ou
seja, de baixa altitude (áreas litorâneas) para altitudes elevadas (áreas serranas) (ROSS,
1998). Esta variabilidade climática e sua influência nos diversos tipos de economia
regional tornam o monitoramento da precipitação fundamental para o desenvolvimento do
Estado.
Apesar do elevado número de estações distribuidas no território estadual, muitas
áreas ainda carecem de instrumentos para mensurar a precipitação em campo.
Entretanto, atualmente, são disponibilizados instrumentos de coleta de dados
meteorológicos remotos, a bordo de satélites orbitais, os quais são capazes de fornecer
estimativas de precipitação para toda a superfície terrestre. Entre eles, o satélite Tropical
Rainfall Measuring Mission (TRMM) lançado em 1997 em um programa de colaboração
entre a National Aeronautics and Space Administration (NASA) e a Japan Aerospace
Exploration Agency (JAXA), emprega uma grande quantidade de sensores remotos ativos
e passivos, abordo de diversos satélites, que permitem realizar estimativas da
precipitação (Huffman et al., 2007).
O TRMM tem sido utilizado em diversas aplicações da ciência, pois: i) os dados
coletados pelos sensores a bordo do TRMM são únicos e disponíveis em tempo quase
real; ii) sua característica orbital de baixa altitude, com uma orbita não sol-síncrona com
35 graus de inclinação nos trópicos provem amostras na região tropical com alta

134
frequência temporal e recobre maiores áreas que qualquer satélite padrão com orbita
polar; e, iii) possui uma consistência da cobertura espacial e acessibilidade dos dados
(ANDERSON et al., 2013).
Dentre os dados meteorológicos fornecidos pela missão TRMM, a precipitação
acumulada mensal é disponibilizada por meio de diferentes produtos, dos quais o produto
3B43 foi desenvolvido de modo a fornecer a melhor estimativa de precipitação acumulada
mensal utilizando, para isto, a integração dos dados coletados por diferentes sensores
orbitais abordo de diversos satélites e também a calibração destes dados com base em
dados coletados em campo (Huffman et al., 2010).
Muitos são os esforços empreendidos para validar as estimativas obtidas por meio
da missão TRMM, abrangendo regiões do oceano Pacífico (Bowman, 2005), do
continente Norte-Americano (Chiu et al., 2006; Liao e Meneghini, 2009), do continente
Sul-Americano (Su et al., 2008; Scheel et al., 2010) e inclusive para regiões do território
brasileiro (Franchito et al., 2009; Negrón Juárez et al., 2009). Contudo, devido à
variabilidade climática encontrada no Estado do Espírito Santo, à grande quantidade de
dados obtidos pela missão TRMM e aos avanços no processamento destes dados
(Huffman et al., 2010), torna-se fundamental uma análise da exatidão dos dados de
precipitação acumulada mensal atualmente disponíveis, visando aplicações nesta região
específica.
Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade da
precipitação acumulada mensal estimada por meio da missão TRMM e disponibilizada
por meio do produto 3B43 V7 (versão 7), para o Estado do Espírito Santo, durante o
período compreendido entre os anos de 2001 a 2011 com base nos registros de
precipitação acumulada mensal fornecidos pelas estações meteorológicas da Agência
Nacional de Águas (ANA).

2 Metodologia

2.1 Localização e caracterização da área

A pesquisa foi realizada no Estado do Espírito Santo (Figura 1), uma das 27
unidades federativas do Brasil, localizado entre as latitudes 17°53’ e 21°17’ Sul e entre as
longitudes 39°39’ e 41°52’ Oeste, com uma área total de 46.077,6 km².

135
Figura 1. Localização da área de estudo.

Segundo a classificação de Köppen, o Estado do Espírito Santo enquadra-se


dentro dos grupos ou zonas climáticas identificadas pelas letras A e C, sendo a primeira,
quente e úmida e a outra tropical de altitude. Compreende ainda os tipos climáticos Aw,
Am, Cf, e Cw e as variações: Cfa, Cfb, Cwa e Cwb (RELATÓRIO FINAL, 2008).
Nas baixadas litorâneas, bem como nos vales próximos às serras e em suas
encostas (até aproximadamente 450m de altitude), o clima é tropical úmido, com estação
chuvosa no verão e seca no inverno (Aw). O clima tropical úmido sem estação seca
pronunciada (Am), ocorre em uma faixa paralela a costa e em uma faixa estreita ao longo
da encosta inferior da zona serrana.
Na região serrana, com face oceânica (até 650 m de altitude), predomina o clima
mesotérmico úmido, sem estação seca, onde a temperatura média do mês mais quente é
superior a 22 ºC, convencionado por Cfa. Já as faixas da região serrana com altitudes
superiores a 650 m, a temperatura média do mês mais quente não atinge 22 ºC, dessa
forma é denominado como Cfb.
Encontra-se ainda o clima mesotérmico de inverno seco, como: no planalto
interior, em que a temperatura média do mês mais frio é inferior a 18 ºC e a do mês mais

136
quente ultrapassa 22 ºC (Cwa); e, na encosta da Serra do Caparaó, onde a temperatura
média do mês mais quente não ultrapassa a 22 ºC (Cwb) (RELATÓRIO FINAL, 2008).

2.2 Materiais utilizados

Foram utilizados dados do satélite TRMM, ou TRMM and Other Sources Rainfall
Product (HUFFMAN et al., 1995, 2007), disponibilizados gratuitamente no sitio da NASA
(<http://disc.sci.gsfc.nasa.gov>), no período de 2001-2011.
Os dados pluviométricos necessários para o presente estudo foram adquiridos
junto ao Sistema de Informações Hidrológicas da Agência Nacional de Águas
(HIDROWEB), com séries históricas com duração mínima de 25 anos. Sobre o Estado do
Espírito Santo existem 92 estações pluviométricas que atendem os requisitos
necessários exigidos e 88 dessas estações já foram utilizadas com sucesso por Saito et
al. (2009) para obter a erosividade das chuvas.
Diante das Figuras 2a e 2b observa-se que a precipitação média para o Estado do
Espírito Santo, período de 2001 a 2011, caracteriza como estação chuvosa os meses de
outubro a abril e apresenta uma maior concentração pluviométrica na região Centro-Sul
do Estado.

a b

Figura 2. Precipitação média (a) mensal e (b) anual para o Estado do Espírito Santo.
Fonte: Produção do autor.

137
2.3 Metodologia de trabalho

Foram analisados os dados de precipitação acumulada mensal (mm.mês-1)


referentes ao período de janeiro de 2001 a dezembro de 2011 da versão 7 (v7) do
produto 3B43 do satélite TRMM. Estes dados, disponibilizados no formato Hierarchical
Data Format (HDF) em uma grade de 0.25° × 0.25° de resolução espacial, correspondem
a séries temporais de dados médios mensais de chuva, em milímetros por hora (mm.h -1),
calculados a partir de dados de múltiplos satélites, em adição ao TRMM, assim como
dados de estações provenientes do Global Precipitation Climatological Center (GPCC)
produzido pelo serviço meteorológico alemão e o Climate Assessment and Monitoring
System (CAMS), produzido pela National Oceanic Atmospheric Administration (NOAA)
(ANDERSON et al., 2013).
Diante disso, para obter a precipitação acumulada mensal (mm.mês-1) os dados
de precipitação (mm.h-1) foram multiplicados por 24 (h) e pelo número de dias no mês de
registro, os quais foram posteriormente testados com dados de campo (valores de
referência), para averiguar o grau de concordância com os das estações terrenas. Ao
todo, foram utilizadas 92 estações meteorológicas da Agência Nacional de Águas (ANA)
disponibilizadas a partir do endereço virtual <http://www.hidroweb.ana.gov.br> e
distribuídas por todo o território do Estado (Figura 3).
O controle de qualidade dos dados de precipitação baseou-se na análise
estatística das discrepâncias entre a média da precipitação de referência (xir), e as
obtidas no modelo analisado (xim) dentro de um período de 11 anos de precipitação. Para
essas análises o número de amostras foi de 132 dados por estação.
Para obter essa discrepância considerou-se a Equação 1:

∆𝑥𝑖 = 𝑥𝑖𝑟 − 𝑥𝑖𝑚 (eq.1)

Em que,
∆xi é o valor da discrepância.

Essas discrepâncias serviram para o cálculo da variância, do desvio padrão das


discrepâncias, do Índice Residual Normalizado (IRN) e da Raiz do Erro Médio Quadrático
(REMQ).
Os valores das discrepâncias serviram para estimar o quanto estes dados
subestimam ou superestimam os dados de chuva em relação aos dados coletados por
meio das estações meteorológicas.

138
Figura 3. Distribuição espacial das estações meteorológicas no Estado do Espírito
Santo. Fonte: Produção do autor.

Para os n pontos de controle de cada estação foram calculados os valores da


variância, do desvio padrão das discrepâncias e da REMQ, respectivamente, pelas
Equações 2 a 4:

1 ∆𝑥𝑖 2 (eq.2)
𝑆2 = × ∑ (∆𝑥𝑖 − )
(𝑁 − 1) 𝑁

𝑠 = √𝑆² (eq.3)

(eq.4)
∑n (x r − xim )2
REMQ = √ i=1 i
N

Em que,
S² é a variância;
s é o desvio padrão;
∆xi é a discrepância entre a precipitação de referência e as obtidas no modelo analisado;
N é o número de pontos de controle.

139
O IRN foi obtido por meio da equação 5:

𝑀𝐸𝐸 (eq.5)
𝐼𝑅𝑁 =
𝑥̅𝑖𝑟

Em que,
𝑥̅ ir é a média da precipitação de referência.

3 Resultados e discussão

A avaliação da qualidade dos dados de precipitação, provenientes do produto


3B43 do satélite TRMM ao longo do período estudado (janeiro de 2001 a dezembro 2011)
indicou uma alta correlação (0,82 ≤ r ≤ 0,95) entre os dados obtidos por sensoriamento
remoto e os dados coletados por estações meteorológicas em campo. Segundo Negrón
Juárez et al. (2009), ao avaliar a precisão dos dados TRMM 3B43 V6 utilizando, para isto,
três diferentes produtos de precipitação acumulada mensal, gerados a partir de dados
coletados por estações meteorológicas, posteriormente interpolados, também
observaram valores similares do coeficiente de correlação, o qual variou espacialmente
de 0,83 a 0,94 na região Nordeste do Brasil.
O resultado da REMQ mostrou um padrão espacial para áreas que apresentaram
um melhor ajuste entre os dados de estações meteorológicas e dados do TRMM (Figura
4). As maiores diferenças entre as estimativas obtidas a partir dos dados de satélite e das
estações de campo foram encontradas na região Centro-Sul do Espírito Santo, com
destaque para os dados de sete estações (Povoação, Santa Tereza, Vasulgama Velha
Montante, Matilde, Iconha-Montante, Burarama e São José das Torres).
Os sete pontos com os maiores valores de REMQ localizam-se na região de maior
concentração pluviométrica do Estado (Figura 4) e, como observado, apresentaram
subestimativas do produto TRMM em relação aos dados de campo. De acordo com
Anderson et al. (2013), os produtos TRMM tendem a subestimar eventos de chuva forte.
Além disso, subestimativas dos dados do TRMM também foram encontrados por
Collischonn et al. (2008) ao avaliarem o produto TRMM 3B42, que representou a chuva a
cada 3 horas (também denominado produto 3B42 real time) para uma série de nove
anos na região da bacia do Tapajós.
Sendo assim, o modelo analisado nesta pesquisa superestimou os dados de
precipitação, uma vez que das 92 estações analisadas 54 apresentaram valores
negativos das discrepâncias o que pode estar relacionado com a extensa área

140
denominada Baixada Espírito-Santense que acompanha todo o litoral e que apresenta
baixos volumes de precipitação. Este resultado discorda de Gonçalves et al. (2006), que
ao detectarem chuvas na América do Sul encontraram que este produto tende
significantemente a subestimar as chuvas.

Figura 4. Raiz do Erro Médio Quadrático (REMQ) para o produto 3B43 do satélite
TRMM. Fonte: Produção do autor.

O desvio padrão das discrepâncias variou de 33,1 a 73,39 mm. Já o Índice


Residual Normalizado (IRN) foi, em média, igual a 0,3, o que indica um bom ajuste dos
dados, já que quanto mais próximo de zero for o valor do IRN calculado melhor o modelo
analisado. Segundo Anderson et al. (2013) os produtos 3B43 v6 e v7 para a região
Amazônica, também apresentaram um bom ajuste em relação às chuvas medidas pelas
estações meteorológicas.

4 Conclusões

 Os dados de precipitação, provenientes do TRMM produto 3B43, demonstraram-se


adequados e com bom ajuste quando comparados aos dados de estações

141
meteorológicas no Estado do Espírito Santo, o que confirma o grande potencial dos
dados de precipitação obtidos a partir de sensoriamento remoto nos estudos
ambientais.
 Os dados TRMM 3B43 tendem a superestimar a precipitação acumulada mensal em
locais com baixo volume pluviométrico e subestimar os resultados em locais com
altos volumes de precipitação ou eventos de chuva forte.
 Foi encontrado um padrão espacial para as áreas que apresentaram um melhor
ajuste entre os dados de estações meteorológicas e dados do TRMM.

5 Referências bibliográficas
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oriundos do satélite Tropical Rainfall Measuring Mission (TRMM) produto 3b43 versões 6 e 7 para o período de 1998 a
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142
CAPÍTULO 10

USO DO SENSORIAMENTO ORBITAL APLICADO NA ANÁLISE


DAS MUDANÇAS HIDROMORFOLÓGICAS NO RIO
MIRANDA, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL, MS

Everton de Carvalho
Ivo Augusto Lopes Magalhães
Beatriz Lima de Paula Silva
Aguinaldo Silva

1 Introdução

A bacia hidrográfica do rio Miranda está inserido na bacia hidrográfica do Alto


Paraguai- BAP. A bacia do rio Miranda é uma das maiores e mais importantes bacias do
Estado de Mato Grosso do Sul, faz parte do Pantanal e do sistema Paraguai-Paraná de
áreas úmidas. Apresenta uma área de aproximadamente 43.300 km², em torno de 12%
da área da BAP, conglomerando-se com 23 municípios de Mato Grosso do Sul. Sendo
que dez municípios (Anastácio, Guia Lopes de Laguna, Nioaque, Rochedo, Terenos,
Bodoquena, Dois Irmãos do Buriti, Bonito, Miranda e Jardim) possuem mais de 90% de
sua área nesta bacia e 09 municípios possuem entre 10 a 50%; a maioria dos 23
municípios (65%) possui seu núcleo urbano na bacia, (PEREIRA et al. 2004).
O Rio Miranda nasce na Serra de Maracaju, com altitude de 700 metros,
percorrendo 697 km da nascente até sua foz no Rio Paraguai, altitude de 80 m. A porção
superior da Sub-Bacia do Rio Miranda apresenta junto à parte Sul da Bacia do Rio
Aquidauana, os menores riscos de erosão potencial da BAP conforme
(MS/SEMA/FEMAP, 2000). Vale destacar que o rio Miranda possui uma região turística
que se encontra emfase de expansão, com destaque para as belezas naturais nos
municípios de Bonito e Jardim.
Com essas atividades existe uma maior preocupação com a preservação dos
recursos hídricos tanto superficiais quanto subterrâneos, pois a região esta localizada
sobre o aqüífero Guarani. A Bacia do rio Miranda possui grande importância diante do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
O estudo em forma de bacia é determinado pela Lei Federal nº 9.433, de 08 de
janeiro de 1997, para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, visando a
proteção e preservação dos recursos naturais segundo (BRASIL,1997).
Atualmente no Brasil, os estudos sobre as mudanças morfológicas utilizando o
sensoriamento remoto ainda são escassos, principalmente no que se refere ao rio

143
Miranda. Como o rio Miranda apresenta muitas mudanças de estilo fluvial no decorrer de
seu percurso, pesquisas de cunho geomorfológico são fundamentais para a
discriminação de áreas com diferentes características físicas e para a compreensão dos
processos físicos de erosão e sedimentação.
Pode se destacar que o estudo das mudanças morfológicas em sistemas fluviais
possui grande importância ambiental, pois proporciona a previsão de futuras mudanças,
contribuindo para o ordenamento de uso e ocupação das áreas marginais em sistemas
fluviais, onde a partir de imagens de satélite em análise multitemporal é possível
caracterizar a evolução do canal fluvial. Por meio do sensoriamento remoto que aplicado
juntamente com os estudos da geomorfologia fluvial, contribui para os estudos das
formas e processos fluviais.
Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi analisar as mudanças morfológicas
do rio Miranda no estado do mato Grosso do Sul – MS por meio de séries de imagens
temporais dos Sensores Tematic Maper do satélite Landsat-5 e OLI do Satélite Landsat-
8.

2 Metodologia

2.1 Localização e caracterização da área

A área analisada no Rio Miranda situa-se entre os trecho da Base de estudos da


UFMS no Passo do Lontra próximo a Rodovia BR 262 com coordenada de 19º38’53,29”
S e 57º01’42,55” W até a confluência com a Foz do rio Paraguai, cujas coordenadas
iniciais 19°35’02.24” S e 57°00’59.20” W e o trecho final 19°24’45.38” S e 57°19’54.01” O
(Figura 1).
O rio Miranda no local da região de estudo, passa por diferentes unidades
geológicas e geomorfológicas, onde apresenta diversos tipos de vegetação que estão
relacionados aos tipos de solos, juntamente ao regime climático predominante da região.
A seguir serão apresentados os aspectos gerais da Geologia, Geomorfologia, Pedologia,
Vegetação e Clima da região do rio Miranda.

144
Figura 1. Área de estudo no trecho do rio Miranda, MS.

2.2 Geologia

Oliveira e Leonardos (1943) denominam de Formação Pantanal os depósitos


aluvionares compostos de vasas, areias e argilas de deposição recente do Pantanal Mato
Grossense. A localidade-tipo situa-se na Depressão do Mato Grosso, Bacia do Alto
Paraguai, Estado de Mato Grosso. Segundo Almeida (1964 a), a formação é constituída
por sedimentos arenosos esilto-argilosos, com pouco cascalho, depositados em leques
aluviais, e por lateritos ferruginosos. Figueiredo e Olivatti (1974) a dividiram em três
unidades denominadas Qp1, Qp2 e Qp3. Ramalho (1978) subdivide as aluviões da
depressão mato-grossenseem sete tipos, sendo cinco aluviões fluviais e dois aluviais de
espraiamento sobre área pediplanizada. Assine (2005) descreve que “a sucessão
estratigráfica mostra afinamentotextual para o topo e preenchimento essencialmente
siliciclástico”.
Almeida (1959) descreve a Formação Pantanal como uma das maiores planícies
de nível de base interiores do globo, ainda em processo de entulhamento, a qual, sob
influência da Orogenia Andina, desenvolveu-se em ambiente fluvial e/ou flúviolacustre.
Del’Arco et al. (1982) crêem que adeposição está relacionada à subsidênciagradativa do
embasamento ao longo de falhas.

145
A Formação Pantanal se caracteriza por três Fáceis: Fáceis de Depósitos
Coluvionares, Fáceis de Terraços Aluvionares e Fáceis de Depósitos Aluvionares.
Na área de estudo encontra-se a Fáceis de Depósitos Aluvionares que segundo
Merino (2011) compreendem a porção do topo, constituída de sedimentos argilo-
sílticoarenosos. É a Fáceis de maior área no pantanal sul-mato-grossense, com 66.895
Km²,isto é, mais de 18,6% do território estadual. Abrange desde o extremo SW do
estado, até o limite com o Mato Grosso, a Noroeste.

2.3 Geomorfologia

De acordo com Mendes et al., (2004), a geomorfologia da porção Sul doPantanal


é bastantediversificada, e abrange os seguintes compartimentos (ou
unidades)geomorfológicos: as depressões de Bonito, Miranda, Aquidauana, Bela Vista e
Apa; os piemontês da Serra de Maracaju; as encostas elevadas Serra da Bodoquena e
planícies coluviais pré-Pantanal, bem como grande extensão de planícies da borda sul
doPantanal.
Nos arredores da margem esquerda do rio Miranda predomina patamares
maiselevados de relevo com topos convexos, enquanto que na margem direita as
formastabulares de topo aplanado, com diferentes ordens de grandeza e grau de
aprofundamento das drenagens. A planície é constituída por áreas inter fluviais baixas
ligadas a sistemas fluvio-lacustres, depressão alagadas, e morros testemunhos e
terraçoselevados que permanecem secos em boa parte do ano (ALVARENGA et. al.,
1982).

2.4 Pedologia

Referente aos solos encontrados na Bacia do rio Miranda, Nogueira et. al. (1978)
reconheceram seis tipos principais: 1) Latossolos, que ocorrem nas áreas pediplanizadas
com coloração avermelhada e textura argilosa; 2) Solos Calcimórficos, concentrados na
região da Serra de Bodoquena oriundos de rochas carbonáticas e normalmente com
perfil incipiente; 3) Litossolos, relacionados a litologias do Grupo Cuiabá, são pouco
desenvolvidos e muito pedregosos com fragmentos de quartzo; 4)Solos Hidromórficos,
confinados às planícies aluviais dos rios e no Pantanal, são decoloração cinza a cinza
escuro com textura argilosa e com alta concentração de matéria orgânica; 5) Solos
Halomórficos, presentes no Pantanal em regiões onde em decorrênciada intensa
evaporação nos períodos de estiagem há concentração de sais; 6) SolosAluviais,

146
distribuídos ao longo das margens e confluências dos principais rios, detextura arenosa,
inconsistente e algumas vezes pedregosa, bastante permeáveis.

2.5 Vegetação

Segundo Merino (2011) a vegetação do Pantanal apresenta grande variação


deum local para o outro, criando um complexo mosaico vegetacional, onde predomina o
bioma Cerrado. Ocorrem formações florestadas típicas, como por exemplo, matas
decordilheira e capões. Ambas são naturalmente fragmentadas e se formam em
patamares mais elevados da planície.
Normalmente não são alagadas durante as cheias, o que ocorre nas áreas
abertas, denominadas vazantes, onde predominam espécies degramíneas. Há espécies
Hidrófilas, Mesófilas e Xerófilas cuja ocorrência é condicionada pelo grau do alagamento.

2.6 Clima

Conforme a classificação de Köppen, o tipo climático da região é o “AW”,definido


como clima tropical úmido, com temperaturas médias anuais em torno de 25ºC. As
estações chuvosas e secas são bem definidas, com concentração pluviométrica mais
acentuada nos meses de Dezembro a Março.
A precipitação média anual é de 1.400 mma 1.500 mm no trecho superior e de
1.000mm a 1.200 mm no trecho inferior (Pogodim e Resende, 2005). Contudo, podem
ocorrer variações em alguns anos, com precipitação significativa durante o inverno, que
normalmente é seco. Isso ocorre devido à altitude ea localização continental da região
que é sujeita a influências de massas de ar polares durante o inverno, que podem causar
quedas bruscas de temperatura e, até mesmo, ocorrência de geadas (IBGE, 1989).
Para a elaboração do trabalho e identificação das mudanças morfológicas foram
utilizadas imagens de satélite do Landsat TM 5 de 18/09/1984 do período seco (figura3),
Landsat OLI 8 de 21/09/2014 do período seco com cheia (figura 4), as duas cenas com a
mesma resolução espacial de 30m com a órbita ponto (226/74). A imagem Landsat TM 5
de 1984 foi adquirida pelo site do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a
imagem Landsat OLI 8 de 2014 foi do site USGS (Serviço Geológico dos Estados
Unidos).A opção pela imagem de 1984 foi o fato de ser a imagem mais antiga
disponibilizada pelo INPE e com uma melhor visualização sem nuvens, já a de 2014
foiem 21/09/2014 ao qual proporciona uma melhor visualização da área a ser estudada e
sem nuvens.

147
Para análise e identificação das mudanças morfológicas foi necessário à
criaçãode um banco de dados geográficos e de um projeto no QGIS 2.0, que é um
Sistema de Informações Geográficas (SIG), para executar a manipulação e
processamento digital das imagens. As imagens trabalhadas passaram por vários
procedimentos: na imagem Landsat TM 5 foi feito o georreferenciamento de 60 pontos na
imagem com resolução espacialde 30 m, com uma margem de erro menor que meio
pixel, pois o processo de georreferenciamento foi feito tendo como base uma imagem
Landsat 8, esse processo é importante porque as imagens de satélites não proporcionam
precisão cartográfica eprecisam ser corrigidas para obter um melhor resultado no
trabalho.
Por fim, realizou-se o realce das imagens e a utilização da composição colorida
para o satélite Landsat TM 5 foi utilizado R5G4B3, para o satélite Landsat OLI 8 a
composição colorida R6G5B4. O realce das imagens nos permite melhorar sua qualidade
para obter uma melhor discriminação dos objetos que se encontram na imagem. O
sistema de cores do SIG é baseado nas cores primárias RGB (vermelho,verde e azul) e a
composição colorida facilitam a identificação dos alvos nas imagens apartir da
combinação das bandas.

Figura 2. A) Imagem Landsat5 TM de 09/1984, composição colorida (R5/G4/B3).

148
Figura 2. B) Imagem Landsat OLI 8 de 09/2014, composição colorida (R6/G5/B4).

As imagens Landsat TM 5 e Landsat OLI 8 passaram por processo de vetorização


das margens e dos meandros para identificação dos pontos de mudanças morfológicas
na área estudada e receberam tratamento de contraste para realçar elementos
geomorfológicos (Figura 3).
Foi utilizada também uma fotografia obliqua do ano de 2014 e imagens de alta
resolução do satélite Spot. A fotografia e as imagens foram utilizadas para mostrar a
evolução do canal, seus meandros e onde ocorreram as mudanças morfológicas no rio
Miranda na área estudada, suas feições morfológicas como as barras em pontal e
tipologia das margens.
Para análise de dados da vazão que serve para medir o volume de água que
passa entre dois pontos e a cota que é a quantidade de água que o rio atinge, foram
utilizados os dados disponibilizados pela Agência Nacional de Águas (ANA) da estação
Tição de Fogo (Código da estação: 66920000).

149
A

Figura 3. Foto interpretação do rio Miranda usando como base imagens: A)


Landsat-5TM e B) Landsat OLI 8.

3 Resultados e discussão

O rio Miranda na região de estudo apresenta em seu percurso um padrão de


canal meandrante, com índice de sinuosidade de 2.13, segundo Cristofoletti (1977) a
sinuosidade é medida a partir de relação entre o comprimento do canal e a distância do
eixo, a planície de inundação apresenta aproximadamente 600 metros de largura, o rio
apresenta erosão em suas margens côncavas e deposição de sedimentos nas margens
convexas (figura 4).
Devido ao processo de deposição (margem convexa) e erosão (margem côncava)
ocorre uma acentuação na sinuosidade, provocando o rompimento do meandro
acarretando a formação de lagos conhecidos como meandros abandonados (DRAGO,
1976).

150
Figura 4. Rio Miranda. Presença de meandros abandonados e margem côncava e
margem convexa.

A morfologia do sistema fluvial reflete a história de denudação da paisagem do rio,


caracterizada pela hidrologia, carga em transporte e comunidade biótica que mostram o
resultado de todos os processos operativos dentro do ecossistema (PETTS e FOSTER,
1990).
O aspecto morfológico do canal fluvial depende do equilíbrio entre erosão e
deposição. Se um eventual desequilíbrio acontece entre estes processos, o canal fluvial
sofre um ajustamento de suas variáveis morfológicas, a fim de alcançar nova forma
estável compatível com as novas condições, o que pode ocorrer em um intervalo de
tempo, seja longo, médio ou curto prazo, devido às mudanças na vazão e transporte de
sedimentos (FERNANDEZ, 1990).
A descarga no rio Miranda varia de acordo com os índices pluviométricos, de 60
m³/s na estação seca (junho a setembro) a 110 m³/s na estaca úmida (janeiro a abril). A
partir da análise dos dados disponíveis pela ANA (Agência Nacional de Águas) da
estação fluviométrica de Código (66920000) podemos analisar as vazões médias
mensais do rio Miranda (Figura 5).
A análise do gráfico da figura 12 mostra dois períodos na dinâmica do rio Miranda,
o de cheia de Dezembro a Maio e o de vazante de Junho a Novembro caracterizando
assim o ano hidrológico do rio Miranda (vazante-cheia-vazante) na região. Os períodos
de cheia e vazante são expressamente bem definidos, onde o pico de cheia ocorreu na
vazão média mensal de mês de Dezembro (115,88 m³/s) e mínima no período de vazante
que ocorre no mês de Agosto (35,82 m³/s). Durante o período de análise entre os anos

151
de 1969 a 1979 a quantidade média de água que passou por essa seção foi de 2,471
m³/ano, este valor é igual a área do gráfico acima (Figura 6).
O rio Miranda próximo a cidade de Miranda-MS apresenta uma vazão de 33,11
m³/s e velocidade aproximada de 0,29 m/s e próximo a confluência do rio Paraguai
apresenta uma vazão de 124,24 m³/s (segundo SILVA, 2012, dados não publicados).
Do ponto de vista da hidrografia no trecho estudado, o rio Miranda apresenta um
comportamento variado, pois em 1968 apresentou a cota de 119 cm aumentando para
279 cm em 1969, chegando a atingir a maior média em 1982 com 433 cm (Figura 6).

Figura 5. Vazão média mensal do rio Miranda. Estação Fluviométrica Tição de Fogo
de Miranda.

Figura 6. Gráfico de variação mensal histórica do nível de água do rio Miranda de


1968 a 1988.

Observa-se na figura 6 que entre os anos de 1980 a 1988 existem espaços vazios
no gráfico que são falhas onde não ocorreram registros de vazão.

152
Com base na imagem de satélite analisada foi possível observar se existiram
algumas mudanças no rio Miranda.
No segmento estudado foi identificada apenas uma mudança morfológica por
ação natural do rio e possíveis pontos de rompimentos de meandros abandonados,
sendo classificados em Ponto (possível ponto de rompimento do canal, podendo
ocasionar impactos ambientais), Ponto B (meandro em processo de abandono) e Ponto C
(possível ponto de rompimento de meandro) (Figura 7).
Em sistemas fluviais como o rio Miranda, que é um rio dinâmico, estudos de
mudanças morfológicas nos proporcionam a previsão de futuras mudanças, colaborando
para o uso e ocupação das áreas marginais.
Na Figura 7 também é possível observar o meandro em processo de abandono,
com isso, podendo causar impactos referentes à Base de Estudos, pois devido ser uma
área de pesquisas da UFMS possui barcos de uso contínuo de pesquisadores e com o
rompimento do meandro haveria uma dificuldade em onde deixarem os barcos, pois
estaria longe da margem do rio Miranda.
Na Figura 7(A) Landsat TM 5 de 1984 e 7(B) Landsat OLI 8 de 2014 nos permite
observar o surgimento de um meandro abandonado, nota-se a possível mudança no
percurso do rio, na Figura 7(C) imagem do Google Earth com destaque a seta em
vermelho mostra local onde esta sofrendo a ação antrópica.
Na margem direita do rio encontra-se a Base de Estudos da UFMS, que com o
rompimento do canal e a formação do meandro abandonado a Base de Estudos passará
a ter sua margem junto do Meandro, que ao longo do período será todo sedimentado
ocasionando um impacto, pois a Base ficara sem ter acesso ao rio. As mudanças nos
canais fluviais dificilmente acontecem com respostas imediatas.
As modificações são percebidas ao longo do tempo (BROOKES, 1996).
Entretanto, a ação antrópica pode acelerar a mudança na morfologia do canal,
acarretando danos ao meio ambiente, por causa do repentino desequilíbrio entre a saída
e entrada de sedimentos, fato esse que esta ocorrendo nesta área de estudo da Base
sendo indicado na figura C com destaque na seta vermelha. Com base nas imagens de
satélites dos Landsat TM 5 e Landsat OLI 8 foi possível verificar no segmento do rio
Miranda o processo de rompimento de um meandro abandonado (Figura 8).
É possível observar que na Figura 8(A) o rio Miranda esta em processo de
rompimento do canal principal, na Figura 8(B) nota-se que o rio já mudou completamente
o seu percurso e é possível observar a presença do meandro abandonado, 8(C)
fotografia aérea obliqua do local analisado no período de 2014 e na Figura 8(D) imagem
do Google Earth de 2014. A presença de água no meandro é devida as cheias ocorridas

153
no Pantanal, cujo, as águas do rio Miranda transbordam e inundam várias áreas da
planície trazendo mais sedimentos para dentro do meandro.
O rio Miranda, por ser um rio de planície, está sujeito a várias alterações, pois
suas características hidrológicas, geomorfológicas e sedimentares tornam-o dinâmico.
Trabalhos como o de Merino (2011), Caracterização Geomorfológica do Sistema
Deposicional do Rio Miranda (Borda Sul do Pantanal Mato-Grossense, MS) Com Base
em Dados Orbitais, faz comparações de imagens contendo a mesma área de estudo
demonstrada no Ponto B (meandro em processo de abandono) onde é possível observar
que a área estudada acima (Figura 9) o canal do rio é rompido aproximadamente por
volta do período de 1988 a 2000, em um período de 12 anos (Figura 10).

Figura 7. A) Imagem do Landsat-TM5 de 09/1984, B) Imagem do Landsat OLI 8


09/2014, C) Possível ponto de rompimento do canal, Base de Estudos
UFMS.

154
Figura 8. Meandro em processo de abandono. A) Imagem do Landsat TM 5 de
09/1984, B) Imagem Landsat OLI 8 09/2014, C) Fotografia aérea obliqua de
2014 e D) Imagem de alta resolução doSPOT.

A utilização de imagens de anos e estações diferentes, também é uma das


alternativas para contornar dificuldades de identificação de geoformas deposicionais em
regiões como o Pantanal, onde a paisagem está em constante transformação (Assine,
2005).
De acordo com Ferreira (2013), a característica do solo, declividade de terreno, a
dinâmica fluvial são fatores que promovem o equilíbrio no corredor fluvial; uma das
formas naturais que o rio encontra para retornar ao seu equilíbrio é provocando a erosão
marginal ocorrendo à migração lateral e o abandono do canal (Figura 10).
Neste trecho do rio Miranda nas Figuras 10(A) Landsat TM 5de 1984 e 10(B)
Landsat OLI 8 de 2014 é possível observar o meandro em processo natural de abandono,
na figura 10(C) Imagem do Spot com destaque o retângulo vermelho mostra como
encontra-se o canal do rio no período de 2014.

155
Figura 9. Paleocinturão de meandros em imagens Landsat de diferentes anos e
estações: A) Composição Landsat R7G4B2 para o ano de 1988, B)
Mosaico Landsat R3G4B5 com Imagens de 1999 e 2000, C) Composição
Landsat R7G4B2 para o ano de 2001 e D) Composição Landsat R7G4B2
para o ano de 2011. Fonte: MERINO, (2011).

156
Figura 10. Possível rompimento de meandro abandonado. A) Imagem do Landsat
TM 5 de 09/1984, B), C) Imagem Landsat OLI 8 09/2014 e C) Imagem de
alta resolução do SPOT.

4 Conclusões

 Os resultados obtidos com a análise geomorfológica do rio Miranda permitiram


interpretar as mudanças que ocorreram no estilo de drenagem do rio na planície
pantaneira.
 Várias mudanças ocorrem no estilo de drenagem do rio Miranda, a construção e
abandonos de canais e de meandros também são fenômenos frequentes. Essas
mudanças são ocasionadas em grande parte naturais ou antrópicas que acaba
provocando a erosão marginal, migração lateral do canal, assoreamento do rio,
surgimento de barras, meandros abandonados e podem estar relacionadas às

157
mudanças climáticas que causaram diminuição da descarga fluvial, da contribuição
de sedimentos e variação do nível de base do rio Paraguai.
 O uso de técnicas de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto são
indispensáveis em estudos aplicados na análise de mudanças ambientais, permitindo
assim estar nos aproximando do objeto de estudo, monitorando-os de forma
dinâmica e atendendo a realização de estudos ao longo de um período de tempo.
 O processamento digital das imagens ajudou na identificação das áreas analisadas e
foi indispensável para a realização da pesquisa.

5 Agradecimentos

Os autores agradecem a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino e


Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul - FUNDECT (0133/12 – SIAFEM: 020839),
ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (447402 /
2014-5 e 448923/2014-9), a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul pelo o apoio
para a realização de nossas pesquisas e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico - CNPq pela Bolsa PQ2 a AS (312386 / 2014-1).

6 Referências Bibliográficas

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158
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159
CAPÍTULO 11

MODELAGEM DE RISCO DE INCÊNDIOS EM FLORESTAS


NATURAIS COM O USO DE GEOTECNOLOGIAS

Ronie Silva Juvanhol


Nilton Cesar Fiedler
Alexandre Rosa dos Santos

1 Introdução

O fogo é um agente de grande impacto na modificação de florestas naturais e


plantios florestais. Representa uma grave ameaça a fauna e flora local, compromete a
qualidade dos corpos d’água, ocasiona perdas significativas de madeira e um alto custo
operacional para o seu combate. De acordo com as estatísticas sobre florestas em 47
países (que representam 53,9% de áreas de floresta do mundo) pela Organização de
Alimentos e Agricultura das Nações Unidas, a área média de incêndio a cada ano foi de
6,73x106ha entre 1881 a 1990, correspondendo por 0,47% de áreas florestais mundiais
(KONG et al., 2003).
A frequente ocorrência de incêndios é uma das razões para a degradação das
florestas no Brasil. De 1983 a 2002, foram registrados 23088 ocorrências de incêndios
florestais e área queimada de 485788,5ha (SOARES et al., 2006). No estado do Espírito
Santo, nos anos de 2007 a 2012, foram registrados mais de 2500ha de área queimada no
interior e no entorno de áreas protegidas, ocasionando redução dos fragmentos florestais
e perda da biodiversidade, principalmente em Unidades de Conservação estaduais
(TEBALDI et al., 2013). Assim, cada vez mais os gestores florestais têm percebido a
importância de desenvolver metodologias para monitorar e conhecer os fatores potenciais
que influenciam a ocorrência de incêndios.
A análise de fatores que condicionam a sua ocorrência, distribuição espacial e
temporal, são importantes pois quando reunidos e integrados, permitem identificar quais
as áreas mais problemáticas servindo assim de suporte na discussão de ações que
possibilitem a redução do risco, numa perspectiva de prevenção. Também permite
determinar o grau do risco de incêndios com base na sua localização. Desta forma, é um
instrumento potencial de apoio na tomada de decisões e estratégias de combate.
Segundo Chuvieco e Congalton (1989), Ferraz e Vettorazzi (1998) o zoneamento
de risco de incêndios florestais pode ser obtido por meio da sobreposição de vários
mapas temáticos que representam os fatores de risco e da interação ponderada entre
esses fatores em um Sistema de Informação Geográfica (SIG) pela efetiva capacidade de
modelagem computacional. Cada fator então representa um atributo da área que

160
condiciona algum risco para o início e propagação do fogo. Os fatores físicos (orientação
do relevo, declividade e altitude), biológicos (tipo de vegetação), socioeconômicos
(proximidade a estradas e residências) e climáticos (precipitação, temperatura, vento e
umidade relativa) podem ser utilizados como se apresenta em estudos desenvolvidos por
Cardille et al. (2001), Yang et al. (2007), Catry et al. (2009) e Juvanhol (2014).
A interação ponderada entre os fatores é um componente importante na correta
determinação das áreas de risco. Ferramentas que possibilitem avaliar diversos fatores
simultaneamente, atribuir pesos e valores a eles, dando prioridade a diferentes
alternativas, facilitam a tomada de decisão. A análise multicriterial é um método de
análise por combinação de fatores para resolução de problemas, sendo possível
identificar as alternativas prioritárias para o objetivo considerado. Proposto por Saaty em
1977, o método AHP – Analytic Hierarchy Process destaca-se como uma importante
técnica de tomada de decisão multicriterial para definição de pesos aos fatores.
Dessa forma, o objetivo deste estudo foi determinar áreas de risco de incêndio
florestal com aplicação do método AHP em SIG, em uma importante área florestal
remanescente de floresta natural no estado do Espírito Santo, Brasil.

2 Metodologia

2.1 Área de estudo

Reconhecida como Patrimônio Natural da Humanidade em 1999 pela UNESCO, a


Reserva Natural Vale (RNV) é um dos 14 centros de alta diversidade e endemismo do
Brasil e uma das áreas de conservação mais bem protegidas da América do Sul
(GENTRY et al., 1997; PEIXOTO e SILVA, 1997). Apresenta a segunda maior reserva de
Mata dos Tabuleiros ou Zona Costeira (Hiléia Baiana) do estado do Espírito Santo
(MARTIN et al., 1993), com 22 mil hectares, localizada ao Norte do estado, nos
municípios de Linhares, Sooretama e Jaguaré, entre as coordenadas geográficas de
18°58’ e 19°16’ de latitude Sul e 39°50’ e 40°7’ de longitude Oeste. A área de entorno
que condiciona a faixa de monitoramento e proteção da reserva é representada por 3km
de raio que perfaz toda a extensão da reserva e pequena parte da Reserva Biológica
(REBIO) de Sooretama com limite na rodovia federal BR-101. A área total do estudo
apresenta aproximadamente 68 mil hectares (Figura 1).

161
Brasil Espírito Santo Jaguaré

Sooretama

América do Sul

Linhares

Figura 1. Localização da área de estudo.

O clima da região é do tipo Awi de Köppen, tropical quente e úmido, com estação
chuvosa no verão e seca no inverno. Os dados do posto agrometeorológico da reserva
indicam uma precipitação pluviométrica média anual de 1200mm e temperatura média de
23,3°C (ROLIM, 2006).
A vegetação está localizada nos domínios da Floresta Ombrófila Densa (IBAMA,
2004), sendo classificada como Floresta Estacional Perenifólia, que representa uma
tipologia intermediária entre a primeira e a Floresta Estacional Semidecidual (JESUS e
ROLIM, 2005).

2.2 Fatores relevantes ao risco de incêndio florestal

Com base nos princípios da particularidade regional foram selecionados três tipos
de fatores de risco de incêndio florestal na área de estudo: biológico (uso e ocupação da
terra), físico (orientação do relevo e declividade) e socioeconômico (densidade
populacional e proximidade a residências e rede de estradas).

2.2.1 Uso e ocupação da terra

Diferentes tipos de vegetação têm diferentes combustibilidades. Para o


mapeamento do uso e ocupação da terra foi utilizada as aerofotos digitais da região de
estudo, dos anos 2007-2008, disponibilizadas pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEMA).
O mapeamento foi obtido por meio da digitalização da ortofoto, em escala de
1:35.000 e resolução espacial de 1m, no aplicativo computacional ArcGIS/ArcINFO 10.2
A digitalização via tela foi feita por meio das técnicas de fotointerpretação (interpretação
visual das imagens) na escala de 1:1.500. Em caso de dúvidas, procedeu-se uma
ampliação do campo visual da imagem até uma escala de 1:5.000 para interpretação da

162
variável mapeada e posterior digitalização. Para verificação da classe mapeada foram
ainda realizadas visitas a campo e coletados pontos com o aparelho GPS Garmin 60
CSX.
A sensibilidade da vegetação ao fogo está relacionada com a sua composição,
estágio de desenvolvimento e tipo de manejo. O uso e apropriação dos recursos naturais
da região se dão em diversas modalidades (Figura 2a). As áreas de entorno da reserva
foram desmatadas e ocupadas, em sua maioria por monoculturas de café, cana-de-
açúcar, pecuária de baixa densidade, fruticultura, em grandes propriedades. Quatro
formações vegetais naturais estão presentes: 1) Floresta alta, destaca-se por apresentar
árvores de maior porte que atingem até 40m de altura; 2) Floresta de mussununga que
reveste as áreas da floresta alta, com árvores de menor porte, em geral menores que
20m; 3) Áreas inundadas, podendo ser encontrados trechos permanentemente inundados
(brejo e floresta de brejo) ou alagamentos periódicos (floresta ciliar). Em ambos os casos,
sempre existe um curso d’água no entorno destas formações ou percorrendo seu interior;
4) Campos nativos, destacam-se pelo predomínio de herbáceas e lenhosas não arbóreas
estabelecido em solo arenoso. O solo é coberto por serapilheira e em alguns pontos,
onde a camada de serapilheira é ausente, ocorrem populações de briófitas formando
turfas.

2.2.2 Topografia

A topografia é um importante fator físico entre os fatores de risco de incêndio, que


está relacionado com o comportamento do vento e que afeta a propensão do fogo
(RAJEEV et al., 2002). A topografia pode afetar o surgimento e a propagação do incêndio
florestal, por meio da mudança de fluxo de ar e microclima local (ZANG et al., 2003).
Compreende principalmente a altitude, declividade e orientação do relevo. Os mapas de
orientação do relevo (Figura 2b) e declividade (Figura 2c) foram obtidos por meio de um
Modelo Digital de Elevação (MDE), proveniente de uma imagem matricial de radar
ASTER (Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer), com
resolução espacial de 30m.

163
´ Floresta Alta
Mussununga
Brejo e Flor. de Brejo
Floresta Ciliar
´
Campos Nativos
Cultivo Agrícola Relevo plano
Pastagem Relevo escuro
Área em regeneração Relevo semi-escuro
Silvicultura Relevo semi-iluminado
Curso d'água Relevo iluminado
Edificação Relevo em pleno Sol
jjExtração de areia
jjExtração de petróleo
jj
0 2,5 5 10 0 2,5 5 10
km
Área per. alagada km

(a) (b)

´ ´
Suavemente ondulado
Ondulado Influência < 150m
Fortemente ondulado Influência > 150m
Inclinado
Fortemente inclinado

0 2,5 5 10 0 2,5 5 10
km km

(c) (d)

´ ´
0 - 1 hab./ha < 500m
1 - 10 hab./ha 500 - 1000m
10 - 30 hab./ha 1000 - 1500m
> 30 hab./ha > 1500m

0 2,5 5 10 0 2,5 5 10
km km

(e) (f)

Figura 2. Mapa das variáveis relevantes ao risco de incêndio florestal. (a) Uso e
ocupação da terra; (b) Orientação do relevo; (c) Declividade; (d)
Proximidade a estradas; (e) Densidade populacional; (f) Proximidade a
residências.

O efeito da orientação do relevo sobre o risco de incêndio é explicado pelo menor


ou maior energia solar que a vegetação recebe em função da inclinação do terreno, pelo
estado fisiológico da vegetação e o horário do dia em que a radiação incide sobre a
mesma. Em função das condições de iluminação solar, a variável orientação do relevo foi
classificada em 6 categorias: Relevo plano, Relevo escuro (Sul (157,5º-202,5º), Sudeste
(112,5º-157,5º) e Sudoeste (202,5º-247,5º)), Relevo semi-escuro (Leste (67,5º-112,5º),
Relevo semi-iluminado (Nordeste (22,5º-67,5º)), Relevo iluminado (Oeste (247,5º-292,5º)
e Noroeste (292,5º-337,5º)) e Relevo em pleno Sol (Norte (337,5º-22,5º).

164
Com grande importância na orientação do fogo e no aumento da velocidade de
propagação das chamas, as áreas com declives acentuados têm maior potencial de risco
a incêndios florestais do que as áreas com declives suaves. Para representar o grau de
risco ao incêndio florestal, a variável declividade foi classificada em 5 categorias:
Suavemente ondulado (0-5º), Ondulado (5º-15º), Fortemente ondulado (15º-25º),
Inclinado (25º-35º) e Fortemente inclinado (>35º).

2.2.3 Fatores socioeconômicos

Os padrões espaciais de ocorrência de fogo estão fortemente associados com o


acesso humano à paisagem natural. A concentração urbana na cidade de Sooretama e a
proximidade a residências nas zonas rurais e rede de estradas são fatores a conduzir a
distribuição espacial das pessoas que compromete a integridade dos recursos da
reserva.
As estradas mapeadas foram classificadas em duas categorias: rodovia e
estradas rurais. A rodovia é definida pelas estradas pavimentadas com duas ou mais
faixas de rodagem e dois sentidos de tráfego, representada na área de estudo pela BR-
101, que percorre no sentido Norte-Sul por praticamente todo o litoral Leste brasileiro; e a
BR-342, que liga o Sudoeste do estado da Bahia à Sooretama, no estado do Espírito
Santo, passando pelo Nordeste do estado de Minas Gerais. As estradas rurais foram
definidas como estradas não pavimentadas e classificadas em estradas principais,
estradas secundárias, estradas de acesso e vias internas. As estradas principais foram
consideradas como estradas com bom padrão de construção com uma faixa de rodagem
e largura da plataforma superior a 5m. As estradas secundárias foram consideradas
pelas estradas responsáveis pela divisão da paisagem. As estradas de acesso foram
consideradas pelas estradas que dão acesso ao interior da paisagem e as vias internas
foram consideradas como estradas internas que percorrem o limite da RNV.
A cada categoria da malha viária foi usado um buffer para estabelecer uma área
de influência das estradas sobre o início do fogo florestal. A área de influência em torno
das estradas foi estabelecida em uma escala de 25 a 150m, em concordância com
Chuvieco e Congalton (1989), Pew e Larsen (2001), em função do maior deslocamento
de veículos e pessoas. Desta forma, as rodovias e estradas principais foram
consideradas de maior influência ao risco de incêndio sendo empregado um buffer de
150 e 100m, respectivamente. Nas estradas secundárias foi empregado um buffer de
50m e nas estradas de acesso e vias internas um buffer de 25m.
O mapa proximidade a estradas (Figura 2d) foi obtido pela distância euclidiana
sendo rotulado em 2 categorias: área sob influência (< 150m) e (>150m).

165
Conceitualmente, o algoritmo de Euclides descreve a distância mais próxima em linha
reta, entre dois pontos, a partir do centro da célula de origem da imagem matricial para o
centro da célula vizinha. Em um plano, a distância entre os pontos de
𝐷𝐴𝐵 (𝑋𝑎 , 𝑌𝑎 ) e (𝑋𝑏 , 𝑌𝑏 ) é dada pelo Teorema de Pitágoras.
A densidade populacional (número de pessoas por unidade de área) é o resumo
mais comum da distribuição da população no espaço geográfico sendo determinada pela
Equação 1 (DEICHMANN, 1996).

𝐷𝑖 = 𝑃𝑖 /𝐴𝑖 (eq.1)

Em que,
𝐷𝑖 : densidade populacional em unidade de área 𝑖;
𝑃𝑖 : correspondente população; e
𝐴𝑖 : área de terra da unidade.

A unidade de área 𝑖 usada foi definida pelos limites censitários indicados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio do CENSO 2010,
disponibilizado no sítio http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopseporsetores/?nivel=st.
Para representar a associação espacial da densidade populacional na área de estudo ao
risco de ocorrência de incêndio florestal, o mapa de densidade populacional (Figura 2e)
foi classificado em 4 categorias: 0 ┤1 hab./ha, 1 ┤10 hab./ha, 10 – 30 hab./ha e > 30
hab./ha.
A proximidade a residências (Figura 2f) indicada como de grande importância na
distribuição de incêndios florestais foi obtida pela distância euclidiana e rotulado em 4
categorias: < 500m, 500 – 1000m, 1000 – 1500m e > 1500m.

2.3 Implementação do modelo

As diferentes classes nos mapas temáticos foram rotuladas separadamente com


base em sua sensibilidade ao incêndio florestal como muito alto, alto, moderado, baixo ou
nulo.
A fim de alcançar conclusões eficazes por meio da computação em análise SIG, a
informação descritiva foi necessária para ser convertido em um índice de risco de
incêndio florestal e um sistema de ranking ou peso (Tabela 1). O peso mais alto indica
que a classe apresenta um elevado grau de influência sobre o risco de incêndio. Em
seguida, os pesos apropriados das variáveis foram designados usando o método AHP.

166
Tabela 1. Pesos e classificação atribuídos para as variáveis

Ranking Sensibilidade
Nº Variável Classe
(peso) ao Fogo
Campos nativos 7 Muito alto
Pastagem 6 Alto
Cultivo agrícola 6 Alto
Área em regeneração 5 Alto
Silvicultura 5 Alto
Extração de petróleo 4 Moderado
Uso e Ocupação da Extração de areia 4 Moderado
1
Terra Área periodicamente alagada 3 Moderado
Floresta de mussununga 3 Moderado
Brejo e floresta de brejo 2 Baixo
Edificação 2 Baixo
Floresta alta 1 Baixo
Floresta ciliar 1 Baixo
Curso d´água 0 Nulo
0 ┤1 hab./ha 1 Baixo
1 ┤10 hab./ha 3 Moderado
2 Densidade populacional
10 – 30 hab./ha 5 Alto
> 30 hab. Há 7 Muito alto
< 500m 7 Muito alto
Proximidade a 500 – 1000m 5 Alto
3
residências 1000 – 1500m 3 Moderado
> 1500m 2 Baixo
Suavemente ondulado (0 – 5º) 1 Baixo
Ondulado (5º – 15º) 2 Baixo
Declividade
4 Fortemente ondulado (15º – 25º) 3 Moderado
Inclinado (25º – 35º) 5 Alto
Fortemente inclinado (> 35º) 7 Muito alto
Plano 0 Nulo
Sul, Sudeste e Sudoeste 1 Baixo
Orientação do relevo Leste 2 Baixo
5
Nordeste 3 Moderado
Noroeste e Oeste 5 Alto
Norte 7 Muito alto
Influência < 150m 7 Muito alto
6 Proximidade a estradas
Influência > 150m 0 Nulo

Proposto por Saaty em 1977, o método AHP se apresenta como um método de


análise multicritério em que os julgamentos dos critérios individuais são determinados por
meio da síntese dos agentes de decisão, uma medida global para cada alternativa, que
prioriza ou classifica as variáveis em estudo segundo uma hierarquia de importância. A
escolha do grau de importância de cada variável na matriz de comparação par-a-par ou
matriz de decisão está associado à observação em campo, pelo levantamento
bibliográfico e na experiência do especialista. Os pesos são determinados por uma
escala de julgamentos variando de 1 quando os critérios são de mesma importância a 9
para importância absoluta de um critério sobre o outro. Na forma geral, se a importância
de um critério de 𝑋𝑖 em relação a 𝑋𝑗 é 𝑎𝑖𝑗 , em seguida, 𝑋𝑗 em relação a 𝑋𝑖 deve ser
1⁄𝑎𝑖𝑗 . A matriz de comparação registra a importância percebida relativa de cada critério

167
com cada outro critério e permite que os tomadores de decisão obtenham um conjunto de
relação em escala de pesos para os critérios individuais. Por fim, uma relação de
consistência (RC) é calculada para determinar se a avaliação foi bem-sucedida ou
não. Uma RC inferior a 0,1 indica boa consistência. Se ele indica inconsistência na
comparação de pares deve ser reavaliado. Detalhados cálculos matemáticos podem ser
encontrados em Saaty (1977). Por meio do método utilizado no suporte à tomada de
decisão foi possível construir a matriz de comparação pareada e determinar os pesos de
cada fator, bem como a relação de consistência para a matriz (Tabela 2).

Tabela 2. Matriz de comparação pareada e respectivos pesos dos fatores de


influência ao risco de incêndio florestal na área de estudo

Fatores DEC ORI DEPO USO PRES PES Pesos


DEC 1 1 1/3 1/5 1/7 1/7 0,0421
ORI 1 1 1/3 1/3 1/5 1/5 0,0519
DEPO 3 3 1 1/3 1/3 1/3 0,1087
USO 5 3 3 1 1/2 1/2 0,1903
PRES 7 5 3 2 1 1 0,3035
PES 7 5 3 2 1 1 0,3035
RC 0,0190
(DEC) Declividade, (ORI) Orientação do relevo, (DEPO) Densidade populacional, (USO) Uso e
ocupação da terra, (PRES) Proximidade a residências, (PES) Proximidade a estradas.

Todos os mapas temáticos (variáveis) foram então integrados pela ferramenta


overlay em ambiente SIG e o índice de risco de incêndio florestal foi calculado (Eq. 2).
Com isso cada pixel (célula) do mapa final (Figura 3) resultante representa a soma dos
valores do mesmo pixel em cada plano de informação, ordenado de acordo com seu
peso.

RIF=0,3035.PESi +0,3035.PRESj +0,1903.USOk +0,1087.DEPOl +0,0519.ORIm +0,0421.DECn (eq.2)

Em que,
RIF: índice de risco de incêndio florestal;
PESi: variável proximidade a residências, com i = 4 classes;
PRESj: variável proximidade a estradas, com j = 2 classes;
USOk: variável uso e o ocupação da terra, com k = 14 classes;
DEPOl: variável densidade populacional, com l = 4 classes;
ORIm: variável orientação do relevo, com m = 6 classes; e
DECn: variável declividade, com n = 5 classes.

168
3. Resultados e discussão

O risco de incêndio florestal determinado pela combinação das variáveis


estudadas apresentou área de risco alto, especialmente nas proximidades a estradas e
residências. O entorno da reserva apresenta risco moderado para ocorrência e
propagação dos incêndios florestais. As áreas de baixo risco estão associadas à floresta
natural de tabuleiros, onde o acesso humano é gerenciado ou relativamente limitado
(Figura 3).

Curso d'água
Baixo
Moderado
5 2,5 0 5
Alto
km Muito Alto

Figura 3. Mapa de zona de risco de incêndio florestal na área de estudo.

Segundo Soto (2012), Badia Perpinya e Pallares Barbera (2006) as proximidades


com as estradas e mudanças de comportamento e estilo de vida (por exemplo, aumento
de atividades de recreação e urbanização em áreas florestais) são os principais fatores a
conduzir a distribuição espacial das pessoas em áreas de floresta e aumentar os eventos
de incêndios. Rodríguez Silva et al. (2010) estudando a influência das estradas na
distribuição espacial dos incêndios encontrou valores semelhantes para as frequências
de incêndios em diferentes distâncias a estradas para os diferentes tipos de rodovias.
Syphard et al. (2007) verificaram que a frequência de incêndios foi bem modelado na
Califórnia (EUA) por fatores como densidade populacional e distância da interface floresta
e meio urbano. Estas alterações indicam uma mudança potencial na natureza do risco de
incêndio na área de estudo pela urbanização das zonas rurais e rede de estradas.
A Tabela 3 se refere aos resultados das zonas de risco de fogo e a proporção
correspondente de risco de incêndio. Os locais de risco baixo predominam na área de
estudo com 60,12% (40710,869ha), seguida dos locais de risco moderado com 26,79%
(18140,670ha) e risco alto com 11,57% (7833,33ha). As áreas sob risco alto são as áreas
onde o fogo pode ser involuntariamente causado por atividades humanas, e onde o fogo

169
pode ser evitado adotando medidas de prevenção. O mapa de zona de risco de incêndio
revela-se útil para os gestores, pois permite a criação de uma adequada infraestrutura de
combate a incêndios para as áreas mais propensas a danos pelo fogo, a fim de prevenir
e reduzir a probabilidade dos incêndios florestais.

Tabela 3. Classificação de zonas de risco de fogo e área correspondente em risco

Classe de Zona de Proporção para área


Grau de Risco de Fogo Área (ha)
Risco de Fogo de estudo (%)
0 Nulo (Curso d’água) 1025,100 1,514
1 Baixo (0 < RIF ≤ 2) 40710,869 60,124
2 Moderado (2 < RIF ≤ 4) 18140,670 26,791
3 Alto (4 < RIF ≤ 6) 7833,330 11,569
4 Multo alto (RIF > 6) 1,529 0,002

Uma característica interessante do modelo é que ele explica o fato importante de


que mesmo se um tipo de vegetação tem um baixo risco, a probabilidade de um incêndio
florestal ocorrer pode ser moderada devido aos demais fatores combinados.
Em um regime de fogo antrópico, a dinâmica da vegetação é um importante
determinante de ocorrência de incêndios. As principais fisionomias em áreas de risco alto
são destacadas pelo cultivo agrícola (3514,95ha), silvicultura (1657,83ha) e pastagem
(1097,58ha). Cabe destacar ainda que a floresta natural da reserva encontra-se sob
ameaça do fogo em consideráveis extensões de floresta alta (559,87ha) e campos
nativos (180,84ha), como observado na Tabela 4.

Tabela 4. Principais classes de uso e ocupação da terra sob risco alto na área de
estudo

Área total Área em risco Proporção para


Classe de uso e ocupação da terra
(ha) alto (ha) área total (%)
Cultivo agrícola 7974,34 3514,95 44,08
Silvicultura 7091,82 1657,83 23,38
Pastagem 8302,73 1097,58 13,22
Floresta alta 25387,3 559,87 2,21
Área em regeneração 1223,28 436,89 35,71
Edificação 264,31 185,21 70,07
Campos nativos 3846,14 180,84 4,70
Área periodicamente alagada 5840,28 128,79 2,21
Brejo e Floresta de brejo 2944,87 26,50 0,90
Floresta de mussununga 2186,21 22,48 1,03
Floresta ciliar 1873,98 19,30 1,03

Para os planos de proteção em uma região de grande potencial de risco de


incêndio, uma atividade importante de manejo florestal na área seria a de se evitar que as
bordas dos talhões florestais de produção tenham contato direto com áreas de pastagens
adjacentes ou mesmo com as margens de rodovias que são geralmente dominadas por

170
gramíneas, as quais, por sua natureza, são fortemente susceptíveis ao fogo. Isso pode
ser concretizado, garantindo-se que as bordas dos talhões florestais sejam sempre
protegidas por faixas permanentes compostas por espécies arbóreas. Estas vias
permanentes têm um efeito, não apenas de melhorar o aspecto da paisagem, mas
também de proteção, por sua vez impedindo a propagação do fogo, mantendo sempre o
sub-bosque com mais umidade.
As abordagens de modelagem espacial empregadas em SIG fornecem
ferramentas úteis para integrar dados socioeconômicos e biofísicos não só para analisar
as características de risco de início do fogo, mas também para explicar os padrões de
distribuição de risco do fogo. Em área de floresta natural com predição a alto risco,
medidas como a fiscalização por patrulhamento motorizado, a alocação de recursos de
combate em pontos estratégicos, construção de aceiros preventivos e a construção de
estradas de acesso rápido aos locais de risco são importantes mecanismos de proteção e
auxílio ao combate ao fogo.
Finalmente, embora os resultados específicos não sejam esperados para
estender-se a outras regiões, a modelagem multicritério pelo método AHP pode ser
utilizada em outras áreas e integrados segundo a hierarquia de importância na influência
ao início e propagação do fogo florestal.

4 Conclusões

 Os resultados obtidos apresentam um modelo eficiente para estimar o risco de


incêndio florestal sendo o método AHP uma importante técnica de tomada de
decisão para analisar a influência de diferentes variáveis sobre o risco de incêndio na
área de estudo.
 O uso de geotecnologias se mostrou como uma ferramenta adequada para a
integração dos fatores em que permite avaliar a possível mudança do risco de
ocorrência de fogo em resposta para qualquer tipo de tratamento proposto e
mudanças na paisagem.
 O mapa de zonas de risco de incêndio florestal pode ser usado para orientação na
gestão do fogo e como base para estratégias de prevenção de incêndios.

171
5 Referências bibliográficas

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172
CAPÍTULO 12

ATROPELAMENTOS DE FAUNA SILVESTRE EM UM TRECHO DA


RODOVIA BR-482, RIVE, ALEGRE, ES

Weliton Menário Costa


Luciana de Souza Lorenzoni
Bárbara de Cássia Ribeiro Vieira
Jéferson Luiz Ferrari

1 Introdução

De modo geral, o crescimento das rodovias e a expansão urbana tem influenciado


a paisagem natural provocando modificações nas características ambientais e expondo
os animais à situações de risco, que seja por meio da limitação de sua capacidade de
alimentação, colonização e dispersão (ROE et al., 2006). Os animais que circulam pelas
rodovias, por exemplo, correm risco de atropelamento (GOMES et al., 2013), sendo este,
um problema grave e ainda pouco discutido no Brasil. Segundo o Centro Brasileiro de
Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE, 2015), estima-se que, por ano, devem morrer
mais de 475 milhões de animais silvestres atropelados nas rodovias brasileiras.
Lima e Obara (2004) descrevem que há dois principais motivos de incidência de
atropelamento de animais em rodovias: a interferência direta das estradas no
deslocamento natural das espécies e a disponibilidade de alimentos ao longo da rodovia,
como o lixo jogado pelos motoristas, frutos e sementes de espécies vegetais próximas à
pista e até mesmo a própria carcaça de animais atropelados.
É de extrema importância a realização de estudos sobre o levantamento de
animais atropelados. Segundo Fischer (1997), tais pesquisas podem revelar aspectos da
dinâmica sazonal e do padrão de deslocamento das espécies, além de ajudar a
estabelecer áreas de preservação ambiental devido à ação bioindicadora das espécies.
Entre as poucas pesquisas de levantamento de animais atropelados, podem ser
citadas aquelas desenvolvidas nos seguintes estados federativos do Brasil: no estado do
Rio Grande do Sul (ROSA; MAUHS, 2004; BONOW; BAGER, 2006; CHEREM et al.,
2007; FETTER; OLIVEIRA, 2010), do Rio de Janeiro (BUENO et al., 2009), de São Paulo
(GREISE, 2007) e no estado do Espírito Santo (MILLI; PASSAMANI, 2006). Embora este
tipo de pesquisa trabalhe diretamente com o levantamento de uma fauna morta, a
relevância é em função da preservação ambiental, pois permite conhecer o impacto da
rodovia sobre a fauna local e estabelecer medidas mitigadoras do problema.
Considerando-se a escassez de estudos sobre a problemática do atropelamento
de animais, principalmente no interior do estado do Espírito Santo, e as potencialidades

173
da utilização das geotecnologias (ROSA, 2005), objetivou-se, neste trabalho, verificar a
incidência de atropelamento de fauna silvestre vertebrada morta num trecho capixaba da
rodovia federal brasileira, a BR-482.

2 Metodologia

2.1 Localização e caracterização da área

A BR-482 é uma rodovia federal brasileira que tem início no município de


Itapemirim, estado do Espírito Santo e término na cidade de Conselheiro Lafaiete, estado
de Minas Gerais (DNIT, 2015). A área onde o estudo foi realizado está situada entre os
quilômetros 37,4 e 43,5 da rodovia BR-482, sentido Cachoeiro de Itapemirim a Alegre, no
Sul do estado do Espírito Santo, Brasil (20º45’35”S e 41º27’40”W) (Figura 1).

Figura 1. Localização da área de estudo.

O trecho estudado possui um perímetro de 6,1 km, sendo delimitado ao longo da


BR-482, por dois principais cursos d’água da localidade, o ribeirão São Bartolomeu (km
37,4) e o rio Alegre (km 43,5). A escolha deste trecho foi tomada em respeito a estes
acidentes naturais geográficos e pela proximidade da área de estudo com a Área
Prioritária para a Conservação da Biodiversidade da Mata Atlântica no Estado, a

174
denominada Área Prioritária Escola Agrotécnica Federal de Alegre (ESPIRITO SANTO,
2015).

2.2 Coleta de dados e materiais utilizados

Os registros dos atropelamentos da fauna silvestre vertebrada encontrada morta


foram feitos diariamente durante o período de 01 a 30 de abril de 2015, sempre na parte
da manhã, das 6 h às 7 h e 30 min. A cada dia, dois pesquisadores percorriam juntos os
dois sentidos da rodovia BR-482 (Cachoeiro de Itapemirim a Alegre e Alegre a Cachoeiro
de Itapemirim) fazendo as observações dos atropelamentos da fauna morta. O veículo
utilizado foi uma bicicleta, visando aumentar a acurácia de observação, uma vez que a
observação de pequenos animais é, comumente, imperceptível em vistorias com veículos
automotivos.
Sempre que um animal vertebrado silvestre morto era avistado na pista ou no
acostamento, era realizada uma parada para efetuar o registro do referido atropelamento,
que continha os seguintes dados: data, horário, grupo taxonômico, km e localização
geográfica. Os animais atropelados foram agrupados conforme suas características
morfológicas, em: anfíbios, aves, mamíferos e répteis (POUGH et al. 2008), com registro
fotográfico in loco da fauna silvestre vertebrada atropelada.
O georreferenciamento dos registros dos atropelamentos da fauna silvestre
vertebrada foi efetuado por meio da utilização de um receptor de Sistema de
Posicionamento Global (GPS), da marca Garmin, modelo eTrex Vista HCx, pré-
configurado para o sistema geodésico de referência World Geodetic System 1984 (WGS
84) e sistema de coordenadas geográficas sexagesimais. O descarregamento dos dados
armazenados no receptor GPS, num computador pessoal, foi feito por meio do uso do
programa computacional MapSource®, versão 6.16.3 (GARMIN, 2010).
O tratamento computacional dos dados foi realizado por meio do uso do
programa computacional ArcMap do Sistema de Informação Geográfica (SIG)
ArcGIS®/ArcInfo, versão 9.3 (ESRI, 2008). A abordagem fundamental da geoinformação
dos atropelamentos da fauna silvestre morta no trecho da rodovia BR-482 foi feita a partir
de duas representações cartográficas: o mapa dos pontos de atropelamento de animais
silvestres no trecho da rodovia BR-482, e o mapa dos pontos de atropelamento de
animais silvestres no trecho da rodovia BR-482, organizados por quilômetro e de acordo
com o grupo zoológico. Para esta última representação cartográfica, o trajeto de 6,1 km,
sentido Cachoeiro de Itapemirim a Alegre, foi dividido em seis trechos (T) de um
quilômetro cada, denominados T1, T2, T3, T4, T5 e T6.

175
Para a construção dos mapas, utilizou-se uma ortofoto da região, referente ao
período de 2007/2008, disponibilizada pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEMA), e um shapefile do trecho da rodovia BR-482,
gerado por fotointerpretação em tela na escala de 1:400.
O fluxograma completo do desenvolvimento do experimento está representado na
Figura 2.

• Fotointerpretação da
Rodovia BR-482;
• Georreferenciamento • Sobreposição dos
dos atropelamentos; registros dos • Mapas da
• Ortofotos (IEMA, atropleamentos; incidência de
2007/2008). • Classificação dos atropelamentos.
animais por grupo
zoológico.

Figura 2. Fluxograma do desenvolvimento do experimento

3 Resultados e discussão

Foram sobrepostos os pontos georreferenciados de atropelamentos na ortofoto da


rodovia BR-482, destacando os locais de incidência de atropelamento de fauna silvestre
(Figura 3), durante o mês de observação.
Foram registrados 60 atropelamentos da fauna silvestre vertebrada morta durante
o período de 01 a 30 de abril de 2015. A média de atropelamentos por dia de observação
foi de 2,63. Após identificação, constatou-se que 23% pertenciam ao grupo dos anfíbios,
27% à aves, 25% à mamíferos e 25% à répteis. As proporções foram similares, no
entanto, a maior frequência de mortalidade foi de aves. Infere-se que o atropelamento de
aves tenha sido em função de um padrão comportamental exibido por algumas espécies,
que foi observado pelos pesquisadores durante a coleta de dados: voar rasante sobre a
rodovia.
A rodovia BR 482, nos quilômetros em questão, corta um área que possui, em
determinados trechos, locais de urbanização, pastagens, cultivo agrícola e fragmentos de
Mata Atlântica, estando às proximidades de corpos d’água. Esse tipo de área pode ser
propícia para que haja o atropelamento da fauna silvestre local. Os motivos podem estar
relacionados ao fato de as estradas cortarem os habitats e interferirem diretamente no
deslocamento natural das espécies e, ainda, à disponibilidade de alimentos ao longo da
rodovia (LIMA; OBARA, 2004). Acredita-se, ainda, que algumas espécies podem invadir

176
áreas urbanizadas em busca de alimentos, o que é complicador quando o trajeto inclui
cruzar uma rodovia.

Figura 3. Mapa do trecho km 37,4 a km 43,5 da rodovia BR-482 (Cachoeiro-Alegre)


demonstrando os pontos de atropelamento de animais silvestres
vertebrados mortos.

Milli e Passamani (2006) e Gomes et al. (2013) encontraram maior mortalidade


por atropelamento em aves. Diferentemente, Sássi et al. (2013), Paes e Povaluk (2012) e
Meneguetti et al. (2010) encontraram maior incidência de atropelamentos em mamíferos.
A diferença nesses resultados pode estar relacionada com fatores instrínsecos do local
de estudo e época do ano, bem como com a metodologia de observação, por exemplo, o
tipo de veículo, a velocidade e a frequência de observação.
Considerando-se o trajeto, o número total de animais silvestres atropelados e o
período experimental, observaram-se, em média, aproximadamente 10 animais
vertebrados atropelados por quilômetro. Pode-se estabelecer, de forma geral, que a cada
102 m seria possível encontrar um animal morto nas rodovias, o que é um fato alarmante.
O número de atropelamentos se torna mais efetivo quando o trajeto é percorrido
várias vezes por semana (GOMES et al., 2013). O registro de atropelamentos sempre
funcionará como uma estimativa, uma vez, que animais ao colidirem com veículos podem
ser arremessados para fora das rodovias ou, ainda, locomoverem-se para outros locais
antes de morrer, não sendo contabilizados. Ainda, animais de pequeno e médio porte

177
podem ser retirados das estradas por meio de espécies carniceiras (RODRIGUES et al.,
2002).
Os pontos de atropelamento foram classificados de acordo com o grupo zoológico
do respectivo animal encontrado no local (Figura 4). Assim, pode-se realizar o estudo de
variáveis do espaço geográfico ao redor da rodovia, visando compreender a relação
dessas variáveis com a ocorrência de atropelamento de cada um dos grupos zoológicos.

Figura 4. Mapa do trecho km 37,4 a km 43,5 da rodovia BR-482 (Cachoeiro – Alegre)


demonstrando os pontos de atropelamento de animais silvestres, por
quilômetro, de acordo com o grupo zoológico.

Com a divisão do trajeto em trechos (Figura 4 e Tabela 1), identificou-se que os


trechos de maior incidência de atropelamentos foram o T4 (trecho km 40,4 a km 41,4),
com 18 registros de atropelamentos, e o T5 (trecho km 41,4 a km 42,5), com 12 registros
de atropelamentos. Juntos, esses dois trechos da rodovia BR-482 representaram 50% do
número total de atropelamentos registrados em todo o período. Ressalta-se que esses
dois trechos, T4 e T5, são os trechos da área de estudo com a maior proximidade da
Área Prioritária Escola Agrotécnica Federal de Alegre, destinada para a Conservação da
Biodiversidade da Mata Atlântica no Estado.

178
Tabela 1. Número de atropelamentos de animais por grupos ecológicos e por
quilômetro do trecho km 37,4 a 43,5, na rodovia BR-482, sentido
Cachoeiro de Itapemirim a Alegre, Espírito Santo, Brasil

Número total de
Trechos Número de atropelamentos por grupo
km atropelamentos
(T)
Anfíbios Aves Mamíferos Répteis
T1 37,4-38,4 2 1 2 0 5
T2 38,4-39,4 4 3 2 1 10
T3 39,4-40,4 0 3 0 3 6
T4 40,4-41,4 3 3 7 5 18
T5 41,4-42,4 4 4 3 1 12
T6 42,4-43,5 1 2 1 5 9
Total 6,1 14 16 15 15 60

Dentro de cada grupo zoológico, encontraram-se animais vertebrados de


diferentes morfologias, conforme apresentado na Figura 4 e Tabela 1, e ilustrado na
Figura 5. Ratifica-se que o grupo zoológico que teve o maior número de registros de
animais atropelados foi o grupo das aves (16 registros), com a maior incidência de
atropelamentos por trecho ocorrido no trecho T4. Com relação aos demais grupos
zoológicos, as maiores incidências de atropelamento por trecho foram: anfíbios, oito (08)
registros, sendo quatro (04) registros no trecho T2 e quatro (04) registros no trecho T5;
mamíferos, sete (07) registros no trecho T4; e répteis, 10 registros, sendo cinco (05)
registros no trecho T4 e cinco (05) registros no trecho T6.
Para minimizar a incidência de atropelamentos, sugere-se o desenvolvimento de
estruturas de transposição, sinalização, instalação de dispositivos de redução de
velocidade, implantação de corredores ecológicos, e principalmente, estratégias de
sensibilização ambiental aos motoristas (MARQUES et al., 2014). Tais alternativas
contribuem para melhores condições de tráfego, tanto para os animais quanto para os
seres humanos, e são de grande relevância para a conservação da biodiversidade.

4 Conclusões

 A problemática de atropelamento de fauna silvestre vertebrada é complexa e


representa um fator preocupante para a governança da conservação da
biodiversidade.
 No local de estudo, a incidência de atropelamentos apresenta-se elevada, revelando
que uma porção significativa de representantes de anfíbios, aves, mamíferos e répteis
são mortos a cada dia.
 A utilização de geotecnologias permite analisar o ambiente por diversas perspectivas,
possibilidando uma interpretação mais precisa das condições do ambiente.

179
A B

C D

E F

G H

Figura 5. Registros fotográficos da fauna silvestre vertebrada encontrada morta,


conforme os grupos zoológicos: anfíbios (A e B), aves (C e D), mamíferos
(D e E) e répteis (G e H).

180
5 Referências bibliográficas

BONOW, F. C.; BAGER, A. Animais selvagens atropelados: uma importante fonte de material biológico e ecológico para
estudo de conservação. In: Congresso de Iniciação Iniciação Científica, 15°., 2006, Pelotas. Anais... Pelotas: UCPel, 2006.
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1886, 2013.

181
CAPÍTULO 13

ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA E MAPEAMENTO DE ARTIGOS


CIENTÍFICOS ENVOLVENDO A CULTURA DE CAFÉ EM
PERIÓDICOS DO SUDESTE BRASILEIRO
Mayk Henrique Souza
Patrycia Pansini de Oliveira
Jéferson Luiz Ferrari
Telma Machado de Oliveira Peluzio
Paulo Robson Mansor
João Batista Esteves Peluzio

1 Introdução

O agronegócio café encontra-se entrelaçado com a história brasileira, tendo sido o


principal produto de exportação por um longo período, principalmente entre o terço final
do século XIX e as primeiras duas décadas do século XX. É importante destacar que o
café passou por todas as Regiões do país, fincando fortes raízes no Sudeste, interferindo
com a geopolítica nacional.
Em ordem decrescente de produção, considerando a safra 2014, tem-se as
Regiões Sudeste, Nordeste, Norte, Sul e Centro-Oeste (CONAB, 2015). Numa analogia
aos ambientes de produção de milho nos Estados Unidos da América, a Região Sudeste
brasileira representa o cinturão do Café onde se encontra, aproximadamente, 87% da
produção nacional.
Em termos de café total, no Sudeste, tem-se, em ordem decrescente com o
devido porcentual de participação na produção nacional de 2014, Minas Gerais (50%),
Espírito Santo (28%), São Paulo (10%) e Rio de Janeiro (0,6%) (CONAB, 2015). Ainda na
mesma safra, considerando apenas MG e ES, juntos, responderam por 78% da produção
nacional.
Apesar do descompasso histórico, Coffea arabica e Coffea canephora, convivem
no Brasil, em termos de relevância de produção, desde 1960, sendo que em 2014
responderam, respectivamente, por 71 e 28% (CONAB, 2015).
É importante destacar que o Sudeste brasileiro, por vários motivos, dentre os
quais o café, assumiu, historicamente, a liderança nacional no crescimento e no
desenvolvimento, em quase todos os setores econômicos, propiciando o surgimento de
instituições de ensino e pesquisa, que demandaram, ao longo do tempo, meios de
publicação dos trabalhos desenvolvidos.

182
No campo das publicações acadêmicas, uma revista científica é uma publicação
periódica destinada a promover o progresso da ciência, geralmente noticiando novas
pesquisas ou revisões literárias. A publicação dos resultados de pesquisa é parte
essencial do método científico; eles geralmente devem suprir detalhes suficientes sobre
um experimento, para que um pesquisador independente possa repetir o processo e
verificar os resultados. Cada artigo da revista se torna parte de um registro científico
permanente (FAFICH, 2013).
Em função do detalhamento informacional das metodologias, incluindo os locais
de realização dos experimentos, se torna possível avalia-los via geoprocessamento.
Neste contexto, o geoprocessamento funciona como tecnologias destinadas à coleta e
tratamento de informações espaciais por diferentes profissionais, que trabalham com
cartografia digital, sistema de informações geográficas, dentre outras. Permitido a
realização de análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos
de dados geográficos (CÂMARA et al. 2007).
Este trabalho teve como objetivo levantar artigos científicos no período de 1941 a
2012, relacionados à cultura do café publicada em periódicos do Sudeste brasileiro e
visualizá-las territorialmente por intermédio de geoprocessamento.

2 Metodologia

O presente trabalho foi realizado no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) –


Campus de Alegre, Alegre, ES, Brasil, localizado na Fazenda Caixa D´água, distrito de
Rive.
A metodologia adotada baseou-se na pesquisa e análise de artigos científicos
relacionados à cultura do café publicados em periódicos sediados no Sudeste brasileiro.
A identificação dos periódicos foi realizada por meio de acessos ao Portal de
Periódicos da CAPES, seguido por busca avançada dos periódicos, onde se encontra
dois filtros: área e subárea de conhecimento, sendo adotada a área de ciências agrárias,
explorada em três subáreas: ciências agrárias; agronomia e; engenharia agrícola. Após o
processo citado anteriormente, vasculhou-se todos os periódicos encontrados até
dezembro de 2012, em busca de selecionar apenas os produzidos e editados na região
Sudeste brasileira.
Encontrados os periódicos, foram vasculhados todos os volumes disponíveis,
procurando artigos relacionados a café. Os artigos encontrados foram estudados, cujos
dados extraídos foram tabulados e analisados por meio de estatística descritiva simples.

183
Os dados trabalhados foram: ano de publicação; volume; especialidade (aplicada
de acordo com o arquivo disponível no site da CAPES: “Áreas de conhecimento”);
espécie; município e estado de desenvolvimento dos experimentos e; delineamento
experimental utilizado.
Foi necessário georreferenciar o banco de dados por meio da busca das
coordenadas geográficas (graus, minutos e segundos foram convertidos para graus
decimais) dos locais onde os experimentos foram realizados, para a geração dos Mapas
de espacialização das pesquisas em cafeicultura publicadas nos periódicos do Sudeste
brasileiro.
O georreferenciamento acima descrito utilizou o posicionamento da sede do
município onde o experimento foi realizado, bem como a capital do Estado em questão,
mediante a utilização do aplicativo computacional ArcGis 10.0..
A descrição metodológica utilizada pode ser visualizada de forma geral no
fluxograma das etapas envolvidas na pesquisa desenvolvida (Figura1).

Acesso ao site <https:// Busca por periódicos Acesso ao filtro correspondente


periodicos.capes.gov.br> da CAPES à área de Ciências Agrárias

Identificação dos periódicos em Acesso às subáreas: Agronomia,


Seleção dos artigos busca dos sediados na região Ciências Agrárias e Engenharia
relacionados a café sudeste brasileira Agrícola

Tabulação dos dados de interesse em planilha criada no programa “Microsoft Excel”, extraindo as seguintes
informações: volume, especialidade, espécie, município, estado e delineamento experimental

Mapeamento espacializado por


município e grau incidência por
estado das pesquisas em
cafeicultura publicadas nos
periódicos do sudeste brasileiro
(ArcGis 10.0)

Figura 1. Fluxograma das etapas envolvidas na pesquisa desenvolvida. Fonte:


Elaborado pelos autores (2013).

3 Resultados e discussão

As avaliações das informações coletadas identificam que dos periódicos


estudados, 44,4% encontram-se sediados no estado de São Paulo, 33,4% no estado de

184
Minas Gerais e 22,2% no estado do Rio de Janeiro (Tabela 1). O Espírito Santo, apesar
de ser o 2º maior produtor de café da Região e do país, não possui periódico científico
com publicações no objeto de estudo.
Dentre as revistas, apenas a Revista Coffee Science destina-se à publicação de
artigos e comunicações científicas focadas em café. Todas as demais, publicam assuntos
diversos, referentes a ciências agrárias.
Na Tabela 1, encontra-se os nomes dos periódicos encontrados nas subáreas
analisadas, os locais onde estão sediados e o ano de lançamento do primeiro volume.

Tabela 1. Periódicos avaliados

Ano de
Periódicos Local
Lançamento
Bragantia Campinas-SP 1941
Brazilian Journal of Plant Physiology Campos dos Goytacases - RJ 1989
Coffee Science Lavras-MG 2006
Energia na Agricultura Botucatu-SP 1986
Engenharia Agrícola Jaboticabal – SP 1972
Entomología y vectore Rio de Janeiro – RJ 1994
Irriga Botucatu-SP 1996
Organizações Rurais & Agroindustriais Lavras-MG 1989
Planta Daninha Viçosa-MG 1978
Revista Agronomia Rio de Janeiro-RJ 1967
Revista Árvore Viçosa-MG 1977
Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal Campinas-SP 1989
Revista Ceres Viçosa-MG 1939
Revista Ciência e Agrotecnologia Lavras-MG 1977
Revista O Biológico São Paulo-SP 1928
Revista Universidade Rural Rio de Janeiro 1971
Scientia Agricola Piracicaba-SP 1992
Summa phytopathologica Botucatu-SP 1975
Fonte: Elaborado pelos autores (2013)

Os periódicos descritos na tabela acima, Tabela 1, foram selecionados de um total


de 32, eliminando-se os que não permitiam acesso livre aos volumes e, ou, que não
apresentaram trabalhos relacionados a café.
Dentre os periódicos selecionados, têm-se diferentes focos de trabalho e
instituições responsáveis, que podem ser visualizados na Tabela 2.

185
Tabela 2. Periódicos analisados, instituição sede e seus respectivos objetivos

Periódico Instituição Objetivos


Bragantia IAC Difusão de trabalhos em Ciências Agronômicas.
Brazilian Journal of
UENF Difusão de artigos em Fisiologia Vegetal.
Plant Physiology
Coffee Science UFLA Difusão de artigos para desenvolvimento da cafeicultura.
Energia na Difusão de artigos para conscientização energética na
FCA/UNESP
Agricultura agricultura brasileira.
Engenharia
FCAV/UNESP Difusão de trabalhos em Engenharia Agrícola.
Agrícola
Entomologia y Difusão de pesquisas em Geografia e Climatologia
UGF
Vectore aplicada a Entomologia.
Difusão de trabalhos em Irrigação, Drenagem, Hidrologia,
Irriga FCA/UNESP Agrometeorologia e Relações Solo-Água-Planta-
Atmosfera.
Difusão de artigos em Gestão de Cadeias Agroindustriais,
Organizações
Gestão Social, Ambiente e Desenvolvimento,
Rurais & UFLA
Organizações/Associativismo, Mudança e Gestão
Agroindustriais
Estratégica, Economia, Extensão e Sociologia Rural.
 Difusão de artigos em Biologia, Fisiologia, Controle de
Produtos Farmacêuticos e Valores Planta-
Planta Daninha UFV Descontaminação, Herbicidas, Reguladores de
Crescimento, Desfolhantes, Dessecantes, Tecnologia de
Aplicação e Questões Semelhantes.
Revista Agronomia UFRRJ Difusão de pesquisas em Ciências Agrárias.
Difusão de pesquisas em Ciências Florestais.
Revista Árvore UFV
Desempenhar papel didático-pedagógico.
Revista Brasileira
de Fisiologia SBFV Difusão de artigos científicos em Fisiologia Vegetal.
Vegetal
Difusão de trabalhos em Produção e Biotecnologia
Vegetal, Medicina Veterinária, Zootecnia, Ciência e
Revista Ceres UFV
Tecnologia de Alimentos, Economia e Extensão Rural,
Engenharia Agrícola e Engenharia Florestal.
Revista Ciência e
UFLA Difusão de artigos de interesse agropecuário.
Agrotecnologia
Instituto
Revista O Biológico Difusão de trabalhos em Sanidade Animal e Vegetal.
Biológico

Revista Difusão de artigos em Ciências (áreas de estudo definidas


UFRRJ
Universidade Rural pelo Conselho Nacional de Pesquisas –CNPq).

Difusão de artigos em Ciências Agrárias, Ambientais e


Scientia Agrícola ESALQ
Biológicas.

Summa
FCA/UNESP Difusão de artigos em aspectos da Patologia Vegetal.
phytopathologica
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

186
Verifica-se, na Tabela 3, que foram encontrados 106 volumes com 726 artigos
envolvendo café, sendo que as revistas Bragantia, Coffee Science e Ciência e
Agrotecnologia foram, em ordem decrescente, respectivamente, as que tiveram mais
artigos publicados, alcançando, conjuntamente, 74,38%. O periódico Bragantia, mesmo
não tendo foco exclusivo na área de cafeicultura, obteve maior quantidade de volumes e
de artigos. Assim, para maior visibilidade, em função do histórico de publicações em café,
estas três revistas se destacam.
Chama a atenção o volume de artigos da revista Coffee Science, que com apenas
seis anos de existência, respondeu por 18,49% do total publicado, o que pode ser
explicado pelo foco, exclusivo em café.

Tabela 3. Visão geral dos periódicos, número e porcentagem de volumes e artigos


publicados em café considerando apenas revistas situadas no Sudeste
brasileiro

Volumes Artigos publicados % em relação


Periódicos
publicados em café ao total
Bragantia 63 274 37,74
Brazilian Journal of Plant Physiology 6 27 3,72
Coffee Science 7 142 19,56
Energia na Agricultura 2 4 0,55
Engenharia Agrícola 9 26 3,58
Entomología y vectore 6 13 1,79
Irriga 1 3 0,41
Organizações Rurais & Agroindustriais 9 18 2,48
Planta Daninha 13 24 3,31
Revista Agronomia 2 3 0,41
Revista Árvore 4 7 0,96
Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal 1 2 0,28
Revista Ceres 6 6 0,83
Revista Ciência e Agrotecnologia 10 124 17,08
Revista O Biológico 11 17 2,34
Revista Universidade Rural 2 2 0,28
Scientia Agricola 14 31 4,27
Summa phytopathologica 3 3 0,41
TOTAL 106 726 100
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

187
Ainda na Tabela 3, o maior número de artigos foi publicado em periódicos
inseridos em municípios e estados de grande produção de café, respectivamente, em
ordem decrescente, Campinas – SP (44,3%) e Lavras – MG (43,6%).
Na Tabela 4, observa-se que as revistas Bragantia e Coffee Science publicaram
artigos relacionados à cafeicultura no mesmo ano de sua criação, tais revistas
encontram-se localizadas em estados produtores de café, facilitando a obtenção de
informações para o desenvolvimento dos trabalhos científicos na área.
Na mesma tabela, apesar de contatos telefônicos, não foi possível identificar o
ano de origem da Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, a qual teve sua origem
determinada de forma indireta, imprecisa.
Vale ressaltar, que a revista Ceres, criada em 1939, somente teve artigos
avaliados a partir de 2000, pois o site da mesma não disponibiliza o acesso aos volumes
anteriores.

Tabela 4. Visão geral dos periódicos, volumes utilizados na presente pesquisa e


período analisado relacionado a cafeicultura

Volumes com Ano 1º trabalho em


Periódicos Período
artigos em café café
Bragantia 1941 - 2012 1 - 71 1941
Brazilian Journal of Plant 14 - 19 2002
2002 - 2007
Physiology
Coffee Science 2006 - 2012 1-7 2006

Energia na Agricultura 2011 - 2012 26 - 27 2011

Engenharia Agrícola 2004 - 2012 24 - 32 2004

Entomología y vectore 2008 - 2011 33 - 49 2008

Irriga 2011 16 2011


Organizações Rurais & 1 - 14 1998
1998 - 2012
Agroindustriais
Planta Daninha 1980 - 2012 3 - 30 1980

Revista Agronomia 2004 - 2005 38 - 39 2004

Revista Árvore 2006 - 2009 30 - 33 2006


Revista Brasileira de Fisiologia 13 2001
2001
Vegetal
Revista Ceres 2000 - 2012 40 - 59 2000

Revista Ciência e Agrotecnologia 2003 - 2012 27 - 36 2003

Revista O Biológico 2000 - 2011 67 - 78 2000

Revista Universidade Rural 1999 - 2012 21 - 32 1999

Scientia Agricola 1992 - 2012 49 - 69 1992

Summa phytopathologica 2006 - 2011 32 - 37 2006


Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

188
Ainda na Tabela 4, a revista Bragantia apresentou a maior quantidade de volumes
analisados dispostos para acesso na internet, destacando-se também pelo maior número
de trabalhos publicados em café. É importante lembrar que os periódicos, Revista
Brasileira de Fisiologia Vegetal, Ceres, O Biológico, Brazilian Journal of Plant Physiology,
Ciência e Agrotecnologia e Revista Agronomia não disponibilizam todos os seus volumes
em seus sites, bem como no site da CAPES.
Na Tabela 5, ressalta-se que nas três primeiras décadas analisadas apenas o
periódico Bragantia apresentou publicações em café, devido ao seu tempo de existência
e acesso a todos os seus volumes publicados. Também pode ser visualizado que todos
os trabalhos publicados nesse mesmo periódico, foram desenvolvidos no Estado que
sedia a revista, São Paulo.

Tabela 5. Visão geral dos periódicos e dos artigos publicados por décadas e por
Estados de publicação no período de 1941 a 2012

Nº de artigos
Décadas Periódicos Estados
publicados
1941 - 1950 Bragantia SP 40

1951 - 1960 Bragantia SP 59

1961 - 1970 Bragantia SP 43

1971 - 1980 Bragantia, Planta Daninha SP, MG 30

1981 - 1990 Bragantia, Planta Daninha SP, MG 25


Bragantia, Organizações Rurais e
Agroindustriais, Revista Ceres, Revista O
1991 - 2000 SP, MG, RJ 23
Biológico, Revista Universidade Rural, Scientia
Agrícola
Bragantia, Brazilian Journal of Plant
Physiology, Coffee Science, Engenharia
Agrícola, Entomologia y Vectore, Organizações
Rurais e Agroindustriais, Planta Daninha,
2001 - 2010 Revista Agronômica, Revista Árvore, Revista SP, MG, RJ 402
Brasileira de Fisiologia Vegetal, Revista Ceres,
Revista Ciência e Agrotecnologia, Revista O
Biológico, Scientia Agrícola, Summa
phytopathologica
Bragantia, Coffee Science, Energia na
Agricultura, Engenharia Agrícola, Entomologia
y Vectore, Irriga, Organizações Rurais e
2011 - 2012 Agroindustriais, Planta Daninha, Revista Ceres, SP, MG, RJ 104
Revista Ciência e Agrotecnologia, Revista O
Biológico, Revista Universidade Rural, Scientia
Agrícola, Summa phytopathologica
TOTAL 726
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

189
Percebe-se também na Tabela 5, o grande número de periódicos que publicaram
trabalhos relacionados com o café, especialmente na primeira década do presente século
e nos dois últimos anos da pesquisa. Tal situação expressa, de forma indireta, a
importância do café na Região Sudeste, bem como o grande volume de trabalhos
científicos desenvolvidos sobre o assunto.
Ressalta-se na Tabela 5, a década de 2001 a 2010, a qual se destacou dentre as
demais, obtendo 15 periódicos e abrangência de 55,37% dos artigos publicados
relacionados à cafeicultura. Também pode ser verificado, na mesma tabela, o início da
presente década, composto apenas pelos anos de 2011 e 2012, onde os artigos em café
corresponderam a 14,33% dos trabalhos, em 14 periódicos.
Os artigos publicados nos anos de 2011 e 2012 correspondem a 25,9% do total
produzido no período de 2001 a 2012, destacando, mais uma vez, a importância da
pesquisa em café nos periódicos trabalhados e em período mais recente na abrangência
histórica.
Em função das informações da Tabela 6, pode-se inferir, de acordo com Rocha e
Morandi (2012), que na década de 1950 a cultura cafeeira passou por duas fases do ciclo
econômico: a) na primeira metade, houve aumento do preço da saca, o que
consequentemente gerou a expansão da cultura de 243.000 hectares para 328.000
hectares em 1960 e; b) na segunda metade, houve grande queda do preço, causando
redução da renda interna dos setores da economia nacional.
Conforme apresentado na Tabela 6, o preço da saca de café oscilou
tremendamente no período apresentado. Percebe-se no período mais recente, mais
próximo de 2012, que o valor da saca aumentou quase 14 vezes, quando comparado
com o preço pago em 1945. Tal situação estimula ou não o interesse da sociedade
brasileira frente ao agronegócio café e, consequentemente, altera a disponibilidade e o
interesse de pesquisadores e pesquisas.
Na Tabela 7, verifica-se que os estados federativos com maior frequência de
trabalhos desenvolvidos correspondem aos maiores produtores de café, respectivamente
São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Espírito Santo. Juntos, São Paulo e
Minas Gerais responderam por 87,9% dos trabalhos publicados.
Supõe-se que o estado do Espírito Santo, como segundo maior produtor nacional
de café e maior produtor absoluto de conilon, apresentou poucas publicações nos
periódicos analisados, este fato se deve a análise de poucos trabalhos envolvendo a
espécie Coffea canephora (café conilon) e por não ter sido identificado periódico
produzido e editado no Espírito Santo.

190
Tabela 6. Preço médio da exportação nacional do café (verde e solúvel), 1945 –
2012 (US$/sacas de 60 Kg)

Ano Preço Ano Preço Ano Preço Ano Preço


1945 16,18 1962 39,24 1979 193,81 1996 149,62
1946 22,41 1963 38,27 1980 182,21 1997 208,28
1947 28,17 1964 50,83 1981 110,25 1998 153,27
1948 28,05 1965 52,4 1982 123,6 1999 112,08
1949 32,61 1966 45,41 1983 131,33 2000 100,09
1950 58,34 1967 42,29 1984 145,56 2001 59,72
1951 62,79 1968 41,88 1985 136,82 2002 48,2
1952 66,07 1969 43,11 1986 234,72 2003 59,55
1953 70,05 1970 57,46 1987 117,46 2004 76,08
1954 86,83 1971 44,68 1988 199,56 2005 110,8
1955 61,61 1972 55,01 1989 140,91 2006 120,23
1956 61,27 1973 67,83 1990 104,19 2007 137,03
1957 59,05 1974 73,81 1991 97,09 2008 160,2
1958 53,36 1975 63,96 1992 71,97 2009 140,38
1959 41,98 1976 153,7 1993 80.98 2010 172,11
1960 42,37 1977 259,19 1994 179,93 2011 259,83
1961 41,86 1978 182,81 1995 189,94 2012 224,9
Fonte: Anuário estatístico do café, 2012.

Tabela 7. Visão geral dos trabalhos publicados envolvendo café, considerando


estados no período de 1941 a 2012

% dos artigos em
Estados N° de municípios N° de artigos publicados
relação ao total
São Paulo 32 315 44,30
Minas Gerais 47 310 43,60
Rio de Janeiro 5 27 3,79
Paraná 4 21 2,95
Espírito Santo 9 16 2,25
Bahia 7 10 1,42
Distrito Federal 1 2 0,28
Goiás 2 3 0,42
Rondônia 2 2 0,28
Pernambuco 1 2 0,28
Mato Grosso do Sul 1 2 0,28
Acre 1 1 0,15
TOTAL 112 711 100
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

191
Nas Figuras 2 e 3 visualizam-se as espacializações das pesquisas em cafeicultura
publicadas nos periódicos do sudeste brasileiro, no período de 1941 a 2012. Na Figura 2,
tem-se o mapa de posicionamento de trabalhos em municípios e estados e na Figura 3, o
mapa de identificação dos estados com publicações analisadas no presente trabalho,
utilizando as coordenadas geográficas das capitais estaduais.

Figura 2. Posicionamento de trabalhos em municípios e estados. Fonte: Elaborado


pelos autores (2013).

192
Figura 3. Identificação dos estados com publicações analisadas no presente
trabalho. Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

Ressalta-se que além dos trabalhos desenvolvidos no Brasil, foi encontrado 1


(um) artigo realizado na Colômbia. Também é importante destacar que quatorze
trabalhos não permitiram a definição de local e dezessete, não citaram o município.
Conforme a Tabela 8, percebe-se que os municípios Campinas e Lavras, ambos
produtores de café, apresentaram, individualmente, grande número de trabalhos

193
desenvolvidos e que, juntos, equivalem a 51,52% dos trabalhos publicados e analisados.
Observa-se que ainda os “demais municípios” equivalem a 30,72% das sedes dos artigos
desenvolvidos, porém, esta denominação corresponde ao conjunto de 121 municípios
distintos mostrando, assim, o grande interesse em café e a diversidade de locais de
experimentação, apesar de sediarem poucos trabalhos individualmente. Vale ressaltar
que dezessete trabalhos não citaram o município sede de seu desenvolvimento.

Tabela 8. Visão geral dos 10 municípios que se destacaram como sede do


desenvolvimento dos artigos científicos

Nº de artigos
Municípios % dos artigos em relação ao total
desenvolvidos

Campinas-SP 202 27,82


Lavras-MG 172 23,69
Viçosa-MG 47 6,47
Piracicaba-SP 22 3,03
Londrina-PR 15 2,07
Campos dos Goytacazes-RJ 12 1,65
São Sebastião do Paraíso-MG 9 1,24
Ribeirão Preto-SP 8 1,10
Mococa-SP 8 1,10
Garça-SP 8 1,10
Demais municípios 223 30,72
TOTAL 726 100
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

Na Tabela 9, observa-se que nas décadas de 1941 até 2000, o estado de São
Paulo foi o que apresentou maior número de publicações. Somente na primeira década
do presente século é que se constata a predominância de artigos publicados no estado
de Minas Gerais, especialmente pela criação da revista Coffee Science, em 2006, o que
também encontra-se alicerçado no fato de que o presente estado é o maior produtor de
café, com grande número de periódicos e ainda, que o estado de São Paulo perdeu, à
partir de meados do século passado, a posição de grande produtor de café.
No Espírito Santo, os primeiros trabalhos começaram a ser desenvolvidos
somente a partir de 1971 (década de 1971 a 1980) apesar de cultivar café desde meados
do século XIX.

194
Tabela 9. Visão geral por décadas dos estados em que foram desenvolvidos os
artigos analisados no período de 1941 a 2012

Nº de artigos
Décadas Estados
publicados
1941 – 1950 SP 40
SP 58
1951 – 1960
Não identificado 1
1961 – 1970 SP 43
SP 28
1971 – 1980 MG 1
SP e ES 1
1981 – 1990 SP 25
SP 19
1991 – 2000 MG 3
Não identificado 1
SP 86
MG 233
PR 18
RJ 21
MS 1
ES 9
PE 1
AC 1
BA 8
2001 – 2010
GO 3
RO 1
DF 1
SP e GO 1
MG e SP 4
MG e ES 1
MG, RJ e SP 1
Colômbia 1
Não identificado 12
SP 13
MG 70
ES 6
PR 3
2011 – 2012 MS 1
PE 1
RJ 5
RO 1
BA 2
MG e SP 1
TOTAL 726
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

Conforme Effgen (2006), a cafeicultura deve o sucesso do seu agronegócio à


utilização racional dos diversos fatores de produção que atuam sobre a planta e os
atributos do solo. Tais alterações referenciam-se as condições físicas, químicas e
biológicas que ocorrem quando o manejo é inadequado. Devido a tal informação é
possível observar na Tabela 10, o destaque da especialidade manejo e tratos culturais.

195
Na Tabela 10, verifica-se a especialidade melhoramento vegetal como o segundo
maior assunto abordado nos artigos publicados. O maior número de publicações na área
de melhoramento deve-se ao maior de todos os avanços da biotecnologia: o domínio da
técnica de transferência de genes, o qual permite a produção de plantas com
características comerciais desejáveis, como resistência a doenças, herbicidas, pragas,
entre outras (SILVAROLLA et al., 2004).

Tabela 10. Visão geral das especialidades em que foram encontradas nos artigos
analisados no período de 1941 a 2012

Legenda Especialidades Nº de publicações %


A Agrometerologia 24 3,31
B Armazenamento de produtos agrícolas 1 0,14
C Conservação de água e solo 1 0,14
D Construções rurais e ambiência 1 0,14
E Defesa Fitossanitária 29 3,99
F Engenharia de processamento de produtos agrícolas 6 0,83
G Entomologia agrícola 29 3,99
H Extensão rural 35 4,82
I Fertilidade do solo e adubação 11 1,52
J Física do solo 3 0,41
K Fisiologia de plantas cultivadas 47 6,47
L Fitopatologia 33 4,55
M Fitossanidade 44 6,06
N Fitotecnia 7 0,96
O Irrigação e drenagem 4 0,55
P Manejo e conservação do solo 5 0,69
Q Manejo e tratos culturais 198 27,27
R Matologia 11 1,52
S Mecanização agrícola 9 1,24
T Melhoramento vegetal 151 20,80
U Microbiologia agrícola 1 0,14
V Parasitologia agrícola 4 0,55
W Produção de mudas 38 5,23
X Produção e beneficiamento de sementes 28 3,86
Y Química do solo 4 0,55
Z Transferência de produtos agrícolas 2 0,28
TOTAL 726 100
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

Ressalta-se, também na tabela 10, que a coluna nomeada como legendas auxilia
no conhecimento das especialidades encontradas nas figuras, que se seguem, as quais
são divididas por décadas.

196
Na Figura 4, década de 1941 a 1950, as especialidades melhoramento vegetal e
fisiologia de plantas cultivadas destacaram-se dentre as demais, respectivamente, 52,5%
e 22,5%. Segundo Galbraith (2010), acredita-se, que a crise do café em 1929,
caracterizada pela queda da bolsa de Nova York, fez com que a cultura cafeeira não
resistisse, reduzindo o preço do produto no comércio. Consequentemente, anos após a
crise, realizou-se investimentos em pesquisas de melhoramento e fisiologia vegetal com
objetivo de desenvolver plantas que permitissem plantios mais próximos e maiores
produtividades.

100

80
% de artigos

60 52,5 (21)

40
22,5 (9)
20 15 (6)
5 (2) 2,5 (1) 2,5 (1)
0
G J K Q T W
Especialidades

G - Entomologia agrícola, J - física do solo, K - fisiologia de plantas cultivadas, Q - manejo e


tratos culturais, T - melhoramento vegetal e W - produção de mudas.

Figura 4. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades


trabalhadas nos artigos publicados envolvendo a cafeicultura no período
de 1941 a 1950. Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

Na década seguinte (Figura 5), 1951 a 1960, destacaram-se as especialidades


melhoramento vegetal (39%) e manejo e tratos culturais (33,9%). Neste período, houve
sobrevalorização do cruzeiro e da perspectiva de desvalorização por causa da crise
mundial da indústria têxtil. Dessa forma, houve um aumento da dependência brasileira
em relação ao mercado mundial de café, uma vez que o produto alcançou 3/4 das
exportações brasileiras em 1952 (BASTOS, 2012).
Na Figura 6, de 1961 a 1970, mostra-se as especialidades melhoramento vegetal
(34,9%) e manejo e tratos culturais (44,2%) como destaques. O fato que talvez explique
as publicações realizadas nesse período com tais focos sejam os sinais de exaustão dos
solos com cultivos de café, os quais foram agravados com os baixos preços
internacionais e com o surgimento da ferrugem, doença esta até então inexistente em

197
território brasileiro. Devido a essa crise, foi lançado, pelo Governo Federal, o plano de
erradicação dos cafezais.

100

80
% de artigos

60

39 (23)
40 33,9 (20)

18,6 (11)
20
1,7 (1) 3,4 (2) 3,4 (2)
0
K N Q T W X
Especialidades

K - Fisiologia de plantas cultivadas, N – fitotecnia, Q - manejo e tratos culturais,


T - melhoramento vegetal, W - produção de mudas, X - produção e beneficiamento de
sementes.

Figura 5. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades


trabalhadas nos artigos publicados envolvendo a cafeicultura no período
de 1951 a 1960. Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

100

80
% de artigos

60
44,2 (19)
40 34,9 (15)

20
9,3 (4) 7 (3)
2,3 (1) 2,3 (1)
0
A K Q T W X
Especialidades

A - Agrometerologia, K - fisiologia de plantas cultivadas, Q - manejo e tratos culturais,


T - melhoramento vegetal, W - produção de mudas e X - produção e beneficiamento de
sementes.

Figura 6. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades


trabalhadas nos artigos publicados envolvendo a cafeicultura no período
de 1961 a 1970. Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

198
A década de 1961 a 1970 foi marcada por uma das piores crises da cafeicultura,
senão a pior. Segundo Rocha e Morandi (2012), nessa época ocorreu redução da renda
monetária dos cafeicultores, retração do mercado consumidor, queda dos preços e
aumento dos estoques.
É possível notar, na Figura 7, de 1971 a 1980, que as especialidades ressaltadas
são manejo e tratos culturais (40%) e melhoramento vegetal (30%). Dessa forma,
observa-se que a partir dos anos 70, conforme Abreu et al. (2007), a presença do café do
Brasil no mercado mundial caiu significativamente devido a entrada de outros países
produtores desta cultura. Atenta-se quanto ao valor da exportação de manufaturados ter
ultrapassado o do café. Segundo Rocha e Morandi (2012), devido aos preços estarem
em baixa, à participação do café caiu para 48,8% na renda da agricultura e 22,1% na
renda total nacional.
Segundo Oliveira e Maluf (2007), em 1970, após a chegada da ferrugem ao Brasil
e com a confirmação de que a causa do não desenvolvimento do cafeeiro arábica foram
os nematóides das espécies Meloidogyne incognita e M. paranaensis, como forma de
minimizar outros impactos que podem vir a ocorrer nas próximas décadas, Oliveira e
Maluf (2007), relatam que várias instituições desenvolveram programas de melhoramento
genético do cafeeiro gerando e lançando muitas cultivares que apresentam boas
características e, dentre estas, algumas apresentam tolerância e resistência ao bicho-
mineiro, ferrugem e nematóides.
Assim, deduz-se que investimentos em pesquisa ficaram deslocados do foco
quando o produto perdeu valor; o que pode ser observado pelo menor número de
trabalhos publicados em café na década analisada na Figura 7 quando comparado com
os números das décadas anteriores. Vale lembrar, que o café é uma cultura perene e que
o abandono ou a redução de investimentos em pesquisa podem significar a perda de
projetos que demandam muitos anos para sua retomada, principalmente em trabalhos de
melhoramento vegetal.
Destacam-se na década de 1981 a 1990, apresentada na Figura 8, as
especialidades manejo e tratos culturais (28%) e fisiologia de plantas cultivadas (24%).
Da mesma forma em que foi explicado na Figura 7, o mercado mundial estava em
declínio para a comercialização do produto cafeeiro do Brasil, pois outros países
implantaram a cultura cafeeira e também estavam comercializando o produto, causando
assim queda na exportação nacional. Ainda na Figura 8, observamos que mesmo com o
declínio do comércio externo, houve persistência no desenvolvimento de estudos sobre
melhoramento vegetal.

199
100

80

% de artigos 60
40 (12)
40 30 (9)

20 10 (3) 10 (3)
6,7 (2) 3,3 (1)
0
E K L Q T X
Especialidades

E - defesa fitossanitária, K - fisiologia de plantas cultivadas, L – fitopatologia, Q - manejo e


tratos culturais, T - melhoramento vegetal e X - produção e beneficiamento de sementes.

Figura 7. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades


trabalhadas nos artigos publicados envolvendo a cafeicultura no período
de 1971 a 1980. Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

Na Figura 8, observa-se também que a partir dessa década houve aumento da


diversificação das especialidades mostrando a identificação de trabalhos desenvolvidos
com focos diferentes.

100

80
% de artigos

60

40
28 (7)
24 (6)
20 16 (4)
8 (2) 8 (2) 8 (2)
4 (1) 4 (1)
0
G J K P Q R T W
Especialidades

G - Entomologia agrícola, J - física do solo, K - fisiologia de plantas cultivadas, P - manejo


e conservação do solo, Q - Manejo e tratos culturais, R - matologia, T - melhoramento
vegetal e W - produção de mudas.

Figura 8. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades


trabalhadas nos artigos publicados envolvendo a cafeicultura no período
de 1981 a 1990. Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

200
Dentre a década de 1991 a 2000, ressalta-se que em 1996 o consumo mundial
supera a barreira dos 100 milhões de sacas. Em 1997, o Brasil atinge quase 3 bilhões
de dólares na exportação de café (FARIAS, 2012). Assim, destacam-se na Figura 9, as
especialidades manejo e tratos culturais (34,9%) e melhoramento vegetal (17,4%) nesta
década.

100

80
% de artigos

60

40 34,9 (8)

17,4 (4)
20 13 (3) 13 (3)
8,8 (2)
4,3 (1) 4,3 (1) 4,3 (1)
0
A G H M Q R T W
Especialidades

A – Agrometerologia, G - entomologia agrícola, H - extensão rural, M - fitossanidade,


Q - manejo e tratos culturais, R – matologia, T - melhoramento vegetal,
W - produção de mudas.

Figura 9. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades


trabalhadas nos artigos publicados envolvendo a cafeicultura no período
de 1991 a 2000. Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

Sendo a década de 2001 a 2010, apresentada na Figura 10, a que abrange a


maioria dos artigos científicos analisados, as especialidades que apresentaram-se em
maior frequência foram manejo e tratos culturais (23,8%) e melhoramento vegetal
(15,1%), tal fato pode ser explicado pelo crescimento da produtividade nacional e
necessidade de realizar estudos para melhorias da qualidade do produto para o comércio
internacional.
Nos dois últimos anos analisados (2011 a 2012) observados na Figura 11, as
especialidades mais abordadas nos estudos científicos foram manejo e tratos culturais
(28,8%) e melhoramento vegetal (13,5%). Durante este período, O melhoramento
genético contribuiu significativamente para que o Brasil continue no seu posto de maior
produtor mundial de café (CARVALHO et. al., 1991). Desta forma, a biotecnologia vem se
mostrando como um ramo da ciência que contribuirá muito para a agricultura, uma vez
que, estudos nesta área estão sendo desenvolvidos à uma velocidade extraordinária,

201
visando a sustentabilidade, produtividade, segurança alimentar e qualidade e
preservação ambiental (FAZUOLI, 2002).

100

80
% de artigos

60

23,8 (96)

15,1 (61)
40

10 (40)

6,2 (25)
5,2 (21)
4,6 (19)

4,2 (17)
2,7 (11)

6 (24)
5 (20)

4 (16)
1,7 (7)
1,5 (6)

1,5 (6)

1,5 (6)
3 (12)

0,5 (2)
0,3 (1)
0,3 (1)

0,3 (1)

0,3 (1)

0,3 (1)
20

1 (4)

1 (4)
0
A B D E F G H I J K L M N O Q R S T U V W X Y Z
Especialidades

A - Agrometerologia, B - armazenamento de produtos agrícolas, D - construções rurais em ambiência,


E - defesa fitossanitária, F - engenharia de processamento de produtos agrícolas, G - entomologia agrícola,
H - extensão rural, I - fertilidade do solo e adubação, J - física do solo, K - fisiologia de plantas cultivadas,
L - fitopatologia, M - fitossanidade, N - fitotecnia, O - irrigação e drenagem, Q - manejo e tratos culturais,
R - matologia, S - mecanização agrícola, T - melhoramento vegetal, U - microbiologia agrícola,
V - parasitologia agrícola, W - produção de mudas, X - produção e beneficiamento de sementes, Y - química
do solo e Z - transferência de produtos agrícolas.

Figura 10. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades
trabalhadas nos artigos publicados envolvendo a cafeicultura no
período de 2001 a 2010. Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

De forma geral, observa-se que na década de 1941 a 1950 destacou-se as


especialidades melhoramento vegetal (52,5%) e fisiologia de plantas cultivadas (22,5%)
e, na década de 2001 a 2010 as especialidades manejo e tratos culturais (23,8%) e
melhoramento vegetal (15,1%) foram encontradas em maior frequência nos artigos
analisados. Além disso, na primeira década, foram encontrados artigos usando assuntos
relacionados a apenas 6 especialidades, enquanto na década de 2001 a 2010 observa-se
a diversificação dos trabalhos avaliados com 24 especialidades abordadas.
Na Tabela 11, percebe-se o destaque da espécie Coffea arabica, sendo analisada
em 86,16% dos trabalhos desenvolvidos e analisados na presente pesquisa, sendo que
esta espécie, encontra-se sendo analisada junto a outras, onde autores a comparam com
as demais devido a suas características genéticas, da planta, da bebida, etc. Na mesma
tabela, destaca-se, em segundo lugar, trabalhos relacionando as espécies Coffea arabica
e Coffea canephora encontrada em 6,75% dos artigos publicados.

202
100

80
% de artigos

60

28,8 (30)

13,5 (14)
40

10,6 (11)
7,7 (8)
6,7 (7)

5,8 (6)
4,8 (5)

3,8 (4)

3,8 (4)
2,9 (3)

2,9 (3)
1,9 (2)

1,9 (2)

1,9 (2)
20

1 (1)
1 (1)

1 (1)
0
A C E G H K L M P Q R S T W X Y Z
Especialidades

A – Agrometerologia, C - conservação de água e solo, E - defesa fitossanitária, G - entomologia agrícola,


H - extensão rural, K - fisiologia de plantas cultivadas, L - fitopatologia, M - fitossanidade, P - manejo e
conservação do solo, Q - manejo e tratos culturais, R - matologia, S - mecanização agrícola,
T - melhoramento vegetal, W - produção de mudas, X - produção e beneficiamento de sementes, Y - química
do solo e Z - transferência de produtos agrícolas.

Figura 11. Visão geral porcentual e numérica (entre parênteses) das especialidades
trabalhadas nos artigos publicados envolvendo a cafeicultura no
período de 2011 a 2012. Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

Devido ao seu sabor e aroma, o café arábica é mais valorizado economicamente


que as demais variedades e, segundo IBGE (2012), esta espécie cafeeira representa
75,7% de todo o café produzido nacionalmente, sendo que a sua produção estimada em
2012 era de 2.290.756 t equivalendo a 38,2 milhões de sacas de 60 kg, enquanto o café
canephora, no mesmo ano, estimava-se 763.529 t correspondendo a 12,7 milhões de
sacas de 60 kg. O café arábica foi introduzido no Brasil no ano de 1727, enquanto que o
canephora foi introduzido em 1912, ficando, este último, comercialmente adormecido até
a década de 1960, ganhando destaque em função da erradicação e do ataque de
ferrugem (OLIVEIRA e MALUF, 2007). Portanto, é apresentada a distribuição quantitativa
das pesquisas em relação às espécies estudadas no período de 1941-2012, onde
observa-se a predominância de trabalhos envolvendo a espécie Coffea arabica.
A Figura 12 apresenta os delineamentos estatísticos Inteiramente Casualizados
(DIC) e em Blocos Casualizados (DBC) utilizados no desenvolvimento dos artigos
estudados, estando evidente que a maior parte dos trabalhos encontrados na revista
foram submetidos ao DBC, correspondendo a 60%. Tal situação evidencia o grande
número de experimentos de campo realizados, o que corrobora com o grande porcentual
de trabalhos envolvendo melhoramento vegetal e manejo cultural, ambos realizados,
usualmente, a campo.

203
Tabela 11. Visão geral das espécies totais encontradas nos artigos analisados no
período de 1941 a 2012

Espécie Quantidade %
Coffea arabica 611 84,16
Coffea canephora 26 3,58
Coffea liberica 2 0,28
Coffea dewevrei 1 0,14
Coffea racemosa 2 0,28
Coffea congensis 1 0,14
Coffea canephora, Coffea arabica 49 6,75
Coffea arabica, Coffea liberica 2 0,28
Coffea arabica, Coffea racemosa 2 0,28
Coffea arabica, Coffea Kapakata 1 0,14
Coffea arabica, Coffea congensis 1 0,14
Coffea arabica, Coffea excelsa 1 0,14
Coffea canephora, Coffea congensis 3 0,41
Coffea stenophylla, Coffea salvatrix 1 0,14
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea liberica 5 0,69
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea congensis, Coffea liberica 2 0,28
Coffea canephora, Coffea liberica, Coffea congensis 1 0,14
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea congensis 1 0,14
Coffea arabica, Coffea pseudozanguebariae 1 0,14
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea eugenioide 2 0,28
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea dewevrei 1 0,14
Coffea racemosa, Coffea eugenioides, Coffea congensis 1 0,14
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea racemosa, Coffea eugenoides 1 0,14
*Outros 8 1,10
TOTAL 726 100
*Alguns artigos científicos apresentaram em seu desenvolvimento inúmeras espécies, sendo que a
sua contabilização não é significativa para o estudo em questão.
Fonte: Elaborado pelos autores (2013)

204
Tabela 12. Visão geral das espécies por décadas encontradas nos artigos
analisados no período de 1941 a 2012
(continua)
Década Espécie Quantidade %
Coffea arabica 30 75
Coffea canephora 2 5
Coffea arabica, Coffea liberica 1 2,5
1941 – 1950
Coffea canephora, Coffea arabica 2 5
Coffea arabica, Coffea congensis 1 2,5
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea liberica 4 10
Coffea arabica 52 88,16
Coffea liberica 2 3,39
Coffea dewevrei 1 1,69
1951 – 1960 Coffea racemosa 1 1,69
Coffea canephora, Coffea arabica 1 1,69
Coffea arabica, Coffea liberica 1 1,69
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea congensis,
1 1,69
Coffea liberica
Coffea arabica 37 86,08
Coffea congensis 1 2,32
Coffea arabica, Coffea racemosa 1 2,32
1961 – 1970 Coffea arabica, Coffea Kapakata 1 2,32
Coffea stenophylla, Coffea salvatrix 1 2,32
Coffea canephora, Coffea liberica, Coffea congensis 1 2,32
*Outros 1 2,32
Coffea arabica 27 90
1971 – 1980 Coffea canephora, Coffea congensis 2 6,67
Coffea canephora, Coffea arabica 1 3,33
Coffea arabica 20 80
Coffea canephora 1 4
1981 – 1990 Coffea canephora, Coffea arabica 2 8
Coffea arabica, Coffea excelsa 1 4
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea congensis 1 4
Coffea arabica 19 82,6
1991 - 2000 Coffea canephora 2 8,7
Coffea canephora, Coffea arabica 2 8,7
Coffea arabica 338 84,08
Coffea canephora 14 3,48
Coffea arabica, Coffea racemosa 1 0,25
Coffea canephora, Coffea arabica 33 8,2
2001 – 2010
Coffea canephora, Coffea congensis 1 0,25
Coffea arabica, Coffea pseudozanguebariae 1 0,25
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea eugenioide 2 0,49
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea liberica 1 0,25

205
Tabela 12. Visão geral das espécies por décadas encontradas nos artigos
analisados no período de 1941 a 2012
(conclusão)
Década Espécie Quantidade %
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea dewevrei 1 0,25
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea congensis,
1 0,25
Coffea liberica
Coffea racemosa, Coffea eugenioides, Coffea
2001 – 2010 1 0,25
congensis
Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea racemosa,
1 0,25
Coffea eugenoides
*Outros 7 0,25
Coffea arabica 88 84,62
Coffea canephora 7 6,73
2011 - 2012
Coffea racemosa 1 0,96
Coffea canephora, Coffea arabica 8 7,69
*Alguns artigos científicos apresentaram em seu desenvolvimento inúmeras espécies, sendo que a
sua contabilização não é significativa para o estudo em questão.
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

0%
5%

35% DBC
DIC
60%
DIC e DBC
Outros

Observação: parte do gráfico correspondente a 5% é nomeado como outros devido a não


utilização de delineamentos, mas usou-se equações para desenvolvimentos estatísticos.
No caso, da fatia que apresenta 0%, esta refere-se a 1 artigo científico.

Figura 12. Distribuição percentual dos trabalhos publicados de acordo com os


referentes delineamentos experimentais. Fonte: Elaborado pelos autores
(2013).

206
4 Conclusões

Em função das informações geradas foi possível concluir que:


 Foram encontrados 106 volumes com 726 artigos envolvendo café, sendo que as
revistas Bragantia, Coffee Science e Ciência e Agrotecnologia corresponderam a
74,38% dos artigos publicados;
 Os periódicos Energia na Agricultura, Irriga, Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal,
Revista Universidade Rural e Summa phytopathologica apresentaram a menor
quantidade de trabalhos publicados relacionados a cafeicultura;
 Os periódicos Bragantia e Coffee Science publicaram artigos relacionados à
cafeicultura no mesmo ano de sua criação;
 O periódico Bragantia respondeu pelo maior número de volumes analisados e de
artigos em café;
 Os periódicos Irriga e Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal apresentaram apenas
um volume em que pode-se encontrar artigos relacionados a cafeicultura;
 Os municípios de Campinas-SP e Lavras-MG, destacaram-se como os que mais
sediaram o desenvolvimento dos artigos analisados;
 As três primeiras décadas avaliadas apresentaram publicações apenas do periódico
Bragantia, sendo todas desenvolvidas em São Paulo;
 Só a partir da década de 1971 a 2012, observou-se o aparecimento de outros
estados como sede do desenvolvimento dos artigos científicos;
 A década de maior diversidade de periódicos e maior produtividade de artigos em
café foi 2001 a 2010;
 O estado de São Paulo concentrou o maior número de experimentos montados em
café;
 O estado do Espírito Santo respondeu pelo menor número de experimentos
montados em café;
 Na década de 1941 a 1950, houve o predomínio de publicações em melhoramento
vegetal e fisiologia de plantas;
 Nas décadas de 1951 a 1960, 1961 a 1970 e 1971 a 1980, houve o predomínio das
especialidades manejo e tratos culturais e melhoramento vegetal;
 Já em 1981 a 1990 ocorreu a diversificação de especialidades;
 Dentre 1991 e 2000 as especialidades de manejo e tratos culturais e melhoramento
vegetal voltaram a estar em evidência envolvendo experimentos na melhoria da
qualidade cafeeira;

207
 A década de maior relevância envolvendo publicações relacionadas a café foi entre
2001 a 2010, com manejo e tratos culturais e melhoramento vegetal se destacando;
 A década de 2001 a 2010 apresentou maior diversificação das especialidades;
 Nos anos de 2011 a 2012 experiências envolvendo manejo e tratos culturais e
melhoramento vegetal continuaram predominando no campo científico;
 Em todo o período, as especialidades mais estudadas foram manejo e tratos
culturais e melhoramento vegetal;
 A espécie Coffea arabica, apresentou-se em destaque em todas as décadas
avaliadas, estando presente em 84,16% dos artigos analisados; e
 O delineamento experimental mais utilizado nas pesquisas foi o em Blocos
Casualizados (DBC), com 60% dos artigos.

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Acesso em: 20 nov. de 2013.

209
CAPÍTULO 14

RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS NO BRASIL: UMA ANÁLISE


BIBLIOMÉTRICA

Gleissy Mary A. D. A. dos Santos


Alexandre Rosa dos Santos
Rodrigo Scherer
Luciano José Quintão Teixeira
Olavo dos Santos Pereira Júnior
Sérgio Henriques Saraiva
Jéferson Luiz Ferrari
Carlos Antonio A. Soares Ribeiro
Getúlio Fonseca Domingues
Gustavo Eduardo Marcatti
Nero Lemos Martins de Castro
Fernando Coelho Eugenio
Thiago de Oliveira Tuler

1 Introdução

Desde os primórdios da humanidade a natureza sempre foi uma fonte de alimento


para o homem, mas com o passar dos anos ao fixar-se num território passou a cultivar,
iniciando assim a produção de alimentos para suprir suas necessidades básicas. Isso
possibilitou o surgimento das cidades e provocou o aumento do consumo de alimentos.
Para atender essa nova demanda, o homem descobriu e criou novos recursos e técnicas
(RODRIGUES, 2012).
A partir do século XVIII com o início da industrialização o uso de compostos
químicos foi intensificado, alterando a relação homem-natureza, pois a agricultura se
constituiu como empresa e a população rural teve de suprir a alimentação do homem
urbano, surgindo então o agroecossistema e monocultivos, favorecendo o aparecimento
de pragas, doenças, ervas daninhas e microrganismos, acarretando sérios problemas
para a produção agrícola, forçando o uso de agrotóxicos (RODRIGUES, 2012).
Porém, a utilização inadequada e abusiva de agrotóxicos, associada à falta de
informação (PERES et al., 2005; PIRES, CALDAS e RECENA, 2005; SCHMIDT e
GODINHO, 2006), tem provocado sua banalização, tendo como consequências danos
diretos ao aplicador e ao meio ambiente e, indiretos, ao consumidor final, por meio de
alimentos contaminados com resíduos de agrotóxicos (LONDRES, 2011).
Neste contexto, os resíduos de agrotóxicos são quantidades muito pequenas de
substâncias, incluindo os seus derivados, produtos de degradação e conversão, que são
encontradas em diversas matrizes (MOREIRA, 1995). Já o termo agrotóxico, ao invés de
defensivo agrícola passou a ser utilizado, no Brasil, para denominar os venenos
agrícolas, após grande mobilização da sociedade civil organizada (BRASIL, 1989).

210
Um dos maiores perigos representados pelos agrotóxicos diz respeito às
consequências que eles podem provocar à saúde das pessoas, sobretudo daquelas que,
no campo ou na indústria, ficam expostas ao contato direto com os mesmos (LONDRES,
2011). Os grupos de maior risco de intoxicação são os que têm contato direto com os
produtos, como os aplicadores, preparadores de caldas e responsáveis por depósitos, e
há também os trabalhadores que têm contato indireto com os agrotóxicos ao realizar os
manejos culturais (ADISSI e PINHEIRO, 2005; FERREIRA, 2005), uma vez que o
intervalo de reentrada nas plantações não costuma ser respeitado e estes trabalhadores,
muitas vezes, não usam Equipamento de Proteção Individual (EPI) (FORGET, 1989).
Outro risco existente provém de residentes das regiões que prevalece o
agronegócio, onde maciças quantidades de agrotóxicos são usadas ao longo do ano,
sendo comum a aplicação aérea de agrotóxicos (LONDRES, 2011).
Estudos indicam que muitas vezes, apenas 30% do agente químico usado na
aplicação atingem o alvo (CHAIM et al., 2003). Também estão sob risco os profissionais
de saúde pública que trabalham no controle de vetores de doenças como a dengue, bem
como funcionários de empresas “dedetizadoras” e “desratizadoras”, funcionários de
indústrias que fabricam ou formulam agrotóxicos, assim como as pessoas que trabalham
no transporte e com comércio destes produtos. Por fim, temos os consumidores que, ao
longo de vários anos, se alimentam de produtos com altas taxas de resíduos de
agrotóxicos (LONDRES, 2011).
A contaminação do meio ambiente ocorre via ar, solo e água, podendo interferir,
direta ou indiretamente, com os seres vivos (LIMA, 2008; BRASIL, 2012). Muitos desses
compostos químicos são altamente persistentes no meio ambiente e interferem em toda a
cadeia ecológica dependendo das características físico-químicas dos agentes envolvidos
(MOREIRA, 2002).
O uso intensivo de agrotóxicos tem causado preocupações, porque mesmo tendo
acesso a tecnologia, muitos não a utilizam de forma adequada, muitas vezes por falta de
conhecimento e até mesmo por falta de orientação. Os maiores problemas estão
relacionados ao uso de agrotóxicos não autorizados para uma cultura especifica, a
dosagem inadequada e, sobretudo a não observação do tempo de carência, ou seja, o
período entre a aplicação do agente químico e a colheita.
Neste contexto, inúmeros trabalhos vêm sendo desenvolvidos com o intuito de
verificar a contaminação por resíduo de agrotóxicos, no âmbito homem-meio ambiente.
Portanto a organização e a democratização do conhecimento gerado pelos
diferentes agentes e autores que utilizam ou investigam a contaminação por resíduos de
agrotóxicos pode contribuir para a redução na aplicação e uso racional, favorecendo a

211
saúde humana. A análise documentária ou revisões bibliográficas que investigam, por
exemplo, a contaminação por resíduos de agrotóxicos são contribuições oportunas.
Diante do exposto, este trabalho apresenta um estudo bibliométrico, que consiste
na aplicação de técnicas estatísticas e matemáticas para descrever aspectos da literatura
e de outros meios de comunicação (VANTI, 2002), tendo como objetivo mapear e
analisar artigos científicos relacionados com resíduos de agrotóxicos, tendo como ênfase
fatores tais como: os principais autores institucionais e individuais, autores que mais
publicaram e suas respectivas instituições, número de artigos publicados por instituição,
natureza das citações, evolução do número de artigos em periódicos no período, dentre
outros.

2 Metodologia

Adotou-se como metodologia de pesquisa a análise bibliométrica, que é uma


técnica quantitativa e estatística que permite mapear e gerar diferentes indicadores de
tratamento e gestão da informação e do conhecimento científico (ARAÚJO, 2006).
Foram consultados quarenta e cinco periódicos dentre nacionais e internacionais
(Tabela 1), sendo selecionados artigos que obedeciam aos seguintes critérios: a)
resíduos de agrotóxicos ser tema central e não acessório na definição dos objetivos do
trabalho publicado; b) algum dos autores do artigo possuir vínculo com instituições de
ensino ou pesquisa brasileiras, c) o periódico ser indexado na base de dados da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)- Ministério da
Educação.

Tabela 1. Periódicos consultados na análise bibliométrica sobre resíduos de


agrotóxicos
(continua)
Nome do periódico ISSN Período
Acta Scientiarum. Technology 1806-2563 1974-2012
Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica 1980-0258 2008-2012
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia 0102-0935 1943-2012
Cadernos de Saúde Pública 0102-311X 1985-2012
Cadernos Saúde Coletiva 1414-462X 2008-2012
Ciência & Saúde Coletiva 1678-4561 2006-2012
Ciência e Tecnologia de Alimentos 0101-2061 2008-2012
Ciência Rural 0103-8478 1995-2012
Comunicação em Ciências da Saúde 1980-0584 2005-2012
Eclética Química 0100-4670 1976-2012
Engenharia Sanitária e Ambiental 1413-4152 1962-2012

212
Tabela 1. Periódicos consultados na análise bibliométrica sobre resíduos de
agrotóxicos
(conclusão)
Nome do periódico ISSN Período
Revista de Economia e Sociologia Rural 0103-2003 2002-2012
Horticultura Brasileira 0102-0536 1983-2012
Información Tecnológica 0716-8756 2000-2012
Informações Econômicas 0100-4409 1966-2012
Journal of the Brazilian Chemical Society 0103-5053 1990-2012
Natureza on line 1806-7409 2003-2012
Neotropical Entomology 1519-566X 1972-2012
Pesquisa Agropecuária Brasileira 0100-204X 1992-2012
Pesquisa Agropecuária Tropical 1517-6398 1971-2012
Pesticidas (UFPR) 0103-7277 1991-2012
Química Nova 0100-4042 1978-2012
Revista Analytica 1677-3055 2002-2012
Revista Brasileira de Agroambiente 1982-8470 2007-2012
Revista Brasileira de Agrociencia 0104-8996 1995-2012
Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental 1415-4366 1997-2012
Revista Brasileira de Epidemiologia 1415-790X 1998-2012
Revista Brasileira de Fruticultura 0100-2945 1978-2012
Revista Brasileira de Política Internacional 0034-7329 1958-2012
Revista Brasileira de Saúde Ocupacional 0303-7657 1973-2012
Revista Ceres 0034-737X 1939-2012
Revista CESUMAR 1516-2664 1997-2012
Revista Ciência Agronômica 0045-6888 1971-2012
Revista da Escola de Enfermagem (USP) 0080-6234 1967-2012
Revista de Psicologia da UNESP 1984-9044 2002-2012
Revista de Saúde Pública 1518-8787 1967-2012
Revista Liberato 1518-8043 2000-2012
Rev. Núc. Pesq. Interdisc. – Rev. Gerenciais (UNINOVE) 1677-2768 2006-2012
Revista UNIARA 1415-3580 1997-2012
SaBios 1980-0002 2010-2012
Scientia Agricola 0103-9016 1992-2012
Scientia Chromatographica 1984-4433 2004-2012
Revista Árvore 0100-6762 1977-2012
Tempus. Actas de Saúde Coletiva 1982-8829 2007-2012
Visão Acadêmica 1518-5192 2004-2012

A análise bibliométrica empregada foi subdividida nas seguintes etapas: 1ª)


pesquisa bibliográfica, seleção e cadastramento dos artigos; 2ª) classificação dos artigos
selecionados; e 3ª) cruzamento dos dados, geração e análise das informações.
A seleção dos artigos, inicialmente, foi embasada pela busca nos periódicos por palavras
chaves em idioma português e inglês como agrotóxicos, cromatografia, multiresíduos,
resíduos, pesticidas, contaminação e alimentos. Uma vez constatado que os artigos

213
selecionados atendiam aos critérios supracitados, este era então cadastrado por meio de
uma planilha eletrônica desenvolvida no Microsof Office Excel®, versão 2010 (Figura 1).
Este procedimento teve como intuito o armazenamento dos dados contidos nos artigos,
necessários para a caracterização dos elementos bibliográficos como o nome do
periódico, o ano de publicação, a autoria, título do artigo, entre outros.

Figura 1. Planilha construída para o cadastramento dos artigos.

Procurou-se classificar os artigos selecionados em função de linhas temáticas


quanto à técnica utilizada (cromatografia gasosa, cromatografia gasosa e líquida,
cromatografia líquida de alta eficiência, cromatografia em camada delgada, entrevista,
revisão e outras) e quanto a aplicação (águas, alimentos, ar, bebidas, cereais, hortifruti,
leite e derivados, sangue, solo e não especificado).
Na última etapa metodológica, os dados foram organizados em gráficos, tabelas e
mapas visando facilitar as análises de distribuição de frequência de publicações quanto
às suas dimensões espacial, temporal, institucional e temática. Os dados referentes ao
ano foram estruturados pelos períodos: entre 1997 a 2000, entre 2001 a 2005 e de 2006
a 2012. Os mapeamentos temáticos foram gerados no aplicativo computacional ArcGIS
10.0® (ESRI, 2010).
O fluxograma metodológico contento todas as etapas necessárias para
elaboração da análise bibliométrica relacionada com resíduos de agrotóxicos é
representado na Figura 2.

214
MAPEAMENTO DA
SELEÇÃO DOS MONTAGEM DE CONVERSÃO DE ELABORAÇÃO DE
DEFINIÇÃO DAS PESQUISA NA EVOLUÇÃO
ARTIGOS PLANILHA PLANILHA .XLS PARA TABELAS E
PALAVRAS CHAVES INTERNET TEMPORAL E
CIENTÍFICOS ELETRÔNICA PONTOS .SHP GRÁFICOS
TEMÁTICA

Periódicos da Periódicos
Agrotóxicos Longitude Período de estudo
CAPES consultados

Técnica Evolução do
Cromatografia Google acadêmico Latitude empregada número de artigos

Home-page das Principais


Multiresíduos Área de estudo Aplicação
revistas científica instituições

Resíduos PERIÓDICOS DA CAPES Instituição Principais autores

Pesticidas Ano Número de artigos

Contaminação Primeiro autor


MAPAS VETORIAIS
60°0'0"W 40°0'0"W

Alimento Título TODAS AS TÉCNICAS

RR
AP

Nome do periódico

AM
PA MA

PLANILHA ELETRÔNICA Técnica de análise


CE
RN

PB
PI
10°0'0"S

10°0'0"S
PE
AC
AL
TO SE
RO

Especificação MT
BA

DF

GO
MG
Aplicação ES
Cromatografia MS

Camada delgada (1 = 0,9 %) RJ

Gasosa (49 = 44,1%) SP


PR
Gasosa e líquida (6 = 5,4%)
Líq. de alta eficiência (17 = 15,3%) SC

Revisão (20 = 18,0%)


30°0'0"S

30°0'0"S
Entrevista (10 = 9,0%) RS

Outras (8 = 7,3) 0 500 1000 km

60°0'0"W 40°0'0"W

Figura 2. Fluxograma metodológico das etapas necessárias para elaboração da


análise bibliométrica relacionada com resíduos de agrotóxicos.

3 Resultados e discussão

O número de artigos selecionados em função dos periódicos consultados é


apresentado na Tabela 2. Os dados indicam que o periódico Química Nova teve o maior
número de publicações, com 20 artigos totalizados. Todavia, o pioneirismo na divulgação
de artigos sobre resíduos de agrotóxicos, é atribuído aos periódicos Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Cadernos de Saúde Pública, Ciência e Tecnologia de
Alimentos, Informações Econômicas, Pesquisa Agropecuária Brasileira, Revista de
Saúde Pública e Scientia Agricola. Destaca-se que apesar do periódico Arquivo Brasileiro
de Medicina Veterinária e Zootecnia ter o maior período de atividade entre eles (69 anos),
este só apresenta artigos publicados entre o período de 1997 a 2000.

215
Tabela 2. Evolução do número de artigos sobre resíduos de agrotóxicos
(continua)
Período
Nome do periódico 1997 2001 2006
a a a Total
2000 2005 2012
Acta Scientiarum. Technology 1 1
Anais da Acad. Pernamb. de Ciência Agronômica 1 1
Arquivo Bras. de Medicina Veterinária e Zootecnia 1 1
Cadernos de Saúde Pública 1 1 2
Cadernos Saúde Coletiva 2 2
Ciência & Saúde Coletiva 1 4 5
Ciência e Tecnologia de Alimentos 1 2 2 5
Ciência Rural 1 4 5
Comunicação em Ciências da Saúde 1 1
Eclética Química 1 1
Engenharia Sanitária e Ambiental 1 1
Horticultura Brasileira 1 1 2
Información Tecnológica 1 1
Informações Econômicas 1 1
Journal of the Brazilian Chemical Society 7 10 17
Natureza on line 1 1
Neotropical Entomology 1 1 2
Pesquisa Agropecuária Brasileira 2 1 3
Pesquisa Agropecuária Tropical 2 2
Pesticidas (UFPR) 1 4 5
Química Nova 4 16 20
Revista de Economia e Sociologia Rural 1 1
Revista Analytica 1 1 2
Revista Brasileira de Agroambiente 1 1
Revista Brasileira de Agrociencia 1 1
Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
1 3 4
Ambiental
Revista Brasileira de Epidemiologia 1 1
Revista Brasileira de Fruticultura 2 2
Revista Brasileira de Política Internacional 1 1
Revista Brasileira de Saúde Ocupacional 2 2
Revista Ceres 1 1 2
Revista CESUMAR 1 1
Revista Ciência Agronômica 1 1
Revista da Escola de Enfermagem (USP) 1 1
Revista de Psicologia da UNESP 1 1
Revista de Saúde Pública 1 1
Revista Liberato 1 1
Revista Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar 1 1
Revista UNIARA 1 1
SaBios 1 1

216
Tabela 2. Evolução do número de artigos sobre resíduos de agrotóxicos
(conclusão)
Período
Nome do periódico 1997 2001 2006
a a a Total
2000 2005 2012
Scientia Agricola 1 1 2
Scientia Chromatographica 1 1
Revista Árvore 1 1
Tempus. Actas de Saúde Coletiva 1 1
Visão Acadêmica 1 1
Total 8 30 73 111

Ao analisar as instituições sedes de pesquisas direcionadas para artigos


relacionados com resíduos de agrotóxicos (Tabela 3), verifica-se que a pesquisa
brasileira nesta área é recente, mas demonstra grande potencial de desenvolvimento
pela expressiva participação de várias instituições.

Tabela 3. Principais instituições brasileiras com atuação em pesquisas sobre


resíduos de agrotóxicos
(continua)
Período
Instituições 1997 2001 2006
a a a Total
2000 2005 2012
AGRODEFESA 1 1
IFS 1 1
UNICEP 1 1
CESUMAR 1 1
UNIVATES 1 1
CEAGESP 1 1
EMBRAPA 1 2 3 6
EMEPA 1 1
ESFA 1 1
FUNED 1 1
FIOCRUZ 1 1 9 11
IAL 1 1
IBGE 1 1
IPEN 1 1
IFSMG 1 1
MAPA 1 1
DAM 1 1
SYNGENTA 1 1
PUCRS 1 1
UNB 1 1 2
UPF 1 1

217
Tabela 3. Principais instituições brasileiras com atuação em pesquisas sobre
resíduos de agrotóxicos
(conclusão)
Período
Instituições 1997 2001 2006
a a a Total
2000 2005 2012
USP 1 7 6 14
UNINCOR 1 1
UNICAMP 2 2
UEM 1 1
UNESP 1 3 2 6
UFG 4 4
UFLA 1 1
UFMT 1 1
UFMG 3 2 5
UFPEL 3 3
UFRR 1 1
UFSM 1 8 9
UFS 1 1 2
UFV 3 3
UFC 2 2
UFMA 1 1
UFPR 1 1
UFRJ 1 1 2
FURG 4 4
UFRGS 4 4
UNIVASF 1 1
UFRPE 1 1
UFRRJ 1 1
UGF 1 1
FURB 1 1
UNIJUÍ 1 1
VERS 1 1
Total 8 30 73 111

Ao observar as instituições que foram autoras principais, nota-se que cinco


instituições se destacam com maior número de publicações, representando juntas 41,4%
(46 artigos) do total (111 artigos). Em ordem decrescente assim se apresentam: USP -
Universidade de São Paulo (14 artigos ou 12,6%), FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz
(11 artigos ou 9,9 %), UFSM – Universidade Federal de Santa Maria (9 artigos ou 8,1%),
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (6 artigos ou 5,4%) e UNESP
- Universidade Estadual Paulista (6 artigos ou 5,4%).
A origem dos primeiros registros de pesquisa (8 artigos ou 7,2%) ocorreram nos
Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Paraíba cujas autorias

218
institucionais foram representadas pela USP - Universidade de São Paulo, EMBRAPA –
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, UNESP - Universidade Estadual Paulista,
CEAGESP - Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo,
FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz, UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro, UNB – Universidade de Brasília e EMEPA - Empresa Estadual de Pesquisa
Agropecuária da Paraíba S.A. como demonstra a Figura 3. Os artigos abordaram a
quantificação de resíduos de agrotóxicos em legumes, alimentos, leite e sangue.
A partir da virada do milênio, é que ocorreu o maior aumento do número de
publicações, onde a produção científica nesta área passa a ser realizada também por
outras instituições localizadas nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais,
Espírito Santo e Sergipe (Tabela 3 e Figura 3).
Outro resultado marcante destas combinações entre as comunidades científicas é
a participação multifacetada dos atores individuais (Tabela 4), o que induz ou sugere a
continuidade do processo formativo de novos agentes e atores envolvidos em futuros
avanços na pesquisa brasileira de resíduos de agrotóxicos. Muitos destes, que nesta
tabela se apresentam, tiveram influência formativa de linhas de pesquisas desenvolvidas
por professores e pesquisadores como: BASTOS, L. H. P.; RISSATO, S. R.; CARDOSO,
M. H. W. M..
O resultado do cadastro temático do banco de dados, indicando a evolução do
número de artigos em cada técnica e aplicação de estudo é apresentada na Tabela 5 e
Figuras 4. Verifica-se inicialmente, que, no geral, em relação às técnicas empregadas,
44,1% das pesquisas foram realizadas, em sua maioria, utilizando análise em
cromatografia gasosa, seguidas da técnica de cromatografia líquida de alta eficiência
(15,3%), cromatografia gasosa e líquida (5,4%) e cromatografia em camada delgada
(0,9%). Já as técnicas de revisão somaram 18,0% das publicações, enquanto as técnicas
de entrevista e outras representaram 9,0 e 7,2%, respectivamente, do total de artigos
publicados.
Quanto à distribuição espacial da produção brasileira de artigos relacionados com
resíduos de agrotóxicos por aplicação, no geral, ocorreram diferentes frequências nas
abordagens temáticas dentro das técnicas mais utilizadas (Tabela 5). A Figura 5
evidencia melhor esta constatação.
Para todas as técnicas cromatográficas, as aplicações com maior destaque foram
para hortifuti (23,4%), seguidas de águas (17,1%) e alimentos (8,1%).
Houve assim, dentro da técnica de cromatografia gasosa, uma distribuição mais
equitativa de artigos entre as abordagens hortifuti e águas, com valores de 17,1 e 9,9%,
respectivamente. Já para a técnica de cromatografia líquida de alta eficiência, as

219
aplicações com destaque foram águas, com 4,5% e hortifrúti e leites/derivados, ambos
com 3,6% das publicações.
Para os períodos analisados, ficaram evidenciados que as regiões Sudeste e Sul
são as que mais se destacaram em relação à produção brasileira de artigos relacionados
com resíduos de agrotóxicos com 59,5 e 26,1% (Figura 6), respectivamente,
correspondendo ao total de 85,6%, quando comparado com as demais regiões. Este
resultado é justificado pelo elevado número de instituições de pesquisas presentes nas
regiões Sudeste e Sul.

EVOLUÇÃO TEMPORAL, ESPACIAL E TEMÁTICA

60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W

DE 1997 A 2000 DE 2001 A 2005 DE 2006 A 2012


RR RR RR
AP AP AP

AM AM AM
PA MA PA MA PA MA
CE CE CE
RN RN RN

PB PB PB
PI PI PI
10°0'0"S

10°0'0"S

10°0'0"S

10°0'0"S
PE PE PE
AC AC AC
AL AL AL
TO SE TO SE TO SE
RO RO RO

BA BA BA
MT MT MT

DF DF DF

GO GO GO
MG MG MG
ES ES ES

MS MS MS

RJ RJ RJ

SP SP SP

N° de artigos PR
N° de artigos PR
N° de artigos PR

SC SC SC
30°0'0"S

30°0'0"S

30°0'0"S

30°0'0"S
RS RS RS

0 500 1000 km 0 500 1000 km 0 500 1000 km

60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W

60°0'0"W 40°0'0"W

TODO PERÍODO
DE 1997 A 2012
RR
AP

AM
PA MA
CE
RN

PB
PI
10°0'0"S

10°0'0"S

PE
AC
AL
TO SE
RO

BA
MT

DF

GO
MG
ES

MS

RJ

SP

N° de artigos PR

SC
30°0'0"S

30°0'0"S

RS

0 500 1000 km

60°0'0"W 40°0'0"W

Figura 3. Evolução temporal, espacial e temática da produção de artigos


relacionados com resíduos de agrotóxicos no Brasil entre os anos de
1997 a 2012.

220
Tabela 4. Principais autores com atuação em pesquisas sobre contaminação por
resíduos de agrotóxicos
(continua)
Período
Nome do Primeiro Autor 1997 2001 2006
a a a Total
2000 2005 2012
ABAD, F. C. 1 1
ALABURDA, J. 1 1
ALMEIDA, V.E. S. 1 1
ALMUSSA, A. 1 1
ALVES, M. I. R. 1 1
ALVES, M. R. R. 1 1
ARIAS, A. R. L. 1 1
ÁVILA, R.A. 1 1
AZEVEDO, D. A. 1 1
BAPTISTA, G. C. 1 1
BASTOS, L. H. P. 4 4
BEDOR, C. N. G. 1 1
BERTI, A. P. 1 1
BORTOLUZZI, E. C. 1 1
BRITTO, F. B. 1 1
BRONDI, S. H. G. 1 1
BUOSI, D. 1 1
CALDAS, E. D. 1 1
CALDAS, S. S. 2 2
CAPOBIANGO, H. L. V. 1 1
CARDOSO, M. H. W. M. 1 2 3
CARLOS, E. A. 1 1
CARVALHO, S. J. P. 1 1
CASTRO, I. M. 1 1
DEMOLINER, A. 1 1
DIAS, E. B. S. 1 1
DIEZ-RODRÍGUEZ, G. I. 1 1
DÓREA, H. S. 1 1
EVARISTO, A. 1 1
FARIA, N. M. X. 1 1
FARIA, V. H. F. 1 1
FEHLBERG, L. C. C. 1 1
FERMAM, R. K.S. 1 1
MENEZES FILHO, A.. 1 1
REIS FILHO, J. S. 1 1
FILIZOLA, H. F. 1 1
FREGUGLIA, R. M. O. 1 1
GALLI, A. 1 1
GARBELLINI, G. S. 1 1
GOBO, A. B. 1 1

221
Tabela 4. Principais autores com atuação em pesquisas sobre contaminação por
resíduos de agrotóxicos
(continua)
Período
Nome do Primeiro Autor 1997 2001 2006
a a a Total
2000 2005 2012
GORENSTEIN, O. 1 1
GRÜTZMACHER, D. D. 1 1
JARDIM, I. C. S. F. 1 1
BOGUSZ JUNIOR, S. 1 1
KOLBERG, D. I. 1 1
KOMATSU, E. 1 1
KURZ, M. H. S. 1 1
LANÇAS, F. M. 1 1
LATORRACA, A. 1 1
LEITE, R. M. H. 1 1
LIMA, A. C. S. 1 1
LIMA, C. A. B. 1 1
MAFFEI, D. F. 1 1
MARCHESAN, E. 1 1
MEYER, T. N. 1 1
MILHOME, M. A. L. 2 2
MORAES, S. L. 1 1
MOURA, R. M. 1 1
MOURA-ANDRADE, G. C. R. 1 1
NUNES, G. S. 1 1
PAUMGARTTEN, F. J. R. 1 1
PENA, M. F. 1 1
PINHEIRO, A. 1 1
PINHO, G. P. 2 2
PIZANO, M.A. 1 1
PRESTES, O. D. 2 2
QUEIROZ, S. C. N. 1 1
RAMALHO, J. F. G. P. 1 1
REIMCHE, G. B. 1 1
RIBAS, P. P. 1 1
RIBEIRO, A. C. C. 1 1
RISSATO, S. R. 3 1 4
RODRIGUES, M. V.N. 1 1
RODRIGUES, S. A. 1 1
SABIN, G. P. 1 1
SANTOS, J. S. 1 1
SANTOS, L. G. 1 1
SGARBIERO, E. 1 1
SHERIDAN, R. 1 1
SILVA, D. R. O. 1 1

222
Tabela 4. Principais autores com atuação em pesquisas sobre contaminação por
resíduos de agrotóxicos
(conclusão)
Período
Nome do Primeiro Autor 1997 2001 2006
a a a Total
2000 2005 2012
SILVA, J. M. 2 2
SILVA, T. P. P. 1 1
SIQUEIRA, S. L. 1 1
SOARES, W. L. 1 1
SOUZA, A. 1 1
SOUZA, S. V. C. 1 1 2
SPADOTTO, C. A. 1 1
STERTZ, S. C. 1 1
STOPPELLI, I. M. B. S. 1 1
TREVISAN, M. J. 1 1
TREVIZAN, L. R. P. 1 1
VEIGA, M. M. 2 2
VIEIRA, E.O. 1 1 2
ZAVATTI, L.M. S. 1 1
ZUIN, V. G. 1 1
Total 8 30 73 111

Tabela 5. Resultado do cadastro temático do banco de dados, indicando o número


de artigos em cada técnica e aplicação
(continua)
Períodos

Técnica Aplicação 1997 2001 2006 Total %


a a a
2000 2005 2012
Águas 4 7 11 9,9
Alimentos 5 3 8 7,2
Ar
Bebidas
Cereais 2 1 3 2,7
Cromatografia gasosa
Hortifruti 3 8 8 19 17,1
Leite / Derivados 3 3 2,7
Sangue 1 2 3 2,7
Solo
Não especificado 2 2 1,8
Subtotal 49 44,1
Águas 1 2 3 2,7
Alimentos
Cromatografia gasosa e Ar
líquida Bebidas
Cereais
Hortifruti 1 1 2 1,8

223
Tabela 5. Resultado do cadastro temático do banco de dados, indicando o número
de artigos em cada técnica e aplicação
(continuação)
Períodos

Técnica Aplicação 1997 2001 2006 Total %


a a a
2000 2005 2012
Leite / Derivados
Cromatografia gasosa e Sangue
líquida Solo
Não especificado 1 1 0,9
Subtotal 6 5,4
Águas 5 5 4,5
Alimentos 1 1 0,9
Ar
Bebidas
Cromatografia líquida de Cereais
alta eficiência Hortifruti 2 2 4 3,6
Leite / Derivados 1 1 2 4 3,6
Sangue
Solo 1 2 3 2,7
Não especificado
Subtotal 17 15,3
Águas
Alimentos
Ar
Bebidas
Cromatografia em camada Cereais
delgada Hortifruti 1 1 0,9
Leite / Derivados
Sangue
Solo
Não especificado
Subtotal 1 0,9
Águas
Alimentos
Ar
Bebidas
Cereais
Entrevista
Hortifruti 2 2 1,8
Leite / Derivados
Sangue
Solo
Não especificado 2 6 8 7,2
Subtotal 10 9,0
Águas
Alimentos
Ar 1 1 0,9
Bebidas
Cereais
Revisão
Hortifruti 1 2 3 2,7
Leite / Derivados 2 2 1,8
Sangue
Solo
Não especificado 1 13 14 12,6
Subtotal 20 18,0

224
Tabela 5. Resultado do cadastro temático do banco de dados, indicando o número
de artigos em cada técnica e aplicação
(conclusão)
Períodos

Técnica Aplicação 1997 2001 2006 Total %


a a a
2000 2005 2012
Águas 1 3 4 3,6
Alimentos
Ar
Bebidas 1 1 0,9
Cereais
Outras
Hortifruti 1 1 0,9
Leite / Derivados
Sangue
Solo 1 1 0,9
Não especificado 1 1 0,9
Subtotal 8 7,2
Total 111 100,0

225
60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W

CROMATOGRAFIA POR CROMATOGRAFIA CROMATOGRAFIA GASOSA


CAMADA DELGADA GASOSA E LÍQUIDA
RR RR RR
AP AP AP

AM AM AM
PA MA PA MA PA MA
CE CE CE
RN RN RN

PB PB PB
PI PI PI
10°0'0"S

10°0'0"S

10°0'0"S

10°0'0"S
PE PE PE
AC AC AC
AL AL AL
TO SE TO SE TO SE
RO RO RO

BA BA BA
MT MT MT

DF DF DF

GO GO GO
MG MG MG
ES ES ES
MS MS MS

RJ RJ RJ

SP SP SP
PR PR PR

Cromatografia por Camada SC Cromatografia gasosa SC Cromatografia gasosa e SC

Delgada (1 artigo) (49 artigos) líquida (6 artigos)


30°0'0"S

30°0'0"S

30°0'0"S

30°0'0"S
RS RS RS

0 500 1000 km 0 500 1000 km 0 500 1000 km

60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W

60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W

CROMATOGRAFIA LÍQUIDA REVISÃO ENTREVISTA


DE ALTA EFICIÊNCIA
RR RR RR
AP AP AP

AM AM AM
PA MA PA MA PA MA
CE CE CE
RN RN RN

PB PB PB
PI PI PI
10°0'0"S

10°0'0"S

10°0'0"S

10°0'0"S
PE PE PE
AC AC AC
AL AL AL
TO SE TO SE TO SE
RO RO RO

BA BA BA
MT MT MT

DF DF DF

GO GO GO
MG MG MG
ES ES ES
MS MS MS

RJ RJ RJ

SP SP SP
PR PR PR

Cromatografia líquida de SC
Revisão (20 artigos) SC Entrevista (10 artigos) SC

alta eficiência (17 artigos)


30°0'0"S

30°0'0"S

30°0'0"S

30°0'0"S
RS RS RS

0 500 1000 km 0 500 1000 km 0 500 1000 km

60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W

60°0'0"W 40°0'0"W

TODAS AS TÉCNICAS

RR
AP

60°0'0"W 40°0'0"W

OUTRAS
AM
PA MA
CE
RR
AP RN

PB
PI
10°0'0"S

10°0'0"S
AM
PE
PA MA
CE
AC
RN
AL
PB TO SE
PI
RO
10°0'0"S

10°0'0"S

PE
AC
AL
TO SE
RO BA
MT
BA MT

DF

GO
DF
MG
ES
MS
GO
RJ
MG
SP
PR
ES
Outras (8 artigos) SC
Cromatografia MS

Camada delgada (1 = 0,9 %)


30°0'0"S

30°0'0"S

RJ
RS

0 500 1000 km Gasosa (49 = 44,1%) SP


PR
60°0'0"W 40°0'0"W Gasosa e líquida (6 = 5,4%)
Líq. de alta eficiência (17 = 15,3%) SC

Revisão (20 = 18,0%)


30°0'0"S

30°0'0"S

Entrevista (10 = 9,0%) RS

Outras (8 = 7,3) 0 500 1000 km

60°0'0"W 40°0'0"W

Figura 4. Distribuição espacial da produção brasileira de artigos relacionados com


resíduos de agrotóxicos por técnica empregada.

226
60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W

ÁGUAS AR CEREAIS
E E E
ALIMENTOS BEBIDAS HORTIFRUTI
RR RR RR
AP AP AP

AM AM AM
PA MA PA MA PA MA
CE CE CE
RN RN RN

PB PB PB
PI PI PI
10°0'0"S

10°0'0"S

10°0'0"S

10°0'0"S
PE PE PE
AC AC AC
AL AL AL
TO SE TO SE TO SE
RO RO RO

BA BA BA
MT MT MT

DF DF DF

GO GO GO
MG MG MG
ES ES ES
MS MS MS

RJ RJ RJ
Águas (23 artigos) SP Ar (1 artigo) SP Cereais (3 artigos) SP

Alimentos (9 artigos) PR
Bebidas (1 artigo)
PR
Hortifruti (32 artigos)
PR

SC SC SC
30°0'0"S

30°0'0"S

30°0'0"S

30°0'0"S
RS RS RS

0 500 1000 km 0 500 1000 km 0 500 1000 km

60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W

60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W

LEITE / DERIVADOS SOLO


E E
SANGUE NÃO ESPECIFICADO
RR RR
AP AP

AM AM
PA MA PA MA
CE CE
RN RN

PB PB
PI PI
10°0'0"S

10°0'0"S
10°0'0"S

10°0'0"S
PE PE
AC AC
AL AL
TO SE TO SE
RO RO

BA BA
MT MT

DF DF

GO GO
MG MG
ES ES
MS MS

RJ RJ

SP SP

Leite / Derivados (9 artigos) PR Solo (4 artigos) PR

Sangue (3 artigos) SC
Não especificado (26 artigos) SC
30°0'0"S

30°0'0"S
30°0'0"S

30°0'0"S
RS RS

0 500 1000 km 0 500 1000 km

60°0'0"W 40°0'0"W 60°0'0"W 40°0'0"W

60°0'0"W 40°0'0"W

TODAS AS APLICAÇÕES

RR
AP

AM
PA MA
CE
RN

PB
PI
10°0'0"S

10°0'0"S

PE
AC
AL
TO SE
RO

BA
MT

DF

Águas (23 =20,7%) GO

Alimentos (9 = 8,1%) MG
ES
Ar (1 = 0,9%) MS

Bebidas (1 = 0,9%) RJ

Cereais (3 = 2,7%) SP
PR
Hortifruti (32 = 28,9%)
Leite / Derivados (9 = 8,1%) SC
30°0'0"S

Sangue (3 = 2,7%)
30°0'0"S

Solo (4 = 3,6) RS

Não especificado (26 = 23,4%) 0 500 1000 km

60°0'0"W 40°0'0"W

Figura 5. Distribuição espacial da produção brasileira de artigos relacionados com


resíduos de agrotóxicos por aplicação.

227
ARTIGOS PUBLICADOS POR REGIÃO DO BRASIL

5,4
8,1 Centro-Oeste
26,1 0,9
Nordeste

Norte

Sudeste
59,5
Sul

Figura 6. Distribuição relativa de artigos relacionados com resíduos de agrotóxicos


publicados por região do Brasil.

4 Conclusões

Nas condições em que os estudos foram conduzidos, a análise dos resultados


permitiu apresentar as seguintes conclusões:
 A produção de artigos relacionados com resíduos de agrotóxicos é recente, mas
demonstra grande potencial de desenvolvimento pela expressiva participação de
várias instituições.
 A maior frequência das técnicas para análise de resíduos de agrotóxicos refere-se a
cromatografia gasosa com 44,1%.
 Para todas as técnicas cromatográficas, as aplicações com maior destaque foram
para hortifuti (23,4%), seguidas de águas (17,1%) e alimentos (8,1%).
 Atualmente, a maior produção de pesquisa brasileira de artigos relacionados com
resíduos de agrotóxicos está concentrada em instituições da região Sudeste e Sul do
País, correspondendo ao total de 85,6%.

5 Referências bibliográficas

RODRIGUES, N.R. Agrotoxicos: Analises de Residuos e Monitoramento. Disponível em: <http://www.multiciencia.unicamp.


br/artigos_07/a_09_7.pdf>. Acesso em mar. 2012.
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ENVIRONMENTAL SYSTEMS RESEARCH INSTITUTE (ESRI). ArcGIS Professional GIS for the desktop, versão 10.0,
Estados Unidos, 2010.

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