Você está na página 1de 1

Vinagre

Quem beber do meu cálice vai morrer de amor, pois o amor é que
nos traga e infunde em nós o amargor e doçura dados pelo prazer e
pela dor.
Quem chorou por amor já bebeu do meu cálice e se não morreu
ainda, o fez no silencio, eis ai o carrasco e, corta o chicote da
covardia.
Quem ouviu aquelas canções que nos remetem ao que não
possuímos mais, porque já se foram, ou então por aquelas que não
vieram ainda, também bebeu do meu cálice, e se o peito ao
comprimir-se expulsou as lágrimas do sofrido esforço de ter
esperança, sorveu deste cálice.
Quem esteve triste e alegre pelo amor ideal, bebeu do vinho da
ilusão, torpe e pronto para mais um gole, antes que chore
novamente, beberá mais uma vez no meu cálice.
Quem na espera se alimenta de algo mais, o faz no graal do
tempo e faz porque quer. Não sabe o lugar, o nome, sofre e absorve
com lentidão e com essa mesma lentidão vai morrendo.
Quem beber do meu cálice não poderá reclamar, pois escolheu o
metal que acolhe o líquido-sangue dos amantes.
Quem beber do meu cálice; cale-se e sorva!
24/06/06
Warley Portugal

Você também pode gostar