PRÊMIO COSTA NUNES – BIÊNIO 2006-2007

INFORMAÇÕES GERAIS:

TESE 10: DOUTORADO – D.Sc. AUTOR: André Pereira Lima

TÍTULO: “Comportamento de uma Escavação Grampeada em Solo Residual de Gnaisse”

INSTITUIÇÃO: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

DATA DA DEFESA: 17 de Abril de 2007

ORIENTADORES: Prof. Alberto de Sampaio Ferraz Jardim Sayão (PUC-Rio)

Profa Anna Laura Lopes da Silva Nunes (COPPE-UFRJ)

BANCA EXAMINADORA: Prof. Alberto de Sampaio Ferraz Jardim Sayão (PUC-Rio)

Profa Anna Laura Lopes da Silva Nunes (COPPE-UFRJ)
Prof. Waldemar Coelho Hachich (Escola Politécnica da USP)
Dr. Leandro de Moura Costa Filho (LPS; UFF)
Prof. Pedricto Rocha Filho (PUC-Rio)
Prof. Sérgio Augusto Barreto da Fontoura (PUC-Rio)

CURRÍCULO RESUMIDO DO AUTOR DA TESE:

André Pereira Lima:

Engenheiro Civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 1999, com formação
específica na área de Fundações e Estruturas. Cursou o Mestrado em Engenharia Civil
(Geotecnia) na PUC-Rio no biênio 2000-2002, sendo bolsista CAPES. Na ocasião desenvolveu
sua pesquisa sobre modelagem numérica de escavações grampeadas, apresentando conclusões
sobre o comportamento tensão-deformação de taludes reforçados com grampos. Em 2002,
ingressou no curso de Doutorado em Engenharia Civil (Geotecnia) da PUC-Rio, atuando na área
de Geotecnia Experimental e Geomecânica Computacional, com bolsa do CNPq. Defendeu a tese
de doutorado em 2007 sobre o comportamento de uma escavação grampeada em solo residual
de gnaisse. A pesquisa envolveu um detalhado programa de monitoramento geotécnico do maciço
reforçado e de ensaios de laboratório. Apresentou conclusões sobre o comportamento e a
metodologia de dimensionamento de escavações grampeadas.
É professor de Mecânica dos Solos I e II no curso de Engenharia Civil da Universidade Veiga de
Almeida (UVA) desde 2005. Na UVA, orientou 07 trabalhos de final de curso e participou de 34
bancas de monografia. Lecionou Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações no curso de
tecnólogo da Universidade Estácio de Sá entre 2005 e 2007. Publicou cerca de 16 artigos em
congressos no Brasil e no exterior, e tem participado de eventos nacionais e internacionais
relacionados à Geotecnia. Em 2005, foi indicado pela ABMS como representante da delegação
brasileira no 3o Congresso Internacional para Jovens Engenheiros Geotécnicos (3rd iYGEC), em
Osaka, onde apresentou artigo sobre solo grampeado em sessão técnica no evento. É sócio
representativo da ABMS e foi tesoureiro do Núcleo Rio de Janeiro, nos dois últimos biênios (2003
a 2006). Colaborou como engenheiro civil em diversos projetos no período entre 1999 e 2006,
prestando serviços de consultoria para diversas empresas, tais como LPS, SEEL, MAGNA,
CERNE, SALCONSULT, entre outras. Atualmente é sócio-diretor da empresa GEOINFRA
ENGENHARIA, a qual desenvolve projetos e consultoria geotécnica em PCHs, Fundações, Obras
de Terra, Rejeitos, Pavimentação, etc. Atua como engenheiro-geotécnico no Departamento de
Geologia e Geotecnia da empresa MEK ENGENHARIA desde 2007.

ABMS: Av. Prof. Almeida Prado, 532 - IPT - Prédio 54 - São Paulo, SP, Brasil, CEP: 05508-901
Telefax: (11) 3768-7325 E-mail: abms@abms.com.br Website: www.abms.com.br
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RESUMO DA TESE:

TÍTULO: “Comportamento de uma Escavação Grampeada em Solo Residual de Gnaisse”

AUTOR: André Pereira Lima

1. OBJETIVOS:
No Brasil, o desenvolvimento da técnica de solo grampeado tem sido acelerado, em
especial nos últimos 10 anos, devido às vantagens de custo e prazo. No entanto, são pouco
freqüentes as obras de solo grampeado com algum tipo de instrumentação. Esta carência de
dados de instrumentação dificulta o conhecimento sobre as deformações inerentes à técnica e
sobre os mecanismos de interação solo-grampo, durante as fases de execução e de serviço.
Desta forma, o objetivo desta pesquisa de doutoramento foi contribuir para o entendimento
da técnica de solo grampeado executada em solos tropicais. Para atender a este objetivo, foi
avaliado o comportamento de uma escavação grampeada de grande altura em solo residual de
gnaisse, com base em um programa de monitoramento geotécnico no campo e em um programa
experimental no laboratório.
A obra em questão localiza-se na praia de Boa Viagem, no município de Niterói (RJ).
Trata-se de uma escavação grampeada, com cerca de 40m de altura e 50m de extensão, para
implantação de prédio residencial com 10 pavimentos tipo. A concepção do projeto e a execução
da obra foram realizadas pela empresa SEEL – Serviços Especiais de Engenharia Ltda. A Figura
01 ilustra diferentes etapas da obra de escavação grampeada, que teve início em Outubro de
2003 e término em Agosto de 2004.

(a) Vista geral da obra em 07/07/2004

Obra estudada

(b) Obra terminada - 05/05/2005 (c) Início da construção do edifício - 03/06/2005

Figura 01 - Fases da obra

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2. METODOLOGIA:
O monitoramento geotécnico da obra foi realizado com a implementação de um programa
de instrumentação do maciço grampeado. A instrumentação empregada teve por objetivo a
observação do comportamento da escavação em solo grampeado durante a fase de execução,
bem como após o término da obra. Para alcançar este objetivo foram medidos os deslocamentos
horizontais do talude grampeado com a profundidade e em pontos fixos do maciço, com a
utilização de inclinômetros e alongâmetros (“tell tales”), respectivamente. Durante as sucessivas
fases de execução, foram também calculados os esforços axiais e os momentos fletores em
grampos pré-definidos, por meio de leituras fornecidas por extensômetros elétricos (“strain-
gauges”) colados diretamente nos grampos.
O programa de monitoramento estendeu-se até Agosto de 2006. A concepção da
instrumentação definiu uma seção-tipo no terço central do comprimento da escavação. Esta seção
foi delimitada por duas colunas (A e B) de grampos instrumentados, distantes cerca de 4m entre
si. Em cada uma das colunas, foram colados “strain-gauges” em barras de aço das faces C e G,
para a medição de deformações e estimativa de esforços axiais e momentos fletores no elemento
de reforço. A seção-tipo recebeu ainda 2 verticais de inclinômetros e 6 caixas com 4 “tell tales”
cada, instalados nas faces C e G, para avaliação dos deslocamentos horizontais na massa de
solo grampeado. Durante a obra, foram registrados, por dia, mais de 100 dados da
instrumentação, a partir dos 87 extensômetros elétricos, 02 inclinômetros e 24 alongâmetros (“tell
tales”). A Figura 02 ilustra a seção-tipo de instrumentação, onde são apresentados os
instrumentos utilizados e os grampos instrumentados.

Figura 02. Seção-tipo instrumentada com grampos com “strain-gauges” (Cii e Gii), “tell tales” (Cx.
“Tell Tale” i) e inclinômetros (I1 e I2).

Adicionalmente ao programa de instrumentação do maciço foi realizada uma campanha de

ensaios de laboratório para caracterização completa e a determinação dos parâmetros de
resistência e deformabilidade dos solos constituintes do talude grampeado. Os resultados obtidos
serviram de subsídio para a interpretação da instrumentação geotécnica de campo e o
entendimento do comportamento tensão-deformação-resistência da massa de solo grampeado

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por meio de análises numéricas. Foram realizados 8 conjuntos de ensaios de caracterização

(granulometria, densidade dos Grãos e limites de consistência), 15 ensaios de cisalhamento direto
(em corpos de prova submersos e na umidade natural), 26 ensaios triaxiais CID (carregamento
axial) e CID-E (descarregamento lateral), em corpos de prova saturados e na umidade natural, 2
ensaios de compressão confinada e 2 determinações de curva característica. Todos os ensaios
foram realizados em corpos de prova moldados a partir de blocos indeformados, coletados em
cotas previamente definidas no maciço.

3. PRINCIPAIS CONCLUSÕES:
A pesquisa teve por objetivo a análise de uma escavação em solo residual, reforçada com
grampos. A escavação grampeada, com cerca de 40m de altura, foi uma experiência recorde no
país e talvez no mundo. Devido a esta altura, os grampos na região superior do maciço foram
instalados com comprimentos de até 24m.
O desempenho da instrumentação e monitoramento geotécnico da escavação grampeada
foi considerado adequado. Os deslocamentos indicados pelos inclinômetros e “tell-tales”
possibilitaram o controle da movimentação do maciço com eficiência. Apesar das limitações
referentes à confiabilidade das leituras fornecidas pelos “tell-tales”, é possível monitorar (por um
custo menor e instalação mais simples que do inclinômetro) a movimentação do maciço durante
toda a fase construtiva. A interpretação rápida e atenta dos resultados dos “tell tales” contribuiu
para a segurança da obra, pois medidas preventivas foram tomadas quando se observou um
aumento significativo nos deslocamentos com o avanço da escavação.
O comportamento do talude foi influenciado de forma significativa pelo processo executivo
e por uma outra escavação no terreno adjacente. Esta escavação promoveu mudanças no padrão
de movimentação do talude, com aumento dos deslocamentos e mobilização dos grampos
inferiores da obra. O processo de infiltração de água no talude, decorrente de um período de
chuvas intensas, pouco influenciou os movimentos do maciço e a mobilização da tração nos
grampos.
O monitoramento indicou que os deslocamentos do maciço e os esforços nos grampos
cresceram significativamente com o avanço da escavação e não cessaram ao final da obra.
Os grampos trabalharam predominantemente à tração, com momentos fletores pouco
significativos. Os valores de tração estimados na fase de projeto diferiram dos resultados obtidos
na instrumentação, com diferenças de até 158% após 18 meses de monitoramento. A distribuição
dos esforços de tração foi influenciada pelas características geológicas do maciço
(descontinuidades litológicas ao longo do grampo). A distribuição de tensões obtida pela
instrumentação tinha forma variável, em contraste com a proposição da FWHA e das análises em
equilíbrio limite, que consideram distribuição trapezoidal e retangular, respectivamente.
A tração máxima nos reforços (Fmáx) teve uma posição variando com a profundidade e a
inclinação do talude, e uma magnitude aumentando exponencialmente com o avanço da
escavação. Em termos práticos, a força axial máxima observada no talude (em serviço) pode ser
estimada pela seguinte relação: Fmáx = 0,30 . KA . γ . z. sh . sv.
A contribuição de cada grampo, para a estabilidade global do maciço, varia conforme a
posição e o comprimento do reforço. A maior contribuição ao equilíbrio da massa foi fornecida
pelos grampos superiores, mais longos.
A magnitude da força de tração na face - Fo (no final da escavação) é maior nos grampos
da face inferior, cuja inclinação é mais acentuada (β = 85o). A relação Fo / Fmáx varia com a
profundidade normalizada pela altura total da escavação (z / H). A magnitude de Fo oscilou entre
0,3 a 0,6 de Fmáx.
No final da construção, as tensões cisalhantes no contato solo-grampo, registradas pela
instrumentação, foram inferiores a 25% do valor de qs no projeto. Após o término da escavação e
o início da obra adjacente, o valor da tensão cisalhante solo-grampo foi menor que 35% do valor
de qs medido em ensaios de campo.
Os dados da instrumentação indicaram a necessidade de adoção de medidas corretivas
durante a construção. Escavação em bancadas e aplicação de uma carga de “incorporação” em
alguns grampos foram procedimentos eficientes no controle do comportamento do maciço,
reduzirndo significativamente a velocidade dos deslocamentos e a mobilização dos grampos.

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