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A) VIOLÊNCIA POLÍTICA

1. Três formas de manifestação de Violência Política: Terrorismo,


Revolução e Golpe de Estado.

Terrorismo - é uma forma de acção política que combate o poder estabelecido


mediante o emprego da violência, [ CITATION Fer04 \l 1033 ]1.
O terrorismo de per se não é nada novo; na realidade, teorizadores encontraram a
origem do conceito no século XVIII, quando foi popularizado durante a Revolução
Francesa. De acordo com o suplemento do Dictionnaire de Académie Française de
1798, as palavras terrorismo e terrorista originam do ‘régime de la terreur ', um
período da história francesa que seguiu à tomada da Bastilha e as insurreições de 1789, [
CITATION Pet06 \l 1033 ]. Neste período de Terror na França, a sustentação de um
regime se deveu à pura e simples eliminação de todos os suspeitos e a um estado de
guerra total (em sua primeira aparição) e pânico de massas.

A Revolução é a transformação radical e, regra geral, violenta, de uma estrutura


política, económica e social. (ibid.)
A Revolução é a tentativa, acompanhada do uso da violência, de derrubar as
autoridades políticas existentes e de as substituir, a fim de efectuar profundas mudanças
nas relações políticas, no ordenamento jurídico-constitucional e na esfera
socioeconómica. (Bobbio et al., 1998: 1121).
A violência revolucionária pode ser considerada uma variação da política; envolve a
ruptura (obviamente instantânea e intensa, e necessariamente perene) de uma situação
social, como nos casos específicos da Revolução Russa de 1917 ou da Revolução
Francesa de 1789.

Golpe de Estado - é a tomada repentina e forçada do poder político através de


recurso a acções ilegais e inconstitucionais. Geralmente, estas tomadas do poder são
desencadeadas por militares ou com a ajuda destes, e a violência está sempre presente,
embora limitada nalguns casos. Diferem-se das revoluções em dois aspectos, o primeiro
é que não envolvem acções políticas de massas, os principais actores são pequenos
grupos provenientes de instituições do Estado; segundo porque tentam substituir o
governo na liderança e não se preocupam necessariamente em provocar uma mudança

1
Dicionário Electrónico
social ou no regime político. Das causas do Golpe de Estado, podemos destacar as
seguintes: atraso económico; erosão da legitimidade das lideranças civis; conflito entre
militares e governo; contexto internacional favorável.

2. O Patrimonialismo e o Neopatrimonialismo no contexto do modelo de


autoridade de Max Weber: o Patrimonialismo e o Neopatrimonialismo têm como
característica o uso de recursos públicos em domínios privados dos dirigentes do
Estado. Max Weber oferece um quadro de análise, onde podemos enquadrar estas duas
figuras, no poder tradicional, que é a atribuição do poder a um indivíduo com base na
fidelidade tradicional (crenças e mitos). Em África o poder manifesta-se nas três
categorias de Weber, mas quando se fala de Neopatrimonialismo, estamos perante casos
inconstitucionais, visto que a maioria dos países africanos têm um poder legal-racional
(ainda no quadro de Weber, referindo-se a regras burocráticas previamente
estabelecidas para a atribuição do poder político).

3.
a) Funções das Forças Armadas de Portugal: garantir a independência nacional, a
unidade do estado e a integridade territorial; cabe também a satisfação dos
compromissos internacionais do Estado português; missões de protecção civil2.
A Força de Segurança Pública de Portugal, chamada Polícia de Segurança Pública
(PSP) tem as funcoes de garantir a segurança interna, defender a legalidade democrática
e garantir os direitos dos cidadãos.3
A Segurança do Estado deve produzir informações de segurança para apoio a tomada
de decisões do executivo; Recolher, Processar e difundir informações no quadro da
segurança Interna, nos domínios de sabotagem, terrorismo, espionagem e outras.4

b) Funções das Forcas Armadas do Moçambique: de uma maneira geral, as


funções emanadas na CRM, são defender as instituições, servir o povo, defender a
independência, a soberania e a integridade territorial. Quando se fala de servir o povo,
somos remetidos às cheias do ano 2000, na região sul de Moçambique em que os
militares mostraram um forte cometimento com a preocupação de toda a Nação perante
aquele desastre natural.

2
www.mdn.gov.pt/mdn/pt/Defesa/fa/
3
www.psp.pt/pages/apsp/quemsomos.aspx?menu=1&submenu=1
4
www.sis.pt/missao.html
A PRM tem a função de garantia da ordem pública e segurança, o respeito pelo Estado
de Direito e estrita observância dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.5

O SISE – Serviços de Informação e Segurança do Estado – tem a responsabilidade de


recolha, pesquisa, produção, análise e avaliação de informações úteis à segurança do
estado, prevenção de atentados contra a Constituição, contra o funcionamento dos
órgãos do poder do Estado e ao combate das actividades de espionagem, terrorismo e
sabotagem.6

c) 2 Aspectos comuns entre as Forças Armadas de Defesa e Segurança em


Moçambique: garantir independência; garantir a unidade Nacional.

2 Aspectos diferentes: Portugal possui órgãos culturais e científicos; envolvimento


em tarefas relacionadas com satisfação de necessidades básicas das populações;

4. A accountability, que é necessária nas Forcas Policiais por um lado, para a


implementação de estratégias como a organização de forcas profissionais baseadas
numa hierarquia burocrática, por outro lado a ideia de que a actividade de manutenção
de ordem através da capacidade de coerção pode fazer cumprir a lei, é governada por
pressupostos legais. A consequência do reforço sistemático desta regra é a tendência ao
desenvolvimento da tradição do uso de força mínima na resolução dos conflitos,
balizada por um princípio de neutralidade política para informar a acção.[ CITATION
Edu07 \l 1033 ]. Nas Forças Policiais portanto, a aplicação da accountability, pode ser
feita através da disciplina militar na consciência de cada membro da organização,
existência de voluntários pagos (como no caso da Guarda Nacional e das Guardas
Municipais Permanentes, no Brasil, no séc. XIX), uniformizados, submetidos a
hierarquia e não sujeitos a castigo corporal, (ibid.: 7). Outra estratégia é a selecção de
pessoas certas para a organização, tanto para proteger o agente dos perigos vindos da
sociedade que protege, quanto proteger o Estado dos perigos que a organização pode
representar.

5
Lei 19/92
6
www.pdgs.org.ar/archivo/d000009a.html
5. O conceito de acção dissimulação consiste nas ideias da máxima perfeição do
trabalho de inteligência, seja qual for, induzir o adversário (alvo) a conduzir suas acções
de acordo com o nosso interesse julgando que isto é o que realmente lhe será útil e em
nenhum momento reconhecendo que foi induzido a actuar em proveito do “inimigo”.
Sempre se busca não revelar ao inimigo as verdadeiras intenções, deixando-o em dúvida
sobre onde, como e quando se desencadeará a acção principal e decisiva (dissimulação
táctica). Isto é feito através de fintas, em que se faz um movimento limitado em um
local, visando atrair para lá o maior poder do adversário, enquanto a acção decisiva se
fará em outro lugar, que estará enfraquecido.[ CITATION Sér10 \l 1033 ]

6. Relações civis-militares
a) Fundamentalmente as Forças Armadas na vida pública são:
 Instrumento da guerra – controle armamento e o poder coercivo substancial,
para defender os objectivos do Estado;
 Garante da ordem doméstica e externa – através do domínio avançado dos
meios coercivos, servem de recurso de último nível para o Estado;
 Grupo de interesse – As FA têm instituições próprias, no entanto devem
obediência aos políticos; podem influenciar na formulação de políticas;

 Alternativa à governação – Devido ao seu estatuto especial como garante da


ordem interna e internacional, as FA podem servir de alternativa de
governação em casos de ausência de poder.

b) Os mecanismos de funcionamento circunscrevem-se na ideia de que os militares


devem obediência aos políticos e tem as seguintes variações:

 Objectiva/Liberal: Subordinam-se formalmente a liderança política; prestam


contas à autoridades civis; não participam directamente na formulação de
políticas, sendo esta tarefa da responsabilidade dos políticos (Parlamento);
Militares apenas podem aconselhar e implementar as decisões da política.

 Subjectiva/penetração: Os valores e ideias dos líderes são cruciais na


governação; ausência de objectividade devido a compenetração mútua entre
civis e militares; há cumplicidade mútua entre civis e militares;
c) Em Moçambique, o assunto sobre o envolvimento de militares remonta a duas
situações: a primeira é a da Guerra Civil em que as Forças Armadas lutaram contra a
Renamo, um movimento interno de guerrilha; a segunda é (mais uma vez) a das cheias
do ano 2000 na região Sul, em que os militares foram bastante activos nas operações de
resgate das vítimas. O facto de Moçambique ser um país politicamente estável e
também em termos de calamidades naturais não haver muita actividade e nem de
grandes dimensões, deixa os militares muito distantes da vida pública, visto também que
vivem em regime de aquartelamento; outro aspecto importante a notar é o facto de a
Constituição da República de Moçambique atribuir o comando das FA ao Presidente da
República na qualidade de Comandante-Chefe das forças de defesa do estado, (art.
266, 4 CRM).

B) ESTRATÉGIA
a) Cinco (5) factores de Estratégia: condições geográficas, condições económicas e
políticas, potencialidades intelectuais, estado de desenvolvimento da Nação e
capacidades de uso dos recursos do país.
As condições geográficas constituem factor de Estratégia à medida que podem
determinar como o poder militar, por exemplo, pode realizar suas manobras no terreno.
Os acidentes geográficos podem ser oportunidades ou ameaças, por isso devem ser
objecto dos estudos de estratégia.
As condições económicas e políticas, também tem a sua participação na formulação
da estratégia, pois o poder político que detém o monopólio dos recursos do Estado usa
estes recursos para a prossecução dos fins delineados. Assim, as condições económicas
e políticas determinam o grau de exploração dos recursos tanto a nível interno quanto a
nível externo.
As potencialidades intelectuais são o motor subjectivo da estratégia, tanto na
formulação quanto na implementação, o que significa que os Estudos de Estratégia
devem sempre contar com a massa pensante do círculo do poder político para a
estratégia.
Sobre o Estado de desenvolvimento da nação a ideia é que as Estratégias devem
verificar o desenvolvimento da Nação para considerar os valores desta mesma nação. A
observação dos valores pelos Estudos de Estratégia, favorecem uma recepção positiva
da estratégia, pela sociedade
Também as capacidades de uso dos recursos do país são factores de estratégia,
devido ao importante papel que os recursos jogam na estratégia. Assume-se que a
estratégia é sobre meios (meios para alcançar fins). Não se pode tratar de uma estratégia
sem se falar da capacidade de uso dos meios, é preciso saber se existe ou não a
capacidade de usar os recursos do país em benefício do mesmo.

b) Cinco campos de incidência de Estudos de Estratégia: Área Militar; Área


Empresarial; Governação Política; Actores Estatais; Actores Não-Estatais.

C) IDENTIDADE
1.
Teoria essencialista – diz que a identidade é estritamente ligada à pessoa humana,
sendo que esta ligação é estabelecida de forma vernácula; as diferenças são uma
condição para a existência de conflitos.
Teoria instrumentalista – discute na perspectiva de conflito e diz que só se a
identidade for instrumentalizada é que constitui fonte de conflito; uma
instrumentalização por uma mão externa.
Teoria construtivista – as identidades são socialmente construídas como também
os conflitos são construídos socialmente.

De uma maneira geral, percebe-se que a teoria essencialista nega a ideia de


socialização na formação da identidade.
Outra ideia é que as pessoas podem ter uma multiplicidade de identidades, o que
também pode diminuir os conflitos provenientes da diferenciação entre os seres
humanos.

2.
a) A medição da privação relativa tem três categorias: Privação Relativa
Descendente, Privação relativa Ascendente e Privação Relativa Progressiva. A
descendente é o resultado do declínio da capacidade de sobrevivência de um dado
grupo, devido a factores como guerra, fome, o que enfraquece a capacidade do Governo
de provisão e incentiva a rebeldia. A Ascendente vem do aumento do nível da
expectativa enquanto a capacidade é estática ou tende a decrescer. Já a Privação
Relativa progressiva ocorre quando a capacidade de um grupo chega a um ponto fixo
depois de um período de rápida subida das mesmas ou das expectativas do grupo.

3. Evolução dos conceitos de “identidade nacional” e “unidade nacional”:


Quando falamos de identidade nacional somos remetidos a um quadro que de
maneira geral compreende, línguas, hábitos e costumes, falares, etnias, modo de vestir,
culinária, sentimentos, valores, literatura, dança, canto, olhares, etc. O que se pretende
dizer é que a identidade nacional é construída com base nestes aspectos. Pela
apresentação destes sinais num indivíduo pode ser identificada a sua nacionalidade.
A unidade nacional é bem mais complexa, para além de que é uma meta difícil de
alcançar, principalmente em países africanos. Para alcança-la é necessária a consciência
da identidade nacional.
Os conceitos podem mudar de acordo com o contexto/conjuntura. Em
Moçambique, a identidade já foi construída pelo elemento central que era a luta contra o
colonialismo (uma espécie de irredentismo) e opressão. Esta identidade favoreceu a
consolidação da unidade nacional, com a união de 3 movimentos que lutavam pela
independência do país. Hoje a luta pela independência constitui também um factor
identitário, mas num contexto histórico, isto é, a história é que é o factor. Entretanto, na
conjuntura contemporânea, a identidade nacional é formada pela luta contra a pobreza,
para além de outros elementos como a atleta Lurdes Mutola, por exemplo. A unidade
nacional por sua vez, é alicerçada por estes factores todos, tanto históricos como os
contemporâneos.

4. No contexto da relação entre a identidade nacional e a política externa é


importante dizer que a primeira, tem a ver com valores, é consolidada internamente e
que não é exclusiva às elites dirigentes do Estado, isto é, pode-se manifestar em todos
cidadãos nacionais ou simplesmente que habitam no território nacional. A Política
externa, como se sabe compreende a acção de um Estado no exterior. Esta acção várias
vezes reflecte a identidade nacional (exemplo: a luta dos EUA contra o terrorismo
internacional).

5. Em Moçambique as Forças Armadas desempenham papel de protector do país


contra ameaças externas como no caso da Guerra Civil; protege os valores sociais e a
identidade nacional de ameaças externas, ameaçando usar ou usando a força. A
preparação militar fortalece o espírito patriótico nos indivíduos militares e nas poucas
intervenções com a sociedade em Moçambique as FA transmitem este espírito nos
jovens e a sua importância.

6. No contexto da identidade, desenvolvimento e segurança, podemos verificar


características positivas e negativas. Positivas – a identidade favorece a criação de
alianças, pois através da diferenciação, são formados grupos, cujos membros têm
características identitárias comuns, o que também favorece o desenvolvimento sabendo
que nenhuma nação pode progredir como uma ilha por excelência; Negativas – a
identidade pode contribuir para a instabilidade ou insegurança de um Estado ou região,
visto que a identidade pode ser a causa de um determinado conflito, isto é, as diferenças
de identidade criam ambiente propício para o conflito.
REFERÊNCIAS

Batitucci, E., Ribeiro, L., & Cruz, M. (2007). Accountability, Legitimidade e Controle
nas Organizações Policiais Brasileiras: uma reflexão sócio-histórica. Brasil:
http:/comunidadesegura.com/files/accountabilitylegitimidadecontrole.pdf.

Bobbio, N., Mateucci, N., & Pasquino, G. (1998). Dicionário de Política (11ª ed., Vol.
1). (C. C. Varriale, G. L. Mônaco, J. Ferreira, L. G. Cacais, & R. Dini, Trads.) Editora
Universidade de Brasília.

Conforto, S. (2010). A Dissimulação Estratégica. Brasil:


http:/www.faap.br/cemgn/clippings/pdf/revista_qualimetria_223.pdf.

Constituição da República de Moçambique. (2004). Escolar Editora.

Ferreira, A. B. (2004). Novo Dicionário Electrónico Aurélio versão 5.0. (M. d. Anjos,
& M. B. Ferreira, Edits.) São Paulo: Editora Positivo Informática.

Gastrow, P., & Hübschle, A. (2006). African Perspectives on International Terrorism


Discourse. Institute for Security Studies.

Outras fontes
www.mdn.gov.pt/mdn/pt/Defesa/fa/ www.psp.pt/pages/apsp/quemsomos.aspx?
menu=1&submenu=1
www.sis.pt/missao.html
www.pdgs.org.ar/archivo/d000009a.html

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