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Relés

O relé é um dispositivo elétrico destinado a produzir modificações súbitas e predeterminadas


em um ou mais circuitos elétricos de saída, quando alcançadas determinadas condições no
circuito de entrada, que controla o dispositivo.

Assim, o relé não possui a função de interromper o circuito principal, mas sim de fazer atuar o
seu sistema de manobra.

Esse equipamento, quando ligado a uma instalação, tem como função permitir o
funcionamento de outros aparelhos conectados ao mesmo ou em outro circuito elétrico que
estejam ligados ao relé, devido a uma alteração nas condições do equipamento pela passagem
da corrente elétrica. Funciona como uma chave automática comutadora que atua pela
alteração de algumas variáveis predeterminadas como temperatura, corrente elétrica, ar e
campo magnético.

Os relés eletromecânicos são utilizados para controlar o fluxo de correntes e são comumente
aplicados em instalações industriais de baixa tensão. Apesar disso, Nicoletti, da Pextron,
ressalta que “existem relés para baixa, média e alta tensão e que é necessário especificar”.

Os relés podem ser encontrados em automação predial, em sistemas de geração, transmissão


e distribuição de energia elétrica, em máquinas e equipamentos em geral. Como esses
equipamentos são componentes construtivos de manobras de motores, é por meio destes que
os relés estão presentes em outros ambientes como residências, comércios e automóveis,
atuando no controle de circuitos elétricos, permitindo a ligação, o desligamento ou a alteração
do circuito dependendo de sua ligação.

Com funcionamento simples, mas de vital importância para a atuação dos equipamentos
elétricos, os relés eletromecânicos, baseados no princípio eletromagnético, são compostos, de
modo geral, por um eletroímã, em forma

de bobina; uma armadura metálica, que possa ser atraída pelo campo magnético criado pelo
eletroímã; uma mola e um conjunto de contatos elétricos, que serão abertos, fechados ou
comutados, conforme a configuração de cada relé.

Quando a corrente elétrica percorre a bobina e dá origem a um campo magnético, a armadura


é atraída por essa força que altera a posição dos contatos, abrindo, fechando ou comutando,
dependendo da posição e do tipo de relé, fazendo o dispositivo atuar. Quando a corrente da
bobina é interrompida, o campo magnético se anula e os contatos, pela ação da mola,
retornam à posição original.

A bobina é o principal componente do relé porque a operação do relé só acontece se

o campo magnético for gerado em torno dela, com a ação de passagem da corrente elétrica,
quando o relé é energizado. Quando o campo é formado, os contatos móveis alteram seu
estado inicial, que são, em geral, normalmente abertos ou normalmente fechados. É comum
ainda que os relés contenham invólucros protetores em volta do conjunto de componentes
dos dispositivos. Além de funcionar como um interruptor eletromecânico que faz a ligação e o
desligamento de dispositivos elétricos, um relé pode ser ligado a dois circuitos diferentes e
fazer a comutação de cargas de um para o outro. Em geral, os relés são usados para
retransmissão de sinais, especialmente os eletromecânicos, que podem ter de um a oito
contatos. ” Já os relés de estado sólido não possuem contatos, conduzem a corrente em
função de um sinal (tensão) na sua entrada”, comenta Guerra.

Tipos

Além de serem eletromagnéticos, de estado sólido ou digitais, os relés podem funcionar


devido a diferentes componentes e assumir, assim, diversos tipos construtivos, mesmo entre
os formatos mais tradicionais, no caso dos eletromecânicos. Além disso, o número de contatos
pode variar bastante. Os tipos mais comuns de relés são os eletromagnéticos, cujo sistema de
funcionamento já foi explicado.

O engenheiro e gerente de marketing de produto da Siemens, Olímpio Correa, relata que os


relés podem ser do tipo que atuam em sobrecorrente (de sobrecarga ou de curto-circuito) ou
relés que atuam diante de uma variação inadmissível de tensão. Segundo ele, “os relés de
sobrecarga, por razões construtivas, podem ser térmicos (quando atuam em função do efeito
Joule sobre sensores bi metálicos) ou eletrônicos (podendo assumir adicionalmente outras
funções, como supervisão dos termistores – componentes semicondutores – ou da corrente de
fuga) ”.

A exemplo dos outros tipos, os relés podem ser construídos com princípio de atuação térmica,
pneumática ou de impulso. Nesse caso, outras variáveis são responsáveis pela operação do
dispositivo. No relé térmico, como citado por

Correa, ao invés de a ação do campo magnético ser a responsável pela operação do aparelho,
é a temperatura que o faz. Quando uma determinada temperatura pré-definida é atingida, o
relé dispara. Essa elevação térmica pode ser provocada, por exemplo, por uma corrente de
sobrecarga ou de curto-circuito. Nesse tipo de dispositivo, o elemento sensor da temperatura
é uma lâmina bi metálica, composta por dois ou mais metais trefilados com diferentes
coeficientes de dilatação. Quando os metais são aquecidos, eles dilatam de maneira diferente
entre si, provocando uma deformação entre as lâminas. Essa deformação faz com que o
bimetal seja curvado, os contatos móveis alteram suas posições iniciais e o relé atua.

Já no pneumático, sua operação é provocada pelo esgotamento do ar, também em um dado


período de tempo, existente no ambiente em que o relé se encontra. Para que o equipamento
opere com o escoamento do ar são utilizados temporizadores para controle ambiente.

Existem ainda os relés de impulso que são uma variação de um relé eletromagnético. Com o
mesmo funcionamento de um dispositivo eletromecânico, o de impulso não necessita que
bobina fique sempre energizada para mudar o estado de seus contatos. Para isso, o
equipamento precisa de apenas um pulso de tensão, pois não é o campo magnético que faz
com que os contatos permaneçam comutados, mas sim a catraca mecânica.

O engenheiro Juarez Guerra explica que as principais aplicações de relés de impulso, que este
ano completa 55 anos de invenção, são em instalações de uso comercial e residencial. “A
aplicação de relés de impulso em outros países em especial na Europa é muito grande. Aqui no
Brasil estamos iniciando a aplicação deste produto principalmente em sistemas de automação
ou pré-automação residencial. ”
55 anos do relé de impulso

“empregamos então muita energia e, naturalmente, um considerável período de estudo e


projeto”, Piero Giordanino, relatando o período anterior à invenção do relé de impulso. O relé
de impulso, também chamado de telerruptor ou relé de passo, foi criado em 1954 pelo italiano
Piero Giordanino, presidente da Finder Componentes. Neste ano, completa 55 anos de criação.
Desde o lançamento do produto, entretanto, o equipamento teve sua construção muito
alterada do original, apesar de manter o princípio de funcionamento.

Giordanino, em entrevista à revista O setor elétrico, contou que, nesses 55 anos, “aconteceu
uma evolução e uma mudança total no nível tecnológico. Os relés atuais série 20, 26 e 27 são
completamente diferentes dos relés que construímos com as primeiras patentes. Surgiram
muitas melhorias ditadas no progresso da tecnologia, da exigência dos usuários, do surgimento
de novas normas e homologações”. O relé de impulso tem o mesmo princípio de
funcionamento de um relé eletromecânico, porém, não precisa que sua bobina fique sempre
energizada para mudar o estado de seus contatos. Para que essa mudança aconteça ele utiliza
apenas um pulso de tensão. Isso é possível porque não é o campo magnético que faz com que
os contatos permaneçam comutados, mas sim a catraca mecânica do dispositivo. Além disso,
permite uma programação variável de operação. Com até dois contatos, pode operar tanto em
corrente contínua quanto em alternada. O diferencial que o relé de impulso trouxe à área de
instalações elétricas na metade do século XX foi ter um “novo tipo de circuito, com ligação
comum interna (jumper), e uma mudança mecânica dos componentes internos do relé através
de uma mola”, relata Giordanino. “Este tipo de inovação mecânica substituiu os velhos relés
que possuíam o mecanismo acionado por gravidade”, conta. Assim, “os instaladores e
eletricistas também passaram a usufruir da grande vantagem de poder instalar o relé em
qualquer posição (primeiramente o funcionamento por ‘gravidade’ obrigava o instalador a
posicionar o relé verticalmente). ” Apesar do lançamento do produto na década de 1950, Piero
comenta que o conceito do relé de impulso já existia antes disso. Mas só depois de muito
tempo de estudo e projeto, o protótipo ganhou forma. Logo no ano do lançamento do relé já
foram iniciados projetos para melhorar o equipamento apresentado. Por isso, o fato de o
produto final ser diferente do original é encarado como um processo de evolução natural. Esse
tipo de relé é muito utilizado no setor civil, em instalações comerciais e residenciais, em
circuitos de iluminação. Podem ser empregados em outros campos, como em alarmes e
acionamento de bombas. Além disso, Giordanino ressalta que, como “não são produtos para
uso tipicamente industrial e então, para qualquer aplicação devem-se respeitar os dados
reportados em catálogo”.

Componentes

Os relés são formados basicamente de um eletroímã, uma armadura, uma mola e um conjunto
de contatos elétricos. A composição, os materiais utilizados e a forma construtiva desses
elementos determinam a eficiência e a atuação do dispositivo. A bobina do relé, por exemplo,
é enrolada com um fio esmaltado. A espessura do fio e o número de são características de
cada relé. De forma geral, nos relés mais sensíveis, nos quais circulam correntes elétricas
baixas, existem milhares de espiras de fios esmaltados muito finos.

A armadura, por sua vez, deve ser de um material metálico que possa ser atraído pelo campo
magnético gerado pela corrente. Em geral, são utilizados materiais ferromagnéticos flexíveis.
Nela, podem ser acopladas articulações e molas para garantir mobilidade à peça. Enquanto
isso, os contatos, que variam de número e disposição de acordo com a aplicação do relé,
devem ser de materiais condutores resistentes para suportarem possíveis altas correntes. É
comum a utilização de materiais como cobre, prata e tungstênio. “O dimensionamento correto
de todos os componentes, material utilizado, como cobre, elastômeros de qualidade, núcleo
de ferro de boa qualidade, assim como material do contato (que podem ser entre outras, de
prata níquel ou prata mais oxido de cádmio) garantem uma boa performance do relé”, explica
Guerra. Esses contatos podem ser de algumas formas diferentes, garantindo aos relés diversas
configurações, que podem ser divididos em três grupos de contatos: contato NA ou
normalmente aberto; contato NF ou normalmente fechado; e contato comum ou central,
também chamado de contato C.

Relés que têm contatos NA são aqueles em que os contatos estão abertos, ou seja, desligados,
quando a bobina não está energizada. No momento em que a corrente elétrica começa a
percorrer a bobina, os contatos se fecham e o relé começa a operar. A utilização de
dispositivos com contatos normalmente abertos é feita quando se quer ligar uma carga
externa a partir da energização da bobina.

Os normalmente fechados, ao contrário, têm seus contatos fechados, ou seja, ligados, quando
o relé está desenergizado. Quando a bobina recebe corrente elétrica, os contatos se abrem e
interrompem a circulação de corrente pela carga externa. Usa-se esse tipo de relé para
desligar uma carga externa ao fazer uma corrente percorrer a bobina do relé.

O central, ou C, é o contato comum dos relés. No momento em que o contato NA fecha, e a


circulação de corrente por ele é interrompida, é com o C que se estabelece a condução
elétrica, da mesma forma pode ser feito com o NF. Esse tipo de contato é comum aos
normalmente fechados e normalmente abertos, por isso, contato C.

Vantagens

Cada dispositivo elétrico deve ser aplicado em uma instalação dimensionada para ele, levando
em conta as características e as peculiaridades de cada circuito. Mas, em termos gerais,
existem algumas vantagens em utilizar relés ao invés

de outros equipamentos elétricos com ação semelhante. Uma dessas é que eles podem ser
energizados com correntes muito pequenas, comparada à corrente que o circuito controlado
utiliza nominalmente. Dessa forma, eles são utilizados para controlar correntes elétricas de
grande intensidade usando uma pequena corrente elétrica. Isso é importante porque em
muitas aplicações o valor de corrente circulante é tão alto que o controle com outros tipos de
dispositivos elétricos ficaria. Essa característica permite que circuitos de altas correntes sejam
controlados diretamente.

Um relé permite ainda que seja acionado mais de um circuito ao mesmo tempo com um único
sinal. Entre outras características do dispositivo, pode-se destacar que os sinais de saída são
isolados e independentes dos sinais de entrada; a tensão da bobina pode ser diferente, muito
menor que a dos contatos; além de poder controlar sinais de corrente contínua por meio de
tensão alternada, assim como o inverso.
Resumo

Diferença entre Relés e contatores

Relés

Os relés são os elementos fundamentais de manobra de cargas elétricas, pois permitem a


combinação de lógicas no comando, bem como a separação dos circuitos de potência e
comando. Os mais simples constituem-se de uma carcaça com cinco terminais. Os terminais
(1) e (2) correspondem a bobina de excitação. O terminal (3) é o de entrada, e os terminais (4)
e (5) correspondem aos contatos normalmente fechado (NF) e normalmente aberto (NA),
respectivamente.

Uma característica importante dos relés, é que a tensão nos terminais (1) e (2) pode ser 5 Vcc,
12 Vcc ou 24 Vcc, enquanto simultaneamente os terminais (3), (4) e (5) podem trabalhar com
110 Vca ou 220 Vca. Ou seja, não há contato físico entre os terminais de acionamento e os de
trabalho.

Contatores:

Para fins didáticos pode-se considerar os contatores como relés expandidos pois o princípio de
funcionamento é similar. Conceituando de forma mais técnica, o contator é um elemento
eletromecânico de comando a distância, com uma única posição de repouso e sem
travamento. O contator consiste basicamente de um núcleo magnético excitado por uma
bobina. Uma parte do núcleo magnético é móvel, e é atraído por forças de ação magnética
quando a bobina é percorrida por corrente e cria um fluxo magnético. Quando não circula
corrente pela bobina de excitação essa parte do núcleo é repelida por ação de molas. Contatos
elétricos são distribuídos solidariamente a esta parte móvel do núcleo, constituindo um
conjunto de contatos móveis. Solidário a carcaça do contator existe um conjunto de contatos
fixos. Cada jogo de contatos fixos e móveis podem ser do tipo normalmente aberto (NA), ou
normalmente fechados (NF).

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