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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

“A Terra: Um dos Maiores Legados da Independência


Nacional”

Intervenção de Sua Excelência Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da


República de Moçambique, por Ocasião da Abertura do Fórum de
Consulta sobre Terras e de Lançamento do Processo de Revisão
da Política sobre Terras em Moçambique.

Maputo, 08 de Novembro de 2017

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Senhor Ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento
Rural;
Senhora Governadora da Cidade de Maputo;
Digníssima Procuradora Geral da República;
Senhores Membros do Conselho de Ministros e Vice-
Ministros;
Senhores Membros do Corpo Diplomático Acreditado na
República de Moçambique;
Senhor Presidente da Comissão da Agricultura,
Desenvolvimento Rural na Assembleia da República;
Senhor Governador da província de Inhambane;
Senhores Membros do Conselho de Reflexão;
Senhores Representantes de Ensino e Investigação;
Senhores Administradores Distritais;
Senhores Representantes das Organizações de Base
Comunitária;
Senhores Presidentes dos Municípios;
Senhores Representantes das Organizações Não
Governamentais;
Senhores Representantes das Organizações Profissionais;
Senhores Representantes do Sector Privado;
Distintos Convidados;
Minhas Senhoras e Meus Senhores!

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Estamos aqui para liderar o processo de participação de diversas
sensibilidades sociais no processo governação do País,
especialmente, no que tange a questões sensíveis, ligadas à gestão
e administração da terra, um dos maiores activos do País.

O Fórum de Consulta sobre Terras é um órgão de consulta do


Governo, integrando diferentes intervenientes no processo de
consolidação do quadro político e legal para o acesso, uso e gestão
da terra.

Esta Nona Sessão do Fórum tem um significado peculiar, pois


coincide com o lançamento do processo de revisão da Política de
Terras, um documento fundamental no quadro da garantia do acesso
e segurança de posse de terra pelos moçambicanos, assim como
pelos investidores nacionais e estrangeiros.

Por isso, felicitamos ao Ministério da Terra, Ambiente e


Desenvolvimento Rural, por fazer coincidir a realização destes dois
importantes actos, numa sessão em que estão presentes os
principais actores que trabalham nas matérias ligadas à terra,
oportunidade que contribuirá para o alinhamento das sensibilidades.

A todos os presentes, endereçamos uma saudação especial, na


expectativa de que a vossa participação seja muito activa e que

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contribua, de forma decisiva, na discussão dos temas agendados
para os dois dias em que estarão aqui reunidos.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

A Nona sessão do Fórum de Consultas sobre TERRAS realiza-se sob o


lema “20 anos da Lei de Terras: Por um quadro legal
inclusivo, transparente e catalisador da produção e
produtividade”, em celebração dos Vinte anos da vigência do
quadro político e legal de terras.

Ao longo destes anos, esta Lei provou que estamos perante uma das
maiores conquistas da independência nacional e da nossa história
legislativa.

Esta lei é um dos instrumentos que preserva a soberania nacional,


protege os direitos das comunidades e contribui para a geração de
renda das famílias moçambicanas.

A Unidade Nacional, a Paz e o Desenvolvimento dos Moçambicanos,


assentam, também, no nosso entendimento colectivo sobre como
gerimos a terra.

Neste ciclo governativo, assumimos a gestão racional da terra como


crucial e nossa prioridade. É daí que a 22 de Abril de 2015,
lançamos, no distrito da Manhiça, na província de Maputo, o
programa Terra Segura.

É este quadro que permitiu que muitos moçambicanos adquirissem o


seu Direito de Uso da Terra, por ocupação de boa fé e que, por via do

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Projecto Terra Segura, hoje, estejam registadas cerca de Quinhentos
Mil ocupações de boa-fé, em Cento e seis Distritos do país. Este
programa, tomado como modelo, irá continuar para todas as
províncias do país.

Ainda sob o espectro do Projecto Terra Segura, Novecentas e


sessenta comunidades foram delimitadas em todo país,
correspondendo a uma área de Dezassete milhões de hectares com
o registo assegurado.

Constatámos, igualmente, uma melhoria no reconhecimento dos


direitos das mulheres à terra, que já perfazem quarenta por cento do
total dos registos de terras. A propriedade da terra deixou de ter o
rosto masculino.

Durante os Vinte anos, atestamos, com júbilo, que demos um salto


qualitativo ao introduzirmos o uso de tecnologia moderna na gestão
de terras assente no Sistema de Informação e Gestão de Terras.

Com este sistema, hoje, é possível informatizar o nosso Cadastro


Nacional de Terras, conferindo maior celeridade e eficácia na
tramitação processual, bem como aumentar a capacidade de
resposta dos serviços aos cidadãos.

A nível provincial, já é possível identificar o usuário da terra, o


processo, o plano de exploração e as taxas de DUAT.

Caros Compatriotas,

Distintos Participantes,

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Neste Fórum, entre diversas matérias agendadas, considerem a
possibilidade de reflectirem sobre a promoção do investimento
privado, utilizando a terra de forma sustentável e rentável,
salvaguardando, porém, a lei e os interesses das comunidades.

Há, igualmente, uma necessidade de debaterem sobre como


aperfeiçoar o sistema tributário baseado na ocupação e no uso da
terra, de modo a conferir maior robustez à máquina administrativa
da terra.

Urge apresentarem propostas que contribuam para inverter o


crescente nível de conflitos de terra, de reduzir os níveis de
ociosidade no uso da mesma, assim como mecanismos para um
melhor planeamento e ordenamento do nosso território.

Não menos importante, é a nossa expectativa de que a Nona Sessão


do Fórum de Consulta sobre Terras construa os caminhos, com vista
a tornar a nossa Política Nacional de Terras um instrumento actual,
inclusivo, transparente e catalisador do desenvolvimento.

Olhando para a qualidade desta platéia, que integra académicos,


camponeses, pequenos agricultores comerciais e industriais,
Sociedade Civil, entre outros, estamos certos de que o fórum irá
produzir um debate aberto, contributivo e consequente, visando um
desenvolvimento sustentável de Moçambique.

Ilustres Membros do Fórum de Consulta sobre Terras,

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Distintos Convidados,

Após cerca de Dez anos da Luta contra a invasão e dominação


colonial, destemidos filhos desta nação ousaram lutar pela sua mãe
pátria, o que culminou com a libertação dos homens e da terra em
1975. E porque havia necessidade de regular os termos do uso e
aproveitamento dessa Terra, em 1979, o País criou sua primeira Lei
de Terras (a Lei, 6/79 de 3 de Julho). A experiência na aplicação
desta Lei mostrou que havia necessidade de adequá-la à nova
realidade. É nestes termos que, em 1997, foi aprovada a actual Lei
de Terras que, diga-se, e nós temos orgulho de afirmar, é uma das
melhores leis de terra que existe ao nível do mundo.

Assim, hoje e amanhã, os Membros do Fórum de Consulta sobre


Terras têm a oportunidade de dar a sua prestimosa contribuição na
revisão da Política de Terras, assim como de outras matérias ligadas
a terras, para tornar o quadro político e legal de gestão de terras
mais robusto e actual.

Tendo em conta que a terra é um dos maiores legados da


Independência Nacional, a nossa principal recomendação é:
Nas vossas discussões deve haver respeito do postulado
constitucional segundo o qual “a terra é propriedade do
Estado, que não deve ser vendida, ou por qualquer outra
forma alienada, nem hipotecada ou penhorada”.

Ao agirmos assim, para além de estarmos a contribuir para o


desenvolvimento sustentável do País, estaremos a valorizar uma das
mais valiosas heranças deixadas pelos jovens libertadores da Pátria.

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Aliás, é a razão por que as novas gerações ainda encontram terra
para usarem em seu benefício.

Ao Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural,


recomendamos que garantam uma discussão aberta, sem
preconceitos, assumindo o papel de equilíbrio e de reconciliação das
diversas abordagens que forem surgindo, por forma que todas as
decisões sejam assumidas por todos. Respeitem as opiniões dos
painelistas e de cada um dos intervenientes, mas saibam defender o
que nos une como moçambicanos.

Este encontro é um passo importante para a operacionalização de


todas as acções de seguimento.

Com estas palavras, caros participantes, tenho a honra de


declarar aberto o Nono Fórum de Consulta sobre Terras,
assim como lançado o processo para a revisão da Política de
Terras.

Muito obrigado pela atenção dispensada!

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