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Foi publicada no passado dia 26 de Fevereiro

a Lei n.º 22/2013, de 26 de Fevereiro que


estabelece o estatuto do administrador
judicial e, consequentemente, revoga a
Lei n.º 32/2004, de 22 de Julho, alterada
pela lei n.º 34/2009, de 14 de Julho e pelo
Decreto-Lei n.º 282/2007, de 7 de Agosto,
que estabelecia o estatuto do administrador
de insolvência.
A presente lei entra em vigor 30 dias
após a data da sua publicação, podendo
nos 60 dias seguintes a esta data os
administradores de insolvência já
inscritos nas listas previstas pela lei n.º
34/2009, de 14 de Julho, ora revogada,
requerer, junto da entidade responsável
pelo acompanhamento, fiscalização e
disciplina dos administradores judiciais
(a ser criada, no lugar da comissão de
apreciação e controlo da actividade dos
administradores da insolvência) – de ora
em diante abreviadamente designada
“Entidade - ”a sua inscrição nas listas
oficiais de administradores judiciais, desde
que demonstrem:
(i) o seu exercício efectivo de funções
(ou seja, que tenham desempenhados
funções de administrador de insolvência
em, pelo menos, dois processos de
insolvência, nos últimos dois anos);
(ii) que não se encontrem em nenhuma
situação de incompatibilidade para o
exercício da actividade; e
(iii) sejam pessoas idóneas para o exercício
da actividade de administrador judicial.
Vejamos então as principais alterações
introduzidas pela Lei n.º 34/2009 ao
estatuto do administrador de insolvência
que vigorará até à sua entrada em vigor.
Do instituto do “Administrador
Judicial” e acesso à actividade
Em primeiro lugar, destaca-se a criação do
instituto “Administrador Judicial”, que passa
a abranger as designações “administrador
judicial provisório”, “administrador da
insolvência” ou “fiduciário”, conforme as
funções exercidas no processo judicial.
Por outro lado, e no que respeita ao
acesso à actividade, destaca-se o facto de
passar a ser obrigatória a frequência de
um estágio profissional promovido para o
efeito pela Entidade, que comportará uma
componente teórica com a duração de dois
meses e uma componente prática com a
duração de quatro meses, findas as quais se
realizará um exame de admissão – sendo o
candidato admitido, será o mesmo inscrito
nas listas oficiais.

ESTATUTO DO
ADMINISTRADOR JUDICIAL
Foi publicada no passado
dia 26 de Fevereiro a Lei n.º
22/2013, de 26 de Fevereiro
que estabelece o estatuto
do administrador judicial
e, consequentemente,
revoga a Lei n.º 32/2004,
de 22 de Julho, alterada
pela lei n.º 34/2009, de 14
de Julho e pelo Decreto-
Lei n.º 282/2007, de 7 de
Agosto, que estabelecia o
estatuto do administrador de
insolvência.
Destaca-se a criação do
instituto “Administrador
Judicial”, que passa a
abranger as designações
“administrador judicial
provisório”, “administrador da
insolvência” ou “fiduciário”.
este respeito destaca-se ainda o facto de
competir à Entidade a definição do numerus
clausus, em função das necessidades
efectivas de recursos humanos para o
exercício da actividade e, bem assim,
organizar o estágio, designadamente
através da nomeação de patrono a cada um
dos candidatos inscritos.
Dos “novos” direitos e deveres
dos administradores judiciais
Os administradores judiciais passam a
gozar de direitos novos:
a) Equiparação aos agentes de execução
para efeitos de acesso aos Tribunais,
Conservatórias e Serviços de Finanças;
b) Possuir documento de identificação
profissional;
c) Distribuição equitativa das nomeações
nos processos – sem prejuízo de o juiz
poder levar em conta as indicações que
sejam feitas pelo próprio devedor ou
pela comissão de credores, se existir,
e cabendo a preferência, na primeira
designação, ao administrador judicial
provisório em exercício de funções
à data da declaração da insolvência,
a nomeação processa-se, em regra,
por meio de sistema informático que
assegure a aleatoriedade da escolha e
a distribuição em idêntico número dos
administradores judiciais nos processos.
No que respeita aos deveres, a Lei n.º
22/2013 elenca diversos deveres, entre os
quais destacamos:
a) Os administradores judiciais só devem
aceitar as nomeações efectuadas pelo juiz
caso disponham dos meios necessários
para o efectivo acompanhamento dos
processos em que são nomeados;
b) Os administradores judiciais devem
contratar seguro de responsabilidade
civil obrigatório que cubra o risco
inerente ao exercício das suas funções;
c) Os administradores judiciais devem
frequentar as acções de formação
contínua definidas pela Entidade;
d) Ao subcontratar qualquer entidade nos
processos para os quais é nomeado, o
administrador judicial deve celebrar com
o subcontratante um contrato escrito no
qual, expressamente, se definam, entre
outros, o objecto contratual e os deveres
e os direitos que assistem a ambas as
partes.
Regime Sancionatório
Com a Lei n.º 22/2013 ao processo
disciplinar dos administradores judiciais
passa a aplicar-se subsidiariamente o
Estatuto Disciplinar dos Trabalhadores que
exercem funções públicas.
Por outro lado, a Entidade, na sequência de
processo disciplinar pode, por deliberação
fundamentada:
a) Suspender preventivamente o
administrador judicial contra o qual
tenha sido instaurado processo
disciplinar ou contra-ordenacional, até à
decisão dos referidos processos, a fim de
prevenir a ocorrência de factos ilícitos;
b) Admoestar, por escrito, o administrador
judicial;
c) Instaurar processo de contraordenação –
cujas coimas são, em geral, de avultado
montante.
A este respeito destaca-se ainda a
obrigação que passa a recair sobre o juiz,
credores, devedor e Ministério Público, de
comunicar à Entidade a violação reiterada
por parte dos administradores judiciais
de quaisquer deveres a que os mesmos
estejam sujeitos no âmbito do processo
especial de revitalização ou do processo
de insolvência, para eventual instauração
de processo disciplinar ou de processo de
contraordenação.
Remuneração e Pagamento do
Administrador Judicial
Por último, destaca-se o facto de
passar a estar expressamente prevista a
possibilidade de recusa pelo administrador
de insolvência de elaborar um plano de
insolvência se recursar que a remuneração
que lhe seja fixada não é adequada.

Acesso à atividade de administrador judicial

Novo estatuto obriga a estágio e exame final

Os candidatos que no futuro pretendam aceder à atividade de administrador judicial, nome pelo qual será agora
designado o administrador da insolvência, terão de realizar um estágio de seis meses seguido de um exame final.
Assim, deixa de se facilitar o acesso à atividade a solicitadores e a advogados, privilegiando-se, em alternativa, a posse
de conhecimentos tanto na área do direito como da gestão de empresas.

No entanto, estas alterações, em vigor a partir de 28 de março, não impedem que os atuais administradores de
insolvência, que tenham ingressado na atividade por via da sua qualidade de solicitadores, possam continuar a
exercê-la. Têm, no entanto, de frequentar as ações de formação contínua que se revelem necessárias a um adequado
exercício das suas funções.

O estágio terá uma componente teórica, com a duração de dois meses, e uma componente prática de quatro meses, a
ser realizada sob a orientação de um patrono. No exame escrito final serão exigidos aos candidatos, além de
conhecimentos de direito, conhecimentos de gestão e contabilidade, considerados fundamentais para o exercício das
novas funções atribuídas no âmbito dos processos especiais de revitalização e para a promoção da recuperação das
empresas em detrimento da sua liquidação.

Acesso à atividade

Para se ser administrador judicial é necessário, para além da frequência do estágio e da aprovação no exame final,
possuir uma licenciatura e experiência profissional adequadas ao exercício da atividade, nomeadamente nas áreas da
gestão e do direito. Os candidatos ficam, ainda, obrigados a emitir, aquando da sua candidatura, uma declaração
escrita de idoneidade para o exercício da atividade que ateste não terem sido condenados pela prática de crimes
económicos ou contra o património, nem sido declarados insolventes ou responsáveis por uma insolvência nos 15 anos
anteriores à candidatura.

A inscrição no estágio dever ser feita junto da entidade responsável pelo acompanhamento, fiscalização e disciplina
dos administradores judiciais, mediante requerimento acompanhado dos seguintes elementos:
- curriculum vitae;
- certificado de licenciatura;
- certificado do registo criminal;
- declaração sobre o exercício de qualquer outra atividade remunerada e sobre a inexistência de qualquer situação de
incompatibilidade;
- declaração da sua situação financeira, com a discriminação
de proveitos auferidos e encargos suportados à data da declaração;
- atestado médico, no caso de o candidato ter 70 anos completos;
- indicação das listas de administradores judiciais que pretende integrar no primeiro ano de atividade; e
- a referida declaração de idoneidade.

Cabe à entidade responsável pelo acompanhamento, fiscalização e disciplina dos administradores judiciais
determinar o momento de realização do estágio, fixar o número de candidatos a admitir e os critérios de seleção dos
candidatos.

Uma vez realizado o estágio e caso obtenham aprovação no exame de admissão, os novos administradores judiciais
serão inscritos nas listas oficiais.

Incompatibilidades, impedimentos e suspeições

O estatuto determina que os administradores judiciais estão sujeitos aos mesmos impedimentos e suspeições que os
juízes, bem como às regras gerais sobre incompatibilidades aplicáveis aos titulares de órgãos sociais das sociedades.

No exercício das suas funções ficam proibidos de integrar órgãos sociais ou ser dirigentes de empresas que prossigam
atividades semelhantes às da empresa que lhe seja confiada para gestão no âmbito do processo especial de
revitalização ou para insolvência.

Também não podem possuir nem ser casados ou parentes de quem possua participações sociais nessas empresas, nem
ser membros de órgãos sociais ou dirigentes de empresas nas quais tenham exercido funções ou ter desempenhado
alguma função na dependência hierárquica ou funcional dos gerentes das sociedades, quer ao abrigo de um contrato
de trabalho, quer a título de prestação de serviços, sem que tenham decorrido pelo menos três anos desde a cessação
do exercício dessas funções ou atividades.

No entanto, o novo estatuto passa a permitir que um mesmo administrador judicial possa ser nomeado para o
exercício das respetivas funções em sociedades que se encontrem em relação de domínio ou de grupo, sempre que o
juiz o considere adequado à salvaguarda dos interesses das sociedades.

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