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Energia Solar Fotovoltaica: Conceitos e Aplicações

Ritielli Berticelli1, Ricardo Lauxen1, Alexandre Binato1, Gustavo Corbellini


Masutti1, Luis Kaufmann Rodrigues1
1
Centro de Ciências Sociais e Aplicadas– Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ)
Campus Universitário Dr. Ulysses Guimarães - Rodovia Municipal Jacob Della Méa,
km 5.6 - Parada Benito – Cruz Alta – RS – Brazil
rberticelli@unicruz.edu.br; rilauxen@unicruz.edu.br;
abinato@unicruz.edu.br; gmasutti@unicruz.edu.br;
luishenriquekr@hotmail.com

Resumo. A atualização da matriz energética nacional e mundial, por meio da


mudança das formas de geração que utilizam fontes não renováveis de energia,
como termoelétricas, para formas que utilizam fontes renováveis de energia, como
a fotovoltaica, é urgente. Devido às mudanças climáticas sofridas pelo planeta,
existe a necessidade de utilizarmos formas de geração que sejam ambientalmente
amigáveis. Para tanto, estudos a respeito do assunto em Instituições de Ensino
Superior são relevantes, pois contribuem para o aprimoramento tecnológico da
forma de geração, bem como contribuem na capacitação dos profissionais das áreas
da Engenharia no tema. Este artigo, que resulta da fase inicial de um projeto de
pesquisa envolvendo a otimização de sistemas de geração de energia fotovoltaica,
desenvolvido na Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ, sistematiza informações
sobre o sistema de geração de energia fotovoltaica, apresentando o seu panorama
atual, discutindo a forma de geração, e trazendo aplicações por meio de estudos de
casos.

Abstract. The modernization of the global and national energetic array, through the
changes in the forms of generation from non-renewable sources of energy, as the
thermoeletrics, to renewable sources of energy, as the photovoltaic, is urgent. Due
to the climate changes that the planet has been suffering, there is the necessity of
the use of environmental friendly forms of generation. To that end, studies on these
subjects in Higher Education Institutions are relevant, because it contributes to the
technological enhancement of the form of generation, as well as the training of
Engeneering professionals in the subject. This paper, is a result of an initial phase
of a project involving the optimization of photovoltaic generation systems,
developed in University of Cruz Alta - Unicruz, and syntesizes the informations
about the generation system of photovoltaic energy, presenting the current
panorama, dicussing the form of generation, and bringing applications by means of
case studyies.

1. Introdução
Atualmente o uso de recursos naturais visando à sustentabilidade é cada vez
mais discutido na comunidade universitária, propondo novas formas de implementação
das tecnologias dominadas e o desenvolvimento de novas tecnologias. A matriz
energética brasileira também deve ser analisada considerando alternativas eficientes e
renováveis para geração de energia. Sendo assim, o sistema solar fotovoltaico surge
como uma alternativa que converte energia solar em energia elétrica, pois estima-se que
a quantidade de energia solar que incide sobre a superfície da terra seja da ordem de 10
mil vezes o consumo energético mundial (ANEEL, 2005). A popularização desta forma
de geração de energia deve-se as inúmeras vantagens que ela oferece, tanto do ponto de
vista ambiental quanto do ponto de vista operacional.
No contexto ambiental, o setor de energia elétrica deve considerar os conceitos
de sustentabilidade no desenvolvimento dos projetos de energia. Isso pode acontecer
pela redução do uso de combustíveis fósseis, com a adoção de fontes renováveis de
energia, o aumento na eficiência do setor energético, desde a produção até o consumo, o
acompanhamento da evolução tecnológica no desenvolvimento de alternativas
ambientalmente benéficas ou menos impactantes, melhorias no setor produtivo e o
estabelecimento de novas políticas energéticas são recomendações a ser utilizadas para
orientar linhas estratégicas de planejamento e operação voltadas ao desenvolvimento
sustentável deste setor (REIS; SANTOS, 2014). Como a principal fonte de geração de
energia é a luz do sol, num sistema fotovoltaico os impactos ambientais se resumem a
construção das placas de geração e a transmissão da energia. O sistema é silencioso,
estático e simples de operar além de estar localizado próximo ao ponto de consumo,
permitindo a descentralizando da geração de energia.
Segundo Rüther e Salamoni (2011), as construções dos centros urbanos do país
apresentam grande potencial para a integração de sistemas fotovoltaicos interligados à
rede elétrica, manifestando ótimos resultados na geração de energia e redução de carga
elétrica. A utilização da energia solar fotovoltaica poderá auxiliar na rede elétrica de
diferentes formas, além de ser uma fonte alternativa de energia, pode contribuir na
redução da sobrecarga das redes convencionais em alimentadores específicos. Com a
disseminação da instalação do sistema fotovoltaico nos setores residenciais, comerciais
e industriais, poderíamos gerar grande quantidade de energia solar, inserindo-a na rede e
auxiliando na sobrecarga em momentos de grande pico de consumo.
No Brasil, mesmo as regiões com menores índices de radiação apresentam
grande potencial de aproveitamento energético (ANEEL, 2005). Conforme Villalva e
Gazoli (2012) mesmo com o enorme potencial fotovoltaico do Brasil, a participação da
energia solar fotovoltaica na matriz energética brasileira é ainda pequena. Isto se deve as
barreiras técnicas, econômicas e regulatórias impostas ao setor. A inserção da energia
fotovoltaica na matriz permitirá ampliar a oferta de energia elétrica, produzindo
eletricidade a um custo muito competitivo, reduzindo a conta do consumidor. Além dos
benefícios econômicos para o consumidor, a utilização da energia fotovoltaica
impulsiona o desenvolvimento tecnológico, cria novos empregos diretos e indiretos,
diminui as perdas nas linhas de transmissão elétrica e minimiza os impactos ambientais
causados pela construção de usinas convencionais que utilizam energias não renováveis.
A perspectiva no que se refere ao desenvolvimento da energia solar fotovoltaica
no Brasil é otimista. Percebe-se que tem havido constantes avanços positivos e
crescimento tecnológico. Vários projetos estão em operação no país para geração de
energia por meio de painéis fotovoltaicos. Sendo assim, novos estudos direcionados ao
assunto sendo realizados por Instituições de Ensino Superior vêm ao encontro dos
propósitos da ciência, apontando novas perspectivas tendências e desenvolvendo algo
novo, que valida dúvidas e questionamentos sobre a tecnologia de sistemas
fotovoltaicos. Contribuem ainda para o avanço do conhecimento na área, com aportes na
construção da teoria e prática.
A demanda por energias limpas e renováveis está em expansão, além de que a
sociedade, cada vez, mais exige novas tecnologias de produção de energia. Para que
ocorra o desenvolvimento da tecnologia fotovoltaica no Brasil além de investimento nos
setores produtivos e planejamento governamental, é extremamente necessário que
pesquisas sejam desenvolvidas para melhor domínio científico, técnico, econômico e
ambiental do tema.
O presente artigo é resultado da fase inicial do projeto de pesquisa intitulado
“Simulações de Variáveis para Otimização do Processo de Geração de Energia Elétrica
através de Painéis Fotovoltaicos”, e objetiva sistematizar informações sobre o sistema
de geração de energia solar fotovoltaico e algumas aplicações por meio de estudos de
caso.

2. Metodologia
O presente trabalho baseou-se em referências bibliográficas, através do levantamento e
análise científica sobre o tema. Os dados foram obtidos de forma secundária, por meio
de livros, trabalhos de conclusão de curso, dissertações, teses e artigos sobre o tema.

3. Energia solar fotovoltaica


A utilização da energia solar fotovoltaica oferece uma série de vantagens, como
por exemplo: O sol ser uma fonte ilimitada de energia, que está disponível em todas as
partes do mundo, além de não produzir ruídos ou gases nocivos, nem resíduos; Os
sistemas fotovoltaicos são fáceis de instalar e praticamente não precisam de
manutenção; Os módulos fotovoltaicos têm duração próxima de 30 anos e os sistemas
fotovoltaicos são seguros e a energia pode ser gerada em áreas remotas; Os materiais
utilizados podem ser reciclados e a indústria para geração solar pode criar milhares de
empregos; Os painéis não têm peças móveis, o que exige pouca manutenção e é possível
aumentar a potência instalada por meio da incorporação de módulos adicionais
(WANDERLEY; CAMPOS, 2013).
O efeito fotovoltaico ocorre em nível atômico ao incidir um fóton na ligação
entre dois átomos induzindo ao seu rompimento. Para alcançar esta ruptura na ligação
com pouca energia é preciso que o átomo seja instável (banda de valência incompleta) e
que o número de elétrons nele contidos seja diferente de oito. Os materiais que possuem
esta característica em seus átomos são os semicondutores, como o Silício utilizado na
construção das células fotovoltaicas, que possui quatro elétrons em sua camada de
valência. A corrente produzida pelo movimento dos elétrons em um semicondutor puro
é insignificante, devido ao baixo valor de portadores livres. Dessa maneira, são
adicionadas impurezas ao material para aumentar os portadores livres; o novo material
obtido é chamado de semicondutor extrínseco (BÖER, 1992; GESELLSCHAFT, 2008).
A dopagem do material puro transforma eles em semicondutores do tipo N ou do
tipo P, conforme as características desejadas. Os materiais semicondutores do tipo N são
obtidos com um maior número de elétrons livres enquanto materiais do tipo P com um
maior número de cargas positivas ou lacunas, variando de acordo com a impureza
introduzida no material semicondutor. Se o material tipo N é anexado a um material do
tipo P, ambos tornam-se eletricamente neutros formando-se, na área de contato, um
campo elétrico que tende a equilibrar os elétrons livres movendo-os do material tipo N
para o do tipo P. No momento que a luz incide sobre o material, os fótons chocam-se
com outros elétrons fornecendo-lhes energia e transformando-os em condutores,
gerando assim um campo elétrico em que os elétrons são orientados e o movimento de
elétrons pelo material tipo N (positivo) e o material de tipo P (negativo) gera uma
diferença de potencial separada pela zona de conjuntura chamada barreira de potencial
(GESELLSCHAFT, 2008; LYNN, 2010).
O principal componente do sistema é a célula fotovoltaica, porém o
aproveitamento em escala comercial deste tipo de energia se faz com o auxílio de outros
elementos, que segundo Tolmasquim (2016) são:
 Moldura: parte externa estruturante do módulo, geralmente de alumínio. É
através dela que é feita a fixação do módulo.
 Selante: composto adesivo usado para unir as camadas internas do módulo com
a moldura. Deve impedir a entrada de gases e umidade, além de proteger o
interior de vibrações e choques mecânicos.
 Vidro: camada rígida externa que protege as células e condutores do ambiente,
ao mesmo tempo em que permite a entrada de luz para ser convertida em
eletricidade. É um vidro especial, com baixo teor de ferro, com uma camada
antireflexiva, e com superfície texturizada, que evitam a reflexão da luz que
atinge o vidro.
 Encapsulante: filme que envolve as células, protegendo-as da umidade e dos
materiais externos, além de otimizar a condução elétrica. O encapsulante mais
utilizado é o EVA (Etil Vinil Acetato).
 Células Fotovoltaicas: componente eletrônico responsável pela conversão
direta da energia eletromagnética em energia elétrica.
 Backsheet: parte inferior do módulo que previne a entrada de umidade e
protege as células de elementos externos. Além disso, oferece isolamento
elétrico adicional.
A energia solar fotovoltaica apresenta diversas vantagens, entre elas, destacam-
se: resistência a condições climáticas extremas, pouca manutenção, gera energia mesmo
em dias nublados, não utiliza combustível, tem durabilidade superior a 25 anos, não
produz nenhum tipo de poluição, seja ambiental ou sonora. No entanto, apresenta
algumas desvantagens como: custo de investimento inicial elevado, necessita de
tecnologia sofisticada e depende de outros fatores como temperatura, radiação e
quantidade de nuvens (BRAGA, 2008).
No Brasil, a utilização dos sistemas fotovoltaicos para geração de eletricidade
cresceu com a criação do programa e novas legislações sobre o assunto. A Resolução
Normativa nº 482/2012 publicada pela ANEEL que criou o Sistema de Compensação de
Energia Elétrica, permite que o consumidor instale pequenos geradores com o objetivo
de reduzir o pagamento pela energia elétrica. De acordo com a resolução, é permitido o
uso de centrais geradoras conectadas na rede de distribuição por meio da instalação de
unidades consumidoras. Entende-se por microgeração distribuída as centrais com
potência instalada de até 75 KW (quilowatts) e minigeração distribuída as com potência
instalada acima de 75 KW e menor ou igual 5 MW. A instalação de geração distribuída
pode ser realizada em locais onde existem múltiplas unidades consumidoras, como
condomínios, cooperativas e consórcios. Nestes casos, a energia gerada pelas centrais
poder ser repartida entre os condôminos, consorciados ou cooperados em porcentagens
definidas. Outra regra da norma estabelece que, quando a energia gerada é maior que a
consumida, o consumidor pode utilizar créditos para diminuir a fatura dos meses
seguintes ou abater o consumo em outras unidades onde é titular. Desde a publicação
desta Resolução até outubro de 2015, já foram instaladas 1.285 centrais geradoras,
sendo 1.233 com a fonte solar fotovoltaica e 13 híbridas solar/eólica (ANEEL, 2015).

3. Aplicações da energia Fotovoltaica em estudos de caso


Conforme Sawin (2012) em 2007 a capacidade instalada de energia solar
fotovoltaica no mundo era de 10 GW (gigawatts), em 2011 esta capacidade aumentou
para 70 GW, demonstrando um crescimento expressivo em somente quatro anos. A
energia solar fotovoltaica instalada na Europa representa 65% de toda energia solar
mundial, e gera energia elétrica para mais de 15 milhões de famílias. Dentre os países
com maior potência fotovoltaica instalada, destacam-se a Alemanha gerando 36,5% e a
Itália com 18,3% do total mundial.
Alguns projetos de geração de eletricidade por meio de sistemas fotovoltaicos
estão em operação no Brasil visando o atendimento de comunidades onde não há
fornecimento de energia elétrica e o desenvolvimento regional. Destacam-se os projetos
de utilização de sistemas fotovoltaicos para bombeamento de água para irrigação
instalados nos municípios de Capim Grosso/BA e Vale do Ribeira/SP e para
atendimento domiciliar, instalado no âmbito do projeto Ribeirinhas, que tem por
objetivo fornecer energia elétrica para localidades da região amazônica. Todos os
projetos são fruto da parceria entre órgãos e instituições brasileiras e internacionais. O
Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios – PRODEEM – do
Governo Federal, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável,
econômico e social de localidades não supridas pela energia elétrica, implantou desde
sua criação em 1994 até 2003, 8.956 sistemas fotovoltaicos no Brasil. (ANEEL, 2008).
A perspectiva para a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL é que até 2024
aproximadamente 1,2 milhão de unidades consumidoras irão produzir sua própria
energia, perfazendo um total de 4,5 gigawatts (GW) de potência instalada (ANEEL,
2015).
Em algumas áreas rurais do Brasil já é possível encontrar sistemas fotovoltaicos
instalados para diversas aplicações. Esses sistemas são frequentemente utilizados para
construção de cercas eletrificadas nas práticas agropecuárias, na refrigeração de
medicamentos e vacinas em postos de saúde, no bombeamento de água, iluminação
pública e para irrigação na agricultura (ORTIZ, 2005).
Nogueira et al. (2013) com o objetivo de analisar a viabilidade na substituição de
motores a diesel e elétricos por sistemas geradores de energia solar fotovoltaica e
energia eólica no bombeamento de água para irrigação, concluíram que o sistema
fotovoltaico instalado se mostrou mais eficiente do que o sistema eólico, no que diz
respeito ao volume de água bombeado para irrigação complementar de goiabeira,
figueira e videira. Além da eficiência do sistema, os autores destacam a viabilidade
econômica da utilização dos sistemas solares fotovoltaicos, visto que, o custo da
implantação deste sistema é relativamente baixo e a significativa melhoria social e
ambiental em propriedades rurais.
Segundo Wanderley e Campos (2013) o racionamento de energia elétrica que
ocorreu em 2001 no país pela escassez de chuva, forçou o governo a aumentar a
participação de fontes alternativas de energia. A energia solar é umas das fontes
alternativas e apresenta-se como uma fonte muito propícia para o Brasil, sendo que
grande parte do território brasileiro está localizado próximo da linha do Equador, o que
ocasiona dias de maior duração solar. Os autores enfatizam que importantes melhorias
foram e ainda estão sendo realizados para a implantação e concretização da energia solar
fotovoltaica no Brasil, tendo como objetivo principal o desenvolvimento da cadeia
produtiva e da sustentabilidade. Alguns estudos realizados na capital do Rio Grande do
Norte, mostraram que existe um grande potencial para a geração de energia solar na
região, o que atrai diversos investidores, tanto fabricantes de painéis solares como
construtores de usinas fotovoltaicas, a demonstrar interesse em se instalar no Estado.
Para isso, devem ser tomadas medidas que se adaptem as características do sistema
elétrico brasileiro, levando em conta os modelos de sucesso de outros países como a
Alemanha, Estados Unidos e Japão. Novas politicas para incentivar o investimento
nessa energia, a consolidação de uma cadeia produtiva, pesquisas e inovação
tecnológica, tudo isso fará com que a energia solar fotovoltaica cresça em nosso país,
tornando-se importante na matriz energética, atendendo a todas as necessidades da
população.
Costa et al. (2006) propuseram um sistema produtivo que consiste na utilização
da água bombeada, com energia solar, na irrigação localizada de pequenas áreas
plantadas (até 1 ha), objetivando a melhoria da alimentação e da renda familiar dos
habitantes de áreas rurais do semiárido brasileiro. Na região do pajeú pernambucano,
foram instalados 6 sistemas produtivos. Os resultados foram bem significativos sob
diversos aspectos, como por exemplo: renda, alimentação, social e na saúde.
Kaufmann (2012) objetivou obter dados da geração de energia elétrica em tempo
real de um painel solar fotovoltaico, instalado na cidade de Lajeado- RS. O autor
utilizou dados de radiação solar incidente coletados no período de 2007 a 2012, para
realização de um comparativo mais preciso e convincente. Contendo uma área de 16,5
m² o painel solar foi instalado no campus de uma Universidade, posicionado em direção
ao norte geográfico com ângulo de inclinação de 24° para melhor aproveitamento da
radiação solar ao longo do período analisado. O estudo foi pioneiro no aspecto de
obtenção de dados em tempo real de geração de energia, pois antes somente existia
estimativas com base em dados pouco atualizados. Através dos resultados obtidos, o
autor afirma que o painel fotovoltaico instalado teria seu potencial energético melhor
aproveitado se o mesmo estivesse instalado de forma conectada à rede, ao invés do uso
de banco de baterias, tanto por perdas, quanto por ter menor radiação incidente nos
meses de inverno os quais eram insuficientes para a geração de energia elétrica
necessária. Com intuito de justificar a necessidade e avaliar a eficiência que um painel
solar fotovoltaico possui, após o estudo concluiu-se que os meses de maior irradiação
solar foram os meses de janeiro, fevereiro, novembro e dezembro, oferecendo um
potencial energético duas vezes maior que nos meses de inverno. Por fim obteve-se uma
média mensal de geração de energia de 11 kWh/dia. Concluindo, o autor afirma que os
resultados obtidos através do projeto executado foram satisfatórios atendendo as
expetativas, não com estimativas, mas sim com resultados reais.
Fusano (2013) ao verificar o desempenho de um sistema fotovoltaico solar
ligado à rede instalado em uma edificação da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, observou que durante o ano de 2012 o sistema gerou 2,4 MWh de energia. Este
valor ultrapassou o necessário para suprir a demanda de energia elétrica pela edificação,
sendo, possível a transferência da energia excedente para instalações próximas. O autor
concluiu que os sistemas solares fotovoltaicos ligados à rede atendem as necessidades
em edificações que geram sua própria energia sem depender de grandes geradores.

4. Conclusão
A geração de energia por meio de fontes renováveis está se consolidando como
uma alternativa para a migração da matriz energética atual em uma matriz mais limpa.
Com uma estimativa de que a energia solar que incidente sobre a superfície da terra seja
da ordem de 10 mil vezes o consumo energético mundial (ANEEL, 2005), a geração
fotovoltaica tem papel fundamental neste processo.
Com uma montagem simples e pouca manutenção, um sistema fotovoltaico é
basicamente composto pela moldura, selante, vidro, encapsulante, células fotovoltaicas
e o backsheet. Pode ser instalada diretamente nas residências e acoplada a rede
convencional de energia. Essa forma de geração descentraliza a geração de energia e
contribui para estabilidade da matriz nos picos de consumo. Além disso, destaca-se por
trazer uma série de vantagens, tais como: o sol ser uma fonte ilimitada de energia, que
está disponível em todas as partes, além de não produzir ruídos ou gases nocivos, nem
resíduos; os sistemas fotovoltaicos são fáceis de instalar e praticamente não precisam de
manutenção; os módulos fotovoltaicos têm duração próxima de 30 anos e os sistemas e
são seguros e a energia pode ser gerada em áreas remotas; os materiais utilizados podem
ser reciclados e a indústria para geração solar pode criar milhares de empregos; os
painéis não têm peças móveis, o que exige pouca manutenção e é possível aumentar a
potência instalada por meio da incorporação de módulos adicionais (WANDERLEY;
CAMPOS, 2013).
A Europa, segundo Sawin (2012), responde por 65% de toda energia solar
mundial, gerando energia elétrica para mais de 15 milhões de famílias. No Brasil,
segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, existe a perspectiva de que
até 2024 aproximadamente 1,2 milhão de unidades consumidoras irão produzir sua
própria energia, perfazendo um total de 4,5 gigawatts (GW) de potência instalada
(ANEEL, 2015).
Portanto, o estudo e o desenvolvimento de novas tecnologias, juntamente com o
aumento de investimentos são necessários para a ampliação do setor solar e a inserção
dessa fonte na matriz energética brasileira. É fundamental para que se caminhe em
direção a uma dependência cada vez menor da energia de origem fóssil e também se
proporcione desenvolvimento econômico alinhado à visão de sustentabilidade
ambiental. Para isso, pesquisas e investimentos nas indústrias do setor solar são
necessários para planejar e executar projetos que alcancem também a população de
baixo poder aquisitivo, possibilitando a expansão da energia solar, principalmente nas
localidades isoladas e moradias em estado de pobreza e sem acesso à energia. Nessa
perspectiva, projetos como o de “Simulações de Variáveis para Otimização do Processo
de Geração de Energia Elétrica através de Painéis Fotovoltaicos” desenvolvidos na
UNICRUZ, com a montagem das placas e a automação, vem contribuir de maneira
significativa para este cenário.

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