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INCIDÊNCIA E CARACTERÍSTICAS ENDOSCÓPICAS DE LESÕES Artigo Original

INCIDÊNCIA E CARACTERÍSTICAS ENDOSCÓPICAS DE LESÕES DAS VIAS


AÉREAS ASSOCIADAS À INTUBAÇÃO TRAQUEAL EM CRIANÇAS
ANDRÉA M ARIA G OMES CORDEIRO *, SHIEH HUEI SHIN , IRACEMA DE CÁSSIA O LIVEIRA F ERREIRA F ERNANDES,
ALBERT B OUSSO, E DUARDO JUAN TROSTER
Trabalho realizado na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital Universitário da USP, São Paulo, SP.

RESUMO – O BJETIVO. Descrever a incidência e características (IC95%: 6,6–14,8). Locais principalmente acometidos foram
endoscópicas de lesões das vias aéreas em crianças submetidas à glote (48,1% das lesões) e subglote (34,9% das lesões). Erosões
intubação. foram as mais incidentes em ambos os grupos etários ( p=0,88).
MÉTODOS. Durante o período de dois anos (outubro/99 a outu- Edema de prega vocal foi a principal lesão moderada em ambos
bro/01) foi conduzido estudo prospectivo no qual todo paciente os grupos (p=0,96), seguida por ulcerações (p=0,92). Nódulos
intubado, excetuando-se aqueles que evoluíram para óbito e re- fibrosos em pregas vocais e sinéqüias foram as principais lesões
cém-nascidos (RN) com peso inferior a 1.250g, foi submetido à graves em ambos os grupos etários ( p=0,12). Estenose
endoscopia respiratória na extubação. Achados endoscópicos fo- subglótica foi detectada em 2,8% da população sem diferença
ram classificados em leves, moderados ou graves. Descrições foram entre as faixas etárias (p=0,35).
realizadas por meio de proporções e medianas, comparações feitas CONCLUSÕES. Verificou-se elevada incidência de lesões em vias
por teste qui-quadrado para proporções. aéreas, sem diferença significante entre os grupos etários com
R ESULTADOS . Foram estudados 61 RN e 154 crianças. Em relação à incidência e características das lesões. Houve predomínio
89,8% dos pacientes, sendo 55 RN e 138 crianças ( p=0,89), foi de lesões leves, lesões na glote e caracterizadas por erosões, edema
detectada pelo menos uma lesão somando 507. Pacientes com e ulcerações.
lesões leves corresponderam a 54,8% (IC95%: 48,1–61,5),
aqueles com lesões moderadas foram 24,2% (IC95%: 18,5– Unitermos: Intubação intratraqueal. Criança. Recém-nascido. Lesão das
30,0) enquanto as graves ocorreram em 10,7% dos pacientes vias aéreas. Estenose subglótica

INTRODUÇÃO exposição) após 48 horas de permanência do (pressão = força/área), altas pressões podem
Lesões de via aérea secundárias a trauma tubo na via aérea em adultos3. Estudos em resultar de forças relativamente pequenas5. A
decorrente da intubação começaram a ser crianças mostraram resultados similares. Striker pressão exercida pelas paredes firmes do tubo
descritas à medida que o procedimento passou et al. reportaram os achados de autópsia em superou largamente a pressão de perfusão da
a ser realizado com maior freqüência, particu- 32 crianças submetidas à intubação traqueal e mucosa, estimada em 30mmHg e alcançou
larmente com a popularização desse método descreveram edema em laringe (50,0% das 400mmHg em modelo animal7, dando início a
como alternativa ou predecessor da traqueo- autópsias) e traquéia (53,1%), ulceração na um processo inflamatório local6. A resolução
tomia, e conseqüentemente para suporte laringe (28,1%) e traquéia (34,4%) e erosão em desse processo pode acarretar graves seqüelas
prolongado da via aérea, no início dos anos 501. laringe (12,5%) e traquéia (25%)4. na via aérea tais como estenose, sinéquias,
O mecanismo fisiopatológico primário da formação de granulomas, entre outras.
Os relatos iniciais se limitavam a estudos de
lesão decorrente da permanência do tubo na Estudos baseados em avaliação endos-
autópsia que descreveram diferentes tipos de cópica das lesões de via aérea em crianças
via aérea envolve a pressão exercida na
lesões como ulceração e necrose de cartilagem mucosa pelo tubo5,6. O mesmo se apóia e submetidas à intubação endotraqueal têm
da traquéia, edema na laringe e traquéia em enfocado a incidência de estenose subglótica
exerce uma pressão na porção posterior da
adultos2. Perda completa ou focal do epitélio foi laringe afetando três sítios principais: a super- provavelmente pela elevada morbidade asso-
detectada na mucosa que recobre os processos fície medial das cartilagens aritenóides, aspec- ciada (necessidade de traqueotomia, dilatação
vocais e região posterior da cricóide após tos mediais das junções cricoaritenóides e pro- endoscópica ou cirurgia de reconstrução da
intubação por apenas 1 a 3 horas; ulceração em cesso vocal; a comissura posterior na região laringe)8-13. No entanto, lesões graves como a
processos vocais e subglote após 12 a 48 horas interaritenóide e a subglote envolvendo a estenose subglótica se desenvolvem a partir de
de intubação e úlceras profundas e acometi- superfície interna da cartilagem cricóide geral- lesões fundamentais como ulcerações e expo-
mento de cartilagem (pericondrite, necrose e mente a lâmina posterior. Devido à natureza sição de cartilagem. Existe uma seqüência de
tangencial do contato entre o tubo e a laringe eventos que culminaria com a seqüela em via
*Correspondência: a área de contato é pequena. Uma vez que aérea5,6. Portanto, a prevenção de lesões gra-
Rua Jacques Felix, 96 – apt. 94 quanto menor a área sobre a qual uma força é ves requer o conhecimento da incidência de
Cep: 04509-000 – São Paulo – SP aplicada maior será a pressão resultante outras formas de lesão que têm o potencial de
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CORDEIRO AMG ET AL.

evolução para formas graves. Estudos de inci- Quadro I – Alterações endoscópicas pós-extubação e prognóstico (Adaptado de Benjamin 6)
dência das diferentes formas de lesão da via
aérea associadas à intubação traqueal se limi- Tipo de alteração Aspecto endoscópico Possível evolução
taram à faixa etária neonatal14,15 ou envolveram Precoce e Hiperemia Resolução
pequeno número de pacientes pediátricos16-20. inespecífica Edema
O presente estudo teve como objetivo des- Erosão
crever numa coorte de crianças submetidas à Edema Protusão da mucosa ventricular Resolução
intubação traqueal a incidência e caracte- Edema prega vocal Edema crônico de Reinke
rísticas endoscópicas de lesões de via aérea. Edema subglótico Obstrução subglótica
Tecido de granulação “Línguas” a partir do processo vocal Resolução
MÉTODOS das aritenóides Granuloma
Nódulo fibroso
Durante o período de outubro de 1999 a Sinéquia interaritenóide
outubro de 2001 todo paciente admitido na Ulceração Depressões ulceradas Sulcos cicatriciais
Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica e Ulceração anular em glote posterior Sinéquia da glote posterior
Neonatal (UTIP/UTIN) do Hospital Univer- Ulceração subglótica com acometimento Estenose subglótica
sitário da Universidade de São Paulo (HU- cricóide
USP) que tenha necessitado de intubação Laceração Cicatriz
traqueal foi submetido à endoscopia respira- Miscelânea Sangramento Hematoma
tória no momento da extubação. Foram Deslocamento de aritenóide Fixação da junção
excluídos os recém-nascidos de peso inferior cricoaritenóide
a 1.250g e aqueles que evoluíram ao óbito Perfurações Infecção ou formação
previamente à extubação. de abscesso
Na população de estudo foram descritas e Ulceração da cricóide Fístula
analisadas as seguintes características: idade
(até 28 dias de vida ou idade superior a
28 dias), sexo, peso, escore de risco de óbito • Lesões com probabilidade de evolução RESULTADOS
(PRISM- Pediatric Risk of Mortality para aque- para seqüelas foram denominadas lesões Durante o período de estudo foram admi-
les com idade superior a 28 dias21), duração da moderadas e incluíram edema sub- tidos 1.014 pacientes na UTIP e 421 na UTIN.
intubação, principais diagnósticos de admissão glótico, edema de pregas vocais, ulcera- Um total de 1.435 pacientes compôs a po-
e indicações de intubação de acordo com a ção, línguas de tecido de granulação, pulação da unidade nesse período. Desses,
laceração, hematoma, deslocamento de 313 pacientes (21,8%) foram submetidos à
falência ou insuficiência orgânica principal.
aritenóide, exposição de cartilagem e intubação traqueal. Foram excluídos 58 pa-
O exame endoscópico foi realizado por
depressões ulceradas. cientes (35 que evoluíram a óbito, 12 por não
um dos pesquisadores (AMGC). Uma amostra
• Seqüelas de intubação foram denominadas consentimento e 11 que apresentavam peso
não-aleatória de 50 exames foi registrada em
lesões graves e incluíram estenoses, siné- inferior a 1.250g). Em 40 pacientes não foi
vídeo e os resultados confrontados com outro
quias, paresia ou paralisia de prega vocal, possível a realização do exame (oito por im-
observador que desconhecia os diagnósticos
granuloma, nódulos fibrosos, sulcos cica-
estabelecidos pelo primeiro, visando aferir a possibilidade de obtenção do consentimento,
triciais e fixação da junção cricoaritenóide.
concordância entre eles. Para realização do 14 por dificuldades operacionais, 10 por
Lesões situadas abaixo da subglote não
exame endoscópico foi adotado um protocolo foram classificadas quanto à gravidade uma vez extubação acidental e oito pacientes que foram
de anestesia e todos os pacientes tiveram a que não estavam inclusas na classificação transferidos ainda intubados).
saturação de oxigênio, freqüência cardíaca e proposta por Benjamin6 e adotada no estudo. Na Tabela I são descritas as principais
pressão arterial monitorizados durante todo o Reavaliação endoscópica foi realizada características dos 215 pacientes estudados. A
procedimento. apenas para os pacientes que necessitaram de maior parte foi representada por pacientes
Os achados endoscópicos foram classifica- reintubação. Para esses foram registrados fora do período neonatal (71,6%). Nesse gru-
dos de acordo com proposta de Benjamin apenas os novos achados endoscópicos. po houve predomínio de lactentes (60,5% da
(1993) que definiu o aspecto endoscópico, a Consentimento para participação na pes- população). Pacientes do sexo masculino pre-
topografia e possibilidade evolutiva das lesões quisa foi obtido para todos os pacientes junta- dominaram em ambos os grupos, 57,4% para
supraglóticas, glóticas e subglóticas6 (Quadro I). mente aos pais ou representantes legais. os abaixo de 28 dias e 55,2% para os maiores
A partir dessa classificação adotamos a A descrição das características populacionais de 28 dias. Os valores do escore PRISM 21
seguinte terminologia: e das lesões foi realizada por meio de proporções mostraram que a população acima de 28 dias,
• Lesões com potencial de evolução para e medianas. Comparações, quando pertinentes, à qual se aplica, apresentava baixo risco de
resolução foram denominadas leves e foram realizadas por meio de teste qui-quadrado morte à admissão. Não houve diferença entre
incluíram edema (exceto os citados abai- para proporções. Foram consideradas diferenças as faixas etárias com relação à duração da
xo), hiperemia e erosão. significantes quando o valor de p foi inferior a 0,05. intubação (p=0,19).

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INCIDÊNCIA E CARACTERÍSTICAS ENDOSCÓPICAS DE LESÕES

Tabela I – Características da população de estudo (215 pacientes)


aérea. Um grupo de 55 pacientes necessitou
de reintubação sendo 39 dentre as 154 crian-
Variável Mediana (Variação) ças maiores que 28 dias de vida (25,3%), e 16
≤ 28 d (61) > 28 d (154) dentre 61 recém-nascidos (26,2%) (P= 0,97).
Idade 5,4 d (1 - 26) 4 meses (1 mês - 14 anos) Em alguns foram necessárias até três
Peso* 2.700 (1.250 - 4.600) 6,2 (2,1 - 54,0) reintubações e 83 procedimentos de rein-
PRISM u
NA 12 (3 - 29) tubação foram conduzidos.
Risco de morte (%) u
NA 9,0 (2,2 - 64,5) Foram detectadas 507 lesões, sendo 358 em
Duração da intubação em dias 4,4 (1 - 63 d) 5,0 (10h - 53 d) 138 crianças maiores que 28 dias de vida e 149
*Peso em gramas para ≤ 28 dias, peso em Kg para > 28 dias; uAvaliados em 102 pacientes (excluídos 61 recém-nascidos, 10 pacientes lesões em 55 recém-nascidos. Portanto foram
c/ shunt intracardíaco, 15 c/ doença pulmonar crônica e 27 pacientes com dados incompletos); h- horas, d- dias; NA- não se aplica identificadas em média 2,6 e 2,7 lesões por
criança maior que 28 dias de vida e recém-
nascido, respectivamente. A distribuição topo-
Gráfico I – Distribuição percentual das 507 lesões por faixa etária e topografia gráfica e por faixa etária das lesões mostrou que a
SUPGL - supraglote, GL - glote, SUBGL - subglote, VAI - via aérea inferior glote (48,1% das lesões; IC 95%: 43,9 – 52,3) e
> 28 dias <= 28 dias subglote (34,9% das lesões; IC 95%: 30,8 – 39,0)
100 foram os locais principalmente acometidos em
ambos os grupos. Lesões em via aérea inferior
75 foram incomuns (11,0% das lesões; IC 95%: 8,3
– 13,7) assim como em supraglote (5,9% das
% 50 lesões; IC 95%: 3,8 – 8,0). Não houve diferença
estatisticamente significante entre os grupos
25
etários com relação às lesões em glote (p= 0,11)
e subglote (p= 0,21) (Gráfico I).
0
Como houve com freqüência a associação
SUPGL GL SUBGL VAI
de lesões em um mesmo paciente apresenta-
remos o percentual de pacientes com lesões
Tipo
Topografia
de gravidades distintas. Para tal levamos em
consideração a presença de pelo menos uma
SUPGL-supraglote, GL-glote, SUBGL-suglote, VAI-via aérea inferior lesão grave, pelo menos uma lesão moderada
ou apenas lesões leves. Observamos que
54,8% dos pacientes (IC 95%: 48,1 – 61,5)
Os diagnósticos principais à admissão foram A intubação foi indicada por insuficiência apresentaram apenas lesões leves, aqueles
classificados, de acordo com o sistema acome- respiratória na maior parte dos pacientes com pelo menos uma lesão moderada
tido, em problemas respiratórios, cardiovas- (57,8% dos pacientes acima de 28 dias de vida corresponderam a 24,2% da população estu-
culares, neurológicos e outros. Foram detecta- e 73,8% dos recém-nascidos). Instabilidade dada (IC 95%: 18,5 – 30,0), enquanto os que
dos 504 diagnósticos principais, sendo 377 na neurológica foi raramente indicação de apresentaram pelo menos uma lesão grave
população com idade acima de 28 dias e 127 intubação nessa população, tendo ocorrido foram 10,7% (IC 95%: 6,6 – 14,8).
nos recém-nascidos. Doenças de origem em cinco pacientes maiores que 28 dias Lesões em via aérea inferior (56/507) fo-
respiratória prevaleceram em crianças maio- (3,3%) e dois recém-nascidos (3,3%). Com- ram representadas por erosões (23,2% das
res (56,5% dos diagnósticos) e também entre parando os dois grupos etários com relação às lesões nessa região), ulcerações (17,9%),
recém-nascidos (54,3% dos diagnósticos) indicações de intubação, notamos diferenças traqueíte e/ou bronquite (55,4%), granuloma
(p= 0,67). Ao contrário, a doença neurológica estatisticamente significantes apenas para a in- em brônquio principal direito (1,8%) e
foi a condição menos comum em ambos os suficiência respiratória que prevaleceu nos re- estenose do brônquio principal direito (1,8%).
grupos: 6,6% em crianças maiores e 7,9% em cém-nascidos (p= 0,04). Na Tabela 2 descrevemos os tipos de le-
recém-nascidos (p = 0,63). Broncopneu- Estudo endoscópico sões encontradas por faixa etária e gravidade.
monia/pneumonia foram os principais diag- Exame endoscópico normal foi observado Erosões foram as lesões que apresentaram
nósticos de origem respiratória nos 154 pa- em apenas 10,2% (22/215) dos pacientes den- maior incidência em ambos os grupos etários,
cientes maiores (53,9%). Por outro lado, en- tre os quais seis eram recém-nascidos e 16 tendo representado 40,5% das lesões em crian-
tre os recém-nascidos, responderam por ape- eram crianças maiores que 28 dias (p= 0,89). ças fora do período neonatal e 37,6% daquelas
nas 22,9% dos diagnósticos de admissão Nos demais 89,8% da população estudada em recém-nascidos (p=0,61) e ocorreram
(p < 0,001). Nesses a doença de membrana (IC 95%: 85,8 – 93,8) sendo 55 recém-nasci- com maior incidência na subglote para as
hialina foi a doença respiratória mais prevalente dos e 138 crianças maiores que 28 dias de vida, crianças maiores de 28 dias de vida e de forma
tendo ocorrido em 37,7% dos recém-nascidos. foi detectada pelo menos uma lesão na via similar na glote e subglote nos recém-nascidos.

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CORDEIRO AMG ET AL.

Tabela 2 – Achados endoscópicos em 215 pacientes de acordo com a localização de maior gravidade sofre possivelmente a
anatômica e gravidade da lesão e por faixa etária influência de variáveis relativas ao paciente
e ao procedimento de intubação. Aquelas re-
Prognóstico Supraglote Glote Subglote TOTAL lativas ao procedimento são de grande inte-
(n= 30) (n= 244) (n= 177) (n= 451) resse, pois são passíveis de intervenção. Para
> 28d ≤ 28d > 28d ≤ 28d > 28d ≤ 28d > 28d ≤ 28d tal é essencial o conhecimento da incidência
LEVES desses eventos.
Edema 1 0 9 7 4 2 14 9 Observamos uma elevada incidência
Edema + Hiperemia 19 8 2 2 27 7 48 17 (89,9% da população estudada) de lesões em
Erosão 0 0 65 30 80 26 145 56 vias aéreas secundárias à intubação traqueal,
Hiperemia 0 2 1 3 4 0 5 5
Subtotal 20 10 77 42 115 35 212 87 de gravidades variadas. A taxa geral de concor-
dância entre os dois observadores sugere
MODERADAS que os resultados demonstrados devem estar
Edema de PV - - 48 19 - - 48 19
próximos à realidade com mínima ocorrência
Ulceração 0 0 16 8 9 4 25 12
Tecido de granulação 0 0 7 3 0 0 7 3 de um viés de observação. Uma vez que
Exposição cartilagem. 0 0 1 0 3 2 4 2 reavaliação endoscópica foi realizada apenas
Lesão de PV - - 1 2 - - 1 2 para os pacientes que necessitaram reintu-
Subtotal 0 0 73 32 12 6 85 38 bação, é possível que a incidência de lesões
GRAVES graves tenha sido subestimada. O processo de
Granuloma 0 0 0 0 1 0 1 0 reparação que se inicia após o trauma se com-
Sinéquia 0 0 5 2 1 1 6 3 pleta após a retirada do tubo podendo durar
Estenose 0 0 0 0 3 3 3 3 até semanas. Dessa maneira é possível que
Nódulos Fibrosos PV - - 6 3 - - 6 3 dentre aqueles não reavaliados, alguns tenham
Paresia PV - - 0 1 - - 0 1 evoluído com lesões graves em via aérea. Essa
Sulcos cicatriciais PrVcAr 3 0 3 0 possibilidade teria então interferido no cálculo
Subtotal 0 0 14 6 5 4 19 10 de incidência dessas lesões que poderiam estar
TOTAL DE LESÕES 20 10 164 80 132 45 316 135 subestimadas. Para as lesões classificadas
EM VAS e SUBGLOTE como moderadas essa eventualidade é mais
VAS- via aérea superior; PV- prega vocal; PrVcAr- processos vocais das aritenóides remota, uma vez que lesões leves evoluem
para formas moderadas apenas com a persis-
Dentre as lesões classificadas como Foram registrados em vídeo 50 exames, tência da agressão. Já as moderadas podem
moderadas observamos maior incidência de sendo 44 em crianças maiores que 28 dias de evoluir para resolução, ou para lesões graves
edema em pregas vocais em ambos os grupos vida e seis em recém-nascidos (p=0,86). A como formação de sinéquia ou estenose após
(13,4% das lesões em crianças maiores de amostra analisada foi composta por cinco a retirada do tubo.
28 dias de vida e 12,8% das lesões em exames normais e 45 exames alterados onde Fan et al.14, em estudo de 95 recém-
recém-nascidos) (p=0,96). foram diagnosticadas 90 lesões. O prognósti- nascidos submetidos a intubação traqueal, ob-
Lesões graves ocorreram principal- co das lesões em questão apresentou um servaram exame normal em apenas 19%.
mente ao nível da glote tendo sido 73,7% perfil similar ao do conjunto das lesões. Com relação aos pacientes com exames alte-
das lesões dessa natureza e nessa topografia Lesões leves representaram 60% da amos- rados, os autores adotaram classificação
no grupo etário fora do período neonatal e tra, moderadas representaram 21,1%, gra- segundo a qual lesões menores, tais como
60% em recém-nascidos (p=0,67). Siné- ves foram 5,6% da amostra e outras lesões ulceração na região interaritenóide, pregas
quia foi a lesão grave de maior incidência foram 13,3%. Com relação aos achados po- vocais e subglote, granulomas em pregas
em crianças maiores de 28 dias de vida sitivos houve 100% de concordância entre vocais e paresia transitória das pregas, não
(1,7% do total de lesões) assim como nódu- os observadores. Houve discordância em eram associadas à obstrução da via aérea. As
los fibrosos em pregas vocais (1,7% do total relação a cinco exames (10%) com relação a lesões moderadas cursavam com algum grau
de lesões). Para os recém-nascidos siné- achados não relacionados à intubação e às de obstrução, e incluíam edema, pseudomem-
qüias, estenoses e nódulos fibrosos em lesões moderadas. A taxa geral de concor- branas e granulomas maiores, associados ou
pregas vocais apresentaram incidência simi- dância foi de 84% (IC 95%: 74 – 94%). não a lesões menores. Lesões maiores
lar (2% do total de lesões para cada). corresponderam à obstrução fixa e grave, ge-
Estenose subglótica apresentou uma inci- DISCUSSÃO ralmente decorrente de estenose subglótica,
dência de 2,8% na população estudada Alguma lesão em via aérea de pacientes membrana subglótica, defeitos em pregas
(6/215 sendo três pacientes recém-nasci- submetidos à intubação é um achado esperado vocais e estenose traqueal. Os resultados des-
dos e três pertencentes ao grupo fora do em função do conhecimento da fisiopatologia se estudo mostraram que 40% dos pacientes
período neonatal). dessas lesões. O desenvolvimento de lesões apresentaram lesões menores, 34% lesões

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INCIDÊNCIA E CARACTERÍSTICAS ENDOSCÓPICAS DE LESÕES

moderadas e 9% lesões maiores. Esses acha- recém-nascidos intubados, exceto aqueles podem ter contribuído para a elevada incidên-
dos são muito similares aos por nós obser- com peso à extubação inferior a 1.250g. Pode- cia de alguma lesão observada nessa popula-
vados tanto em termos de incidência, quanto mos perceber que as populações estudadas ção. O diâmetro do tubo traqueal é freqüen-
na distribuição da gravidade das lesões. No são distintas, o que permite apenas inferir temente citado como fator de risco para
entanto, as classificações adotadas foram similaridades ou diferenças entre os resultados lesões6,9,12. Identificamos uma variedade de
distintas, e no estudo de Fan et al. 14 os autores apresentados relativos à estenose subglótica. propostas para a escolha do diâmetro do tubo
estudaram apenas recém-nascidos, enquanto Encontramos uma maior incidência de traqueal em crianças, tais como o diâmetro do
no presente estudo incluímos também crian- lesões na região da glote (48,1% das lesões) e dedo mínimo, diâmetro do leito ungueal do
ças fora do período neonatal. subglote (35,1% das lesões) sem diferença dedo mínimo, fórmulas baseadas na idade ou
É possível estabelecer um paralelo com a estatisticamente significante entre os grupos estimativas de peso a partir da estatura34-38. No
incidência de estenose subglótica que foi por etários com relação aos achados em glote presente estudo a escolha do diâmetro do
nós classificada como lesão grave e diag- e subglote, mas com diferença significante tubo traqueal foi baseada em fórmulas
nosticada em seis pacientes (2,8%). A incidên- (p< 0,001) quando comparamos as duas re- estruturadas no peso e idade com possibilida-
cia reportada de estenose subglótica experi- giões, tendo sido mais freqüente o acome- de de uso de tubos com diâmetros 0,5mm
mentou uma redução nos últimos 30 anos. timento da glote independente da faixa etária. maior ou menor do que os definidos pelas
Estudos conduzidos nos anos 70 mostravam Esses resultados mostraram maior acome- propostas31. A precisão dessas recomen-
uma incidência de 3,8% a 8,3%8,15,22-25. Aque- timento da via aérea superior, em particular dações foi contestada anteriormente37. Dessa
les realizados posteriormente mostraram au- nas regiões posteriores da glote. maneira, uma postura prudente é aquela de se
sência de estenose subglótica em algumas sé- Acometimento da via aérea abaixo da basear em alguma recomendação e procurar
ries26,27 ou baixa incidência em outros estudos região subglótica é descrito principalmente em utilizar o tubo de menor diâmetro possível que
(0,4%-3,2%)10,11,13,14,28,29. Relatos com eleva- estudos envolvendo pacientes adultos, nos permita um escape e a adequada ventilação.
das incidências dessa forma de lesão (12,8%- quais existe uma grande preocupação com De fato, o escape é recomendável e deve estar
24,5%) são provavelmente decorrentes das lesões induzidas pelo balonete do tubo presente com a aplicação de uma pressão
características da população estudada (recém- traqueal. Para a faixa etária pediátrica, a positiva de 20-30 cm H2O38. Apesar de termos
nascidos de muito baixo peso ao nascimento) fisiopatologia das lesões em via aérea inferior baseado a escolha do tubo traqueal em
e pela maior sobrevida desses pacientes9,12. Os está principalmente relacionada a trauma pela fórmulas propostas na literatura, não é possí-
estudos identificados se referem a uma popu- extremidade do tubo ou traumatismo da vel descartar que tenha ocorrido inade-
lação específica de recém-nascidos prematu- mucosa em decorrência de aspirações do tubo quação do diâmetro, pois não foi aferida a
ros. A menor incidência de estenose subglótica traqueal, uma vez que tubos com balonete são presença de escape. Apesar dessa possibili-
nos recém-nascidos incluídos no presente raramente utilizados. Lesões do tipo traqueíte dade a incidência de lesões graves, em
estudo pode ter sido decorrente do fato de e/ou bronquite não estão diretamente relacio- particular da estenose subglótica, foi compa-
a nossa população não ter sido fortemente nadas ao tubo traqueal, mas provavelmente à rável aos estudos publicados.
representada por neonatos prematuros de pressão positiva do respirador, concentração
muito baixo peso (média do peso a extubação de oxigênio, umidade e temperatura do ar CONCLUSÕES
= 2.539,4 ± 833,3; variação= 1.250 - inspirado30. A baixa incidência de lesões repor- Nessa população de 215 pacientes ob-
4.600g). Nos demais estudos o peso de nasci- tadas abaixo da subglote pode ser devida a viés servamos elevada incidência de lesões em
mento médio foi de 1.229,7 ± 137,3 gramas de observação uma vez que os autores vias aéreas secundárias à intubação
com variação de 496 a 4.850g 9-14. A pesquisados se concentraram em reportar a traqueal, sem diferença estatisticamente
prematuridade extrema pressupõe uma maior incidência de estenose subglótica ou pelo fato significante entre os grupos etários para
duração da intubação com maior risco de de que tubos sem balonete são geralmente nenhuma das características estudadas.
exposição às demais variáveis de risco, além da recomendados para crianças menores de oito Houve predomínio de lesões classificadas
imaturidade do sistema respiratório. a 10 anos31. Essa recomendação se baseia nos como leves, de acometimento da glote e
Outro aspecto que dificulta comparações conhecimentos da anatomia da via aérea nesta lesões caracterizadas por erosão, edema e
é o denominador a partir do qual a incidência faixa etária. A região subglótica que corres- ulceração. No entanto, lesões moderadas e
de estenose subglótica é reportada. Alguns ponde ao anel da cartilagem cricóide repre- graves estiveram presentes. O conheci-
autores reportam seus dados a partir do senta o ponto de maior estreitamento da via mento da distribuição das lesões quanto
número de recém-nascidos admitidos en- aérea, atuando como “balonete funcional”. No à gravidade e localização anatômica pode
quanto outros reportam a partir do número de entanto, essa prática tem sido revista em fun- auxiliar na redução de lesões com potencial
recém-nascidos submetidos à intubação ção de estudos que mostraram incidência de de evolução desfavorável bem como das
traqueal, e ainda a partir do número de pacien- estridor pós-extubação similar entre pacientes seqüelas de intubação. Estudos de acompa-
tes intubados por determinado período9,11,12,. que utilizaram tubos com e sem balonete 32,33. nhamento clínico e/ou endoscópico de
Incidência de 4,9% de estenose subglótica O desenvolvimento de lesões secundárias pacientes com lesões moderadas à extu-
em recém-nascidos encontrada na nossa à intubação é certamente um fenômeno bação são necessários para definir o prog-
pesquisa teve como denominador todos os multifatorial, desse modo diversas variáveis nóstico associado a essa forma de lesão.

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