Você está na página 1de 13

XIII International Conference on Graphics

Engineering for Arts and Design


GRAPHICA RIO 2019

Promoção
Colégio Pedro II
ABEG - Associação Brasileira de Expressão Gráfica

Realização
Departamento de Desenho do Colégio Pedro II

Organização Geral
Sandra de Araujo Barata Gomes

Rio de Janeiro, setembro de 2019


TRANSFORMAÇÕES NO ENSINO DA GEOMETRIA
DESCRITIVA NA FAU/UFRJ 1132
CHOKYU, Margaret Lica
MARQUES, Aline Calazans
NASCIMENTO, João Gabriel Affonso

AMBIENTE WEB DE REALIDADE AUMENTADA E


REALIDADE VIRTUAL PARA VISUALIZAÇÃO DOS
PLANETAS DO SISTEMA SOLAR 1142
SIQUEIRA, Paulo Henrique

APLICAÇÃO DE CONCEITOS GEOMÉTRICOS NOS


CURSOS DE DESIGN POR MEIO DA ETNOGEOMETRIA 1154
MACHADO, Silvana Rocha B
VERTULLI, Marcos Jerônimo A

DOCUMENTAÇÃO PATRIMONIAL NA ERA DIGITAL:


ESTUDOS SOBRE LASER SCANNER E FOTOGRAMETRIA 1165
SILVA, Giulia Ravanini
VIZIOLI, Simone Helena Tanoue

APLICAÇÃO DE TECNOLOGIA DE PROTOTIPAGEM RÁPIDA


POR MANUFATURA ADITIVA NA PRODUÇÃO DE UMA
CÂMERA FOTOGRÁFICA ANALÓGICA PINHOLE: DA
CONSTRUÇÃO DO OBJETO À REVELAÇÃO DAS FOTOS 1184
HELLMEISTER, Luiz Antonio Vasques
MARGADONA, Laís Akemi
PORSANI, Rodolfo Nucci

TENTATIVAS DE DEFINIÇÃO DO DESIGN – UM CONCEITO


EM EXPANSÃO 1194
SANTOS, Arthur H

MODULAÇÃO DOS CEMUNIS: ESTUDO DE CASO


A PARTIR DOS SISTEMAS GENERATIVOS 1204
BRAGA, Gabriela Mindas
MARTINO, Jarryer Andrade de

RELEVÂNCIA DA PLATAFORMA BIM NO MELHORAMENTO


DE PROJETOS DE ESTRADAS E RODOVIAS NO CENÁRIO NACIONAL 1213
COSTA, Camilla Dourado Souza
SULZ, Ana Rita

DESENVOLVIMENTO DE ANIMAÇÃO LEVANDO EM


CONTA ASPECTOS PSICOLÓGICOS A RESPEITO DA
MORTE - WHAT’S DEATH 1223
PEREIRA, Douglas D.
PORSANI, Rodolfo N.
SILVA, Guilherme B

QUINTA DA BOA VISTA AUMENTADA: UM PERCURSO


INTERATIVO PELO PATRIMÔNIO 1233
ALMEIDA, Ana Carolina Moreno de
PARAIZO, Rodrigo Cury
VIZIOLI, Simone Helena Tanoue
XIII International Conference on Graphics
Engineering for Arts and Design

RELEVÂNCIA DA PLATAFORMA BIM NO MELHORAMENTO DE


PROJETOS DE ESTRADAS E RODOVIAS NO CENÁRIO NACIONAL
COSTA, Camilla Dourado Souza1
SULZ, Ana Rita2

Resumo
A visualização tridimensional e interoperabilidade proporcionadas por softwares
para autoestrada do Building Information Modelling (BIM) vêm sendo peça chave
para proporcionar uma melhor elaboração de projetos, além de permitir acelera-
ção nos processos licitatórios. Neste artigo realçamos aspectos positivos e negati-
vos resultantes da representação de estradas através do desenho técnico gerado
por programas digitais da plataforma BIM, na expectativa de ampliar a divulgação
acerca da importância de investimentos na capacitação dos profissionais envolvi-
dos e implementação dessa tecnologia nos projetos de rodovias no Brasil.

Palavras-chave: BIM; projeto; desenho; rodovia; estrada.

Abstract
The three-dimensional and interoperational visualization provided by software
aimed at the motorway branch that compose the construction information
modeling (BIM) has been the key piece for the development of a project idea,
besides allowing an acceleration in the bidding processes. In this article we
highlight the positive and negative aspects of road representation through the
technical drawing generated by the digital platform programs BIM, in expectation
to expand the dissemination about the importance investments training of
professionals involved and implementation of this technology in the projects of
highways in Brazil.

Keywords: BIM; project; drawing; highway; road.

1
Universidade Estadual de Feira de Santana, camilladourado27@gmail.com
2
Universidade Estadual de Feira de Santana, sulz@uefs. br
Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

1 Implementação do Building Information Modeling (BIM) pelo setor


rodoviário do Brasil
O atual cenário da engenharia brasileira tem requerido esforço maior de todas as áreas para
que sejam operados projetos em BIM (Building Information Modeling). O setor rodoviário vem
sendo incluído nessa exigência diante do advento de novos softwares e consequente estímulo
dos órgãos responsáveis por processos licitatórios, como é o caso do Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes(DNIT). A utilização adequada dos dados em BIM resultará em
recurso para se alcançar solução de design geralmente econômica e melhorar a eficiência na
comunicação entre os participantes do projeto, como destacado por Lopez et al. (2016).
No Brasil, o uso da plataforma BIM ainda não é unanimidade no âmbito da infraestrutura
rodoviária, mesmo diante dos benefícios adicionais que esta apresenta em relação a outras
formas de projeção consideradas ultrapassadas. Conforme observado por Soehe (2016), os
maiores obstáculos para a adoção da ferramenta são resultado da falta de perspectiva do
uso do BIM em outras etapas para além do uso exclusivo na fase de projeto. Mas já existem
iniciativas previstas, como é o caso de uma sequência de projetos pilotos definida pelo DNIT
em busca do aperfeiçoamento dos profissionais envolvidos no projeto para que dentro de al-
guns anos todos os processos em questão aconteçam a partir da modelagem da informação
da construção de forma obrigatória (SILVA, 2018). Mesmo que os programas da platafor-
ma em questão tenham chegado ao país há alguns anos, a área de infraestrutura rodoviária
carece de profissionais que dominem, efetivamente, as ferramentas BIM, sendo essa uma
das dificuldades de sua implementação por parte do Departamento Nacional de Infraestru-
tura de Transportes. Contudo, como defendido por Pascoal et al. (2017), apesar dos pontos
positivos já conhecidos do BIM, a sua implementação exige mudança no modo de pensar
daqueles que estão envolvidos em todos os processos, desde o projeto até a construção.
A visualização tridimensional proporcionada por softwares voltados para o ramo da auto-
estrada que compõem o BIM pode ser destacada como uma das principais mudanças ocor-
ridas na área de planejamento de obras nos últimos tempos, já que os projetos de estradas
eram concebidos tradicionalmente em duas dimensões. Essa representação não permite
que se visualize completamente o projeto, podendo resultar em falta de estruturação entre o
desenho das coordenadas verticais e horizontais, o que afeta a continuidade e distância de
visibilidade, resultando em problemas de segurança.
Como enfatizado por Quintanilha et al. (2014), o uso de modelos em 3D permite que o
projetista analise problemas de segurança sob diferentes perspectivas,quando comparado
aos modelos 2D tradicionais. Isso garante que os parâmetros do projeto geométrico, res-
ponsáveis pela condução de diretrizes de segurança impostas por normas, sejam corrigidos
preliminarmente, evitando erros no projeto, além de haver redução do retrabalho.
Neste sentido, estudamos aspectos positivos e negativos resultantes da representação
de estradas através dos desenhos em três dimensões gerados pelos programas digitais da
plataforma BIM. Para isso, realizamos pesquisa bibliográfica na qual foram consultados tra-
balhos que trazem uma perspectiva dos prós e contras identificados a partir da utilização
dessa inovação tecnológica em projetos geométricos, no intuito de obter parâmetros que
proporcionem o melhoramento desses no cenário nacional. O trabalho foi desenvolvido no

Página 1215
Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

âmbito do Programa de Iniciação Científica da Universidade Estadual de Feira de Santana


(UEFS), entre 2018 e 2019. Julgamos que essa pesquisa poderá colaborar para discussão
e divulgação acerca da importância de investimentos na implementação de softwares que
compõem a plataforma BIM nos projetos de rodovias do Brasil, bem como a relevância da
capacitação dos engenheiros e demais responsáveis em todas as fases da construção civil.

2 Reformulação na idealização de projetos rodoviários


No desenvolvimento do projeto de uma rodovia é indispensável o conhecimento prévio de
como interpretar e executar o desenho técnico, pois é ele que proporciona uma visão inicial
do que deve ser visto ao final das obras. “A estrada é um ente tridimensional que deve se
ajustar de forma harmônica à topografia da região [...]” (PIMENTA; OLIVEIRA, 2004, p. 1). Por
ser um elemento tridimensional, sempre existiu dificuldade na hora de explorar projetos ma-
nuais e, mais adiante, os ambientes virtuais 2D que possibilitavam a execução de desenhos
técnicos de infraestrutura e transporte. Contudo, foi esse ambiente 2D que perdurou durante
muitos anos até o surgimento de ferramentas ainda mais desenvolvidas e que possibilitara-
ma projeçãoem 3D, comoé o caso de softwares gráficos da plataforma BIM.
O setor de construção civil vem enfrentando mudanças no Brasil decorrentes do avanço
nas tecnologias de projeção, especialmente estando diante do decreto nº 9377, de 17 de
maio de 2018, que institui a disseminação do Building Information Modelling (BIM). No âm-
bito da infraestrutura rodoviária nacional não tem sido diferente, já que um dos primeiros
projetos pilotos identificados pela estratégia de adoção BIM (BIM BR) do Governo Federal foi
o Programa PROARTE do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte. No DNIT o
BIM ainda está em fase de implementação e o órgão vem realizando adequações e capaci-
tações necessárias para viabilizar a contratação de projetos em BIM até 2021 (SILVA, 2018).

3 Competências oferecidas pelos softwares voltados para projetos rodoviários


Diferentes são os prós e contras dos resultados oferecidos pelas plataformas digitais em
BIM, destacando-se o fato de ser uma importante inovação para o setor de infraestrutura,
gerando redução de custo, redução de erros, e tempo de execução do projeto (BRANDÃO,
FERREIRA, 2015). Essas são as principais justificativas pautadas para que a metodologia
seja adotada, já que a tecnologia se apresenta mais avançada em termos de obras civis.

O projeto geométrico é a parte do projeto de estradas que estuda as di-


versas características geométricas do traçado em função das leis do mo-
vimento, do comportamento dos motoristas, das características de opera-
ção dos veículos e do tráfego, de maneira a garantir uma estrada segura,
confortável e eficiente, com o menor custo possível (PIMENTA, OLIVEIRA,
2004, p.15).

Estar diante de uma ilustração detalhada de algumas perspectivas geométricas propor-


cionadas pelo Building Information Modeling ajuda a garantir maior constância na realização
de um projeto rodoviário mais seguro, já que nos modelos em 3D há uma maior facilidade
em assimilar as informações. Tal aspecto pode ser reforçado a partir da análise de distância
de visibilidade, por exemplo, a qual pode ser considerada um fator preponderante para que
haja uma garantia de maior seguridade da via. O software Infraworks, que faz parte da pla-

Página 1216
Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

taforma BIM, permite que essa análise seja feita de forma mais aberta do que se tinha nos
sistemas bidimensionais clássicos. O programa digital ajuda a identificar pontos cegos ou zo-
nas de falta de visibilidade a partir de marcadores de diferentes cores, através dos quais são
detectados pontos onde a visibilidade está comprometida por obstruções, conforme mostra
a figura abaixo (AUTODESK, 2019).

Figura 1 - Amostragem da função de análise da distância de visibilidade no software Infraworks.


Fonte: AUTODESK, 2019.

Teall (2014) também apontou as competências que vêm sendo incluídas nas concep-
ções que adotam o BIM no setor em estudo. No seu trabalho, destaca a redução do número
de alterações no projeto, além das reduções no retrabalho e desperdício quando o projeto é
construído virtualmente antes do trabalho local. O autor reitera que além de utilizar os mo-
delos BIM para detectar conflitos e revisar projetos é possível recorrer às ferramentas BIM
para transferir as informações mais efetivamente da equipe do projeto para o proprietário.
Um ponto negativo colocado em questão foi o fato de haver múltiplos sistemas de armazena-
mento de informações, o que, combinado com a falta de padronização, acaba dificultando a
obtenção de informações relevantes. Como sugestão, o autor recomenda que haja a criação
de um banco de dados de objetos 3D e o desenvolvimento de classificação de nomencla-
turas adequadas para o setor de rodovias. Segundo Teall, isso ajudaria no progresso futuro
para adoção do BIM dentro de grandes projetos de alta disponibilidade (tradução nossa).
Ainda com a temática das funcionalidades da plataforma, Park et al. (2014) desenvol-
veram um sistema baseado em BIM atrelado ao Sistema de Informação Geográfica (SIG ou
GIS – Geographic Information System) para uma melhor seleção de rotas a partir da fase
preliminar de viabilidade. Segundo os autores, o sistema proposto estima os custos do proje-
to para cada rota incluindo custos de construção, custos de aquisição de terrenos, operação
e manutenção, além de permitir que as tomadas de decisão partam da melhor rota para
o projeto com base nas comparações de custo entre as alternativas apresentadas. Como
possíveis melhoramentos provocados pelo sistema são postos em destaque a visualização
3D, que, ao ser ligado com a informação associada, fornece ao usuário uma melhor com-
preensão do projeto e a sua flexibilidade, já que permite ao usuário mudar facilmente a rota.

Página 1217
Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

Dando continuidade aos resultados produzidos pelo uso de softwares do BIM na área
de infraestrutura, Pascoal et al. (2017) afirmam que os projetos melhores, incluem desde
maior precisão nas quantidades, maior qualidade na informação a ser utilizada na fase de
operação, e menores prazos e custos são resultantes da aplicação do BIM. Mas, segundo
os autores, apesar dos benefícios referenciados, a implementação exige mudança no modo
de pensar por parte das pessoas envolvidas nos processos de projeto e construção. Sobre a
realidade atual do Brasil, destacam que embora a utilização do BIM tenha grande potencial
para gerenciar informações, o país se identifica com uma ampla necessidade de reformula-
ção em relação aos processos, pessoas, tecnologia e dados envolvidos nas etapas de projeto
e execução de obras, de maneira a atender as necessidades de crescimento e melhoria da
qualidade na indústria da construção civil. Conforme observado por Pascoal et al. (2017),
tem-se que, além do aumento da qualidade da produtividade, o BIM elimina incompatibilida-
des entre os projetos. Dessa maneira, a possibilidade de erros é considerada muito menor
com a otimização proporcionada pela plataforma, conforme foi exemplificado pela afirmação
de Brandão e Ferreira (2015, p. 60).

O software AutoCAD Civil 3D, que é uma ferramenta do BIM proporciona um


ganho de produtividade no processo de construção do projeto de uma estra-
da. O software permite que se construa o alinhamento horizontal e vertical
de forma prática e automática, mantidas as necessidades de um projeto de
engenharia, e também possibilita que qualquer mudança efetuada em qual-
quer trecho de um desses alinhamentos, seja também realizada para todos
os outros elementos do modelo o que reduz o trabalho mecânico de se fazer
alterações em cada trecho do projeto separadamente.

Acrescentando com os prós analisados, Brandão (2014) observa que o uso da metodo-
logia BIM também possibilita uma integração entre os setores de projeto, planejamento e or-
çamento em um só programa ou software. Segundo o autor, isso aperfeiçoa os processos no
estudo de obras para licitação e elaboração de propostas. Sem contar que tais ganhos são ge-
rados para empresas participantes dos processos e também para os órgãos governamentais,
que irão ter uma forma muito mais prática e eficiente de analisar e verificar se o projeto aten-
de às expectativas previstas. Brandão (2014) ainda cita outras funcionalidades do Building
Information Modeling, quando combinado com o SIG. A partir de tal integração, é permitida
a criação de modelos que concordam com a realidade existente no entorno da obra, como é
mostrado na Figura 3. São exemplos disso os dados extraídos como, por exemplo, de tipo de
solo, nascentes de rios, áreas ocupadas, zonasurbanas, zoneamento e uso do solo.

Figura 2 - Representação tridimensional no Infraworks.


Fonte: BATISTA, 2015, p.34.

Página 1218
Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

3.1 Respostas das aplicabilidades dos softwares


Os softwares que compõem o BIM têm se mostrado ferramenta com grande produtividade
para projetos da engenharia que possuem grandes estaturas, como é o caso dos rodoviários.
Tomando conhecimento dessa característica intrínseca, muitos órgãos vêm implantando e
tornando obrigatório o uso dessa ferramenta. Soethe (2018) destaca o exemplo da Alema-
nha, pois o país adotou o BIM de forma obrigatória somente para infraestruturas de transpor-
te por acreditar que os benefícios têm maiores proporções e são mais facilmente atingíveis
quando aplicados para este tipo de empreendimento.
Auxiliando na disseminação das possibilidades que a plataforma pode oferecer, Lopez
et al. (2016) fizeram uma análise do uso do BIM e suas tecnologias associadas em grandes
projetos rodoviários na Austrália e na República Popular da China. De acordo com o estudo
realizado, checou-se que as informações do modelo BIM podem ser usadas para simular vá-
rias alternativas com base no ambiente circundante, enquanto esse uso é raro para edifícios.
Diante disso, foi lançada pelos autores uma comparação entre o uso do BIM entre edifícios
e projetos de infraestrutura, levando em consideração que as características complexas do
projeto rodoviário e o grande investimento de capital seriam as principais influências sobre
esses diferentes usos. Ao final do estudo, partindo-se do uso da plataforma, o projeto aus-
traliano envolvido economizou aproximadamente 22,5 milhões de dólares, sendo que esse
dado foi alcançado com base nos cálculos aproximados três meses antes da data de conclu-
são prevista. Além disso, as informações virtuais precisas em termos geográficos e geomé-
tricos do modelo BIM foram as responsáveis por salvar custos das mudanças e retrabalhos
do projeto analisado.
Brandão e Ferreira (2015) foram responsáveis por uma aplicação prática do BIM em
uma obra de infraestrutura viária e de terraplenagem realizada na cidade de Salvador, na
Bahia. No estudo de caso foram utilizados os softwares AutoCAD Civil 3D e o Infraworks. No
estudo em questão, o software Infraworks foi utilizado para as fases preliminares do projeto,
nessa parte foi possível que os envolvidos no projeto tivessem uma real dimensão de como
o projeto afetaria o entorno além de permitir a análise dos melhores traçados possíveis para
a via. Para a fase posterior, na qual se fez necessário um projeto executivo, utilizou-se do
software AutoCAD Civil 3D. O modelo criado pelo software é capaz de trazer todas as infor-
mações relevantes para a execução da obra como, por exemplo, quantitativos dos materiais,
os volumes de terraplenagem necessários e visualizações em 3D do projeto final. Uma das
principais mudanças na maneira de projetar citadas pelos autores foi a forma como os pro-
gramas causaram a otimização de processos repetitivos na fase de estudo, como é o caso
dos cálculos de volumes de terraplenagem, que nos métodos tradicionais se mostrava um
trabalho maçante.
Com conceitos modernos, Abdelwahab (2017) apresenta uma visão dos projetos inteli-
gentes em 4D, 5D e afins que acrescentam funcionalidades aos programas do BIM, como
é o caso de planejamentos a partir de cronogramas e orçamentos, por exemplo, partindo
de dois estudos de caso para projetos de design de estradas. Como ressaltado pelo autor,
complementando o 3D proporcionado pela plataforma BIM, o modelo 4D resultante permite
que as partes interessadas visualizem a construção planejada durante a execução do pro-

Página 1219
Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

jeto para identificar possíveis erros no cronograma, o que contribui para o gerenciamento
eficaz de um projeto. Ao adicionar uma componente de custo ao processo se cria uma quinta
dimensão, ou seja, um modelo 5D. A partir de uma pesquisa sobre a viabilidade econômica
do uso do modelo, foi confirmado que há alto retorno geral do investimento de modelagem
para o proprietário, independente do tamanho do projeto, sugerindo que a implementação
da modelagem pode vir a ser uma ferramenta vital que resulta em economia de custo signi-
ficativa para todas as partes interessadas. O autor instrui que os avanços nas tecnologias de
computadores estão facilitando o uso dessas ferramentas tridimensionais e quadrimensio-
nais no projeto de rodovias, além de realçar que os modelos também podem ser usados para
detectar os diferentes sistemas antes da instalação, o que reduz o número de alterações
durante a construção. O quadro abaixo sintetiza o panorama competente de cada dimensão.

Quadro 1 - Características das dimensões do BIM.


Fonte: BRANDÃO, 2014, p.27.
Como destacado por Soares et al. (2017), o fato de a tecnologia BIM ser pouco conhecida
e utilizada no Brasil à torna uma aposta na geração de avanços para o setor da construção
no país, especialmente em projetos rodoviários, visto que já existe a exigência de utilização
da mesma em projetos rodoviários, por exemplo, em Santa Catarina. Os autores em questão
realizaram uma pesquisa com membros de uma empresa que aplicava o conceito BIM em
seus projetos rodoviários. O empreendimento implantou um software em BIM por volta de
2013, com a intenção de conseguir mais obras e agilizar os processos licitatórios. Com os
dados coletados no estudo, observou-se que a maioria dos profissionais entrevistados tinha
pouco conhecimento do conceito BIM. Mesmo assim, grande parte deles fez questão de
expor a facilidade de comunicação que o mesmo oferecia entre os profissionais ao deixar as
incompatibilidades em evidência. Dessa maneira, mesmo com muitos dos profissionais
envolvidos tendo conhecimento superficial sobre BIM, os autores perceberam que a
adoção da metodologia BIM propiciou um diferencial da empresa, já que é possível perceber
a gama de vantagens trazidas aos seus projetos. O quadro abaixo mostra uma síntese dos
resultados obtidos pelos autores na pesquisa realizada com os membros da empresa.

Página 1220
Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

Quadro 2 - Vantagens e desvantagens da implementação do BIM.


Fonte: SOARES, B. P. et al., 2017, p. 1088.

Trabalhando com a integração de SIG e BIM, Batista (2015) desempenhou um estudo


de viabilidade em projetos rodoviários. A possibilidade de realizar simulações de traçados, e
verificar a influência das edificações do entorno no estudo inicial foi um dos destaques feitos
pelo autor, já que a fase inicial do projeto é a responsável por uma maior capacidade de in-
fluenciar no custo. Para a elaboração de anteprojetos e viabilidade, os projetistas precisam
analisar inúmeras variáveis, as quais precisam de uma representação geográfica mais próxi-
ma da realidade. Para contar com essa ferramenta, o autor utilizou softwares em BIM, como
o Autodesk Infraworks 360, que permitiu visualizar dados geoespaciais em 3D. Conforme
evidenciado pelo autor, a integração dos dados do SIG e software BIM, com ênfase em pro-
jetos de infraestrutura, agiliza o estudo de viabilidade além de possibilitar a localização dos
problemas de conflito e corrigi-los instantaneamente. Mesmo diante de tantos benefícios, o
autor deixa claro que o processo de adesão ao BIM requer mudanças nos atuais métodos de
trabalho, principalmente na melhoria da integração entre os envolvidos nas diversas fases
de projeto, que devem ter domínio dessas tecnologias. Além disso, traz a necessidade da
adequação destas tecnologias às normas nacionais, de maneira a proporcionar projetos de
qualidade e que atendam às exigências do mercado no Brasil.

4 Conclusão
Através desse estudo foi possível verificar que existe uma grande quantidade de vantagens
fornecidas pelo uso da base de dados em BIM, já que essa metodologia é apontada como
uma evolução que revolucionou a forma de realizar projetos rodoviários em todo o mundo.
O ambiente bidimensional passou a dar espaço a uma interoperabilidade que conecta vá-
rias dimensões e traz a possibilidade de reunir vários profissionais envolvidos em um único
software ou ambiente para que trabalhem ao mesmo tempo. Assim, os ajustes são feitos de
forma integrada e mais eficiente. As prerrogativas mais citadas passaram pelo aumento de
lucro e redução de prazos. Sobre as dificuldades na utilização do BIM para projeto de estra-
das, verifica-se que estas se concentram, principalmente, na necessidade de mudança de
comportamento das pessoas envolvidas em todas as fases de projeto.
Dessa maneira, concluímos que, para a infraestrutura brasileira, o BIM representa uma
revolução na maneira de desenvolver projetosao permitir que esses se apresentem mais oti-
mizados e seguros, além de aumentar a possibilidade de melhor e mais eficiente aplicação
de recursos em obras públicas. Caberá aos envolvidos compreender que há uma necessi-

Página 1221
Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

dade premente de qualificação constante para que continuem inseridos no mercado de tra-
balho, e que tais inovações precisam ser discutidas, fomentadas e inseridas nos programas
formativos de profissionais da construção civil.

Agradecimentos
Agradeço à Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e, especialmente, à Fundação
de Amparo a Pesquisa (FAPESB) pelo auxílio e apoio proporcionado a partir da concessão da
bolsa de iniciação científica.

Referências
ABDELWAHAB, Hassan T. INTELLIGENT DESIGN (4D, 5D AND BEYOND) FOR ROAD DESIGN
AND CONSTRUCTION PROJECTS: TWO CASE STUDIES. IRF Examiner, v.12, p. 21-25, 2017.
Disponível em: <https://www.irf.global/irf-examiner-volume-12-value-engineering/>. Acesso
em: 25 abr. 2019.

AUTODESK INFRAWORKS. Sobre a análise de distância de visibilidade. Disponível em: <ht-


tps://knowledge.autodesk.com/pt-br/support/infraworks/learn-explore/caas/CloudHelp/
cloudhelp/PTB/InfraWorks-RoadsandHighways/files/GUID-A6A849AE-D03D-4754-B47A-
-AAB010EDAFF7-htm.html>. Acesso em: 15 abr. 2019

BATISTA, Michel Jean. INTEGRAÇÃO DE SIG E BIM NO ESTUDO DE VIABILIDADE DE RODO-


VIA: ESTUDO DE CASO DO PROLONGAMENTO DA PR-419. 2015. Trabalho de conclusão de
curso (Bacharelado em Engenharia Civil) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curiti-
ba, 2015. Disponível em: <http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/10046/1/
CT_EC_2015_2_12.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2019.

BRANDÃO, R. A.; FERREIRA, E. A. M. APLICAÇÃO DO BIM NO ESTUDO DE OBRAS DE IN-


FRAESTRUTURA VIÁRIA E DE TERRAPLENAGEM. Agência Imaginera, ed. 1, pp.45-62, maio
2015. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/280295978_APLICA-
CAO_DO_BIM_NO_ESTUDO_DE_OBRAS_DE_INFRAESTRUTURA_VIARIA_E_DE_TERRAPLENA-
GEM>. Acesso em: 26 abr. 2019.

BRASIL. Decreto nº 9.377, de 17 de maio de 2018. Institui a Estratégia Nacional de Disse-


minação do Building Information Modelling. Diário oficial da união: seção 1, Brasília, DF, p.3,
18 maio 2019.

LOPEZ,R. et al. Comparative Analysis on the Adoption and Use of BIM in Road Infrastruc-
ture Projects. In: Journal of Management in Engineering, v. 32, n. 6, nov. 2016. Disponível
em: <https://ascelibrary.org/doi/abs/10.1061/(ASCE)ME.1943-5479.0000460>. Acesso
em: 25 abr. 2019.

PARK, T.; KANG, T.; LEE, Y.; SEO, K. Project Cost Estimation of Natio-
nal Road in Preliminary Feasibility Stage Using BIM/GIS Platform. ASCE:
Computação em Engenharia Civil e de Construção, p. 423-430. Orlando, Flórida, Estados Unidos ,
17 jun. 2014. Disponível em: <https://ascelibrary.org/doi/10.1061/9780784413616.053>.
Acesso em: 25 abr. 2019.

PASCOAL JÚNIOR, Jairo; ARROTÉIA, Aline Valverde; ASSUNCAO, Anderson; SANTOS, Eduardo
Toledo. Análise de casos práticos da adoção do processo BIM em empreendimentos de
infraestrutura. In: CONGRESSO DE TÚNEIS E ESTRUTURAS SUBTERRÂNEAS, 4, 2017, São
Paulo – SP. ResearchGate, v. único, p 2-14. Anais[...]. Disponível em: <https://www.resear-

Página 1222
Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

chgate.net/publication/316059908_Analise_de_casos_praticos_da_adocao_do_proces-
so_BIM_em_empreendimentos_de_infraestrutura>. Acesso em: 26 abr. 2019.

PIMENTA, Carlos R. T; OLIVEIRA, Márcio P. Projeto geométrico de rodovias. Edição 2. São


Carlos: RiMa, 2004.

QUINTANILHA, J. A. et al. O uso de ferramentas de visualização tridimensional para detec-


tar deficiências em projetos geométricos de estradas. Bol. Ciênc. Geod. , Curitiba, v. 20,
n.  1, p.  54-69, março de 2014.  Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=s-
ci_arttext&pid=S1982-21702014000100004&lng=en&nrm=iso>.  Acesso em 20 de maio
de 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1982-21702014000100004.

SILVA, L. S. ESTRATÉGIA BIM BR. Disponível em: <https://www.dnit.gov.br/planejamento-e-


-pesquisa/bim-no-dnit/bim-no-dnit-1/estrategia-bim-br>. Acesso em: 19 maio 2019

SOARES, Bárbara do Prado; FREITAS, Fabiana Ferreira de; CAMPOS NETO, Lúcio de Souza.
APLICAÇÃO DO CONCEITO BIM PARA PROJETOS RODOVIÁRIOS. [S. l.: s. n.], 2017. Disponí-
vel em: <http://izabelahendrix.edu.br/pesquisa/anais/paginas-de-anais-2017-1079-1092.
pdf>. Acessoem: 26 abr. 2019.

SOETHE, Pedro. BIM nas rodovias: redução de custos. 2016. Disponível em: <https://blogs.au-
todesk.com/mundoaec/artigo-bim-nas-rodovias-reducao-de-custos/>. Acesso em: 3 mai. 2019.

SOETHE, Pedro. BIM para Infraestrutura de Transportes Rodoviários. 2018. Disponível em:
<https://blogs.autodesk.com/mundoaec/bim-para-infraestrutura-de-transportes-rodovia-
rios/>. Acesso em: 3 maio 2019. DOI: https://doi.org/10.1061/9780784413616.053.

TEALL, Oliver. Building information modelling in the highways sector: major projects of the
future. Revista Ice Publishing, v. 167, n. 3, p. 127-133, nov. 2014. Disponível em: <https://
www.icevirtuallibrary.com/doi/10.1680/mpal.13.00018>. Acesso em: 25 abr. 2019.

Página 1223

Você também pode gostar