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O papel da automação e inteligência artificial no Processo

projetual arquitetônico
Orientação: Profa. Dra. Anja Pratschke
Instituto de Arquitetura e Urbanismo
Universidade de São Paulo
Introdução e Justificativa

É de essencial importância considerar que não temos mais as mesmas proposições de uma
arquitetura de cinqüenta anos atrás. A pertinência de uma rediscussão da chave
racional-funcionalista é assumida pelos próprios vazios deixados por essa arquitetura, e pelo seu
próprio desdobramento temporal e urbano, resultando numa gama nova de necessidades
vinculadas fortemente à constante fluidez e cruzamento de informações. O processo de
hibridização cultural pede mais do que a síntese e a simplificação de formas oferecidas pelo
movimento moderno. Revoga interdisciplinaridade, conectividade, pluralismo, aumento, ainda
maior, de velocidade e complexidade típicos da Era da Tecnologia e da Informação.

No âmbito expressivo de um homem e de seu tempo, a arquitetura contemporânea traz no


seu cerne novas exigências vista a complexidade projetual com que se apresenta. Seja por ser
um desdobramento ou oposição do período moderno, exige constante renovação, seja do
próprio edificado (o que já é um fato naturalizado nas grandes metrópoles globais de hoje, como
São Paulo, Nova Iorque, Tóquio, Osaka), dos processos de criação, ou dos processos
técnico-construtivos. A mudança conceptiva e no método de construção dessa nova linguagem
são parte dos objetos aqui relatados.

A complexidade dos projetos é dada por fatores expressivos, pela exigência de interpretação
das informações de forma e conceito, pelas tecnologias empregadas, pela variedade de produtos
de manufaturados e da articulação necessária entre eles, dos processos sociais, econômicos e
políticos que influenciam uma sensibilidade específica do arquiteto, de um partido em relação à
paisagem que insere e em que está contida, dentre outros. Todo esse quadro modelador de uma
arquitetura que vem se desenrolando desde os anos 70, não foi acompanhado por métodos
viabilizadores de projeto. É aparente a incompatibilidade de materialização propriamente dita de
um projeto pós-moderno, com o mesmo nível de reflexão, detalhamento, e apuro técnico.
Entretanto esse abismo não deve ser exclusividade da arquitetura contemporânea, visto que a
arquitetura moderna, mesmo fazendo uso de um recurso formal simplificado e sintetizante, de
inclusão numa lógica industrial de produção em massa e estandardizada no intuito de ganhar
tempo, qualidade e resolução de uma problemática sócio-econômica padeceu para edificar-se.
De fato, deve-se ressaltar o arcaísmo que sempre permeou o setor da construção civil,
absorvente de mão-de-obra desqualificada, de condições de trabalho e remuneração rasos.
Esses fatores também devem ser considerados para dar sustento aos processos construtivos
emergentes, que inicialmente mostram-se dotados de uma nova coletividade produtiva para
atender aos programas vigentes.

Pertinente a uma arquitetura informatizada, tecnológica e complexa, as Tecnologias da


Informação e Comunicação surgem com uma promessa deduzida naturalmente pela própria
nomenclatura. Maior velocidade de processamento, racionalização e desenvolvimento de
processos por gerenciamento de dados são pontos focais na sua pauta de atuação. A
complexidade imposta pelas TICs parte de um incremento de algumas limitações de ferramentas
do tipo CAD, que de certo modo surgiram como promessas de ganho de tempo útil, idéia essa
que já muito controvertida. Superam o conceito básico das ferramentas 2D primitivas e 3D com
o 4D (3D somado com o parâmetro TEMPO), e ainda com o 5D (alem do tempo abrange
também CUSTO). Esses dois conceitos são recorrentes quando a temática é o capital financeiro,
um dos gestores e determinantes do nosso tempo. De qualquer forma a computacão quando
aplicadas na construção civil, possibilitando melhor análise e, conseqüentemente, melhor
entendimento da obra antes da execução, conferindo maior precisão, aproveitamento de tempo,
materiais e trabalho (execução e manutenção). Além disso constroem gráficos e dados que
permitem visualização prévia e otimização de desempenho dos “parâmetros invisíveis”
(movimento de ar, iluminação, conforto térmico, esforços estruturais, acústica, entre outros). Aqui
se aproveita também para citar o chamado Processo Colaborativo, tratado mais adiante, e que
também é constitutivo dessa agilização produtiva, pela ligação de ​pessoas que fazem o tempo
de fabricação enxuto, conferindo maior qualidade ao produto, bem como na formação de novos
profissionais.

Como se pode perceber trata-se de um processo global. Traz consigo uma promessa de
reestruturação da arquitetura e seus nuances de processos, atores, máquinas e,
conseqüentemente, resultados. O caminho se dá em torno de dois eixos principais: o do homem
e da máquina. Está, mesmo com o advento do computador com rápido desenvolvimento e seu
uso massivo no nosso cotidiano e na arquitetura, não ocorreu dotada de uma facilitação no
desenho de formas que não fosse por composição de entidades (linhas, arcos etc.), e de uma
interação real entre designer e obra. Novamente se tem um fazer arquitetônico tecnológico
apenas de aparência, visto que a computação gráfica não é tratada como linguagem
propriamente dita, mas sim como mero sistema de formalização. Não acontece uma criação
projetual de elaboração e reelaboração. O método de projeto, cabe dizer, é outro campo fértil de
atuação das tecnologias de design computacional, até então inimaginado, incluindo nos seus
processos a automação e inteligência artificial

Atualização  do  Laboratório  de  Ensino  Informatizado  [LEI],  Implantação  de  software, 
infra-estrutura e capacitação.
Para que ocorra uma reformulação de maneira integral e que se chegue aos objetivos almejados
no programa no curso, está ocorrendo uma transformação do laboratório de ensino informatizado
no sentido de adequá-lo à essa nova solicitação programática. A pesquisa proposta é uma das
bases fundamentais de um conjunto de ações para preparar o laboratório de ensino
informatizado e os seus usuários. Além da pesquisa de iniciação, esta sendo elaborado um
projeto de equipação de laboratórios que prevê a aquisição de equipamentos, de periféricos, de
software. Prevê um conjunto de atividades em formato de tutoriais, apresentações de software
por professionais, conteúdos tratados em disciplina IAU0743/0744: Informática para arquitetura e
disciplinas optativas, e finalmente interlocução com disciplinas de projeto e da área de
tecnologia, enfim para estimular o uso do conjunto de aplicativos e software no processo
projetual.
Isso permitiria com que, a partir da adoção de novas formas de ensinar e aprender a Informática,
se tenha um posicionamento muito mais ativo em relação aos métodos de projeto com o auxílio
do computador. Esta é uma forma em que o LEI quer se configurar para servir de suporte para
as atividades didáticas do curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São
Carlos.
 
Objetivo geral
O objetivo geral da pesquisa é investigar o desenvolvimento da automação e inteligência artificial
em relação com o design paramétrico e BIM no processo projetual arquitetônico
 
Objetivos específicos
● Entender o estado da arte do Design Paramétrico;
● Entender o estado da arte da Modelação da Informação da Construção [BIM]
● Entender o estado da arte de Automação e Inteligência artificial usados nos dois campos
a cima
● Levantar e analisar projetos arquitetônicos e seus processos que foram concebidos e
gerados dentro de um ou os dois modos de proceder.
● Levantar práticas de ensino em disciplinas e laboratórios em escolas de arquitetura que
ensinam os Modos citados acima.
● Sistematizar e analisar os resultados para criação de critérios para a implementação de
política de uso junto ao Laboratório de Ensino de Informática, auxiliando o Coordenador
do Laboratório e o Funcionário responsável.
● Produção de site e base de dados para divulgar os resultados alcançados;
Resultados esperados
Como produto final desta pesquisa será produzido um Relatório de Pesquisa cujo conteúdo
apresentará o desenvolvimento das pesquisas e seus resultados obtidos a partir das discussões
dos pontos levantados durante o trabalho.
Será produzido um manual de políticas de sugestões de implementação e divulgação junto aos
usuários do LEI.
Serão produzidos também artigos acadêmicos que serão veiculados em revistas especializadas
e congressos.
Também haverá a divulgação dos dados da pesquisa em site da Internet.
Etapas 
O assunto será abordado através da seguinte metodologia:
Leitura​: ​de textos sobre Design paramétrico, e BIM. Levantamento bibliográfico relacionada ao
tema do tratamento de informação e comunicação. Levantamento e coleta de informações e
material iconográfico por meio de mídia impressa especializada, nacional e internacional, ​sites
na​ Internet​, catálogos e publicações.
Entrevistas​:​ ​aplicadas à pesquisadores e coordenadores de Laboratórios de referência como,
Levantamento: de projetos e processos projetuais contemporâneas que explicitam o uso de
métodos baseados no design paramétrico e/ou BIM. Ponto de partida será a dissertação de
mestrado do arquiteto Guto Requena, que elaborou uma lista de critérios de leitura de projetos
contemporâneos que surgem a partir de processos de design e gerenciamento diferenciados.
Sistematizar e analisar​: as informações obtidas para criação de critérios para implementação e
política de uso junto ao Laboratório de Ensino Informatizado. Implementar junto com o
Coordenador do Laboratório e o Funcionário responsável. Avaliar, e corrigir os critérios.
Experimentação e Estruturação​: proposta de exercícios, organização de tutoriais e palestras
junto a comunidade LEI, esquemas de análise ​para avaliação dos resultados obtidos com o
objetivo de se formular uma proposta de implantação definitiva.
Os doze meses de pesquisa foram divididos em quatro etapas de trabalho:
Etapa  1​:  ​Revisão bibliográfica, através do auxílio da biblioteca EESC-USP, Biblioteca do
ICMC-USP, da FAU-USP, documentação Nomads - USP, entre outras fontes.
Etapa 2:​ Realização de entrevistas,
Etapa 3:​ Levantamento de projetos e processos
Etapa 4​: ​Sistematização de material levantado, tanto das leituras de textos pesquisados nas
fontes citadas, como das entrevistas e dos projetos. Geração de primeiros resultados.
Etapa 5:​ Propostas de exercícios, organização de tutoriais e palestras junto a comunidade LEI,
Etapa 6​:​ Análise final do conteúdo obtido e conclusões.
Etapa 7​: ​Produção de site na Internet para divulgação do resultado da pesquisa, relatório final.
Cronograma.
Para o cumprimento das etapas anteriores estipula-se o seguinte cronograma:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

1​ Revisão Bibliográfica

2 ​Entrevistas

3 ​Levantamento

4​ Sistematização

5 ​Experimentação

6 ​ Análise final

7 ​Produção de site e relatório final

 
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