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p. 47 v 29,7cm
ii
Registro aqui minha gratidão aos professores das
disciplinas da ênfase em Petróleo e Gás do curso de
Engenharia de Produção da UFRJ: Adriana Fiorotti,
Albino Lopes d’Almeida, Maurício Tolmasquim, Régis
da Rocha Motta, Solange Guedes e ao meu orientador
Abelardo Sá.
iii
Resumo do Projeto de Fim de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de
Produção da Escola Politécnica do Departamento de Engenharia Industrial da
Universidade Federal do Rio de Janeiro como um dos requisitos necessários para a
obtenção de grau de Engenheiro de Produção.
iv
Índice
1. Introdução................................................................................................................ 1
2. Histórico................................................................................................................... 2
2.1. Gás Natural no Mundo ..................................................................................... 2
2.2. Gás Natural Veicular no Brasil ......................................................................... 3
2.3. Regulamentação Brasileira .............................................................................. 4
3. Características do Gás Natural ............................................................................... 5
3.1. Composição ..................................................................................................... 5
3.2. Inflamabilidade ................................................................................................. 6
3.3. Poder Calorífico................................................................................................ 7
3.4. Emissão de Poluentes...................................................................................... 7
4. Conversão para o GNV ........................................................................................... 9
4.1. Equipamento .................................................................................................... 9
4.2. Segurança ...................................................................................................... 12
4.3. Conversão sob a Ótica do Consumidor ......................................................... 13
4.4. Vantagens e Desvantagens ........................................................................... 14
5. O Mercado Brasileiro............................................................................................. 16
5.1. Estágio Atual .................................................................................................. 16
5.2. Evolução Recente do GNV no País ............................................................... 18
5.3. Comparação com Mercado Argentino............................................................ 21
6. Perfil do Usuário no RJ.......................................................................................... 24
6.1. Dados sobre os Motoristas e Automóveis ...................................................... 25
6.2. Comparação entre Gasolina e GNV............................................................... 31
6.3. Análise do Abastecimento de GNV no Rio de Janeiro................................... 34
6.4. Manutenção e Segurança dos Veículos Convertidos .................................... 38
6.5. Satisfação Geral............................................................................................. 40
7. Conclusão.............................................................................................................. 41
7.1. Recomendações ............................................................................................ 45
8. Bibliografia............................................................................................................. 46
9. Anexo I .................................................................................................................. 48
v
1. Introdução
Durante a maior parte do século XIX, o gás natural foi utilizado quase
exclusivamente como fonte de iluminação. No final do século, a eletricidade assumiu o
posto de principal fonte de energia para iluminação. As companhias de gás tentaram
impulsionar o uso de seu produto em pequenos utensílios, como ferros de passar e
secadores de cabelo, mas não obtiveram sucesso.
A indústria de gás natural teve o ritmo de sua expansão reduzido nos anos 70,
mas alcançou excelentes resultados nos anos 80 e início da década de 90. O
desenvolvimento de mercado competitivo trouxe inovação e dinamismo à indústria.
Avanços tecnológicos aprimoraram as técnicas de exploração, produção e transporte
de gás natural, tornando-as mais eficientes e baratas.
2
transporte tem aumentado devido aos acordos ecológicos, como o Clean Air Act (Ato
do Ar Limpo) de 1990. Tecnologias emergentes têm desenvolvido novas aplicações
para o gás natural, por exemplo em boilers elétricos supereficientes. Somadas ao
aumento da consciência ambiental, características como custo, disponibilidade e
eficiência do gás natural tendem a aumentar sua importância frente aos demais
combustíveis.
3
rapidamente nos últimos anos. O Brasil tem hoje o quarto maior mercado do mundo
em número de veículos convertidos, atrás apenas de Argentina, Itália e Estados
Unidos.
4
3. Características do Gás Natural
3.1. Composição
Antes de ser distribuído para os postos, o gás natural precisa ser fracionado
em uma Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN). A composição do gás
após o processamento passa a ser:
5
Tabela 3.2: Composição do Gás após Processamento – Fonte: www.petrobras.com.br (janeiro/2002)
Elementos % Molar
METANO 87,59
ETANO 9,13
PROPANO 0,36
NITROGÊNIO 1,18
DIÓXIDOS DE CARBONO 1,74
3.2. Inflamabilidade
Tabela 3.3: Propriedades de Inflamabilidade – Fonte: National Gas Vehicle Coalition, www.ngv.org
(janeiro/2002)
6
3.3. Poder Calorífico
7
1,8 1,7
1,6
1,4
1,2 1,1
1
0,8
0,6
0,4
0,16 0,12
0,2 0,05 0,08
0
Hidrocarbonetos Óxidos de Nitrogênio Monóxido de Carbono
8
4. Conversão para o GNV
4.1. Equipamento
9
1. Cilindro de Armazenamento com Válvula: Fabricados a partir de tubos de
aço sem costura. A válvula é dotada de dispositivo de segurança para eventual
excesso de pressão. O equipamento é projetado para armazenar gás a uma
pressão de 200 kgf/cm2. A capacidade dos cilindros varia entre 7,5 e 24 m3 de
volume. O principal fabricante brasileiro é CILBRÁS - Empresa Brasileira de
Cilindros Ltda., do grupo White Martins. A tabela seguinte mostra as
especificações dos cilindros para GNV.
10
2. Chave Comutadora de Combustível: Possibilita a troca do combustível
utilizado pelo veículo (original/GNV) através de comando elétrico. Localiza-se
no painel do veículo, geralmente abaixo e à esquerda do volante.
11
importantes como rendimento, potência e nível de emissão de poluentes do
motor.
4.2. Segurança
Por ser mais leve que o ar, o gás natural dissipa-se rapidamente na atmosfera
em caso de vazamento, o que também diminui o risco de explosões e incêndios.
12
passagem do gás natural em caso de anomalia no sistema de distribuição. Assim,
casos de vazamentos ou rompimento de componentes são facilmente detectados,
provocando a interrupção da saída do GNV dos cilindros.
T= Conv
[(Pr_Gsl ÷ Rend_Gsl) – (Pr_Gnv ÷ (Rend_Gsl * 1,3))] x KM x 30 + IPVA x Desc_IPVA ÷ 12
Onde:
T = tempo necessário para retorno do investimento na conversão
Conv = valor da conversão
IPVA = valor do imposto pago anualmente
KM = quilometragem diária média
Pr_Gsl = preço da gasolina
Pr_Gnv = preço do gás natural
Rend_Gsl = rendimento do veículo rodando à gasolina, em km/l
Desc_IPVA = desconto concedido no IPVA de veículos convertidos
13
O efeito da conversão sobre os tempos de manutenção e troca de
equipamentos do veículo tem impacto econômico desprezível;
O impacto econômico de um possível aumento da vida útil do motor causado
pela conversão também pode ser desconsiderado;
A relação do rendimento do veículo é de 1,3 quilômetros por metro cúbico de
GNV para 1 quilômetro por litro do combustível líquido.
Os preços do litro da gasolina e do metro cúbico de gás natural têm como fonte
pesquisa realizada pela ANP no Rio de Janeiro entre 12 e 18 de janeiro de 2003. A
cotação do dólar utilizada é também de janeiro de 2003: R$ 3,60. Para os dados
apresentados na tabela 4.2, o tempo de retorno do investimento é de 7,6 meses.
Vantagens
Economia de gastos com combustível
Redução de 75% do IPVA
Proteção do Meio Ambiente
Impossibilidade de adulteração do combustível
Segurança: menor risco de explosões e incêndios
Maior vida útil do motor
Aumento do intervalo de trocas de óleo
14
Fácil manutenção
Possibilidade de re-aproveitamento do kit em outro veículo
Menor corrosão do cano de descarga, devido à não-formação de compostos
sulfúricos
Desvantagens
Perda de potência do motor
Pequena quantidade de postos de abastecimento
Perda de espaço no porta-malas do veículo (cilindro), em média de 30%
Perda da garantia do veículo oferecida pela montadora na compra do carro
zero Km
Incerteza quanto à manutenção da política de preços de combustíveis
Filas nos postos de abastecimento
Redução do intervalo de troca do filtro de ar
Necessidade de regulagens periódicas da entrada de gás no motor
15
5. O Mercado Brasileiro
O Brasil tem hoje 406 postos operando com Gás Natural, espalhados em 29
cidades de 15 estados. As figuras a seguir mostram a área com GNV disponível (fig.
5.1) e a distribuição dos postos por bandeira (fig. 5.2).
1
“Folha do GNV – Publicação Mensal do Gás Natural Veicular no Brasil”, JUL/2001 – nº 04
16
Figura 5.1: Área do país com oferta de GNV
Fonte: ABGNV, janeiro de 2003
Outros
23%
BR
47%
Forza
4%
Texaco
6%
Shell
6%
Ipiranga
14%
17
O Brasil possui hoje cerca de 280 oficinas regularizadas para adaptação de
veículos ao GNV, realizando um total de 7.000 conversões mensais. Considerando 20
dias úteis no mês, conclui-se que média é de 1,25 conversão por oficina por dia.
Tabela 5.1: Vendas Diárias de Combustível por Estado – fonte:Folha do GNV, julho de 2001
Estado m3 %
Rio de Janeiro 629.160 44,94%
São Paulo 237.160 16,94%
Pernambuco 132.020 9,43%
Minas Gerais 124.180 8,87%
Ceará 60.340 4,31%
Espírito Santo 52.220 3,73%
Rio Grande do Norte 49.000 3,50%
Bahia 43.680 3,12%
Paraíba 32.620 2,33%
Alagoas 25.060 1,79%
Outros 14.560 1,04%
TOTAL 1.400.000 100,00%
18
160.0
140.0
120.0
100.0
milhões de m3
80.0
60.0
40.0
20.0
0.0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
160.0
140.0
120.0
100.0
milhões de m3
80.0
60.0
40.0
20.0
0.0
1990 1991 1992 1993 1997 1998 1999
19
O destaque do mercado de GNV torna-se ainda mais evidente através da
comparação com a evolução das vendas dos combustíveis automotivos líquidos,
exposta na figura 5.5.
40
35
30
milhões de litros
25
20
15
10
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
20
3.00%
2.50%
2.00%
1.50%
1.00%
0.50%
0.00%
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
Figura 5.6: Peso das vendas de GNV em relação ao total Gás Natural
2
Prensa Vehicular – Periódico Especializado em GNC – Gas Natural Comprimido
Ano XIII – nº146 – Republica Argentina – 15/06/2001
21
planejamento ou construção, correspondendo a 30% dos estabelecimentos já
comercializando GNV. O ritmo de conversões brasileiro é também muito superior:
5,8% da frota convertida, contra 1,9%. Os números apontam tendência de crescimento
acelerado do mercado brasileiro, em paralelo a um crescimento moderado na
Argentina.
22
1800.0
1600.0
1400.0
1200.0
milhões de m3
1000.0
800.0
600.0
400.0
200.0
0.0
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
23
6. Perfil do Usuário no RJ
24
Janeiro, com sua percepção geral em relação à tecnologia e à disponibilidade do
combustível, as características do automóvel e os dados sobre a conversão:
• Homem, 39 anos
• Automóvel: Volkswagen Santana, motor 2.0 ou 1.8, ano 1997
• Distância percorrida semanalmente: 1260 km
• Idade da conversão ao GNV: 3 anos
• Motivo para conversão do veículo: Economia de Combustível
• Autonomia média do veículo: 550 km usando gasolina, 200 km usando GNV
• Economia semanal devido ao GNV: R$ 157,96 (US$ 43,88)
• Principais fatores para escolha do posto para abastecimento de GNV:
tamanho das filas e pressão das bombas
25
51 a 60 21 a 30
17% 17%
41 a 50
29% 31 a 40
37%
Chevrolet
23%
Volkswagen Fiat
54% 9%
Ford
14%
26
Parati Golf
5% 5%
Quantum
11%
Santana
Kombi 58%
21%
1.6
20%
2.0
29%
1.8
26%
27
A quilometragem percorrida semanalmente pelos automóveis movidos a
GNV é bastante elevada. O alto custo da conversão torna o tempo de retorno do
investimento muito elevado para veículos que rodam pouco. A figura 6.5 apresenta
a distribuição dos automóveis entre as faixas de quilometragem semanal. Observa-
se que cada uma das faixas até 500 km, 500 a 1000 km, 1000 a 1500 km e 2000 a
2500 km concentra cerca de um quinto dos automóveis.
500 a 1000
1500 a 2000
20%
11% 1000 a 1500
17%
28
1997 1995
2002
1998 3% 6%
20%
9%
1999
6%
2000
17%
2001
39%
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
1995 1997 1998 1999 2000 2001 2002
29
A finalidade dos automóveis convertidos divide-se principalmente em
duas grandes fatias: a de táxis e a de veículos particulares. A primeira ainda é um
pouco maior que a segunda, como apresentado na figura 6.8. No entanto, verifica-
se uma tendência de crescimento na parcela de veículos particulares. A tendência
natural é que o interesse pela conversão seja proporcional à quilometragem média
semanal (vide figura 6.7), o que explica o pioneirismo dos táxis.
Particular
43% Táxi
48%
Empresa
particular
9%
O papel precursor dos táxis pode também ser percebido na tabela 6.2,
que apresenta a idade média dos veículos convertidos de acordo com sua
finalidade. A entrada mais recente dos veículos particulares no mercado de GNV
pode também ser explicada pelo fato de a liberação do governo para esta
categoria de veículos ter ocorrido dois anos após a liberação de táxis e veículos de
empresas particulares.
30
Quanto às justificativas para a conversão, nota-se que, como esperado, a
economia de combustível é o principal motivador, tendo sido citado por todos os
entrevistados.
100%
90%
80%
70%
60% Combustível, IPVA e Poluição
50% Combustível e IPVA
40% Somente Combustível
30%
20%
10%
0%
Táxi Empresa Particular
31
A classificação dos usuários de GNV dada à perda de aceleração
associada à conversão situa-se principalmente nas faixas pequena e média,
conforme representado na figura 6.10.
Grande Nenhuma
17% 3%
Pequena
43%
Média
37%
32
Nenhuma
Pequena
3%
14%
Grande Média
57% 26%
33
100%
90%
80%
70%
60% Grande
Média
50%
Pequena
40%
Nenhuma
30%
20%
10%
0%
até 2000 depois de 2000
Figura 6.12: Perda de Força em Ladeiras – Veículos Convertidos Até 2002 e Depois de 2002
34
os administradores dos postos. Caso optem por realizar paradas periódicas no
abastecimento para elevar a pressão das bombas, estarão naturalmente
provocando um aumento das filas.
Nenhum
17% Filas
31%
Proximidade
20% Preço
3%
Pressão
29%
35
Os entrevistados responderam também se nos bairros em que circulam
regularmente existem postos com gás natural. Como se pode ver na figura 6.14, o
percentual de motoristas que é forçado a sair de seu percurso habitual para
abastecer é bastante elevado, atingindo quase metade do total de entrevistados.
Trata-se de mais um indicativo do problema da oferta do combustível.
Não
46%
Sim
54%
Figura 6.14: Oferta de GNV nos Bairros Freq6entados Regulamente pelos Usuários
36
Niterói
Centro 2%
2%
Oeste
28%
Sul
Norte 62%
6%
Outros
21%
Copacabana
37%
Lagoa
9%
Botafogo Leblon
9% 24%
37
Copacabana, por exemplo, poderia causar incômodos aos moradores da região e
prejuízos à circulação de veículos em decorrência das filas. Em bairros como a
Barra Tijuca, onde não há o mesmo nível de concentração de construções
residenciais, a determinação de uma localização adequada para instalação de um
posto de GNV é tarefa relativamente mais fácil.
Nunca
Mensalmente 6%
17%
Semanalmente Diariamente
14% 63%
Figura 6.17: Freqüência com que a Gasolina é utilizada nos Veículos a GNV
38
respondeu ter enfrentado problemas no motor não associados à conversão desde
a mesma.
Sim, associados
à conversão
6%
Não
94%
Menor
6%
Maior
31%
Igual
63%
Figura 6.19: Percepção sobre Segurança do GNV em Comparação com Demais Combustíveis
39
6.5. Satisfação Geral
Insatisfeito
3% Arrependido
0%
Satisfeito
34%
Muito Satisfeito
63%
40
7. Conclusão
41
apoio do Ministério do Meio Ambiente. O projeto tem como objetivo principal
estabelecer diretrizes para a implantação de um programa de incentivo ao uso de
energias alternativas energéticas mais limpas para o transporte rodoviário.
42
Os motoristas com veículos convertidos ainda enfrentam longas filas devido ao
pequeno número de postos de abastecimento, cuja construção demanda
investimentos elevados. Espera-se que ocorra um rápido crescimento do número de
postos no país, pois o assunto GNV está em pauta nas principais distribuidoras de
combustível do país.
43
combustível pelas montadoras, que já seriam fabricados para utilizar gasolina e gás
natural como combustível.
44
7.1. Recomendações
45
8. Bibliografia
Folha do GNV – Publicação Mensal do Gás Natural Veicular no Brasil, nº 04, julho de
2001
Revista Brasil Energia, Editora Brasil Energia Ltda., Edições: 206 (janeiro de 1998),
215 (outubro de 1998), 216 (novembro de 1998), 230 (janeiro de 2000), 232 (março de
2000), 239 (outubro de 2000), 245 (abril de 2001) e 249 (agosto de 2001)
46
http://www.satcar.asso.fr/francais/2001/homes.htm
http://www.cnt.org.br
http://www.abdetran.org.br
http://www.ibge.gov.br/
http://www.gnvnews.com.br
http://www.naturalgas.org
http://www.iangv.org
http://www.ngv.org/
http://www.naturalgas.com/
http://www.ngvc.org/
http://www.cilbras.com.br/
http://www.engva.org
http://www.ngvcanada.org/
http://www.petrobras.com.br
http://www.anp.gov.br
http://www.inmetro.gov.br
http://www.comgas.com.br
http://www.gasenergia.com.br
http://www.abgnv.org.br
47
9. Anexo I
Formulário para pesquisa sobre perfil do usuário de GNV e nível de satisfação.
48