Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE
Vol. 13, N. 18, Ano 2010
Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 4266
Valinhos, SP - CEP 13278-181
rc.ipade@aesapar.com
1. INTRODUÇÃO
Com base na premissa de que a robótica pode proporcionar uma aprendizagem eficaz,
ampla e contextualizada, este estudo aborda a sua utilização no aprender e apreender do
aluno de forma interessante, diversificada e com viés interdisciplinar. A inserção da
robótica no cotidiano e currículo escolar possibilita que o aluno se enxergue como
corresponsável pelo seu aprendizado e como sujeito criativo, reflexivo e crítico dentro do
seu contexto de vida.
Esta pesquisa tem como pressuposto intensificar a idéia de que a robótica pode se
tornar um instrumento importante e rico no processo de aprendizagem, com
dinamicidade, inovação, percepção e ampliação da visão do aluno no contexto em que
vive. Pretende-se ainda apresentar relato de vivências com a robótica em instituições de
ensino pública e privada, a fim de disseminar a idéia e partilhar as percepções com
educadores e instituições.
2. OBJETIVOS
Diante da necessidade de aprendizagem eficaz este estudo tem como objetivo geral:
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
Camila Nogueira Mancilha, Antonio Rodolfo Siqueira, Antônia Lucineire de Almeida 335
3. METODOLOGIA
Por fim, traçar análise a partir dos estudos e das vivências com relato das
mesmas, no decorrer da aplicação dos projetos propostos. Pretende-se analisar de forma
qualitativa as vivências nos campos de observação e elaborar considerações sobre a
pesquisa com delineamento do resultado deste estudo para posterior contribuição à
educadores e instituições de ensino.
4. DESENVOLVIMENTO
A educação deve transmitir, de fato, cada vez mais saberes e o saber fazer
evolutivos, adaptados à atual sociedade do conhecimento, pois são bases das
competências do futuro. Simultaneamente, compete-lhe encontrar a assinalar as
referências que impeçam as pessoas de ficar submergidas nas ondas de informações, que
invadem espaços públicos e privados e as levem a orienta-se para projetos de
desenvolvimento individuais e coletivos. À educação cabe fornecer, de algum modo, os
mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola
que permita navegar através dele.
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
336 A robótica no ensino aprendizagem
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
Camila Nogueira Mancilha, Antonio Rodolfo Siqueira, Antônia Lucineire de Almeida 337
A robótica tem grande potencial como ferramenta interdisciplinar, visto que a construção
de um novo mecanismo, ou a solução de um novo problema, frequentemente extrapola a
sala de aula. Na tentativa natural de buscar uma solução, o educando questiona o
educador de outras disciplinas que pode ajudá-lo a encontrar o caminho mais indicado
para a solução do seu problema.
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
338 A robótica no ensino aprendizagem
Sabe-se, porém, que tanto o termo como seu entendimento é superior à ideia de
junção de disciplinas, trata-se de atitude, ação inovadora, algo de novo com potencial de
ressignificação, de construção ampla e contextualizada.
O que se designa por interdisciplinaridade é uma atitude epistemológica que ultrapassa
os hábitos intelectuais estabelecidos ou mesmo os programas de ensino. Nossos
contemporâneos estão sendo formados sob um regime de especialização, cada um em
seu pequeno esconderijo, abrigado das interferências dos vizinhos, na segurança e no
conforto das mesmas questões estéreis. Cada um por si e Deus por todos (...) (GUSDORF
apud FAZENDA, 1991)
Sabe-se que o atual contexto educacional exige mudança de postura por parte de
todos os envolvidos neste processo e nas adaptações à sociedade da aprendizagem, a fim
de que projetos interdisciplinares, como a Robótica, possam fazer parte da grade
curricular escolar na intenção de propiciar o desenvolvimento integral do aluno e a
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
Camila Nogueira Mancilha, Antonio Rodolfo Siqueira, Antônia Lucineire de Almeida 339
cidadania. Portanto, a robótica, assume o papel de uma ponte que possibilite religar
fronteiras anteriormente estabelecidas, agindo como um elemento de coesão dentro do
currículo das escolas.
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
340 A robótica no ensino aprendizagem
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
Camila Nogueira Mancilha, Antonio Rodolfo Siqueira, Antônia Lucineire de Almeida 341
promover o trabalho em equipe, em que cada um dos seus componentes tem uma função
específica e atuante.
Líder de Equipe /
Coordena atividade, apresentar o projeto e elabora relatório.
Apresentador / Relator
Ensino Verifica materiais para a atividade, distribui e solicita
Fundamental Organizador
materiais quando necessário.
II
Construtor Executa as montagens e auxilia o organizador.
Programador Elabora programa, controla e automatiza a montagem.
Fonte: Lego Education (2003)
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
342 A robótica no ensino aprendizagem
Diante do contexto da robótica em sala de aula faz-se necessário esmiuçar a vivência desta
prática. Este estudo tem a pretensão de relatar a vivência com a prática da robótica em
unidade escolar pública e privada, com alunos do ensino fundamental. O período de
observação a ser relatado a seguir compreende o ano letivo de 2009, o primeiro semestre
de 2010 e o primeiro bimestre do segundo semestre de 2010. Percebeu-se após vivência
deste período a premissa da ação docente eficaz que precisa envolver os alunos no
projeto, a fim de que este possa desencadear o resultado proposto e esperado - a
aprendizagem - criando condições de gerenciar esses conhecimentos.
Para as aulas de robótica há uma sequência didática a seguir que começa com a
formação das equipes e durante o ano letivo são formadas equipes diferentes a cada
bimestre. No primeiro e terceiro bimestre as equipes são formadas pelos próprios alunos,
e no segundo e quarto bimestre o professor escolhe as equipes, lembrando que as equipes
podem ter no máximo quatro pessoas por causa das funções (relator, organizador,
construtor e programador), o rodízio dos alunos nas equipes tem o propósito de fazer com
que todos realizem uma função, pois a cada aula seguinte o aluno muda de função na
equipe.
Qualquer aula de robótica se inicia com uma situação problema que pressupõe
considerar algo em determinada direção, que dá um significado de superação de
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
Camila Nogueira Mancilha, Antonio Rodolfo Siqueira, Antônia Lucineire de Almeida 343
Os modelos são montados com motores, sensores, peças, tudo controlado por um
computador com softwares (NXT) que determinam a função do protótipo desejado. Há
atualmente empresas que fabricam e comercializam os chamados kits educacionais, como
a Solbet e a EdaCom, que oferecem kits versáteis e fáceis de montar, com componentes
reutilizáveis que possibilitam um ciclo de montagem e desmontagem dos mesmos. Esses
kits oferecem fiação, componentes, base, garra, conexão para porta do microcomputador,
software etc., e ainda orientação, de caráter interdisciplinar, como é oferecido pela
EdaCom.
Cabe ressaltar que dependendo dos objetivos almejados, pode-se variar o modo
da aplicação desta metodologia robótica. Dessa forma, se estabelece previamente todos os
passos para a confecção de um modelo, o que sugere que já se sabia exatamente como
seria o produto final; ou pode-se dar mais liberdade ao educando, para que o mesmo
possa construir o dispositivo de acordo com suas idéias, como estímulo à criatividade.
Neste contexto, ao restringir a forma ou os passos para a construção é importante inserir
conteúdo de diversas disciplinas.
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
344 A robótica no ensino aprendizagem
Este tipo de aprendizagem não visa somente à aquisição de O organizador nas aulas de robótica é o
um repertório de saberes codificados, mas antes o domínio responsável pelo kit Lego, ele coordena a
dos próprios instrumentos do conhecimento pode ser contagem das peças no inicio e fim do
considerado, simultaneamente, como um meio e como trabalho.
uma finalidade da vida humana.
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
Camila Nogueira Mancilha, Antonio Rodolfo Siqueira, Antônia Lucineire de Almeida 345
Nas aulas de robótica é possível mostrar que as diferenças podem ser deixadas
de lados, pois no mesmo espaço comum existem diferentes grupos, que devem realizar
um trabalho de equipe, no contexto igualitário, com objetivos comuns. Neste contexto, os
preconceitos e a hostilidade latente podem desaparecer e dar lugar a uma cooperação
serena e até a amizade. A educação deve utilizar, por meio da robótica, duas vias
complementares: a descoberta progressiva do outro e, ao longo de toda a vida, a
participação em projetos comuns, que parece ser um método eficaz para evitar ou resolver
conflitos em sala de aula e na vida do aluno. O Quadro 6 apresentado demonstra.
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
346 A robótica no ensino aprendizagem
Mais do que nunca a educação parece ter, como papel essencial, a função de
conferir a todos os seres humanos a liberdade de pensamento, discernimento, sentimento,
imaginação e escolha de que necessitam para desenvolver os seus talentos e
permanecerem, tanto quanto possível, donos do seu próprio destino. Ressalta-se, neste
ínterim, o desenvolvimento da cidadania plena e efetiva, a fim de que o aluno possa ter
atitude positiva no mundo em que está inserido e assim construir e modificar sua própria
história.
7. RESULTADOS
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
Camila Nogueira Mancilha, Antonio Rodolfo Siqueira, Antônia Lucineire de Almeida 347
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
348 A robótica no ensino aprendizagem
A vivência com a Robótica em uma instituição privada ocorre desde o ano de 2009, sendo
que para esta pesquisa optou-se pelo relato da experiência do segundo semestre de 2009,
do primeiro semestre de 2010 e do primeiro bimestre do segundo semestre de 2010.
A instituição privada observada facilita esse tipo de trabalho, pois todo o aluno
tem seu material para as aulas de robótica (revista, Kit Lego, sala de informática) e a
participação dos pais e da comunidade é de noventa por cento, na qual a motivação e o
reconhecimento são essenciais para resultados satisfatórios.
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
Camila Nogueira Mancilha, Antonio Rodolfo Siqueira, Antônia Lucineire de Almeida 349
Como exemplo das disciplinas integradas pela robótica nesta pesquisa encontra-
se a: a matemática, com o conteúdo a ser explorado pelos cálculos, figuras geométricas e
ângulos; artes, com o conteúdo de estética do trabalho; português, com elaboração de
relatório (escrita); ciências e geografia, com a conscientização sobre o meio ambiente,
reciclagem, emissão de gases poluentes etc.; temas transversais, com assuntos sobre
realidade social, diversidade, meio ambiente, responsabilidade social, etc.
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
350 A robótica no ensino aprendizagem
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
DELORS, Jacques. (coord.) José Carlos Eufrázio (trad.) Educação: um tesouro a descobrir.
(Relatório UNESCO, Paris, 1996). 2ª ed. São Paulo. Cortez, 1999.
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351
Camila Nogueira Mancilha, Antonio Rodolfo Siqueira, Antônia Lucineire de Almeida 351
FAZENDA, Ivani C. A.(org) A Virtude da Força nas Práticas Interdisciplinares. São Paulo. Papirus,
1999.
______. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. 3.ed. vol. 13 Coleção Educar. São Paulo.
Loyola, 1991.
FORTES, Renata. MACHADO, Adriano. Fascículo de Educação para a Vida Zoom: Introdutória -
meu primeiro robô. 2ª edição. Curitiba, PR. Zoom Editora Educacional, 2010.
GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4º ed. São Paulo: Atlas, 2009.
HAMZE, Amélia. O Exercício da Interdisciplinaridade. In: Brasil Escola. Artigo disponível em:
http://www.educador.brasilescola.com/trabalho-docente/exercicio-interdisciplinaridade.htm.
Acesso em 02/05/2010.
HARGREAVES, Andy. Roberto Cataldo Costa (trad). O Ensino na Sociedade de Conhecimento:
educação na era da insegurança. Porto Alegra: Artmed, 2004
LEGO EDUCATION. Projeto de Educação Tecnológica : Manual Didático-Pedagógico. Lego
Education. Editora Zoom. Ed. Ltda, 2003.
______. Fascículo de Educação para a Vida Zoom: 8ª série. 2ª edição. Curitiba, PR. Zoom Editora
Educacional, 2010.
MAHEU, Cristina d’Ávila. Interdisciplinaridade e mediação pedagógica. 2003. Disponível em:
www.nuppead.unifacs.br/artigos/Interdisciplinaridade.pdf. Acesso em: 22/06/2010.
MORAN, José Manuel. Perspectivas (virtuais) para a Educação. Mundo Virtual. Cadernos
Adenauer. Rio de Janeiro: vol. IV, n. 6, p. 31-45, Abril-2004. Disponível em:
http://www.ensino.eb.br/artigos/perspectivas_educacao.pdf. Acesso em: 23/07/2009, 18h10.
PAPERT, Seymour. A máquina das crianças: repasando a escola na era da informática. Sandra
Costa (trad). Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar. Patrícia Chittoni Ramos (trad).
Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação: novas ferramentas pedagógicas para o
professor na atualidade. São Paulo: Érica, 2001.
VASCONCELLOS, Celso. Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-
Pedagógico. São Paulo: Libertad, 1999.
REFERÊNCIA ELETRÔNICA
EADCOM: http://www.legozoom.com.br/hotsite/eadcom
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente Vol. 13, N. 18, Ano 2010 p. 333-351