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Análise de Métodos para Avaliar Dutos com Dano Mossa e Sulco

(Analysis of Methods to Assess Pipelines with Dent and Gouge Damage)

Marco Aurélio Oliveira Lima1, Sérgio Rodrigues Barra2, José Luiz da França Freire3
1
Det Norske Veritas, Energy Solutions South America, Salvador, Bahia, Brasil (marco.aurelio.lima@dnv.com)
2
Faculdade de Tecnologia SENAI Cimatec, Salvador, Bahia, Brasil (barra@cimatec.fieb.org.br)
3
PUC-Rio, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil (jlfreire@puc-rio.br)

Resumo
A ‘interferência externa’, também conhecida como ‘dano de terceira parte’, se destaca como uma das principais causas de falhas
em dutos onshore. Interferência externa pode causar, dentre outros, danos identificados como mossas, sulcos ou ambos, e também
perfurações, conhecidos como ‘dano mecânico’. Na literatura técnica existem alguns métodos analíticos semi-empíricos que se propoem
a avaliar a adequação ao uso de dutos com dano mossa e sulco. Como as equações sugeridas por estes métodos diferem entre si, paira
a dúvida sobre “qual” método daria um resultado mais exato quando aplicado. Sendo assim, este trabalho apresenta os resultados de
uma análise técnica comparativa realizada para alguns destes métodos atualmente disponíveis, no tocante à fundamentação teórica,
disponibilidade dos dados requeridos e exatidão em prever a tensão nominal causada pela pressão de falha. Os resultados obtidos
mostram que existe uma grande similaridade entre os métodos estudados, que todos são, essencialmente, baseados na mecânica da
fratura clássica, e que o ‘método da fratura mossa e sulco semi-empírico original’ desenvolvido pela British Gas se destaca como o
‘mais recomendado’ para avaliar a adequação ao uso de dutos com dano tipo ‘mossa e sulco’.

Palavras-chave: Duto Onshore; Interferência Externa; Dano Mossa e Sulco; Avaliação de Adequação ao Uso.

Abstract: The ‘external interference’, also known as ‘third party damage’, stands out as one of the main causes of failures in onshore
pipelines. External interference can cause, among others, damage identified as dents, gouges or both, and punctures, also known as
‘mechanical damage’. In technical literature there are some semi-empirical analytical methods that aim to assess the fitness for purpose
of pipelines with dent and gouge damage. As the equations suggested by these methods differ, the question hangs on “what” method
would give a more accurate result when applied. Therefore, this paper presents the results of a comparative technique analysis for
some of these methods currently available, concerning the theoretical basis, availability of required data and accuracy in predicting
the nominal stress caused by the failure pressure. The results show that there is great similarity between these methods showed that all
are essentially based on classical fracture mechanics, and that the ‘original semi-empirical dent and gouge fracture method’ developed
by British Gas stands out as the “most recommended” to assess the fitness for purpose of pipelines with ‘dent and gouge’ damage type.

Key-words: Onshore Pipeline; External Interference; Damage Dent and Gouge; Fitness-For-Purpose Assessment.

1. Introdução dutos.
Os riscos oferecidos às pessoas, às propriedades e ao meio
Dentro do segmento industrial de óleo e gás, dutos onshore ambiente, decorrentes da operação do duto com substâncias
(em terra) se destacam como um importante meio de transporte perigosas, necessitam então ser analisados e gerenciados. Uma
e distribuição de diversos produtos, seja na forma líquida das maneiras de gerenciar o risco, que pode, tradicionalmente,
(oleodutos) ou na forma gasosa (gasodutos). ser expresso conforme a Equação 1, é atuar na diminuição da
Os produtos e substâncias normalmente transportados pelos frequência de falhas que ocasionam a liberação do produto
dutos onshore se destacam pela suas características perigosas perigoso, por meio de vazamento ou ruptura do duto.
intrínsecas, tais como inflamabilidade e toxicidade. Estas
características representam situações de risco para as pessoas, Risco = Frequência de Falha x Consequência da Falha (1)
para as propriedades (máquinas, equipamentos, instalações
prediais etc) e para o meio ambiente em que se encontram A ‘interferência externa’ destaca-se, frequentemente, como
presentes, de forma fixa ou eventual, ao longo dos trajetos dos a causa dominante de falhas em dutos onshore [1-6], podendo
gerar nos mesmos danos tipo mossa, sulco, mossa e sulco, ou
perfurações. Como exemplo, pode-se observar na Figura 1 que
a interferência externa é a principal causa inicial de incidentes
(liberação de gás não intencional) em dutos onshore de transporte
(Recebido em 09/05/2010; Texto final em 11/11/2010). de gás na Europa, correspondendo a aproximadamente 50% de

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todos os incidentes registrados pelo “European Gas Pipeline que o ‘método da fratura mossa e sulco semi-empírico original’,
Incident Data Group” (EGIG) [5]. desenvolvido pela British Gas, se destaca como o ‘mais
recomendado’ para avaliar a adequação ao uso de dutos com
dano tipo ‘mossa e sulco’.

2. Apresentação de Parâmetros Relacionados ao Dano


Mossa e Sulco

2.1. Interferência Externa

A interferência externa, também conhecida como ‘dano de


terceira parte’, é geralmente considerada como sendo o dano
que ocorre ao duto quando escavação mecânica, perfuração,
ou colisão de um equipamento/ferramenta sobre a parede de
um duto enterrado gera arranhões, abrasões, sulcos, furos e/ou
mossas na mesma. Dutos não enterrados (aparentes ou aéreos)
podem também ser danificados de maneira similar devido a
impactos de veículos, projéteis ou atos de vandalismo [7].
Figura 1 – Distribuição do percentual de incidentes, por tipo de
causa, em dutos de gás na Europa [5]. 2.2. Definição do Dano Mossa e Sulco

Por conseguinte, conforme reportado em Seevam et al. [6], A mossa é definida como uma depressão causada pelo
existe uma pressão sobre a indústria de dutos para entender o contato de um corpo estranho (conhecido como ‘indentador’)
comportamento do dano mossa e sulco, em virtude de: contra o tubo do duto, resultando em deformação plástica da
• Grande potencial para gerar danos às pessoas, às instalações parede do tubo [9]. De forma mais abrangente, o API 579-1
e ao meio ambiente; / ASME FFS-1 [8] define mossa como sendo um desvio para
• Aumento do uso de técnicas de inspeção em dutos que estão dentro ou para fora da seção transversal de uma parte qualquer
apresentando tal dano; de um casco de geometria ideal.
• Rápida adoção de análise quantitativa de risco (AQR) ao Por sua vez, o sulco é definido como um dano de superfície
redor do mundo. causado pelo contato de um corpo estranho contra o duto com
Sendo assim, na área de dutos, esforços ao redor do mundo remoção de material do tubo, resultando em um defeito de perda
têm focado na necessidade de pesquisa para entendimento de de metal [8,9].
dano mecânico, tal como o dano mossa e sulco. Nos Estados A combinação dos danos mossa e sulco, também denominada
Unidos, a maioria do trabalho experimental para este tipo de de dano ‘mossa e sulco’, encontra-se ilustrada na Figura 2. Na
dano tem sido conduzida pelo “Battelle Memorial Institute” e mesma podem ser observadas, ilustrativamente, as dimensões
“Stress Engineering Services, Inc”, com fomento da “American que caracterizam o dano mossa e sulco.
Gas Association” (AGA) e do “American Petroleum Institute”
(API). Na Europa, testes têm sido conduzidos primariamente 2.3. Caracterização da Falha Decorrente do Dano Mossa e
pela “British Gas” e “Gaz de France” com financiamento do Sulco
“European Pipeline Research Group” (EPRG) [1]. No Brasil,
observa-se um reduzido número de pesquisas e artigos técnicos Mayfield et al. [10] e Cosham [11] descrevem que o sulco
focados na análise de dano mecânico em dutos, muitos deles pode conter micro-trincas, formadas durante o processo de
desenvolvidos pelo CENPES (Petrobras) e pelo laboratório de geração do mesmo (arrancamento de metal) ou que tenham
fotomecânica da PUC-Rio. sido iniciadas durante o retorno elástico (spring back) ou
Em função destas pesquisas, diversos métodos analíticos arredondamento (rerounding) da mossa. Quando a mossa se
semi-empíricos que se propõem a avaliar a adequação ao uso move para fora, maiores tensões de dobramento e deformações
de dutos com dano mossa e sulco têm sido publicados. Como são geradas no sulco, as quais podem causar iniciação de trincas,
as equações sugeridas por estes métodos diferem entre si, paira ou fazer com que trincas já existentes possam crescer por meio
a dúvida sobre “qual” método daria um resultado mais exato, e de rasgamento dútil. Variações das pressões de operação e
deveria então ser aplicado. Diante deste fato, foi então decidido partidas e paradas dos dutos podem ajudar na iniciação e/ou no
fazer uma análise técnica comparativa para alguns destes crescimento de trincas na raiz dos sulcos.
métodos atualmente disponíveis, no tocante à fundamentação Como na região do dano mossa e sulco ocorre encruamento
teórica, disponibilidade dos dados requeridos e exatidão em do material e consequente elevação da resistência ao escoamento
prever a tensão de falha. Os resultados desta análise encontram- e redução da dutilidade e tenacidade local do material, isto
se apresentados neste trabalho, onde evidencia-se que existe implica que trincas induzidas pela deformação a frio podem se
uma grande similaridade entre os métodos estudados, que todos estender mais facilmente nesta região (tenacidade mais baixa)
são, essencialmente, baseados na mecânica da fratura clássica, e do que no material base fora da mesma (região de tenacidade

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uma variedade de métodos que vão, desde experiências prévias


relevantes, modelagem de testes (métodos empíricos), até uma
avaliação crítica de engenharia onde a severidade de um defeito
é calculada analiticamente.
Diversas publicações técnicas, tais como Alexander e
Brownlee [1], Francis et. Al. [3], Seevam et al. [6], Jandu et al.
[7], API 579-1/ASME FFS-1 [8], Cosham e Hopkins [9], Cosham
[11], Spiekhout et al. [16], Jones e Hopkins [18], Bood et al.
[21], Roovers et al. [22], Bai e Song [24], citam e/ou descrevem
os métodos analíticos semi-empíricos abaixo relacionados, em
ordem cronológica, que visam avaliar a adequação ao uso de
duto com dano mossa e sulco. Detalhes gerais sobre cada um
destes métodos encontram-se descritos, respectivamente, nos
itens 3.1 ao 3.6.
I) Método semi-empírico proposto por Gasunie (1986)
II) Método da fratura mossa e sulco semi-empírico original
desenvolvido pela British Gas (1992)
III) Método da fratura mossa e sulco semi-empírico da
British Gas modificado (1997)
IV) Método semi-empírico proposto por Bai e Song (1997)
V) Métodos adotados pelo API 579-1/ASME FFS-1 (2007)
Figura 2 – (a) Foto ilustrativa do dano mossa e sulco [12] e (b) VI) “Novo”1 método desenvolvido por Kiefner e Andrew
dimensões do dano mossa e sulco e nomenclatura adotada pela Francis, sob solicitação do PRCI (2008)
referência [8].
3.1. Método Semi-Empírico Proposto por Gasunie

mais alta). O comportamento da trinca a partir deste ponto é Segundo Cosham [11], Gasunie conduziu um número de
dependente da espessura remanescente do tubo, da tenacidade testes em vasos contendo mossas circunferenciais e sulcos e
à fratura do material base, da geometria do tubo e da trinca, e propôs uma fórmula semi-empírica para predizer a tensão de
do nível de tensão nominal. Segundo Mayfield et al. [10], este falha do dano mossa e sulco, baseada no modelo original de
comportamento poderá ser das seguintes formas: (1) a trinca Dugdale (strip yield model) modificado por Burdekin e Stone,
não se estende mais, (2) a trinca se estende através da parede, que é apresentado em Anderson [15].
mas permanece estável (condição de vazamento), ou (3) a trinca No desenvolvimento deste método, foram feitas as
se estende através da parede, tornando-se instável e se propaga considerações e simplificações, enumeradas a seguir, relativas à
(condição de ruptura). geometria do defeito mossa e sulco [11]:
A falha do duto que ocorre imediatamente quando o dano i) A mossa é contínua e tem uma largura constante;
mecânico é introduzido é referida como ‘falha imediata’, ii) Um entalhe agudo, com profundidade constante, é
enquanto que a falha que ocorre algum tempo depois que este localizado no ponto mais profundo da mossa e se estende na
dano foi introduzido é referido como ‘falha retardada’. Uma falha direção axial do tubo.
retardada pode ser causada pelo crescimento/desenvolvimento A expressão do método proposto por Gasunie [16] encontra-
de um mecanismo de dano, tal como fadiga, corrosão sob tensão, se apresentada em Cosham [11] na forma da Equação 2 a seguir.
plasticidade ‘dependente do tempo’ ou “cold creep”, por um
aumento de pressão e/ou por outras formas de carregamento
[10,13]. (2)

3. Métodos para Avaliar a Adequação ao Uso de Duto com Onde:


Dano Mossa e Sulco

O propósito da ‘avaliação de integridade’ de duto é assegurar


que o mesmo é seguro e protegido. Uma parte importante da
avaliação de integridade é a avaliação de ‘adequação ao uso’
(fitness-for-purpose), também conhecida como ‘habilitação para
serviço’ (fitness-for-service), do duto. A avaliação de ‘adequação
ao uso’ refere-se ao cálculo da condição de falha de um defeito 1
Como o método desenvolvido por Kiefner e Andrew Francis
estrutural [14]. é referido no artigo técnico de Jandu et al. [7] apenas como o
Segundo Jones e Hopkins [14], uma avaliação de ‘adequação “Novo” modelo, essa mesma denominação foi adotada neste
ao uso’ de um duto contendo um defeito pode ser estimada por trabalho.

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conforme a Equação 3 a seguir [23].


σθ tensão circunferencial para falha (N/mm2)
(3)
σY resistência ao escoamento (N/mm2)
Onde:
E módulo de Young (207.000 N/mm2)
energia de impacto Charpy tipo V absorvida pelo
Cv
espécime tamanho 2/3 da espessura (J)
área de fratura para um espécime Charpy 2/3
A
(53,55 mm2 para um espécime Charpy 2/3) (mm2)
profundidade do defeito de perda de metal –
d
sulco (mm)
profundidade da mossa medida com o duto sob
H
pressão, após a remoção do indentador (mm)
t espessura de parede do tubo (mm)
D diâmetro externo do tubo (mm) A nomenclatura para variáveis usadas nas expressões acima
é a mesma já apresentada no Item 3.1. Exceção feita às variáveis
A profundidade da mossa assumida no método é a específicas do método da Bristish Gas, as quais encontram-se
profundidade da mossa depois do retorno elástico (spring back), definidas a seguir.
medida na condição de pressão. O relacionamento empírico
entre a energia de impacto Charpy (Cv) e o fator intensidade de D diâmetro externo do tubo (mm)
tensão crítico (Kc), inicialmente desenvolvido por Battelle (Kc = profundidade da mossa medida com o duto sem
Cv.103 E/A, expresso em N/mm1,5), foi modificado para obter um H0 pressão (mm)
razoável ajuste entre os prognósticos do método de Gasunie e os
resultados dos testes de ruptura da British Gas em anéis e vasos K1 parâmetro de regressão não-linear
com mossa e sulco reportados em Jones [17 apud 16].
K2 parâmetro de regressão não-linear
3.2. Método da Fratura Mossa e Sulco Semi-Empírico _
tensão de colapso plástico (N/mm2)
Original Desenvolvido pela British Gas σ

O método da fratura semi-empírico para predizer a tensão As considerações e simplificações relativas à geometria do
de falha de uma mossa contendo um sulco foi desenvolvido pela defeito mossa e sulco, referidas no método de Gasunie, são
British Gas (BG) em 1981, e descrito, em termos gerais, em também aplicáveis a este método da British Gas [11]. Também
Jones e Hopkins [18] e em Hopkins et al. [19]. Uma descrição de forma análoga ao método de Gasunie, o comprimento da
detalhada deste método, incluindo as suas equações, foi publicada mossa e o comprimento do sulco não são considerados na
por Hopkins [20]. Este método foi adotado pelo EPRG nas suas equação do método da British Gas. A relação entre a tenacidade
recomendações para a avaliação de dano mecânico [21,22]. à fratura e a energia de impacto Charpy absorvida pelo espécime
A aplicação de uma análise estatística, embora sendo uma tamanho 2/3 de espessura, que é diferente da usada no método de
rota ideal para derivação de simples limites de segurança, pode Gasunie, foi determinada por meio de uma análise de regressão
resultar em considerável conservadorismo para algum tipo não-linear dos dados dos testes dos anéis e vasos de pressão
de dano. Um método analítico foi então desenvolvido para contendo mossa e sulco [23].
danos que extrapolam os limites de métodos empíricos (regra
mais conservativa), tendo como base a mecânica da fratura 3.3. Método da Fratura Mossa e Sulco Semi-Empírico da
elasto-plástica, utilizando o modelo “Bilby-Cottrell-Swinden British Gas Modificado
Dislocation Model” (modificação do “strip yield model” de
Dugdale) que inclui o efeito da plasticidade na ponta da trinca, Uma pequena revisão do modelo da fratura mossa e sulco
e é expresso por uma função que permite ser aplicada para semi-empírico original (descrito no Item 3.2) foi empreendida
qualquer geometria de tubo [21]. pela British Gas (BG) e é referida em Francis et al. [27]. A
Este método foi calibrado (ajustado) usando o resultado de formulação básica do modelo não foi mudada, porém a tensão
testes de ruptura para 111 anéis e 21 vasos de pressão contendo de escoamento (tensão de colapso) foi modificada para levar em
entalhes usinados nas mossas. Primeiro foi produzido o entalhe conta o comprimento do sulco, e a correlação da tenacidade com
e, posteriormente, a mossa, ambos feitos com o equipamento a a energia conseguida no ensaio Charpy foi também alterada.
ser testado na condição de despressurizado. O método é definido Segundo Cosham [11], as considerações e simplificações

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relativas à geometria do defeito mossa e sulco, descritas no


método de Gasunie, são também aplicáveis a este método. (5)
O método da fratura mossa e sulco semi-empírico modificado
é expresso pela Equação 4:

(4)

Onde:

A nomenclatura para variáveis usadas nas expressões acima A nomenclatura para variáveis usadas nas expressões acima
é a mesma já apresentada no Item 3.1. Exceção feita às variáveis é a mesma já apresentada nos itens 3.1 ao 3.3, exceção feita à
específicas do método da Bristish Gas modificado, as quais variável específica do método de Bai e Song, a, definida como
encontram-se definidas a seguir. sendo um fator de proporcionalidade entre a resistência ao
escoamento e a tensão de colapso plástico.
Cv0 parâmetro de regressão não-linear (2) As funções F, H e Q são propostas por Newman e Raju
[25 apud 24] e apresentadas, também, em Cosham [11]. O
ß parâmetro de regressão não-linear (2) relacionamento empírico entre a energia de impacto Charpy-V
comprimento do defeito de perda de metal – e a tenacidade à fratura, desenvolvido por Gasunie, foi usado na
2c equação do método [24].
sulco (mm)

3.5. Método Adotado pelo API 579-1/ASME FFS-1


3.4. Método Semi-Empírico Proposto por Bai e Song
O padrão API 579-1/ASME FFS-1 [8] adota três níveis de
Uma fórmula semi-empírica para predizer a pressão de avaliação (1, 2 e 3) para o dano tipo mossa e sulco. Quanto menor
ruptura de um tubo contendo uma mossa combinada com o nível de avaliação (1 < 2 < 3), menor será a quantidade de
entalhe longitudinal foi proposta por Bai e Song. O método dados, bem como a exatidão requerida para os mesmos, para que
foi desenvolvido usando a condição de fratura segundo o sejam realizados os cálculos pertinentes. Na avaliação nível 1 é
modelo “Bilby-Cottrell-Swinden Dislocation Model”, mas com usado o método empírico desenvolvido pelo EPRG [28], apenas
modificações para a tenacidade, para a função determinada e com pequena modificação na forma da apresentação gráfica.
para a tensão de colapso [24]. Por sua vez, nas avaliações níveis 2 e 3 é adotado o método da
As bases teóricas implícitas para o método de fratura mossa e fratura mossa e sulco original desenvolvido pela British Gas
sulco de Bai e Song são muito similares às do método da British (Item 3.2), diferenciando-se deste, basicamente, apenas com
Gas, contudo a tenacidade foi adotada diretamente do método relação à nomenclatura para os termos utilizados nas equações e
de Gasunie, e o efeito do comprimento do entalhe (sulco) foi a forma de apresentação das mesmas.
considerado na função determinada e na tensão de colapso.
Segundo Bai e Song [24], no desenvolvimento do modelo 3.6. “Novo” Método Desenvolvido por Kiefner e Andrew
foram feitas as considerações e simplificações, enumeradas a Francis, Sob Solicitação do PRCI
seguir, relativas à geometria do defeito mossa e sulco:
i) Assume-se que a mossa é contínua e tem uma largura O desenvolvimento do “novo” método proposto por Kiefner
constante; e Andrew Francis [7] iniciou-se por uma revisão dos modelos
ii) O fator concentrador de tensão é considerado como sendo existentes para avaliação de dano mecânico em dutos. Foi
um entalhe localizado no ponto mais profundo da mossa, de observado que vários aspectos destes modelos não poderiam
comprimento infinito e profundidade constante. O entalhe é ser harmonizados com a moderna teoria da mecânica da fratura
longitudinal com comprimento L = 2c e profundidade d. elasto-plástica. Em virtude disto, foi procurado elaborar um
A resistência à ruptura de um tubo contendo uma mossa modelo que poderia justificar tanto esta teoria quanto os dados
combinada com um sulco longitudinal segundo o método disponíveis encontrados para os testes de ruptura de dutos com
proposto por Bai e Song [24] é dada pela Equação 5. dano mecânico [7].
Este “novo” método incorpora os efeitos de tensões
induzidas pela pressão, tensões residuais devido à mossa, fator
de concentração de tensão de acordo com a presença do sulco
2
Em Cosham [11] os valores para estes parâmetros não e o fator intensificador de tensão de acordo com a presença de
encontram-se especificados. trinca. O mesmo também incorpora um termo para determinar

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a profundidade do trincamento baseado na profundidade da 4.1. Fundamentação Teórica


mossa, na largura da banda de escorregamento (slip-band) e no
tamanho de grão [7]. Todos os métodos analíticos disponíveis para avaliar a
Em geral, a falha de uma estrutura de aço contendo defeito adequação ao uso de dutos com dano mossa e sulco, descritos
planar tipo trinca ocorrerá de acordo com a combinação de nos itens 3.1 ao 3.6, baseiam-se nos princípios da mecânica da
fratura e colapso plástico. Em reconhecimento a isto, tal como fratura clássica, que leva em consideração que a falha dependerá
nos outros métodos mostrados anteriormente, a falha é prevista tanto da resistência do material ao colapso plástico (governada
de ocorrer se Kr (parâmetro de fratura, adimensional) satisfaz a pela tensão de colapso – “flow stress”) quanto da resistência à
Inequação descrita a seguir [7]. fratura (governada pela tenacidade à fratura do material – KIC ou
Kmat). Vale informar, também, que todos estes métodos podem
Kr ≥ F(Lr) (6) ser apresentados graficamente usando o ‘Diagrama de Avaliação
de Falha’ (FAD).
Onde a função F define o ‘Diagrama de Avaliação de Falha’ Com relação às diferenças entre os métodos analisados,
(FAD – Failure Assessment Diagram) ou ‘Linha de Avaliação uma das mais notáveis diz respeito à definição da composição
de Falha’ (FAL – Failure Assessment Line). No caso do “novo” da tensão de colapso plástico e do parâmetro tenacidade à
método proposto F é dado por: fratura do material (relação entre KIC e Cv). Adicionalmente,
existem também variações com relação às composições da
F = (1 + 0.5Lr2)-1/ 2 (0.3 + 0.7exp(-0.6Lr6 )) (7) tensão de membrana primária e da tensão de flexão secundária,
e consideração ou não, nos cálculos, da tensão de membrana
E Kr é dado por: secundária e dos parâmetros que definem o dano mossa e sulco,
tais como a profundidade do sulco e da mossa e o comprimento
K (8) do sulco.
Kr = +ρ
K mat Sumariamente, encontra-se descrito em Cosham [11], que
todos os métodos semi-empíricos analisados dentro do projeto
Onde K denota o fator intensidade de tensão, Kmat é a tenacidade PDAM (Pipeline Defect Assessment Manual), apresentados nos
à fratura do material e ρ é o fator correção de plasticidade itens 3.1 ao 3.5, são pequenas variações do método da fratura
(adimensional). Em unidades do sistema internacional, K e Kmat mossa e sulco originalmente desenvolvido pela British Gas,
são expressos em MPa.m1/ 2 . que o método de Gasunie é fundamentalmente falho e que os
O parâmetro de colapso plástico, Lr, adimensional, é dado métodos BG modificado e de Bai e Song continham vários
por: parâmetros empíricos que até então não tinham sido publicados.
Referente ao “novo” método (não avaliado no projeto PDAM),
σ ref (9) o mesmo acrescenta algumas das limitações do método da
Lr =
σy fratura mossa e sulco original da British Gas por explicitamente
levar em consideração o efeito de micro-trinca e tensão residual
Onde, σref é a tensão de referência (carga aplicada) e σy é (presença de tensão de membrana secundária) conhecida de
a tensão de colapso plástico (resistência do material). Em ocorrer na região do sulco. Parâmetros de ajustes adicionais
unidades do sistema internacional, σref e σy são expressas em foram determinados iterativamente associando valores para
MPa. Fazendo um correlação com a Equação 3, tem-se que cada parâmetro e visualmente observando-se a concordância dos
σ ref = σ θ e . dados com o ‘Diagrama de Avaliação de Falha’ [6].
Todas as subequações que definem os parâmetros K, Kmat, σref
e σy encontram-se no artigo de Jandu et al. [7]. 4.2. Natureza e Disponibilidade dos Dados Requeridos

4. Análise Técnica dos Métodos Existentes para Avaliar a Com relação aos dados necessários aos cálculos inerentes
Adequação ao Uso de Dutos com Dano Mossa e Sulco aos métodos analíticos semi-empíricos analisados, os
mesmos poderão, normalmente, ser conseguidos sem maiores
Uma análise técnica dos métodos descritos nos itens 3.1 ao dificuldades, exceção feita à ‘profundidade da mossa’, que
3.6 foi realizada com o objetivo de determinar qual seria o ‘mais é considerada nos cálculos como sendo na pressão zero, e à
recomendado’ para avaliar a adequação ao uso (fitness-for- ‘energia do impacto Charpy’.
purpose) de dutos onshore com dano mossa e sulco. Os métodos No caso da ‘profundidade da mossa’, considerando que a
foram analisados, basicamente, quanto aos seguintes aspectos: mesma pode ser coletada (medida) com o duto pressurizado, se
• Fundamentação teórica; faz necessário adotar um fator de correção para o arredondamento
• Natureza e disponibilidade dos dados requeridos; (rerounding) do tubo, sendo que alguns dos métodos analisados
• Exatidão dos resultados (validação experimental). já sugerem este fator de correção, porém, outros não.
Os resultados das análises realizadas para cada um dos Com relação a ‘energia de impacto Charpy’, caso não se
aspectos acima citados encontram-se apresentados nos itens 4.1 tenha esta informação especificamente para o tubo do duto com
ao 4.3 a seguir. dano mossa e sulco a ser analisado, sugere-se que seja adotado
o valor disponível na literatura técnica para a especificação do

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material correspondente a este tubo. (x) causadas pelas pressões de falha para 67 testes de ruptura
Adicionalmente, ressalta-se que será necessária a realizados no projeto PDAM [11], cujos resultados encontram-
medição, em campo, da profundidade da mossa e do sulco, se plotados no gráfico mostrado na Figura 3.
quando utilizando qualquer um dos métodos analisados, e, No gráfico da Figura 3 pode ser observado que, para todos os
adicionalmente, o comprimento do sulco, para os métodos de métodos analisados, existe um grande espalhamento das tensões
Bai e Song e “novo” método. Visando uma boa exatidão para calculadas versus tensões reais medidas, as inclinações das retas
os valores destes parâmetros, considera-se que os mesmos terão (funções) geradas por meio de análise de regressão linear são
que ser medidos por meio de técnicas de inspeção aplicadas similares, e que todos são não conservativos para tensões de
externamente ao duto. falha reais até 200 MPa e conservativos para tensões de falha
De forma mais particular, tem-se necessidade de realização reais superiores a este valor.
de uma análise de tensões da forma numérica para a avaliação Adicionalmente, foi realizada uma análise de variância
nível 3 do API 579-1/ASME FFS-1 e para o “novo” método. para os métodos BG original, BG modificado e Gasunie, com
Ainda com relação ao “novo” método, a determinação prévia resultado demonstrando que os mesmos são estatisticamente
de alguns parâmetros adicionais, tais como a profundidade diferentes, e também executada uma análise estatística descritiva
de micro-trinca, tamanho de grão e largura da banda de cujos resultados encontram-se apresentados na Tabela 1.
escorregamento (slipband), se faz necessária aos cálculos
realizados pelo mesmo. Ressalta-se que a determinação destes Tabela 1 – Resultados da análise estatística descritiva executada
parâmetros, especificamente para o material do tubo do duto para os métodos BG original, BG modificado e Gasunie
com dano mossa e sulco a ser analisado, normalmente será Resultados da análise estatística considerando 67
muito difícil. O “novo” método então sugere a utilização destes testes realizados no projeto PDAM (1)
parâmetros conforme dados disponíveis na literatura técnica
Método Valor Desvio Coeficiente Coeficiente
para material similar ao do tubo do duto em análise. Isto retira
médio padrão de variação de regressão
qualquer possibilidade de julgamento da exatidão da resposta
de (y/x) de (y/x) de (y/x) de (y/x)
deste método.
BG original 1,00 0,61 0,61 0,68
4.3. Exatidão dos Resultados (Validação Experimental) BG modificado 1,68 0,78 0,47 0,69
Gasunie 1,66 0,74 0,45 0,69
A exatidão dos resultados referentes aos métodos BG
Nota (1): Estes 67 testes referem-se aos testes realizados que
original, BG modificado e Gasunie foi verificada diretamente
dispunham de todos os dados necessários às equações dos
por este trabalho técnico por meio de validação experimental
métodos analisados, exclusos os casos em que o sulco gerado no
(análise estatística). Foi feito um estudo comparativo entre as
tubo de teste foi esmerilhado.
tensões ‘calculadas pelos métodos’ (y) com a tensões ‘reais’

Figura 3 – Tensões calculadas pelos métodos BG original, BG modificado e Gasunie versus tensões reais causadas pelas pressões
de falha para 67 testes realizados no projeto PDAM.

304 Soldag. insp. São Paulo, Vol. 15, No. 4, p.298-306, Out/Dez 2010
Análise de Métodos para Avaliar Dutos com Dano Mossa e Sulco

Na Tabela 1 observa-se que os valores do coeficiente de 5. Conclusões


regressão são muitos próximos, não sendo este, portanto, um
parâmetro que poderia servir como indicativo da diferença de É naturalmente reconhecido na literatura técnica disponível
exatidão para os métodos analisados. Entretanto, como o método que a pressão de falha de um duto contendo o dano mossa e
BG original apresentou-se com valor médio de “y/x” igual a 1 e sulco, sujeito a carregamento de pressão interna, depende da
com menor desvio padrão (menor dispersão sobre a média) entre geometria do tubo, dimensões do dano e resistência do material.
os métodos analisados, pode-se inferir que o mesmo seria o mais A falha do dano mossa e sulco envolve altas deformações
exato em prever a tensão causada pela pressão de falha de duto plásticas, afinamento da parede do tubo, movimentação da
com dano mossa e sulco, apesar de apresentar um coeficiente de mossa, iniciação de trinca, ruptura dútil e escoamento plástico.
variação maior do que os métodos BG modificado e de Gasunie. Adicionalmente, a base do sulco pode conter trincamento e as
A verificação da exatidão dos resultados para o “novo” propriedades do material na região da mossa e do sulco podem
método está conforme análise estatística feita por Seevam et ser adversamente afetadas [6].
al. [6]. O “novo” método e o método da fratura mossa e sulco De posse da literatura consultada evidencia-se a complexidade
original da British Gas foram comparados usando, também, em se criar um método para predizer a pressão de falha para o
dados de testes realizados no projeto PDAM (inclusos os 67 dano ‘mossa e sulco’ que consiga englobar todos os parâmetros
testes referidos na Tabela 2). As pressões de falha reais dos dados envolvidos na falha deste dano, e que apresente resultados que
dos testes experimentais foram plotadas contra as pressões de sejam exatos (calculados sendo, aproximadamente, iguais aos
falha calculadas por cada método e uma análise de regressão reais medidos).
linear foi executada para mensurar a exatidão destes métodos, Com base na análise técnica feita para os diferentes métodos,
cujo resultado encontra-se apresentado na Figura 4. descrita no Item 4, conclui-se que:
Na Figura 4, pode ser observado que, para qualquer • Nenhum dos métodos atualmente disponíveis para avaliar
condição, o método da fratura mossa e sulco original da British a adequação ao uso (fitness-for-purpose) de duto com dano
Gas apresenta o valor de R2 superior ao do “novo” método, mossa e sulco, descritos nos itens 3.1 ao 3.6, de fato contabiliza
mostrando, estatisticamente, que o método da BG é mais exato todos os aspectos do comportamento da falha de um duto com
do que o “novo” método em predizer a pressão de falha de um este tipo de dano.
duto contendo o dano mossa e sulco. • As limitações principais dos correntes métodos são que eles
Como o método de Bai e Song contem vários parâmetros não efetivamente consideram a regra do crescimento de trinca
empíricos e que até a publicação do relatório do projeto PDAM dútil, os efeitos das mudanças das propriedades locais do
os mesmos não tinham sido publicados, não foi então possível material devido à deformação plástica durante a formação
a realização de validação experimental (análise estatística) para da mossa, e o efeito da mudança da profundidade da mossa
o mesmo. devido ao retorno elástico (spring back) ou arredondamento
(rerounding).
• Todos os métodos analisados são pequenas variações do
método da fratura mossa e sulco, originalmente desenvolvido
pela British Gas, e todos eles baseiam-se nos princípios da
mecânica da fratura clássica, que leva em consideração que
a falha dependerá tanto da resistência do material ao colapso
plástico (governada pela tensão de colapso – “flow stress”)
quanto da resistência à fratura (governada pela tenacidade à
fratura do material – KIC ou Kmat).
• Os resultados das validações experimentais (análises
estatísticas) realizadas demonstram que o método da fratura
mossa e sulco original da British Gas é o ‘melhor’ método
em termos de qualidade de ajuste com os dados dos testes de
pressão realizados em anéis e vasos contendo o dano mossa e
sulco executados no projeto PDAM.
Por fim, além dos resultados das validações experimentais
realizadas, muitos artigos e relatórios técnicos, tais como
Francis et al. [26], Roovers et al. [22], Cosham e Hopkins [27]
e Macdonald e Cosham [23], referenciam o método da fratura
mossa e sulco original desenvolvido pela British Gas como
Figura 4 – Comparação do parâmetro R2 (medida do ajuste) sendo o ‘mais recomendado’ para avaliar a adequação ao uso de
para o “novo” método (UKOPA) e o método da fratura mossa e duto com dano mossa e sulco, sendo, portanto, esta conclusão
sulco original da British Gas (BG) usando vários conjuntos de final também endossada por este trabalho técnico.
dados de testes [6].

Soldag. insp. São Paulo, Vol. 15, No. 4, p.298-306, Out/Dez 2010 305
Marco Aurélio Oliveira Lima, Sérgio Rodrigues Barra, José Luiz da França Freire

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