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A partir do século XVII o diatonismo modal progressivamente começa a ceder espaço para o

estabelecimento do espaço das tonalidades da tradição maior – menor e da expansão do cromatismo tonal
por meio das modulações. As alterações são realizadas de tal modo a criar diversidade tonal sem anular a
tonalidade principal. Numa criação musical tonal predominam inicialmente as modulações para
tonalidades relacionadas (vizinhas) ao tom principal que é o centro atrativo para as demais regiões tonais.
Progressivamente ao longo do século XIX, a música de influencia europeia, o cromatismo é incrementado,
algo que trará grandes transformações na linguagem partir do século XX .

Na notação da música tonal, o semitom ocorre de três maneiras diferentes:

1)  Diatônico: o mesmo que segunda menor, aquele tipo de semitom que ocorre nas escalas diatônicas; (por exemplo,
mi-fá e si-do, em DóM, fa#-sol e dó#-ré, em RéM).

2)  Cromático: uníssono aumentado utilizado na modulação diatônica (exemplos: fá-fá#, ré-réb);

3)  Enarmônico: terça mais-que-diminuta, utilizada em modulações enarmônicas (exemplos: mi-solbb, si#-réb,).
Mozart, Rondó da Sonata K545

Neste fragmento tonal o compositor faz


a música transitar por algumas regiões
relacionadas à tonalidade principal
(base em notas diatônicas da
tonalidade). As alterações indicam as
mudanças. É preciso, no entanto,
distinguir as alterações que são de
passagem das que possuem função
estrutural de modulação.

Localizar as alterações estruturais e


determinar as regiões tonais alcançadas
O Sexto grau alterado
ascendentemente
(dó#) e o sé=mo
alterado
Notar as claras definições ascendentemente
de regiões harmônicas. (ré♯) para produzir o
movimento melódico
para a tônica. Estas
alterações configuram
O Sexto grau natural (dó♮ a variante menor
e o sé=mo alterado melódica da escala
ascendentemente (ré♯) diatônica menor
para produzir a cadência natural (modo eólio).
na tônica. Estas alterações
configuram a variante
menor harmônica da
escala diatônica menor
natural (modo eólio).
Localizar as alterações estruturais
e determinar as regiões harmônicas
alcançadas neste fragmento.
Compare este exemplo com os anteriores
quanto ao modo de utilização das regiões
harmônicas.
Conceito de tonalidades vizinhas e homônimas

Tonalidades vizinhas são aquelas que possuem a mesma armadura ou diferem apenas quanto a um “#” ou um “b” (a

mais ou a menos).

Vizinhos diretos de uma tonalidade são as escalas correspondentes ao IV grau, ao V grau e a relativa da tonalidade

de base.

Vizinhos indiretos são as tonalidades relativas do IV grau e ao V grau respectivamente.

Tonalidades homônimas são as que possuem o mesmo nome, mas diferem quanto ao modo.
ESCALAS CROMÁTICAS TONAIS
Devem ser consideradas como esquemas resumidos das possibilidades cromáticas da música tonal

Escala cromática tonal (clássica) Maior:


Para a realização de uma escala cromática maior os semitons diatônicos devem ser mantidos. No movimento
ascendente as alterações cromáticas devem ser também ascendentes e no movimento descendente devem ser
alteradas descendentemente seguindo sempre o critério das notas pertencentes às tonalidades vizinhas ou à
homônima. Desse modo o sexto grau não se eleva, mas sim ascende para o sétimo grau rebaixado (sib em dó
maior), pois pertence à escala correspondente ao 4º grau da subdominante (Fá maior), tonalidade vizinha direta.
No movimento descendente somente uma exceção quanto às alterações descendentes: o V grau não é alterado,
mas o quarto grau é elevado (fa# em dó maior), pois o V grau rebaixado (solb em dó maior) resultaria em um
tom muito afastado da tonalidade de base. O II grau alterado não pertence a nenhuma tonalidade vizinha, mas se
comporta como uma “contra sensível” em relação à tônica.

Ascendente:
Do# - sensível da tonalidade correspondente ao II grau na forma harmônica (vizinho indireto)
Ré# - sensível do III grau na forma harmônica (vizinho indireto)
Fá# - sensível da tonalidade correspondente ao V grau ( vizinho direto)
Sol # sensível da tonalidade correspondente ao VI grau (vizinho direto)
Si b – IV da tonalidade correspondente ao IV grau (vizinho direto)
Descendente:
Si b – IV da tonalidade correspondente ao IV grau (vizinho direto)
La b – VI grau da tonalidade homônima (forma natural)
Fá# - sensível da tonalidade correspondente ao V grau ( vizinho direto)
Mi b – III da tonalidade homônima
Re b – contra sensível do I grau ( é uma exceção pois não pertence a nenhuma tonalidade vizinha
Escala cromá2ca tonal (clássica) menor:
Para a realização de uma escala cromá=ca menor os semitons diatônicos também devem ser man=dos. No
movimento ascendente as alterações cromá=cas devem ser também ascendentes com exceção do I grau
(la# em lá menor), pois resultaria em uma nota pertencente a uma tonalidade distante, e deve ser
subs=tuído pelo II rebaixado (correspondente ao VI grau da tonalidade da subdominante - sib em lá
menor). O movimento descendente é igual ao ascendente de modo a manter o critério de alterações
relacionado às tonalidades vizinhas e homônimas.

I II III IV V VI VII I VII VI V IV III II I

Alterações ascendentes da escala menor melódica

Si b – VI da escala correspondente à subdominante – menor natural (vizinho direto)



Do# - sensível da escala correspondente à subdominante (vizinho direto)

Re # - sensível da escala correspondente ao V grau da tonalidade de base (vizinho direto)

Fa# - VI grau da forma melódica da própria escala da tonalidade de base

Sol # - sensível da própria escala de base na forma harmônica
Exemplo musical em que croma=smos presentes indicam a escala cromá2ca clássica menor: Fá# menor

César Franck, Variações Sinfonicas


Villa-Lobos: Impressões seresteiras
Exemplo . Wagner, R (1813-1883).
Abertura de Tannhäuser

(V7) SiM (V6) ReM (V6) FaM

(V) LaM

MiM: IV

V7
MiM
Richard Wagner: Prelúdio de Tristão e Isolda (início) –Tonalidade estendida por intenso croma=smo.
Notar que cada frase sugere uma nova tônica, mas não alcançada plenamente.

Fr+6 ou II V7 (....Lá m)
Fr+6 ou II V7
(...Dó m)

VI+ V7
(...MiM )

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