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Sérgio de Gouvêa Franco

A criatividade na clínica psicanalítica

O artigo procura mostrar a noção de criatividade em Winnicott, abrindo o escrito


com o relato de uma suposta “mamada inicial”. Há um modo de lidar com o bebê e
com o paciente que se parece com o modo artificial de uma enfermeira profissional.
O jeito da mãe é que propicia ao bebê criar mundos e depois se ajustar à realidade.
A desvitalização dos pacientes contemporâneos recomenda a valorização de um
estilo em que seja possível ao paciente repensar o próprio “eu”, sem muita demanda.
> Palavras-chave: Winnicott, criatividade, pacientes graves, técnica psicanalítica

This article presents the notion of creativity in Winnicott, beginning with an


account of a supposed “original breast feeding.” This account describes the
way a baby and a patient were treated that resembles the artificial approach
of a professional nurse. The mother’s manner allows the baby to create worlds
and, later, to adjust to reality. The de-vitalization of contemporary patients
leads to the recommendation to emphasize a style whereby patients can look
artigos > p. 34-40

at themselves without demanding too much.


> Key words: Winnicott, creativity, serious patients, psychoanalytical technique
pulsional > revista de psicanálise >

Introdução captar o seu sentimento. A mãe se adapta


Há uma linda exposição de Winnicott de quase que perfeitamente às necessidades
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1949 que poderia ser intitulada ”A mãe que do recém-nascido. Enquanto isto, a enfer-
amamenta” (1982). O texto sutil e delicado meira, bem intencionada, é obrigada a cor-
compara o amamentar de um recém-nasci- rer daqui para lá para atender aos bebês que
do por uma enfermeira, em uma instituição, choram. A instituição em que trabalha pode
e o amamentar de uma mãe encantada com ser bela, bem organizada, o ambiente pode
seu filho. A diferença destacada é a aptidão ser agradável, mas ela tem coisas demais
da mãe em se colocar no lugar do bebê e por fazer... O bebê é arrumado sobre o ber-
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ço, a mamadeira de leite é colocada sobre o algum instante o bebê toma em sua boca o
travesseiro e o bico chega à sua boca. Ele mamilo...
suga estimulado pela fome, o leite entra A experiência com o mamilo dá idéias ao
agradável em sua boca. Mas a este ponto a bebê... Ele começa imaginar que há algo lá
enfermeira já foi embora e as coisas come- fora que vale a pena. A saliva pode começar
çam a não se passar tão bem: o bico fica co- a correr... A mãe permite ao bebê construir
lado à boca, parado, não sai, não entra. Se imaginariamente a própria coisa que ela ofe-
o bebê quer respirar o bico de borracha não rece. Ele coloca o mamilo em sua boca, bus-
sai; o bebê é obrigado a respirar com a boca ca a raiz do mamilo, morde-o e suga-o. Quan-
cheia. Não há sequer um ligeiro descanso; do ele quer parar, ele pára e se afasta do
aos poucos o bico se transforma em amea- seio. Se ele se desinteressa do mamilo, a
ça. O bebê chora, se debate no berço e a idéia de seio se dissipa. O bebê faz contato,
mamadeira cai: um enorme alívio: aquela depois o bebê cansa e se afasta. Este pon-
imensidão sai da sua boca. O alívio no en- to é importante, porque, diferentemente da
tanto é passageiro porque ele ainda está experiência do bebê em uma instituição,
com fome. A mamadeira se foi e não retor- quando o bebê se desinteressa do mamilo,
na, ele não tem o que sugar. Chora outra ele não tem um objeto colocado em sua boca
vez. A enfermeira retorna, recoloca a mama- de modo forçado. A mãe compreende o
deira em sua boca e o processo recomeça. que o bebê sente, ela espera. Daqui a pou-
Agora, no entanto, a mamadeira não é tão co o bebê se vira e toma o seio em sua boca
agradável como antes, o bebê já sabe que outra vez. Um novo contato é estabelecido
além de leite a mamadeira traz a ameaça espontaneamente. O bebê se alimenta não
também. a partir de um objeto que tem leite, mas
A mãe, por sua vez, amamenta seu filho em através de uma pessoa e de um relaciona-
casa. Ela está disponível, acomoda seu bebê mento.
no colo, amamenta-o ao seio. As mãos do
bebê ficam livres e ele pode tocar e sentir a A criatividade original
artigos

textura da pele e o seu calor enquanto re- Tomo estas descrições da amamentação
cebe o seio. A distância entre o seio e a boca como ponto de partida porque Winnicott
pode ser facilmente regulada. A mãe deixa pensava a criatividade exatamente a partir
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a face do bebê tocar o seio. Os bebês não do relacionamento entre a mãe e seu filho
distinguem os seios da face, não sabem a que acaba de nascer. Seria interessante
origem do conforto. Bochecha e seio se to- pensar onde há continuidade e onde há des-
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cam em um íntimo contato. São sensações continuidade entre o pensamento e práticas


vivas, intensas, decisivas para o bebê. A de Freud e o pensamento e práticas de Win-
mãe acolhe seu filho com calma, sem angús- nicott. Seria também bem interessante pen-
tia. Este é o enquadre. Ela está presente sar o trajeto teórico/clínico que, começando
realmente, não apenas finge estar presen- em Freud chega a Winnicott, passando por
te. Não tem idéias pré-concebidas do que Karl Abraham, Melanie Klein e talvez por
vai acontecer. Desfruta do encontro e em tantos outros... Se eu tomo Winnicott como
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referência, então, para pensar a criativi- aceitar depois que o mundo já estava lá an-
dade na clínica psicanalítica precisamos tes dele. Trata-se do árduo trabalho rumo à
nos haver com aquilo que ele chamou de realidade. Se tudo der certo, o bebê fará a
criatividade primária, ou seja, a experiên- passagem de um mundo subjetivamente
cia do recém-nascido de criar o mundo ao concebido para a realidade objetivamente
seu redor. percebida e socialmente construída.
No começo, a mãe se adapta de tal modo às Precisamos compreender que a noção de
necessidades e dinâmica do bebê, que este criatividade que Winnicott introduz não
tem a ilusão de que o seio materno está sob está primeiramente ligada às artes; trata-se
seu controle, o seio pertence a ele. A onipo- de uma criatividade na vida. O que destaca
tência é a sua experiência. O bebê cria o Winnicott é a vida que é vivida de modo
seio materno imaginariamente. Ele o cria criativo. A marca desta vida criativa não é
tantas vezes quanto queira. E cada vez que belos quadros ou belos textos; a marca é
queira, o seio está lá sendo oferecido pela uma sensação interior. O que está em pau-
mãe exatamente onde e quando o bebê o ta é a natureza das primeiras experiências
cria. É a capacidade de sintonia da mãe que que capacitam (ou não) o desfrute de estar
permite que o bebê tenha a sensação de es- vivo. A criatividade tem a ver com uma ca-
tar criando o seio. Então, em Winnicott, a pacidade que aparece na primeira infância
criatividade tem raízes na ilusão onipoten- e que pode ser mantida a vida toda: a capa-
te do bebê, que se percebe criando o seio e cidade de criar o mundo onde se vive. O
o mundo ao seu redor. Graças aos cuidados bebê – tendo as condições razoavelmente
da mãe, o bebê sente que é ele que cria os boas, cria o mundo a seu redor e não se dá
objetos que lhe são oferecidos. conta de que esse mundo já estava lá antes
de tê-lo criado.
O viver criativo O viver criativo nasce da sensação de estar-
Se seguimos esta estrada, a criatividade na mos vivos e de sermos nós mesmos. Trata-
vida adulta e a criatividade na clínica devem se de um estado de espírito que é o reverso
artigos

ser pensadas a partir do relacionamento pri- do espírito depressivo esquizóide. Em vez de


mordial mãe e filho recém-nascido. tudo parecer sem graça e sem força, preva-
O que sabemos é que aos poucos, à medida lece o sentimento de que a vida vale a pena.
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que o bebê cresce, a mãe vai se discriminan- O viver criativo não demanda nenhum ta-
do do bebê e deixando de promover esta lento especial como a criação nas artes. O
adaptação tão completa e perfeita às neces- viver criativo tem a ver com a noção da pre-
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sidades do seu filho. Aos poucos o bebê vai sença daquilo que mais nos caracteriza como
descobrindo que o mundo existe antes e humanos: a impregnação da realidade com
apesar de suas necessidades. Quando ele nosso toque pessoal.
tem uma boa experiência de onipotência no A imaginação ocupa um lugar fundamental
início da vida, suporta mais tarde a frustra- nesta experiência. É necessário realçar o
ção de sair do centro do mundo. Como um valor da projeção, da introjeção e o lugar da
dia achou que criou o mundo, conseguirá identificação. O que está em jogo é a capa-
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cidade de alucinar aquilo que está bem à Quando o paciente está tão alienado, quan-
frente. Criar o que já existe. Trata-se de uma do constrói um mundo de defesas de forma
capacidade que aparece na vida adulta e que que sua personalidade pública é completa-
tem origem na infância: a capacidade de mente falsa, então cabe ao analista tomar
encontrar na realidade o que se está crian- as sutilezas da relação mãe-bebê como re-
do. A experiência feliz com a mãe é a base ferência ao tratamento. Em casos graves,
da capacidade de criar o que já existe, na por vezes o analista é chamado a uma adap-
infância e na vida adulta. tação ao seu paciente que se assemelha à
Quando a criança não tem a suficiente ex- adaptação que a mãe faz ao recém-nascido.
periência com a onipotência terá que exa- São pacientes que jamais experimentaram
cerbar a onipotência na vida adulta. Apare- um ambiente sintônico às suas necessida-
ce uma falsa criatividade e um controle ma- des e criaram defesas poderozíssimas, as
nipulativo da situação. A vida fútil é a vida vezes maníacas. Os ataques contra o analis-
onde esta capacidade criativa não pode ser ta podem ser enormes, suportar e sobreviver
recuperada na vida adulta. Não se trata tan- a estes ataques pode ser a única coisa pos-
to do que se faz, mas se o que se está fazen- sível a fazer, até que um campo mínimo de
do carrega ou não um toque original. A pes- confiança se estabeleça.
soa criativa pode fazer criativamente qual- Por isso, uma interpretação fora de tempo
quer coisa. A marca da criatividade é a sen- fica questionada. Ela pode ser vivida pelo
sação de que há algo novo e inesperado no paciente como uma invasão, como uma
ar. O contrário é a vida entediante e final- mamadeira enfiada na boca fora de hora.
mente sem sentido. O viver criativo tem a Uma atitude como está é inútil, quando não
ver com viver uma vida própria onde o prin- desastrosa, gerando perda de confiança. A
cípio da realidade não é sentido como total- interpretação só pode ser oferecida quan-
mente castrador. do o paciente está pronto para recebê-la,
quando o paciente está pronto a criá-la.
A criatividade Neste caso o paciente acredita que foi ele
artigos

na clínica psicanalítica mesmo quem criou a interpretação. Na ver-


Logo, a criatividade na clínica não tem dade, não foi tampouco o analista quem
nada a ver com invencionices da parte do criou a interpretação – esta seria a ilusão
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analista, criatividades técnicas que do analista. A interpretação é uma criação


desbordem em esquisitices, nem tampouco da dupla analista-paciente. Assim é que o
tem a ver com uma ação que vise transfor- analista oferece a interpretação, exata-
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mar nossos pacientes em artistas ou litera- mente no momento que o paciente está
tos de renome. A criatividade na clínica tem pronto a criá-la. O analista espera o paciente
a ver com um esforço paciente, freqüente- como a mãe espera que seu bebê tome o
mente silencioso do analista para recuperar mamilo. Se o analista força a interpretação,
ao menos em parte esta capacidade do pa- pode gerar revolta ou submissão. A submis-
ciente de impregnar sua vida com um toque são é exatamente o que o paciente não
próprio. precisa, porque muitos deles já vivem
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suas vidas assim: como uma renúncia de ainda que o material tratado seja o do pa-
qualquer positividade. Para combater a ex- ciente, o analista vive realmente emoções e
periência de submetimento, de carga, o participa do encontro com elas. A sessão
analista espera. Espera que o paciente vire criativa é um espaço-tempo-teatro onde se
sua boca na direção do seio e crie a ação do vive, cria-se, sofre-se e alegra-se a dupla
seu analista. Assim não se dá a invasão. Se paciente-analista, numa dramatização que
o paciente, pelo contrário, vive a ação do só tem valor porque investida de afeto –
analista como uma invasão, se ele se sente uma brincadeira tão real quanto a realidade
sem recursos, subjugado, incapaz de se de- socialmente construída.
fender, ameaçado no setting, então o que O brincar é essencial, porque é através do
ocorre é que ele se fecha e o resultado pode brincar que se manifesta a criatividade. Nes-
ser que seu mundo interno fique ainda mais ta brincadeira, o paciente pode mobilizar to-
longe, inatingível, incomunicável. dos os recursos disponíveis em sua persona-
lidade. A grande obra de criação de que es-
Criatividade e brincadeira tamos falando, certamente, é o próprio eu –
A esta altura gostaria de introduzir um outro ou self do paciente. Trata-se de um trabalho
conceito muito importante no pensamento que se realiza quando se permite um jogo de
de Winnicott: o conceito de brincar. Veja contrastes, de associações de partes que
que Winnicott não fala em brincadeira, fala antes estavam dissociadas. O eu é ao mes-
em brincar, o verbo. Ele aproxima a noção à mo tempo descoberto e construído – este
vivência da sessão analítica. O analista trabalho só pode se dar plenamente no am-
brinca com a realidade subjetiva que se biente da brincadeira. Quando o ambiente
presentifica na sessão e estimula o pacien- não é o da brincadeira no sentido que Win-
te a fazer o mesmo – deixando o ambiente nicott está propondo, o paciente – adulto e
da sessão um pouco mais leve. Vamos dei- criança – não pode mobilizar seu eu inte-
xar claro, o analista brinca com a realidade gral; ele fica sério demais para aceitar tudo
subjetiva não só do paciente, mas com a o que é e tudo o que pode ser. Neste ambien-
artigos

sua própria subjetividade, que também apa- te experimentativo da brincadeira é que é


rece no encontro. Ele não teme a subjetivi- possível a manifestação de todas as partes
dade: nem a sua nem a do paciente. É como do eu, inclusive as partes mais negadas e
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uma dança, onde um só pode ir onde for ou- escondidas. Partes ocultas não apenas do
tro. O analista tem que se deixar levar, se paciente são mobilizadas, mas do analista
oferecer, se presentificar, estar sem precon- também.
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ceitos sobre o que vai acontecer na sessão, Não raro os pacientes podem estar procu-
não pode conduzir sozinho. Tem que olhar rando se encontrar através de um trabalho
para seu “bebezinho” e ver se é hora de ar- obsessivo. Mas o self não pode ser encon-
rotar ou de beber leite, ou de brincar com o trado a partir de produções corporais ou
canto do cobertor. Não estamos dizendo que mentais obsessivas, ainda que estas produ-
o analista traga para a sessão material pró- ções possam ter valor. O que o paciente mais
prio: a mamada é do bebê. Mas dizemos que, precisa em uma sociedade tão complexa e
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competitiva como a nossa é, freqüentemen- estar vivo. Frente ao cansaço de sujeição
te, de um outro tipo de experiência – uma que marca a vida de muitos pacientes, brin-
experiência de um estado não-intencional. car com a realidade se apresenta como a
Em meio a tanta demanda por produção e possibilidade de criar, de colocar um tom
criatividade, sempre orientado por uma in- pessoal na experiência, de re-arranjar cam-
tencionalidade, ele precisa, ao contrário, de pos. A tarefa não é apenas desmontar a pre-
um estado de interação livre, de personali- tensão narcísica e ilusória, mas impregnar a
dade não-integrada. Trata-se de um estado realidade de algum modo com o sonho, com
de amorfia. Mas esta experiência de não-in- o desejo. Uma análise que vise apenas recu-
tencionalidade só se dá no ambiente da perar o contato do paciente com a realida-
confiança. Corpo e mente relaxam na não- de, pode estar desconsiderando o elemento
intencionalidade. Nessa sessão se permite a normopático – usando a expressão apresen-
liberdade de expressão mesmo que esta se tada por Flávio Ferraz (2002) . A marca des-
dê em um fluxo de pensamen tos sem ta normalidade patológica é uma enorme
ligação. Cabe ao analista aceitar esse fluxo defesa frente às próprias possibilidades. São
desconexo com naturalidade, sem forçar pessoas que vivem pelo medo e pelo cálcu-
qualquer conexão artificial, sem tentar en- lo que apenas visa a minimização dos riscos.
contrar um fio condutor na fala do pacien- Não podemos nos relacionar com a realida-
te. A criatividade de que fala Winnicott, que de apenas em termos de sujeição. A realida-
descobre e cria o eu, nasce de um estado sem de há de ser tratada juntamente com o tema
demanda por criatividade. da criação.
Podemos dizer que a soma destas muitas Há uma análise tão protegida por um
experiências de relaxamento e criação é setting rigoroso que apenas reforça as
que permite a formação de um sentimen- defesas do analista e do paciente. Quando
to verdadeiro de self. É no brincar, e tal- pensamos uma sessão criativa estamos
vez apenas no brincar, que a criança e o falando do analista que se abstém do
adulto experimentam liberdade suficien- autoritarismo e da doutrinação e permite
pulsional > revista de psicanálise > artigos

te para criar e criar-se. Chama-se este es- uma fruição mesmo desorganizada da
paço de potencial porque é um espaço em sessão. O analista se entrega ao que está
que toda a potência do indivíduo se mobili- acontecendo. A análise é uma experiência
za em busca de uma concretização não ob- para o paciente e para o analista. Se não
sessiva. for possível experimentar este estado de
relaxamento, esta condição de aprendizado
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Conclusão ativamente passiva, ativamente expectante,


A experiência com pacientes (e consigo mes- de fato não há aprendizado algum: o
mo) indica que pouco adianta adaptar-se analista não aprende, o paciente não
submissamente ao mundo socialmente aprende.
construído e não ter o desfrute de viver. O O self verdadeiro se constrói aí onde não é
brincar criativo é um modo de se enfrentar tão necessária a defesa. O self verdadeiro
com a realidade que valoriza esta alegria de se cria utilizando todos os recursos disponí-
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veis na personalidade, permitindo que par- _____ Entrevista concedida a M. E. Costa
tes antagônicas se encontrem na sessão. É Pereira, Revista Latinoamericana de Psicopato-
neste estado não-integrado que o criativo logia Fundamental. São Paulo: Escuta, v. IV, n.
pode aparecer, emergir. A vivência não de- 4, p. 138-47, dezembro de 2001.
fendida da sessão, que pode ser pensada OUTEIRAL, J. O. e GRANA, R. B. Donald W. Winni-
próxima ao brincar, promove o encontro de cott – Estudos. Porto Alegre: Artes Médica,
partes dissociadas da personalidade, um en- 1991.
contro do si com o si mesmo. É assim que a REZENDE, A. M. e GERBER, I. A psicanálise “atual”
dissociação – que pode aparecer em várias na interface das “novas” ciências. São Paulo:
nosologias – cede. É possível um eu novo, Via Lettera, 2001.
com raízes em várias ou todas as partes da WINNICOTT, D. W. O brincar & a realidade. Trad.
personalidade. A criatividade de que esta- J. O. A. Abreu e V. Nobre. Rio de Janeiro: Ima-
mos falando na clínica psicanalítica é certa- go, 1975.
mente esta, a criatividade de si mesmo. Ta-
_____ Pormenores da alimentação do bebê
refa a ser conquistada.
pela mãe. In: A criança e o seu mundo. Trad.
Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: LTC Editora,
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_____ O ambiente e os processos de matu-
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mento emocional. Trad. I. C. S. Ortiz. Porto
2000.
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_____ Natureza humana. Trad. D. L.
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_____ Tudo começa em casa. Tradução P.
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_____ A família e o desenvolvimento indivi-
Psicológicas Completas. Comentários e Notas
dual. Trad. M. B. Cipolla. São Paulo: Martins
de J. Strachey. Colaboração de A. Freud. Edição
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Brasileira dirigida por J. Salomão. Rio de Janei-
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LAPLANCHE, J. e PONTALIS, T. Vocabulário da Psica-
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