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Musical - Apresentação
Introdução: a Educação Musical ontem e hoje
Swanwick – Princípios 2 e 3
Didática
da Música
Material elaborado para o Curso de Licenciatura em Música da UFRGS e Universidades Parceiras, do Programa Pró-Licenciaturas II da CAPES.
Produzido pela equipe do CAEF. Porto Alegre, 2009.
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29 Abordagens contemporâneas em Ed. Musical - Conteúdo
Introdução: a Educação Musical ontem e hoje
Como vimos na própria enquete realizada em Didática da Música na semana passada, ainda hoje
vemos a influência de diferentes abordagens metodológicas no Brasil, sem predominância
significativa de um em detrimento de outro educador: todos receberam “votos” dos alunos entre as
duas turmas de Didática da Música. Constatamos, assim, que não é possível nem desejável
apagar um passado de tantas pesquisas, práticas, experiências ricas de variadas naturezas.
Então agora nos encaminhamos para a finalização da Interdisciplina, com a penúltima unidade a
ser estudada. Veremos aqui, com máximo detalhe que o espaço permite, a teoria do educador
musical Keith Swanwick, a abordagem de Violeta Gainza e as mais recentes ações pedagógicas e
artísticas que têm sido marcantes especialmente no Brasil. Não restrinja seu estudo a este
material, ainda que seja elaborado com zelo e direcionado especialmente a você – procure
explorar os materiais de apoio, leia e estude os artigos, monografias, entrevistas, assista aos
vídeos e escute os áudios com atenção. Tempo para tudo isso? Bem-vindo(a) à maior angústia
contemporânea... mas juntos trabalharemos para qualificar ao máximo sua formação acadêmica
e, especialmente, sua capacidade de reflexão e ação diante das temáticas.
Didática
da Música
Material elaborado para o Curso de Licenciatura em Música da UFRGS e Universidades Parceiras, do Programa Pró-Licenciaturas II da CAPES.
Produzido pela equipe do CAEF. Porto Alegre, 2009.
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Educadores musicais “utilitaristas” e “filósofos”
A década de 70 viu nascer uma grande controvérsia entre educadores “utilitaristas”, centrados na
organização da ação e planejamento pedagógico para a sala de aula e os “filósofos”, dedicados à
reflexão sobre a prática, “enfatizando os aspectos valorativos e procurando determinar a natureza
e o valor da música e da educação musical”, de acordo com Fonterrada (2008, p. 105). É neste
segundo grupo que encontram-se aqueles afinizados com teorias da psicologia do
desenvolvimento, da psicologia social e filosofia da música, conforme a autora argumenta.
Neste grupo podemos enquadrar Bennett Reimer, reconhecido por sua Estética da Educação
Musical. Para este pensador, a partir da reflexão filosófica poderia ser afirmada a educação
musical como área autônoma. Para ele, “O impacto que ela tem na sociedade depende, em
grande escala, da qualidade do entendimento da profissão e do que ela pode oferecer de valor
para a sociedade” (REIMER, apud FONTERRADA, 2008, p. 105). Apesar de defender ideias
polêmicas que nem sempre encontraram eco na área, como afirmar que a música não é uma
linguagem, Reimer possui destacado papel na Educação Musical contemporânea, por fomentar o
debate sobre o valor da música e da educação musical, dentre outras contribuições.
Em oposição à teoria de Reimer, surge Keith Swanwick o qual, depois de anos de reflexão, “chega
à conclusão de que o conhecimento artístico não é um domínio separado das outras atividades da
mente” (FONTERRADA, 2008, p. 112). Neste grupo de educadores também deve ser incluído
David Elliot e sua preocupação em contextualizar as práticas musicais conforme os grupos
sociais, definindo musicalidade como um conjunto de elementos multidimensionais de
conhecimentos.
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Swanwick – Contribuições para a Educação Musical
Keith Swanwick nasceu na Inglaterra e possui experiência de sala de aula, grande diferencial de
outros educadores musicais que não tiveram esse importante contato com a realidade
educacional no ensino básico. Atualmente é professor da área na Universidade de Londres e viaja
pelo mundo todo, inclusive ao Brasil, divulgando e discutindo suas ideias em Educação Musical.
Possui vários livros de educação musical, destacando-se Music, mind and education (Música,
mente e educação, 1988), Musical knowledge (Conhecimento musical, 1994) e Ensinando Música
Musicalmente, editado em português pela Moderna (2003) e especialmente indicado aos alunos
desta turma, pela linguagem acessível, fluente e prazerosa.
Fundamentos psicológicos: Swanwick possui uma base psicológica ligada à Piaget, ainda que
tenha modificado alguns elementos, chamando os conceitos de assimilação e acomodação de
intuição e análise, conforme coloca Fonterrada (2008). A famosa imagem de seu Espiral de
Desenvolvimento (adaptado e traduzido neste link por Fonterrada, 2008) é uma síntese de suas
concepções, especialmente centrado nas camadas metafóricas defendidas pelo educador.
Postura Estética: “De acordo com Swanwick, o universo sociocultural e afetivo do educando é
elemento importante em sua educação musical. Para ele, a criança deve ser estimulada com
músicas que façam parte do seu dia a dia e dos padrões musicais de sua cultura, ou seja, é
possível ampliar o repertório da criança apresentando-lhe outros universos sonoros”. Este
pensamento foi recentemente defendido durante o III Seminário Qualidade em Projetos
Socioculturais, ocorrido em novembro/2009 no Brasil como uma promoção do Projeto Guri,
coordenado por Suzana Krüger (que possui reconhecido trabalho de música em EAD) .
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Swanwick – Princípios para a Educação Musical
Swanwick criou o Modelo CLASP (1979/2003), traduzido do inglês para TECLA, o qual apresenta
parâmetros da Educação Musical que significa, para o autor:
(T)écnica
Execução
Composição
(L)iteratura
Apreciação
Para Swanwick há princípios que deveriam reger a Educação Musical, sintetizados por ele em:
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Swanwick – Princípio 1: Valorizar a música como discurso
Veja neste diagrama (criado por Swanwick e adaptado aqui por Cuervo, 2009) a síntese do
princípio de ver a música como discurso, a partir das Camadas Metafóricas sugeridas por
Swanwick (2003), onde as formas retangulares representam o que é mais facilmente observável
num processo avaliativo. Entramos em contato com este conteúdo na unidade sobre Avaliação em
Música, onde foram abordados os oito níveis de apreciação musical.
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Swanwick – Princípios 2 e 3
2) Valorizar o discurso musical dos alunos: Este princípio vem ao encontro de pressupostos já
defendidos desde os educadores da primeira geração de Métodos Ativos, acentuadamente no
discurso das abordagens criativas em Ed. Musical e que encontra ressonância nas principais
teorias pedagógicas e psicopedagógicas do século XX, destacando-se as de Piaget, Montessori,
Freire, dentre outras.
Para Swanwick (2003, p. 65): “Discurso – conversação musical -, por definição, não pode ser
nunca um monólogo. Cada aluno traz consigo um domínio de compreensão musical quando
chega a nossas instituições educacionais. Não os introduzimos na música; eles são bem
familiarizados com ela” [...]. O educador defende o fomento à curiosidade, planejamento de
qualidade para desenvolver competências discentes, imitação dos alunos de um bom modelo (o
professor) e reconhece o valor da interação social para trabalhos em grupos (SWANWICK, 2003).
3) Fluência no início e no final: Swanwick, ao ver a música como discurso, reflete sempre de
forma análoga à linguagem. Por isso, para ele, a forma mais efetiva de procedimentos é “ouvir,
articular, depois ler e escrever”. Repare aqui, mais uma vez, o papel da audição e percepção
como núcleo do desenvolvimento musical. Tocar ou cantar de ouvido, lendo ou copiando outra
performance, improvisar, enfim, deviam fazer parte do conjunto de capacidades de qualquer aluno
em qualquer tipo de ensino.
Pensados conjuntamente, esses três princípios, segundo seu autor, “podem ajudar a manter o
ensino musical em um bom caminho, a mantê-lo „musical‟” (2003, p. 70).
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Gainza – Contribuições para a Educação Musical
A América Latina viu crescer e consolidar-se inúmeros trabalhos de educação musical no século
XX, como estudamos no Canto Orfeônico de Villa-Lobos, metodologias de Gazzi de Sá, Antônio
Sá Pereira, Carmen Mettig, dentre outros, assim como os vanguardistas Koellreutter e Antunes.
Engajada e atuante, Gainza esteve recentemente no Brasil para discutir o papel da educação
musical hoje. Ela acredita que essa área encontra-se em crise na América Latina, atravessando
uma verdadeira encruzilhada. Em seu site ela apresenta questionamentos que norteiam seu
trabalho hoje e provoca: Até que ponto é importante a música? Qual o seu valor e o papel que
desempenha no conjunto das linhas que integram a bagagem cultural básica que oferece a
escola?
Para ela, “A Educação Musical deverá tender a desenvolver – mediante diversas atividades e
processos musicais, a mais ampla gama de possibilidades humanas, e não apenas a tendência
dominante” (GAINZA, 1988, p. 40).
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Gainza – Ficha orientadora para a observação da conduta musical
Gainza (1988, p. 40) defende que o educador precisa entrar em contato com instrumentos de
pesquisa e também conhecer profundamente o perfil do sujeito, ou aluno, a fim de otimizar seu
desenvolvimento musical. Um dos mecanismos que ela propõe é a sua “Ficha orientadora para
observação da conduta musical”, da qual você vê abaixo o trecho intitulado “História Individual”,
que antecede a seção de “Recepção Musical”, onde ela elenca fatores de estimulação e
motivação, sendo eles: interesse, atenção, concentração, memória.
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A Educação Musical contemporânea
Vemos hoje um contexto bastante diversificado que envolve a Educação Musical: a música
presente em toda parte, pesquisadores e estudantes em formação constante, multiplicidade de
gêneros musicais em diferentes meios de propagação.
Entramos em contato, ainda que de forma superficial, com abordagens metodológicas marcantes
no Brasil, e poderíamos incluir no amplo leque de educadores os trabalhos vigentes hoje, como as
propostas de Alda Oliveira e sua valorização dos ambientes informais de música e da música
contemporânea, a música popular e folclórica lindamente realizada com Viviane Beineke,
Pandalelê e seus afins, ideias de música e corpo de Thelma Chan e Teca Brito, os sons corporais
de Ciavatta e Barbatuques, dentre tantas outras abordagens. Nessas, deixamos a você a tarefa
de conhecer, já que são contemporâneas e acessíveis a todos nós e, quem sabe, poderão ser
vistas em outros momentos durante o curso. Na unidade seguinte veremos a importância e as
funções da pesquisa, como uma atitude permanente, teórica, prática e necessária ao educador.
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