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Escolas de Estratégia

Fonte: MINTZBERG, H.; AHLSTRAND B.; LAMPEL J. Safári


de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento
estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000, 299p.

CURSOS: ADMINISTRAÇÃO
Professora: Isabel Cristina S. Arantes
TIPOS DE ESCOLAS

Escolas Escolas
Prescritivas: Descritivas:

4 - Escola Empreendedora –
1 - Escola do Design – processo visionário
formação da estratégia 5 - Escola Cognitiva – processo
como um processo de mental
concepção 6 - Escola do Aprendizado –
2- Escola do Planejamento processo emergente
- processo formal 7 - Escola do Poder – processo de
negociação
3 - Escola do
Posicionamento – 8 - Escola Cultural – processo coletivo
processo analítico 9 - Escola Ambiental – processo
reativo
10 - Escola da Configuração –
processo de transformação
Escola do Design

“A formação da estratégia como um processo de concepção”

Origens:
“Leadership in administration” - SELZNICK (1957)
“Strategy and Structure” - CHANDLER (1962)
”Business policy: text and cases” - ANDREWS (1965)

Modelo Básico:
 Análise de SWOT = Strenghts (pontos fortes), Weaknesses
(pontos fracos), Opportunities (oportunidades), Threats
(ameaças).
 Criação da estratégia,
 Avaliação e escolha de estratégia (consistência, consonância,
vantagem e viabilidade).
Escola do Design

Premissas da Estratégia:

 Deve ser racional, lógica e aprendida formalmente


(estudo de caso)
 Feita pelo executivo principal;
 Formação simples e informal;
 Única;
 Concepção estanque inicial;
 Explícita;
 Implementada apenas quando ela é única, simples,
explícita.
Escola do Design
Críticas:

 Separação estanque da formulação e implementação;


 A estrutura não segue necessariamente a estratégia;
 Estratégia explícita: inflexibilidade;
 Aprendizado, segundo plano.

Contextos e contribuições

 Um cérebro pode sintetizar e criar;


 Situações estáveis;
 Organização hierarquizada e disciplinada;
 Novas organizações e organizações pós-mudança já
estabilizadas.
Escola do Planejamento

“A formação da estratégia como um processo formal”

Origen: ANSOFF (1965) - “Corporate Strategy”

Modelo Básico:

 Fixação dos objetivos;


 Auditoria externa e interna;
 Avaliação da estratégia;
 Operacionalização da estratégia
 Seleção das hierarquias (objetivos, orçamentos,
estratégias e programas).
Escola do Planejamento

Premissas:

 Processo controlado e consciente de planejamento


formal;
 A responsabilidade por todo o processo é, na prática,
dos planejadores;
 Estratégias saem prontas desse processo “máquina”.

Progressos recentes:

 Planejamento de cenários;
 Controle estratégico (SIMONS, 1995) – sistemas de
crenças, de fronteiras, de controle e diagnóstico, de
controle interativos).
Escola do Planejamento

Problemas:

 Assessoria assume o processo;


 Processo domina a assessoria;
 Separação de planejamento e execução
 Pouco foco no negócio básico;
 Insuficiência de análise crítica das possibilidades;
 Negligência do ambiente interno.
Escola do Planejamento

Falácias:

 Da pré-determinação (estabilidade e previsibilidade);


 Do desligamento (entre planejamento e execução)
 Da formalização;
 Grande falácia: a análise não pode substituir a síntese.

Contexto e contribuição:

 Análise da estratégia;
 Estimular a estratégia;
 Programação da estratégia.
Escola do Posicionamento
“A formação da estratégia como um processo analítico”

Origens:
PORTER (1980) “Competitive Strategy”
Economia – Organização Industrial.

Premissas:

 Posições genéricas;
 Mercado é competitivo;
 Estratégia forma-se da seleção das posições genéricas (estratégias
genéricas);
 Estrutura do mercado: estratégias são posicionadas, planejadas
(deliberadas) pela organização.
Escola do Posicionamento

a) Onda Militar:
 TZU (1971) - “The art of war” (A arte da guerra)
 CLAUSEWITZ - (1968) “On War” (Em guerra)

b) Onda de Consultorias:
 BCG: matriz de crescimento participação e curva de experiência;
 PIMS: (Profit impact of market strategies)

c) Onda de proposições empíricas:


 Forças competitivas de Porter: ameaça de novos entrantes, poder de
barganha dos fornecedores, poder de barganha dos clientes, ameaça dos
produtos substitutos, intensidade da rivalidade entre concorrentes.
 Estratégias genéricas de Porter: liderança em custo, diferenciação,
enfoque.
 Cadeia de valor: atividades primárias e secundárias, margem.
Escola do Posicionamento

Pesquisa de conteúdo da estratégia:

 Estática única (+comum);


 De agrupamentos estáticos;
 Dinâmica única (teoria dos jogos)
 Dinâmica de agrupamentos.

Críticas à Escola do Planejamento:

 As mesmas feitas às escolas de Design e de Planejamento


(formalidade, rigidez, análise pura, pouca síntese).
 foco muito estreito, política em segundo plano.
 propensão para o grande, estabelecido e maduro;
 excesso de análise de dados factuais;
 posição genérica, estudo de categorias já estabelecidas.
Escola do Posicionamento

Contribuição e contexto:

 Adição de conteúdo e de análise;


 Apoio à formulação de estratégias;
 Situações estabelecidas e estáveis.
Escola Empreendedora
“A formação da estratégia como um processo visionário”

Origens:
Economia: SHUMPETER (1947) - “The creative response in economic history”

Conceitos:

 Tentativas;
 Destruição criativa;
 Novas combinações;
 Foco nas oportunidades;
 Poder centralizado no líder;
 Visão ao invés de plano esquematizado;
 Crescimento é a meta.
Escola Empreendedora

Premissas:

 Estratégia é perspectiva, visão na cabeça do líder;


 Processo de formação é intuitivo ou semi-consciente;
 Visão é flexível e a estratégia é deliberada e emergente;
 Organização é maleável;
 Forma de nicho.

Críticas:

 Calcada só no líder;
 Baseada na intuição;
 Rigidez.
Escola Empreendedora

Contribuições:

 Aspectos críticos da formação da estratégia(natureza pró-ativa


e papel da liderança personalizada e da visão estratégica =
“gestalt”)

Contexto:

 Novas empresas;
 Empresas em dificuldades necessitando mudanças drásticas;
 Pequenas organizações.
Escola Cognitiva
“A formação da estratégia como um processo mental”

Origens:
Psicologia cognitiva (décadas de 1970 a 1990) – Simon, Makridakis,
Staw, Myers, Bruner, e outros.

Cognição como confusão:


 Tendências nas tomadas de decisão;
 Raciocínio por analogia, ilusão de controle, aumentar o
comprometimento, cálculo do resultado único;

Cognição como processamento de informações:


 Atenção, codificação, armazenagem/recuperação, escolha e
resultados;
Escola Cognitiva

Cognição como mapeamento:


 Mapas ou esquemas mentais

Cognição como realização de conceito:


 Saber tácito;
 Julgamento, intuição e criatividade

Cognição como construção:


 Molduras psicológicas;
 Esquema x moldura;
 Ambiente objetivo, percebido e decretado;
 Simbologia (MORGAN, 1986) – Imagens da organização
Escola Cognitiva

Alas: Objetiva e subjetiva

Premissas:
 Processo cognitivo na mente do estrategista;
 Perspectivas emergentes (esquemas, mapas, conceitos);
 Estratégia: difícil de fazer, difícil de executar e mais difícil de mudar.

Crítica:
 Pouca aplicação prática.

Contribuições e contexto:
 Maior importância ao intuitivo;
 Reconhecimento da dificuldade de compreensão do ambiente
externo.
Escola do Aprendizado
“A formação da estratégia como um processo emergente”

Origens:
Charles Lindblom (1959) – “a ciência de alcançar o objetivo de qualquer maneira;
H. Edward Wrapp (1967) – “bons gerentes não tomam decisões políticas”;
Brian Quinn (1980) – “Strategies for change: logical icrementalism”
Mintzberg (1972, 1978) – “estratégias deliberadas e emergentes”

Conceitos:
 Formação x formulação das estratégias;
 Incrementalismo lógico;
 Empreendimento estratégico;
 Estratégia emergente;
 As estratégias emergem das pessoas (individual ou coletivamente);
 As pessoas aprendem a respeito de uma situação;
 Aprendendo com a diversificação.
Escola do Aprendizado

Premissas:
 A complexidade e imprevisibilidade do ambiente é uma barreira
para a deliberação das estratégias;
 Não só as pessoas, mas as organizações aprendem (aprendizado
é emergente);
 O papel dos líderes é gerenciar o processo de aprendizado
estratégico.

Críticas:

 Se o ambiente é estável, para quê estratégia? – Sem estratégia !!!


 Ênfase na aprendizagem podem minar uma estratégia coerente e
viável;
 Aprendizado contínuo, mas transformá-la em ação.
Escola do Poder
“A formação da estratégia como um processo de negociação”

Origens:
MacMillan (1978) - “Strategy formulation: political concepts;
Sarrazin (1975, 77, 78) - “o lado político do planejamento;
Pettigrew (1977), Bower e Davis (1979) – “formulação da estratégia como um
processo político.

Conceitos:
 PODER MICRO (jogo político em organizações);
 A emergência de estratégias políticas;
 Os benefícios da política para obter vantagens estratégicas;
 PODER MACRO (contexto externo das organizações);
 Análise dos interessados, manobras estratégicas;
 Formulação cooperativa de estratégias (alianças estratégicas,
terceirização, etc.)
Escola do Poder

Premissas:

 A formação da estratégia é moldada por poder e política;


 As estratégias resultantes desse processo tendem a ser
emergentes;
 Poder micro: a formação da estratégia tende a ser por interação,
persuasão, barganha, e as vezes, confronto direto por jogos
políticos.
 Poder macro: a formação da estratégia tende a ser por cooperação
com outras organizações, através de manobras estratégicas, ou
coletivas em redes de alianças.
Escola do Poder

Críticas:

 A formação da estratégia não envolve só o poder;


 Forças integradoras, como liderança e cultura tende a ser
desprezadas por esta escola;
 A política apesar de ter seu papel positivo nas organizações, pode
ser fonte de desperdício e distorção;
 O poder macro ,na forma de alianças, pode esconder interesses
omissos na relação entre as organizações.
Escola Cultural
“A formação da estratégia como um processo coletivo”

Origens:
John Edwards (1977) – aspectos culturais do processo de estratégia;
Grinyer e Spender (1979) – culturas industriais

Conceitos:
 IDEOLOGIAS (CRENÇAS);
 ESTILO DE DECISÕES;
 RESISTÊNCIA A MUDANÇAS ESTRATÉGICAS;
 VALORES DOMINANTES
Escola Cultural

Premissas:

 Formação da estratégia é um processo de interação social


(baseado em crenças e interpretações comuns dos membros das
organizações;
 O indivíduo adquire essas crenças pela aculturação ou
socialização;
 Os membros da organização podem descrever apenas parte das
crenças que sustentam sua cultura (origens e explicações as
vezes são obscuras);
 Estratégia assume forma de perspectiva, enraizada nas intenções
coletivas;
 A cultura tende a promover mudanças na perspectiva estratégica
das organizações.
Escola Cultural

Críticas:

 Falta de clareza conceitual;


 Perigo de desencorajar mudanças necessárias;
 Dificuldade de quebrar o “Status quo” (sempre foi assim por que
mudar ?), fato que provoca resistência as mudanças.
Escola Ambiental
“A formação da estratégia como um processo reativo”

Origens:
Teoria da Contingência
Ecologia das empresas
Hannan e Freeman (1977) – a ecologia da população nas organizações

Premissas:
 O ambiente, apresenta as organizações um conjunto de forças (a ser
considerado nas estratégias);
 As organizações devem responder a essas forças ou será eliminada;
 A liderança torna-se passiva para “ler” o ambiente e garantir a adaptação
da organização;
 As organizações acabam se agrupando em nichos distintos do tipo
ecológico até morrerem.
Escola Ambiental

Críticas:

 Passiva ao ambiente, sem opção para agir (as organizações se


adaptam ou reagem ao ambiente);
 Como duas organizações podem operar com sucesso no mesmo
ambiente com estratégias muito diferentes?
 Opção estratégica: como encontrá-la e onde, como criá-la e
quando?
 Cada organização tendem a explorar o ambiente de forma
construtiva.
Escola da Configuração
“A formação da estratégia como um processo de
transformação”

Origens:

 Processo de configuração e transformação de estratégias;


 As diferentes dimensões das organizações se agrupam, sob
determinadas condições, para definir “estados”, “modelos’ ou
“tipos ideais”;
 Como esses diferentes estados são sequenciados ao longo do
tempo para definir “estágios”, “períodos “, e “ciclos de vida” das
organizações;
 Tais estados significam comportamentos defensivos, criar
estratégias significa afrouxá-los para organização efetuar a
transição para um novo estado.
Escola da Configuração

Premissas:

 As organizações, na maior parte das vezes, podem ser descritas


em termos de algum tipo de configuração estável de suas
características (adota determinada estrutura p/ determinado
contexto e tempo, padroniza comportamentos que, dão origem a
um conjunto de estratégias;
 Esses períodos de estabilidade são interrompidos por algum
processo de transformação, um salto para outra configuração;
 Esses estados sucessivos de configuração e transformação,
descrevem os ciclos de vida das organizações;
 Chave da administração estratégica é reconhecer a necessidade
de mudanças e adaptações periódicas;
 As estratégias buscam, no tempo, em adequar a organização à sua
situação.
Escola da Configuração

Estudos da configuração:
 Configurações de estrutura e poder
 Organizações do tipo: empreendedora, máquina, profissional,
diversificada, por projetos, missionária, política).

Transformando as organizações:
 Processo de mudanças nas organizações;
 Mudanças: reformulação, revitalização, reengenharia, TQM,
reposicionamento, redução de porte (downsizing), terceirização,
benchmarking, etc.
 Mudar o que? De cima para baixo? ou De baixo para cima?
 Mapeando o processo de mudança;
 Programas de mudança abrangente.
Escola da Configuração

Críticas:

 Abordagem falha à teorização (as organizações são complexas,


exige também complexidade nas mudanças);
 “Entre o preto e branco há diversos tons de cinza” (nuanças);
 Mudanças devem ser sempre incrementais e não radicais;
 Configuração exige distorcer para explicar (as organizações se
beneficiam da configuração e sofrem com ela).
Agradecimentos

OBRIGADO!

Isabel

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