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DECRETO N. 7.

2~9, DE 14 DE JUNHO DE 1'26


;:.\. '."

,~: APPROV A O

ODIGO DO PROCESSO PENAL


DO

Estado de Minas Geraes

BELLO HORIZONTE
IlIPRENSA OFFICIAL DO EST."DO DE MINAS

19 26
•• , •••• -; "J._: .:';.' .•••


DECR.ETO N. 7.259
Appro1!a o Codigo do Processo Penal do Estado de-
. Minas Geraes

o Presidente do Estado de Minas Geraes~


usando das attribuições que a Constituição lhe con-
fere, resolve approvar ad referendum do Congres-
so Mineiro, o Codigo do Processo Penal do Estado,
de Minas Geraes que abaixo se segue, determinan-
do a data de 1.0 de janeiro de 1927 para que entre:
elle em vigor. . . ,..
O Secretario dé Estado dos N egocios do Inte-
rior assim o tenha entendido ~. f~ça executar.
Palacio da Presidencia do Estado de Minas Ge-
• raes, em Bello Horizonte, 14 de junho de 1926.
VERNANDO MELLO VIANNA.
~anclov(tl Soares Azevedo.

-.
Codigo do Processo Penal.
LIVRO I
Do processo penal em geral
TITULO 1.0
Da acção penal - Disposições geraes
CAPITULO I
Do modo de iniciar a aoção
Art. 1.0 A acção penal póde ser iniciaáa:
a) . por denuncia do ministerio publico;
. b) por queixa da parte offendida ou de
quem tenha qualidade para ;represental-a. Nos
· crimes, de que trata a lei n. 2.024, de 17 de de-
zembro de 1908 (lei das fallencias), a queixa pode
· ser dada pelo liquidatario ou por qualquer credor;
c) por denuncia de qualquer pessôa do povo;
d) mediante procedimento ex-officio da au-
· ctoridade.
Art. 2. 0 Salvo os casos expressamente exce-
· ptuados, a acção penal pode ser promovida por
queixa da parte offendida ou por denuncia do mi-
· nisterio publico. A prioridade determinará a pre-
.ferencia para o processo, dada a concorrencia de
. queixa e denuncia.
-6-
Art. 3.° A acção penal compete sómente á
parte offendida ou a quem tenha qualidade para
representaI-a, 110S seguintes casos:
. 1. o dedCj.mno, quando não tiver havido prisão
em flagrante ou não fôr praticado em cousas do
dominio ou uso publico do Estado ou dos munici-
pios, ou em livros de notas, registos, ass(:mtamen-
tos, actas e termOR e em autos e actos originaes da
autoridad~ publica;
2. 'O de adulterio e parto suppôsto;
3.° de corrupção de .menores, violencia car-
nal e rapto, salvo:
a) si a pessôa offendida fôr asylada de al-
gum estabelecimento de caridade;
b) si da violencia carnal resultar morte, pe-
rigo de vida, ou alteração grave da saude;
c) si o crime fôr executado com abuso do
poder de pae, tutor, curador, preceptor ou amo;
4.° de calumnia ou injuria, salvo em se tra-
tando de offensa contra corporação que exerça
autoridade publica ou contra qualquer agente ou
depositario ãesta, em razão de suas ·funcções;
5. de crimes contra a propriedade littera-
0

ria, artistica, industrial e commercial, salvo os ca-


sos expressamente exceptuados nas leis especiaes
.que protegem essa propriedade.
Art. 4.° A acção penal poae ser promovida.
por denuncia de qualquer pessoa, em se tratando
dos seguintes crimes =
Lo, de responsabilidade dos funccionarios pu-
blicos;
2.° de lenocinio, salvo o disposto no final do
paragrapho unico do art. 277 do Cod. Pen., relati-
vamente ao marido (arts. 278, § 3.° do Cod. Pe-
nal, modificado pela lei n. 2.993, de 25 de setem-
bro dE' 1915) ; ,
3.° de violação dE' direito~ autoraes nos casoS
definidos no art. 26 da. lei n .496, dE> J de agosto
de1898.
,"
-,7
Art. 5.° Terá logàr o procedimento e;.;-oflicio!
§ 1.° Nos crimes inafiançaveis, (::lardo não
"fôr apresentada a denuncia nos prazos da lei, ex-
.cepto nos' crimes de fallencia culposa ou fraudu-
lenta.
§ 2.° Nos crimes de violação de, direitos auto-
',raes, quando se verifique qualquer das· hypotheses
:previstas no art. 26 da lei n. 496, de 1 de agosto de
1898, rectificada pela lei n. 836, de 24 de novem-
bro de 1900.
Art. 6 ..0 E' permittido a qualquer pessoa re-
-presentar á auctoridade ou ao ministerio publico
:sobre a existencia de crime de que tenha tido co-
~hecimento. .
Art. 7.° Não se admittirá denuncia nem re-
presentação :
a) do pae contra o filho ou vice-versa, de ir-
mão contra ,irmão, de um' conjuge contra o outro,
'salvo, neste ultimo caso, em se tratando de lenoci-
nio, ou havendo separação judicial;
b) de advogado contra cliente;
c) de menor de 16 annos, de mentecapto ou
, :urioso;
d) de filho-familia sem autorização do pae;
Art. 8.° Não é admissivel queixa nem de-
nuncia:
a) contra membros das duas Camaras do
Congresso Federal ou do Estado por opiniões, pa-
lavras e votos no exerci cio do mandato;
b) contra membro dos mesmos Congressos,
'desde que tiverem recebido diploma até á nova elei-
,-ção, sem previa licença da respectivaCamara, sal-
'vo o caso de prisão em flagrante por crime inafian-
'çaveI. , '
',Àrt. 9.° Não se admittirá queixa para acção
'criminal por crime de furto de um conjuge contra
'o outro, salvo havendo separação judicial. ou en-
tre ascendentes e descendentes e affins nos meS-
:mos gráos.
-8-
Art. 10. A acção publica por crime de furto,
entre parentes e affins até ao 4. o gráo civil, resal-
vado o disposto no artigo antecedente, só poderá.
ser prolnovida mediante representação do offen-
dido. .
Art. 11. O ministerio publico promoverá a
acção penal, quando esta competir ao offendido,.
desde que fique provada a sua miserabilidade ou
quando collidir o seu interesse com o de quem tiver
qualidade para representaI-o.
Paragrapho unico. Considera-se miseravel a.
pessôa que, tendo direitos a exercer em juizo, es-·
tiver impossibilitada de pagar ou adeantar as
custas e despesas da acção, sem se pri var dos re··
cursos pecuniarios indispensaveis para as necessi-
dades ordinarias da vida.
Art. 12. A representação do offendido, quan-
do morto ou impossibilitado de promover a acção,
compete a seus ascendentes, descendentes, irmãos,.
tutor, curador ou conjuge.
Paragrapho unico. Si comparecer mais de·
uma pessoa com direito de representação, preferir··
se-á a que estiver em grau de parentesco mais pro··
ximo com o offendido, não preJudicando, todavia, o· '
direito das outras a desistencia desta.
Art. 13. Quando o offendido fôr alguma fun-
dação, associação ou sociedade legalmente consti-
tuida, a acção penal que lhe compete será exercida
por quem os estatutos ou contractos sociaes desi-
gnarem, ou, no silencio delles, por seus directores.
Art~ 14. Na acção penal, o autor poderá ser re-·
presentado por procurador munido de poderes es-
peciaes, sem depEmdencia de licença. .
Egual faculdade terá o réo, depois de qualifi-
cado, nos casos em que se possa livrar solto. e nos'
crimes afiançaveis, salvo, nesta ultima hypothese.,.
si já fôr exigivel fiança e elle não a houver pres-
tado. .
-9,...,..
'.X \ \
Art. 15. A queixa ou denuIicia deve conter:
a) a narração do facto criminoso ou da con-
travenção, com suas circumstancias relevantes;
b) o nóme do' delinquente ou do contraven-
tor, ou os seus signaes caracteristicos, si fôr desco-
nhecido; ,.
c) as razões de convicção ou presumpção; ,
d) a nomeação das testemunhas em numerO'
legal e das informantes, com especificação da resi-
dencia de umas e outras;
e) o tempo e 'logar em que foi commettida a
infracção penal.
Art. 16. A queixa da parte ou a denuncia de
qualquer do povo será assignada pelo queixoso ou
denunciante, ou por alguem a seu rogo, quando não.
saiba escrever, ou por procurador com pode-
res especiaes, sendo, em qualquer desses casos, con-
firmada por termo lavrado e assignado em presen-
ça do juiz. ,
Art. 17. Nos crimes de responsabilidade, ,a
queixa ou denuncia deve conter, além dos requisi-
tos dos artigos antecedeIl~e~, dOGumento ou justifi-
cação' que faça aáéd'jiar a existencia do delicto, ou
declaração concludente da impossibilidade de apre-
sentar alguma dessas provas. .
Art. 18. Si os elementos dainfracção penal e
a responsabilidade do infractor constarem plena-
mente de prova documental - poderá ser dispen-
sada na queixa ou denuncia a nomeação de teste-
munhas.
Art. 19. Não será acceita pelo juiz queixa ou
denuncia que não contenha os requisitos ou for-
malidades legaes.
Art. 20. Será rejeitada in limine a queixa ou
denuncia:
1. o si o facto narrado não constituir crime·
ou contravenção, ou si estiver prescripta a respe-
ctiva acção;
- 10-
2.0 si fôr manifesta a illegitimidade do quei-
xoso ou denunciante.
Art. 21. E' admissivel, num só processo, a
,<!ueixa de. varios querellantes, quando i)ffendidos
pelo m~smo. crime.
Art. 22. A denuncia será offerecida no prazo
de cinco dias., contados da data em que os esclare-
-cimentos e as provas do delicto forem remettidos ao
Ministerio Publico ou da em que aquelle se tiver
tornado notorio.
Art. 23. A queixa da parte offendida poderá
:ser dada emquanto o crime não prescrever.
Art. 24. Para o additamento da queixa o pra-
zo é de cinco dias. ,
Art. 25. As àutoridades competentes remette-
rão aos membros do ministerio publico, por inter-
medi o dos juizes a quem tocar o preparo da acção
penal, as provas que obtiverem da existencia da
infracção penal e de quaes sejam os seus autores
ou cumplices. . '
Paragrapho unico. A remessa, porém, ao Pro-
curador Geral do Estado se fará directamente.
Art. '26. Si esgotado o prazo taxado no arti-
. 'go 22, o ministerio publico não apresentar a de-
nuncia, o juiz competente procederá ex-officio, si
fôr caso disso, na forma e nos termos do art. 31.
Art. 27. Esgotado o prazo do art . 24. os au-
tos serão cobrados e proseguir-se-á na acçã!J com
ou sem o additamento.
o
Art. 28. T@ha ou não cabimento procedi-
mento éx:"oflicio, o juiz, nos casos dos arts. 26
e 27, levará o facto ao conhecimento do Procurador
Geral, afim de ser imposta ao agente do ministerio
publico omisso a multa de 20$ a 100$000, si não
der motivo justificativo da falta.
Art. 29. O ministerio publico, no caso em que
lhe incumba dar denuncia, deverá promover a cau-
'sa em todos os seus termos.
-H-
Art. 30 . Nos processos por crime em que cou-
. ber acção publica, movidos,porém, por iniciativa
particular, a queixa,ou denuncia poderá ser addita-
da pelo ministerio publico, ao qual compete inter-
vir em todos os termos ulteriores do processo e in-
terpôr os recursos adequados.
§ 1.0 Nos casos em que só se procede por quei-
xa da parte, ao ministerio publico cabe ser ouvido
em todos os termos da causa e tomar parte na as-
sentada do julgamento como simples auxiliar do
juizo.
§ 2.° Em todos os termos da acção intentada
por denuncia ou ex-offido poderá intervir a parte
offendida para auxiliar o ministerio publico, como
assistente.
§ 3.° Ao auxiliar da accusação é facultado pro-
pôr ao ministerio publico meios de prova, lembrar-
'lhe diligencias tendentes ao esclarecimento dos fa-
ctos, requerer perguntas ás testemunhas, additar o
'libelIo e intervir no debate oral em seguida á par-
te principal.
§ 4.° Sobre a admissão do auxiliar da accusa-
·ção será .sempre ouvido,e previamente, o ministe-
'rio publico, que dará as razões da sua impugnação,
quando não convenha no pedido.
§ 5.° Do despacho. que indeferir o pedido de
intervenção não cabe recurso algum. Devem, em
'todo o caso, ficar constando dos autos o pedido e o
despacho.
Art. 31. O procedimento ex-officio terá cabi-
'inento no caso de que trata o art. 26, sómente nós
crimes inafianç8veis, excepto nos de fallencia ctil-
'posa ou fraudulenta.
Paragrapho unico. A acção penal, quando te-
'nha cabimento esse procedimento, será iniciada pór
'portaria do juiz, na qual se observarão, quanto pos-
'sivel, os requisitos da queixa ou denuncia (art. 15).
O juiz mandará autuara portaria com os papeis e
'documentos que lhe tiverem sido presentes para se
'proceder nos termos ulteriores da causa.
- 12-
CAPITULO II
Da COmlJetencia

.ii.rt. 32·. A competencia é dete:rminaúa:


a) pela natureza da infracção;
b)pelo logar da infracção';
-c) pelo domicilio ou residencia do réo;
d) - pela menoridade do réo;
e) pela' connexão ;
f) pela prerogativa do cargo;
g) pela prevenção .
Art. 33. Segundo a natureza da infracção, a
competencia commum é a do Tribunal do Jury e a
especial é a do juiz de direito, do juiz de menores,_
do Tribunal da Relação e do .Tribunal Especial. A
. lei da organização judiciaria definirá os casos da.
competencia commum e da especial.
Art. 34. A competencia, em regra, se deter-
mina pelo logar do crime e quando esse não :seja
conhecido, pelo domicilio ou residencia do réo:
. § 1.° Quando o crime começar em um logar e-
consummar-se em outro, o fôro competente é o do-
lOgar aa consumação. Tratando-se de· tentativa, é-
o do J.ogar onde se praticou o ultimo acto da exe\3U-
ção. Sendo o caso de delicto continuado ou perma-
nente, é o do logar em que cessou a continuação ou
permanencia .
§ 2;° Praticado o crime nos limites de duas ou
mais j urisdicções, prevalecerá a j urisdicção pre-
venida.
Art. 35. Si numa comarca ou termo se com--
metter sedição que, pela sua gravidade, pelo nu-
mero de individuos nella envolvidos ou por outro'
qualquer motivo, difficultar a acção da auctorida-
de judiciaria, o fôro competente para o processo e-
julgamento do delicto ahipraticado será, emquan-
to não se restabelecer a situação normal, o do ter-
mo ou comarca mais vizinha.
.. 13

Art .36. Os crimes de jurisdicção commum,


commettidos e processados no termo da séde da co-
marca poderão ser julgados em outro termo da
mesma comarca, e vice-versa, ou de comarca vizi-
nha nos seguintes casos: .
a) de haver o réo prot~"'tado por novo julga-
mento e não ser possivel reunir-se o juryno termo
da causa. Verificar-se-á a impossibilidade si, em
tres sessões successivas do jury" nª-Q .puder effe-
ctuar-se o julgamento por motivo independente da
.vontade do réo;
b) de não haver sessão do jury no termo da
causa, sendo ouvido o promotor de justiça;
b) quando por impedimento do juiz ou outro
motivo legal, demorar-se o julgamento além de
seis mezes;
d) de ser o crime commum praticado por
occasião de proceder-se a alguma eleição.
- Art. 37. A competencia é determinada ,por
connexão:
I . Quando, concorrendo dois ou mais crimes,
algum delles foi praticado como meio de executar,
facilitar ou óccultar os outros, ou em beneficio dos
respectivos autores ou cumplices, para assegurar-
lhes defesa, impunidade ou qualquer proveito;
II. Quando lÍorem commettidos, ao mesmo
tempo. por duas ou mais -pessoas -reunidas;
lII. Quando c~mníettidos em condições di-
versas de tempo e logar, mas por effeito de prévio
concerto;
IV. Quando o nexo entre ellesexistente é de
tal natureza que. s&ihdida' a prova, se possam ve-
Tificar decisões divergentes e contradictorias.
Art. 38. A connexão importa na unidade do
proce~!'1O 'e no julgamento.
Art. 39. Quando o delinquente houver com
mettido variof'l crime~ communs e connexos em lo-
garesdifferentes, será competente o fôro do delicto
mais grave. Si os delictol'l forem de eQ"l1al gravi-
dade, prevalecerá a jurisdicção prevenida.
- 14-
, Art. 40.~No caso-de,concurso entre a jurisdicção,
çommum e a jurisdicçãoespecial, prevalecerá esta,_
pera.nte a qual responderão todos os co-autores e
cumplices.
§ 1.0 Todavia a competencia dos juizes de di--
reitopara proceSRar e julgar Of; crimes de re~-;/on­
::;abilidade não comprehende:
a) o processo e o julgamento dos crimes con-
nexos de lesões e violencias physicas, de que resul--
te a morte do offendido ou que Sê possam capitu-
lar de tentativa de homicidio. Taes lesões e violen-
cias pertencerão sempre á jurisdicção commum, se--
jam ou não commettidas pelos funccionarios pu--
blicos;
b) o processo e julgamento dos crimes con-
nexos da competencia do jury, commettidospor-
quem não fôr funccionario publico;
Art. 41. No caso de concurso de duas juris-
dicções especiaes prevalecerá a mais graduada pe-
l:ante a qual resnonderão todos os auctores e cum-
plices.
Al't. ,,42. Não se dará, porém, a prorogação
por connexão, sendo obrigatoria; a separação dos
processos e julgamentos, nos seguintes casos:
1.0) no-concurso entre a jurisdicção civil e
Il. militar, competindo aos juizes civis o processo e
Julgamento dos réos civis.
2.°) 'quando haja co-réo que, ao tempo da
violação da lei penal, não tenha attingidóa edade
'de 18 annos, competindo o. processo e julgamento
desse co-réo~ e somente delle, ao juiz dos menores.
Ar( 43.' Verificada a prorogacão por con-
'nexão· nos termos das disposições ânteriores, o
juiz ou triQun~1 que ~ssumir a jUl,"isd~cção, 'a man-
terá 'ahida qúe; no tocánté ao crime de sua compe--
fencÍa original, profira decisão absolutoria ou que
"importé' em desclassificação para outro pertEm-
'c~mtê á"'jupsdicçãó alheia'- - ' ', .
. 0'. _:
- l5 -:-

CAPITULO IH
Da citação e da reqU1"'::;i~ão

Art. 44. A citação. póde ser feita:


a) por despacho;
b) por mandado;
C) 'por precatoria;
d) 'por editos;
e) . por portaria;
f). por,.pregão
....
em audiencia.
~ .
Art. 45. A citação far-se-á por despacho·
quando a parteestíver em territorio sujeito á ju-
risdicção do juiz que a manda fazer,
Art. 46. Extrahir-se-á. porém, mandado para.-
~ citação:,
a) quando a parte o :requerer;
b) quando a queixa, denuncia ou portaria
tiver de ser autoada desde. logo ou fôr lançada em
processo j á existente em juizo;
c)· quando se tratar de cumprimento de pi'e--
catoria.
I . .

" Art. 47. O ma:nda'do deve conter: '


1.0 - a designação do ,juiz;
2.° - o nome do queixoso ou do denunciante,
si este não fôr-o ministerio publico; , ..
3.° - onóIIÍe do ré(), os seussignaes caracte-'
risticos,. si fôr desconhecido, e a sua -r~sidencia;
'4.0
o fim pará que é' feita a citação, com to-
:"--:'"

das as ,especificações;- .
!'i. O - a indicacão dó juizo c do dia, hora e 10-.-
gar em que o 'Í'éo deve comparecer; , .
6.° -, a subscripção do .escrivão e a rubrica.
do juiz., ' ' 'h.: . .

Art, . .48. A-precatoria, que se expedirá quan-


dó a pessoa a ser citada estiver em jur.isdicção,
alheia á do- jJlizperante o quaLtenha de responder,:
deve conter:
-.r:-.-._:

1.0. o nome do juiz deprecado anteposto ao


deprecante, excepto si aquelle fôr inferior a este
e sujeito á sua JJ.lrisdicção;
. 2.°. o logar de onde ella se expede e o para
onde é expedida; ".
3.° . o fim para que é feIta a citação com to-
das as especificações; "
4.°. os termos rogatorios do estylo, conve-
nientes á autoridade a qu~ se depreca;,
5.°. a indicação do "juizo e"do " dia, hora e
logar em que deve o citando comparecer.
Art. 49. São requisitos da citação por des-
pacho ou mandado: .
1.° lêr o official da diligencia, á pessoa que vae
citar, a queixa,adenuncia, a portaria ou o manda-
do, dando-lhe,· ainda que não seja pedida, contra-
fé com a menção do dia em que a citação é feita, e
assignada pelo mesmo official.
2. o declarar oofficial, na certidão, que deu
contra-fé e si esta foi acceita, ou n ã o . :
Art. 50. Lançado o "cumpra-se"na. preca-
toria e realizada a citação por map.dado do juiz
deprecado 1l~ fórma do artigo anterior, será de-
volvida ao juiz deprecante·" sem dependencia rI
traslado. .". .
, Art. 51. A precatoria· poderá ser" expedida
por via telegraphica· nos casos urgentes, devendo
o despacho fazer menção resumida do objecto e
do fim da citação e cónter a nota, lançada pela
J;epartição "expedidora, de estar a minuta authen-
ticada e 'legalizada.
Art. 52. Sendo expedida ás justiças extran-
geiras, a precatoria conterá o pedido directo feito
ao juiz ou tribunal ad quem e será remettida ao
governo do Estado para encaminhar ao seu desti-
no por intermedio do Ministro dos N egocios do
Interior na fórma das leis internacionaes, deven-
do ser traduzida na lingua da nação a que se diri-
ge e legalizada no respectivo consulado ou agencia
consular.
-17-
Art. 58. A citação por editos terá logar:
a)quando fôr incerto ou inaccessivel por epi-
demias, guerra ou outro qualquer motivo de for-
ça maior, o logar em que estiver o citando;
b) quando fôr incerta a pessoa que tiver de
ser citada; o

c), nos casos expressamente indicados em


lei.
Art. 54. São requisitos da citação-edital:
.1) o nome do juiz que a determinar;
b) o nome do citando (ou os signaes que
possam individual-o si fôr desconhecido), a sua
residencia e pt'ofissão;
c) o fim para que é feita a citação com to-
o das as especificações;
d) a indicação do juizo e do dia, hora e 10-
o gar em que deva o citando comparecer sob pena
de revelía;
o e) o prazo, que deve correr e será determi-

nado pelo juiz entre 10 e 90 dias de accordocom


. as circumstancias, e contar-se-á do dia da publi-
cação na folha local si a- ho"lrVer, ou da affixação
no caso- contrario;
f) a affixação do edital em logar publico e
sua publicação emperiodico local onde houver, de-
vendo ser a affixação certificada pelo official que
a fizer e a publicação demonstrada pelo exemplar
do periodico que se ajuntará aos autos. .
Art. 55. A citação por pregão em audiencia
o

terá logar nos casos especificados em lei.

CAPITULO IV

Das excepções .
Art. 56. No processo penal têm logar as se-
guintes excep-çqes.
c. P. P. 2
, a) de suspeição;
b), .de incompetencia; ,
c) de illegitimidade 'de parte;
d), de litispendencia; ,
e) de cousa julgada;
f) de prescripção.
Art. 57. O juiz deve dar-se de suspeito e si
o não fizer poderá,. como tal, ser recusado por
qualquer das partes:
1.0. si fôr panmte consanguineo ou affim,
dentro, do terceiro grão de alguma das partes;
2.°. si elle, sua mulher, ascendentes e des-
cendentes de um ou de outra, tiverem pendente de
decisão em juizo causa em que se controverta iden-
tica questão de direito;
3.°. si elle, sua mulher, parentes conSangui-
neos ou affins dentro do terceiro gráo, sustenta-
rem demanda que tenha de ser julgada por algu-
ma das partes;
4.°. si fôr credor, devedor ou donatario de
alguma das partes ou de seus advogados;
5.°, si fôr tutor, curador ou patrão de algu·,
ma dellas;
6.° , si fôr accionista, administrador, geren·
,te ou membro da sociedade que seja parte no pro-
éesso;
7,0" si por qualquer modo fôr directamente
interessado na causa ou tiver aconselhado alguma
das partes sobre o objecto do juizo;
8.°: ' si fôr amigo intimo ou inimigo capital
de alguma das partes;
9.° si tiver intervindo na causa como juiz,
representante do ministerio publico, advogado,
arbitro, perito ou testemunha;
10,°, si na causa estiver funccionando ou
tiver intervindo como procurador algUm seu as-
cendente, descendente, sogro, 'genro ,ou' irmic).
Art. 58. A suspeição. po.r affinidade cessa
pela disso.lução. do. casamento. que lhe deu causa,
salvo. sobrevindo. descendentes. Mas, ainda disso.l-
vido. o. casamento. sem descendentes, o. so.gro., o. pa-
drasto. o.u o. cunhado. não. po.derão. ser juizes nas
causas em que fôr interessado. directamente o. gen-
ro., o.u o. enteado. o.u o. cunhado.
Art. 59. Ao.s membro.s do. ministerio. publico.,
jurado.s, serventuario.s, empregado.s de justiça, pe-
rito.s e interpretes sao. extensivas as dispo.sições
do.s artigo.s precedentes no. que lhes fôr applicavel.
Art. 60. O juiz póde averbar-se de suspeito.
em consciencia po.r mo.tivo. reservado., mas si fizer
declaração. do. mo.tivo. e este não. estiver co.mpre-
hendido. em algum do.s caso.s do. artigo. 57, a illegi-
timidade da suspeição. induzirá a nullidade do.s
acto.s deciso.rio.s que o. substituto. pro.ferir.
Art. 61. A suspeição. não.. po.derá ser argui-
da nem acceita quando. a parte injuria o. juiz o.u
pro.cura pro.po.sitadamente mo.tivo. para recusal-o.,
Art. 62. Salvo. mo.tivo. superveniente, a sus·
peição. deve ser arguida antes de o.utra qualquer
defesa. . , -::.~)

Art. 63. O juiz que ho.uver de dar-se po.r sus-


peito., o. fará po.r escripto., declarando. o.U não. o. mo.-
tivo. da suspeição. e immediatamente passará o.
pro.cesso. ao. seu substituto. legal co.m intimação. das
partes.
Art. 64. Quando. qualquer das partes preten-
der recusar o. juiz po.r suspeito., deverá fazel-o. em
pétição. assignada po.r ella o.U po.r seu pro.curado.r
co.m po.deres especiaes, deduzindo. as razões da re-
cus ação., aco.mpanhadas desde lo.go. de do.cumento.
co.mpro.bato.rio. do.s facto.s allegados o.U de róI de
testemunhas.
Paragrapho unico.. Esse róI é inalteraveI, sal-
Vo.si as testemunhas nelle no.meadas.o.u a]gumas
dellas não fo.rem enco.ntradas pelo. o.fficiaI da dili-
g'eJ1cia. Em tal caso a parte poderá offerecer em
- 20-
substituição tantas testemunhas quantas as que
deixarem de ser intimadas por esse motivo.
Art. 65. O juiz recusado, si reconhecer a
suspeição, suspenderá o andamento da causa, e,
mandando juntar aos autos a petição do recusan-
te com os documentos que a instruirem, por des-
pacho se declarará suspeito, ordenando a remessa
do processo ao substituto.
Art. 66. Não se reconhecendo suspeito, o juiz
continuará no processo como si lhe não fóra pos-
ta suspeição e mandará autuar em apartado a pe-
ti~ão e respectivos documentos, a que dará respos-
ta dentro em tres dias, podendo instruir sua im-
pugnação com documentos e offerecer testemu-
nhas.
Art. 67. O juiz da suspeição, recebendo os
autos desta (que o escrivão lhe fará conclusos
dentro em 24 horas) e reconhecendo preliminar-
mente a relevancia da arguição, marcará dia e
hora para a inquirição das testemunhas com cita-
ção das partes, e, colhida a prova, julgará defini-
tivamente, sem mais allegações, procedente ou im-
procedente a excepção.
Paragrapho unico. Si a suspeição fôr in'ele-
vante ou illegitima o juiz o declarará logo, rejei-
hndo-a in limine. .
Art .. 68. Si proceder a suspeiçâ'O, pagará o
juiz as custas e a causa irá ao substituto; si não
proceder, a causa proseguirá perante o mesmo
juiz.
Art. 69. O juiz ou tribunal da suspeição po-
derá impor a multa de 20$000 a 100$000 á parte
que maliciosamente houver arguido a suspeição.
Art. 70. Quando a parte contraria reconhe-
cer a justiça da suspeição, poder-se-á, a seu reque-
rimento, suspender o processo até que se julgue o
incidente.
Art. 71. Em Camara Criminal ou em Cama-
ras Reunidas, o desembargador que se julgar sus-
peito, nos termos do artigo 57. deverá declarai-o
-21 -
por despacho nos autos e passar, si fôr revisor, o
feito ao seu substituto na ordem da precedencia
ou apresentar os autos em mesa para nova distri-
buição, si fôr relator.
§ 1.0. Si não fôr nem relator nem revisor, o
desembargador que houver de se declarar suspei-
to o fará verbalmente na sessão do julgamento e
a declaração ficará constando da acta.
§ 2.°. Si suspeito fôr o Presidente do Tribu-
nal, competirá ao seu substituto distribuir o feito,
designar dia para o julgamento e presidir a este.
Art. 72. Si a parte quizer recusar algum des-
embargador, deverá fazel-o nos termos estabeleci-
dos no artigo 64.
§ 1.0 O recusado procederá como está determi-
nado no artigo 65 na hypothese ahi figurada, oh-
servando o que dispõe o artigo 71.
§ 2.°. No caso em que se não reconheça por
suspeito, o desembargador continuará na causa
como si lhe não fôra posta suspeição e procederá
como se provê no artigo 66.
Art. 73. A Camara Criminal será o juiz da
suspeição que se oppuzer a algum dos seus mem-
bros. Caberá, porém, ao Tribunal em Camaras
Reunidas conhecer dessa excepção quando a causa
esteja affecta a esse Tribunal pleno.
Art. 74. Será relator do incidente o Presi-
dente do Tribunal a quem o escrivão fará conclu-
sos os autos da excepção no prazo do artigo 67.
Art. 75. O Presidente recebendo os autos,
ordenará o feito si julgar legitima a suspeição,
inquirindo as testemunhas com citação das pare
t.es; e preparado o processo, leval-o-á, sem mais al-
legações, á mesa na t'rimeira sessão ordinari a ou
na especial que convocar para esse fim.
Art. 76. O julgamento se fará como o dos
habeas-corpus originarios ..
Art. 77. Si não julgar legitima a suspeição,
o Presidente a rejeitarâ in limine, e poderá appli-
-22-
cal" ao recusante malicioso a multa comminada no
~rtigo 69,
Art. 78. Não é licito oppor suspeição ás au-
toridades policiaes nos actos de investigação dos
crimes. Todavia essas autoridades deverão decla-
1'ar..se suspeitas sempre que se verifique, com re-
lação a eIlas, qualquer das hypothes~s do artigo
57 que lhes fôr applicavel.
Art. 79. As partes poderão arguir de suspei-
tos o orgam do ministerio publico, os peritos, os
interpretes, e os escrivães, decidindo o juiz de pla-
no e sem recurso, á vista dos motivos allegados e
da orova offerecida incontinenti.
- Paragrapho unico. A suspeição do perito ou
do int~rprete pód.eser allegada até ao acto da di-
Ugencia e a do escrivão, quando superveniente, em
qualquer termo do processo.
Art. 80. A incompetencia do juiz deve ser al-
legada verbalmente ou por escripto antes da in-
quirição das testemunhas ou logo que o réo com-
parecer em juizo por si ou por procurador.
§ 1.0. Si o juiz julgar procedente a allegação
remetterá o feito ao juiz competente, o qual fará
a ratificação, procedendo á reinquirição das teste-
munhas si houv~rem deposto na ausencia do exci-
rdente, e este o requerer.
§ 2.0 • S1,· porém, não se reconhecer incompe-
tente, proseguirá na causa, como si a, excepção não
lhe fôra postª.
§ 3.0 • Em todo o caso mandará tomar por ter-
mo nos autos a declinatoria, quer seja opposta
verbalmente, ou por escripto.
Art. 81. Si, depois de iniciada a causa, reco-
nhecer o juiz a existencia de algum motivo de in-
competencia: indepenclentemente de alIegação da
parte. o declarará e remetterá os autos a quem de
direito.
Art. 82. A prescripção da acção, a illegitimi-
da de de parte, a litispendencia e a colisa julgada se-
rão decididas pelo juiz m1,lnicipal ou pelo iufz d~
-23-
<lireito oU pelQ 'rJ'ibunal da Relação, ·nos processos
CQmmuns,. ou especiaes, logo que forem allegadas
pqr escripto ou verbalmente, nos termos do artigo
80, oQservado o :mesmo processQ esta.belecido para
o incidente da incompetencia.
Art. 83, A, e.xcepção de illegitimidade da par-
te procederií, quan.do o autor não fôr alguma das
p~SSQas indicadas no titulo 1.°1 capitulo I, deste li-
vro, ou não couber ao ministerio publico promover
a acção PElual.
. Art. 84. A excepção de cousa julgada sómen-
te se applica. aOs factos que constituam objecto da
sente.nça em seu dispositivo.
COm a excepção deve o réo juntar certidão da
sentença em que se funda.

CAPITULO V
Do conflicto de jurisdicç:w
Art. 85. As questões relativas á competencia
n'solvem-se não só pela exccpção pl'opria, como
pele) conflicto positivo ou negativo de jurisdicção.
Art. 86, Dá-se o conflicto:
1.0 quando as autoridades se consideram
egualmente competentes ou incompetentes.
12.° quando 'surge controversia entre as au-
toridades acerca da unidade do juizo, da juncção
ou separação dos processos em causas connexas.
Paragrapho uni co. O conflicto não se dará
quando houver laço de subordinação hierarchica
entre as auctorictades.
Art. 87. O conflicto pôde ser suscitado:
a) pelo governo do :bistado;
b) por qualquer das partes;
c) pelo ministerio publico;· .
d) por qualquer das auctoridades em causa.
Art, 88. Levado o conflicto ao Tribunal da
Relação" séra ejistribuidO, '6 o relator requisitarA
- 24-
immediatamente informações das autoridades en-
volvidas ·no caso, ás quaes remetterá copia da pe-
tição ou representação, e determinará, si lhe pa-
recer conveniente, a suspensão dos processos até
á decisão do incidente. .
§ 1.0. As autoridades prestarão as informa-
ções no prazo que o relator lhes marcar.
§ 2.°. O Tribunal poderá, si julgar conveni-
ente, determinar sejam os autos geradores do
conflicto presentes á sessão do julgamento.
Art. 89. Recebidas as informações, o Tribu-
nal, ouvido o Procurador Geral, processará e jul-
gará o conflicto como asappellações criminaes.
Art. 90. Proferida a decisão, ordenará o Pre-
sidente a remessa das copias necessarias para a
sua execução ás autoridades que levantaram o
conflicto ou contra as quaes este tiver sido levan-
·tado.
CAPITULO VI
Da.c; questões prejudiciaes
Art. 91. Ao juiz da acção criminal compete
em regra decidir as questões de ordem civil que
se apresentem no curso do processo e digam res-
peito á natureza da infracção.
Paragrapho uni co . Aquelle juiz, todavia, não
conhecerá da violação dos direitos de estado ou de
propriedade si penderem, e emquanto penderem,
litigios sobre elles perante a jurisdicção civil.

TITULO II
Da prisão e da fiança
CAPITULO I
Da prisão em flagrante
Art. 92. Qualquer pessoa p6de e ,as autori-
dades policiaes e seus agentes, os auxiliares da
-- 25-
força publica e os officiaes de justiça devem pren..
der e levar á presença da autoridade todo aquelle
que fôr encontrado praticando algum delicto ou
contravenção, punidos com pena de prisão ou em-
quanto fugir perseguido pelo offendido ou pelo
clamor publico. .
§ 1. Apresentado o preso, ouvirá a autori-
Q

dade o conductor e as testemunhas que o acompa-


nharem e interrogará o aecusado sobre a impu-
tação que lhe é feita, lavrando-se de tudo auto que
será por todos assign~do, e do qual devem constar
o logar e a hora em que se tenha realizado a in-
fracção.
§ 2.°. Resultando das respostas suspeita con-
tra o conduzido, a autoridade mandará recolhel-o
á prisão, excepto no caso de se poder livrar solto
ou de se admittir fiança, e elle a dér, proseguin-
do nos actos da investigação policial ou de acção
judicial si para isso fôr competente; si porém o
não fôr, enviará o preso com o auto lavrado á au-
toridáde que o seja.
§ 3.°. A falta de testemunhas da infracção
não impede que se lavre auto de flagrante. mas
nesse caso, com o conductor, deverão assignal-o
pelo menos duas pessoas que hajam testemunha-
do a apresentação do preso á autoridade.
§ 4.°. Si o preso não' souber, não puder ou
não quizel' assignar o auto, o escrivão fará cons-
tar essa circumstancia, e o auto será assignado
por ~~as testemunhas que o tel1ham visto es-
crever.
Art. 93. Quando a infracção tiver sido pra-
ticada em presença da autoridade, ou contra a
mesma autoridade no exercicio de suas funcções,
deverão constar do auto essa circumstancia e bem
assim a voz de prisão, as declarações do preso e
os depoimentos de duas testemunhas, ao menos,
sendo tudo assignado pela autoridade, pelo preso
e pelas testemunhas, e remettido incontinenti o
processo ao juiz competente, si o não fôr a autQri-
'-- -

-26 -
íl~d~ qq~ cQlll1(!ceu da pri~ão, e não bouveJ:' ~ec~­
~idªrte <l~ Qutras diligencias p&rij que ~e instaure
~ a(:ç~o.
Art. 94. Não havendo autoridade no logar
em, que ~e. d.eu a pri~&.o, o preso será logoapresen:-
ta do á do logar mais proximo.
Pa:ragrapho unico. Na falta ou no impedi-
mento do escrivão servirá para lavrar o al,lto,
prestanl;lo o comprolllisso legal, qualquer pessoa
g~signada pela respectiva autoridade.
,A.rt, 95. Quando a prisão fôr por facto a que
esteja Ünpost.a pena de priaão simples ou rec.uflão
até ires mezes, lavrado o outodo flagrante, será o
réo posto em liberdade. salvo si não tiver profissão
licita e gonl1c~lio certo ou já houver cumprido pena
de prisão em virtude de sentença.
Art. 96. D~ntro em vinte e quatro horas, de-
pois da prisã,o, será dada ao preso nota de culpa as.-
signada pela autoridade, . contendo o motivQ da
prisão, o nome do accusador e os das testemunhas.
Paragrapho unico. O preso passará recibo
da nota, assignado com seu nome por Inteiro, ou
de aIguem por elIe com duas testemunhas, quando
não saiba, não queira ou não possa assignar. Esse
recibo se juntará ao processo. '.
CAPITULO II
Da prisão por mandado do juiz
Art. 97. A prisão preventiva tem logar em
q~lquer phase do processo policial ou judiciario,
pQr in,!Hlqado escripto do juiz da culpa, ex-officio,
a reqllerimento do ministerio publico ou do quei-
XQ~O, ou merl!ante representação da autoridade .
.Art ~ 9~. A nrisão preventlva é autoriza.da ~
1.° N(l§lCrilnes afiançaveis quando se apu-
r-flr. lIO p:roc~~ao qUe q indiciado:
a) é ViUJab"unqo sem pr()fissã,o Ueitª ~ _d,o~j ...
~mp çe~to; .' .' _ .-
- 27-
b) já cumpriu pen~ d~ prisão por effe~to 'de
sentença prQ~eridª por tribunal cQmpeteIlte.
§ 2. 11 Nos çrimes inafia,nçaveis, ~mquanto
não prescreverem, qualquer que seja a, ~:poca em
que se verifiquem indicios vehementes de autoria
Qu cumplicidade, revogados o § 4.° do artigo l3 da
lei n. 2. Oa3, de 20 de setembro de 18'71 e o § 3.~
do artigo 29 do dec. 4.824 de 29 de novembro. do
mesmo anno.
Art. 99. A requisição e a concessão do man·
dado de prisão preventiva serão sempre funda-
mentadas.
Art. 100. O juiz póde denegar o mandado de
prisão quando por qualquer circumstancia con·
stante dos autos, ou pela profissão, pelas condi·
ções de vida ou interesses a que está vinculado o
delinquente, presumir que este não fuja e não ha-
ja possibilidade de que por intimidação, tentativa
de peita, suborno ou corrupção de testemunhas ou
peritos, perturbe a marcha do processo ou lhe des-
trúa as provas.
Paragrapho uniço. O juiz pó de revogar essa
decisão em qualquer tempo desde que se modifi·
quem as condições estabelecidas neste artigo.
Art. 101. Para que seja legal o mandado de
prisão deve:
1.° ser expedido por juiz competente;
2.°. fiel' lavrado por escrivão e assignado
pelo juiz; .
3.°. designar a pessoa que tenha de ser pre-
!':Ia por f'!eu nome ou signaes caracteristicos que a
tornem conhecida do executor;
4.° d.eclarar a infracção penal que ,motiva a
prisão; e quando se tratar de crime afiançavél
qual o valor da fianca que houver sido arbitrada;
5.°. ser dirig-ido a quem tenha qualidade
p~ra dar-lhe execuçã.o;
6 . o declarar o nome do accusador. e os das
testemunhas.
- 28-
Art. 102. O mandado de prisão será passa-
do em duplicata. O executor entregará ao preso,
logo depois da prisão, um dos exemplares com de-
claração do dia, hora e logar em que effectuou a
prisão e exigirá, que o preso declare no outro ha-
veI-o recebido. Recusando-se o preso, não sabendo
ou não podendo escrever, lavrar-se-á auto assigna-
do por duas testemunhas. No mesmo exemplar do
mandado, o administrador, carcereiro ou director
ria prisão passará recibo da entrega do preso com
declaração do dia e hora. O exemplar do m~ndado
entregue ao preso equivale á nota de culpa.
Art. 103. O mandado de prisão é exequivel
'llentro do raio da jurisdicção do juiz que o assi-
gna. Quando o culpado estiver em jurisdicção
alheia, dentro do Estado, expedir-se-á precatoria .
.Art. 104. Si o culpado estiver fóra do terri-
todo do Estado, a prisão será pedida segundo o
disposto na lei que regula a extra dicção .
Art. 105. Si porém o réo. sendo perseguido.
nassar a te:rritorio de jurisdicção alheia, poderá o
executor que o persegue entrar nesse territorio e
effeduar ahi a diligencia, devendo porém logo em
seguida apre,sentar o mandado á autoridade local
competente e communicar-Ihe a prisão que tiver
levado a effeito.
§ 1.0. Entende-se que o executor vae em per-
seguição do réo:
1.0. quando, tendo-o avistado, o fôr perse-
guindo sem interrupção, embora depois o tenha
perdido de vista;
2.°. quando alguem fidedigno informar com
verosimilhança ao executor que o réo passou pelo
logar no mesmo dia com tal ou qual direcção.
§ 2.°. Quando porém as autoridades locaes ti-
verem fundadas razões para duvidar da legitimi-
dade da pessoa do executor ou da legalidade do
mandado que apresentar, poderão pôr em eusto-
(lia o réo perseguido até que tirem a limpo a du-
vida. _, ,--<- _ '
- 29-
Art. 106. O executor far-se-á conhecer do
réo e apresentando-lhe o mandado intimal-o-á para
que o acompanhe.
Preenchidos esses requisitos, entender-se-á
feita a prisão sem embargo da fuga posterIor do
réo.
Art. 107. O executor tomará ao· preso qual-
quer arma offensiva que comsigo traga para apre-
sentaI-a ao juiz.
Art. 108. Si á prisão houver da parte do réo
ou de terceiros resistencia armada, o executor fi-
ca auctorizado a usar das armas que entender ne-
cessarias para sua defesa e para vencer a resisten-
cia ou opposição. O mal causado pelo executor na
repulsa da força empregada pelo resistente ou por
terceiros, não lhe será imputado, salvo excesso de
justa defesa.
Paragrapho unico. O beneficio dessa escusa
se extende a quaesquer pessoas que derem auxilio
ao executor.
Art. 109. A prisão pó de ser feita em qual-
quer hora, respeitadas as restricções legaes con-
cernentes á inviolabilidade do domicilio.
Art, '110. O preso não será conduzido com
ferros, algemas ou cordas, salvo o caso extremo de
segurança, que deverá ser justificado pelo condu-
ctor, sob pena de multa de 10$000 a 50$000, que
lhe será imposta pela autoridade a quem o preso
fôr apresentado, sem prejuizo da responsabilida-
de criminal em que haj a incorrido pelo abuso.
Art. 111. Si o réo estiver ou entrar em algu-
ri;.a casa. o executor intimará o morador para que
o entregue mostrando-lhe o mandado. Si immedia-
tamente não fôr obedecido, o executor convocará
duas testemunhas e, sendC' dia, entrará á força na
casa arrombando as portas si fôr preciso.
§ 1.0 Sendo noite, o executor, depois da inti.
mação ao morador, si não fôr obedecido, tomará,
á vista de testemunhas, todas as sahidas, tornan-
- 30-
,do a casa incommunicavel, e logo que amanheça,
arrombará as portas e tirará:'o réo.
§ 2. 0 Sempre que o morador de uma casa, on-
·de se haja occultado o réo, recusar entregai-o, será
levado á presença do juiz para que se proceda con-
tra elle como fôr de direito.
Art. 112. Sem ordem escripta da autoridade
competente, pessoa alguma será recolhida á prisão.
§ 1.0 A falta, porém, de exhibição de ordem
éscripta não impedirá a prisão do indiciado em
crime inafiançavel quando fôr noto ria a expedi-
çãodella.
§ 2. 0 Neste caso o preso será immediatamen-
te remettido ao juiz que ordenou a prisão.
Art. 113. Sujeitos ã prisão nos casos em que
esta tem logar antes de culpa formada ou em vir-
tude de pronuncia, serão recolhidos a quarteis, á
disposição das autoridades civis:.
1.0 os que tenham titulos scientificos por
qualquer das Faculdades Superiores da Republica.
2 . o os offidaes da extincta guarda nacional,
da Policia' Militar e do Exercito Nacional.
3.0 os responsaveis pelos crimes de impren-
sa (artigo 30 do dec. n. 4.743, de 31 de outubro
:de 1923). .~'..
4. o os deputados e senadores, os sacerdotes.
5. o os jurados, excepto aquelles que sorteados
não forem assiduos aos trabalhos do jury, ou que
deixarem de se apresentar á prisão.
Art. 114. A prisão disciplinar nos casos em
· que tenha logar será decretada por meio de porta-
· ria da qual devem constar com individuação as
razões do aeto e o tempo de sua. duração.
· Art. 115. Essa exigencia é extensiva aos ca-
sos em que, segundo as leis Civis e fiscaes, couber
a prisão administrativa ..
. ' . ' r Art·. 116.· A prisão administrativa tem cabi-

~eDto:
- 31 .......
1.0 quando requisitada contra os responsa-
veis para com a Fazenda do Estado, omissos ou re-
missos em entr~r para ,)s cofres publicos com os
dinheiros ou valores a seu cargo. Tem por fini
compellil-os a que o façam.
2.° quando requisitada por extradicção ao
Governo do Estado pelas autoridades dos outros
':Estados ou do Districto :Federal. '
Art. 117. Para se effectuar a prisão dos res-
ponsaveis para com a Fazenda do Estado, a auto-
ridade administrativa a deprecará ao Chefe de
Policia.
Art. 118. Effectuada a prisão em virtude de
pedido de extra dicção, será posto o preso á dispo-
sição do governo impetrante.

CAPITULO lU

Da fiança

Art. 119. Livram-se soltos, independente-


mente de fiança, os réos:
10° no caso de infracção penal punida no
maximo com ttes mezes de prisão ou reclusão
acompanhadas ou não de outra pena.
2.° quando a pena não fôr restrictiva da li-
berdade.
§ 1.0 Não gosará do beneficio deste artigo o
réo que fôr vagabundo ou sem domicilio certo, nem
o que já tenha quebrado fiança ou cumprido pena
em virtude de sentença.
§ 2.° Considera-se vagabundo o individuo de
qualquer sexo e edade que, não estando sujeito ao
poder paterno ou sob a direcção de tutores ou cu-
radores, sem meios de subsistencia por fortuna
propria ou profissão, arte, officio, ocaupação le-
gal e honesta em que ganhe a vida, vagar pelas
ruas na ociosidade.
Considera-se sem domicilio certo o que não
mostrar que tem fixada em alguma parte da Re-
publica a sua habitação ordinaria e permanente.
Art. 120. Ninguem será levado á prisão ou
nella conservado si prestar fiança idonea nos ca-
sos não exceptuados no artigo seguinte.
Art. 121. A fiança não se concederá nos se-
guintes casos:
I Crimes cujo maximo de pena fôr prisão
cellular ou reclusão por quatro annos ou mais.
(C. Penal, art. 406).
II Furto de valor egual ou excedente de
200$000 (lei n. 628, de 1899, art. 2 n. 1).
III Furto de animaes nas fazendas, pastos
ou campos de criação ou cultura (lei n. 628 cita··
da, art. 2 n. II).
IV Incendio de plantações, colheitas, lenha
cortada, pasto e campo de fazenda de cultura ou
estabelecimento de criação, mattas ou florestas
pertencentes a outrem (lei citada, art. 2 n. III)
V Inundação de propriedade alheia ou sua
exposição a esse ou a outro perigo, abrindo com-
portas, rompendo represas, açudes, aqueductos ou
destruindo diques ou qualquer outra obra de defe-
sa commum (lei n. 628 cit. art. 2 n. IV) .
VI Falsificação de medicamentos e de gene-
ros alimenticios, taes como o leite, o assucar, a
manteiga, etc. (lei n. 3.987, de 2 de janeiro de
192~).
VII Lenocinio (dec. n. 2.992, de 25 de se-
tembro de 1915, art. 1.0, decreto n. 4.269, de 17 de
. janeiro de 1921, art. 10). _
Art. 122. Outrosim,· não se concederá a fi-
ança:
I No caso de tentativa ou cumplicidade em
algum dos crimes especificados nos numeras II a
VII do artigo antecedente, os quaes são por sua
natureza inafiançaveis.
- 33-
II Aos que houverem quebrado a fiança COll-
cedida pelo mesmo crime de que ainda não este-
jam livres.
III Aos que estiverem nas condições defini-
das nos §§ 1 e 2 do artigo 119.
Art. 123. Nos casos de tentativa ou cumpli-
cidade nos crimes a que faz referencia o artigo
121, n. I, poderá o accusado prestar fiança sem-
pre que, feito o desconto legal da terça parte, à
pena resultante ficar~ no gráo maximo, inferior a
quatro annos de prisão cellular ou reclusão.
Art. 124. Os que forem accusados de dois ou
mais crimes afiançaveis poderão prestar fiança
ainda que a somma das penas exceda o maximo de
quatro annos.
Art. 125. A fiança será sempre definitiva e
. consistirá em deposito de dinheiro, pedras, obje-
ctos ou metaes preciosos, apolices e titulos da di-
vida publica, estadual ou federal, pelo seu valor
commercial, em hypothecas inscriptas em primeiro
logar e cadernetas de Caixa Economica.
§ 1.0 Quando a fiança tiver de ser prestada
por meio de deposito de pedras, objectos ou me-
taes preciosos, a avaliação se fará immediatamen-
te por peritos que a autoridade nomear. Far-se-á
do mesmo modo a avaliacão do immovel offerecido
em garantia quando a fiança consistir em hypo-
th~ca.
§ 2.° O valor depositado será logo recolhido
á collectoria estadual, juntando-se aos autos o co-
nhecimento.
§ 3.° Nos logares em que isso se não possa fa-
zer de prompto, o valor será depositado proviso-
riamente em mão de pessoa abonada ou, em sua
falta, em mão do escrivão, devendo porém ter o
destino que lhe assigna o paragrapho antecedente
no prazo de tres dias, de que tudo se fará menção
no termo de fianca.
§ 4.° Ao réô, quando lhe fôr impossivel pres-
tar logo fiança, pela forma indicada no art. 125,
c. P. P~ 3
- 34-

será permittido prestal-a sob responsabilidade de


pessoa reconhecidamente idonea, que se obrigará
a depositar a quantia em dinheiro no prazo ma-
ximo de dez dias, sob pena de responder pelo pa-
gamento do valor da fiança e de não mais poder
prestaI-a, sendo o réo preso.
§ 5. 0 No termo de fiança que o abonadO!
nesse caso assignará, ficará consignado que elle
se obriga pelo comparecimento do réo em todos os
termos do processo sob a responsabilidade da
quantia dada em deposito.
§ 6. o Quando a fiança ti ver de ser prestada
por meio de hypotheca de immoveis ou caução de
titulos, ou apolices, juntar-se-á aos autos prova de
estarem esses bens livres de onus.
Art. 126. O valor da fiança será determina-
do pela autoridade que a conceder independente-
mente de arbitramento por peritos.
Paragrapho unico. Para determinar esse va-
lor, a autoridade attenderá ao maximo da pena em
que possa incorrer o réo e, dentro dos dois extre-
mos <la tabella legal, fixará o valor, tendo em vista
não só a gravidade do damno causado como tam-
bem a condição de fortuna e as circumstancias
pessoaes do réo e ainda a importancia provavel
das custas até o final julgamento.
Art. 127. O valor do objecto sobre que ver-
sa o crime nas hypotheses dos artigos 330, 331" e
339 do Cod. Pen. será fixado, para regular a fi-
ança, pela autoridade a quem competir conce-
del-a.
Art. 128. Não é exequivel o mandado de pri-
são por crime afiançavel si delle não constar o va-
lor da fiança a que fica sujeito o réo.
Art. 129 . No caso de dois ou mais crimes
imputados ao mesmo réo, ter-se-á em vista o ma-
ximo da pena de cada um delles na determinação
do valor da fiança.
Art. 130. A fiança será concedida indepen-
,dentemente de audiencia do ministerio publico, d
- 35-
qual, depois della prestada, terá vista do processo
para reclamar o que convier á Justiça Publica.
Art. 131. Deve cassar-se a fiança ou alterar-
se-lhe o vàlor si a classificação do delicto fôr ín-
novada pelo despacho de pronuncia em qualquel:~
dos gráos de jurisdicção ou pelo julgamento finai.
Art. 132. Si o despacho de pronuncia fôr de
juiz de direito; a nova classificação por elle esta-
belecida sortirá effeito immediatamente.. no que
toca á fiança,
Paragrapho unico. A que resultar, porém, da
pronuncia dada por juiz municipal só se tornará
efficiente depois de confirmada.
Art. 133. Terá o mesmo effeito do artigo an-
tecedente a innovação feita pela sentença conde-
mnatoria, penda ou não appellação.
Art. 134. A autoridade que conceder a fian-
ça poderá cassal-a ex-officio ou a requerimento
da parte ou do ministerio publico, quando reconhe-
cer o delicto como inafiançavel.
Art. 135. E' exigivel o reforço da fiança:
1.0 quando a autoridade tomar por engano
valor insufficiente.
2.° quando houver depreciação material ou
deperecimento das cousas dadas em garantia.
3.° quando fôr innovada a classificação do
delicto.
Art. 136. A fiança ficará sem effeito e o réo
será recolhido á prisão, si não a reforçar quando
fôr intimado para isso nos casos do artigo ante-
cedente.
Paragrapho unico. Ao réo intimado assigna-
se para prestar o reforço o prazo de 10 dias que o
juiz poderá prorogar até 30 por motivo justo.
Findo o prazo será expedido mandado de prisão,
si o réo não completar a fiança.
,Art. 137. A tabella da fiança será a ~e...
~uinte :
- 36-

TERMOS PENAS
~-----------------------------------------
I
Minimo I Maximo P1'isão cellular OU reclu-
I são por menos de
1 I
250$000 I 1 :500$ l Nove mezes.
400$000 I 4:000$ I Um anno e seis mezes.
750$000 I 5 :000$ I Dois annos e tres mezes.
1 :200$000 I 6 :000$ I Tres annos.
1 :450$000 I 10 :000$ I Quatro annos.

Paragrapho unico. Quando a pena de prisão


fôr acompanhada de multa correspondente a uma
parte do tempo, serão proporcionalmente augmen-
tados os termos da tabella.
Art. 138. A fiança póde ser prestada em qual-
quer termo do processo, emquanto não transitar
em julgado a sentença condemnatoria.
Art. 139. A fiança será tomada por termo
lavrado pelo escrivão e assignado pela autorida-
de, pelo afiançado e por quem a prestar.
Paragrapho unico. Nos cartorios dos escri-
vães do crime e da policia haverá um livro espe-
cial, aberto, numerado e rubricado pela respecti-
va autoridade, no qual se lançarão os termos de
fiança e delle se extrahirão as certidões que se
juntarão aos autos.
Art. 140. No termo de fiança o fiador se obri-
gará, até que se dê a ultima sentença do Tribunal
Superior, ao pagamento da quantia depositada ou
que deva sei-o dentro do prazo fixado no artigo
125 § 4, si o réo fôr condemnado e fugir antes de
ser preso, ou não tiver a esse tempo meios para sa-
tisfação das custas.
Art. 141. No mesmo termo se obrigará mais
o fiador a responder pelo quebramento da fiança.
E o afiançado, antes de obter contra-mandado ou
mandado de soltura, assumirá a obrigação de com-
- 37-
parecer perante o juiz competente sempre que fôr
nece.ssario até ser julgado afinal.
Art. 141. Ao fiador será dado o auxilio ne-
cessario para a prisão do réo, qualquer que seja o
estado do processo:
a) si elle quebrar a fiança;
b) si fugir depois da condemnação e antes
de começada a execução;
c) si, notificado pelo fiador para apresen-
tar quem o substitua dentro do prazo de 15 dias,
assim não o fizer.
Art. 142. Esse auxilio será dado a requeri-
mento do fiador não só pelo juiz do processo ou
da fiança, o qual fará expedir e tornar exequivel o
mandado de prisão, mas por outra qualquer auto-
ridade em cujo districto se achar o réo, sendo-lhe
apresentado o dito mandado.
Art. 143. A fiança ficará sem effeito e o
réo será recolhido á prisão si, desistindo o fiador
da fiança, o réo não apresentar outro na fórma e
no prazo do artigo 141 letra c.
Nesse caso, porém, não se haverá o fiador por
desobrigado emquanto o réo não fôr effectivamell-
te preso, não tiver apresentado novo fiador ou
prestado nova fiança.

SECÇÃO UNICA
Do quebramento da fiança

. 144. J ulgar-se-á quebrada a fiança:


.I."itt.
quando o réo, depois de legalmente inti-
a)
mado, deixar de comparecer em JUIZO por si ou
por procurador, sem motivo justo.
b) quando o réo, vigente a fiança, commet-
ter offensa physica, ameaça, calumnia, injuria ou
damno contra o queixoso ou denunciante, o juiz
do processo, o Presidente do Jury, ou o ministerio
publico, sendo por qualquer dos mesmo!? factos
pronunciado ou cond~mnado.
- 38--
. . Art. 145. O quebramento da fiança no pri-
meiro caso será sentenciado pelo juiz que presidir-
á audiencia em que se verificar a revelia ou pelo
Presidente do Jury a cuja sessão faltar o réo, logo
depois de feita a chamada pelo prégão. Esse pro-
nunciamento ficará constando do protocollo da au-
diencia ou -da acta da sessão e o juiz providencia-
rá para que seja logo preso o réo. .
Art. 146. O quebramento no segundo caso
será pronunciado a requerimento da parte ou do
ministerio publico ou ex-officio pelo juiz com
quem se achar o processo, logo que lhe seja exhi-
bida certidão da pronuncia ou da sentença conde-'
mnatoria pelos delictos especificados no artigo
144 letra b, tirada primeiramente a limpo a iden-
tidadé do réo quando occorra duvida a respeito.
Art. 147. O quebramento da fiança importa
na perda da metade do seu valor e na prisão do
réo, proseguindo-se entretanto á sua revelia na
acção ou no julgamento eIllquanto não fôr preso.
Art. 148. Perder-se-á a totalidade do valor
da fiança si, tendo sido condeIllnado por sentença,
o réo fugir antes de ser preso. .
Art. 149 .Em caso de quebramento ou de
perda da fianca será o seu valor, parcial ou total
recolhido ao Thesouro do Estado depois dI'> dedu-
~idas as c u s t a s . .
Art. 150. A fiança poderá ser levantada s6-
m~nte depois de lJassar êm julgado a sentença ter-
mInativa da acção .
. TITULO lU
Do Habeas-corpus
CAPITULO I
Das disposições 'geraes
, Art. 151,. Dar-se-á habeas-corpus nos casos
e'Stabeiecidos na Constituição .}i'ederal.
- 39-
Art. 152. Podem pedir habeas-corpus:
1.0 Qualquer pessoa nacional ou extrangei-
ra em seu favor ou de outrem.
2.° O ministerio publico.
Art. 153. Os juizes de direito e o Tribunal
da Relação têm competencia para expedir ex-offi-
cio ordem de habeas-corpus, sempre que no curso
de um processo verificarem que alguem soffre
ou está em imminente perigo de soffrer constran-
gimento illegal.
Art. 154. A petição de habeas-corpus póde
ser apresentada a qualquer hora do dia ou da noi-
te, e deve conter:
a) o nome do paciente e o do autor da vio-
lencia ou coacção effectiva ou imminente.
b) a declaração da especie de constrangi-
mento que soffre.
c) em caso de ameaça de violencia ou de
coacção, as razões do seu temor.
d) a assignatura do. impetrante.
Art. 155. O juiz de direito ou o Tribunal da.
Relação, dentro dos limites das suas ,iurisdicções,
farão passar de prompto a ordem impetrada nos
casos em que ella tenha logar, qualquer que seja
a autoridade estadual accusada como autora da
violencia ou ameaça.
§ 1.0 Sempre, porém, que os actos de violen-
da ou coaccão forem attribuidos ao Presidente do
Estado, aos· Secretarios de Estado ou ao Chefe de
Policia, competirá originariamente ao Tribunal da
Relação em Camara Criminal processar e julgar o
habeas-corpus.
§ 2.° Céssa, outrosim, a competencia dos jui-
zes de direito toda a vez que a violencia ou amea-
ça provier de autoridade judiciaria de egual ou su-
perior gráo de jurisdicçii,o.
§ 3.° Não tem logar o habeas-corpus quan-
do o constrangimento ou a ameaça fôr exercida
por autoridade policial militar nos casos de juris-
- 40-
dicção restricta contra pessoa da mesma classe e
legalmente sujeita a regimen militar.
§ 4.° Tambem não tem logar o habeas-cor-
pus contra prisão actual ou imminente dos res-
ponsaveis por dinheiro e valor da Fazenda Pu-
blica, em alcance, ou omissos em fazer o seu reco-
lhimento nos prazos legaes, salvo si o pedido fôr
acompanhado de documento de quitação ou depo-
sito do alcance verificado, ou si a prisão adminis-
trativa exceder de tres mezes.
Art. 156. A concessão do habeas-corpus não
põe termo ao processo nem obsta ulterior procedi-
mento judicial que não esteja em conflicto com os
fundamentos da concessão.
Art. 157. Si o habeas-corpus fôr dado em vir-
tude de nullidade do processo, será este renovado
e rectificado no juizo competente.
Art. 158. A prisão ou o constrangimento j ul-
gar-se-á illegal:
1.0 quando não houver justa causa;
2.° quando o processo estiver evidentemente
nuHo;
3.° quando o paciente estiver preso por mais
tempo do que determina a lei ou em COlidições e
logares não previstos ou lmproprios.
4.° quando a autoridade que deu a ordem
não tinha competencia para ordenar a prisão ou
o constrangimento.
5.° quando tenha cessado o motivo que auto-
rizava o constrangimento ou a prisão.
6.° quando o paciente preso por crime afi-
ançavel não fôr admittido a prestar fiança.
Art. 159. Ordenada a soltura do paciente em
virtude do habeas-corpus, será condemnada nas
cU8~as a autoridade que tenha determinado a pri-
são illegal ou o constrangimento indevido semprE'
que se verificar má fé ou evidente abuso de poder.
Paragrapho unico. Neste caso será remetti-
da ao. ministerio publico copia das peças necessa-
rias para ser promovida a responsabilidade da au-
-41-
toridade sem prejuízo da acção particular que pos-
sa competir á parte offendida.
Art. 160. O carcereiro ou administrador de
prisão. escrivão, official de justiça, autoridade po-
licial ou judiciaria que de qualquer maneira emba-
raçarem ou procrastinarem a expedição da ordem
de habeas-corpus, as informações sobre a causa
da prisão, a conducção ou a apresentação do paci.
ente ou a sua soltura, serão multados pelo juiz
competente na quantia de 200$000 a 500$000 além
das penas em que incorrerem na fórma da lei.

CAPITULO II

P1'ocesso do habeas-corpus perante o iuiz de


dú'eito

Art. 161. Apresentada a petIçao, o JUlZ, ve-


rificando que ella se acha sufficientemente instrui-
da e que o caso é de habeas-corpus, mandará logo
expedir ordem ao detentor para que no dia e hora
que designar lhe faça apresentação do paciente.
A ordem será escripta pelo escrivão e assi-
gnada pelo juiz, e o official, que fizer a intimação
ao detentor, lavrará disso certidão especificada.
Paragrapho ·unico. No caso de desobedien-
cia expedir-se-á mandado de prisão contra o de-
tentor que será processado na fórma da lei.
Art. 162. Havendo prisão, nenhum motivo
escusará o detentor de apresentar o paciente,
salvo:
1.° si este estiver gravemente enfermo.
2.° si o proprio juiz o dispensar.
Paragrapho unico. Si a falta de apresenta-
ção tiver por motivo a enfermidade do paciente, o
juiz, si entender necessario, deverá ir ao logar da
prisão afim de pessoalmente vel-o e providenciar
como fôr conveniente.
- 42--
Art. 163. Requisitar-se-á da autoridade que
ordenou, a prisão ou deu causa ao constrangimen-
to informação por escripto sobre os motivos do
lieu acto quando o pedido não estiver devidamente
instruido. -
Ar. 164. O detentor deverá uedarar a or-
dem de quem o paciente estiver preso.
Art. 165. O paciente poderá apresentar ad-
vogado para deduzir o seu direito e, si fôr menor
em incapaz, ser-lhe-á dado curador.
Art. 166. Si, pelos documentos apresentados
ou pelas razões allegadas, se evidenciar desde Jogo
a illegalidade do constrangimento, o juiz. dispen-
sando a apresentação do paciente e as informações
do responsavel, ordenará immediatamente que elle
césse.
Art. 167. Effectuadas us diligencias acima
referidas e interrogado o paciente si comparecer,
o juiz dará nos autos a sua decisão dentro de 24
horas concedendo ou não a ordem impetrada.
§ 1.0 Si a decisão fôr favoravel ao paciente,
o escrivão passará logo o alvará de soltura, que
será assignado pelo juiz e sem a minima demora
transmittido ao. detentor para fazer ces~mr imme·
diatamente o constrangimento.
§ 2;° Si a decisão fôr para fazer cessar
ameaça ,de violencia ou de coacção ou para impe-
dir illegalidade ou abuso de poder, ao paciente será
dado logo um s,alvo-conducto passado pelo escri-
vão e assignado pelo juiz.
§ 3.° Si a illegalidade decorrer da classifica-
t;ão do facto imputado e o juiz verificar que esse
facto é por sua natureza afiançavel, admittirá o
paciente a prestar fiança na fórma da lei, remet-
tendo em seguida os documentos relativos a esse
incidente á autoridade competente para o pro-
cesso.
- 43
CAPITULO lU
Processo do habeas-corpus perante- a Relação em
Camara CriminaZ
Art. 168. A petição de habeas-corpus dirigi.:.
da ao Tribunal será apresentada ao Presidente, o
qual, verificando que ella satisfaz os requisitos do
artigo 54, mandará autual-a pelo Secretario. Fal-
tando, porém, algum desses requisitos determina-
rá que se preencha a omissão.
Paragrapho unico. Estando a petição em ter-
mos, o Presidente, si lhe parecer necessario, requi-
sitará da autoridade que ordenou a prisão ou deu
causa ao constrangimento informação por escri-
pto sobre os motivos do seu acto.
Art. 169. Depois de recebidas as informa-
ções ou, si estas forem dispensadas, logo que a pe-
tição lhe seja apresentada em termos, o Presiden-
te fará publicar um extracto das allegações na fo-
lha official , de modo que a publicação anteceda ao
julgamento que deve realizar-se dentro de 48 horas.
§ 1.0 Si não houver tempo para se realizar a
publicação acima recommendada, o julgamento
far-se-á independentemente dessa formalidade,
podendo qualquer dos juizes pedir adiamento que
lhe será concedido, verificando-se neste caso o jul-
gamento dentro das 48 horas seguintes.
~ 2.° Si a sessão ordinaria da Camara Cri-
minal não houver de realizar-se dentro do prazo
assignado para o julgamento, convocará -o Presi-
dente sessão extraordinaria.
Art. 170. Annunciado o julgamento. o PresI-
dente fará do pedido, dos documentos e das infor-
mações recebidas circumstanciada exposição -em
mesa, podendo o impetrante, o paciente, o seu cu-
rador, si o paciente fôr menor ou interdicto, ou o
advog-ado dar oralmente si quizer, e em prazo que
não deverá exceder de um quarto de hora, os es-
clarecimentos que entender -necessarios .
~ ..
- 44-
Art. 171. Discutida a materia, decidir-se-â
por maioria de votos dos juizes presentes si tem ou
não logar a expedição da ordem de soltura ou do
alvará de salvo conductc.
No caso de empate, a deci~ão será favoravel
ao paciente.
Art. 172. Si houver decisão favoravel, o Se-
cretario do Tribunal escreverá immediatamente
a ordem que, assignada pelo Presidente, será da-
da sem demora, por via postal ou telegraphica, ao
detentor ou carcereiro no caso de prisão illegal.
§ 1.0 A ordem será para que césse immedia-
tamente a prisão arguida e remetter-se-á ao seu
destino, fóra da Capital, por intermedio dos jui-
zes de direito, os quaes providenciarão p~ra que
ella seja fielmente cumprida.
§ 2. 0 Si o habeas-corpus fôr concedido para
evitar violencia ou coacção ou impedir illegalida-
de ou abuso de poder, dar-se-á logo ao paciente um
salvo conducto passado pelo Secretario e assigna-
do pelo Presidente.
§ 3. 0 O alvará de soltura, bem como o salvo
conducto preventivo serão expedidos independen-
temente de accordam que poderá ser !avrado de-
pois.
Art. 173. O Tribunal poderá, si entender con-
veniente, antes de julgar da procedencia ou impro-
cedencia do habeas-curpus, exigir o comparecimen-
to do paciente, si estiver preso, expedindo ordem a
quem o tiver sob prisão para que u apresente na
mesma sessão ou em outra que lhe designar.
Paragrapho unico. A ordem só poderá deixar
de ser cumprida, nos casos mencionados no artigo
162. Fóra desses casos a desobediencia importar;~
para o detentor a pena do art. 160 ..
Art. 174. A expedição ex-officio da ordem de
habeas-corpus no caso do art. 153 póde ser pro-
posta ao Tribunal por qualquer desembargador.
Paragrapho unico. Approvada a proposta
pela turma julgadora ou pela Camara respectiva,
- 45-
será averbada na acta da sessão e desta se exbahi-
rá copia do tocante ao assumpto para ser autuada
com a certidão das peças co processo de que cons-
tar o constrangimento illegal, effectivo ou immi-
nente, e remettida ao Presidente do Tribunal para
base do procedimento, que seguirá os demais. ter-
mos.
TITULO IV
Dos acto8 pí'epamtorio8 da acção penal

CAPITULO I
Da busca e apprehensão
Art, 175, Proceder-se-á á busca:
1.0 Para apprehender cousas achadas ou ob-
tidas por meios criminosos. ou indevidamente de-
tidas
2,° Para prender delinquentes ou indivi-
duos contra quem haja ordem legal de prisão.
3,° Para apprehender instrumentos de fal-
sificação ou contrafacção, e objectos falsificados
e contrafeito~,
4,° Para apprehender armas, mumçoes e
instrumentos de crimes já commettidos, ou a esse
fim destinados,
5,° Para descobrir objectos necessarios á pro-
va de algum críme ou á defesa de algum réo,
6.° Para apprehender pessoa victima de al-
gum crime.
Paragrapho unico. A busca póde ser realiza-
da ex-o//icio ou a requerimento do ministerio pu-
blico ou da parte.
Art. 176. Não se procederá á busca sem ve-
hem entes indicios resultantes de documentos, do
depoimento de uma testemunha, pelo menos, di.
gna de fe.
Art. 177. A parte ou o mÍlú:s(;erio publico de-
vem fazer o pedido de busca p'or escripto - devi·
- 46-
damente assignado, em que exponham o fim da
diligencia e deem. a razão da sciencia ou presum-
pção que têm de que a pessoa ou co usa está no 10-
gar designado, ou de que ahi se acham os docu-
mentos comprobatorios de algum crime commet-
,tido ou projectado, ou necessarios á defesa do
réo.
Art. 178. Tomar-se-á por termo, sob compro-
r.1i8so, a declaração da testemunha ou testemunhas
com que se abonarem as allegações do requeren-
te. As testemunhas deverão dar a razão da sua
sciencia ou informação.
Paragrapho unico. No caso de urgencia o
termo determinado neste artigo poderá ser lavra-
do depois.
Art. 179. O mandado de busca não deverá
conter o. nome nem as declarações das testemu-
:nhasainda mesmo que haja sido concedido em vir-
tude dellas.
Art. 180. O mandado de busca deve:
1. ° Indicar a casa. pela situaçãv, pelo proprie-
tario ou respectivo morador. .
2.° Descrever com individuáção a pessoa ou
cousa procurada.
3.° Ser escripto pelo escrivão e assignado
pelo juiz, com ordem de prisão ou sem ella .
. Art. 181. O mandado de busca que não con-
tiver. estes requisitos não é exequivel, e será puni-
do o official que por elle proceda.
. Art. 182. Só de dia podem as buscas ser ex-
ecutadas e antes de entrar na casa o executor deve
mostrar e lêr ao morador della o mandado, inti-
'mando-o logo a abrir as portas.
Art. 183. De noite em.nenhuma casa ou em
qualquer de suas dependencias se poderá entrar
sem consentimento do morador, salvo nos casos es-
pêcificados no artigo 197 do C. Penal. Essa pro-
hibição não se extende ás estalagens, hospedarias,
>tayern~s, casas de tavolagem e outras semelhantes,
.~xnquailto se, conservarem abertas.
oi. • "
- 47-
Art. 184. O executor sempre se acompanhará,
sendo possivel, de duas testemunhas vizinhas, que
assistam ao acto e o possam depois abonar com seu
depoimento, si fôr preciso justificar os motivos
que determinaram o procedimento do executor du-
rante a busca.
Art. 185. Quando fôr apropria auwridade
que dê a busca, declarará a sua qualidade e o fim da
diligencia, intimando os moradores a abrir as
portas.
Art. 186. Não sendo obedecido, o executor
.tem o direito de arrombar as portas e entrar á for-
ça e o mesmo se praticará com qualquer porta inte-
rior ou outra qualquer coisa onde se possa, com fun-
dameno, suppôr escondido o que se procura.
Art. 187. Em casas habitadas as buscas se ra-
rão de modo que não molestem os moradores mais
do que o indispensavel para s~ levar a effeito a di-
ligencia, respondendo os officiaes ou a autoridade
pelos excessos ou abusos que commetterem.
Art. 188. O morador ou seu representante,
sempre que estiver presente, terá direito de assistir
á busca.
Art. 189. Finda a diiigencia, fará o executor
um auto de quanto tiver occorrido, no qual descre-
verá as coisas e pessoas achadas e os logares onde o
. foram, assignando-o com as duas testemunhas pre-
senciaes, dando de tudo copia authentica ás partes,
si a pedirem.
Art. 190. Si a diligencia se baldar, por não
ser encontrada a pessoa ou a coisa procurada, serão
communicadas a quem tiver soffrido a busca, si o
requerer, as provas que houverem autorizado a
diligencia .
Art. 191. O possuidor ou occultador da coisa ou
pessoa encontrada por meio da busca, será condu-
,zido á presença da autoridade que expedir o man-
dado para ser interrogado e processado segundo a
lei, si fôr achado em culpa.
--_.
48 -
Art. 192. A autoridp-de que tiver de proceder
a alguma' diligencia em ;:epartições ou estabeleci~
mentos publicos deverá solicitar auctorização dos
respectivos chefes.
Art. 193. Os instrumentos do crime e outros
objectos que constituem prova, sendo achados, se-
rão seIlados e identificados com as assignaturas do
executor e das testemunhas e descriptos no auto
da diligencia.
Art. 194. Após o julgamento, serão inutili-
zados sempre os objectos apprehendidos que fo~
rem destinados exclusivamente á pratica de cri-
mes; os outros serão restitui dos ao legitimo dono.

CAPITULO 11

Do corpo de delicto

Art. 195. Proceder-se-á a exame de corpo de


delicto quando ,a infracção penal deixar vestigios
que possam ser ocularmente averiguados.
. Art. 196. Si a infracção penal não tiyer dei-
xado vestigios, ou della se tiver noticia quando ves-
tigios já não existam, não se procederá a corpo de
delicto uirecto. mas as testemunhas do processo,
nesses casos, devem depôr, não só acerca do delin-
quente, como tambem a respeito dos elementos sen-
siveis do delicto ou de suas circumstancias ma-
teriaes.
Art. 197. Para se fazer o exame de corpo dé
delicto a autoridade nomeará dois peritos, que pres~
tarão o compromisso de bem e fielmente desempe-
nhar a sua missão e encarregal-os-á de examinar e
descrever com todas as suas circumstancias tudo
quanto observarem.
Paragrapho unico. Si houver divergencia no
parecer dos peritos a autoridade nomeará um ter-
ceiro.

, .'
- 49--
Art. 198. O corpo de delicto poderá ser feito
de dia ou de noite, mesmo em dia feriado, e sempre
o será logo que a autoridade tenha por qualquer
fórma conhecimento do crime.
Art. 199. Os peritos devem ser nomeados den-
tre os profissionaes na materia de que se tratar; na
sua falta, dentre as pessoas entendidas e de bom:
senso.
Paragrapho uni co . Havendo no logar medic03,
cirurgiões, pnarmaceuticos ou outros quaesquer
profissionaes ou mestres de officio que pertençam
à algum estabelecimento publico ou que recebam
,vencimentos pelos cofres do Estado ou do Muni~
cipio, serão elles de preferencia chamados para fa~
zer o corpo de delicto, salvo si havendo urgenci~
não puderem compareceI.' de prompto. ,
Art. 200. Aquelle que, sem motivo justificado,
recusar os seus serviços de perito, incorrerá na
multa de 50$000 a 100$000, imposta pela·áutorida-
de que tiver,de presidir ao exame, cabendo do aeto
da imposição recurso voluntario para o superior
hierarchico dessa autoridade.
Art. 201. A autoridade que presidir ao exame
exigirá que os peritos escrevam com clareza os seus
relatorios e conclusões, afim de que os escrivâes
copiem acertadamente os termos technicos.
Art. 202. Si os peritos não puderem formal'
logo juizo seguro porque a materia exija mais de-
moradas indagações, ser-Ihes-á concedido prazo que
não excederá de 5 dias.
Art. 203. Os quesitos para o exame serão for-
mulados pela autoridade ex-officio, tendo em vista
a natureza do crime, os seus elementos sensiveis,
cuja existencia se investiga, bem como quaesquer
outras circumstancias que possam servir de prov~
do facto criminoso, por mais simples que pareçam.
Paragrapho unico. A parte ou o ministerio
publico poderão suggerir questões, a que a autori.
dade mandará responder, si tiverem relação com (í
facto, e forem relevantes. " ,
c. P. P. 4
,.... 50 ~

(!' 'Art. ,204. O relatorio e as conclusões dos pe-


ritos serão reduzidos a auto lavrado' pelo 'escrivão,
de accordo com as instrucções officiaes e assigna,do
p.ela autoridade e pelos peritos.
;;.' Paragrapho unico. O auto de qualquer exame
perieial, não realizado em juizo, deve' ser assignado
"tambeIíi por duas testemunhas.
Art. 205. Tratando-se de incendio, os peritos
determinarão a causa do fogo, o logar em que. co-
meçou, o perigo que delle resultou para a vida das
pess.oas e si podia ou não ser facilmente extincto;
motivarão com precisão o seu laudo, e descreverão
por menor as deteriorações e a ruina que o fogo e
os trabalhos da sua extincção causaram á pro-
priedade.
Art. 206. Nos casos de homicidio, havendo du-
vida 'sobre a idêlltidade do cadaver, a autoridade
procéderã ao previ o reconhecimento; tirar-lhe-á, si
f~r possivel, aS impressões digitaes e a photogra'"
1Jhiâ, pM'a futuras indagações e procederá á inqui-
~içã(j de testémunhas que lhe attestem a identida-
de, lavrando-se auto do reconhecimento, no qual se
descreverá o cadaver com todos os signaes e indi-
cações que apresentar.
,. Art. 207. Proceder-se-á á exhumação do ca..
daver sem'pre que :rór indispensavel para esclare-
cimento do caso.
:. '§ 1.0 Si o cadaver estiver enterrado em cemi-
terio publico ou particular, o administrador ou
proprietario indicará o logarda sepultura, deven-
do ser processado por desobediencia· em caso de
iecusa;. .
:'Art. 208. Si o caso fôr de lesões corporaes e
El:s~S nâo puderem ser bem observadas no exame d6
êoi'Po de delicto, ou forem de tal natureza que aos'
ljeiitos não seja possivel emittir logo juizo seguioe'
eotivÍncent,e sobre alguma circumstancia essencial,
q\i ~sobre cOilsequencias possiveis. do mal causado.'
próeéder..:se":ã à posterior exame de sanidade... '
-51 ....
§ 1.'1 O exame de sanidade far-se-á a requeri-
mento do queixoso, do ministerio publico, do réo
ou de seu curador ou ex-officio.
r § 2.0 A autoridade deve ter sempre presente o
Ruto de corpo de delicto, afim de verificar quaes as
conclusões conj ecturaes, ou inferencias dos perjto~
que devam ser ratificadas ou rectificadas.
§ 3.° Si o exame de sanidade tiver por objecti-
:vo preCisar a classificação das lesões no paragra-
pho unico do art. 304 do Cod. Penal, deverá ser
feito logo que termine o prazo de 30 dias a contar
da data do delicto.
Art. 209. Nos casos de falsidade documental
e em outros casos semelhantes, quando se tenha de
,fazer o reconhecimento de escriptos por compara-
ção de letras, observar-se"-á o processo estabélecido
no art; 853, do Cbd. do Prac. Civil.
Art. 210. Podêm ser peritos todos os que são ca-
,pazes de ser testemunhas, excepto:
, 1.° os que tiverem deposto no proceSso, ou so:-
.bre o objecto do litigio já tenham dado parecer;
2.'1 os analphabetos;
8.'1 os que não tiverem conhecimentos techni-
'cos sobre o objecto do exame, sempre que a aprecia-
ção depender desses conhecimentos.
Art '. 211. Os intrumentos e os meios empre-
'gados para a pratica do crime, depois de examina-
dos para se lhes determinar a aptidão, sufficiencia
e efficacia, bem como quaesquer elementos de con-
vicção que a autoridade apprehendet, serão por
~a remettidos ao juiz competente.
Paragrapho unico. Quando passar em julgadQ
a sentença condemnatoria, o juiz providenciará
para que tenha execução o art. 69, letra a, do Cod.
Penal. ,
. Art. 212. O corpo de delicto será julgado pro-
cedente ou improcedente, conforme, prove ou nã9
a existencia do facto eJll seus ele~ent<lssensiveis.
Dessa decisão haverá recurso para o jt1iz do
processo e si este fôr o seu prolator, para o juiz
superior.
Art. 213. O juiz não fica adstricto ao laudo
pericial, podendo acceital-o ou rejeital-o no todo
ou em parte.
§ 1." Rejeitando-o, mandará que se proceda a
novo exame pelos mesmos ou por outros peritos.
§ 2.° Si o laudo fôr obscuro ou deficiente, a
autoridade ordenará que os peritos o esclareçam ou
completem.
CAPITULO III
Da investigação
Art. 214. A autoridade policial, logo que, por
qualquer meio, lhe chegue a noticia de algum crime
commum em qu(: caiba acção publica, procederá, no
territorio da sua jurisdicção, ás diligencias neces-
sarias para a verificação do mesmo crime e desco-
brimento de suas circumstancias e do delinquente.
Art. 215. As diligencias iniciadas por fla-
grante deJicto, si o caso não fôr de acção publica,
cessarão logo depois de lavrado o auto respectivo,
si a parte offendida ou seú' representante-não re-
querer o proseguimento.
Art. 216. As diligencias serão iniciadas ex.-
ojjicio, a requerimento da parte offendida, do mi-
nisterio publico ou a requisição do juiz competente,
si se tratar de caso em que seja licito o procedi-
mento judicial ex-officio.
Art. 217. As diligencias a que se refere o art.
214, comprehendem:
1. ~ o exame de corpo de delicto directo;
2.° as buscas;
3.° a inquirição das testemunhas que hou..
'verem presenciado o facto criminoso ou que tenham.
razão de o saber; .
4;° perguntas
, ao indiciado e ao offerldiâo'
,
~. 53-
5. o a avaliação do objecto do crime, sempre
que fôr necessaria;
6. o em geral tudo o que fôr util para a eluci-
dação do facto e de suas circumstancias.
Art. 218. Si a autoridade judiciaria compe-
tente para o processo entrar logo no conhecimento
do facto criminoso notorio ou arguido, a autorida-
de policial limitar-se-á a auxiliaI-a, colligindo, nos
delictos de acção publica, as provas e esclarecimen-
tos que possa obter, ou procedendo na esphera de
suas attribuições, ás diligencias que lhe forem re-
quisitadas pelo juiz ou requeridas pelo ministerio
publico, ou pela parte interessada.
Art. 219. A investigação, que comprehende as
diligencias mencionadas no art. 217, será reduzida
a instrumento escripto, observando-se o seguinte:
1.° Far-se-á corpo de delicto nos casos e na
fórma estabelecida no capitulo precedente;
2. 0 dirigir-se-á a autoridade com toda prom-
ptidão ao logar do delicto e ahi, além do exame di-
recto do facto e das circumstancias, tratará de in-
vestigar com cuidado os indicios existentes, appre-
hendendo os instrumentos do crim8 e quaesquer
objectos que tenham relação com elle, lavrando-se
de tudo auto assignado pela autoridade, pelos pe-
ritos e por duas testemunhas;
3.° Interrogará o delinquente que fôr encon··
trado em flagrante; tomará, sob compromisso, as
declarações das pessoas que o conduzirem e das
que presenciarem o facto ou delle tiverem noticia;
4. o mandará intimar as testemunhas a virem
á sua presença e as inquirirá, sob compromisso,
ou juramento, a respeito do facto e de suas circum-
stancias, com assistencia do indiciado, si estiver
preso. Os depoimentos, escriptos pelo escrivão, se-
rão assignados pela autoridade, pelas testemunhas,
bem como pelo indiciado, quandQ este assistir ao
inquerito;
5.0 fará' conduzir ã sua presença o indiciado
Il~Q pr~so e o offendido, quando possivel, áfim de
6S interrogar, expedindo para isso ordem por es-
cripto;
6.° dará busca, com as formalidades legaes,
nos casos que reclamarem tal diligencia; .:
. 7.° terminada a investigação e autuadas tQ-
das as peças, serão os autos conclusos á autoridade,
que fará o seu relatorio por escripto, no qual, re-
sumindo o que tiver sido averiguado, ordenará que
o inquerito seja remettido, por intermedio do jui?,
,do processo, ao ministerio publico e na mesma occa-
sião indicará as testemunhas idoneas que porven-
tura ainda não tenham sido inquiridas e represen-
tará acerca da conveniencia da prisão preventiva,
si lhe parecer çaso disso, e já não o houver feito
no decorrer da investigação. .
Art. 220. Todas as diligencias da investigação
policial serão feitas no Prazo de 5 dias. O indiciado,
quando estivp.r preso, tem dir~ito a defender-se por
si ou pelo advogado que constituir. .
Art. 2~l, No~ crirp.Bs em que não caiba
· acção publica a investigação feita a requerimen-
to da parte e reduzida a escripto ser-Ihe-á entre-
gue, independentemente de traslado, para fazer
·della o US9 que lhe convier. Si se tratar, porém,
de crime de acção publica será a investigação en-
tregue por traslado á parte que a tiver requerido,
remettendo-se o original ao ministerio publico pOl'
· intermedio do juiz competente, para que proceda
como fôr de direito.
Art. 222. Para a intimação e comparecimen-
'. to das testemunhas e mais diligencias da investi ..
· gação ser-ão observadas, no que forem applicaveis,
'. as disp.osições que regulam a formação da culpa.
Art. ?23. Na primeira occasi~o em que o indi-
,ci.ado comPareCer perante a atltorida,de ser-Ihe-~o
ª
(,p,.erguntadol'\ Q nome, a fiHacão, selade, o E;lSta.Q(>
civil, a profissão. a nacionalidade e o logar dQ nas,:-
t.:imento e si sabe lêr e escr~ver, lavrando-se das
'';;'" 55 .::...
'perguntas e respostas um auto separado com à
denominação de "auto de qualificação". -'
Paragrapho uni co . Sempre que fôr possivel,
submetter-se-á o indiciado á, identificação dacty-
loscopica, juntando-se aos autos de investigação a
respectiva individual. . ,
Art. 224. Si durante a ipvestigação o Juiz
competente instaurar a acção criminal, immedia-
tamente lhe serão communicadQs os esclarecimen-
tos e os resultados obtidos pela autoridade poli-
'eial, que todavia continuará a cooperar. nos ter-
mos dos artigos 214 e seguintes. '~
Paragrapho unico. Não ha prevenção de ju-
risdicção determinada pela abertura da investiga-
ção; pelo que a autoridade judiciaria Ol,l o· minis-
terio publico poderá dirigir-se a qualquer autori-
dade policial, requisitando outras informações e
diligencias, sendo bem assim licito a outra qual-
quer autoridade policial colher ,ex-officio esclare-
cimentos e provas no interesse da causa, ainda de-
pois de instaurado o processo judicial.
Art. 225. Depois de recebidos em juizo os
autos da investigação, o ministerio publico, si jul-
gar necessarias outras quaesquer diligencias po-
liciaes, poderá, antes de offerecer a denuncia, re-
querer ao juiz a devolução do processo á· autori-
dade policial para que sejam satisfeitas taes dili-
gencias.
Art. 226. Qualquer que seja o resultado das
investigações, a autoridade policial não tem com-
petencia para mandar archival-as si no caso' ~u­
,ber acção publica ou si a parte offendida não de-
sistir do procedimento. ,
Art. 227. Ainda depois de ordenado pelo
.juiz o archivamento, é permittido á autoridade
.policial proceder a novas pesquizas si de novas
provas tiver n o t i c i a . ;
Art. 228. A representação acerca da pfÍsão
-preventiva, que sempre deve ser sufficient(;men-
te fundamentada, será acompanhada da copia dõs
-56 -
docllmentos que a justifiquem toda vez qut se fi-
zer antes de findas as diligencias policiae~.
TITULO Y

CAPITULO 1.0
Disposição geral
Art. 229. Constituem prova no processo
penal:
1.0 a confissão.
2.0 as testemunhas.
8. o exame por peritos.
0

4.0 os documentos.
5.0 os indicios e presumpçÕes.
ÇAPITULO 2. 0
. -" /_.. . '.'-
Da confissão
Art. 230. !=' ara que tenha valor de prova a
confissão deve:
:1 •o ser feita perante o juiz competente.
2.0 ser livre, espontanea e expressa.
3. versar sobre o facto principal.
0

4. coincidir com as circumstancias do fa,:"


0

do, provadas nos autos.


Art. 231. A confissão é retractavel e diviM
sivel.
Paragrapho unico. Quando a confissão, re-
unindo todos os outros requisitos, coincide em
parte com a prova dos autos e em parte contradiz
algum facto que esteja provado, deve ser acceita
na parte conciliavel com a prova e rejeitada na
parte que a contradiz.
Art. 232. A confissão será tomada por ter-
mo nos autos, assignado pela autoridade, pelo con-
fitente depois de a lêr ou ouvir lêr, ou por alguem
~ 51-
a seu rogo, quando não saiba, não possa ou não
queira assignar e sempre por duas testemunhas
presenciaes .
Art. 233. E' vedado ás autoridades ou ás par-
tes procurarem por qualquer meio obter do réo a
confissão.
ÇAPITULO 3.°
Das testemunhas
Art. 234. Não podem ser testemunhas:
1.0 o menor de 16 annos.
2.° os naturalmente incapazes ao tempo do
facto ou do depoimento.
3.° os cégos ou surdos, quando a sciencia do
facto que se quer provar dependa dos sentidos que
lhes faltam. .
4.° os ascendentes e descendentes, o conjugc
ou o collateral até o 3.° gráo por consanguinidade
ou affinidade, os tutores ou curadores, pupillos ou
curatellados de alguma das partes .
. , 5. ° o interessado no objecto do crime.
Art. 235. Os que sobre o facto, por estado ou
profissão, são obrigados a guardar segredo, não
podem ser obrigados a de'J)or.
Art: 236. Tambem não podem ser compelli-
dos a depor os jurados nomeados por testemunhas
depois de sorteados para a lista geral da sessão em
que deva ser julgado o processo. Todavia poderá
ser tomado o depOimento daquelles que, nomeados,
se declararem voluntariamente promptos a pres-
tal-o. . . "'''':~i
Art. 237. O juiz da causa póde ser dado por
testemunha, mas não será obrigado a depor si de-
clarar que nada sabe do facto e de suas circum-
stancias.
Art. 238. O juiz poderá ouvir como infor-
mantes as pessoas mencionadas no artigo 234, ex-
cepto as dos numeras 2 e 3 e reduzir a informação
a termo qUE~ será assignado pelo juiz e pelo in!Qr.
- 5$-
.
mante ou por alguem a seu rogo. A essas infor-
mantes não se deferirá compromisso e o juiz lhes
dará o valor que merecerem.
Art. 239. Serão inquiridas, sempre' que pos-
'sivel, as pessoas a que se referirem em seus de-
poimentos as testemunhas que já houverem de-
posto. Essas testemunhas referidas só deporão
sobre o objecto da referencia e não se computam
entre as do numero legal.
Art. 240. As testemunhas serão offerecidas
pelas partes, ou arroladas pelo juiz ex-officio (ar-
tigo 31) e obrigadas a comparecer no logar e tem-
po que lhes fôr marcado, não podendo p.ximir-se
a esta obrigação por privilegio algum.
Art. 241. O juiz, sempre que seja neces::;arja
a presença de algum empregado publico ou militar
fóra de sua repartição para qualquer acto de jus-
tiça, deve dirigir-se ao respectivo chefe com a com-
petente requisição.
Paragrapho unico. Qüando se tratar de em-
pregado que tenha a seu cargo serviço de interesse
geral, além da intimação que lhe será feita na f6r:-
ma deste codigo, o juiz fará notificar, por officio,
o seu superior para que providencie na sua substi-
tuição.
Art. 242. As testemunhas que não compare-
cerem sem motivo justificado, tendo sido regular.,
mente intimadas ou requisitadas, serão conduzi-
das debaixo de vara eSQffrerão além da pena de
desobediencia, a de 2 a 5 dias de prisão, que o juiz
lhe~ poderá impôr, sem dependencia de processo.
Art. 243. Salvo os casos expressos neste Co~
digo, as testemunhas poderão ser inquiridas no 10-
gar da sua l'esidencia, fóra do territorio do juiz
(ja Causa, em virtude de precatoria, que se expedi-
rá ,('om citação do ministerio publico, do denunc~­
ante r>articular ou do queixoso e será cumprida com
a r.r~!3ença do accusado si estiver preso.
- 59-
Par~grapho unico, O ~ccusado; si :estiv~r afi-
ançado, oü solto no caso do artigo 95, será citadô
para ver seguir a precatoria de inquirição, pesso-
-almente, quando esteja presente, ou por prégão
-~:ro. ~qdiencia, si ausente. .
- - Art. 244. O juiz marcará para cumprinient6
da precatoria prazo razoavel, findo o qual a cau-
sa proseguirá, dando-se vista dos autos áparte ou
ao ministerio publico, qqe poderão requerer novas
providencias para o cumprimento da precatoria
QU desistir da diligencia, offerecepdo ou não outras
testemunhas.
Art. 245. A testemunha qu~ houver de au-
sentar-se ou que por sua avançada edade ou esta-
do va1etudinario suscite receio de que, ao tempo 01'-
dinario da prova, já não exista, poderá ser inqui-
rida antecipadamente a requerimento da parte in-
teressada, citada a outra parte ou o ministerio pu-
blico, si este não fôr o requerente.
Paragrapho uni co. Tal depoimento será en-
tregue á parte que o tiver requerido para delle
usar quando lhe convier, ;
, Art. 246. A testemunha deve dar o seu depoi-
mento sob juramento ou promessa formal de dizer
a verdade, toda a verdade e sómente a verdade.
Declarará seu nome por inteiro, a edade, profissão,
estado, domicilio ou residencia, as suas relações
de parentesco, a de amizade ou de dependencia com
as partes.
. raragrapho qnico. Póde a parte contradictar
-a test~rrnmha no acto de sua qualificação, allegan-
do qualqu€!r das cauSaS que, segundo o artigo 234
a inhiba de depor, sendo licito á testemunha im-
Il1:lg~ar a çontradicta.
Art. 247. 1'{0 fim do depoimento é permitti-
do á parte ou a seu advogado contestaI-o arguindo
contradicções, inve.rosimilhanças ou quaesquer vi-
cios ou defeitos que o inquinem ou desvalorizem.
Paragrapho uni co . A testemunha sustentará
o seu depoimento ou rectifical-o.,.á, si lhe aprouver.
-:- 60 -
Art. 248. As testemunhas serão inquiridas
pelo juiz, que lhes redigirá os depoimentos, cada
uma de per si, providenciando o juiz para que umas
não oiçam nem saibam os depoimentos das outras.
. § 1.0 Poderão, porém, as testemunhas redi·
gir seus depoimentos quando o possam e queiram
fazer.
§ 2.° No plenario, perante o juiz singular ou
o Tribunal collectivo as testemunhas do libello ou
da contrariedade serão inquiridas directamente
pelas partes.
Art. 249. E' vedado ao juiz fazer ex-officio
:Ou a requerimento da parte perguntas que não te-
nham relação directa com a causa e tudo quanto
a testemunha disser de extranho ao processo ou
que lhe não tenha sido perguntado, não será es-
cripto.
Art. 250. Quando duas ou mais testemunhas
divergirem sobre pontos essenciaes da causa, o juiz
as reperguntará, em face uma das outras, man-
dando que expliquem a divergencia ou contradi-
cção, reduzindo-se a acareação a termo-
Art. 251. Os depoimentos são escriptos pelo
escrivão, assignados pelas testemunhas, pelas par-
tes presentes e pelo juiz que rubricará todas as
auás folhas depois de lidos em voz alta pelo escri-
vão que dará fé de o ter feito. Quando a testemu-
nhà não souber ou não puder escrever, a seu rógo
assignará outra pessoa.
Paragrapho unico. Na redacção do depoimen-
to o juiz deve cingir-se o mais possivel ás expres-
sões da testemunha e reproduzir textualmente as
phrases e os ditos por ella ouvidos sobre o facto
criminoso.
Art. 252. As pessoas enfermas ou valetudi-
nadas poderão ser inquiridas em suas prop!'las
1 eddencias.
Al't. 253. Gosam de egual favor:
a) o Presidente do Estado.
b) Q vice-presidente em e"erçiç!o.

i~ ~'\ I .... ~.r·\\ ,;


-" . i ~.1 ; '_O' ~." .t.:~
c) os secretarios de Estado.
d) os membros do Tribunal da Relação.
e) os deputados e senadores.
Art. 254. Não podendo a testemunha ::alar a
lingua portugueza, nomeará o juiz um interprete
que prestará compromisso de, fielmente traduzi-
das, transmittir á testemunha as pergunta~ e ao
juiz as respostas. --

CAPITULO 4.°

Dos documentos
Art. 255. São documentos:
1.0 Os instrumentos e papeIS publicos e os
que forem a este equiparados.
2.° Os escriptos ou papeis particulares.
:Art. 256. As cartas particulares não serão
admittidas em juizo sem consentimento dos seus
autores, salvo ,quando offerecidas pelos destínata~
rios em defesa dos seus direitos.
Paragrapho unico. As cartas, porém, obtidas
por meios criminosos não serão absolutamente aa-
mittid.as em juizo.
Art. 257. Contra o teor dos autos, termos, ou
certidões lavradas por funccionarios public09 em
assumpto de sua competencia, sómente se admitte
a prova da falsidade.
Art. 258. Si algum documento fôr arguido
de falso e a falsidade fôr, por seus caracteres ex-
trinsecos. manifesta á primeira vista, mandará o
juiz immediatamente desentranhai-o dos autos e re-
mettel-o ao ministerio publico.
Em o caso contrario, observará o processo
seguinte:
.1.0 Mandará que o arguente offereça prova
da falsidade no prazo de tres dias.

.$TF • BIBLIOTECA -
- 62-.
2.° Findo esse prazo, terá a parte contraria
outro tanto para a contestação e respectiva prova.
3.° Conclusos os autos, o juiz poderá orde-
.uar as diligencias, que entender necessarias, e de-
,cidirâ o incidente.
4.° Si a decisão fôr affirmativa, mandará o
juiz dÉÍsentralioot o documento e remettel-o com o
processo ao ministerio publico, ficando copia nos
~utos; si negativa, proseguirá na causa indepen-
dentemente de recurso.
Paragrapho' unico. Ao juiz é licito proceder
ex-officio á verificação da falsidade.
Art. 259. A decisão, qualquer que ella seja,
não fará caso julgado contra processo ulterior de
falsidade civil oil crimInal que as partes possam
promover.
Art. 260. Os êscriptos particulares devem ser
,reconhecidos authenticos pela confissão, por ta-
,bellião ou por exame pericial.

CAPITULO 6.°

Dos indicios
Art. 261. Sao ilidicios as circumstancias ou
factos conhecidos dos quaes se induz por via indi.
réctá. a existencia de outro facto ou circumstancia
de que se não tem a prova.
Att. 262. ~àl'a que os indicios constituam
:prova é necessatio:
. . 1.° qu~ ó. factó ou éitcumstancia indiciante
tenha relação de causalidade, proxima ou remota;
com a circumstancia ou facto indiciado.
2.° que õ facto ou circunistancia indiciado
~()incida com a prova resultante de outros indi-
étas ou com as provaS direetas produzidas' na
. ~, ~
LIVRO. 11
Dos prOcessos em especie
TITULO 1.°
Do processo éommu,1f
CAPITULO I
Da formação daculPà
SECÇÃO 1.a
Dos actos ordinatórl.os
Art, 263. Apresentada a queixa o.u denun-
cia, o. juiz mandará autuaI-as com as peças que as
instruirem e decidirá sobre a sua acceitação ou re-
jeição. depois de o.uvir, no caso. de queixa, o. minis-
terio publico.
Art. 264. Si fôr caso. de receber a queixa o.u
a denuncia o.u de ordenar ex-ofticio o procedimen-
to, mandará o juiz, no. mesmo despacho. de recebi-
mento o.u na po.rtaria pela qual iniciar o. pro.ces-
so, citar o réo., si não estiver preso, e intimar as
testemunhas para a formação. da culpa em dia e
ho.ra que lhes fo.rem designado.s. Serão Pêlo o.ffi,.
eiaI o.u pelo escrivão. avisados do. mesmo. dia e ho-
ra a parte queixo.sa, o. ministerio. publico. e o. réo
s~ estiver preso., guardado. o. interstieio taxad~ no.
art. 4P, 14. 0
-64-
Art. 265. Si o delinquente, contra o qual não
houver mandado de prisão, residir fóra da jurisdi-
cção do juiz, expedir-se-á precatoria para citaI-o,
ou ser-Ihe--á feita a citação por edital nos casos do
artigo 53.
Art. 266. O delinquente, si estiver preso ou
si acudir á citação, no caso de estar solto ou afi-
ançado, assistirá á inquirição das testemunhas,
em cuj o acto poderá oppor-Ihes contradicta ou
contestação por si ou por seu procurador na fór-
ma dos artigos 246, paragrapho unico, e 247.
Art. 267. Proseguir-se-á na formação da
culpa á revelia do réo si este, estando foragido ou
sendo citado, deixar de comparecer.
Paragrapho unico. Neste caso a formação da
culpa poderá ser processada em segredo de jus-
tica.
. Art. 268. Si o réo presente fôr de menor
edade, ser-lhe-á dado curador que o assista em to-
dos os termos do processo.
Art. 269. As testemunhas serão inquiridas
pelo juiz sobre a materia da queixa, da denuncia
ou da portaria inicial e no caso de haver corpo de
delicto, deporão sómente a respeito do delinquen~
i;e para se descobrir e saber quem é o autor da in-
fracção e si ha co-autores ou cumplices, e quaes
são.
Art. 270. Não tendo havido corpo de deiicto
proceder-se-á na fórma indicada no artigo 196.
Àrt. 271. No summario a que se proceder
para a formação da culpa nos crimes de acção pri~
vativa do offendido, inquirir-se-ão, pelo menos,
tres testemunhas e poderão ser inquiridas mais
até o numero de cinco.
§ 1.0 Nos crimes communs em que caiba
acção publica poderão ser inquiridas mais teste-
munhas até o numero de oito; nunca, porém, me-
nos de tres.
§ 2.° Nesse numero não se computam as in..
formantese referidas (artigos 238 e 289) .
·~ 65 ~

Art. 272. Quando forem varios os réos e as


testemunhas não depuzerem contra um ou outro
,sobre o qual haja vehementes suspeitas de crimi~
nalidade, poderão a seu respeito ser inquiridas
mais duas ou tres testemunhas.
Art. 273. Durante a inquirição as partes têm
o direito de requerer ao juiz que faça ás testemu~
nhas quaesquer perguntas sobre a' materia da
queixa, denuncia ou portaria inicial. E o juiz só
lhe~ poderá indeferir o pedido si as perguntas fo-
rem impertinentes ou inuteis. Todavia, no caso
de indeferimento, devem ficar consignadas no ter-
mo da inquirição as perguntas recusadas e os fun-
·damentos da recusa.
Art. 274. Em qualquer momento da forma~
-Ção da culpa podem ser offerecidos documentos
ou novas testemunhas contanto que se não exceda
·0 limite legal destas (artigo 271) .
Art. 275. Findas as inquirições das testemu-
nhas, terão vista dos autos a parte queixosa e
. sempre o ministerio publico, para offerecer as
suas allegações e requerer o que lhes parecer a
bem da causa.
Art. 276. Feitas as diligencias que tiverem
sido nesse lance requeridas e determinadas, pro-
. ~edf\r-se-á ao interrogatorio do réo, a quem o juiz
'fará as perguntas seguintes e sómente ellas:
a) Qual o seu· nome, naturalidade, edade, es~
iado, profissão P, residencia.
b) Si quer fazer qualquer alIegação oral ou
por escripto a: bem da sua defesa.
Art. 277 As respostas do réo serão escri-
ó

ptas pelo escrivão, rubricadas em todas as suas


folhas pelo juiz, por este' assignadas e em segui-
, da pelo réo depois de as lêr e emenda~ siqui:;o;er.
Si o réo não souber ou não puder escrever ou
não quizer assignar, far-se-á constar do ·termo
essa circumstaneia e .será então o interrogatorio
assiJmado por duas testemunhas que tiY~rem. as-
sistido ao acto.
c: P. P. 5
- 66-
Paragraph6 unico. Si o réo fôr menor ou in-
temicto, o seu curador deve estar presente ao in-
terrogatorio, que poderá rectificar, e tambem o as-
sígnará.
Art. 278. No ínterrogatorio o réo tem o di-
reito de offerecer quaesquer documentos e justifi-
cações para que sejam ajuntados ao processo e
apreciados 'conforme o seu merecimento.
Si allegar com fundamento a necessidade de
pra.zo para isso, ser-lhe-á concedido o de tres dias
itnprorogaveis.
Art. 279. Dos documentos e justificações que
o téo então offetecer terão vista a parte queixosa
e o ministerio publico pelo prazo de tres dias.
A_ t. 280. O processo da formação da culpa
.:lerá encerrado com o despacho de pronuncia ou
impronuncia, dentro do prazo de 20 dias quando·
o réo estiver preso e dentro de 30 dias, quando
solto.
Paragrapho unico. Si por accumulo de servi-
ço ou outro motivo de força maior a formaçã,o da
culpa não puder ser encerrada dentro destes pra-
zos, o juiz fará constar dos autos os motivos da.
demora. pesses motivos tomará conhecimento a
jurisdicção superior quando tiver de julgar o re-
curso e providenciará para que se torne effectiva.
de accordo com a lei a responsabilidade do juiz.
quando haja por improcedente a escusa.

SECÇÃO II
Da pronuncia, impronuncia ou absolvição sum-
maria
Art. 281. Findos os termos ordinatorios, se-
rão os autoscohcIusos ao juiz pa.ra proferir a sua
BéCisãb. .
:Paragràpho ti.:tiico.· Si o. juiz verificar que
p.xistem no summario millidades ou irregularida-
des a sanar, ou que é mister esclarecer certas cir-
-67 -
cumstancias relativas ao crime ou aos criminosos,
mandará a requerimento do ministerio publico,
da parte, ou ex-afficia, que se façam as diligen-
cias necessarias para esses fins.
Art. 282. Si estiver provado o crime e exis-
tirem, pelo menos, indicios vehementes da auto-
ria ou cumplicidade arguidas, o juiz declarará por
seu despacho nos autos que julga procedente a
queixa, denuncia ou a portaria inicial, especifi-
cando o artigo de lei em que está o delinquente in-
curso e, no caso de co-autoria ou cumplicidade a
fórma de participação de cada um dos réos no fa-
cto criminoso.
No mesmo despacho sujeitará o delinquente á
prisão nos casos em que esta tem logar, e sempre
a livra~ento, e si o crime fôr afiançavel declara-
rá o valor da fiança.
Art. 283. Quando o juiz não obtenha pleno
conhecimento do delicto ou indicios vehementes de
quem seja o delinquente, julgará por seu despa-
cho improcedente a queixa, a denuncia ou o pro-
cedimento ex-officio.
Art. 284. No caso de pronullcia por crime
inafiançavel, expedir-se-á logo mandado de pri-
são contra o réo ou será este recommendado na
prisão em que se achar.
§ 1.0 Si no caso fôr admissivel fiança, Q
mandado de prisão só se passará, com a declara-
ção constante do art. 101 n. 4.°, depois de confir-
mada a pronuncia pela jurisdicção superior ou de-
POhi de findo o prazo para o recurso voluntario.
§ 2. o Logo que passar em julgado o despacho
de pronuncia, será lançado o nome do réo no rôo
dos culpados, em livro para esse fim destinado, o
qual será aberto, nume:r:ado e rubricado pelo juiz
de direito na séde da comarca e pelos juizes niunl-
cip~es nos termos a:h,nexos..
Art. 285. No caso Qe jmpronuncia. o réo. si
estiver preso porque o fôra em flagrante, ou pre..
- 68-
ventivamente por despacho do juiz, será immedia-
tamente posto em liberdade.
, Paragrapho unico. Todavia, si o qespacho de
impronuncia fôr do juiz municipal, e tratar-se de
crime inafiançavel, esse effeito só se produzirá de-
pois de confirmada a impronuncia pelo juiz de di-
reito no julgamento do recurso necessario.
, Art. 286. O despacho de impronuncia não
produz cousa julgada, podendo ser intentada ou-
tra acção emquanto o crime não prescrever, desde
que appareçam novas provas .
.' Art. 287. Nos crimes de acção . publica, si
rias prova~ do summario resultar o reconhecimen-
to de que são culpados outros individuos não com-
prehendidos na queixa, denuncia ou portaria ini-
cial, o juiz, ao proferir a decisão de pronuncia ou
não pronuncia, ordenará que os autos voltem ao
ministerio publico ou á parte queixosa, para addi-
tamento da peça inicial do processo e demais di':'
ligencias do summario.
Art. 288. O juiz da formação da culpa ab-
solverá logo o réo quando do processo resultar pro-
va plena de alguma justificatiya ou dirimente da
~riminalidade (artigos 27, 32, §§ 1.0 e 2.° e 35 do
Cod. Pen.).
§ 1.0 Absolvido neste caso o réo, o juiz re-
correrá ex-iJfficio, e suspensivamente para a ju-
risdicção superior.
~ 2.° Si esse recurso necessario fôr interpos-
to para o juiz de direitó, este,.a seu turno, appel-
lará ex-officio e suspensivamente da sentença ab-
sol~toriaque proferir. .
§ 3.° .. A sentença de absolvição confirmada,
:pesse caso, pelo Tribunal da Relação produzirá o
effeito de cousa julgada. .
Art. 289. Do despacho de pronuncia ou im-
pronuncia, dado pelos juizes municipaes, haverá
recurso necessarió para os juizes de direito. Esse
recurso -subirá depois -de findo 0- prazo de-5- dias,
que se c?nta da intimação daquelIe ::despacho-ãs
- 69-
partes. Dentro desse prazo as partes poderão arra-
zoar e juntar documentos.
§ 1.0 Tratando-se de crime inafiançavel, a
intimação será feita pessoalmente ao réo preso, e
até que ella se possa verificar ficará sustado o
progresso da causa.
§ 2.° Si o crime fár afiançavel e dos autos
constar por qualquer maneira que o réo se acha
ausente ou foragido, a intimação lhe será feita
pela fórma determinada no artigo 54.
Art. 290. E' vedado á parte queixosa ou ao
ministerio publico recorrer do despacho de pro-
nuncia si proferido de accordo com o pedido nos
autos.
CAPITULO II
Do prepa1'O dos processos para o iulgamento
Art. 291, Logo que passar em julgado a pro-
nuncia, mandar& o juiz que se dê vista dos autos
ao ministerio publico para que, no prazo de tres
dias. offereça o libello accusatorio. Esse prazo po-
derá ser prorogado por mais 48 horas quando a
affluencia de negocios o exigir.
Art. 292. Si fár particular o accusador, será
notificado para apresentar o libelIo dentro de 24
horas que correrão da assignação em audiencia,
sob pena de lançamento.
§ 1.0 Não vindo o accusador com seu libello
no termo assignado, o juiz o haverá por lançado.,
§ 2.°' Nos casos em que o lançamento impor-
te accusação pela justiça, o juiz de direito no mes-
mo despacho ordenará que se dê vista ao ministe-
rio publico para vir com seu libello na fórma do
artigo 291.
§ 3. 0 Quando, porém, o cri~e fár de aeção
privativa do offendido, julgar-se-á pelo Ianç~­
mento perempta a acção, precedendo audieneia do
ministerio publico.
- 70-
Art. 293. Incorrerá na multa de 100$000 a
200$000 o Promotor de Justiça que exceder o pra-
zo e a prorogação estipulados no artigo 291. Essa
multa lhe será imposta pelo Procurador Geral, a
quem a falta será communicada pelo juiz do feito,
o qual nomeará então um promotor ad hoc para of-
ferecer o libello e proseguir na causa.
Art. 294. O libello, escripto e articulado em
proposições simples e distinctas, deve conter:
1.0 o nome e os appellidos do réo e alcunha
por que fôr conhecido.
2.° a exposição do facto criminoso e das cir-
cumstancias aggravantes si existirem.
3.° o pedido de condemnação, indicando-se
o gráo da pena e o artigo de lei que a impõe, de.
accordo com o despacho de pronuncia.
4.° a assignatura do ministerio publico ou
,lo queixoso ou seu advogado.
Art. 295. Com o libello podem ser apresen-
tados quaesquer documentos Que interessarem á
~ccusação e requeridas quaesquer diligencias que
forem uteis á causa.
Art. 296. Ao libello deve ser annexado o ró)
da,s testemunhas da formação da culpa, e, além
dellas, póde o ministerio publico ou accusador pa:r-
ticular offerecer outras si fôr mister reforçar ou
completar a prova.
Art. 297. Offerecido o lib ell o, quando o nM
fôr pelo ministerio publico, a este se dará vista
por 24 horas para dizer si se conforma com elle
e, caso se não conforme, addital-o ou rectifical-o
como no caso couber.
Art. 298. O libello que não contiver os requi-
sitos mencionados nos artigos 294 e 296 não será
recebido; mandará o juiz reformaI-o impondo ao
signatario a multa de 20$000 a 60$000 .
Paragrapho unieo. Si o signatario fôr o Pro-
meitor d~ Justiça será a multa imposta pelo Pro-
curador Geral. . .
- 71-
Art. 299. Recebido o libello por despacho du
juiz, o escrivão dará uma copia delle, do addita-
mento si houver, dos documentos e do róI de tes-
temunhas que o acompanharem, ao réo preso e ao
afiançado ou a seu p:i.'ocurador si apparecerem para
o receber, exigindo sempre recibo, que juntará
aos autos.
§ 1.0 Si o réo não souber, não puder ou não
'quizer escrever e ,assignar o recibo, será este dado
e assignado a seu rogo por alguem que tenha as-
sistido á entrega e por duas testemunhas presen-
ciaes, certificando o escrivão o que houver occor-
rido.
§ 2. 0 Tratando-se de réo menor deve ser
dada a seu curador outra copia com as me:,mas
solennidades.
A rt. 300. A copia do libello e de seus anne-
xos será entregue ao réo pelo menos tres dias
antes do julgamento.
Art. 301. Dentro desse prazo, poderá o réo
offerecer contrariedade escripta e a ella annexar
o róI das respectivas testemunhas que devam de-
pôr na sessão do julgamento, assim como os docu-
mentos que tiver, requerendo as diligencias que en-
tender convenientes á sua defesa.
Art. 302. Ao réo ou a seu advogado, si qual-
,quer deIIes o requerer, será dada vista àos autos
em cartorio.
Art. 303. Findo o prazo para a contrarieda-
de, o escrivão fará os autos conclusos ao juiz.
Ãrt. 304. Si o juiz encontrar no processo
qualquer nullidade posterior á pronuncia, manda-
rá preencher ou rectificar as formalidades omitti-
q~S ou viciadas, e resolverá sol;>re as diligencias re-
queridas no libello e na contrariedade •
Art. 305. Os promotores de justiça deverão
examinar cuidadosamente e com a maior antece-
dencia possivel todos os processos em que a Justi-
ça fôr parte afim de requerer em tempo que fie
proceda ás diligencias e se procurem os documen-
-72 -
tos que possam ser necessarios para sustentar ~'t
accusação.
f'aragrapho unico. Para esse fim poderão re-
querer vista dos autos, que o juiz lhes deferirá
por prazo breve, sem prejuizo da defesa.

CAPITULO III
Do julgamento dos crimes communs da c01npeten-
cia dos juizes de direito
Art. 306. Satisfeitas as formalidades e cum-
pridas as diligencias que porventura tenham sido
ordenadas, marcará o juiz, por despacho nos au-
tos, dia para o julgamento e mandará citar o réo
si estiver afiançado, ou si fôr o crime afianç;avel
sob pena de revelia, e notificar o ministerlo publi-
,co, ou o accusador particular, a este sob pena de
lançamento, o auxiliar da accusação, si houver, e
.as t~stemunhas sob pena de desobediencia.
§ ).0 A _Citação do réo se fará conforme as
.circumstancias, por algum dos modos menciona-
_dos J;loartigo 44.
§2.0 O réo preso será logo notificado, na ca-
deia, do· dia em que se realizará a audiencia do jul-
gamp.nto.
_ § 3.0 Para a intimação das testemunhas que
estiverem em logar cE;!rto, fóra do ter rito rio da ju:-
risdicção do juiz, expedir-se-á carta precato ria
com a antecedencia necessal'ia para ser proveito-
samente cumprida, certificando o escrivão ncs
_.autos o dia da expedição. Todavia, si a precatoria
)lão -fôr devolvida em tempo, será, não obstante, o
pi;ocesso levado a julgamento.
'. - O escrIvão juntará sempre aos autos certifi~
_cado do régistro postal. .
. Art. 307 .. No dia designado para o julgamen-
. to. á hora marcada, presente () ministerio publico,
o juiz,· aberta a audiencia ao toque da campainha,,.
:mandarár apregoar as partes e testemunhas.
-73 -

Art. 308. Si o réo ou o accusador ou ambos


não comparecerem por motivo justificado, o jul-
gamento ser:i adiado para uma outra audiencia,
em dia -que o juiz designará.
Art. 309. A falta de compareeimento do réo,
sendo injustificada, o sujeitará á pena de revelia,
isto é, á decisão pela prova dos autos "em mais
ser ouvido, sendo o crime afiançavel, ou, sendo in-
afiançavel, no caso excepcional de que trata o pa-
ragrapho unico deste artigo.
Paragrapho unico. Não será julgado o réo
estando ausente ou em logar não sabido nos cri-
mes inafiançaveis, salvo si tiver obtido habeas-
corpus depois de pronunciado, caso em que será
citado para julgamento nos termos do artigo
306 § 1.0.
Art. 310. A falta inj1~stificada do autor o
sujeitará á perda do direito de continuar a accusa-
ção, a qual ficará por este facto perempta si o cri-
me fôr de acção privativa do offendido.
A dis-posição deste artigo se guardará ainda
que se verifique com a falta do autora revelia do
'réo.
Art. 311. Nos crimes em que caiba denun-
cia, dada a hypothese prevista no artigo prece-
dente, a accusação se:r.á devolvida 110 ministerio
publico.
Art. 312. Ao julgamento da perempção da
,acção, quando tenha Ioga r, deve sempi'e preceder
audiencia do Promotor de Justiça.
Art. 313. Si as testemunhas não comparece-
rem, o juiz poderá adiar o julgamento para outra
audiEmcia, a requerimento da parte ou do ministe-
rio publico. Neste caso, dará as providencias para
que ellas não falteml'legunda vez.
Art. 314. Aberta a audiencia e apregoadas
as partes, presentes o accusador, o ininisterio pu-
,blico,- o'juiz perguntará ao réo o seu nome e eda-
de e si tem advogado; dar-lhe-á curador si fôr me-
- 74-
nor e ainda I) não tiver, e si fô~ maior sem defen~
sor, lhe dará um do seu auditorio.
Art. 315. Em seguida o juiz procederá ao in~
terrogatorio do réo pela maneira indicada no ar~
tigo 276, mandando reduzir a escripto as respos-
tas, nos termos do artigo 277.
Si houver rlois I)U mais réos, os interrogatorios
se farão separadamente, de modo que uns não oi-
çam as respostas dos outros.
Art. 316. Terminado o interrogatorio, será
dada a palavra ao accusador Oli ao ministerio pu-
hlico para sustentar o libello.
Art. 317. Depois do aeto da accusação, as
testemunhas do libello (as quaes devem estar re-
colhidas em logar de onde não possam ouvir os
debates nem as respostas umas das outras) serão
inquiridas directamente pelo accusador e em segui-
da reinquiridas pelo accusado.
§ 1.0 Os depoimentos das testemunhas que
ainda não hajam sido inquiridas na causa, serão
reduzidos a escripto.
§ 2.° Os das Que houverem deposto em ou-
tros momentos do processo, só o serão si contive-
rem alguma innbvação substancial.
Art. 318. Findas as inquirições, o advogado
do réo desenvolverá a defesa, contestando directa-
mente o lihello ou articulando factos e eircumstan-
cias que, segundo 3. lei, dirImem a criminalidade,
justifiquem o crime, isentem da pena ou a atte-
nuem.
Art. 319. Em seguida, sobre a materia da de-
fesa, serão inquiridas as testemunhas do réo, pri-
meiramente pelo defensor, depois pelo aecusador,
sendo os depoimentos reduzidos a escripto, salvo
si as partes o dispensarem e ao jUiz parecer escu-
sada essa cautela.
Art. 32Q. O accusador e o aecusado poderão
respectivamente replicar e 1;replicar e pedir a re-
pergunta e acareação de testemunhas.
- 75-
Art. 321. O prazo, tanto para a accu:5ação
-como para a defesa, será de 40 minutos prorogaveis
por mais 20 ao cri te rio do juiz; para a replica e
trepllca será de 30 minutos improrogaveis.
Art. 322. Finda a discussão oral, serão os au-
tos conclusos ao juiz para a sentença definitiva
que deve ser dada dentro de oito dias e publicada
-em audiencia.
TITULO II
Do julgam'3nto dos crimes communs pelo Jury
CAPITULO I
Dos actos preparatorios da sessão
SECÇÃO 1.11
_Da convocação do jury e do sorteio dos jurados
Art. 323. Quando o jl.Iiz de direito houver de
·convocar o jury, procederá prévíamente e na pre~
sença dos outros dois clavicularios da urna geral
ao sorteio dos 28 jurados que têm de servir na
sessão.
Paragrapho unico. Os jurados que houverem
-comparecido não servirão em outra sessão em-
-quanto não tiverem servido todos os alistados.
Art. 324. O sorteio deverá ser feito a portag
abertas e por um menor, lavrando-se, de tudo o
que occorrer, termo escripto pelo escrivão no livro
para esse fim destinado, especificando-se os no-
mes e os districtos da residencia dos 28 jurados.
As cedulas extrahidas serão fechadas tln ur-
na separada.
Art. 325. Nos termos que não forem séde de
comarca, o juiz de direito poderá incumbir aos jui-
~es municipaes o sorteio dos jurados.
Art. 326. O juiz de direito, na séde das eo-
-marcas de primeira eiltrap.cia, e os juizes munici-
-paes, onde os houver, annunciarão logo por edi-
-76 -
taes a convocação do jury, com declaração do dia.
e hora que tiverem sido marcados para o começo
da sessão, convidando nomeadamente os 28 jura-
dos sorteados a comparecer e lembrando-lhes que
hão de servir durante toda a sessão sob as penas
da lei si faltarem; bem como expedirão os com;-
petentes mandados e requisições para serem inti,-
mados pessoalmente os mesmos jurados, os réos.
as testemunhas e interessados.
Paragrapho unico. Os editaes de que se tra-
ta seri'io affixados no logar do costume e publi-
cados pela imprensa onde houver, e além disso,
remettidos com os mandados de intimação aos jui-
zes de paz para fazel-os publicar R cumprir em
seus districtos.
Art. 327. Para a notificação das testemu-
nhas residentes fóra do termo proceder-se·á como-
iletermina o artigo 306 § 3, devendo-se appiicar
a sancção estabelecida pelo artigo 242 ás desobe-
dientes, residentes no termo da culpa.
Art. 328. A's autoridades competentes re-
quisitará o juiz o comparecimento dos funcciona-
rios publicos em exerci cio, quando sorteados para
o jury.
Art. 329. Dos editaes, de que trata o artigo
326, juntal'-se-á copia a cada um dos processos que
tenham de ser julgados na sessão. Juntar-se-ão
egualmente os mandadoR cumpridos com as respe-
divas certidões e os certificados postaes de" préca- o

torias, de editaes e mandado. -

SECÇÃO II

Das notificações e das multas


,
Art .330 . Os juizes de paz, recebendo os edÍ-
o

taes, mandarão publicaI-os e expedir os necessa-


rios" mandados para a notificação dos jurados doS.
o seus" districtos. ' " o "o
-77-
,. § .1.0 Os mandados serão remettidos com a
,certidão das notificações ao juiz competente até ao
quinto dia anterior ao da sessão.
§ 2." A notificação do jurado considerar-
'se-á feita sempre que pelo official de justiça lhe
fôx entregue na casa de residencia, não estando
eIle fóra do municipio, o que o official certificará.
§ 3.° O jurado que faltar após a notificação
incorrerá na multa de 20$000 a 50$000 relativa.
mente a cada dia de ausencia. Em egual multa in-
correrá o jurado que, tendo comparecido, se reti-
rar sem licença do juiz, antes de ultimados os tra-
balhos do dia ou fôr omisso no desempenho das
obrigações que lhe atribue à lei.
Art. 331. O jurado que, tendo sido intima-
,do, deixar de comparecer por molestia grave em si
proprio. ou em pessoa de sua familia, será dispensa-
,do, si o requerer, mediante attestado medico ou de
pharmaceutico onde não houver aqueJIe.
Paragrapho uni co. Sempre que o attestado de
molestiá fôr insufficiente, o juiz que tiver de apre-
.cial-o, poderá exigir novo exame por medico que
·desIgnar, ou justificação conforme fôr o caso.
Art. 332. O medico ou a autoridade que attes-
tar falsa molestia e o jurado que da falsidade t~­
tar proveito ficarão sujeitos ás penas commina-
das pelos artigos 28 e 29, paragrapho unico do dé-
ereto n. 4.780, de 27 de dezembro de 1923. .
. Art. 333. Da imposição d~ multas pelo Pre~
:sidente do Tribunal haverá recurso 'voluntario pa-
ra o Presidente da Relação. .
O recurso será interposto dentro de cinco dias,
"'1ontados do encerramento da sessão.
, § 1.0. Findo o prazo do recurso, ou não provi,.
$lo este, o .presidente do Trlbun~l. fará lançar em
livr0proprio os nomes dos jurados' multádos e. as
re~pectivas multas,. ordenando· que ,. desse lança':'
'bento se.extraia copia pa:t.'a CIcoIlector .. estadual,
:afün de que este, feitâ ~.·in5er~pção .d~ ·divida, .ex;
• '_"\J_,-, ~. ___ '~ _. -"
- 78-
peça, em acto continuo, ao promotor de justiça as.
certidões competentes para a execução fiscal.
§ 2.°. As certidões serão passadas e subscri-
ptas pelo escrivão da collectoria, por qualquer
auxiliar da mesma repartição ou outro funcciona-
rio fiscal, devendo ser assignados pelo collector ou
quem suas vezes fizer.
SECÇÃO III

Da installação das sessões


Art. 384. No dia designado para a reunião,
achando-se presentes o presidente do Tribunal, 0-
escrivão, os jurados, o ministerio publico, a par-
te accusadora si houver, principiará a sessão pelo-
toque da campainha.
Art. 335. Em seguida o presidente do Tribu-
nal abrirá a urna das 28 cedulas e verificando pu-
blicamente que todas alli se acham, as recolherá
npvamente e ordenará ao escrivão que proceda :i
chamada dos jurados para verificar si os ha pre-
sentes em numero legal.
Art. 336. Feita a chamada, serão multados~
de accordo com o art. 330 os jurados que falta.,.
rem e não tenham obtido dispensa, e estando pre-
sentes 21, pelo menos, declarará o juiz installada-
a sessão.
Art. ?37. Si houverem porém compareci4o-
menos de 21 far-se-á publicamente o sorteio.·de-
~ntos supple~tes quantos forem os jurados que
tiverem faltado .. Outro tanto se fará si depois de
i.nstallac;la a sessão, no decurso desta, succeder que-"
não haja Iiumero legal.
Art. 338. As cedulas serão extrahidas por-
u:rn menor e os sorteados inscriptos, segun-
do a ordem do sorteiamento na acta da sessão e-
immediatamente notifIcados para comparecer a
mandado do juiz de direito.
- 79-
Art. 339. Os jurados supplentes, depois de
comparecerem, só serão excluidos pela presença
dos primeiros sorteados si estes comparecerem no
mesmo dia. Quando pois aconteça apresentarem-
se estes em dia posterior, de maneira que o nu-
mero de jurados presentes e promptos exceda de
28, serão excluidos, não os supplentes, mas esses
primeiros sorteados que não se apresentaram em
tempo, cujos nomes não deixarão por esse tardio
comparecimento de ser lançados novamente na
urna.
Art. 340. Quando esgotada a urna dos sup-
plentes, não puder installar-se ou continuar a ses-
são do jury, o juiz de direito, convocando os ou-
tros dois clavicularios da urna geral, procederá ao
sorteio de tantos quantos faltarem para comple-
tar o numero da lista da sessão.
§ 1.0 Durante o sorteio estará presente a
lista geral de jurados afim de serem chamados só-
mente os que residirem em distancia menor de 30
kilometros, e só na falta absoluta destes, sel-o-ão
os que residirem mais longe.
§ 2.° Mencionar-51e-ão na acta da sessão to-
dos os jurados sorteados, ainda aquelles que, por
morarem além do raio de 30 kilometros, não te-
nham sido aproveitados, devendo, outrosim, cons-
tar della a deliberação do juiz a respeito dos refu-
gados e os motiv.os -por que o foram.
-§ 3.°. Os supplentes não poderão ser de novo
chamados depois de esgottada a urna respectiva
sínão quando houverem servido os jurados a que
se referem os paragraphos anteriores.
Art. 341. Concluído esse sorteio subsi-
diado, poderá o juiz, afim de dar logar á intima-
ção dos sorteados, marcar novo dia para a reu-
nião do jury, mandando publicar por edital a sua
dáta sem dependeneia de novas intimações ás par-
tes e testemunhas.
Paragrapho unico. O adiamento não excede-
rá de nes dias si no sorteio dos jurados se tiver po-
- 80-
di do guardar o limite de distancia estatuido no § 1.~
do artigo 340. No caso contrario é licito extendel-o
até oito dias.
Art. 342. Si ainda essa diligencia fôr balda-
,<;la por não comparecerem no dia aprazado ~ura­
dos em numero bastante, o juiz imporá aos que
faltarem sem causa justificada a multa correspon-
dente aos 15 dias da duração legal àa sessão ou
aos que restarem para os completar, e convocará
nova.
Art. 343. Logo que se verificar numero le-
gal, o juiz abrirá a sessão e depois de resolver so-
bre as multas e escusas, procederá na fórma de-
terminada nos artigos seguintes.
Quando, porém, depois de meia hora de espe-
ra, o quoru1n legal não se complete, o juiz, annun·
ciando as multas impostas e as escusas attendidas,
levantará a sessão marcando para sua continuação
() dia seguinte si não fôr domingo.

SECÇÃO IV

Da apresentação dos p1'oceSBOS ao fu:ry

Art. 344. Formado o Tribunal, o juiz de di·


,rei to, d houver sido o preparador dos vrocessos
para o julgamento, mandará que o escrivão leia a
,lista dos que vão ser submettidos ao conhec'imen-
to do jury na assentada.
Art. 345. Si o' preparador tiver sido o JUIZ
municipal, ,.será este convidado a apre.sGt~tar 03
processos preparac1ü'3 pma o jury. Par~ este fim
,{teve o mesmo juiz comparecer pessoalm,'nte 'ao
Tribunal. E não só no dia da installação, como
nos dias posteriores, emquanto durar a sessão,
,deve aquelle juiz apresentar os processos quefôr
preparando, os quaes, com a certidão da apresen-
. tação,. serão' autuados'-e .conclusos ao Presidente
. de ,Tribunal: ' , " ' ". -"-',
-81-
Art. 346. O juiz de direito, quando ;ie lhe de-
parar nos autos apresentados pelo juiz municipal,
qualquer nullidade ou falta de esclarecimento, si o
crime fôr daquelIes em que caiba acção publica,
mandará proceder, a requerimento do promotor
ou ex-officio, ás diligencias necessarias para l'e··
parar ou preencher a falta. Procederá do· mesmo
modo, mas a requerimento da parte, quando o cri-
me fôr de acção privativa do offendido.
Art. 347. Si verificar que o crime não é da
fompetencia do Tribunal, mandará por despacho
!lOS autos! que o processo seja remettido ao juiz
competente.
Art. 348. Recebidos do juiz municipal os
processos, o Presidente do Tribunal, si os achar
devidamente preparados, mandara por despacho
110S autos que sejam submettidos a jUlgamento no
dia que lhes couber segundo a tabella de que trata
o artigo 350.
Art. 349. Salvo por motivo de interesse pu-
blico, a requerimento do Promotor, não é per-
mittido alterar a ordem do julgamento que a. ta~
belIa estabelecer e será determinada:
1.° pela preferencia dos réos presos aos afi-
ançados ou soltos;
2.° entre 03 réos presos, pela antiguidade da
prisão;
3.° sendo contemporaneas as prisões, pela
prioridade da pronuncia, prevalecendo tambem
essa prioridade entre os réos afiançados e soltos.
Art. 350. De conformidade com esses cri te-
rios, deve ser organizada a tabella, que será affi-
xada á porta do Tribunal.
Art. 351. O réo, si tiver advogado constitui-
do e este por qualquer circumstancia não fôr pre-
sente ou não puder assumir a defesa, será julgado
na primeira reunião que fôr convocada . _ " ....
c. P. P. (;
- 82~-
-'"r:~
SECÇÃO V
Da formação do conselho, dos debates e do
julgamento
Art. 352. Depois de estabelecida e annuncia-
da a ordem dos julgamentos, mandará o Presiden-
te do Tribunal que o escrivão faça a chamada, sob
pregão, das pa.rtes e testemunhas do processo que
tiver de ser julgado no dia.
Paragrapho unico. A chamada será repetida
pelo porteiro em alta voz á porta do Tribunal e
de assim o haver cumprido dará certidão que se
juntará aos autos.
Art. 353. Si o réo, o accusador ou ambos
'não acudirem ao pregão, mas justificarem a au-
sencia, o julgamento será adiado para a reunião
ordinaria seguinte, ou para outro dia da mesma
sessão si se der o comparecimento das partes em
tempo ainda opportuno.
Art. 354. Occorrendo a falta injustificada
do autor, do réo. ou de ambos. observar-se-á. como
no caso couber, o que está determinado pelos arti-
gos310, 311 e 312.
Art. 355. As testemunhas que comparece-
rem serão recOlhidas a logar ele onde não possam
ouvir os debli.tes nem as respostas, umas das ou-
tras.
Art. 356. O não comparecimento das teste-
munhas autoriza a adiar o julgamento para a ses-
são seguinte sómente quando o requeira alguma
das partes ou jurado do conselho, si a maioria do
jury de sentença assim deliberar, quando as teste-
munhas que faltarem não estejam em logar in-
certo.
Art. 357. Aos ré os menores ou incapazes e
aos que na sessão do julgamento declarem não 'li:!!
quem. lhes faça a defesa, dará o juiz resnecti-
:vamente curador ou defensor.
. \
- 83~-

Art. 358. Aos advogados dos auditorios não


é licito, sem motivo justo, recusar seu potrocinio
nos casos do artigo antecedente.
, Art. 359. Dadas as providencias recommen-
dadas nos artigos precedentes, o juiz de direito
annunciará que vae proceder ao SOl'tcio dos sete
"jurados que devem constituir o conselho de sen-
tença e lerá em voz alta os artigos 365, 366 e 368.
Art. 360. No sorteio as cedulas bel'ão tiradR~
dq, urna, uma a uma, por um menor c lidr,s em voz
alta pelo Presidente, á medida que forem sendo
extrahidas.
Art. 361. Os jurados sorteados que não fo-
rem recusados tomarão logo assento e desde e.sse
momento ficarão inl1ibiclos de communicar-se, até
que concluam o julgamento, com qualquer pesst)a
,extraliha ao conselho . .Poderão todavia dirigir-se
ao juiz sempre que precisarem obter delle ou de ou-
trem qualquer esclarecimento attinente á causa.
Art. 362. O mesmo conselho poderá conhecer
de mais de um processo si as partes o appl'ovarem
intégralmente, mas prestará novo compromi.,so
, ou juramento de cada vez.
Art. 363. Entrando-se no conhedment'J de
"um processo, não poderá ser interrompido nem
mesmo pela superveniencia da noite, salvo a re-
querimento da pai'te pOI' motivo justo.
Art. 364. Si durante o sorteio esgotar-::lc a
"urna da sessão em virtude das recusações, s'..lspei-
ções e outros impedimentos, o juiz adiará o julga-
mento para a proxima reunião do jury, não lhe
sendo licito recorrer á urna supplementar para
completar o conselho.
Art. 365. No sorteio, á medida que ;) nome
de cada jurado fôr sendo lido pelo Presidente, fa-
rão o accusado e o accusador suas recusaçõp .,;, sem
as motivarem.
- 84-
Art. 366. O accusado poderá recusar sete e o
.accusador, depois delle, outros tantos dos que fo-
rem sahindo á sorte.
Art. 367. Si os accusados forem dois ou
mais, poderão combinar suas recusações; mas não
convindo nellas, ser-lhes-á permittida a separação
do julgamento e neste caso cada um poderá recu-
sar até sete.
Paragrapho unico. Proseguir-se-á, então, no
julgamento do réo que tiver acceitado o jurado a
respeito do qual se estabeleceu a divergencia entre
os accusados.
Art. 368. São prohibidos de servir 110 mes-
mo conselho ascendentes e descendentes, sogro e
genro, irmãos e cunhados durante o cunhadio.
Destes o primeiro que tiver sahido á sorte é o que
deve ficar.
Art. 369. São, outrosim, prohibidos de ser-
vir no conselho os jurados que tiverem tomado
parte em anterior julgamento do mesmo réo.
Art. 370. Formado o conselho, o primeiro
jurado sorteado prestará em voz alta compromis-
so ou juramento nos seguintes termos:
"Prometto ou juro pronunciar bem e sincera-
mente nesta causa, haver-me com franqueza e
verdade, só tendo deante dos meus olhos Deus e a
lei e proferir o meu voto segundo a minha consci-
encia. "
Paragrapho unico. A seu turno cada um dOM
jurados dirá" Assim o prometto ou juro".
. Art. 371. Tomado o compromisso ou jura-
mento de que se lavrará termo ,assignado pelo juiz
e pelos jurados, o juiz interrogará o réo na fórma
determinada pelos artigos 276 e 277.
Art. 372. Em seguida o escrivão lerá em voz
alta e clara as seguintes peças do processo:
l.n a queixa, a denuncia, ou a portaria íni-
'cial;
. 2. R o corpo de deIído ou outro quuiquer au-
to de exame pericial, si houver;
- 85-
3.11 os depoimentos das testemunhas da fór.
mação de culpa;
4. u o interrogatorio do réo na mesma phase
do processo;
6.U os documentos que se houverem ajunta-
do aos autos;
6. U o despacho de pronuncia e decisão ou as
decisões que o houverem confirmado ou modifi-
cado;
7. U qualquer outra peça cuja leitura fôr de-
terminada pelo Presidente do Tribunal, a reque-
rimento das partes ou de algum jurado ou ex-of-
ficio.
Art. 373. Terminada a leitura será dada a
palavra ao accusador particular ou ao Promotor
de Justiça, o qual mostrará. lendo no Codigo ou na
lei penal respectiva, o artigo e o gráo da pena em
que, pelas circumstancias. entende que o réo se
acha incurso. Lerá o libello e desenvolverá a ae-
cusação segundo o direito e a prova dos autos.
Art. 374. Sempre que a accusação fôr movi-
da pelo offendido, cabe ao ministerio publico usar
da pr..la vra depois delle e antes do accusado.
Art.. 375. Feita a aecusneão. as testemui1has
della sei"f.", introduzi,jas !:a sala das sessões, cada
uma por sua vez, e deporão, sob compromiss.),
ou juramento acerca dos artigos do libello, inqui-
rindo-as primeiramente o accusador particular ou o
ministerio publico, em seguida o auxiliar da accu-
sação, e reinquirindo-as o réo. Os jurados pode-
rão fazer ás testemunhas por intermedio do juiz
de direito quaesquer perguntas que entendam com
a materia da accusação.
Art. 376. Si houver depoimentos divergen-
tesnos termos do artigo 250 o juiz procederá
como nesse artigo se determina.
Art. 377. Conclui dos os depoimentos, que po-
derão ser reduzidos a escripto resumidamente, si
alguma das partes o requerer,. Cl réo desenvolverá
- 86-
a defesa; feito o que, deporão as suas testemunhas
sobre os artigos da contrariEdade ou sobre os fa..:
ctos e circumstancias allegadas no debate oral,
. sendo inquiridas successivamente pelo réo, pelo
accusador particular, pelo auxiliar da accusação,
pelo promotor de justiça e pelos. jurados que o
quizerem. A's testemunhas de defesa é applicavei
o dispositivo do artigo 376 e a c1::msula deste artiu
go que pel'mitte a reducção dOR depoimentos:~
fórma escripta.
Art. 2'18 O accusador particular ou o minis.
terio publico e por ultimo o accu.sado replicarão e
treplicarã.o, querendo, aos an:;-umentos eúntrários;
podendo requerer a reinquirição de algumas das
testem~m h~.s,
~ L°" A discussão oral nos julgamentos em
(lU.8 c;.;h' C"rli!'"f) a 11Prmitte 1150 roderá ir além de 4
'bnl'~;"'~ :r.!f';.! ?\ ;v,-<!'U:':~_ll;~~! {' :l ~\-~fl"':":(-!,. (> ~~0 ~ :·~OI~:-1~ T::J,-
ra a replica e a treplica, dividirios ep:l.l<tlmen-
te espes prazos entre o accusador e o defensor.
§ 2.°. Havendo mais de um accusador ou de
um defensor, combinarão entre si a distribuição do
tempo, e na falta será marcado pelo juiz, de modo
que não sejam excedidos os prazos fixados neste
artigo,
Art. 379. Durante o jlllgamento não é per-
mittida a producçi1o ou leitura de documento que
não tenha sido communicado á parte contraria
com a antecedencia pelo menos de tres dias, e só se
admittirão testemunhas quando darlas em róI com
o libello ou contrarierlade, ou, fóra disso, quando
offerecidns com sciencia da parte contraria, tres
dias antes da sessão. .
Art. 380. Durante os debates, mas sem in-
terromper a quem estiver falI ando, qualquer ju-
rado póde fazer as observações que julgar conve-
nientes, perlir a reinquiriçã.o de alguma testemu-
nha ou requerer que o conselho vote sobre qual~
quer ponto particular do processo.
A esses requerimentos o juiz dará a conside-
ração que merecerem; deverá todavia fazel-os es-
crever na acta bem como o seu despacho para que
constem a todo tempo.
Art. 381. Achando-se a causa em estado de
ser decidida, o juiz de direito indagará dos jura-
dos si se acham habilitados a julgar a causa ou si
precisam de mais aÍgum esclarecimento.
Paragrapho unico. Si qualquer dos jurados
necessitar de novos esclarecimentos, o juiz de <li-
reito mandará que o escrivão lh'os forneça, ou
os dará, elle proprio sobre questão de facto.
Art. 382. Em seguida o juiz de direito organi-
zará os quesitos que devem ser propostos ao conse-
lho de sentença e os lerá em voz alta indagando
das partes si têm algum requerimento ou reclama-
ção a fazer.
Art. 383. No formular os quesitos, o juiz ob-
servará as seguintes regras:
1.11 o primeiro quesito versará sobre o facto
principal, de conformidade com o libello e nestes
termos:
"O réo praticou o facto tal ?"
2.11 si o juiz entender que algumas cil'cum-
stancias expostas no libeIlo com o facto principal
não são absolutamente connexas ou insepara.veis
delle e que o mesmo facto póde existir ou subsistir
sem tnes circumstancias, deverá desdobrar o mef'-
mo quesito em tantos quantos forem necessarios.
do seguinte modo:
a) "o réo praticou tal facto 1"
. b) "oréo praticou o facto com a circumstan-
cia tal 1"
c) "o réo praticou o facto com a circlhu6tan-
cia qual ?" ,
3.11 A cada circumstancia aggravante arti-
culada no libello corresponderá um quesito.
4. 11 Si resultar dos debates o conhecimel1to
da existencia de alguma circumstancia aggr2.van-
- 88-
te não articulada no libello, o juiz de direitó pro-
porá tambem o seguinte quesito:
"Dos debates resultou a certeza de que o l'éo
praticou o facto com tal circumstanCÍa '?"
5. a Si os pontos de accusação forem diversos
ou si houver mais de um criminoso, o juiz prop0rá
acerca de cada um delles, em series distinct~ts, o~
quesitos que forem necessarios.
6." Si o réo apresentar na sua cor:trarieda-
de ou a11egar nos debates ou em qualquer phase do
processo facto que a lei qualifique como justifica-
tiva ou dirimente, ou que importe na desclassifica-
ção do crime, o juiz proporá o quesito correspon-
dente. '
7." Logo após os quesitos relativos ao facto
principal, o juiz proporá os da defesa, seguindo-se
os referentes ás circumstancias aggravantes.
S.a O juiz proporá sempre um quesito sobre
a existencia de circumstancias attenuantes, e in-
dagará quaes sej am ellas.
Art. 384. Os quesitos devem se!' redigidop.
em propOSlçoes simples e distinctas àe maneira
~ue sobre cada uma dellas a resposta possa ser
peremptoria. dada pela formula "sim" ou "não",
sem restricções e sem o menor equivoco O~l am-
phibologia.
Art. 385. O juiz, depois de lêr em voz alta
os quesitos e decidir os requerimentos ou recla-
mações que sobre elles as partes fizel'em, fará SH-
hir da sala todas as pessoas extranhas ao juizo,
nella permanecendo, a portas fechadas, com os ju-
rados do conselho, o escrivão, as partes e seus ad-
vogados e o auxiliar da accusação.
Art. 386. Aos jurados, na sala das delibera-
ções, é permittido examinar os autos e pedir ao
juiz novos esclarecimentos sobre as questõc3 de
direito que se relacionem com o facto em jlllga-
mento, sem de qualquer fórma ficarem obrigados
ás opiniões por elle manifestadas.
- 89-
Art. 387. Em seguida submetterá o juiz á
votação cada um dos quesitos na ordem em que es-
tiverem formulados, salvo os que ficarem preju-
dicados pelas re~postas (~c.jas aos anteriores.
Ar!. 388. A' medida que os íôr Rubmettendo
a votos, o juiz os explicará, um a um, em sua si-
gnificação e correlações, sem comtudo emittil' a
"lua opinião.
Art. 389. A votação sp.rá por escrutinio FC-
ereto, por meio de espheras brancas e pretas, :sen-
do aos jurados distribuida uma esnhera de cada
côr, significando a branca o votô negativo e a
preta o affirmativo, qualquer que seja a natureza
do quesito.
lHe. ~90. Tendil,acia a votação, o juiz a()!'lll~
do a urna, retirará ostensivamente as espheras e
verificando que '~.stÜ0 as sete, apu-:::crá os votos e
proclamará o resultado affirmativo ou negativo,
declarando o numero por que se exprimiu a vota~
ção num ou noutro sentido, mostrando aos jurados
e mais circumstantes a urna e as espheras para a
conferencia.
Paragrapho unico. Depois disso, as espheras
remanescentes em poder de cada jurado serao re-
colhidas á urna com as mesmas cautelas observa-
das na votação.
Art.391. Si o jury affirmar que existem cir-
cumstancias attenuantes a favor do réo, o juiz irá
pondo em votação cada uma dessas circumstau-
cias na ordem por que as menciona a lei penal, e
quando se decidir que existe alguma, a farú es-
crever.
Art. 392. Si a resposta do jury a algum dos
quesitos estiver em contradicção com outra ou
outras já proferidas, o juiz, depois de explicar aos
jurados em que consiste a contradicção, porá de
novo a votos os quesitos sobre que versarem as
respostas contradictorias.
Art. 393. O escrivão irá annotando os resul..
tados do escrutínio á medida que o juiz os fôr pro..
- 90-
, ,

clamando, e, terminada a votação, lavrará um ter-


tno com os auesitos e as respostas. Esse termo,.
depois de lido e approvado, será subscripto pelo
juiz, pelos jurados do conselho e partes.
Art. 394. Si, pelas respostas dadas a qual-
quer dos quesitos, ficarem nrejudicados os restan-
tes, dar-se-á logo por conclui da a votação.
Art. 395. As decisões do jury serão toma-
das por maioria simples de votos.
Art. 396. Finda a votacão, lavrado e assi-
gDado o respectivo termo, abrir-se-ão aR portas da
sala e, restabeleci da a nublicidade normal da ses-
são. lerá o juiz de direito em voz alta as respostas
dadas pelo conselho e em seg-uida proferirá a sen-
tenç::t, que publicará immedi2J~tmente.
Art. 397. Si o ,iurv negar o facto, ou. affir-
mando-o, reconhecer alg-umll dirimente ou justifi-
cativa. o juiz de direito absolverá o accmmdo, or-
denando que elle seja posto immediatamente em
liberdade ou que se vá em paz, conforme esteja
preso ou afiançado.
Art. 398. Não Re dará porém, immediata
liberdade ao réo absolvido, si o crime, por
que foi accusado. tiver pena de prisã,o aue seja
fwual ou excedente de 20 annos. e a decisão abso-
lutoria não 110uver sido unanime.
§ 1.0. No caso deste artigo, si esgotado o pra-
zo de 48 horas, o ministerio publico ou o accusador
particular não houverem annellado, o escrlvao,
passando a competente certidão, fará os autos im-
mediatamente conclusos ao juiz, que mandará pôr
logo em liberdade o réo absolvido.
°
§ 2.0 • Para determinar inicio do prazo das
48 horas, o juiz consignará na sentença a hora em
que a houver proferido.
Art. 399. Si a decisão fôr affirmativa, o juiz
de direito condemnará o réo de accordo com as re-
gras estabelecidas na lei penal.
-'91 -

SECÇÃO VI

Do incidente da falsidade
Art. 400. Si durante os debates se arguir de
falso algum documento ou depoimento com funda-
mento plausivel, o juiz examinará a questão com
o maior cuidado, e depois de fazer as investiga-
ções que entender necessarias, decidirá, summaria
e verbalmente, reconhecendo procedente ou im-
procedente a arguição, conforme concorrerem ou
não vehementes indicios da falsidade.
De tudo se lavrará termo em que se declarem
a natureza da arguição, os seus fundamentos, as
diligencias feitas. e a decisão proferida. O termo
será assign8.do pelo juiz e partes.
Art. 401. Julgada improcedente a questão,
a C[l11"lQ retomará o seu curso interrompido pelo
incidente como si nada houvera Hcontecido.
Art. 402. Si o juiz, porém, decidir que con-
correm indicios vehementes de falsidade. propo-
rá aos jurados na mesma occasião em que lhes pro-
puzer os quesitos sobre a causa principal (artigo
387) a seguinte questão preliminar: -- "Pôde o
jury pronunciar decisão definiUva sobre a causa
principal sem attender ao depoimento tal ou a tal
documento, arguidos de falso ?"
Art. 403. Os .iurados examinarão si, no caso
de se brovar a falsidade malsinada. poderá eIla
influir na decisão da Ca'J::-'D, df' maneira que e3,:'U,
decisão tenha necessariamente àe ser diffe:ente
nesse ou no caso contrario.
Art. 404. Tomada a deliberacão em cçm-
mum. observados os artigos 389 e seguintes, si os
jurados resolverem negativamente a rruestão,
nada mais decidirão sobre a causa princinal e (l
juiz haverá o conselho por dissolvidJ,
Art. 405. Si. ao contrario, o jury reconhecer
q',.le as I,rovas malsinadas nenhuma Íl.. f:L'ellchi ex-
- 92-
ercem na solução da causa, passará c:t responder ás
demais questões.
Art. 406. Em ambos os casos, o delwimento
ou o documento que provocaram o inódente, se-
rão remettidos com a3 peças da investigr.ção e os
resultados obtidos ao juiz competente pai.D o pro-
cesso da falsidade.

SECÇAO VII

Das actas e dos seus 1'equisitos


Art. 407. De cada sessão do julgamento la-
vrará o escnvao uma acta circumstanciada,
que será subscripta pelo juiz de direito e pelo pro-
motor de justiça.
Paragrapho unico. Esta acta se juntará em
original aos autos.
Art. 408, Lavrar-se-á em livro especial,
aberto. numerado e rubricado pelo juiz de direito,
uma acta diaria com a nota circumstanciada dos
actos preparatorios da formação do Tribunal até
o dia em que seja aberta a sessão. Essa acta será
assignada pela fórma prescripta no artigo ante-
cedente.
Art. 409. Na acta da sessão do julgamento
(artigo 407) serão mencionados os seguintes actos
que forem occorrendo :
1.0 a instaliação do Tribunal ao toque da
campainha e ao pregão do porteiro, presentes o
juiz, jurados, e o Promotor de Justiça.
2." a verificação das cedulas. ~
. 3.° a chamada do!:! jurados com a menção
dos nomes dos que faltarem.
4.° os nomes dos jurados multados.
5.° o numero de jurados presentes e a rela~
ção nominal dos ausentes, com a especificação,
quanto aos dispensados, dos motivos por que o f~
ramo '
-·93 -
6.1) o sorteio dos sU!Jplelltes e os nomes del-
les, mencionados pela ordem da extracção.
7. 0 a abertura da sessão, presentes jurados
em numero legal, e a apresentação dos processos
preparados para o julgamento.
8.° a formação da tabeIla dos julgamentos.
9. 0 a declaração do processo que vae ser jul-
gado.
10.0 a chamada das partes e testemunhas
desse processo, o seu comparecimento ou não á
sessão, as penas impostas ás testemunhas que fal-
tarem.
l1. n a sentença de perempção da acçãc, si
fôr proferida.
12.0 o recolhimento das testemunhas nos
termos do artigo 317.
13.0 a formação do conselho com indicação
dos jurados sorteados e acceitos e dos recusados
pela accusação e pela defesa.
14.0 o compromisso ou juramento tomado
aos membros do conselho.
15.0 a declaração de que se fez o interroga-
todo do rt2o.
16.0 a menção de terem sido lidas as peças
(;ssenciaes do processo.
. 17. 0 os debates e o nome das testemunhas
que depuí:eram depois da accusação e da defesa.
18. o a decisão do conselho sobre o adiamen-
to que qualquer das partes ou os jurados homoe-
rem reqeerido por ausencia de alguma teste-
1Jlunlm.
19.0 a consulta aos juratlo3 W)!Ji'e a necessi-
dade de novos esclarecimentos para bem julgarem
a causa, a resposta deIles e tudo quanto oecorrer a
este respeito. .
20.0 a leitura dos quesito~ e quaesquer re-
c~J.mações ou requerimentos sobre elles.
21.0 a deliberação do conselho a portas 1'e-
chadas sob a presidencia do juiz, presentes as
partes, seus advogados, auxiliares e o escrivão.
-94 -
22. 0 a declaração de haver o conselho res-
pondido aos quesitos propostos, juntando-se aos
autos o termo respectivo (artigo 393) .
23. 0 a publicação da sentença do juiz, a por-
tas abertas, e qual o seu dispositivo.
. 24. 0 a deelaração, sob fé do escrivão, de
que os jurados do conselho não tiveram communi-
cação com pessoa extranha, desde o sorteamento
até a decisão que lhes competia.
25. 0 recurso porventura interpostD.
26. 0 quaesquer requerimentos feitos no de-
curso da sessão e o respectivo despacho.
. Art. 410. As actas das sessões preparato-
rias conterão as indicacões constantes dos nume-
toS 1 a 6 do artigo precedente e mais a declara-
ção do novo dia e hora que se marcaram para a
reunião. Dessa acta se extrahirão copias para se
juntarem aos processos julgados na sessão .

. ,.. ..........

';1
LIVRO III
1)os processos especiaes

TITULO I

1)08 processos das contravenções, infracções de


posturas e dos crimes conununs cuja pena não
exceder de 6 mezes de prisão cellular com ou
sem multa.

CAPITULO UNICO
1)a fórma do processo
Art. 411. Os processos por contravenção, in-
fracção de posturas municipaes ou de termos de
bem viver e segurança ou por crimes communs
cuja pena não exceder de seis mezes de prisão ceI-
olular com ou sem multa, terão a seguinte fórma
summaria:
§ 1.0 A queixa ou denuncia, além dos requi-
sitos do artigo 15, deverá conter:
a) as circumstancias aggravantes, si houver:
b) o pedido da condemnação, indicando-se,
de accordo com o facto exposto e com as circum-
stancias, o gráo da pena e o artigo da lei penal
oque a impõe.
§ 2.0 As testemunhas nomeadas não serãoo
menos de duas nem mais de cinco, além das in _
formantes e referidas.
- 96 -
§ 3.° A queixa ou denuncia será instruida;
si se tratar de crime de facto permanente, com
o auto de corpo de delicto directo e poderá vir
acompanhada de outro qualquer documento que
sirva de prova da infracção.
§ 4.° Recebida a queixa ou denuncia, o juiz
a quem incumbir o preparo da causa, mandará
citar o delinquente para se vêr processar na pri-
meira audiencia ordinaria, precedendo o prazo
minimo de vinte e quatro horas.
§ 5.° O escrivão ou official que fizer a dili-
gencia, lerá ao delinquente a queixa ou denuncia
ou o mandado, si a citação se fizer por esse meio,
ou permittirá que elle proprio o leia, e além disso.
dar-lhe-á, ainda que não seja pedida, a respectiva
contrafé.
§ 6.° O delinquente apregoad.', si não com-
parecer, será processado á revelia. Si comparecer,
o juiz lhe fará a leitura da queixa ou denuncia e
receberá a defesa oral ou por escripto com o róI dE'
testemunhas ou documentos.
§ 7.° Inquirirá. em seguida, summariamen-
te, as testemunhas de uma e de outra parte, ob-
servando as regras prescriptas nos artigos 246 e
seguintes, e mandará reduzir os depoimentos a
escripto na fórma do artigo 251.
§ 8.° Si não puder concluir-se, numa só au-
. diencia, o processo, continuar-se-á nas seguintes,
ordinarias ou não, até que estejam conclui dos os
esclarecimentos necessarios. Si em qualquer des-
.tas, não se puder proseguir, far-se-á constar o
,adiamento do termo e o processo retomará o seu
curso na audiencia que se designar, citado o róo
por pregão.
§ 9.° Terminada a derradeira audiencia, po-
derão as partes, dentro das 24 horas seguintes ex-
aminar os autos em cartorio e offerecer as alI e-
gações escriptas que julgarem convenientes.
O prazo regular-se-á de modo que não seja
prejudicada a defesa e lhe caiba sempre falar em
-- 97--
ultimo logar, Si houver mais de um réo o pl'azó
será de 48 horas, .
N a ultima audiencia serão as partes lançada.:!
de mais provas, e assign,ado ao réo o pra~o para a
defesa. - .
~l..,

§ 10.° O escrivão lavrará nos autos' uma


acta circumstanciada de tudo quanto occorrer.
Essa acta será assignada pelo juiz,
Aos autos se juntarão a defesa escripta e 03
documentos que a instruirem, Si o réo se limitar
á defesa oral, será esta tomada em resumo na
mesma acta, que neste caso será por elle tambem
assignada ou por seu advogado,
§ 11.° Findo o prazo de que trata o § 9.°, e
feita e assignada a acta, dentro das 48 horas se·
guintes, serão os autos conclusos, sem demora,
ao juiz que dará a sua sentença no prazo' de 5
dias.
§ 12,° Quando os actos preparatorios compe·
tirem a outro juiz, este, na opportunidade referi·
da no paragrapho 11.° mandará que os autos se-
jam conclusos sem demora ao juiz da sentença,
§ 13,° Si houver demora do escrivão no cum·
t>rir este ou outro qualquer provimento relativo ao
andamento do processo, o juiz da sentenra lhe im·
porá a multa de 20$000 a 100$000,

TITULO II
Do processo e julga,mento dos crimes de abuso de
libm'dade de imwensa
CAPITULO UNICO
Da fórma e processo
Art, 412, O~ crimes previstos pela lei fede-
ral n, 4,743, de 31 de outubro ~e 1923, se:r:ao pro-
c. P. P. 1
- 98 ~

cessados e julgados na fórma estabelecida neste


capitulo. I

Art. 413. A queixa ou denuncia serão ins~


'truidas obrigatoriamente com um exemplar do im~
:ptéSSó offensivo, e facultativamente com outros
documentos, e devem concluir pedindo a ímposi~.
ção de pena ao réo no gráo que especificarão, de
accordo com as circumstancias.
§ 1.0 Nesses processos, entre os elementos
essenciaes da queixa ou denuncia não se compr~
hende a nomeação de testemunhas (artigo 15 Ie~
tra d) .
§ 2.° Recebendo-as, o juiz mandará autoaI-
as e fazer a citação do réo, sob pena de revelia,
para ver assignar-se-Ihe na primeira audiencia
Drdinaria o prazo de quatro dias para offerecer de~
fesa escripta com todas as prejudiciaes e exce~
. pções que tiver, e bem assim para os demais ter~
mos da acção.
§ 3." O réo que não fôr encontrado no ter~
mo, será citado por edital com o prazo de 15 dias.
§ 4.° O réo será qualificado logo que compa-
reça em qualquer phase do processo.
§ 5.° O ré o, depois de qualificado, poderá
ser dispensado do comparecimento pessoal, si ti-
ver procurador legalmente constituido nos autos.
- § 6.° Na audiencia aprazada, compareça ou
não o ré o, o juiz lhe assignará o prazo do § 2.° para
apresentar sua d3fesa, concedendo-lhe vista dos
autos em cartorio, depois de lhe haver nomeado um
~llrado.r a lide, quando não compareça ou quando
seja menor ou interdicto. .,
§ 7.° Findo o prazo para a defesa, seja ou
não esta produzida, na audiencia immediata in qui-
rir-se-ão as testemunhas que o autor e o réo facul-
tativamente houverem apresentado.
§ 8.° As testemunhas, que não poderão exce~
~er ~e cinGQ para cada parte, devem comparecer
llldependentemente de intimação, salvo si o contra-..
rio fôr requerido por quem as offerecer. , ..
- 99-
Neste caso, todavia, a intimação só se ordena-
;rá si ~s testemunhas residirem no districto da
culpa.
§ 9.0 As inquirições que se não puderem ul~
timar no dia da audiencia, deverão pl'oseguir nos
<:tias immediatos, em audiencias extraordinal'ias.
A proroga,ção, porém, não poderá exceder de 8
dias.· .
§ 10.0 Terminadas as inquirições, terão o au~
tor e o réo, successivamente, o prazo de tres dias
para examinar os autos em cartol'io e offerecel'
razões finaes com ou sem documentos.
§ 11.0 Vencidos esses prazos que correrão e
findarão independentemente de assignação e lan-
~mento em audiencia, o juiz ouvirá, no caso de
queixa, o minísterio publico e mandará que os au-
'tos lhe sejam conclusos para julgamento, depois
de contados e preparados.
§ 12.0 O juiz, verificando que ba nullidades
no processo ou faltas que difficultem o conheCi-
mento da verdade, procederá, ex-officio ou a re-
querimento da parte, ás necessarias diligencias
para sanar ou supprir umas ou outras.
§ 13.0 O juiz dará, depois disso. a sua s~mten­
ça dentro em dez dias.
§ 14.0 Os prazos constantes deste artigo não
jlodem ser excedidos. Quem incorrer no excesso
,pagará a multa de 50$000 por dia, imposta pelo
Juiz aos auxiliares do juizo de primeira instancia
,\' pelo Tribunal da Relação ao juiz e aos funccio·
,flarios e auxiliares da segunda.
TITULO IH
Dos processos de menores de 18 annos
Art. 414. O individuo menor de 14 annos, in-
digitado autor ou cumplice de facto que constitua
infracção pÊmal não será submettido a· processo
penal de especie alguma.
- lÔO-
Árt. 415. A auctoridade competente, logo
que tenha communicação de que um menor dessa
edade commetteu algum crime ou contravenção,
fará as investigações precisas, reduzindo-.as a es-
cripto, sobre o facto punivel e seus agentes, o esta-
do physico, mental e moral do menor, e a situação
social, moral e economica dos paes, ou tutor, ou
pessoa em cuja guarda viva, e remetterá estas in-
vestigações com o menor ao juiz respectivo, que
lhe dará o destino que a lei indicar e as circumstan-
cias locaes permittirem.
Art. 416. O menor, réo de delicto ou contra-
venção, que contar mais de 14 annos e menos de 18,
sp.rá submettido a processo especial.
Art. 417. Si o facto arguido fór simples con-
travenção que não revele indole pervertida, o me-
nor, depois de advertido pelo juiz, poderá ser logo
entregue aos paes, tutores ou encarregados de sua
guarda, ou ter outro destino que ao juiz parecer
mais conveniente, independentemente de sentença
condemnatoria.
Art. 418. Si se tratar de crime, ou de contra-
vGnção que revele indole má, o processo será feito
em audiencia secreta, presente o menor e'o seu re-
presentante legal, si tiver, e de um curador que lhe
o juiz dará do seu auditorio. Ao pae ou ao tutor é
licito nomear outro advogado ao menor.
Art. 419. Em havendo prisão em flagrante,
serão dispensadas as investigações policiaes. Em
tal caso, lavrado o auto competente, a autoridade
remettel-o-á com o menor delinquente no prazo de
24 horas ao juiz competente.
Art. 420. A citação se fará sempre pessoal-
mente ao menor, ao seu representante legal ou ao
curador que lhe der o juiz.
Art. 421. A queixa ou denuncia devem con-
ter os requisitos ennunciados no artigo 15..
Ar~. 422. A fôrma do processo será estabele-
cida no titulo I deste livro (artigo 4Ü e paragra..
- 101 -
phos)·. A audiencia inaugural, as seguintes e os
factos ulteriores da causa serão secretos.
Art. 423. Os autos do processo se conserva·
rão em segredo de justiça, não sendo licito extra~
hir delles certidões, salvo, e mediante despacho do
juiz, as que forem necessarias para instruir outro
processo.
Art. 424. O jornal ou as pessoas que por qual~
quer fórma de publicação violarem o segredo do
processo, incorrerão na multa de um a cinco con-
tos de réis, além de outras que a lei substantiva
lhes comminar impostos pelo juiz de menores, de-
pois de ouvido o infractor.
Art. 425. No caso de co-delinquencia, concor~
rendo réos maiores e menores entre 14 e 18 annos,
haverá separação dos processos. O juiz mandará
extrahir as necessarias certidões para com ellas se
formar o processo dos menores, segundo a ordem
estabelecida neste titulo.

TITULO IV
Do processo e julgamento dos cTitnes de fallencia
Art. 426. A acção penal pelos crimes em ma-
teria de fallencia será iniciada por denuncia do mi-
nisterio publico ou por queixa dos liquidatarios ou
de qualquer credor.
Art. 427. O processú penal contra o fallido.
seus cumplices ou demais pessoas punidas pela lei
n. 2.024, de 17 de dezembro de 1908, corre em au-
to apartado, distincto e independente do processo
commercial, e nã0 poderá ser iniciado antes de
declarada a fallencia.
Ar.t. 428. A acção penal se p~cessará até a
pronuncia ou não pronuncia perante o juiz que de-
clarou aberta a fallencia.
Art. 429. A queixa ou denuncia deve conter
todos os requisitos exigidos pelo artigo 15 e será
instruída com o rel~.torio dos sy-ndicos e as copias
- 102-
necessarias tiradas do processo commercial dá fál~
lencia, e com documentos si houver.
§ 1.0 O escrivão é obrigado a enviar ao mi-
nisterio publico uma das copias authenticas do re-
latorio dos syndicos e a copia da acta da àssembléa
geral. bem como outros documentos que o juiz orde-
nar, dentro das 48 horas seguintes á primeira re-
união dos credores.
§ 2.° O ministerio publico dentro do prazo
de 15 dias depois do recebimento desses papeis, é
obrigado ou a requerer o archivamento delles ou a
promover a acção penal contra o fallido, seus cuni-
plicesou outras pessoas sujeitas á penalidade.
§ 3.° O archivamento dos papeis, a· requeri-
mento do ministerio publico, não prejudica a acção
penal que compete aos liquidatarios e aos credores.
Art. 430. Em todos os termos da accão inten;;
tada por queixa e nos da que o fôr por denuncia.
poderão intervir como auxiliares os liquidatarios
ou qualquer credor.
Art. 431. O processo será o da formação da
culpa disciplinado pelo artigo 263 e seguintes.
Art. 432. Logo que passe em julgado o des-
pacho de pronuncia, mandará o juiz dar vista do
processo ao ministerio pUhlico ou notificar a parte
queixosa uara vil" com seu libelIo nos termos dos
artigos 291 a 293.
Art. 433. O libello deve conter os elementos
especificados no artig-o 294 e ser acompanhado dos
documentos que o accusador entender convenien-
tes e do róI de testemunhas de que fala o artigo
296. DelIe, si fôr particular, se dará vista ao Pro-
motor nos termos do artigo 297.
Art. 434 Offerecido o libelIo, devera; o escri-
vão preparar uma copia delIe e do additamento si
·houver. dos documentos e do róI das testemunhas
que entregará ao réo quando preso pelo menos cin-
C? dias antes do ~eu julgamento, e ao afiançado;
SI elle ou o seu procurador apparecerem para re-
- 103-
• • I !

cebeI-o, exigindo, em todos os casos, recibo da en.'


trega que juntará aos autos. .
P::tragrapho unico. O E'scrivão' observará as
cautelas recommendadas pelos §§ 1.0 e 2.0 do arti-
go 299 nas hypotheses de que ahi se trata.
Art. 435. Si o réo quizer offerecer a sua con-
trariedade escripta, ser-Ihe-á acceita, mas sómenl '
te dentro do cartorio, se lhe dará, a elIe ou a seu
procUl'ador, vista do processo original, dando-se-
lhes entretanto, os traslados que quizerem, inde-
pendentemente de despacho. Com a contrarieda~
de apresentará o réo as suas testemunhas e docu-
mentos.
Art. 436. Findo o prazo de que fala o artIgo
434 na audiencia que o juiz houver previamen~,e
annunciado, presentes o ministerio publico, a par..
te accusadora, o réo e seu advogado, o juiz, fazen-,
do lêr pelo escrivão o libelIo, e a contrariedade, ,
procederá ao interrogatorio do réo e á inquirição
das testemunhas, ás quaes poderão o promotor e,
as partes fazer as perguntas que julgarem conve·,
nientes. O interrogatorip e os depoimentos serão,
escriptos pelo escrivão, assignados e subscriptos
pelo juiz e pelo respondente.
Art .437. Além das testemunhas offerecidas
no libelIo e na contrariedade, as partes poderãO
produzir mais tres até que se encerrem os debates.
Art. 438. Findas as inquirições, e a discussãó
que se realizará a arbitrio das partes, immediata-
mente se farão os autos conclusos ao juiz, o qUáf '
dará â sua sentença condemnando ou absolvendo d
l'éo. Essa sentença deve ser publicada até a segun..;'
da audiencia depois do julgamento, e intimada ás
partes si não estiverem presentes.
Art. 439. (j ministerio pUblico tem o dIreito'
de examinar, em qualquer tempo, os ,livros, pa-'
peis e actos relativos á faIlencia, e bem assim te·'
quisitar aos syndicos e liquidatarios copiãs' é ex·'
- 104-
tractos desses livros e papeis e todas as informa-
ções de que necessitar.
Art. 440. No processo penal de fallencia, os
credores, embora não possam depor como testemu~
nhas poderão ser ouvidos como informantes, dan~
do.lhes o juiz o credito que merecerem.
Art. 441. E' vedado ao juiz criminal conhecer
da nullidade da sentença declaratoria da fallencia.
TITULO V
Do processo e julgamento pelos }U1-zes de direito
dos crimes de responsabilidade dos funccion~
rios publicos e dos advogados nos casos do ar~
tigo 209 do C. Penal.
Al't. 442. A acção penal relativa aos crimes
dos funccionarios publicos em geral e dos advoga~
dos nos casos do artigo 209 do C. Penal (cujo pro-
cesso e julgamento competirem aos juizes de direi-
to) será intentada por denuncia do ministerio pu·
blico ou de qualquer pessoa do povo, por queixa da
parte offendida ou mediante procedimento ex-offi·
cio, nos termos dos artigos 1.0 e 2.° deste Codigo.
Art. 443. Estando a queixa ou denuncia nos
devidos termos (artigos 17, 18 e 19), o juiz de di-
reito mandará que o querellado ou denunciado
seja citado para responder por escripto dentro do
prazo de 15 dias e para os demais termos do pro·
cesso sob pena de revelia. .
Paragl'apho unico. O querelado ou o denun-
ciado não será ouvido nessa phase do processo:
1.°, quando estiver fóra da jurisdicção do juiz; 2.°,
nos crimes inafiançaveis.
Art. 444. Para a citação preliminar expedir-
se-á ~andado em que se transcreverá a queixa, de-
nunCIa com o despacho do juiz ou a portaria judi~
cial. E o mandado será acompanhado da copia dos
documentos, que se deve entregar ao réo com a fé
da. citação. -
- 10ô-
Art. 445. No caso de ser feita essa citação por
precatoria, a esta acompanhará a copia a que se
refere o artigo antecedente para ter o destino
nelle indicado. E no caso de serem expedidos edi~
taes para a citação, nelIes se fará uma referencia
especificada aos referidos documentos, que pode-
rão ser examinados em cartorio pelo citado.
Art. 446. Dada a resposta do accusado, ou
sem elIa, no caso de não a ter apresentado em tem-
po ou de não dever ser ouvido, o juiz de direito or-
denará o processo fazendo autuar as peças instru-
ctivas e dará seu despacho recebendo ou não ao
queixa ou delluncia.
§ 1." Quando a resposta do accusado fôr con-
cludente na refutação dos indicios accusadores, de-
monstrando á evidencia não existirem circumstan-
cias ou elementos do crime, o juiz não receber2.,
em despacho fundamentado, a queixa ou a de-
nuncia.
§ 2.0 No caso contl'arÍo, o juiz proseguÍrá no
feito observando para o summario e plenario a
fórma estabelecida pelos artigos 263 e seguintes
até 322.
§ 3.° Dispensar-se-á, porém, para a inquiri-
~ão das testemunhas e para os demais termos do
summario nova citação pessoal si já houver sido
feita para a defesa preliminar de que trata o artigo
443, e o accusado estiver fóra da jurisdicção do juiz.
Em tal caso a citação especial para ouvir jurarem
as testemunhas se fará por pregão em audiencia.
Art. 447. A competencia do juiz de direito
para processar e julgar, segundo a fórma estabe-
lecida neste titulo, os crimes de responsabí1iciade
se extende por connexão aos crimes da competen-
cia do jury, sómente quando estes sejam tambem
commettidos pelos funccionarios. Exceptuam-se
porém o homicídio e a tentativa de homicídio, os
quaes pertencerão sempre á jurísdicção commum
(artigo 40 § 1. O) •
-106 -
TITmOVr

Do processo por crimes da competencia do Tribu-


nal da Relação

CAPITULO I

Da formação da culpa
Art. 448. A aueixa ou denuncia por crime
commum ou de responsabilidade, cujo processo e
julgamento competirem ao Tribunal da Relação,
serão apresentadas ao Presidente, qúe as distri-
buirá si estiverem nos termos dos artigos 15 a 17
ou mandará que a parte ou o Procurador Geral pre-
encham as faltas que houver. .
§ 1.0 A queixa ou denuncia particulares se-
rão distribui das depois de ouvido o Procurador
Geral.
§ 2.° Si a queixa ou denuncia forem contra o.
Presidente dó Estado por crime commum, o Tri-
bunal não procederá por elIas senão depois de re-
ceber o decreto de accusação enviado pela Camara
dos Deputados com o respectivo processo em ori-
ginal.
§ 3.° Distribuida a queixa ou a denuncia, ()
desembargador a quem tocar, mandará por seu
despacho autual-a e citar o accusado para respon-
der por escripto no prazo de 15 dias, e para os de-
mais termos do processo, sob pena de revelia.
§ 4.° A citação se fará nos casos e pela fór-
ma determinada no titulo precedente, artigos 443
e '444.
§ 5.° Com a resposta do accusado ou sem
elIa, o relator ordenará o processo jnquirindo as
testemunhas; procederá a todas as diligencias
necessarias que lhe tenham sido requeridas ou que
elle determinar ex-officio para a êveriguação do
crime e interrogará o réo, si estiver preso ou si q
· -- 107 -

requerer, observando as regras geraes da formàção'


da culpa nos artigos 263 e seguintes.
§ 6.° As testemunhas poderão ser inquiridas
pelo juiz de direito do logar da residencia do cu1- .
pado e, si fôr esse juiz o culpado, pelo da comarca
visinha, feitas as devidas notificações e presente o
réo, si estiver ureso.
§ 7.° Terminado o processo preparatorio,
será o feito relatado por escripto pelo relator e re-
visto pelos dois juizes immediatos, os quaes pode-
rão emendar ou accrescentar o relatorio, si o não
acharem conforme.
§ 8.° A decisão sobre a procedencia ou im-
procedencia da queixa 'ou denuncia compete ao re-
lator e aos dois revisores e será tomada por doís
votos conformes e no dia que o Presidente desi-
gnar, a pedido do ultimo revisor.
Art. 449. Pronunciado ou não o réo, observar-
se-ão, a seguir, as disposições dos artigos 284 e 285
e seguinte/:!.
CAPITULO II
Dos actos preparatorios para o j'lllgamentc
Art. 450. Decretada definitivamente. a pro-
nuncia pela Camara Criminal ou pelas eamaras
Reunidas, mandará o primitivo relator do feito n~­
quella Camara dar vista dos autos ao Proc:mlc1or
Geral para vir com seu libeIlo no prazo de trcs.
dias.
§ 1.0 Si houver parte accusadora, será admit-
tida, si o requerer, a declarar ou a additar o libel-
lo no termo de 48 horas.
§ 2.° No caso de ser a acção privativ.a do of-
fendido (artigo 3) guardar-se-ão as disposições
do artigo 292 §§ 1.0 e 3.° quanto ao offereciménto
do libello e perempção da acção, que será decreta-
da pelo Tribunal, em Camaras Reunidas, depois de
'<1uvido o Procurador Geral, sendo o incidente rela-
tado pelo juiz relator e revisto pelos dois immedia- .
- 108-
tos e no julgamento observadas as àisposições re~
lativas ás appellações criminaes.
Art. 451. Offerecido o libello, com ou sem o
o additamento do accusador particular, será o réo,
esteja preso, afiançado ou solto, notificado para se
defender no prazo que lhe fôr assignado, apresen~
tando contrariedade, documentos e nomeando tes~
temunhas no termo de oito dias que poderá ser
prorogado pelo juiz.
§ 1.0 Para esse fim dar-se-á vista dos autos
em cartorio ao réo ou a seu advogado si a requerer.
§ 2.° Será com a necessaria antecedencia con~
vocada pelo Presidente a sessão do Tribunal em
Camaras Reunidas, intimadas as testemunhas, ci~
tado o réo e a parte accusadora para comparece~
rem no dia e hora designados.
§ 3.° Si o réo estiver ausente em logar não
sabido, sendo o crime afiançavel, a citação se fará
por edital.
§ 4. 0 Ficará sobreestado, porém, o processo, de
pois da pronuncia, na hypothese do § 1.0 do artigo
289.
CAPITULO IH

Do julgamento em Camams Reunidas

Art. 452 . Na sessão do Tribunal em Camaras


Reunidas, presentes o Procurador Geral, a parte
accusadora si houver, o réo e seu advogado, o juiz
relator:
1.0 mandará lêr pelo escrivão a queixa ou de-
nuncia, a resposta do réo, o libello, a contrarieda~
de e os documentos offerecidos;
2.° . procederá á. inquirição das testemu~
nhas que houverem sido nomeadas, as quaes pode~
rão ser reperguntadas pelo Procurador Geral e
pelas partes.
Paragrapho unico. Si esses actos não ficarem
ço~cluidQ~ na mesma assentada, ªElr~q cQntinua~
- lÓ9·-
dos até ao julgamento inclusive em tantas sessões
extraordinarias quantas forem necessarias.
Art. 453. Concluidas as inquirições, o juiz re-
lator na sessão seguinte lerá o seu relatori{) cir-
cumstanciado do processo, relatorio esse que, os
desembargadores, o Procurador Geral e as partes
poderão rectificar ou supprir, si contiver alguma
inexactidão, omissão ou falta de clareza.
Art. 454. Em seguida o relator dará a
palavra ao ministerio publico ou ao accusador pm,~;,
ticular e depois delles ao réo ou a seu advogado
para sustentarem oralmente as suas conclusões.
Art. 455. O prazo, tanto para a accusação
como para a defesa, será de 40 minutos proroga-
veis por mais 20 a juizo do Tribunal.
Art. 456. O ministerio publico, o accusador;
o réo ou o advogado terão li faculdade de replicar
e treplicar, para o que conceder-se-ão a cada um
delles 20 minutos improrogavels.
Art. 457. Terminados os debates, si os des-
embargadores declararem que se acham satisfa-
ctoriamente instruidos, retirar-se-ão da sala o ae-
cusador, o réo, advogados e espectadores e o Presi-
dente recolherá o voto de todos os desembargado-
res presentes e apurará o vencido.
Art. 458. No caso de empate, quer sobre a con-
demnação, quer sobre gráo de pena. prevalecerá a
deci~ão que fôr mais favoravel ao accusado.
Art. 459. A sentença será lançada nos autos
por accordam, assignado por todos os juizes.
Art. 460. Em qualquer phase do processo
até ao dia da sessão em que se fizer a leitura do
relatorio (artigo 453) mas antes da discussão de
que trata o artigo 454, poderá o réo recusar um
juiz e o accusador particular outro sem motiva-
rem a recusa.
Art. 461. Havendo dois ou mais réos ou accu-
sadores, concordarão entre si nas recusações. Si
não houver accordo, decidirá a sorte qual deIles
deve exercer o direito de recusar.
- 110-
TITULO VII

DfJ8 proaessos da competencia do Tribunal Especial


CAPITULO I

Da formação da culpa
Art. 462. A queixa ou denuncia por crime,
cujo processo e julgamento caibam ao Tribunal
Especial, serão apresentados na Secretaria da Re-
lação e, depois de protocolladas, submettidas ao
despacho do Presidente daquelle Tribunal.
Art. 463. O Presidente do Tribunal Especial,
logo que lhe fôr entregue pelo secretario da Rela.-
çãq a queixa ou denuncia, procederá como está de-
terminado no artigo 448 e seus paragraphos.
§ 1.0 A distribuição, porém, de que fala o
§ 4.°, se fará observando-se aiS seguintes regras:
1.0 Si a queixa ou denuncia forem contra
algum desembargador, serão distribuidas a sena-
dor ou deputado. Si couberem a senador, os re,..
spectivos revisores serão um desembargador e um
deputado. Si tocarem a deputado, os revisores se-
rão um desembargador e um senador.
2.° Si a queixa ou denuncia forem contra
sAnador ou- contra deputado, serão distribui das a
desembargador e os revisores, nesse caso, serão um
senador e um deputado.
. § 2. ° A queixa ou denuncia, no caso de se-
rem dadas contra senador ou deputado, só se ad-
mittirão, salvo o disposto no paragrapho seguin-
te, depois de obtida da respectiva Camara a devi-
<la licença, que o autor deve impetrar em petição
instrui da com os documentos necessarios e com o
róI de testemunhas.· .
§ 3.° Não será, porém, precisa essa licença si
tiver havido prisão em flagrante e fôr inafiança-
velo. çrime imputado. 1'i!'esse caso, levado o pro-
cesso'atéa pronuncia exclusive, dever~ o ~Qiz r~
- Ui-
lator remetter os autos á Camara respectiva para
resolver sobre a procedencia da accusação, si o ac-
cusado não optar pelo julgamento immediato~
§ 4.° Si a Camara declarar que não procede a
accusação, em tempo algum será ella renovada.
§ 5.° Si .fôr declarada procedente a accusa-
ção, sendo o processo com o respectivo decreto de-
volvido ao Presidente do Tríbunal Especial, serão
os autos conclusos ao relator que procederá na fór-
ma indicada no § 7.° do artigo 448, seguindo-se no
julgamento a regra estabelecida pelo paragrapho
8. ° do mesmo artigo e observada a disposição do
artigo 449.
CAPITULO II

Do julgamento plenario

Art. 464. Tendo passado em julgado a pronun-


cia, seguirá o processo a fórma estatuida nos arti-
gos 450 e 451 quanto ao offerecimento do libello e
termos subsequentes.
Art. 465. Na sessão do Tribunal em que
deve realizar-se o julgamento observar-se-á o que
está determina~o nos artigos 542 a 461.

TITULO VIII

Do processo de reforma de autos perdidos ou ex-


traviados

Art. 466. Quando os autos originaes de qual-


quer proce3SO penal se extraviarem ou forem des-
truidos em primeira ou segunda instancia, proce-
der-se-á do seguinte modo:
1.0 si existir e fôr exhibida copia authenti-
ca ou certidão do processo ou da sentença passada
- 112-
em julgado, será uma ou outra considerada contó
original.
2.° no caso contrario far-se-á, a requerimen-
to da parte ou do ministerio publico, a reforma dos
autos no juizo competente.
§ 3.° servirão no processo, sempre que possí-
vel, os mesmos juizes e escrivão que funccionaram
no feito extraviado.
§ 4.° reunir-se-ão as provas ainda existentes
sobre o facto criminoso c sua autoria.
Art. 467. O juiz, no correr do processo da re-
forma, requisitará do gabinete de identificação,
onde houver, os esclarecimentos sobre o delinquen-
te e sobre o delicto, podendo as partes e o ministe-
rio publico produzir testemunhas e documentos pa-
ra provar a preexistencia e o teor do processo des-
apparecido bem como o facto delictuoso.
Art. 468. Colhidos esses esclarecimentos, se-
rão os autos conclusos ao juiz que dará a sua deci-
são, julgando ou não restaurado o feito, com re-
curso voluntario.
Art. 469. Si o julgamento fôr positivo, os au-
tos assim restaurados substituirão os originaes
com os mesmos effeitos juridicos.
Prevalecerão em todo caso os originaes desde
que appareçam.
Art. 470. Até que se julguem restaurados os
autos perdidos, extraviados ou destruidos, conti-
nuará a produzir effeito a sentença condemnato-
ria em execução, quando con8tar da respectiva
guia archivada na cadeia ou penitenciaria, onde es-
tiver o réo cumprindo a pena.
Art. 471. Além da responsabilidade criminal
serão condemnados nas custas em dobro do proces-
so da restauração os culpados do extravio, perda
ou destruição.
LJV~P IV
Das nullidades e .dos 1'ecursos
TITULO I
Das nullidades
Art. 472. São nullos os actos decisorios:
§ 1.0 Proferidos por juiz incompetente, im-
pedido, suspeito ou subornado. Annullada a deci-
são por incompetencia do juiz, será o processo re-
mettido ao juiz competente para nelle proseguír.
§ 2.° Offensivos da cousa julgada.
§ 3.° Quando dados contra literal àisposi-
ção da lei em these.
§ 4.° Quando forem inquinados do vicio de
falsidade.
* 5.° Quando proferidos em processo nulIo.
§ 6. ° Quando, sendo definitivos ou interlocu-
torios com força de definitivos, não estiverem fun-
damentados.
Art. 473. São nullos os proceSBOS nos seguin-
tes casos:
§ ~.o Dl;! ser o queixoso ou denunciante parte
illegitima.
§ 2.° De não ser o juiz que os iniciou ex-o/ti-
cio autorizado para o fazer na especie de que se
-tratar.
, ... ~ 3.° Sendo onrlttidQ, QU sendo nullo algum
t~nn.q QlJ. ~cfQ ~.ss.encü;tI, P.u 31g1,1ma formalidade
-que a lei considere indispensavel á validade do aeto.
c. P. P. 8
- 114-
Art. 474. São formulas ou termos essenciaes
do processo:
§ 1.0 A queixa ou denuncia revestidas da&
formalidades legaes (artigos 15 a 17) salvo o caso-
do procedimento ex-officio.
§ 2.0 O exame do corpo de delicto nos crime&
que deixam vestigios.
§ 3.0 A citação do réo para se vêr processar-
e o seu interrogatorio quando presente.
§ 4.0 A nomeação de curador ao téo menor-
de 21 annos ou ao réo maior na hypothese dos ar-
tigos 314 e 357.
§ 5.0 A inquirição de testemunhas em nume-
1'0 lezal, salvo os casos em que a lei considerar fa-·
cultativa essa prova.
§ 6.0 A sentença de pronuncia ou não pronun-
cia, salvo os casos dos processos especiaes em que:
não tem logar esse termo.
§ 7." O recurso eX-ofheio nos casos em que:
a 'lei o tenha estabelecido. .
§ 8.° A intimação àas sentençab e despachos
de que caiba recurso.
§ 9.° Todos os prazos e termos destinados á.
defesa.
~ 10. 0 O libello nos casos em que tenha logar ..
§ 11. 0 A entrega com a antecedencia legal da
copia do libeIlo, dos documentos que o instruirem,
do róI das testemunhas ao réo e ao seu curador e-
d2, notificação a estes do que dispõem os artigos
301 e 302 nos processos da competencia do jury e-.
naquelles de que tratam os capitulos IIi" Livro lI,
Titulo VII do Livro 3.°, salvo o caso em que o réo i ·
podendo ser julgado á revelia, não Se apresentar a
receber essa copia.
§ 12. 0 A intimação pessoal do réo -para a asi.
sentada do julgamento e a sua presença nessa as-:-
:$entada, quando a lei não permittir o julgamento á.
r.evelia. ~ .
'")
- 115-
§ 13. 0 A intimação das testemunhas arrola-
das no libello ou na contrariedade e residentes no
districto da culpa.
§ 14. 0 O sorteio e a presença de jurados em
numero legal.
§ 15.0 A constituição <.10 conselho, seu jura-
,mento ou compromisso e incommunicabilidade.
§ 16.0 A accusação e a defesa na sessão ou
audiencia do julgamento, realizada esta no dia
aprazado para o comparecimento do réo.
§ 17.0 Os quesitos e as respostas nos proCês-
80S da competencia do jury.
§ 18.0 A sentença.
§ 19.0 A acta da sessão do julgamento, assi-
gnada pelo juiz.
§ 20. 0 A acta de que trata o art. 411 n. 10
nos processos em que ella tem logar.
Art. 475. E' ainda motivo de nullidade do
julgamento pelo jury a deficiencia dos quesitos ou
das respostas ,e contra dicção nestas.
Art. 476. A nullidade não póde ser pronun-
ciada contra aquelle em cuja garantia tiver sido
institui da. a formalidade omittida ou prejudicada.
Paragrapho uníco. Outrosim, não póde ~er
pronunciadaquandu não houver prejuizo de ne-
nhuma das partes, ou quando a falta tiver sido sup-
prida proveitosamente no correr da acção.
Art. 477. As nullidades de que tratam os ar-
tigos precedentes podem ser allegadas em qual-
quer tempo ou inl;tancia; annullam o processo des-
de o termo em qüe se deram quanto aos actos rela-
tivos; dependeue,es e consequentes.
Art. 478. Quando o jury desclassificar o de-
licto, de maneira que o julgamento venha a ser.
segundo a lei, da competencia do juiz singular, o
processo não será declarado nullo: - o presidente
,do mesmo tribunal dará a sentença.
_ Paragraphc unico. ,Nos casos da competen-
da do juiz de direito, si os elementos que a inves-
tigação judicial revelarem depois de offerecida ?
- 116-
queixa ou denuncia, mudarem a natu~eza ou ~ mo-
dalidade do crime, de modo que, por .ISSO,
. . . a. .forma
seguida venha a tornar-se impropna"o J UlZ nao
-
deCretará a nullidade da acção, mas dara a senten:-
ça que no caso couber, supprin?o antes a. falta que
a impropriedade do processo tIver occ;:tslOnado.
TITULO II
Dos recursos em geral
CAPITULO I
Das disposições gemes
Art. 479. Das decisões, despschos e senten-
cas nas causas penaes dão-se os seguintes recursos:
~ 1.° recurso propriamente dito;
2.° appellação;
3.° protesto por novo julgamento;
4. ° embargos a accordam;
5.° reVlsao;
Art. 480. Os recursos, em regra, são volunta-
Tios. Exceptuam-se os seguintes casos em que de~
verão ser interpostos ex-officio pelo juiz:
a) das sentenças que concederem habeab-
'corpus.
b) das que julgarem provada alguma j ustifi-
cativa ou dirimente nos termos do artigo 288.
c) das decisões de pronuncia ou impronull-
da proferidas pelos juizes municipaes;
d) das em que o juiz ou presidente do tribu-
nal do jury haja concedido a suspensão condicional
da pena. ' , , '
. Art. 481. Não ficam prejudicados os recur-
sos interposto~ pe~,;:ts partes, pelo ministerio publi.
co ou ex-offic'LO quando por erro, falta ou omissão
üos fu:nccion.a;r~C?s #~q' tivererr- seguírnel1to e;:tpre-
~e:n~~ão ~~ ~e~p'() ~ ~e;r~o tpq.avia resp'onsa!?ilizª-
dos os funccionarios desidiosos ou omissos. . '
- 117 -

Art. 482. O ministerio publico não poderá


desistir de qualquer recurso que houver interposto.
Art. 483. O prazo para a interposição de
qualquer recurso voluntario, salvo o de revisão,
contar-se-á do dia da publicação da sentença, de-
cisão ou despacho em audiencia ou sessão, si o re-
corrente a ella estiver presente, ou da intimacão
que na fórma legal lhe fôr feita, a elle ou a ;eu
procurador.
Paragrapho unico. Em qualquer tempo é per-
mittido aos réos definitivamente condemnados re-
querer a revisão do seu processo.
Art. 484. A interposição far-se-á perante o
juiz que proferiu a sentença, decisão ou despacho
ou facultativamente perante o juiz municipal quan-
do se tratar de appellação.
Art. 485. Os recursos podem ser interpostos:
a) por despacho do juiz e termo nos autos;
b) na audiencia do juiz ou na sessão do
jury, assignado pela parte o respectivo termo ou a
acta dentro do prazo legal;
c) no cartorio por termo nos autos, assigna-
do neste caso pela parte e por duas testemunhas.
Paragrapho unico. Independe de termo a op-
posição d3 embargos a accordam.
Art. 486. Os recursos em geral podem ser in-
terpostos pela propria parte ou por seus procura-
dores, devendo o recorrente declarar sempre a au-
toridade para quem recorre.
Art: 487. Subiri:tQ nos proprios autos inde-
pendentemente de traslado os recursos estricta-
mente taes:
a) quando interpostos ex-officia.
b) nos casos do artigo 489, numeros 1, 2,
3, 8, 9, 10 e 11.
c) sempre que o recurso nãn embaraçar o
andamento do processo.
Paragrapho unico. O recurso voluntario de
pronuncia, porém, subirá em apartado quando, ha-
vendo no processo dois ou mais ré os, algum delles,
- 118-
'se conformar com a sentença e requerer o prepato
immediato para o julgamento.
Art. 488. Quando o juiz interpuzer o recurso
· ex-officio, assim o declarará no fim da sua deci-
são e ordenará ao p.scrivão que immediatamen~
· remetta os autos ao juiz ou tribunal ad qzwm.
Paragrapho unico. No caso porém de recur-
so ex-officio de pronuncia ou impronuncia a re-
messa se fará nepois de findo o quinquirJio rle que
fala o artigo 289.
CAPITULO 11
Dos recursos propriamente dito.c;
SECÇÃO I
Dos casos em que têm lagar
Art. 489. Dar-se-á o recurso no sentido es-
tricto da decisão, despacho ou sentença:
1." pela qual o juiz se julgue incompetente;
2." que declarar improcedente o exame de
eorpo de delicto;
3.° que não reC'eber a qupixa ou denuncia;
4.° que conceder, denegar, cassar ou arbi-
· traI' fiança;
5.° que julgar quebrada a fiança ou perdI-
ria a quantia afiançada;
6.° sobre lançamentos do direito de prose-
guír na accusação;
7.° que decidir contra a prescripção alle-
gadn;
8.° que julgar 'provada alguma dirimente ou
justificativa no caso do artigo 288;
9.° que pronunciar ou não o réo;
10. ° pela qual o juiz de direito confirmar ou
não a pronuncia do jUiz municipal;
11.° que conceder ou negar a ordem de ha-
, beas-corpus ;
-. 119 -

12. 0 que denegar a pl'isão preventiva;


.' ] 3. o que conceder, revogar ou denegar a
.suspensão condicional da execução;
14.0 que não receber ou mandar reformar o
libello por não estar feito de accordo com a lei'
. 15.0 que impuzer multa ou outra pena (Íis-
·ciplinar;
. 16. 0 que commutar a multa em prisão:
17. 0 que incluir jurados na lista geral ou
· -os excluir della;
18. 0 pela qual o juiz de direito indeferir ou
· deferir o requerimento do réo para ser julgado em
-outro termo (artigo 36) ;
19.0 pela qual se indeferir o requerimento da
parte offendida nos casos do artigo 323 do Codigo
Penal;
20. 0 pela qual se obrigar alguem a asssignar
termo de bem viver ou de segurança;
21. 0 da decisão favoravel ao accusado no
processo para assümar termo de segurança, quan-
<lo iniciado por queixa.
SECÇÃO II
Do tempo e fórma da. interposição. Df) seguimento
e dos effeitos do recurso
Art. 490" O recurso voluntario Berá inter-
posto no prazo de cinco dias, especificando a par-
te, no respectivo termo ou em requerimento avuI-
. ;so, as peças dos autos de que pretender traslado
,<!uando haja o recurso de subiI: por instrumento.
§ 1.0 O juiz mandará que se tirem os trasla-
-dos pedidos, no prazo de tres dias. .
§ 2.0 Da interposição intimar-se-á o Minis-
terio Publico ou o recorrido, mas si este fôr o réo,
· .a intimaçãc;> só se lhe fará si estiver preso, ou si o
crime fôr afiançavel. .
Art. 491. O recorrente deve, dentro dos cin-
'Co dias seguintes ao da interposição, offerecer
suas razões e documentos para serem ajuntados
- 120-
aos r..utos si o recurso não tiver de subir em apar-
tadu.
Paragrapho uni co . Si o recurso, porém, tiver
de subir em mstrumento, o prazo deste artigo co-
meçará a correr do dia em que o escrivão, extra-
hido e autuado o traslado, o fizer com vista ao re-
corrente para vir com suas razões e documentos o

Art. 492. Si no curso do prazo concedido ao


recorrente, o recorrido pedir vista dos autos ou do
instrumento, ser-Ihe-á concedida por 5 dias, conta-
dos daquelle em que findarem os do recouente.
Art .493. Com a resposta do r~corrido ou
sem el1a, será o recurso concluso ao juiz a quo para,
dentro em 5 dias, reformar o seu despacho ou
sustental-o devendo em qualquer dos casos dar as.
razões da sua deliberação, que instruirá com o::;
traslados que julgar convenientes.
Art. 494. Si o juiz a quo reformar o despa-
cho recorrido, é licito á parte contraria, a seu tur-
no, recorrer da nova decisão, a qual nào podera
ser mais reformada pelo juiz.
Art. 495. Quando fôr materialmente impos-
sivel ao escrivão extrahir os traslados dentro do
prazo do artigo 490, poderá o juiz ampli"al-o até o
dobro.
Al't. 496. Do instrumento do recurso devem
con8tar necessariamente as seguintes peças:
a) a decisão recorrida;
b) a certidão de sua intimação, si por outra
fórma não fôr possivel verificar-se a opportuni-
dade do recurso;
c) o termo de interposição.
Art. 497. Não se tomará conhecimento do re-
curso a que faltar qualquer dessas peças, si se tra-
tar de àcção penal privativa do offendidb. Sendo
porém b caso de acção publica, o juiz ou tribunal
ad que11'? mandará ex-officio supprir a fàlta.
Art. 498. Os recursos serão apresentados no
juizo ad quem dentro dos cinco dias seguintes ao
- 121 -
da publicação da resposta do juiz a quo ou entre-
gues ao correio dentro do mesmo prazo.
Art. 499. ,:Publicada a decisão do juiz ou tr.t-
];i.iliCil ad quem, os autos respectivos devem torn<!.l'
~tO juizo a quo dentro dos 5 dias seguintes.
Art. 500. O recurso incidente não interrom-
pe em regra o andamento da causa principal.
Suspende porém os effeitos da decisão recorrida,
sendo interposto:
a) da decisão que impuzer multa;
b) da que converter multa em prisão;
c) da, que decretar a suspensão da execução
da pena. .
Art. 501. O recurso, interposto do despacho
da prol1uncia, suspende-lhe todos os effeito:;, me-
nos o que obriga o réo á prisão nos crimes inafian-
çaveis.
Todavia si a pronuncia fôr de juiz de direito,
a nova classificação do delicto por elle estabeleci-
da sortirá desde logo effeito no que toca á fiança.
O recurso de nã,o pronuncia quando proferido pelo
juiz municipal suspende nos crimes inafiançaveis
a immediata soltura do réo.
Art. 502. O recurso da decisão que julga que-
brada a fiança suspende apenas a devolução do re-
spectivo valQr aos cofres publicos.
Art. 503. O recurso de que trata o art. 489
n. 19 terá cabimento no caso em que a parte, em-
bora tenha requerido a tempo, não haja obtido do
. juiz de primeira instancia a providencia faculta-
da pelo artigo 323 do C. Penal.
§ 1.0 Este recurso será interposto por simples
petição, dentro do prazo taxado pelo artig-o 490 e
subirá ao juiz ou tribunal ad quem quando os au-
tos principaes houverem de subir em virtude de
outro qualquer recurso.
§ 2.° Subirá porém o recurso isoladamente,
nos proprios autos, sem mais allegações, s~ d~ sen-
tença que julgar a causa nenhum outro for mter-
posto. .
- 122-
Art, 504, O recurso de que trata o artigo
489 n, 15 será interposto na fórma determinada
pelo artigo 228 da lei n, 912, de 23 de setembro de
1925,
SECÇÃO III

Do julgamento dos 1'ecursos na Carnara Criminal


da Relação
Art, 505, Logo que der entrada no Tribunal
algum dos recursos indiyiduados neste capitulo, o
secretario o fará concluso ao Presidente, que o dis-
tribuirá ao desembargador a quem tocar,
Art, 506, Distribuido o recurso, será conclu-
o so ao relator e a elle entregue dentro de 24 horas
· por carga no portocollo,
Art, 507, O relator terá o prazo de 10 dias
para examinar os autos que, em seguida, serão re-
· vistos pelos dois desembargadores immediatos,
tendo cada um delles para isso o Dl"azo de 5 dias,
Art, 508, Apresentados OR autos em mesa
pelo segundo revisor, lido o relatorio, ou exposta
e discutida a materia, será o feito julgado, toman-
do-~e a decisão por maioria de votos da turma.
Art. 509, Conforme o vencido, se lançará nos
autos a sentença do Tribunal por accordam que
será lido na sessão seguinte e assignado pelo Pre-
sidente, pelo relator e revisores.
Art, 510, O accordam será redigido pelo re-
lator, salvo si fôr vencido ou ficar impossibilitado
de escrever, casos em que o substituirá nessa ta-
refa o primeiro revisor.
Art. 511, Para os fins do artigo anteceden-
te será permittido ao relator, effectivo ou even-
tual, levar os autos para os apresentar na confe-
rencia seguinte com o accordam escripto.
Paragràpho unico. Egual direito assiste ao
· juiz vencido ou ao outro vencedor para lancarem
· nos autos o seu voto divergente na conclusão ou
discrepante nos fundamentos.
- 123-

Art. 512. Si na conferencia em qu~ fór lido


o accordam faltar algum dos juizes que tomaram
parte no julgamento, o relator supprir-lhe-á a as-
signatura declarando-lhe o nome e o sentido do
· vuto, vencido ou vencedor. Outrosim, quando nào
estejam presentes o Presidente e o Procurador Ge-
ral; declarará quem ioi um e outro.
Art. 513. Na vccasião da assignatura do ac-
cordam nâo é licito alterar-se a decisão proferida,
ainda quando se reconheça ter havido engano, fi-
cando ás partes salvo o recurso legal.
Art. 514. As duvidas que surgi::.-em sobre a
redacção do accordam serão resolvidas pelo voto
da maioria, podendo os juizes divergentes resai-
var a sua opinião.
Art. 515. Os juizes do recurso poderão, com
a resalva estabelecida no artigo 497, ordenar, ex-
officia ou a requerimento do ministerio publico,
as diligencias necessarias para a rectificação do
· processo ou maior esclarecimento dos factos e de
suas circumstancias, devolvendo os autos ao juiz
de primeira instancia que a tiver de cumprir.
Art. 516. Os autos do recurso, depois de re-
gistradas as respectivas decisões, serão devol-
vidos.
SECÇÃO IV

Do recurso de pronuncia ou imp1'onuncia; seu pro-


cesso e julgamento na Camara Criminal ou
em Camaras Reunidas

Art. 517. Em caso de pronuncia ou não pro-


· nuncia, proferida pela Camara Criminal, o recur-
· so será requerido ao relator pela parte ou pelo
Procurador Geral no· prazo de cinco dias.
Art. 518. Apresentado o requerimento den-
tro desse prazo, o relator mandará tomar o recur-
- 124 -

so por termo nos autos, e abrir vista ao recorren-


te para vir com suas razões e documentos dentro
de cinco dias.
Art. 519. Si no curso desse prazo o recorri-
do pedir vist[~, ser-lhe-3 concedida por outros tan-
tos dias a partir do em que o recorrente devolver
os autos a cartorio.
Art. &20. O Procurador Geral será sempre
ouvido air,da quando não tenha o recorrente offe-
recido ra'tões e documentos.
AI t.. 521. Em seguida, serão os autos conclu-
s::>s ao relator na fórma do artigo 506, procedendQ-
se dahi por de ante como determinam os artigos
508 e seguintes, observadas as regras dos artigos
513 e seguintes.
Art. 522. Confirmada a decisão, serão os an-
tos apresentados ao Presidente do Tribunal que os.
d.istribuirá ao desembargador a quem tocarem em
Cam::.tl'a::; Reunidas.
§ 1." São inhibidos de funccionar no proces-
so e julgamento do recur.so os juizes da turma que
houver proferido o accordam.
§ 2.° Em Camaras Reunidas, ouvido o Pro-
(!urador Geral, e observando-se quanto aos prazos
para o relato rio e revisão o disposto no artigo 507.
proceder-se-á pela fórma ordenada para o julga-
men1:o das appellações criminaes.
§ 3.° Publicado o accordam confirmando ou
modificando a pronuncia, serão os autos conclusos
ao primitivo relator na eamara Criminal, para
proseguir nos termos do artigo 450 e seguintes.
Art. 523. Si, tom~mdo conhecimento do re--
curso, a Camara Criminal reformar a decisão re-
corrida, é facultado á parte contraria recorrer da
nova decisão, a qual não poderá ser mais reforma·
da por essa Camara.
- 125-
CAPITULO III
Da appellação
[Ja i nt f3rppsição, do recebimento, .effeitos e segu.i,,:
mentos
SECÇÃO I
Art .621. A appellação necessaria é 3 que o
juiz interpõe ex-offiCio nos casos expressos na lei,
e voluntaria a que fica ao arbítrio das partes Oli
do ministerio publico.
Art. 525. A appellação necessa-.:-ia, o jui?: a
interpõe declarando-u no fim da sua decisão e 01'-
delJando ao escrivão que immediatamente l'cmet-
ta os autos ao Tribunal a quem competir,
J:>nragraphú unico, Esta appellação só te;'"
cabimento no easo de que trata o artigo 288.
Art. 526. CaLe appellação voluntaria:
1.0 das sentencas definitivas ou interlocuto-
rias cQm força de &~finitivas proferidas pelos jui-
zes de direito nos casos em que lhes compete haver
por findo o processo,
2.° das sentenças definitivas da eondemna-
ção ou absolvição nos crimes de responsabilidade,
de fallencia, nas contravenções, infracções de pos-
turas, de termo de bem viver e segurança e em
outros, cujo julgamento lhes pertence,
3.° das sentenças proferidas sobre decisõe~
do jury nos seguintes casos:
a) quando contrarias ao que decidir o conse-
1ho de sentença;
b )quandq !lo jul~amento ou no processo ti-
vererp sido preteridos formulas ou temlOS cssen-
ciaes; .
c) .quando as de,cisões do jury forem mani-
festamente contrarias á evidencia do,;; autos.
4rt '. fj~7: A~' apr,ella~õ~sv?!~nta~iils. se~ão
illterpostfJ,spcla parte ou ):leLo Il}mlst~!l9 p'ublIco
por quafquer' dos inÓdos 'especificados no artigo
-126-
485 dentro em oito dias contados na fórma do ar-
tigo 483.
Art. 528. O effeito da appellação da senten~
ça condemnatoria é sempre suspensivo salvo o dis-
posto no artigo 409 § 2.° do Cod. Penal e no artigo
ti17 deste Codigo.
Art. 529. A appellação da sentença absoluto-
ria nos crimes de competencia do jury não impedi-
rá que o réo seja posto em lIberdade, salvo, quan-
do interposta dentro de 48 horas, si a accusação
tiver versado sobre crime cuja pena, no gráo ma-
ximo, seja egua! ou superior a 20 annos de prisão
e não tiver sido unanime a decisão do jury.
§ 1.'" Si a appellação nã,o fôr interposta no
prazo de 48 horas, ainda que a decisão do jury no
caso deste artigo não seja unanime, pôr-se-ão em
liberdade os réos, logo que termine esse prazo.
§ 2.° Quando a accusação versar sobre cri-
mes cuja pena no gráo maximo não attingir o li-
mite de tempo indicado neste artigo, os réos serão
postos em liberdade immediatamente depois de
publicada a sentença absolutoria.
Art. 530. Para determinar os effeitos da
appeJIação nos casos do artigo antecedente, ter-
se-á em vista o despacho de pronuncia definitiva.
Art. 531. Verificada a hypothese resalvada
no primeiro inciso do artigo 529, ficará suspenso
o effeito liberatorio da absolvição, e o réo conser-
vado na cadeia até a decisão do Tribunal Superior.
Art. 532. As appellações interpostas das sen-
tencas absolutorias definitivas ou com forca de de-
fin{tivas proferidas pelos juizes de direito' nos cri-
mes de sua competencia (artigos 322,.411 § 11,
413 § 1~, 438) terão effeito simplesmente devolu-
tivo. Exceptuam-se dessa regi'a as appellações
nos processos de f&.llencia, as quaes serao sempre
recebidas nos effejtos regulares, sejam de senten-
ça ab~olutoriH ou ile condemnatoria ..
Art, 533. .O réo solto não poderá appellar
~e~ se r~c~Jhe! á· prisão ou sem prestar f~a?1ça 11:08
- 127--
crimes afiançaveis, salvo si o caso é daquelles em
que o réo se livra solto, ou em que esteja garanti-,
do por habeas-corpus contra os effeitos da conde-
mnação.· .
Art. 534. No caso de pena pecuniaria o réo
que quizer appellar deverá depositar previamente
a importancia da condemnação.
Art. 535. Interposta a appellação, si o ap ...
pellante houver declarado, na petição ou no termo,
que deseja arrazoar na superior instancia, serão
os autos, sem demora, depois de trasladados, re ...
mettidos ao Tribunal ad quem. Não havendo essa
declaração, o escrivão dará vista ao appellante e
depois delle ao appellado por 10 dias a cada um.
Paragrapho uniço. Si a acção fôr movida por
queixa terá tambem vista o ministerio publico por
5 dias.
Art. 536. Quando forem dois ou mais v3 ap-
pellantes ou os appellados, o prazo será distribui ...
do entre elles.
Findo o prazo, o escrivão cobrará os autos e
os remetterá com razõe$ ou sem ellas á instancla
superior.
Art. 537. A appellação subirá nos proprios
. autoR, salvo si houver mais de um réo e algum.
ddles ainda não tiver 3ido julgado. Neste caso
subirá o traslado que deverá ser extrahido no pra-
zo maximo de 60 dias.
Paragrapho linico. O traslado que tiver de fi-
car em cartorio, quando subirem os autos origi-
naes, será sómente dos termos essenciaes do pro.,j
cesso. esoecificados no artigo 474.
Art ~ 538. Oi'; autos devem ser apresentados
na Secretaria do Tribunal dentro de quatro mezes;
respondendo pela demora o funccionario que lhe
der causa.
Paragrapho unico. Ao escrivãoresponsaveI
pela demora será imposta pela Camara Criminalj
ao tomar conhecimento. da appellação, a multa cor..
respondente a ,dois mezes de vencimentos.
128

o Presidente do Tribunal fará immediata


communicação desse acto ao Secretario das Finan-
ças pa~'a os devidos effeitos.
Art. 539. Si o réo condemnado fugir da ca-
deia depois de haver appellado, a appellação não
subirá, ou, si já tiver subido, não terá seguimento
na instancia superior emquanto não volver o ap-
pellante á prisão.
SECÇÃO II

Do julgamento da appe-Uação na Camara CTiminal


Art. 540. Apresentados os autos da appella-
ção criminal na Secretaria do Tribunal, serão lo-
go conclusos ao Presidente para os distribuir.
Art. 541. Si as partes não ti verem arrazoa-
do na primeira instancia, o relator mandará dar
vista a cada uma dellas, por 10 dias, observados os
dispositivos dos artigos 535 e 536.
Paragrapho unico. Findo o prazo, serão os
autos cobrados com razõ~ ou sem ellas e conti-
nuados com vista ao Procurador Geral.
Art. 542. Tornando os autos ao cartorio, su-
birão de novo conclusos ao juiz relator para os
apresentar em conferencia com o seu relatorio es-
cripto e passaI-os ao desembargador que se lhe se-
guir, o qual, a seu turno, os passará ao seguinte:
§ 1.0 Si o relator assim o entender, poderá
escusar-se do relato rio escripto, promettelldo fa-
zer a exposição .oral da especie e prestar os escla-
recimentos necessarios ao julgamento na sessão
em ql,l,e este tiver de realiz.ar-se.
§ 2.° Os desembargadores que, em seguid~
ao relator, examinarem os autos, lançarão l1.estes
a nota de ."vistos" e ~ declaração de "terem, ou n~o,
~n~(;lo cp~f.Qrmee s-gf;ficiente o relatorio escripto
iazendo.,.lhe. :Q.esse ultimo caso, a rectlficação e ac-
crescimos ,que .entendeXem convenientes. .
- ]29-
§ 3.° O terceiro juiz que tiver visto o pro~
cesso, apresental-o-á em mesa pedindo ao Presi.
dente a designação de dia para o julgamento.
Art. 543. No dia designado, "exposta e discu...
tida a materia por todos os desembargadores pre-
sentes, decidir-se-á por maioria de votos.
§ 1.0 Conforme o vencido lançar-se-á nos
.autos por accordam a sentença do Tribunal, es-
cripta pelo relator, salvo o disposto no artigo 510
e observadas as disposições dos artigos 511 e 514.
§ 2.° Havendo empate na votação, prevalece~
rá a decisão mais favoravel ao réo.
§ 3.° Si sómente o réo tiver appellado, não
se lhe poderá na decisão aggravar a pena.
Art. 544. Provendo a appe1lação que fôr in;.
terposta da sentença do jury -com fundamento no
artigo 526 n. 3, letra c, o Tribunal mandará
que o réo seja submettido a novo julgamento;
não se admittirá, porém, segunda appellação
com o mesmo fundamento.
-(;ença para condemnar ou absolver o réo de ac-
cordo com a decisão dq conselho.
N o caso da letra b declarará nulla a senten~
ça e mandará renovar o processo a partir da nul~
lidade verificada.
Art. 546. Para o exame e- relatorio da appel-
_ lação, o juiz I;elator terá o prazo de 40 dias _e para
a revisão, cada um dos revisores o de 20 dias, po-
dendo este e aquelle prazo trl0rogar-se por outro
tanto quando a affluencia extraordinaria de ser-
viço impedir que os juizes operem dentro delles.
Art. 547. A nullidade do processo só pode~
rá decretar~se em virtude de appellação nosca-
- -sos prescriptos no livro IY,'l'it. 1.
CAPITULO IV
Do protesto por novo julgamento
Art. -548. O protesto por !lOVO julgamento
: ,ê- privativó" dó" âccusadb e sê"l'hê cotfcédepór uma
c. P. P. 9
- 130 -
só vez quando a sentença condemnatoria fôr de
prisão por 20 ou mais annos.
Art. 549. O protesto invalida outro qual-
quer recurso que tenha sido interposto e deverá
ser feito verbalmente pelo proprio réo óu seu de-
fensor em seguida á leitura da sentença, ou por
petição dentro dos oito dias seguintes. Em qual-
quer dos casos será tomado por termo nos autos.
Paragrapho unico. O protesto, porém, não
impedirá a interposição da appellação quando, pe-
la mesma sentença J o réo tenha sido condemnado
por outro crime em que não caiba aquelle recurso.
A appellação, entretanto, ficará suspensa até
nova decisão provocada pelo protesto.
Art. 550. No novo jury a que o réo compa-
recer em virtude do protesto não poderá servir
nenhum dos jurados do primeiro.

CAPITULO V

Dos embargos

Art. 551. A's sentenças terminativas dadas


em causas da competencia originaria do Tribu-
nal da Relação, podem ser oppüstos embargos só-
mente uma vez.
Art. 552. A parte que pretender embargar
o accordam requererá vista ao relator e virá com
seus artigos dentro do termo de cinco dias conta-
dos da intimação.
§ 1.0 Dos embargos mandará o relator dar
vista por 10 dias ao embargado e depois delle,
por egual prazo ao embargante para, respectiva-
mente, impugnaI-os e sustentaI-os, e em seguida
ao Procurador Geral.
§ 2. 0 Terminada a discussão, serão os autos
conclusos ao relator e seguir-se-á, no que fôr ad-
equado, a fôrma do processo estabelecida para as
appellações nos artigos 542 e seguintes, sendo
- 131 -

porém, revisto o feito por todos os JUIzes das


duas Camaras a começar pelos da Criminal.
§ 3. 0 O prazo para o relatorio e revisão dos
autos é o de 10 dias para cada um dos juizes.
§ 4. 0 O ultimo revisor apresentará o pro-
cesso em mesa e pedirá dia para o julgamento.

CAPITULO VI
Da Revisão
Art. 553. Em favor do réo condemnado por
sentença, passada em julgado, da justiça do Es-
tado, póde ser requerida a revisão do processo.
Art. 554. A revisão é da exclusiva compe-
tencia do Supremo Tribunal Federal e regulad~
por lei da União. Póde ser requerida pelo conde-
mnado, por qualquer do. povo ou pelo Procurador
da Republica. .

.-
LIVRO V
Da execução de sentença

TITULO I

Das disposições geraes

Art. 555. A execução da sentença compete


ao juiz que a deu, salvo quando houver juiz espe-
cial para as execuções.
Art. 556. Ao juiz da execução cabe resolver
as questões referentes ao cumprimento da pena.
Art. 557. Sempre que o réo, pendente a ap-
peIlação que tenha interposto, houver completado
o tempo de prisão a que foi condemnado, o juiz da
execução ou o do recurso mandará pol-o immedia-
tamente em liberdade sem prejuizo da mesma ap-
pellação. Si, porém, a parte accusadora ou. o mi-
nisterio publico houverem tambem appellado da
sentença condemnatoria, o réo só será posto em li-
berdade si houver completado o tempo da pena pe-
dida pela accusação.
Art. 558. No Tribunal da Relação incumbe
ao relator, independentemente de deliberação da
Camara, expedir a ordem de soltura de que trata
o artigo antecedente nos casos nelle figurados.
Art. 559. Si ã condemnação sobreVier loucu..
Ta do condemnado, este só entrará no ~umprimen­
to da pena quando recuperar a integridade de suas
faculdades mentaes.
134 -

§ 1. o Si a loucura occorrer durante a execu-


ção da pena, esta ficará suspensa emquanto durar
a enfermidade, sendo, porém, o condemnado reco-
lhido a manicomio official.
§ 2. o O tempo da enfermidade não se computa-
rá na execução.
Art. 560. O condemnado a mais de uma pena
restrictiva da liberdade, soffrerá uma depois da
outra, e haver-se-ão todas por cumpridas logo
que sejam completados trinta annos.
Art. 561. Sj ao condemnado fôr applicada,
além da pena de prisão, a de privação do exerci cio
de alguma arte ou profissão, ou a de suspensão de
emprego, o juiz da execução providenciará para
que seja cumprida a pena adjecta, depois de satis-
feita a corporal.
Art. 562. Si ao condemnado fôr applicada
a perda ou suspensão do emprego, o juiz da execu-
ção, logo que a sentença transitar em julgado, de-
terminará que lhe seja intimado o dispositivo da
sentença e communicará o facto ao superior hie-
rarchico do condemnado ou á autoridade compe-
tente para fiscalizar-lhe o exercicio do emprego.
Art. 563. Em ca~o de suspensão de emprego
ficará o condemnado, durante o tempo indicado na
sentença, privado não só do respectivo exercicio,
bem como de outra qualquer funcção publica. No
caso de perda de emprego, deixal-o-á immediata-
mente e definitivamente. Essa pena importa na
perda de todas as vantagens e predicamentos liga·
dos ao emprego.
Art. 564. A prisão preventiva, si bem que se
não considere pena, será computada na pena legal,

TITULO II
Do modo de execução da pena de prisão
Art. 565. As penas de prisão serão cumpri-
das em qualquer das cadeias ou estabelecimentos
-135-
penitenciarios do Estado, ainda mesmo fóra do
dOJllicilio ao condemnado ou do districto da culpa,
pela fórma prescripta no Cod. Pen. e nas leis
que o modificarem.
§ 1. o Devem ser, porém, preferidas as casas
de prisão do logar do crime ou do domicilio do
condemnado, quando forem commodas e presta-
dias.
§ 2. 0 O juiz deverá designar na sentença
condemnatoria o logar onde a pena terá de ser
cumprida.
§ 3. 0 O cumprimento da pena de prisão sim-
ples, embora penda recurso voluntario, contar-
se-á do dia em que fôr proferida a sentença con-
demnatoria. A execução, porém, só se instaura
depois que passar em julgado a sentença.
Art. 566. Si o juiz da execução for o mesmo
da sentença, ordenará, logo que esta passar em jul-
gado, que seja o réo recommendado na cadeia em
que estiver, si ahi deve cumprir a pena e fará abrir
no livro respectivo da cadeia assentamento com
todas as declarações exigidas.
Art. 567. Si, porém, o condemnado tiver de
cumprir a pena em outro logar, o juiz expedirá
carta de guia com sua assignatura, a qual será en-
dereçada e remettida com o preso directamente ao
director da Penitenciaria, si este fôr o estabeleci-
mento designado, ou ao juiz dàs execuções do ter-
mo, onde estiver a cadeia,
. Paragrapho unico. A remessa á Penitencia-
ria dependerá sempre da autorização especial do
governo,
Art. 568. Si o réo estiver solto, o juiz expe-
dirá mandado de prisão, e providenciará para que
eIle sej a cumprido.
Paragrapho uni co. Logo que o réo fôr preso
proceder-se-á segundo as circumstancias do caso,
como está determinado nos artigos antecedentes.
Art. 569. O juiz do termo da execução, cum-
prindo a carta de guia, que fará autuar, mandarã
- 136-
abrir pelo escrivão do crime no livro respectivo
da cadeia o competente assentamento com todas
as declaraçqes constantes da mesma carta, lançan-
do o escrivão nos autos da execução certidão de o
ter feito,. ,
Art. 570. O juiz da sentença quando não fôr
o mesmo da execução, expedirá a este mandado ex-
ecutivo com todas as especificações exigidas para
a carta de guia. Si, porém, o juiz da execução es-
tiver na mesma comarca que o da sentença, ser-
lhe-ão remettidos para a execução os proprlOs au-
tos da acção principal.
Paragrapho unico. O juiz da execução rece-
bendo o mandado ou os autos, tendo sido posto o
réo á sua disposição, procederá como se determina
no artigo 566 e seguintes.
Art. 571. A carta de guia para a execução
deve conter:
a) o nome e os appellidos do condemnado e
a alcunha por que é conhecido;
b) a sua qualificação (edade, naturalidade,
filiação, estado, profissão, instrucção, logar de re-
sidencia e o mais que fôr necessario para a respe-
ctiva identificação) e sempre que fôr possivel a
individual dactyloscopica;
c) o teor da sentença e a data precisa (an-
no, mez, àia e hora) em que deve terminar a pri-
são.
Art. 572. Na Penitenciaria já existente e nas
que de futuro se crearem haverá um livro especial
de registro de cartas de guia executorIas. Nesse li-
vro devem ser averbados, na ordem do recebimen-
to, os elementos de individuação, e as informações
que das guias constarem. N elle haverá espaço
conveniente para as indicações relativas á trans-
ferencia e demais, alterações ,que sobrevierem na
situação docondemnado.
Paragrapho unico. Nas cadeias communs ha-
yerá, Um livro para os assentamentos de que trata
o' artiá'o 566. "" " '" " . , .
- 137-
Art. 573. O carcereiro da cadeia e o director
da Penitenciaria darão recibo dos réos que lhes
tiverem sido remettidos, e esse documento será en-
tregue pelos conductores ás autoridades que hou-
verem feito a remessa para serem ajuntados aos
respectivos autos.
Art. 574. O carcereiro da cadeia e o dirt:--
ctor da Penitenciaria communicarão ao juiz das
execuções qualquer alteração que se dér na situa-
ção do condemnado por fuga, soltura, obito ou lou-
cura e taes communicações se ajuntarão aos autos
da execução.
Art. 575. A pena de prisão cellular,emquan-
to não forem creados os estabelecimentos indis-
pensaveis para a pratica do regimen technico pre-
scripto pelo Cod. Penal, será cumprida como a de
prisão com trab ..dho na Penitenciaria de Ouro
Preto ou em outras q'le ') "Sstado ~stabelecer se-
gundo os respectivos regulamentos internos.
Art. 576. Quando não seja possivel essa fôr-
ma de exeéução por falta de capacidade desses es-
tabelecimentos ou por outro qualquer motivo, o
. juiz executor converterá a pena de prisão cellular
em prisão simples com o augmento da sexta parte
e designará, nesse caso, a cadeia onde deva o con-
demnado cumprir a nova pena.
Paragrapho uni co . Todavia o condemnado
poderá cumpril-a, no todo ou em parte, em traba-
lhos externos, agrícolas ou de utilidade publica,
do Estado, devidamente auctorizados pelo juiz da
,execução. E si o fizer, terá o direito a que se lhe
desconte na duração da pena a sexta parte do tem-
po em que tenha estado effectivamente empregado
nesses serviços.
Art. 577. O trabalho dos condemnados será
retribuído com salario diario, fixado de antemão.
Esse salario constituirá peculio que se dividirá em
tres partes: uma chamada peculio de reserva para
lhe ser entregue no dia em que for posto em liber-
dade, condicional ou definitivamente; outra chama-
- 138-

da peculio disponivel que ficará á disposição do


condemnado, a juizo da administração, não poden~
do, porém, ser-lhe entregue, a elle pessoalmente,
em dinheiro, emquanto estiver preso; a terceira
pertencerá ao Estado.
Paragrapho unico. A parte chamada peculio
de reserva será depositada em caixa economica.
Della poderá a dil'ectoria fazer as deducções ne-
cessarias á indemnizacão de damnos causados cul-
posamente pelo conde~nado em bens do estabele-
cimento.
Art. 578. Si o condemnado fôr menor de 21
annos e maior de 18, a execução da pena se fará
durante a menorid.ade separadamente da dos con-
de:nnados maiores.
TITULO lU

Da liquidação e conversão da multa


Art. 579. O juiz da execução no mesmo des~
pacho em que mandar cumprir a sentença, ordena~ .
rá as diligencias necessarias para a liquidação da
multa, si houver.
Art. 580. Quando a multa fôr de tantos por
cento do valor de qualquer objecto, si tal valor já
fôr conhecido, o juiz mandará fazer a conta pelo
contador e por ella ficará liquidada a obrigação.
§ 1.0 Quando, porém, o valor desse objecto
não fôr conhecido, o juiz nomeará dois avaliado-
res para o determinarem.
§ 2.° O laudo deve ser offerecido dentro de
48 horas a contar da vista dos autos em cartorio.
Si, porém, o arbitramento depender de maior ex~
ame, o juiz poderá conceder aos avaliadores, a seu
pedido, uma prorogação que não excederá de oit~
dias.
§ 3.° Feito o arbitramento, irão os autos ao
contador para -liquidar a multa.
- 139-
§ 4.° A liquidação será intimada ás partes
-e ao ministerio publico que poderão impugnal-a
dentro de cinco dias.
§ 5. u Si o juiz entender que a liquidação é
-diminuta ou exaggerada, poderá emendaI-a, ou or-
denar outro arbitramento que se fará neste caso
por peritos nomeados a aprazimento das partes,
marcando o juiz prazo razoavel para que a diligen-
cia se leve a effeito.
§ 6.° Na nomeação de peritos observar-se-ão
.as regras estabelecidas pelo artigo 340 do Codi-
go do Proc. Civil, devendo o juiz marcar uma au-
-diencia especial para os termos da louvação.
Art. 581. Fixada definitivamente a impor-
tancia da multa, o juiz mandará intimar o conde-
mnado para pagal-a no prazo de oito dias.
Art. 582. Findo esse prazo, si o condemnado
:não tiver pago, o juiz mandará que dois arbitrado-
res de sua nomeação calculem o tempo necessario
ao réo para ganhar a importancia da multa, to-
mando por base o que elle puder perceber em cada
-dia por seus bens, emprego, industria ou trabalho.
§ 1.0 O juiz, depois de ouvir o ministerio
publico, homologará esse arbitramento, declaran-
do convertida a multa em prisão pelo tempo apu-
rado.
§ 2.° Si o juiz não se conformar com o ar-
bitramento, poderá ordenar outro.
§ 3.° Tratando-se de crime contra o livre ex-
-ercicio dos direitos politicos, a multa, quando não
paga, será convertida em prisão á razão de 10$000
por dia (dec. n. 4.226, de 30 de dezembro de
1920, artigo 24).
Art. 583. A conversão em prisão ficará sem
-effeito a todo tempo; si o condemnaao ou aIguem
por elle satisfizer a importan~ia da multa ou da
fracção que lhe faltar para o integral cumprimen-
to da sentença, ou se I)brigar, sob fiança, a pagar
:em tempo razoavel que não poderá exceder de
- 140-
seis mezes. A fiança só se admittirá nos termos-
do artigo 125.
Art. 584. Ninguem será recolhido á prisão-
ou nella conservado a pretexto de multa, emquan-
to esta não estiver liquidada e convertida em pena
corporal.
Art. 585. Liquidada a multa, o ministerio
publico ou a parte poderão requerer contra os
bens do condemnado as providencias necessarias
para se fazer effectiva a cobrança.
Art. 586 . Na liquidação e conversão da mul-
ta, são partes o réo e o ministerio pUouev.

TITULO IV
Da terminação da pena
Art. 587. A soltura do condemnado antes da
terminação do tempo da condemnação, póde dar-
se pelos seguintes far,tos:
a) pelo indulto;
b) pelo perdão do offendido;
appellações nos artigos 542 e seguintes, sendo
c) pelo casamento do criminoso com a offen-
di da nos crimes de defloramento ou de estupro de
mulher honesta;
d) pela rehabilitação;
e) pela prova superveniente de que o vadio ou
mendigo, condemnado como tal, adquiriu renda
bastante para sua subsistencia (artigo 401 do Co-
digo Penal) .
Art. 588. Si O condemnado fallecer na pri-
são, o carcereiro ou o director communicará im-
mediatamente o obito ao juiz da execução, remet-
tendo-lhe a certidão respectiva.
Paragrapho unico. O juiz, ouvido o ministe.
rio publico, e mandap.do juntar aos autos a certi-
dão do obito, jtJ.lgará extincta a execução.
Art. 589. O perdão do offendido (que e:din~.
gue a condemnação sómente nos crimes em que'
- 14t-

não cabe acção publica) deve ser tomado por ter-


-mo nos autos e julgado por sentença.
Paragrapho unico. F,' licito ao condemnado
·não acceitar f) perdão.
Art. 590. O casamento do criminoso com a
·offendida põe termo á pena ~ómente quando se
realizar a aprazimento do representante legal da
nubente ou do juiz d~ orphãos. nos casos em que
·a esse juiz compete dar ou supprir o consenti-.
mento.
. Paragrapho unico. Offerecida a certidão do
casamento feita nos termos deste artigo, o juiz jul-
gará extincta a condemnação e expedirá o alvará
de soltura.
Art. 591. A rehabilitação consiste na reinte-
gração do condemn2.do p.m todos os direitos que
houver perdido pela condemnação quando fôr rte-
darado innocente pejo Supremo Tribunal Fede-
ral em conseqeencia de revisão de processo findo.
Art. 592. A rehabilitação resulta immedia-
tamente da sentença de revisão passada em jul-
·gado.
Art. 593. Em presença da certidão do accor-
dam do Supremo Tribunal . Federal que cassar a
sentença condemnatoria, mandará logo o jujz ex-
:ecutor juntal-a aos autos da execução e haverá a
'pená por extincta, e rehabilitado o condemnado.
Art. 594. A prova de que o vadio ou o men-
digo, condemnado como tal, adquiriu renda bas-
tante para a sua subsistencia, será dada por
,iestemunhas, por documentos ou por outros quaes-
.quer meios idoneos, perante o juiz da execu<:ão,
que <i vista delles julgará extincta a pena.
Art. 595. Perante o mesmo juiz será presta-
da a fiança de que fala o artigo 401 do Cod. Pe-
,nal, para que se suspenda á pena imposta.
Paragrapho uni co . Essa fiança valerá por 15
·dias. Findo eSSe prazo, poderá o juiz ex-officio
-ou ;a reqUerimento do .ministério pUblico proceder
ás necessariás diligencias para verificar si o afi-
- 142-
ançado persiste na ociosidade. Sendo positivo o-
resultado dessa indagação, declarará o juiz sem ef-
feito a fianca e executará a sentença.
Art. 596. O perdão e a commutação das pe-
nas, aos condemnados por crimes da jurisdicção
dos juizes do Estado, podem ser concedidos pelo
Presidente do Estado ou pelo Congresso.
§ 1.0 Ao Presidente do Estado compete essa
faculdade quando se tratar de pena imposta por
crimes communs.
§ 2.° Ao Congresso cabe exerceI-a, quando
o condemnado fôr funccionario publico, por cri-
me de responsabilidade.
Art. 597. O indulto póde ser pedido pelo.
condemnado, por qualquer do povo ou pelo minis-
terio publico, e concedido ex-officio, no caso em
que o reclame a justiça, para emendar erro mani-
festo da sentença, ou no de evidente utilidade pu-
blica, quando o criminoso haj a reparado o mal
causado pelo malefício ou logrado completa rege-
neração.
Art. 598. As petições de perdão ou commu-
tação serão remettidas á Secretaria do Interior
por intermedio do Presidente da Relação quando
se tratar de pena imposta em processo originario
do Tribunal da Relação, ou por intermedio do juiz
de direito da comarca onde se deu a condemnação,
nos outros casos.
Art. 599. As petições de graça podem ser
acompanhadas de quaesquer documentos com que
o impetrante entender de abonar o seu pedido e-
devem ser instrui das necessariamente com as se-
guintes certidões:
a) da queixa, denuncia ou portaria inicial;
b) do corpo de delicto quando houver;
dos depoimentos das testemunhas da
accusação e da defesa;
d) das decisões do jury quando o conde-
.mnado tenha sido submettido a esse tribunal;
e) das sentenças condemnatorias;
- 143-

Art. 600. O recurso de graça deve ser rela-


tado pelo Presidente da Relação ou pelo juiz de
direito a quem tocar, os quaes, á vista dos autos
do processo, farão:
a) a narração do facto e de suas circum-
stancias;
b) o exame das provas constantes do pro-
cesso;
c) a declaração das fórmas substanciaes
que tiverem sido guardadas ou preteridas;
d) a exposição dos antecedentes pessoaes e
hereditarios do condemnado, e do seu procedimen-
to depois de preso.
ParagraI'ho unico. Sempre que tiver presi-
dido ao julgamento, deve o relator indicar as pro-
vas produzidas e não escriptas, e bem assim os
pontos relevantes· do debate si não constarem dos
autos.
Art. 601. Quando o impetrante declarar que
por sua pobreza não póde ajuntar á sua petição
os documentos mencionados no artigo 599, o Pre-
sidente da Relação ou o juiz de direito a quem to-
car o relatorio, mandará ajuntaI-os ex-officio.
§ 1.0 Os escrivães do crime deverão cumprir
a ordem judicial dentro de trinta dias, proroga-
veis por mais dez no caso de affluencia de servi-
ço, e de o terem assim feito darão nos autos cer-
tidão rubricada pelo juiz, com a data da entrega
ou a da remessa dos referidos documentos.
§' 2.° Quando aCI nteça não existir mais no
.' fôro da condemnação ( traslado do processo e os
autos originaes tiver\.m subido para a Relação
por effeito de appellaç'io, extrahiT'-se-ão as certi-
dões no cartorio desse tribunal por ordem de seu
Presidente, á requisição do juiz de direito da-
quelle fôro.
Art. 602. As petições de graça, depois de
instrui das com os documentos e o relatorio men-
cionados nos artigos 611 e 599 serão processa-
- 144-
das na Secretaria dt.> Interior antes de subirem
ao despacho do Pre: ideni e .
Art. 603. Nos processos originarios da Re-
.Iação, o recurso de graça será informado pelo
Presidente do Tribunal; e nos mais processos pelo
Procurador Geral.
Art. 604. O perdão ou a commutação de pe-
na devem, para produzir effeito, ser julgados con-
forme a culpa.
- Art. 605. Esse julgamento compete ao juiz
executor ao qual cumpre verificar a identidade de
causa e da pessoa do indultado.
§ 1.0 Todavia, suspeitando o juiz que houve
ob ou subrepção de alguma eircumstancia relevan-
te que poderia influir para a denegação da cle-
meneia, devolverá o decreto, expondo respeitosa-
mente a mencionada circumstancia.
§ 2° Decidida pelo Presidente a duvida pro-
posta pelo juiz, no caso do paragrapho anteceden-
te, será o perdão ou commutação julgada confor-
me pelo mesmo juiz.
Art. 606. Nos casos de urgencia ou quando
o reclame o bem publico poderá o Presidente pro-
ver os recursos de graça independentemente das
fórmas prescriptas neste capitulo, ouvindo porém,
antes, o Presidente da Relação nos processos a que
se refere o artigo 603 e nos outros o Procurador
Geral' aos quaes cumpre ainda nesta hypothese,
representar nos termos do § 1.0 do artigo 605.
',quando occorra algum dos \licios ahi referidos.
Art. 607. No caso de nova interposição do
recurso já indeferido, dispersar-se-ão os docu-
mentos exigidos pelo artigo 599 mas na petição o
impetrante fará referenda a esses decumentos.
Art. 608. A interposição do recurso de gra-
ça não suspende em caso algum a execução da sen-
,tença; ,
Art. 609. As incapacidades pronunciadas
-.pela condenmação';éessam emcónsequéilcia do in-
- 145-
dulto. Não cessa, poréill, a obrigação civil de sà..
tisfazer o damno causaJo.
Art. 610. QU,ando houver commutação de pe..
na, o réo poderá recusar a graça si entender que
da nova especie de pena lhe reSI Ita aggravo.
Art. 611. A commutação s6 se póde fazer em
pena prevista pelo Codlgo Penal. '
Al't. 612. A graça não poderá ser outorgada
sem que o condemnado tenha começado a execução
,da pena.
Art. 618. Na Secretaria do Interior haverá
um livro destinado ao extracto e averbação de to-
dos os recursos de graça. Os autos do recurso se-
t'ão a,rchivados qualquer qU€l seja a decisão.
TITULO V
'~
Dos incidentes da ea:ecução
-
'T CAPITULO I
Da suspensão condicional da pena
'Art. 614. Em caSo de primeira condemna..
ção á pena de multa conversivel em prisão, ou 'de
prisão de qualquer natureza até um anno, tratan-
do-se de accusado que não tenha revelado cara-
cter perverso ou corrompido, o juiz ou tribunal,
tomando-lhe em consideração as condições indivi.
duaes, os moveis e as circumstancias da infra-
cção penal, poderá, fundamentando a decisão,
suspender a execução da pena por um prazo ex-
pressamente fixado entre 2 e 4 annos, si se tra-
ta!:' de crime, e entre 1 e 2, si de contravenção.
§ 1.0 Esse prazo começa a correr da audi-
encia a que se refere o artigo 623.
§ 2.° Dentro de dez dias, após haver tran-
sitàdo em julgado a sentença condemnatoria, pó-
de o réo preso oU o que volunt-ariamente se apre-
sentar á prisão, requerer ao juiz ou ao Tribunal
que decrete a suspensão, si este beneficio não hou....
c. P. P. 10
,yer S100 expressamep.te. denegado por. aquella
~elll,;el1ça. O condemnado abohàrá o requerImen-
to. C.O:pJ,. as provas .relativas a seus antecedentes e
'condições pessoaes. o JUIZ decidirá dentro em 4g
horas. é o Tribunal na primeira sessão, depois de
~Q.vvído o P~ocurádorGeral. . .
§ 3.° Na Camara Criminal o requerimento
,será relatado minuciosamente peio relator de fei-
to, que fará menção das provas e circumstanciàS
que vierem em apoio da pretençáo do condemna,.
do Otl. lhefoi'em hostis, e em' seguidá julgado por
todos os juizes da Camara, tomando-se a decisão
por maioria de votos. No caso de empate ,preva-
lecerá, a opinião mais favoravel ao condemnado.
§ 4.° Quando a condemnação fôr imposta
em virtude de decisão do jury, a suspensão com-
petirá ao juiz de direito presidente do Tribunal.
§ 5.° Si ao findar o prazo fixado no decre-
to de suspensão, não 'estiver o accusado respon-
dendo a processo crime ou não lhe tiver sido im-
posta outra pena por facto anterior ou posterior
á mesm,a suspensão, a condemnação ;~erá consi-
derada inexistente pelo juiz ou tribunal, ex-olf-i-
cio, ou a requerimento do minister:o publico ou
do accusado.
§ 6,° Ne> caso contrario a suspensão será
revpgada e a pena immmediatamente posta em
e.,ecl..j.ção, de fórm~ a não se conflludir com a da
l;Iegundll condemnação.
,§ 7/> Não será considerada inexistente::l.
cond~mnaçã:o, emqq.ànto não fôr o accusado ab-
solvido definitivamente nos processos crimes a
quê éstiver respondendo por· factos anteriores ou
posteriores á suspensão. ' '
§8.o, . A revogação será declarada pela fór-
ma estabeleCida para os incidentes da execução
pêlo jaJg;op tribunal competente. pella cabere.,'
«.qí~ I:~jp~. eff€ito susp~Ílsivo. .
, )
.
Art. 615. A suspensão não comprehende as
penas accessorias e as inc.apacüiades, p.~ .a. on:n;-
gação de satisfazer o damno causado.
S 1.0 Na sentença de suspensão fixará o juiz
'ou Tribunal prazo para o pagamento das custa~
do processo, tendo em vista as condições econo,:,
micas ou profissionaes do condemnado.
§ 2. Gumpre ao beneficiado fazer dentro
0

do prazo que lhe fôr assignado as reparações, in-


'demnizações e restituições devidas.
§ 3.0 Será revogada a suspensão ao> conde-
mnaeto que não satisfizer as custas ou a obriga-
ção de que trata o inciso anterior nos prazos està-
be1ecidos, salvo si elle provar que está insolvente
ou si obtiver do juiz prorogação.
Art. 616. A suspensão só. começará a prl.-
duzir effeito depois que houver transitado em jul;'
gado a sentença condemnatoria, salvo o disposto
no artigo seguinte.
Art. 617. Estando o réo preso, a appella.:-
ção que a parte accusadora oq o ministerio pu-
,blico interpuzer da sentença condemnatoria, na
qual se tiver incluido a clausula adjecta da slls-
pensão, não sustará os effeitos desse beneficio,
si o réo se tiver conformado com a pena e não
fôr possivel que esta se lhe aggrave, em segunda
instancia de modo a excluir a concessão.
Art. 618. Cessarão os effeitos penaes d~
condemnação no dia e,m que a mesma fôr decla-
rada inexistente.
Art. 619. Não corre a prescripção dur~te
o prazo da suspensão. '
Art. 620. Não se concederá a suspensão nos
crimes contra a honra e, a boa fama (Cod. Penal
artigos 313 e 325 e leis modificadoras) e contra
'a segurança da honra ''e honestidade das familias
(Cod. Penal, artigos 266 a 278 e 289 e leis modi':'
ficadoras) .
. Art. 621. A suspensão só se concederá Uma
:vez, salvo si a primeira houver sido appliCàda em
- 148 - 'I,

processo de contravenção que não revele victu ou


má índole do accusado.
Art. 622. Em caso de co-delinquencia, pode-
rá ser concedida a uns e negada a outros accusa-
dos, tendo o juiz ou tribunal em: vista o estabele-
cido no artigo 614.
Art. 623. O juiz ou o Presidente do Tribu-
nal que conceder a suspensão lerá ao accusado
em . audiencia a sentença respectiva e o adver-
tirá das consequencias, para elle, de nova infra-
cção. Si o accusado tiver sido revél, o juiz, ou tri-
bunal poderá tomar em consideração essa cir-
cumstancia para conceder ou não a suspensão.
Paragrapho unico. Si, entretanto, citado pes-
soalmente ou por edital com o prazo de 20 dias,
não comparecer o condemnado sem motivo justi-
ficado á audiencia especial marcada para esse
fim, será revogada a suspensão e executada im-
mediatamente a pena. Si o condemnado allegar
e provar legitimo impedimento, o juiz marcará
novo dia para a audiencia especial.
Art. 624. A suspensão será communicada
com as devidas· especificações pelo juiz ou tribu-
nal que a conceder, á Secretaria da PôHeia, e ahi
registada em livro especial. Igualmente se com-
municará a essa Secretaria para serem averba-
das no mesmo livro a revogação da suspensão bem
como a extincção da pena pelo lapso de tempo.
Art. 625. A suspensão se applicará ás conde-
mnações j á impostas.
CAPITULO Ir : "- 'U

Do livramento condicional
Art. 626. Poderá ser concedido livramen-
to condicional ao condemnado á pena de prisão
de qualquer especie por tempo não menor de qua-
tro.annos desde que se verifiquem as condições
s e g u i n t e s : _ _ _ ,. _ .-, _ _, _._, . ,_.!.,
- 149-
a) cumprimento, pelo meno~, da metadé
da pena;
b) ter tido o condemnado, durante o tem-
po da prisão, bom procedimento, indicativo de
regeneração. O bom procedimento será revelado
por actos positivos, não bastando a omissão QU
ausencia de factos reprehensiveis.
c) ter cumprido, pelo menos, uma quarta
parte da pena em penitenciaria QU em serviços
externos de utilidade publica.
Paragrapho unico. Todavia, não prejudica-
rá a r.oncessão do livramento condicional o facto
de não ter sido o condemnado transferido para
penitenciaria ou empregado em serviços externos
de utilidade publica, si essa transferencia ou em-
pre[ro não se tiver dado por eircumstancias inde-
pendentes da vontade do preso. Nesse caso, po-
rém. a concessão dependerá do cumprimento de
doiR terços da pena.
Art. 627. As condições exigidas no artigo
anterior serão verificadas pelo Conselho Peniten-
dario. creado pelo art.igo 2 do decreto federal nu-
mem 16.665, de 6 de novembro de 1924, e auto-
rizado no Estado de Minas pela lei n. 903, de 16
de setembro de 1925, art. 3.
§ 1.0 Esse Conselho se comporá dos mem-
bros natos. mencionados no mesmo decreto e dos
que o Presidente do Estado nomear em numero
de 5. sendo R de preferencia escolhidos entre os
professores de direito ou juristas em actividade
forense e 2 dentre os professores de medicina ou
clinicos profissionaes.
§ 2. 0 O Conselho íunccionará na Capital do
Éstado e terá um representante de sua nomeação
em cada comarca onde houver cadeia regipnru.
§ 3. 0 A funcção de membro do Conselho
Penitenciario será gratuita e considerada serviço
publico relevante .
§ 4. 0 Para exercer o cargo de secretario do
Conª~lho, emquantQ não houver na Capital do Es..
1'50 -
tádo estabeleciAtento penitenciario, o governo no-
meará pessoa idonea com vencimentos iguaes aos
dos escrivães do crime na Capital.
Art. 628. O livramento condicional póde ser
~oncedido mediante requerimento do sentenciado,
proposta do director do estabelecimento penal ou
por iniciativa do Conselho Penitenciario.
Art. 629. O livramento condicional será da-
do por sentença proferida nos proprios autos do
processo pelo juiz ou tribunal que houver proferi-
do a sentença condemnatoria em primeira ou uni-
~a instancia.
~ 1.0 No Tribunal da Relação competirá á
Oamara Criminal a concessão do livramento se-
gundo o processo estabelecido para as appella-
cões criminaes, ouvido previamente (I Procura-
dor Geral.
~ 2. 0 O pedido de concessão será encami-
nhfldo ao juiz ou tribunal por officio do Presiden-
te do Conselho Penitenciario, instruido com a co-
uia das actas da deliberacão do Conselho e do re-
latorjo informativo que tiver sido apresentado.
§ 3.0 O juiz mandará juntar aos autos do
processo crime o pedido ou a pr0posta de livra-
'llento, o officio Que A. encaminhar e os documen-
tos respectivos f' dará sua sentença depois de ou-
vido f) ministerio publico.
~ 4. 0 A sentenca de livramento submette-
rá, o liberado ás condicõe~ que lhe forem conveni-
entes. taes eomo submissão ao patronato official
(mando a A.clministraqão publica o houver insti.
tuido. nrohihicáo de morar em determinado 10-
.I!'ar:abstencão de bebidas alc0oUcas, adoPGão de
meio dê vida honesto e util dent:ro em prazo fi-
xado.
Art. 630. O livramento condicional será suh-
ordinado á obrigação de fazer o condem'nado as
reparaGões, indemnizações ou restituições devi-
ila.s; bemcorilo depágar as cu~tas do processo.
salvo caso de insc;;lvencia provada e reçoilhecidà
- t51 -~

pelo juiz, que poderá fixar praze l>~rá a tatiftt.;


ção desses pagamentos, tendo sempre e:fn atten:.
ção as condições economicás ou tlrdfissionaes do
liberado, o que tudo deve ser apreciado na SEin-
tença.
Art. 631. Si fôr concedido e livramenta
condicionai deverá o juiz ou o Presidente dá Re-
lação expedir a :r:espectiva carta de guia com a co'-
pia integral da sentença liberatoria para a sua
execução. . '
Art. 632. Em caso algum póde o livrámento
condicional ser concedido por acto de qualquer au-
toridade administrativa nem sem a audieneia pré-
via do Conselho Penitenciario. Nulla de pleno di..
reito e inexequivel é a concessão dada com pre-
terição desta formalidade e das que estão meneia.
nadas nos artigos 642 e 643.
Art. 633. O livramento condicional será le-
vado a effeito no dia marcado pelo juiz da e~ecu;.o
ção, solemnemente, para estimulo da regeneraçãQ
dos outros presos, observando-se o. seguinte ceri-
monial: ~
a) a sentença liberatoria será lida pelo juiZ'
na presença dos demais presos, salvo motivo rele-
vante;
b) o juiz chamará a attenção !lo liberando
par::t as condições a ohservar no gORO da liberàa-.
de limitada que lhe é' con<~edida ; -
r,) o preso deverá declarar si acceita, as cQn~
çlições impostas, do que tudo se lavrará, no livro
do estabelecimento; competente termo, ~ por elIe
~mbscripto e rubricado pelo juiz da execucão .::
Desse termo se lhe datá copia authenticad'a . pelo
juiz;, dp.vendo uma outracQpiaser junta Ms· autos.'
rio nrocesso de que constar a sentença .pe line;:;.
ração. J . . : _ • ':,!~",( . ' .. :
. ',.Art. 634. Si o livramento se, vêrificar na
Capital dg Estadooli em logar onde haja ~~1Wiaà.
d.e Identificação, -dar-se,..á ao libéradol~ó. sa:hir da
J')risão, uma caderneta que elIe' selJá :obrigado a '.~~
- 152-
hibir á autoridade judiciaria ou administrativa
que a requisitar. Essa caderneta conterá:
1.0 a reproducção da ficha de identidade e
o retrato do liberado, de quem se mencionará o
nome, a alcunha por que é conhecido, a edade, a
filiação, a naturalidade, etc;
2.0 o texto dos artigos 1, 6, 9 e 10 do decre-
to n. 16.665, de 6 de novembro de 1924 e dos ar-
tigos respectivos deste Codigo;
3.0 a sentença que tiver concedido o livra-
mentej
4." as condições impostas ao liberado.
Paragrapho unico. Nos logares onde não
haja Serviço de Identificação, dar-se-á ao liberado
um salvo conducto com as clausulas especificadas
nos numeros 1, 2, 3 e 4 deste artigo, sendo substi-
tuida a ficha de que fala o inciso n. 1 pela menção
dos signaes identificadores que o liberado deparar
nas partes descobertas do corpo (côr dos cabelIos,
dos olhos, da pelIe, cicatrizes no rosto) e além dis-
so dos aleij ões, falta de membros, etc.
Art. 635. O liberado ficará obrigado a com-
municar mensalmente ao juiz que houver redUZI-
do a effeito a sentença do livramento, a sua' resi-
dencia, occupação, salario e proventos de que viva,
economias que conseguir depositar e as difficulda-
des com que estiver lutando para se manter.
Art. 636. O liberado ficará sujeito á :vigilan~,
cia do juiz da execução.
Art. 637. Essa :vigilancia terá os seguintes
effeitns:
1.0 prohibir ao liberado a residencia, a es-
tada, ou a passagem nos logares exceptuados pela
sentença;'
2.° permittir visitas e buscas nas casas de
residencia dos liberados com' a amplitude autori~
zada pelo regulamento n. 16.665, artigo 17.
3,° deter o liberado que transgredir as con-
dições constantes do acto de livramento até ulte-
- 153-
rior deliberação do Conselho Penitenciario, ao
qual dará logo conhecimento da transgressão.
Art. 638. Verificando o Conselho Peniten-
ciario que o liberado infringiu qualquer das
cClldiçõee impostas, poderá, conforme a gravidade
da falta, representar ao juiz respectivo ou tribu-
nal pedindo a revogação do livramento e a volta
do liberado á prisão de onde sahiu ou a outra
maís 8rlequada.
Art. 639. Praticada pelo liberado nova in-
fracção penal póde o juiz, ouvido o Conselho, man-
dar recolhel-o ao 13stabelecimento pf!nitenciario
que melhor lhe cDnvenha, quer durante o novo pr.0~
cesso, quer depois rle]Je, devendo terminar o tdn-
po da condemnação anterior sem mais direito a
quaesquer regalia.s.
Art. 640. O livramento condicional será re-
vogado:
1.0 si o liberado vier a ser condemnado por
qualquer infracção penal que o sujeite á pena re-
strictiva da liberdade;
2.0 :;;i não cumprir as condições que lhe ti-
verein sido impostas-na seu tença . .
Art. 641. Em caso de revogação do livra-
mento condicional:
a) não será computado na duração da pena
.o telnpo em que o liberado esteve solto;
b) não se contará esse tempo para a pre-
scripção;
c) não se concederá mais aquelle beneficio.
Art. 642. Expirado o prazo do livramento
condicional sem que o liberado incorra em motivo
de revogação, a pena se haverá por cumprida.
Art. 643. Em regulamento especial o poder
executivo especificará as attribuições do Conse-
lho, Penitenciario e estabelecerá o modo por que
elle deve exerceI-os, tendo em vista o seguinte:
O Com:;elho tem por funcção precipua superin-
tender, por seus membros ou por delegados seus,
ao regimen interno das cadeias e penitenciarias dQ
- t54-
Estado, no tocante á hygiene, tratamento dos sen-
tenciados, trabalho carcerario ou externo a que es-
tejam submettidos os presos, e procedimento del-
les na prisão. Cabem-lhe outrosim as attribuições
que lhe são outorgadas pelo decreto federal n.
16.665, de 6 de novembro de 1924.
TITULQ VI
IJas disposições geraes
Art. 644. Em todos os juizos -e tribunaes do
crime, além das audiencias e sessões ordinarias,
haverá as extraordinarias que se convocarão sem-
pre que forem necessarias para o prompto anda-
mento dos feitos.
Art. 645. Salvo os casos exceptuados neste
Codigo, as audiencias e sessões serão publicas e
se realizarão na sé de dos juizos e tribunaes, com
assistencia dos escrivães, do secretario, do offi-
cial de justiça que servir de porteiro, em dia e'
hora certos, entre o nascer e o pôr do sol, annun-
ciado o seu principio pelo toque da campainha e
pregão do porteir.o.
§ L? Si da publicidade da audiencia ou ses-
são, em razão da natureza do processo, resultar
escandalo. inconveNiente grave, ou perigo para a
ordem publica, o juiz, ou o tribunal pela maioria'
de seus membros, poderá ex-officio ou a requeri-
mento da parte ou do ministerio publico. determi-
nar que ella se effectue a portas fechadas, ou li-
mitar 6 numero de pessoas que possam estar pre-
flentes. fazendo constar da acta ou termo a deli-
beracão que tomar.
§' 2. 0 As audiencias e sessões se farão nas
easas publicas para elIas destinadas, e não as ha-
vendo,'na residencia do juiz ou em outra qualquer
casa em 'que possa ser.,
§3.o. A autoridade que, havendo casa publi-
ca para as audiencias; as fizer em outra. será pu-
nida com 'a multa de 100$000 a 150$000.
- 155"'-';
Art. 646. Na audiencia e nas sessões 6s ~spe~
tados; todos, porém, se levantarão quando falarem
aos juizes ou quando estes se levantarem para qual.
quer acto do processo.
Art. 647. A's audiencias deverão ser presenoo'
tes, comparecendo antes do juiz, os escrivães, of··
ficiaes de justiça e porteiro dos auditorios e tri-
1mnaes.
Art. 648. Haverá nas audiencias assentos col..
locados á direita do juiz unicamente destinados
aos advogados.
Art. 649. Nas audiencias os escrivães darão.
mediante ordem do juiz, as informações necessa-
rias aos processos, e de tudo quanto occorrer to-
marão nota explícita em seus protocollos.
Art. 650. Dos termos de audiencias, que serão
rubricados pelo juiz deverão os escrivães extrahir
copia para juntar aOS antos respectivos.
Art. 651. Os advogados requererão, sentados
pela ordem da sua antiguidade.
- Art. 652 . Nas salas das audiencias e ses-
sões dos tribunaes ninguem poderá penetrar no
recinto reservado aos juizes e a seus auxili1itres.
Art. 653. A policia das audiencias e das ses,:,
sões compete aos respectivos juizes e ao Presiden-
te do Tribunal, o~ quaes poderão determinar o que
fôr conveniente á manutenção da ordem, e do res·
peito devido ás autoridades. Para esse fim cabe·
lhes requisitar a necessaria força publica, que fi-
cará inteiramente á sua disposição,
Art. 654. Os que assistirem ás audiencias e
as sessões manter-se-ão respeitosamente, senp.o-
lhes vedadas quaesquer manifestações de appro-'
vação ou desapprovação. ,
Paragrapho unico. Fará o juiz ou ó Presi-
denl;f» do Tribunal retirar da sala 'os desobedien.,
tes, os auaes, si resistirem á ordem, serão presos
e autuados na f6rma da lei.
Att. 655. Si na audiencia G 'accusado inJu.
:riar o juiz, as autoridades, as testemunhas, â ou-
- 156-
tra parte ou a pessoas extranhas ao processo, ou
ainda perturbar por outra qualquer fórma a boa
ordem, será immediatamente retirado da sala e,
autuado, reconduzido á prisão, si estiver preso,
proseguindo-se sómente com assistencia do seu
advogado.
Art. 656. E' vedado aos advogados usar nas
audiencias e nas sessões expressões injuriosas con·
tra as testemunbas ou outras quaesquer pessoas, e
bem assim tratar de assumptos que não tenham
relação com a materia da causa.
§ 1.0 Aos que não attenderem á advertencia do
juiz será cassada a palavra e, caso recalcitrem,
ser-Ihes-á applicada a sancção estabelecida pelo ar-
tigo 654, paragrapho unico.
§ 2.° Si as expressões injuriosas o forem con-
tra depositarios da autoridade publica, em actual
exerci cio, o juiz prenderá o ínfractor, fazendo-o
autoar na fórma da lei.
Art. 657. A's audiencial:> e sessões dos jui-
zes e tribunaes ninguem poderá assistir com ar-
mas offensivas, excepto:
a) os agentes da autoridade publica em ser-
viço;
b) os officiaes e praças do Exercito, da Ar-
mada e da Policia na conformidade dos seus re-
gimentos.
Art. 658. Todos os prazos marcados neste
Codigo correrão em cartorio e serão continuos n
peremptorios, não se interrompendo pelas ferias
ou dias feriados supervenientes, salvo disposto no
artigo 659. .
§ 1.0 Não se conta no prazo o dia em que
começar; conta-se, porém, o em que findar.
§ 2.° O escrivão certificará sempre nos,,au-
tos a terminação do prazo. . t"

§ 3.1) O escrivão não póde conservar autos


em cartorio por mais de 24 horas para cumprir
despachos ou p~rª continuar o feito com vista ás,
- 157-
l>artes; soh pena de multa de vinte a cem mil réis,
e na reincidencia, da de suspensão até trinta dias.
Art. 659. O prazo que terminar em domin-
go ou em dia feriado considerar-se-á prorogado
até o dia util immediato.
Paragrapho unico. Não correm os prazos
havendo impedimento ou embaraço do juizo, caso
fortuito ou obstaculo judicial opposto pela parte
contraria.
Art. 660. Todos os actos do processo crimi-
nal podem ser praticados em ferias ou em dias
feriados, exceptuadas apenas as sessões de julga-
mento que não se podem marcar para domingo ou
dia feriado. Todavia os julgamentos iniciados
em dia util não se interrompem pela supervenien-
cia do feriado ou domingo.
Art. 661. Os juizes singulares devem dar
seus despachos e decisões dentro dos prazos se-
guintes,quando outros não forem especialmente
estabelecidos. '
1.0 de trinta dias si a decisão fôr definitiva
ou interlocutoria mixta.
2.° de dez dias si fôr interlocutoria simples;
3.° de cinco dias si se tratar de despacho
de simples movimento.
§ 2.° Si o juiz exceder o prazo que na espe-
cie lhe competir e outro tanto, perderá a COnlpe-
tencia na causa e soffrerá a pena que estiver . .
tabelecida para o juiz do civel incurso em egual
falta, além de outras que este Codigo porventura
impuzer (art. 413, § 14).,
• ,§ 3.° O prazo correrá, receba ou não o juiz
os autos, da data da carga, ou na· falta desta, do
termo de conclusão.
§ 4.° Os desembargadores, sob identica
sancção, terão os prazos, que se seguem, si outros
o Codigo especialmente lhes não assignar:
a) de 40 dias para0 relatorio e de 20 par~
a revisão nas appellações criminaes e nos feito&
originarios do tribunal;
, b) '3. metade delles nos recursos criminaes.
Art. 662 . Dev~m ser lidos e publicados na
primeira sessão após o julgamento os accordams
da Car:lara Criminal ou das Camaras Reunidas.
Si não o forem nessa sessão nem nas duas que
se lhe seguirem, o relator omisso perderá a com-
petencia na causa, sendo substituido por um dos
juizes vencedores á escolha do Presidente.
O relator assim designado, a quem o substi-
tuído passará 005 autos em mesa, lerá e publicará'
o accordam na conferencia seguinte.
Paragrapho unico. Para o lançamento dos
votos divergentes, nos fundamentos ou na conclu-
são, poderão os juizes levar os autos comsigo, mas
deverão apresentaI-os em mesa na primeira sessão.
Art. 663. As sentenças e accordans serão
fundamentados sob penà de nullidade. Conside-
ra-se não fundamentado o a'ccordam ou a senten.:.
ça que sómente se reportar ás allegações das par-
tes ou se referir a outra d'ecisão, não constante
dos autos.
Art. 664. A sentença será publicada em au-
diencia ou em mão do escrivão. N este ultimo
caso o escrivão lavrará nos autos o termo compe-
tente.
i Art. 665. Publicada que seja a sentença de-
finitiva ou interloc~toria mixta, o juiz que a deu
não poderá mais refQrmal-a. .
Deverá, porém, ~declaral-a, mediante embar-
gos da parte, havendo nella algüma obscuridade,
ambiguidade ou contra dicção ou tendo sido9~tlit­
tida alguma parte que, a decisã() devesse consi.,
dpl'~1".

§ 1.° Os embargos de dec.1aração serão op-


:postos por·-aimples petição e~;que se especificarão
os pont9s que. caevem ser esclarE'Cidos Oli, decididos ..
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§ 2.° O juiz deferindo o pedido do embar-
gante, lünitar-se-á a' e1)c1arecer ou a supprir os
pontos arguidos; nao fará nenhuma outra m\ú
:qança no julgado. . .
§ 3. 0 Os embargos de declaração quando
não forem manifestamente protelatorios, suspen-
dem o prazo para a interposição dos outros recur-
sos. O prazo util começará a correr da intima-
ção .ás partes da decisão desses embargos.
Art. 666. Tanto que passar em julgado a
sentença de condemnação, o juiz das execuções
remetterá á Secretaria da Policia os instrumen-
tos e resultados do crime nos casos em que o of-
fendido não tenha direito á restituição.
Art. 667. O juiz, sempre que lhe cumprir
dar advogado ou curador ao réo, preferirá advo-
gado graduado em direito que tenha carta regis-
trada nos auditorios da justiça, o qual ficará dis-
pensado de juramento ou compromisso.
Art. 668. O advogado, que sem justa causa,
recusar a nomeação de curador ot! defensor do
réo miseravel, ou lhe abandonar a defesa, incor-
rerá na multa de 20$000 a 50$000 imposta pelo
juiz.
Art. 669. O julgamento dos crimescommuns,
da competencia do jUiz de direito, será feito nos
termos annexos em tantas audiencias quantas fo-
rem necessarias, logo depois de terminado o ulti-
mo dia da sessão do jury, que aquella auctoridade
houver ido presidir.
Paragrapho unico. Si, porém, na época pro-
prir para reunião do jury no termo annexo fôr
dispensada a installação desse tribunal na forma
do art. 65, da lei n. 912, o juiz de direito deverá
ir á séde do mesmo termo presidir aos julgamentos
dos crimes da sua competencia, si houver proces-
sos preparados ha mais de tres mezes.
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. Art. 670. Sempre que o réo estiver forãgido, ,
um exemplar do mandado de prisão será remettido
pelo juiz ao Gabinete de Investigações e Capturas.
Art. 671. Revogam-se as disposições em con':'
trario. .

Palacio da Presidencia do Estado de Minas Ge,;.


raes, em Bello Horizonte, 14 de junho de 1926. ,.

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FERNANDO MELLO VIANNA. ';'~" .
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Sandot'al Soa.res Azevedo.

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