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BELLO HORIZONTE
IlIPRENSA OFFICIAL DO EST."DO DE MINAS
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DECR.ETO N. 7.259
Appro1!a o Codigo do Processo Penal do Estado de-
. Minas Geraes
-.
Codigo do Processo Penal.
LIVRO I
Do processo penal em geral
TITULO 1.0
Da acção penal - Disposições geraes
CAPITULO I
Do modo de iniciar a aoção
Art. 1.0 A acção penal póde ser iniciaáa:
a) . por denuncia do ministerio publico;
. b) por queixa da parte offendida ou de
quem tenha qualidade para ;represental-a. Nos
· crimes, de que trata a lei n. 2.024, de 17 de de-
zembro de 1908 (lei das fallencias), a queixa pode
· ser dada pelo liquidatario ou por qualquer credor;
c) por denuncia de qualquer pessôa do povo;
d) mediante procedimento ex-officio da au-
· ctoridade.
Art. 2. 0 Salvo os casos expressamente exce-
· ptuados, a acção penal pode ser promovida por
queixa da parte offendida ou por denuncia do mi-
· nisterio publico. A prioridade determinará a pre-
.ferencia para o processo, dada a concorrencia de
. queixa e denuncia.
-6-
Art. 3.° A acção penal compete sómente á
parte offendida ou a quem tenha qualidade para
representaI-a, 110S seguintes casos:
. 1. o dedCj.mno, quando não tiver havido prisão
em flagrante ou não fôr praticado em cousas do
dominio ou uso publico do Estado ou dos munici-
pios, ou em livros de notas, registos, ass(:mtamen-
tos, actas e termOR e em autos e actos originaes da
autoridad~ publica;
2. 'O de adulterio e parto suppôsto;
3.° de corrupção de .menores, violencia car-
nal e rapto, salvo:
a) si a pessôa offendida fôr asylada de al-
gum estabelecimento de caridade;
b) si da violencia carnal resultar morte, pe-
rigo de vida, ou alteração grave da saude;
c) si o crime fôr executado com abuso do
poder de pae, tutor, curador, preceptor ou amo;
4.° de calumnia ou injuria, salvo em se tra-
tando de offensa contra corporação que exerça
autoridade publica ou contra qualquer agente ou
depositario ãesta, em razão de suas ·funcções;
5. de crimes contra a propriedade littera-
0
CAPITULO IH
Da citação e da reqU1"'::;i~ão
das as ,especificações;- .
!'i. O - a indicacão dó juizo c do dia, hora e 10-.-
gar em que o 'Í'éo deve comparecer; , .
6.° -, a subscripção do .escrivão e a rubrica.
do juiz., ' ' 'h.: . .
CAPITULO IV
Das excepções .
Art. 56. No processo penal têm logar as se-
guintes excep-çqes.
c. P. P. 2
, a) de suspeição;
b), .de incompetencia; ,
c) de illegitimidade 'de parte;
d), de litispendencia; ,
e) de cousa julgada;
f) de prescripção.
Art. 57. O juiz deve dar-se de suspeito e si
o não fizer poderá,. como tal, ser recusado por
qualquer das partes:
1.0. si fôr panmte consanguineo ou affim,
dentro, do terceiro grão de alguma das partes;
2.°. si elle, sua mulher, ascendentes e des-
cendentes de um ou de outra, tiverem pendente de
decisão em juizo causa em que se controverta iden-
tica questão de direito;
3.°. si elle, sua mulher, parentes conSangui-
neos ou affins dentro do terceiro gráo, sustenta-
rem demanda que tenha de ser julgada por algu-
ma das partes;
4.°. si fôr credor, devedor ou donatario de
alguma das partes ou de seus advogados;
5.°, si fôr tutor, curador ou patrão de algu·,
ma dellas;
6.° , si fôr accionista, administrador, geren·
,te ou membro da sociedade que seja parte no pro-
éesso;
7,0" si por qualquer modo fôr directamente
interessado na causa ou tiver aconselhado alguma
das partes sobre o objecto do juizo;
8.°: ' si fôr amigo intimo ou inimigo capital
de alguma das partes;
9.° si tiver intervindo na causa como juiz,
representante do ministerio publico, advogado,
arbitro, perito ou testemunha;
10,°, si na causa estiver funccionando ou
tiver intervindo como procurador algUm seu as-
cendente, descendente, sogro, 'genro ,ou' irmic).
Art. 58. A suspeição. po.r affinidade cessa
pela disso.lução. do. casamento. que lhe deu causa,
salvo. sobrevindo. descendentes. Mas, ainda disso.l-
vido. o. casamento. sem descendentes, o. so.gro., o. pa-
drasto. o.u o. cunhado. não. po.derão. ser juizes nas
causas em que fôr interessado. directamente o. gen-
ro., o.u o. enteado. o.u o. cunhado.
Art. 59. Ao.s membro.s do. ministerio. publico.,
jurado.s, serventuario.s, empregado.s de justiça, pe-
rito.s e interpretes sao. extensivas as dispo.sições
do.s artigo.s precedentes no. que lhes fôr applicavel.
Art. 60. O juiz póde averbar-se de suspeito.
em consciencia po.r mo.tivo. reservado., mas si fizer
declaração. do. mo.tivo. e este não. estiver co.mpre-
hendido. em algum do.s caso.s do. artigo. 57, a illegi-
timidade da suspeição. induzirá a nullidade do.s
acto.s deciso.rio.s que o. substituto. pro.ferir.
Art. 61. A suspeição. não.. po.derá ser argui-
da nem acceita quando. a parte injuria o. juiz o.u
pro.cura pro.po.sitadamente mo.tivo. para recusal-o.,
Art. 62. Salvo. mo.tivo. superveniente, a sus·
peição. deve ser arguida antes de o.utra qualquer
defesa. . , -::.~)
CAPITULO V
Do conflicto de jurisdicç:w
Art. 85. As questões relativas á competencia
n'solvem-se não só pela exccpção pl'opria, como
pele) conflicto positivo ou negativo de jurisdicção.
Art. 86, Dá-se o conflicto:
1.0 quando as autoridades se consideram
egualmente competentes ou incompetentes.
12.° quando 'surge controversia entre as au-
toridades acerca da unidade do juizo, da juncção
ou separação dos processos em causas connexas.
Paragrapho uni co. O conflicto não se dará
quando houver laço de subordinação hierarchica
entre as auctorictades.
Art. 87. O conflicto pôde ser suscitado:
a) pelo governo do :bistado;
b) por qualquer das partes;
c) pelo ministerio publico;· .
d) por qualquer das auctoridades em causa.
Art, 88. Levado o conflicto ao Tribunal da
Relação" séra ejistribuidO, '6 o relator requisitarA
- 24-
immediatamente informações das autoridades en-
volvidas ·no caso, ás quaes remetterá copia da pe-
tição ou representação, e determinará, si lhe pa-
recer conveniente, a suspensão dos processos até
á decisão do incidente. .
§ 1.0. As autoridades prestarão as informa-
ções no prazo que o relator lhes marcar.
§ 2.°. O Tribunal poderá, si julgar conveni-
ente, determinar sejam os autos geradores do
conflicto presentes á sessão do julgamento.
Art. 89. Recebidas as informações, o Tribu-
nal, ouvido o Procurador Geral, processará e jul-
gará o conflicto como asappellações criminaes.
Art. 90. Proferida a decisão, ordenará o Pre-
sidente a remessa das copias necessarias para a
sua execução ás autoridades que levantaram o
conflicto ou contra as quaes este tiver sido levan-
·tado.
CAPITULO VI
Da.c; questões prejudiciaes
Art. 91. Ao juiz da acção criminal compete
em regra decidir as questões de ordem civil que
se apresentem no curso do processo e digam res-
peito á natureza da infracção.
Paragrapho uni co . Aquelle juiz, todavia, não
conhecerá da violação dos direitos de estado ou de
propriedade si penderem, e emquanto penderem,
litigios sobre elles perante a jurisdicção civil.
TITULO II
Da prisão e da fiança
CAPITULO I
Da prisão em flagrante
Art. 92. Qualquer pessoa p6de e ,as autori-
dades policiaes e seus agentes, os auxiliares da
-- 25-
força publica e os officiaes de justiça devem pren..
der e levar á presença da autoridade todo aquelle
que fôr encontrado praticando algum delicto ou
contravenção, punidos com pena de prisão ou em-
quanto fugir perseguido pelo offendido ou pelo
clamor publico. .
§ 1. Apresentado o preso, ouvirá a autori-
Q
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-26 -
íl~d~ qq~ cQlll1(!ceu da pri~ão, e não bouveJ:' ~ec~
~idªrte <l~ Qutras diligencias p&rij que ~e instaure
~ a(:ç~o.
Art. 94. Não havendo autoridade no logar
em, que ~e. d.eu a pri~&.o, o preso será logoapresen:-
ta do á do logar mais proximo.
Pa:ragrapho unico. Na falta ou no impedi-
mento do escrivão servirá para lavrar o al,lto,
prestanl;lo o comprolllisso legal, qualquer pessoa
g~signada pela respectiva autoridade.
,A.rt, 95. Quando a prisão fôr por facto a que
esteja Ünpost.a pena de priaão simples ou rec.uflão
até ires mezes, lavrado o outodo flagrante, será o
réo posto em liberdade. salvo si não tiver profissão
licita e gonl1c~lio certo ou já houver cumprido pena
de prisão em virtude de sentença.
Art. 96. D~ntro em vinte e quatro horas, de-
pois da prisã,o, será dada ao preso nota de culpa as.-
signada pela autoridade, . contendo o motivQ da
prisão, o nome do accusador e os das testemunhas.
Paragrapho unico. O preso passará recibo
da nota, assignado com seu nome por Inteiro, ou
de aIguem por elIe com duas testemunhas, quando
não saiba, não queira ou não possa assignar. Esse
recibo se juntará ao processo. '.
CAPITULO II
Da prisão por mandado do juiz
Art. 97. A prisão preventiva tem logar em
q~lquer phase do processo policial ou judiciario,
pQr in,!Hlqado escripto do juiz da culpa, ex-officio,
a reqllerimento do ministerio publico ou do quei-
XQ~O, ou merl!ante representação da autoridade .
.Art ~ 9~. A nrisão preventlva é autoriza.da ~
1.° N(l§lCrilnes afiançaveis quando se apu-
r-flr. lIO p:roc~~ao qUe q indiciado:
a) é ViUJab"unqo sem pr()fissã,o Ueitª ~ _d,o~j ...
~mp çe~to; .' .' _ .-
- 27-
b) já cumpriu pen~ d~ prisão por effe~to 'de
sentença prQ~eridª por tribunal cQmpeteIlte.
§ 2. 11 Nos çrimes inafia,nçaveis, ~mquanto
não prescreverem, qualquer que seja a, ~:poca em
que se verifiquem indicios vehementes de autoria
Qu cumplicidade, revogados o § 4.° do artigo l3 da
lei n. 2. Oa3, de 20 de setembro de 18'71 e o § 3.~
do artigo 29 do dec. 4.824 de 29 de novembro. do
mesmo anno.
Art. 99. A requisição e a concessão do man·
dado de prisão preventiva serão sempre funda-
mentadas.
Art. 100. O juiz póde denegar o mandado de
prisão quando por qualquer circumstancia con·
stante dos autos, ou pela profissão, pelas condi·
ções de vida ou interesses a que está vinculado o
delinquente, presumir que este não fuja e não ha-
ja possibilidade de que por intimidação, tentativa
de peita, suborno ou corrupção de testemunhas ou
peritos, perturbe a marcha do processo ou lhe des-
trúa as provas.
Paragrapho uniço. O juiz pó de revogar essa
decisão em qualquer tempo desde que se modifi·
quem as condições estabelecidas neste artigo.
Art. 101. Para que seja legal o mandado de
prisão deve:
1.° ser expedido por juiz competente;
2.°. fiel' lavrado por escrivão e assignado
pelo juiz; .
3.°. designar a pessoa que tenha de ser pre-
!':Ia por f'!eu nome ou signaes caracteristicos que a
tornem conhecida do executor;
4.° d.eclarar a infracção penal que ,motiva a
prisão; e quando se tratar de crime afiançavél
qual o valor da fianca que houver sido arbitrada;
5.°. ser dirig-ido a quem tenha qualidade
p~ra dar-lhe execuçã.o;
6 . o declarar o nome do accusador. e os das
testemunhas.
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Art. 102. O mandado de prisão será passa-
do em duplicata. O executor entregará ao preso,
logo depois da prisão, um dos exemplares com de-
claração do dia, hora e logar em que effectuou a
prisão e exigirá, que o preso declare no outro ha-
veI-o recebido. Recusando-se o preso, não sabendo
ou não podendo escrever, lavrar-se-á auto assigna-
do por duas testemunhas. No mesmo exemplar do
mandado, o administrador, carcereiro ou director
ria prisão passará recibo da entrega do preso com
declaração do dia e hora. O exemplar do m~ndado
entregue ao preso equivale á nota de culpa.
Art. 103. O mandado de prisão é exequivel
'llentro do raio da jurisdicção do juiz que o assi-
gna. Quando o culpado estiver em jurisdicção
alheia, dentro do Estado, expedir-se-á precatoria .
.Art. 104. Si o culpado estiver fóra do terri-
todo do Estado, a prisão será pedida segundo o
disposto na lei que regula a extra dicção .
Art. 105. Si porém o réo. sendo perseguido.
nassar a te:rritorio de jurisdicção alheia, poderá o
executor que o persegue entrar nesse territorio e
effeduar ahi a diligencia, devendo porém logo em
seguida apre,sentar o mandado á autoridade local
competente e communicar-Ihe a prisão que tiver
levado a effeito.
§ 1.0. Entende-se que o executor vae em per-
seguição do réo:
1.0. quando, tendo-o avistado, o fôr perse-
guindo sem interrupção, embora depois o tenha
perdido de vista;
2.°. quando alguem fidedigno informar com
verosimilhança ao executor que o réo passou pelo
logar no mesmo dia com tal ou qual direcção.
§ 2.°. Quando porém as autoridades locaes ti-
verem fundadas razões para duvidar da legitimi-
dade da pessoa do executor ou da legalidade do
mandado que apresentar, poderão pôr em eusto-
(lia o réo perseguido até que tirem a limpo a du-
vida. _, ,--<- _ '
- 29-
Art. 106. O executor far-se-á conhecer do
réo e apresentando-lhe o mandado intimal-o-á para
que o acompanhe.
Preenchidos esses requisitos, entender-se-á
feita a prisão sem embargo da fuga posterIor do
réo.
Art. 107. O executor tomará ao· preso qual-
quer arma offensiva que comsigo traga para apre-
sentaI-a ao juiz.
Art. 108. Si á prisão houver da parte do réo
ou de terceiros resistencia armada, o executor fi-
ca auctorizado a usar das armas que entender ne-
cessarias para sua defesa e para vencer a resisten-
cia ou opposição. O mal causado pelo executor na
repulsa da força empregada pelo resistente ou por
terceiros, não lhe será imputado, salvo excesso de
justa defesa.
Paragrapho unico. O beneficio dessa escusa
se extende a quaesquer pessoas que derem auxilio
ao executor.
Art. 109. A prisão pó de ser feita em qual-
quer hora, respeitadas as restricções legaes con-
cernentes á inviolabilidade do domicilio.
Art, '110. O preso não será conduzido com
ferros, algemas ou cordas, salvo o caso extremo de
segurança, que deverá ser justificado pelo condu-
ctor, sob pena de multa de 10$000 a 50$000, que
lhe será imposta pela autoridade a quem o preso
fôr apresentado, sem prejuizo da responsabilida-
de criminal em que haj a incorrido pelo abuso.
Art. 111. Si o réo estiver ou entrar em algu-
ri;.a casa. o executor intimará o morador para que
o entregue mostrando-lhe o mandado. Si immedia-
tamente não fôr obedecido, o executor convocará
duas testemunhas e, sendC' dia, entrará á força na
casa arrombando as portas si fôr preciso.
§ 1.0 Sendo noite, o executor, depois da inti.
mação ao morador, si não fôr obedecido, tomará,
á vista de testemunhas, todas as sahidas, tornan-
- 30-
,do a casa incommunicavel, e logo que amanheça,
arrombará as portas e tirará:'o réo.
§ 2. 0 Sempre que o morador de uma casa, on-
·de se haja occultado o réo, recusar entregai-o, será
levado á presença do juiz para que se proceda con-
tra elle como fôr de direito.
Art. 112. Sem ordem escripta da autoridade
competente, pessoa alguma será recolhida á prisão.
§ 1.0 A falta, porém, de exhibição de ordem
éscripta não impedirá a prisão do indiciado em
crime inafiançavel quando fôr noto ria a expedi-
çãodella.
§ 2. 0 Neste caso o preso será immediatamen-
te remettido ao juiz que ordenou a prisão.
Art. 113. Sujeitos ã prisão nos casos em que
esta tem logar antes de culpa formada ou em vir-
tude de pronuncia, serão recolhidos a quarteis, á
disposição das autoridades civis:.
1.0 os que tenham titulos scientificos por
qualquer das Faculdades Superiores da Republica.
2 . o os offidaes da extincta guarda nacional,
da Policia' Militar e do Exercito Nacional.
3.0 os responsaveis pelos crimes de impren-
sa (artigo 30 do dec. n. 4.743, de 31 de outubro
:de 1923). .~'..
4. o os deputados e senadores, os sacerdotes.
5. o os jurados, excepto aquelles que sorteados
não forem assiduos aos trabalhos do jury, ou que
deixarem de se apresentar á prisão.
Art. 114. A prisão disciplinar nos casos em
· que tenha logar será decretada por meio de porta-
· ria da qual devem constar com individuação as
razões do aeto e o tempo de sua. duração.
· Art. 115. Essa exigencia é extensiva aos ca-
sos em que, segundo as leis Civis e fiscaes, couber
a prisão administrativa ..
. ' . ' r Art·. 116.· A prisão administrativa tem cabi-
~eDto:
- 31 .......
1.0 quando requisitada contra os responsa-
veis para com a Fazenda do Estado, omissos ou re-
missos em entr~r para ,)s cofres publicos com os
dinheiros ou valores a seu cargo. Tem por fini
compellil-os a que o façam.
2.° quando requisitada por extradicção ao
Governo do Estado pelas autoridades dos outros
':Estados ou do Districto :Federal. '
Art. 117. Para se effectuar a prisão dos res-
ponsaveis para com a Fazenda do Estado, a auto-
ridade administrativa a deprecará ao Chefe de
Policia.
Art. 118. Effectuada a prisão em virtude de
pedido de extra dicção, será posto o preso á dispo-
sição do governo impetrante.
CAPITULO lU
Da fiança
TERMOS PENAS
~-----------------------------------------
I
Minimo I Maximo P1'isão cellular OU reclu-
I são por menos de
1 I
250$000 I 1 :500$ l Nove mezes.
400$000 I 4:000$ I Um anno e seis mezes.
750$000 I 5 :000$ I Dois annos e tres mezes.
1 :200$000 I 6 :000$ I Tres annos.
1 :450$000 I 10 :000$ I Quatro annos.
SECÇÃO UNICA
Do quebramento da fiança
CAPITULO II
CAPITULO I
Da busca e apprehensão
Art, 175, Proceder-se-á á busca:
1.0 Para apprehender cousas achadas ou ob-
tidas por meios criminosos. ou indevidamente de-
tidas
2,° Para prender delinquentes ou indivi-
duos contra quem haja ordem legal de prisão.
3,° Para apprehender instrumentos de fal-
sificação ou contrafacção, e objectos falsificados
e contrafeito~,
4,° Para apprehender armas, mumçoes e
instrumentos de crimes já commettidos, ou a esse
fim destinados,
5,° Para descobrir objectos necessarios á pro-
va de algum críme ou á defesa de algum réo,
6.° Para apprehender pessoa victima de al-
gum crime.
Paragrapho unico. A busca póde ser realiza-
da ex-o//icio ou a requerimento do ministerio pu-
blico ou da parte.
Art. 176. Não se procederá á busca sem ve-
hem entes indicios resultantes de documentos, do
depoimento de uma testemunha, pelo menos, di.
gna de fe.
Art. 177. A parte ou o mÍlú:s(;erio publico de-
vem fazer o pedido de busca p'or escripto - devi·
- 46-
damente assignado, em que exponham o fim da
diligencia e deem. a razão da sciencia ou presum-
pção que têm de que a pessoa ou co usa está no 10-
gar designado, ou de que ahi se acham os docu-
mentos comprobatorios de algum crime commet-
,tido ou projectado, ou necessarios á defesa do
réo.
Art. 178. Tomar-se-á por termo, sob compro-
r.1i8so, a declaração da testemunha ou testemunhas
com que se abonarem as allegações do requeren-
te. As testemunhas deverão dar a razão da sua
sciencia ou informação.
Paragrapho unico. No caso de urgencia o
termo determinado neste artigo poderá ser lavra-
do depois.
Art. 179. O mandado de busca não deverá
conter o. nome nem as declarações das testemu-
:nhasainda mesmo que haja sido concedido em vir-
tude dellas.
Art. 180. O mandado de busca deve:
1. ° Indicar a casa. pela situaçãv, pelo proprie-
tario ou respectivo morador. .
2.° Descrever com individuáção a pessoa ou
cousa procurada.
3.° Ser escripto pelo escrivão e assignado
pelo juiz, com ordem de prisão ou sem ella .
. Art. 181. O mandado de busca que não con-
tiver. estes requisitos não é exequivel, e será puni-
do o official que por elle proceda.
. Art. 182. Só de dia podem as buscas ser ex-
ecutadas e antes de entrar na casa o executor deve
mostrar e lêr ao morador della o mandado, inti-
'mando-o logo a abrir as portas.
Art. 183. De noite em.nenhuma casa ou em
qualquer de suas dependencias se poderá entrar
sem consentimento do morador, salvo nos casos es-
pêcificados no artigo 197 do C. Penal. Essa pro-
hibição não se extende ás estalagens, hospedarias,
>tayern~s, casas de tavolagem e outras semelhantes,
.~xnquailto se, conservarem abertas.
oi. • "
- 47-
Art. 184. O executor sempre se acompanhará,
sendo possivel, de duas testemunhas vizinhas, que
assistam ao acto e o possam depois abonar com seu
depoimento, si fôr preciso justificar os motivos
que determinaram o procedimento do executor du-
rante a busca.
Art. 185. Quando fôr apropria auwridade
que dê a busca, declarará a sua qualidade e o fim da
diligencia, intimando os moradores a abrir as
portas.
Art. 186. Não sendo obedecido, o executor
.tem o direito de arrombar as portas e entrar á for-
ça e o mesmo se praticará com qualquer porta inte-
rior ou outra qualquer coisa onde se possa, com fun-
dameno, suppôr escondido o que se procura.
Art. 187. Em casas habitadas as buscas se ra-
rão de modo que não molestem os moradores mais
do que o indispensavel para s~ levar a effeito a di-
ligencia, respondendo os officiaes ou a autoridade
pelos excessos ou abusos que commetterem.
Art. 188. O morador ou seu representante,
sempre que estiver presente, terá direito de assistir
á busca.
Art. 189. Finda a diiigencia, fará o executor
um auto de quanto tiver occorrido, no qual descre-
verá as coisas e pessoas achadas e os logares onde o
. foram, assignando-o com as duas testemunhas pre-
senciaes, dando de tudo copia authentica ás partes,
si a pedirem.
Art. 190. Si a diligencia se baldar, por não
ser encontrada a pessoa ou a coisa procurada, serão
communicadas a quem tiver soffrido a busca, si o
requerer, as provas que houverem autorizado a
diligencia .
Art. 191. O possuidor ou occultador da coisa ou
pessoa encontrada por meio da busca, será condu-
,zido á presença da autoridade que expedir o man-
dado para ser interrogado e processado segundo a
lei, si fôr achado em culpa.
--_.
48 -
Art. 192. A autoridp-de que tiver de proceder
a alguma' diligencia em ;:epartições ou estabeleci~
mentos publicos deverá solicitar auctorização dos
respectivos chefes.
Art. 193. Os instrumentos do crime e outros
objectos que constituem prova, sendo achados, se-
rão seIlados e identificados com as assignaturas do
executor e das testemunhas e descriptos no auto
da diligencia.
Art. 194. Após o julgamento, serão inutili-
zados sempre os objectos apprehendidos que fo~
rem destinados exclusivamente á pratica de cri-
mes; os outros serão restitui dos ao legitimo dono.
CAPITULO 11
Do corpo de delicto
, .'
- 49--
Art. 198. O corpo de delicto poderá ser feito
de dia ou de noite, mesmo em dia feriado, e sempre
o será logo que a autoridade tenha por qualquer
fórma conhecimento do crime.
Art. 199. Os peritos devem ser nomeados den-
tre os profissionaes na materia de que se tratar; na
sua falta, dentre as pessoas entendidas e de bom:
senso.
Paragrapho uni co . Havendo no logar medic03,
cirurgiões, pnarmaceuticos ou outros quaesquer
profissionaes ou mestres de officio que pertençam
à algum estabelecimento publico ou que recebam
,vencimentos pelos cofres do Estado ou do Muni~
cipio, serão elles de preferencia chamados para fa~
zer o corpo de delicto, salvo si havendo urgenci~
não puderem compareceI.' de prompto. ,
Art. 200. Aquelle que, sem motivo justificado,
recusar os seus serviços de perito, incorrerá na
multa de 50$000 a 100$000, imposta pela·áutorida-
de que tiver,de presidir ao exame, cabendo do aeto
da imposição recurso voluntario para o superior
hierarchico dessa autoridade.
Art. 201. A autoridade que presidir ao exame
exigirá que os peritos escrevam com clareza os seus
relatorios e conclusões, afim de que os escrivâes
copiem acertadamente os termos technicos.
Art. 202. Si os peritos não puderem formal'
logo juizo seguro porque a materia exija mais de-
moradas indagações, ser-Ihes-á concedido prazo que
não excederá de 5 dias.
Art. 203. Os quesitos para o exame serão for-
mulados pela autoridade ex-officio, tendo em vista
a natureza do crime, os seus elementos sensiveis,
cuja existencia se investiga, bem como quaesquer
outras circumstancias que possam servir de prov~
do facto criminoso, por mais simples que pareçam.
Paragrapho unico. A parte ou o ministerio
publico poderão suggerir questões, a que a autori.
dade mandará responder, si tiverem relação com (í
facto, e forem relevantes. " ,
c. P. P. 4
,.... 50 ~
CAPITULO 1.0
Disposição geral
Art. 229. Constituem prova no processo
penal:
1.0 a confissão.
2.0 as testemunhas.
8. o exame por peritos.
0
4.0 os documentos.
5.0 os indicios e presumpçÕes.
ÇAPITULO 2. 0
. -" /_.. . '.'-
Da confissão
Art. 230. !=' ara que tenha valor de prova a
confissão deve:
:1 •o ser feita perante o juiz competente.
2.0 ser livre, espontanea e expressa.
3. versar sobre o facto principal.
0
CAPITULO 4.°
Dos documentos
Art. 255. São documentos:
1.0 Os instrumentos e papeIS publicos e os
que forem a este equiparados.
2.° Os escriptos ou papeis particulares.
:Art. 256. As cartas particulares não serão
admittidas em juizo sem consentimento dos seus
autores, salvo ,quando offerecidas pelos destínata~
rios em defesa dos seus direitos.
Paragrapho unico. As cartas, porém, obtidas
por meios criminosos não serão absolutamente aa-
mittid.as em juizo.
Art. 257. Contra o teor dos autos, termos, ou
certidões lavradas por funccionarios public09 em
assumpto de sua competencia, sómente se admitte
a prova da falsidade.
Art. 258. Si algum documento fôr arguido
de falso e a falsidade fôr, por seus caracteres ex-
trinsecos. manifesta á primeira vista, mandará o
juiz immediatamente desentranhai-o dos autos e re-
mettel-o ao ministerio publico.
Em o caso contrario, observará o processo
seguinte:
.1.0 Mandará que o arguente offereça prova
da falsidade no prazo de tres dias.
.$TF • BIBLIOTECA -
- 62-.
2.° Findo esse prazo, terá a parte contraria
outro tanto para a contestação e respectiva prova.
3.° Conclusos os autos, o juiz poderá orde-
.uar as diligencias, que entender necessarias, e de-
,cidirâ o incidente.
4.° Si a decisão fôr affirmativa, mandará o
juiz dÉÍsentralioot o documento e remettel-o com o
processo ao ministerio publico, ficando copia nos
~utos; si negativa, proseguirá na causa indepen-
dentemente de recurso.
Paragrapho' unico. Ao juiz é licito proceder
ex-officio á verificação da falsidade.
Art. 259. A decisão, qualquer que ella seja,
não fará caso julgado contra processo ulterior de
falsidade civil oil crimInal que as partes possam
promover.
Art. 260. Os êscriptos particulares devem ser
,reconhecidos authenticos pela confissão, por ta-
,bellião ou por exame pericial.
CAPITULO 6.°
Dos indicios
Art. 261. Sao ilidicios as circumstancias ou
factos conhecidos dos quaes se induz por via indi.
réctá. a existencia de outro facto ou circumstancia
de que se não tem a prova.
Att. 262. ~àl'a que os indicios constituam
:prova é necessatio:
. . 1.° qu~ ó. factó ou éitcumstancia indiciante
tenha relação de causalidade, proxima ou remota;
com a circumstancia ou facto indiciado.
2.° que õ facto ou circunistancia indiciado
~()incida com a prova resultante de outros indi-
étas ou com as provaS direetas produzidas' na
. ~, ~
LIVRO. 11
Dos prOcessos em especie
TITULO 1.°
Do processo éommu,1f
CAPITULO I
Da formação daculPà
SECÇÃO 1.a
Dos actos ordinatórl.os
Art, 263. Apresentada a queixa o.u denun-
cia, o. juiz mandará autuaI-as com as peças que as
instruirem e decidirá sobre a sua acceitação ou re-
jeição. depois de o.uvir, no caso. de queixa, o. minis-
terio publico.
Art. 264. Si fôr caso. de receber a queixa o.u
a denuncia o.u de ordenar ex-ofticio o procedimen-
to, mandará o juiz, no. mesmo despacho. de recebi-
mento o.u na po.rtaria pela qual iniciar o. pro.ces-
so, citar o réo., si não estiver preso, e intimar as
testemunhas para a formação. da culpa em dia e
ho.ra que lhes fo.rem designado.s. Serão Pêlo o.ffi,.
eiaI o.u pelo escrivão. avisados do. mesmo. dia e ho-
ra a parte queixo.sa, o. ministerio. publico. e o. réo
s~ estiver preso., guardado. o. interstieio taxad~ no.
art. 4P, 14. 0
-64-
Art. 265. Si o delinquente, contra o qual não
houver mandado de prisão, residir fóra da jurisdi-
cção do juiz, expedir-se-á precatoria para citaI-o,
ou ser-Ihe--á feita a citação por edital nos casos do
artigo 53.
Art. 266. O delinquente, si estiver preso ou
si acudir á citação, no caso de estar solto ou afi-
ançado, assistirá á inquirição das testemunhas,
em cuj o acto poderá oppor-Ihes contradicta ou
contestação por si ou por seu procurador na fór-
ma dos artigos 246, paragrapho unico, e 247.
Art. 267. Proseguir-se-á na formação da
culpa á revelia do réo si este, estando foragido ou
sendo citado, deixar de comparecer.
Paragrapho unico. Neste caso a formação da
culpa poderá ser processada em segredo de jus-
tica.
. Art. 268. Si o réo presente fôr de menor
edade, ser-lhe-á dado curador que o assista em to-
dos os termos do processo.
Art. 269. As testemunhas serão inquiridas
pelo juiz sobre a materia da queixa, da denuncia
ou da portaria inicial e no caso de haver corpo de
delicto, deporão sómente a respeito do delinquen~
i;e para se descobrir e saber quem é o autor da in-
fracção e si ha co-autores ou cumplices, e quaes
são.
Art. 270. Não tendo havido corpo de deiicto
proceder-se-á na fórma indicada no artigo 196.
Àrt. 271. No summario a que se proceder
para a formação da culpa nos crimes de acção pri~
vativa do offendido, inquirir-se-ão, pelo menos,
tres testemunhas e poderão ser inquiridas mais
até o numero de cinco.
§ 1.0 Nos crimes communs em que caiba
acção publica poderão ser inquiridas mais teste-
munhas até o numero de oito; nunca, porém, me-
nos de tres.
§ 2.° Nesse numero não se computam as in..
formantese referidas (artigos 238 e 289) .
·~ 65 ~
SECÇÃO II
Da pronuncia, impronuncia ou absolvição sum-
maria
Art. 281. Findos os termos ordinatorios, se-
rão os autoscohcIusos ao juiz pa.ra proferir a sua
BéCisãb. .
:Paragràpho ti.:tiico.· Si o. juiz verificar que
p.xistem no summario millidades ou irregularida-
des a sanar, ou que é mister esclarecer certas cir-
-67 -
cumstancias relativas ao crime ou aos criminosos,
mandará a requerimento do ministerio publico,
da parte, ou ex-afficia, que se façam as diligen-
cias necessarias para esses fins.
Art. 282. Si estiver provado o crime e exis-
tirem, pelo menos, indicios vehementes da auto-
ria ou cumplicidade arguidas, o juiz declarará por
seu despacho nos autos que julga procedente a
queixa, denuncia ou a portaria inicial, especifi-
cando o artigo de lei em que está o delinquente in-
curso e, no caso de co-autoria ou cumplicidade a
fórma de participação de cada um dos réos no fa-
cto criminoso.
No mesmo despacho sujeitará o delinquente á
prisão nos casos em que esta tem logar, e sempre
a livra~ento, e si o crime fôr afiançavel declara-
rá o valor da fiança.
Art. 283. Quando o juiz não obtenha pleno
conhecimento do delicto ou indicios vehementes de
quem seja o delinquente, julgará por seu despa-
cho improcedente a queixa, a denuncia ou o pro-
cedimento ex-officio.
Art. 284. No caso de pronullcia por crime
inafiançavel, expedir-se-á logo mandado de pri-
são contra o réo ou será este recommendado na
prisão em que se achar.
§ 1.0 Si no caso fôr admissivel fiança, Q
mandado de prisão só se passará, com a declara-
ção constante do art. 101 n. 4.°, depois de confir-
mada a pronuncia pela jurisdicção superior ou de-
POhi de findo o prazo para o recurso voluntario.
§ 2. o Logo que passar em julgado o despacho
de pronuncia, será lançado o nome do réo no rôo
dos culpados, em livro para esse fim destinado, o
qual será aberto, nume:r:ado e rubricado pelo juiz
de direito na séde da comarca e pelos juizes niunl-
cip~es nos termos a:h,nexos..
Art. 285. No caso Qe jmpronuncia. o réo. si
estiver preso porque o fôra em flagrante, ou pre..
- 68-
ventivamente por despacho do juiz, será immedia-
tamente posto em liberdade.
, Paragrapho unico. Todavia, si o qespacho de
impronuncia fôr do juiz municipal, e tratar-se de
crime inafiançavel, esse effeito só se produzirá de-
pois de confirmada a impronuncia pelo juiz de di-
reito no julgamento do recurso necessario.
, Art. 286. O despacho de impronuncia não
produz cousa julgada, podendo ser intentada ou-
tra acção emquanto o crime não prescrever, desde
que appareçam novas provas .
.' Art. 287. Nos crimes de acção . publica, si
rias prova~ do summario resultar o reconhecimen-
to de que são culpados outros individuos não com-
prehendidos na queixa, denuncia ou portaria ini-
cial, o juiz, ao proferir a decisão de pronuncia ou
não pronuncia, ordenará que os autos voltem ao
ministerio publico ou á parte queixosa, para addi-
tamento da peça inicial do processo e demais di':'
ligencias do summario.
Art. 288. O juiz da formação da culpa ab-
solverá logo o réo quando do processo resultar pro-
va plena de alguma justificatiya ou dirimente da
~riminalidade (artigos 27, 32, §§ 1.0 e 2.° e 35 do
Cod. Pen.).
§ 1.0 Absolvido neste caso o réo, o juiz re-
correrá ex-iJfficio, e suspensivamente para a ju-
risdicção superior.
~ 2.° Si esse recurso necessario fôr interpos-
to para o juiz de direitó, este,.a seu turno, appel-
lará ex-officio e suspensivamente da sentença ab-
sol~toriaque proferir. .
§ 3.° .. A sentença de absolvição confirmada,
:pesse caso, pelo Tribunal da Relação produzirá o
effeito de cousa julgada. .
Art. 289. Do despacho de pronuncia ou im-
pronuncia, dado pelos juizes municipaes, haverá
recurso necessarió para os juizes de direito. Esse
recurso -subirá depois -de findo 0- prazo de-5- dias,
que se c?nta da intimação daquelIe ::despacho-ãs
- 69-
partes. Dentro desse prazo as partes poderão arra-
zoar e juntar documentos.
§ 1.0 Tratando-se de crime inafiançavel, a
intimação será feita pessoalmente ao réo preso, e
até que ella se possa verificar ficará sustado o
progresso da causa.
§ 2.° Si o crime fár afiançavel e dos autos
constar por qualquer maneira que o réo se acha
ausente ou foragido, a intimação lhe será feita
pela fórma determinada no artigo 54.
Art. 290. E' vedado á parte queixosa ou ao
ministerio publico recorrer do despacho de pro-
nuncia si proferido de accordo com o pedido nos
autos.
CAPITULO II
Do prepa1'O dos processos para o iulgamento
Art. 291, Logo que passar em julgado a pro-
nuncia, mandar& o juiz que se dê vista dos autos
ao ministerio publico para que, no prazo de tres
dias. offereça o libello accusatorio. Esse prazo po-
derá ser prorogado por mais 48 horas quando a
affluencia de negocios o exigir.
Art. 292. Si fár particular o accusador, será
notificado para apresentar o libelIo dentro de 24
horas que correrão da assignação em audiencia,
sob pena de lançamento.
§ 1.0 Não vindo o accusador com seu libello
no termo assignado, o juiz o haverá por lançado.,
§ 2.°' Nos casos em que o lançamento impor-
te accusação pela justiça, o juiz de direito no mes-
mo despacho ordenará que se dê vista ao ministe-
rio publico para vir com seu libello na fórma do
artigo 291.
§ 3. 0 Quando, porém, o cri~e fár de aeção
privativa do offendido, julgar-se-á pelo Ianç~
mento perempta a acção, precedendo audieneia do
ministerio publico.
- 70-
Art. 293. Incorrerá na multa de 100$000 a
200$000 o Promotor de Justiça que exceder o pra-
zo e a prorogação estipulados no artigo 291. Essa
multa lhe será imposta pelo Procurador Geral, a
quem a falta será communicada pelo juiz do feito,
o qual nomeará então um promotor ad hoc para of-
ferecer o libello e proseguir na causa.
Art. 294. O libello, escripto e articulado em
proposições simples e distinctas, deve conter:
1.0 o nome e os appellidos do réo e alcunha
por que fôr conhecido.
2.° a exposição do facto criminoso e das cir-
cumstancias aggravantes si existirem.
3.° o pedido de condemnação, indicando-se
o gráo da pena e o artigo de lei que a impõe, de.
accordo com o despacho de pronuncia.
4.° a assignatura do ministerio publico ou
,lo queixoso ou seu advogado.
Art. 295. Com o libello podem ser apresen-
tados quaesquer documentos Que interessarem á
~ccusação e requeridas quaesquer diligencias que
forem uteis á causa.
Art. 296. Ao libello deve ser annexado o ró)
da,s testemunhas da formação da culpa, e, além
dellas, póde o ministerio publico ou accusador pa:r-
ticular offerecer outras si fôr mister reforçar ou
completar a prova.
Art. 297. Offerecido o lib ell o, quando o nM
fôr pelo ministerio publico, a este se dará vista
por 24 horas para dizer si se conforma com elle
e, caso se não conforme, addital-o ou rectifical-o
como no caso couber.
Art. 298. O libello que não contiver os requi-
sitos mencionados nos artigos 294 e 296 não será
recebido; mandará o juiz reformaI-o impondo ao
signatario a multa de 20$000 a 60$000 .
Paragrapho unieo. Si o signatario fôr o Pro-
meitor d~ Justiça será a multa imposta pelo Pro-
curador Geral. . .
- 71-
Art. 299. Recebido o libello por despacho du
juiz, o escrivão dará uma copia delle, do addita-
mento si houver, dos documentos e do róI de tes-
temunhas que o acompanharem, ao réo preso e ao
afiançado ou a seu p:i.'ocurador si apparecerem para
o receber, exigindo sempre recibo, que juntará
aos autos.
§ 1.0 Si o réo não souber, não puder ou não
'quizer escrever e ,assignar o recibo, será este dado
e assignado a seu rogo por alguem que tenha as-
sistido á entrega e por duas testemunhas presen-
ciaes, certificando o escrivão o que houver occor-
rido.
§ 2. 0 Tratando-se de réo menor deve ser
dada a seu curador outra copia com as me:,mas
solennidades.
A rt. 300. A copia do libello e de seus anne-
xos será entregue ao réo pelo menos tres dias
antes do julgamento.
Art. 301. Dentro desse prazo, poderá o réo
offerecer contrariedade escripta e a ella annexar
o róI das respectivas testemunhas que devam de-
pôr na sessão do julgamento, assim como os docu-
mentos que tiver, requerendo as diligencias que en-
tender convenientes á sua defesa.
Art. 302. Ao réo ou a seu advogado, si qual-
,quer deIIes o requerer, será dada vista àos autos
em cartorio.
Art. 303. Findo o prazo para a contrarieda-
de, o escrivão fará os autos conclusos ao juiz.
Ãrt. 304. Si o juiz encontrar no processo
qualquer nullidade posterior á pronuncia, manda-
rá preencher ou rectificar as formalidades omitti-
q~S ou viciadas, e resolverá sol;>re as diligencias re-
queridas no libello e na contrariedade •
Art. 305. Os promotores de justiça deverão
examinar cuidadosamente e com a maior antece-
dencia possivel todos os processos em que a Justi-
ça fôr parte afim de requerer em tempo que fie
proceda ás diligencias e se procurem os documen-
-72 -
tos que possam ser necessarios para sustentar ~'t
accusação.
f'aragrapho unico. Para esse fim poderão re-
querer vista dos autos, que o juiz lhes deferirá
por prazo breve, sem prejuizo da defesa.
CAPITULO III
Do julgamento dos crimes communs da c01npeten-
cia dos juizes de direito
Art. 306. Satisfeitas as formalidades e cum-
pridas as diligencias que porventura tenham sido
ordenadas, marcará o juiz, por despacho nos au-
tos, dia para o julgamento e mandará citar o réo
si estiver afiançado, ou si fôr o crime afianç;avel
sob pena de revelia, e notificar o ministerlo publi-
,co, ou o accusador particular, a este sob pena de
lançamento, o auxiliar da accusação, si houver, e
.as t~stemunhas sob pena de desobediencia.
§ ).0 A _Citação do réo se fará conforme as
.circumstancias, por algum dos modos menciona-
_dos J;loartigo 44.
§2.0 O réo preso será logo notificado, na ca-
deia, do· dia em que se realizará a audiencia do jul-
gamp.nto.
_ § 3.0 Para a intimação das testemunhas que
estiverem em logar cE;!rto, fóra do ter rito rio da ju:-
risdicção do juiz, expedir-se-á carta precato ria
com a antecedencia necessal'ia para ser proveito-
samente cumprida, certificando o escrivão ncs
_.autos o dia da expedição. Todavia, si a precatoria
)lão -fôr devolvida em tempo, será, não obstante, o
pi;ocesso levado a julgamento.
'. - O escrIvão juntará sempre aos autos certifi~
_cado do régistro postal. .
. Art. 307 .. No dia designado para o julgamen-
. to. á hora marcada, presente () ministerio publico,
o juiz,· aberta a audiencia ao toque da campainha,,.
:mandarár apregoar as partes e testemunhas.
-73 -
SECÇÃO II
SECÇÃO IV
SECÇÃO VI
Do incidente da falsidade
Art. 400. Si durante os debates se arguir de
falso algum documento ou depoimento com funda-
mento plausivel, o juiz examinará a questão com
o maior cuidado, e depois de fazer as investiga-
ções que entender necessarias, decidirá, summaria
e verbalmente, reconhecendo procedente ou im-
procedente a arguição, conforme concorrerem ou
não vehementes indicios da falsidade.
De tudo se lavrará termo em que se declarem
a natureza da arguição, os seus fundamentos, as
diligencias feitas. e a decisão proferida. O termo
será assign8.do pelo juiz e partes.
Art. 401. Julgada improcedente a questão,
a C[l11"lQ retomará o seu curso interrompido pelo
incidente como si nada houvera Hcontecido.
Art. 402. Si o juiz, porém, decidir que con-
correm indicios vehementes de falsidade. propo-
rá aos jurados na mesma occasião em que lhes pro-
puzer os quesitos sobre a causa principal (artigo
387) a seguinte questão preliminar: -- "Pôde o
jury pronunciar decisão definiUva sobre a causa
principal sem attender ao depoimento tal ou a tal
documento, arguidos de falso ?"
Art. 403. Os .iurados examinarão si, no caso
de se brovar a falsidade malsinada. poderá eIla
influir na decisão da Ca'J::-'D, df' maneira que e3,:'U,
decisão tenha necessariamente àe ser diffe:ente
nesse ou no caso contrario.
Art. 404. Tomada a deliberacão em cçm-
mum. observados os artigos 389 e seguintes, si os
jurados resolverem negativamente a rruestão,
nada mais decidirão sobre a causa princinal e (l
juiz haverá o conselho por dissolvidJ,
Art. 405. Si. ao contrario, o jury reconhecer
q',.le as I,rovas malsinadas nenhuma Íl.. f:L'ellchi ex-
- 92-
ercem na solução da causa, passará c:t responder ás
demais questões.
Art. 406. Em ambos os casos, o delwimento
ou o documento que provocaram o inódente, se-
rão remettidos com a3 peças da investigr.ção e os
resultados obtidos ao juiz competente pai.D o pro-
cesso da falsidade.
SECÇAO VII
. ,.. ..........
';1
LIVRO III
1)os processos especiaes
TITULO I
CAPITULO UNICO
1)a fórma do processo
Art. 411. Os processos por contravenção, in-
fracção de posturas municipaes ou de termos de
bem viver e segurança ou por crimes communs
cuja pena não exceder de seis mezes de prisão ceI-
olular com ou sem multa, terão a seguinte fórma
summaria:
§ 1.0 A queixa ou denuncia, além dos requi-
sitos do artigo 15, deverá conter:
a) as circumstancias aggravantes, si houver:
b) o pedido da condemnação, indicando-se,
de accordo com o facto exposto e com as circum-
stancias, o gráo da pena e o artigo da lei penal
oque a impõe.
§ 2.0 As testemunhas nomeadas não serãoo
menos de duas nem mais de cinco, além das in _
formantes e referidas.
- 96 -
§ 3.° A queixa ou denuncia será instruida;
si se tratar de crime de facto permanente, com
o auto de corpo de delicto directo e poderá vir
acompanhada de outro qualquer documento que
sirva de prova da infracção.
§ 4.° Recebida a queixa ou denuncia, o juiz
a quem incumbir o preparo da causa, mandará
citar o delinquente para se vêr processar na pri-
meira audiencia ordinaria, precedendo o prazo
minimo de vinte e quatro horas.
§ 5.° O escrivão ou official que fizer a dili-
gencia, lerá ao delinquente a queixa ou denuncia
ou o mandado, si a citação se fizer por esse meio,
ou permittirá que elle proprio o leia, e além disso.
dar-lhe-á, ainda que não seja pedida, a respectiva
contrafé.
§ 6.° O delinquente apregoad.', si não com-
parecer, será processado á revelia. Si comparecer,
o juiz lhe fará a leitura da queixa ou denuncia e
receberá a defesa oral ou por escripto com o róI dE'
testemunhas ou documentos.
§ 7.° Inquirirá. em seguida, summariamen-
te, as testemunhas de uma e de outra parte, ob-
servando as regras prescriptas nos artigos 246 e
seguintes, e mandará reduzir os depoimentos a
escripto na fórma do artigo 251.
§ 8.° Si não puder concluir-se, numa só au-
. diencia, o processo, continuar-se-á nas seguintes,
ordinarias ou não, até que estejam conclui dos os
esclarecimentos necessarios. Si em qualquer des-
.tas, não se puder proseguir, far-se-á constar o
,adiamento do termo e o processo retomará o seu
curso na audiencia que se designar, citado o róo
por pregão.
§ 9.° Terminada a derradeira audiencia, po-
derão as partes, dentro das 24 horas seguintes ex-
aminar os autos em cartorio e offerecer as alI e-
gações escriptas que julgarem convenientes.
O prazo regular-se-á de modo que não seja
prejudicada a defesa e lhe caiba sempre falar em
-- 97--
ultimo logar, Si houver mais de um réo o pl'azó
será de 48 horas, .
N a ultima audiencia serão as partes lançada.:!
de mais provas, e assign,ado ao réo o pra~o para a
defesa. - .
~l..,
TITULO II
Do processo e julga,mento dos crimes de abuso de
libm'dade de imwensa
CAPITULO UNICO
Da fórma e processo
Art, 412, O~ crimes previstos pela lei fede-
ral n, 4,743, de 31 de outubro ~e 1923, se:r:ao pro-
c. P. P. 1
- 98 ~
TITULO IV
Do processo e julgamento dos cTitnes de fallencia
Art. 426. A acção penal pelos crimes em ma-
teria de fallencia será iniciada por denuncia do mi-
nisterio publico ou por queixa dos liquidatarios ou
de qualquer credor.
Art. 427. O processú penal contra o fallido.
seus cumplices ou demais pessoas punidas pela lei
n. 2.024, de 17 de dezembro de 1908, corre em au-
to apartado, distincto e independente do processo
commercial, e nã0 poderá ser iniciado antes de
declarada a fallencia.
Ar.t. 428. A acção penal se p~cessará até a
pronuncia ou não pronuncia perante o juiz que de-
clarou aberta a fallencia.
Art. 429. A queixa ou denuncia deve conter
todos os requisitos exigidos pelo artigo 15 e será
instruída com o rel~.torio dos sy-ndicos e as copias
- 102-
necessarias tiradas do processo commercial dá fál~
lencia, e com documentos si houver.
§ 1.0 O escrivão é obrigado a enviar ao mi-
nisterio publico uma das copias authenticas do re-
latorio dos syndicos e a copia da acta da àssembléa
geral. bem como outros documentos que o juiz orde-
nar, dentro das 48 horas seguintes á primeira re-
união dos credores.
§ 2.° O ministerio publico dentro do prazo
de 15 dias depois do recebimento desses papeis, é
obrigado ou a requerer o archivamento delles ou a
promover a acção penal contra o fallido, seus cuni-
plicesou outras pessoas sujeitas á penalidade.
§ 3.° O archivamento dos papeis, a· requeri-
mento do ministerio publico, não prejudica a acção
penal que compete aos liquidatarios e aos credores.
Art. 430. Em todos os termos da accão inten;;
tada por queixa e nos da que o fôr por denuncia.
poderão intervir como auxiliares os liquidatarios
ou qualquer credor.
Art. 431. O processo será o da formação da
culpa disciplinado pelo artigo 263 e seguintes.
Art. 432. Logo que passe em julgado o des-
pacho de pronuncia, mandará o juiz dar vista do
processo ao ministerio pUhlico ou notificar a parte
queixosa uara vil" com seu libelIo nos termos dos
artigos 291 a 293.
Art. 433. O libello deve conter os elementos
especificados no artig-o 294 e ser acompanhado dos
documentos que o accusador entender convenien-
tes e do róI de testemunhas de que fala o artigo
296. DelIe, si fôr particular, se dará vista ao Pro-
motor nos termos do artigo 297.
Art. 434 Offerecido o libelIo, devera; o escri-
vão preparar uma copia delIe e do additamento si
·houver. dos documentos e do róI das testemunhas
que entregará ao réo quando preso pelo menos cin-
C? dias antes do ~eu julgamento, e ao afiançado;
SI elle ou o seu procurador apparecerem para re-
- 103-
• • I !
CAPITULO I
Da formação da culpa
Art. 448. A aueixa ou denuncia por crime
commum ou de responsabilidade, cujo processo e
julgamento competirem ao Tribunal da Relação,
serão apresentadas ao Presidente, qúe as distri-
buirá si estiverem nos termos dos artigos 15 a 17
ou mandará que a parte ou o Procurador Geral pre-
encham as faltas que houver. .
§ 1.0 A queixa ou denuncia particulares se-
rão distribui das depois de ouvido o Procurador
Geral.
§ 2.° Si a queixa ou denuncia forem contra o.
Presidente dó Estado por crime commum, o Tri-
bunal não procederá por elIas senão depois de re-
ceber o decreto de accusação enviado pela Camara
dos Deputados com o respectivo processo em ori-
ginal.
§ 3.° Distribuida a queixa ou a denuncia, ()
desembargador a quem tocar, mandará por seu
despacho autual-a e citar o accusado para respon-
der por escripto no prazo de 15 dias, e para os de-
mais termos do processo, sob pena de revelia.
§ 4.° A citação se fará nos casos e pela fór-
ma determinada no titulo precedente, artigos 443
e '444.
§ 5.° Com a resposta do accusado ou sem
elIa, o relator ordenará o processo jnquirindo as
testemunhas; procederá a todas as diligencias
necessarias que lhe tenham sido requeridas ou que
elle determinar ex-officio para a êveriguação do
crime e interrogará o réo, si estiver preso ou si q
· -- 107 -
Da formação da culpa
Art. 462. A queixa ou denuncia por crime,
cujo processo e julgamento caibam ao Tribunal
Especial, serão apresentados na Secretaria da Re-
lação e, depois de protocolladas, submettidas ao
despacho do Presidente daquelle Tribunal.
Art. 463. O Presidente do Tribunal Especial,
logo que lhe fôr entregue pelo secretario da Rela.-
çãq a queixa ou denuncia, procederá como está de-
terminado no artigo 448 e seus paragraphos.
§ 1.0 A distribuição, porém, de que fala o
§ 4.°, se fará observando-se aiS seguintes regras:
1.0 Si a queixa ou denuncia forem contra
algum desembargador, serão distribuidas a sena-
dor ou deputado. Si couberem a senador, os re,..
spectivos revisores serão um desembargador e um
deputado. Si tocarem a deputado, os revisores se-
rão um desembargador e um senador.
2.° Si a queixa ou denuncia forem contra
sAnador ou- contra deputado, serão distribui das a
desembargador e os revisores, nesse caso, serão um
senador e um deputado.
. § 2. ° A queixa ou denuncia, no caso de se-
rem dadas contra senador ou deputado, só se ad-
mittirão, salvo o disposto no paragrapho seguin-
te, depois de obtida da respectiva Camara a devi-
<la licença, que o autor deve impetrar em petição
instrui da com os documentos necessarios e com o
róI de testemunhas.· .
§ 3.° Não será, porém, precisa essa licença si
tiver havido prisão em flagrante e fôr inafiança-
velo. çrime imputado. 1'i!'esse caso, levado o pro-
cesso'atéa pronuncia exclusive, dever~ o ~Qiz r~
- Ui-
lator remetter os autos á Camara respectiva para
resolver sobre a procedencia da accusação, si o ac-
cusado não optar pelo julgamento immediato~
§ 4.° Si a Camara declarar que não procede a
accusação, em tempo algum será ella renovada.
§ 5.° Si .fôr declarada procedente a accusa-
ção, sendo o processo com o respectivo decreto de-
volvido ao Presidente do Tríbunal Especial, serão
os autos conclusos ao relator que procederá na fór-
ma indicada no § 7.° do artigo 448, seguindo-se no
julgamento a regra estabelecida pelo paragrapho
8. ° do mesmo artigo e observada a disposição do
artigo 449.
CAPITULO II
Do julgamento plenario
TITULO VIII
CAPITULO V
Dos embargos
CAPITULO VI
Da Revisão
Art. 553. Em favor do réo condemnado por
sentença, passada em julgado, da justiça do Es-
tado, póde ser requerida a revisão do processo.
Art. 554. A revisão é da exclusiva compe-
tencia do Supremo Tribunal Federal e regulad~
por lei da União. Póde ser requerida pelo conde-
mnado, por qualquer do. povo ou pelo Procurador
da Republica. .
.-
LIVRO V
Da execução de sentença
TITULO I
TITULO II
Do modo de execução da pena de prisão
Art. 565. As penas de prisão serão cumpri-
das em qualquer das cadeias ou estabelecimentos
-135-
penitenciarios do Estado, ainda mesmo fóra do
dOJllicilio ao condemnado ou do districto da culpa,
pela fórma prescripta no Cod. Pen. e nas leis
que o modificarem.
§ 1. o Devem ser, porém, preferidas as casas
de prisão do logar do crime ou do domicilio do
condemnado, quando forem commodas e presta-
dias.
§ 2. 0 O juiz deverá designar na sentença
condemnatoria o logar onde a pena terá de ser
cumprida.
§ 3. 0 O cumprimento da pena de prisão sim-
ples, embora penda recurso voluntario, contar-
se-á do dia em que fôr proferida a sentença con-
demnatoria. A execução, porém, só se instaura
depois que passar em julgado a sentença.
Art. 566. Si o juiz da execução for o mesmo
da sentença, ordenará, logo que esta passar em jul-
gado, que seja o réo recommendado na cadeia em
que estiver, si ahi deve cumprir a pena e fará abrir
no livro respectivo da cadeia assentamento com
todas as declarações exigidas.
Art. 567. Si, porém, o condemnado tiver de
cumprir a pena em outro logar, o juiz expedirá
carta de guia com sua assignatura, a qual será en-
dereçada e remettida com o preso directamente ao
director da Penitenciaria, si este fôr o estabeleci-
mento designado, ou ao juiz dàs execuções do ter-
mo, onde estiver a cadeia,
. Paragrapho unico. A remessa á Penitencia-
ria dependerá sempre da autorização especial do
governo,
Art. 568. Si o réo estiver solto, o juiz expe-
dirá mandado de prisão, e providenciará para que
eIle sej a cumprido.
Paragrapho uni co. Logo que o réo fôr preso
proceder-se-á segundo as circumstancias do caso,
como está determinado nos artigos antecedentes.
Art. 569. O juiz do termo da execução, cum-
prindo a carta de guia, que fará autuar, mandarã
- 136-
abrir pelo escrivão do crime no livro respectivo
da cadeia o competente assentamento com todas
as declaraçqes constantes da mesma carta, lançan-
do o escrivão nos autos da execução certidão de o
ter feito,. ,
Art. 570. O juiz da sentença quando não fôr
o mesmo da execução, expedirá a este mandado ex-
ecutivo com todas as especificações exigidas para
a carta de guia. Si, porém, o juiz da execução es-
tiver na mesma comarca que o da sentença, ser-
lhe-ão remettidos para a execução os proprlOs au-
tos da acção principal.
Paragrapho unico. O juiz da execução rece-
bendo o mandado ou os autos, tendo sido posto o
réo á sua disposição, procederá como se determina
no artigo 566 e seguintes.
Art. 571. A carta de guia para a execução
deve conter:
a) o nome e os appellidos do condemnado e
a alcunha por que é conhecido;
b) a sua qualificação (edade, naturalidade,
filiação, estado, profissão, instrucção, logar de re-
sidencia e o mais que fôr necessario para a respe-
ctiva identificação) e sempre que fôr possivel a
individual dactyloscopica;
c) o teor da sentença e a data precisa (an-
no, mez, àia e hora) em que deve terminar a pri-
são.
Art. 572. Na Penitenciaria já existente e nas
que de futuro se crearem haverá um livro especial
de registro de cartas de guia executorIas. Nesse li-
vro devem ser averbados, na ordem do recebimen-
to, os elementos de individuação, e as informações
que das guias constarem. N elle haverá espaço
conveniente para as indicações relativas á trans-
ferencia e demais, alterações ,que sobrevierem na
situação docondemnado.
Paragrapho unico. Nas cadeias communs ha-
yerá, Um livro para os assentamentos de que trata
o' artiá'o 566. "" " '" " . , .
- 137-
Art. 573. O carcereiro da cadeia e o director
da Penitenciaria darão recibo dos réos que lhes
tiverem sido remettidos, e esse documento será en-
tregue pelos conductores ás autoridades que hou-
verem feito a remessa para serem ajuntados aos
respectivos autos.
Art. 574. O carcereiro da cadeia e o dirt:--
ctor da Penitenciaria communicarão ao juiz das
execuções qualquer alteração que se dér na situa-
ção do condemnado por fuga, soltura, obito ou lou-
cura e taes communicações se ajuntarão aos autos
da execução.
Art. 575. A pena de prisão cellular,emquan-
to não forem creados os estabelecimentos indis-
pensaveis para a pratica do regimen technico pre-
scripto pelo Cod. Penal, será cumprida como a de
prisão com trab ..dho na Penitenciaria de Ouro
Preto ou em outras q'le ') "Sstado ~stabelecer se-
gundo os respectivos regulamentos internos.
Art. 576. Quando não seja possivel essa fôr-
ma de exeéução por falta de capacidade desses es-
tabelecimentos ou por outro qualquer motivo, o
. juiz executor converterá a pena de prisão cellular
em prisão simples com o augmento da sexta parte
e designará, nesse caso, a cadeia onde deva o con-
demnado cumprir a nova pena.
Paragrapho uni co . Todavia o condemnado
poderá cumpril-a, no todo ou em parte, em traba-
lhos externos, agrícolas ou de utilidade publica,
do Estado, devidamente auctorizados pelo juiz da
,execução. E si o fizer, terá o direito a que se lhe
desconte na duração da pena a sexta parte do tem-
po em que tenha estado effectivamente empregado
nesses serviços.
Art. 577. O trabalho dos condemnados será
retribuído com salario diario, fixado de antemão.
Esse salario constituirá peculio que se dividirá em
tres partes: uma chamada peculio de reserva para
lhe ser entregue no dia em que for posto em liber-
dade, condicional ou definitivamente; outra chama-
- 138-
TITULO IV
Da terminação da pena
Art. 587. A soltura do condemnado antes da
terminação do tempo da condemnação, póde dar-
se pelos seguintes far,tos:
a) pelo indulto;
b) pelo perdão do offendido;
appellações nos artigos 542 e seguintes, sendo
c) pelo casamento do criminoso com a offen-
di da nos crimes de defloramento ou de estupro de
mulher honesta;
d) pela rehabilitação;
e) pela prova superveniente de que o vadio ou
mendigo, condemnado como tal, adquiriu renda
bastante para sua subsistencia (artigo 401 do Co-
digo Penal) .
Art. 588. Si O condemnado fallecer na pri-
são, o carcereiro ou o director communicará im-
mediatamente o obito ao juiz da execução, remet-
tendo-lhe a certidão respectiva.
Paragrapho unico. O juiz, ouvido o ministe.
rio publico, e mandap.do juntar aos autos a certi-
dão do obito, jtJ.lgará extincta a execução.
Art. 589. O perdão do offendido (que e:din~.
gue a condemnação sómente nos crimes em que'
- 14t-
Do livramento condicional
Art. 626. Poderá ser concedido livramen-
to condicional ao condemnado á pena de prisão
de qualquer especie por tempo não menor de qua-
tro.annos desde que se verifiquem as condições
s e g u i n t e s : _ _ _ ,. _ .-, _ _, _._, . ,_.!.,
- 149-
a) cumprimento, pelo meno~, da metadé
da pena;
b) ter tido o condemnado, durante o tem-
po da prisão, bom procedimento, indicativo de
regeneração. O bom procedimento será revelado
por actos positivos, não bastando a omissão QU
ausencia de factos reprehensiveis.
c) ter cumprido, pelo menos, uma quarta
parte da pena em penitenciaria QU em serviços
externos de utilidade publica.
Paragrapho unico. Todavia, não prejudica-
rá a r.oncessão do livramento condicional o facto
de não ter sido o condemnado transferido para
penitenciaria ou empregado em serviços externos
de utilidade publica, si essa transferencia ou em-
pre[ro não se tiver dado por eircumstancias inde-
pendentes da vontade do preso. Nesse caso, po-
rém. a concessão dependerá do cumprimento de
doiR terços da pena.
Art. 627. As condições exigidas no artigo
anterior serão verificadas pelo Conselho Peniten-
dario. creado pelo art.igo 2 do decreto federal nu-
mem 16.665, de 6 de novembro de 1924, e auto-
rizado no Estado de Minas pela lei n. 903, de 16
de setembro de 1925, art. 3.
§ 1.0 Esse Conselho se comporá dos mem-
bros natos. mencionados no mesmo decreto e dos
que o Presidente do Estado nomear em numero
de 5. sendo R de preferencia escolhidos entre os
professores de direito ou juristas em actividade
forense e 2 dentre os professores de medicina ou
clinicos profissionaes.
§ 2. 0 O Conselho íunccionará na Capital do
Éstado e terá um representante de sua nomeação
em cada comarca onde houver cadeia regipnru.
§ 3. 0 A funcção de membro do Conselho
Penitenciario será gratuita e considerada serviço
publico relevante .
§ 4. 0 Para exercer o cargo de secretario do
Conª~lho, emquantQ não houver na Capital do Es..
1'50 -
tádo estabeleciAtento penitenciario, o governo no-
meará pessoa idonea com vencimentos iguaes aos
dos escrivães do crime na Capital.
Art. 628. O livramento condicional póde ser
~oncedido mediante requerimento do sentenciado,
proposta do director do estabelecimento penal ou
por iniciativa do Conselho Penitenciario.
Art. 629. O livramento condicional será da-
do por sentença proferida nos proprios autos do
processo pelo juiz ou tribunal que houver proferi-
do a sentença condemnatoria em primeira ou uni-
~a instancia.
~ 1.0 No Tribunal da Relação competirá á
Oamara Criminal a concessão do livramento se-
gundo o processo estabelecido para as appella-
cões criminaes, ouvido previamente (I Procura-
dor Geral.
~ 2. 0 O pedido de concessão será encami-
nhfldo ao juiz ou tribunal por officio do Presiden-
te do Conselho Penitenciario, instruido com a co-
uia das actas da deliberacão do Conselho e do re-
latorjo informativo que tiver sido apresentado.
§ 3.0 O juiz mandará juntar aos autos do
processo crime o pedido ou a pr0posta de livra-
'llento, o officio Que A. encaminhar e os documen-
tos respectivos f' dará sua sentença depois de ou-
vido f) ministerio publico.
~ 4. 0 A sentenca de livramento submette-
rá, o liberado ás condicõe~ que lhe forem conveni-
entes. taes eomo submissão ao patronato official
(mando a A.clministraqão publica o houver insti.
tuido. nrohihicáo de morar em determinado 10-
.I!'ar:abstencão de bebidas alc0oUcas, adoPGão de
meio dê vida honesto e util dent:ro em prazo fi-
xado.
Art. 630. O livramento condicional será suh-
ordinado á obrigação de fazer o condem'nado as
reparaGões, indemnizações ou restituições devi-
ila.s; bemcorilo depágar as cu~tas do processo.
salvo caso de insc;;lvencia provada e reçoilhecidà
- t51 -~
...;.;. :
FERNANDO MELLO VIANNA. ';'~" .
hl,i,\~'
Sandot'al Soa.res Azevedo.
!'{,l.,.
:;~,~;
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