Você está na página 1de 31

Um manual para DJ

Informações sobre equipamentos e técnicas de mixagem


em música eletrônica

Por Dj Arlequim (djarlequim@hotmail.com)


E colaboração de Cláudio Manoel Duarte (aka Dj Angelis
Sanctus), Pragatecno – BA (claudio.manoel@terra.com.br)

Núcleo Undergroove
www.undergroove.com.br
(Núcleo cearense do Pragatecno)
www.pragatecno.com.br

Apresentação
Esta apostila foi elaborada por Bruno Soares (aka Dj Arlequim <djarlequim@hotmail.com>),
atual membro do Grupo Undergroove de Música Eletrônica (núcleo cearense do Pragatecno) e teve a
colaboração do fundador e idealizador da aliança Pragatecno, Cláudio Manoel Duarte (aka Dj Angelis
Sanctus). A apostila contém uma boa teoria e dicas básicas de técnicas utilizadas pelos Djs (disc
jockeys).

1. O Disc Jockey

Muitas pessoas acham que ser Dj é fácil. E realmente é fácil! Mas como toda profissão é
necessária uma boa dose de paixão e afinidade para poder entender e encontrar toda essa facilidade.
Ser Dj não é apenas ficar trocando música numa festa. Ser Dj é muito mais do que isso. O Dj
é o responsável pelo clima de uma pista de dança. Ele deve ter um senso bem aguçado e uma
capacidade de entender o que a pista de dança quer: músicas mais rápidas, alegres, melancólicas,
lentas, densas... Enfim, tem que ter “feeling”. Alem disso, hoje o Dj é um dos maiores responsáveis
por boa parte das Músicas Dançantes (onde nesta apostila chamaremos de Dance Music). Isso mesmo,
ele muitas vezes é produtor musical. Esse lado de produtor é facilitado devido ao tal “feeling” e às
noções de música que o Dj precisa ter para poder executar seu trabalho mais simples: “Mixar
músicas”.
Por estar muito em evidência, o Dj acaba tendo outra importância: formador de opinião. O Dj
tem também o poder e a obrigação de trazer novidades, experimentar e cativar o público, seja na
rádio, no Club ou num jornal... Dj é sinônimo de inovação.
Com tanta importância acabou se formando uma “Cultura do Dj” - que é o domínio de
técnicas, o culto ao dj como artista e, principalmente, a informação musical (o background cultural do
dj, pois é a partir de suas referências que ele vai pesquisar o que de melhor é produzido e trazer essas
novidades para a pista: um verdadeiro lançador de novidades!). Essa cultura teve início por volta de
1970, na época das Discotecas (Disco), mas toda a técnica veio em meados de 1980 devido aos
avanços tecnológicos que facilitaram as experimentações e o aperfeiçoamento dessas. O primeiro e
um dos maiores representantes desse “culto” foi o movimento Hip Hop. Muitas das técnicas usadas
pelos Djs hoje vieram desse movimento. Exemplo: Scratches, Back to Back (mixagens, performances
em geral).

2. O Disco de Vinil

Muitos ainda não entendem o por quê dos Djs usarem os antigos “bolachões”. Até parece
loucura mesmo, pois um disco de vinil (importado), que em sua maioria só possui uma música
(Single ou 12”inc), é mais caro do que um CD e ocupa mais espaço no case. Mas o que muitos não
sabem é a qualidade que o disco de vinil tem e a imensidão de técnicas que podem ser aplicadas com
ele.
Um vinil preparado para o djing é normalmente gravado em mais ou menos 12/14 minutos
(entrando uma ou duas faixa por lado), para que os sulcos tenham qualidade e não fiquem tão juntos -
um vinil com muitas faixas facilitaria arranhões e pulos da agulha de um sulco a outro, já que os
mesmos estariam mais comprimidos.
Infelizmente o disco de vinil deixou de ser comercializado como antes, com o rápido
crescimento do mercado de vendas de CDs (Compact Disk). Mas ainda o disco de vinil é a melhor
mídia para um som mecânico (traz qualidade técnica de sons graves maior que qualquer outra mídia) e
é um dos principais apoios do mercado underground de música eletrônica, por 3 motivos: primeiro
pelas possibilidades técnicas de mixagem na geração de novos grooves a partir de dois (ou mais!)
vinis misturados; segundo, pela autonomia dos produtores musicais de selos undergrounds
(experimentais) em trabalhar com um mercado segmentado (o dos djs) onde a grande indústria não
meta a mão; e terceiro porque a grande indústria fonográfica (com a preocupação principal no lucro)
não se interessa em interferir na produção de vinil pois o mesmo, por ter um custo alto em relação ao
benefício (leia-se lucro), não é produto de consumo industrial, de massa: seu lucro seria pequeno.
Assim como existe a “Cultura do Dj”, existe também a “Cultura do Vinil”, sustentada e
idealizada pelos próprios Djs e apaixonados pelo nosso bom e velho LP (Long Player).

Curiosidades:
A música fica gravada dentro de “sulcos dentados” (pequenos riscos irregulares do vinil) que
fazem, ao entrar em contado com a agulha (e com o prato em movimento), vibrações e formam assim
seu produto final: a música. Com o tempo esses sulcos vão se desgastando e o disco vai perdendo a
qualidade. O tempo que leva esse desgaste muda de um disco para o outro, pois dependerá muito do
tipo de vinil utilizado e do cuidado que o dono tem. É recomendável lavar os discos com água, sabão
neutro e um pano macio. Jamais se deve utilizar produtos corrosivos. O disco de vinil pode ter dois
tipos de rotação: 33rpm ou 45rpm.

3. Instrumentos usado pelos Djs

Neste item é bom levar em consideração que existe o Dj “Produtor Musical” (que faz músicas
em seu estúdio), e o Dj em si (que, generalizando, “toca” em festas). Para o Dj “Produtor Musical”
existem N’s instrumentos de trabalho como, por exemplo: sintetizadores, baterias eletrônicas,
teclados, computadores, softwares, filtros de efeitos, samplers, DAT.... Tudo isso para poder
“compor” uma música e fazer todo o tratamento necessário de timbres para a tal.
Já para o Dj que toca em festas os instrumentos são mais simples. Ele não precisa de tantos
recursos, pois a música já está pronta. É só tira-la do “case” (mala de discos) e executá-la usando sua
técnica.

Os aparelhos básicos são:

- Dois Toca-discos (Pick ups ou Turntables);


- Um Mixer (mesa de som especial para Djs);
- Um bom Fone de Ouvido;
- Boas Agulhas Captadoras.

Iremos utilizar o disco de vinil nos exemplos a seguir, pois esta é a mídia mais profissional
pelo fato de dar mais recursos performáticos. Para que o Dj trabalhe com mais qualidade é necessário
um bom equipamento, pois numa apresentação é fundamental a fidelidade (sonora) do aparelho
utilizado.

3.1 - A pick up (ou toca-discos)

A pick up dever ter alguns recursos básicos como:

- Pitch;
- Seletor de rotação;
- Contra-peso;
- Anti-skating;
- Tração magnética no motor do prato.

A pick up mais usada pelos Djs é o modelo Sl-1200 Mk2 da marca Technics. Este modelo
revolucionou o mercado de toca-discos e é líder há vinte anos. Desse tempo para cá houveram
pouquíssimas modificações devido à sua perfeição técnica para o uso em djing (o trabalho do dj). A
Sl-1200 Mk2, ou MK2, como é mais chamada, revolucionou o mercado, pois incorporou como
tecnologia um sistema de rotação do prato baseado em tração magnética, e não mais em correias,
fazendo com que as velocidades das rotações (33 e 45) ficassem precisas.

3.1.a – O Pitch
Como a base do trabalho do Dj é igualar as velocidades das músicas, é fundamental que um
toca-discos tenha um “pitch”. Pitch não é nada mais que um controlador progressivo de velocidades.
Com ele você pode manipular positivamente ou negativamente a velocidade das músicas em até 8%
da velocidade normal.

3.1.b – Seletor de rotação 33rpm e 45rpm


É com o seletor de rotação que você escolhe a rotação dos discos. Os discos de vinil mais
modernos possuem apenas duas rotações: 33 rpm e 45rpm.
Por conseqüência, as pick ups mais modernas utilizam apenas essas duas rotações. Você mudará a
rotação na pick up conforme a rotação que o disco foi feito.

3.1.c – Contra-peso
O Contra-peso do toca-disco se localiza na parte inferior do braço da pick up para justamente
contra balancear o peso que a agulha faz sobre o vinil. Com ele você pode regular uma força vertical
maior ou menor sobre o disco. A função desse recurso é evitar que agulha pule com facilidade do
disco.

3.1.d – Anti-skating
Este trabalha junto ao Contra-peso. Sua função e aplicar uma força horizontal no braço do
toca- discos. Ele só funcionará bem se o Contra-peso estiver bem regulado. O grande benefício desse
recurso é que ele pode evitar que um disco arranhado fique preso e repetindo continuamente (em
loop). Nesses casos é só regular o Anti-skating para que ele aplique uma força para o lado oposto ao
que o arranhão está impulsionando.

3.1.e – Tração magnética do motor do prato.


As pick ups mais antigas utilizavam outros sistemas de tração como por exemplo Correias e
Catracas. Esses sistemas eram frágeis porque seu mecanismo era de contato físico, ou seja, tinha que
haver contato entre uma Catraca e outra para o prato girar. Se por acaso esse prato fosse parado
poderia danificar uma das Catracas ou arrebentar uma das Correias no caso de uma pick up de
correia. As mais modernas e as melhores já utilizam um motor com tração magnética. Neste sistema
não há contado físico e toda a tração é feita por Eletroimãs e com isso a pick up ganha uma maior
performance e uma maior vida útil.

3.2 – O CD com pitch

O CD com pitch, popularmente chamado CDJ (nome que se deu origem pelo sucesso que foi
o aparelho da Pioneer CDJ 500 no final dos anos 90), é todo aparelho de CD desenhado especialmente
para que o DJ execute as técnicas de mixagem. Como sugere o nome, sua principal função é o pitch,
potenciômetro que controla a velocidade da música. Mas existem outras peculiaridades do CD com
pitch. Atualmente no mercado existem diversas tecnologias aplicadas a esses aparelhos. Alguns
funcionam com sistema de buffer e sampler, ou seja, a música que é tocada na verdade não vem
diretamente do CD e sim de uma parte dela que foi armazenada (para ser reproduzida). Dessa forma,
esses tipos de aparelhos podem executar funções avançadas como fazer scratch. Em conseqüência
disso, seu valor é infinitamente maior que os tradicionais que usam somente a reprodução do disco a
partir do leitor.

O equipamento mais usado, atualmente, é o CDJ Pioneer 100S, por ser robusto e básico.

Conheça algumas das ferramentas (botões):

- PLAY - Quando você pressiona o botão PLAY o CD com pitch inicia a música instantaneamente (chegando
até menos que 0,01 segundos de atraso entre o apertar e o disparar, tornando o atraso imperceptível)
permitindo que você ajuste ritmos com precisão absoluta.

- PAUSE – Parar a música (congelar). Para identificar um ponto de largada da música (bumbo) o pause deverá
estar acionado. Volte ou avance manualmente no Jog a música, para identificar o bumbo e aperte o Cue para
informar que você quer que a música seja largada a partir daquele ponto, quando você apertar o play, ao
iniciar a mixagem

- CUE – Pressione o botão Cue enquanto o aparelho estiver em reprodução para voltar ao ponto de cue e
reiniciar a reprodução a partir deste ponto. Além disto, você pode retornar ao ponto inicial da música a
qualquer momento através desta função. A função do Cue e fazer com que a música volte ao ponto marcado.

- JOG - Este disco de grande formato e resposta rápida executa buscas frame a frame e facilita a seleção
precisa de pontos, proporcionando ainda um modo de utilização similar ao dos toca-discos de vinil. Nem todos
os modelos possuem esse disco, mas pote ter a mesma função só que em botões.
- MASTER TEMPO – O controle Master Tempo mantém a tonalidade da música mesmo que o tempo seja
alterado. Você pode variar as batidas sem alterar os tons dos vocais ou instrumentos.

3.3 – O Mixer
O mixer é uma mesa de som adaptada para Djs. A função do mixer é basicamente misturar os
sons, mas dependendo da marca e do modelo você poderá encontrar outros recursos como efeitos (de
“eco”, “flanger”, “deelay”, entre outros). No mixer existem:
- Os Canais de Entrada, que são as entradas receptoras de áudio onde se conecta os aparelhos;
- O(s) Canal(is) de Saída, que é(são) onde sai(em) o sinal de áudio que vai para o amplificador;
- O Crossfader, que é uma chave especial que muda rapidamente ou áudio de um aparelho para o
outro;
- Saída de Headphone, onde se conecta o fone de ouvido;
- Chaves Seletoras de Canal, onde você escolhe qual canal você quer escutar no fone de ouvidos;
- Equalizador Individual - este é um novo recurso que está vindo nos novos mixers. Com ele você
pode equalizar as freqüências graves, médias e agudas individualmente por cada canal.

Há dois tipos de entradas de áudio:


- Phono (analógica), para as pick ups;
- Line, para cd players, teclados sintetizadores, groove box, etc.

3.4 – O Fone de ouvido (ou Headphone)


A função do Fone de ouvido é monitorar a música que você deseja mixar (a que vai entrar),
enquanto a outra música está tocando nas caixas de som da pista. É importante ter um bom fone de
ouvido, pois é comum você aumentar muito o volume deste. Para isto o fone precisará ter uma boa
potência e uma boa freqüência. Se o fone tiver freqüências muito altas (agudas) pode ser muito
prejudicial à audição.

3.5 – Agulhas Captadoras


Existem vários tipos de agulhas para determinado tipo de uso. Há agulhas que acentuam os
timbres graves (normalmente usadas pelos djs de house music); existem outras que “se prendem” mais
ao disco (e, portanto “pulam” menos ao som alto) e agulhas comuns mais baratas. É importante ter
uma boa agulha, pois é ela que irá “ler” o som do vinil para que as caixas de som dêem a resposta
final. Por isso se não tivermos uma boa agulha o som irá sair com uma qualidade ruim ou o disco
pode fica pulando por causa de pequenas sujeiras nos sulcos, entre outros problemas.

4. A Música

A dance music será nossa principal base de trabalho. Isso porque, diferente dos outros sons
mais acústicos (tocados sem uma seqüência eletrônica), ela nos traz um ritmo bem marcado, ou seja,
sua velocidade não varia, pois toda ela é seqüenciada por computadores.
Antes de entender esse módulo é necessário que você esteja ciente que precisa de alguns pré-
requisitos, nem um pouco difíceis: É necessário você ter coordenação motora para identificar um
ritmo de uma determinada música. Quer uma dica? Para identificar o ritmo de uma música basta
você dançar.Isso mesmo! Você dança no ritmo da música, certo?!

4.1 – A Estrutura da Música


Em toda música existe:
- Bumbos (marcação virtual das batidas ímpares. É nele que existe a primeira batida do compasso)
- Pratos (marcação virtual da batida intermediária entre o bumbo e a caixa)
- Caixas (marcação virtual das batidas pares)
- Bpm (Batida por minuto)
- Compasso (Partes marcadas por viradas. 16 ou 32 batidas)
- Desenho (Sub-partes marcadas por repetições contínuas. 8 e 4 batidas).

4.1.a – Bumbo, Prato e Caixa


Esta, talvez, seja a fase mais complicada da parte teórica, pois aqui você terá que utilizar
bastante sua imaginação.
Imagine que você esta dançando uma música X, que tenha uma base House (4x4/reta - se
formos tentar descrever seria parecido com isso: “Tum” – “Tum” – “Tum” – “Tum”.... Esse “tum”,
“tum”, “tum” são as batidas da música e essas batidas é que formam o ritmo da música).
Agora vamos ver essas batidas graficamente:

Imaginem que a batida nº1 é o Bumbo (o primeiro Tum) e a batida nº2 seja a nossa Caixa (o segundo
Tum). O Prato fica entre um bumbo e uma caixa, ele seria o nosso contra tempo.

4.1.b – Bpm (Batida Por Minuto)


É importante saber o bpm, pois, é preciso saber qual das músicas que você está trabalhando é
a mais lenta ou mais rápida para que você execute a mixagem.
Para contar o bpm de uma música basta contar o números de bumbos e caixas que contém a
música no período de 1 (um) minuto.

4.1.c – Compasso
Toda música precisa de uma marcação para se saber quando vai entrar ou sair um vocal, uma
melodia, um instrumento, uma batida ou uma virada. O compasso é o que irá marcar essas mudanças
com o intuito da música ser mais “organizada”. Claro que nem todos os músicos ou produtores
seguem essa regra mas a grande parte das músicas são bem marcadas.
O Compasso é o período de 16 ou 32 batidas (Bumbos e Caixas) que marca uma mudança,
entrada, ou saída de algum elemento na música. Para entender bem o Compasso devemos primeiro
saber contá-lo.
Para contar o compasso é preciso primeiro identificar o ritmo da música. Depois de
identificado, conte a partir da primeira batida (primeiro Bumbo ou cabeça do Compasso) da música
até que haja uma mudança. Se essa mudança ocorrer quando você terminar de contar 16, é porque
aquele compasso “é de 16” e se mudar quando você terminar de contar 32 é porque aquele compasso
“é de 32”. Esse compasso se repetirá por toda a música. Por exemplo, contagem de um compasso “de
16” é da seguinte maneira: 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,1,2,3,4,5,6,7,8,9,10..... . Veja o
gráfico na página seguinte:

É muito importante identificar qual é o compasso pois na hora da mixagem, quando as


velocidades das músicas estiverem iguais, você soltará a batida 1 de uma música junto com a batida 1
da outra música. Dessa forma as música irão mudar igualmente nas viradas dos compassos.

4.1.d – Desenho
O desenho é um pouco parecido com o compasso. O processo de contagem é o mesmo mais o
número de batidas é diferente: são de 4 e 8 batidas. Se você contar as batidas da música de 4 em 4 ou
de 8 e 8 você perceberá que determinadas seqüências de instrumentos se repetem nesse ciclo. Observe
o gráfico:
Obs: A contagem do Desenho e do Compasso deve ter início sempre no primeiro Bumbo da música
(na cabeça do Compasso).

5. A Técnica

Dentre as principais técnicas usadas pelos djs existem: Mixagem, Colagem, Back to Back,
Scratch e Back Spin. A cada dia que passa, novas técnicas vão sendo criadas e aperfeiçoadas. Tudo
isso graças ao advento de novas tecnologias em mixers, mesas de efeitos, agulhas, e claro, da
criatividade dos djs.
A técnica básica mais usada, e a que nos interessa neste manual, é a mixagem.

5.1 – Mixagem
O princípio da mixagem é juntar duas músicas de velocidades iguais (bpm) com bumbo em
cima de bumbo e caixa em cima de caixa.

Observe a ilustração seguinte que simula duas músicas em mixagem:

Repare que o Bumbo 1 está em cima do Bumbo 1 da outra música. Dessa forma quando o
compasso da primeira música “virar” o da outra também virará.

5.2 - Preparando as músicas para mixagem


A primeira coisa que o dj deve observar quando for mixar uma música é saber se a “música
que vai entrar” é mais lenta ou mais rápida do que a que está tocando na pista. De acordo com o
resultado, você utilizará o Pitch para modificar positivamente ou negativamente a velocidade da
“música que vai entrar”. Se esta música for mais lenta será necessário acelerá-la para igualar os bpms
e se for mais rápida será necessário desacelerá-la. Evite fazer isso com a música que está tocando na
pista. Em última instância, faça muito (muito!) discretamente para que a “pista não sinta”.
Igualando os Bpms, chegou a hora de fazer a passagem de uma para outra: mixar.
A música deve ser solta “Bumbo com Bumbo”, na “Cabeça do compasso”, e por
conseqüência Caixa com Caixa.
Depois de soltar, você escolherá o ponto em que a “música que está saindo” deve ser cortada.
Nas músicas existem os melhores pontos de mixagem. Estes pontos são os chamados “Pontos de
mixagem” ou “Breaks” e são caraterizados pela ausência de melodias e vocais.

Atenção:
Deve-se evitar misturar melodias e vocais, isso na maioria das vezes quebra a harmonia das
músicas. Lembre-se sempre: “ a boa mixagem é aquela discreta e harmônica”.

5.3 – Dicas para uma boa mixagem


O princípio básico da mixagem é juntar duas músicas e fazer uma passagem da que está
acabando para a que está entrando. No entanto, essa técnica fica ainda mais interessante quando
usamos filtros e efeitos, controles na equalização, cuts com o crossfader e back spin.

5.4 – Colagem
As colagens são interferências feitas pelo djs com trechos de outras músicas. Estas podem ser
feitas com batidas, vozes, instrumentos, dentro ou fora do tempo, mas sempre com harmonia.

5.5 - Back to back


Back to back é uma das performances mais usadas em campeonatos de djs. Alguns djs se
arriscam fazer em pista de dança. Esta performance consiste em ficar repetindo trechos de duas
músicas em diferentes pick-ups. Dependendo da técnica do dj, essa repetição pode ser feita de 1 a 8
batidas.

5.6 – Scratch
A mais característica performance feita por djs. Sons tirados do vai-e-vem dos discos e cuts
do croosfader. O scratch evoluiu bastante. Hoje, são feitos com mais velocidade e podem contar com
recursos de Hi-cut nos croosfaders mais atuais. Existem sctrachs feitos a partir de samples e scratchs
feitos com sons contínuos e mais trabalhados pelo croosfader.

5.7 - Back Spin


Back spin não tem mistério, mas se vacilar pode ficar “xoxo”. Back spin consiste em voltar o
disco com velocidade. Geralmente, é usado nas viradas das mixagens. Mas o back spin pode interferir
numa música como uma colagem e junto com efeitos.

5.8 – Efeitos
Existem mixers (como o Pionner DJM 600) e geradores (como o Pioneer EFX 500) que
desenvolvem efeitos diversos: Eco, Deelay, Pitch, Filter, Flanger e Sampler. Os filtros e efeitos
podem ser usados de várias formas, por isso é fundamental o conhecimento desses para a aplicação
mais adequada. Mas lembre-se, efeito demais pode ser desagradável.

5.9 - Equalizando (grave, médio e agudo)


Com a chegada de novos mixers no mercado com equalizadores, as mixagens ganharam um
novo tom. Sem os equalizadores independentes por canal, as mixagens eram duras e muitas vezes,
quando virava a música, faltava alguma freqüência ou elemento. O princípio da equalização em uma
mixagem é como a da mixagem de uma música em estúdio. O objetivo é suavizar a passagem de uma
música pra outra compensando as freqüências que faltam ou que estão em excesso. Por exemplo, se a
música que vai entrar tem muitos elementos agudos como caixas, pratos e chimbais, a tendência é
você abrir o canal da música que vai entrar com os agudos baixos.
6. Glossário

ALGUNS TERMOS

Música Underground
Música que não tem compromisso com o comercial e sim com a expressão em si, sendo fruto da
pesquisa e da experimentação. Pode ser também a produção cultural, arte ou comportamento em geral
desvinculado de caráter lucrativo, comercial e comprometido com a experimentação.
Single ou 12’inc (polegadas)
Disco onde se encontra geralmente uma só música de um artista com várias versões.
Álbum
Coleção das melhores músicas de um artista em um ou mais Discos.
Acapela
Versão incluída em uma das faixas do single, da qual só tem o vocal da cantora ou do cantor, para
novos remixes.
Mixagem
Junção de duas músicas de Bpms iguais soltas em Bumbos com bumbos e Caixa com caixa.
Virada
Gíria utilizada pelo Djs para mixagens rápidas.
Remix
Versão retrabalhada de uma música, com novos timbres e batidas.
Back-to-Back
Uma das performances de um Dj. Neste caso o Dj volta manualmente os discos fazendo repetir dois
pontos pré-escolhidos.
Scratch
Do inglês “arranhar”, é um efeito produzido pelo Dj quando o disco é movimentado rapidamente para
frente e para trás, criando sons de caráter percussivos, ou com efeitos repetitivos (loop)
Back Spin
Quando Dj dá um empurrão no disco no sentido contrário.
Break (quebra)
Ponto de mixagem de uma música, geralmente só composta de batidas (sem vocais e nem melodia).
Faser
Efeito causado pelo encontro de dois timbres juntos, causando um efeito semelhante ao da turbina de
um avião Quanto mais iguais as freqüências dos timbres, mas intenso o faser.
Baba
Dance Music feita apenas para fazer sucesso. Música com apelo simplesmente comercial de timbres,
arranjos e vocais fáceis.
Mixer
Mesa de som especial para Djs. Misturador de sons.
Fader
Potenciômetro vertical que tem função de volume no mixer. Cada canal tem um fader.
Crossfader
Recurso do mixer que possibilita um “corte” rápido de um aparelho (canal de áudio) a outro.
Pick up
Toca disco utilizado pelos Djs, com duas velocidades de rotação (33 e 45) e o recurso de pitch.
Pitch
Controlador de velocidades da pick up. Ele é quem possibilita o ajuste dos Bpms de uma música
(acelerando ou reduzindo em cerca de 8% por cento a bpm).
Samba
Nome que se dá numa mixagem mal feita, quando as músicas se embaralham de tal forma que parece
um samba. “Tá rolando o maior samba”. “O dj deu a maior sambada”.
Pagodeiro
Dj que não acerta as mixagens (não acerta mesmo!)
Lenheiro
Dj que só toca música pesadas
Groove
Uma música tem groove quando ela é swingada. Este swing geralmente é feito pelos sons mais graves
(contra-baixos ou percussões) sobre as batidas.
Chill In
Esquentamento. Uma reunião de clubbers, um bar, um encontro para ouvir música eletrônica antes das
festas ou saída para os clubes.
Chill Out
Relaxamento. Ambiente com música menos acelerada, um pós-agitação das pistas de dança.
Cultura Club
Conjunto de manifestações associadas à cultura nos clubes noturnos de dança (moda, djs, disco e
house music, principalmente). Não faz necessariamente conexão com a cibercultura. Faz-se uma
associação da Cultura Club, em suas origens, com a época Disco, nos anos 70.
Clubbers
Os freqüentadores dos clubes noturnos de música eletrônica. O termo, na verdade, reforça um
conceito de tribo/clã, pois está associado também ao comportamento, e à moda, e não apenas à
freqüência do clube.
Flyers
Filipetas, panfletos “voadores”, repassadas de mão em mão. A produção dos flyers representa uma
atividade séria dentro da Cena da Música Eletrônica, pois repassam o conceito da festa, da rave,
através da imagem, cores e programação visual. Geralmente temas e cores que lembram lisergia, estão
presentes na produção gráfica, que utilizam efeitos e filtros especiais (kpt e gallery effects) de
programas como photoshop.
Live P A (Live Power Amplification)
É a performance, a apresentação ao vivo, do grupo ou de músico eletrônico em clubes, festas e raves.
É a conexão dos suportes (sampler, grooves boxes, pick ups, computadores etc). Há amplificadores
para potencializar o som, normalmente voltado para as pistas de dança.
Mainstream
O mercado de compra e venda tradicional da produção fonográfica, principalmente, e todas as suas
implicações para “dar” certo. Às vezes é o sinônimo de comercial e o contrário de underground.
Ravers
Os freqüentadores das raves - festas tribais com música eletrônica. Amantes das tecnologias.
Rave
Festa de música eletrônica underground fora da cidade (normalmente em sítios ou à beira mar) ou em
galpões abandonados de periferia.
Techoparty (technoparties)
É a festa com música eletrônica em clubes e/ou em área mais urbanas da cidade.

ALGUNS ESTILOS MUSICAIS DA E-MUSIC:

Ambient Music
Seu crescimento acontece no início dos anos 90, mas suas origens remetem a Brian Eno, no ano 70,
com sua música minimalista. Música basicamente de texturas, sem batidas, com notas longas e etéreas
e melodia lenta (quando aparece algum ritmo está desaceleradíssimo), não voltada para as pistas.
Usada em situações chill out, relaxamento. Uma das características desse estilo é, às vezes, a citação
de sons do ambiente (vento, mar, barulhos caseiros, vozes...). Há o Illbient que é a versão dark, negra,
sombria, da Ambient Music. O Illbient tem como local de referência Nova York e como principal
expoente o dj Spooky.

Big Beat
Acelerando as batidas quebradas do hip hop e ás vezes fundindo com as do funk, esse estilo pode
incluir distorções de riffs de guitarras. É o som mais acessível da eletrônica e se assemelha ao rock.

Dub
Originado das experiências dos negros da Jamaica, ainda nos anos 60, tendo a frente o produtor Lee
Perry, que destaca a montagem e a técnica como fundamentais para o resultado da música. É a
tecnologia definindo a estética. O Dub eletrônico utiliza timbres do Reggae, com batidas lentas,
reverberadas e efeitos etéreos. O efeito delay (distorção que faz com que o som ganhe uma textura de
espacialidade, de trimidensionalidade) é um elemento importante do Dub eletrônico. Pode ter vocal.

Electronica
Estilo gerado pela eletrônica, mas sem uma definição específica. Normalmente se refere a toda uma
produção de um grupo que prefere não se definir. É o caso do projeto Ziontrain que, em seu cd Grow
Together (1996) produz faixas de dub, trip hop, ambient e tecno...

Gabba
É o estilo mais hardcore (pesado e rápido) da eletrônica. Baseado na batida House e Techno, o Gabba
chega a 200, 300, 400 bpm´s.

House
Nascida em Chicago (EUA), em 1986, esse estilo saiu da fusão, por parte do dj Frankie Knuckles, de
elementos da soul music com a disco e batidas das baterias eletrônicas. Daí, surgem sub-gêneros como
o Garage (com bastante vocal gospel), e o Deep House (o sub-gênero mais elegante do House, com
linhas melódicas, melancólicas e minimalistas acima das batidas), o Jazzy House (batidas com um
instrumento solo - quase sempre um sax virtuoso -, dentre outros (Acid House, Disco House, Tribal
House). Entre 110 a 128 bpms.

Jungle/DrumNbass
Saído dos guetos negros de Londres, em 1992, esse estilo associa os baixos do reggae, com as batidas
do hip hop, e às vezes funk, com o jazz. O DrumNbass, menos pesado, mistura as linhas de baixos a
uma temática mais jazzy, menos quebrada, com vocais minimalistas. Em torno de 160 bpms.

Techouse
Sobreposição da batida techno sobre a house. Vertente nascida recentemente (1997). Do house,
conserva, às vezes, curtas linhas melódias e a batida com hithat e claps (pratos e aplausos), e
percussão; do techno conserva as batidas mais aceleradas. Atualmente é a vertente mais experimental.
Em torno de 130/137 bpms.

Techno
Originado em Detroit (EUA), no início dos anos 80. Derrick May, Kevin Saunderson e Juan Atkins
fazem uma fusão entre o som de Kraftwerk e batidas funks de George Clinton. O resultado é uma
batidas seca, repetitiva, 4 por 4, sem vocais. O Kraftwerk é considerado um grupo Prototechno, por
ser referência à produção da Techno Music. Acima de 130 bpms.
Trance
Criado na Alemanha, já é uma derivação do tecno. Texturas se sobrepõem às batidas e o baixo tem
timbre bastante sintetizado e menos seco. Som viajante. O Hard trance acelera as batidas para 180
bpm e o Goa (psy)trance aumenta as camadas de texturas e efeitos sonoros e mistura com trechos de
sons étnicos. Bpms variantes (pode usar o tempo da house - 110/128 ao hardtechno - 140/150).

Trip Hop
É o blues do tecno. Melodias tristes, com batidas desaceleradas, geralmente cantadas. A base é o hip
hop, só que com efeitos lisérgicos e ás vezes até de distorção. A voz, masculina ou feminina, pode ser
processada por filtros e parecer mecanizada. Sua origem é Bristol (Reino Unido) em 1991. 65 a 85
bpms.

Techno pop
Som baseado nos anos 80 e que teve como expoente o Depeche Mode e o New Order. Música com
letras (início, meio, fim e refrão), numa referência à canção tradicional. É pop, com teclados que
produzem muita melodia, mas a batida é bastante dançante.

7. Textos:

Os textos abaixo são de Cláudio Manoel (claudiomds@ig.com.br), alguns dos quais publicados na “Coluna Groove’
(Caderno DEZ!, jornal A Tarde - Salvador). Cláudio M. é jornalista e colunista do jornal A Tarde (Salvador), fundador e
integrante do grupo Pragatecno (www.pragatecno.hpg.com.br) e mestrando em Cibercultura pela UFBa.

SOBRE A CULTURA DA MÚSICA ELETRÔNICA E CIBERCULTURA

O som da cibercultura

A música eletrônica - radical expressão da cultura universal - é planetária e está radicada em


pontos metropolitanos ou provincianos - não importa. Sua estética compreensível pelo apego e
apelo à tribalidade recebeu reforço, apoio mais que logístico, da rede da redes - a internet -
expandiu seu conceito de maneira mais urgente em partes as mais diversas do planeta Terra.
Sua textura, formada por timbres sintetizados, é o resultado da conexão entre a tecnologia de
ponta, permanente experimentação estética e sensibilidade rizomática, que toma as expressões
artísticas não como uma manifestação local, mas como uma sensibilidade que nos conecta à
noosfera, teia inteligente enorme e invisível, que pode pensar a vida e o mundo de maneira não
egoísta. Não foi à toa que ficou o mito do dj Frankie Bones (ainda em 1992 em uma de suas
festas no Queens em NY) ter sido tomado por uma emoção e defender o plur - peace, love, unity
and respect - a paz, o amor, a unidade e o respeito, conceitos universais que interessam ao
mundo melhor. Pronto! Daí decorrem comportamentos tão iguais do povo eletrônico daqui, do
Brasil, de Goa, na Índia, ou na China: é, no fundo, a cibercultura que forma mosaicos que vêm se
conectando um aos outros e criando uma textura única e global, da qual faz parte a música
binária e suas manifestações.
Além disso a produção da música eletrônica desmonta o pop star, a estrela intocável, o virtuoso.
A música eletrônica e seus instrumentos de produção democráticos - sampler, sintetizadores,
vinis, md's, pick ups, groove boxes... - dá poderes de importância e criação artística ao homem
comum, sem teoria musical e resgata um dos melhores ideários do século findouro, o ideário
punk: faça você mesmo, do it yourself. Sim, na música eletrônica cada um de nós é um átomo da
teia, portanto fundamental, fundamental o suficiente para ela, a música, não ter rosto, ser de
todos, não ter dono e destruir aspectos de estrelismos, de egotripismos.
Até mesmo sua estrutura foge à ortodoxia da canção tradicional (início, refrão, meio, refrão e
fim): a música binária é eternamente inacabada, sem início, sem meio, sem fim; manipulável,
recortável, remixável. Um banco de dados exposto ao talento e às máquinas artísticas em
constante estado de fluxo e de transformação, propondo, em última instância, sua infinitude a
partir de intervenções que alimentam a teia.
Repetitiva, feito o som tribal dos índios, a música eletrônica é o nosso mantra tecnológico,
disponível para promover a alegria e "resgatar - como diz o dj Marcos Morcerf - o sentido tribal de
dançar". E isso não é pouco.
Balearic, rave e plur

Saiba sobre as origens do termo Plur (paz, amor, unidade e respeito) e “rave”...
As primeiras raves (dança e música eletrônica em espaços abertos e fora das cidades) acontecem
em Manchester, na Inglaterra, em fins de 1987 e início de 88, já decorrentes das festas em
clubes de Ibiza, na Espanha, com seu som “balearic” (qualquer gênero, porém dançante). Na
Inglaterra, as “all-night dance parties” eram organizadas principalmente por dois importantes
grupos/clubes/coletivos: Schoom and Genesis P. Orridge´s baby e o Psychic TV (mas surgiram
vários depois, além de muita prisão, perseguição da polícia e da mídia - por conta das drogas - e
até mortes advindas de lutas das gangs).
Logo após, o fenômeno se espalha pela Alemanha, principalmente Berlim. Nos EUA (New York), as
festas raves chega em 1991/92. Mas toda a cena de Inglaterra no final dos 80 era chamada de
acid house party, a terminologia “rave” não existia. Rave - delirar, falar com euforia - aparece
reforçando a relação da música eletrônica, com o ecstasy e ácido, o hedonismo. É uma criação da
mídia (inglesa, da época) e aparece casualmente quando as pessoas se referiam a uma festa
grande, espetacular (rave!) - termo que na verdade faz referência à Black Soul Scene (Cena Soul,
de 1961), quando o jornal Daily Mail se referia aos jovens farristas nos festivais de jazz ou até
mesmo quando a revista alternativa International Times usou o termo “all night rave” para falar
do grupo Pink Floyd num show em 1966, no London´s Roundhouse.
Nos EUA já se produzia música eletrônica, mas a única cena existente era a que já vinha da Disco,
nos 70, desembocando na house do anos 80, mas principalmente NYC e Chicago (dos meados de
80) que retira os vocais e os djs vão criando seus estilos, se consagrando, sendo venerados (Larry
Heard, Frankie Knuckles, Robert Owens, Ron Hardy, David Morales...). Aí são festas enormes em
galpões (Warehouse, daí o nome house). O Garage sai daí com a conexão da house e o retorno
dos vocais, agora com estética Golpel. A cena “rave” aparece nos EUA em 91/92, quando a coisa
já fervilhava em Londres e em outras áreas da Europa. E o que acelerou (nos EUA) foram as
festas no Queens.
É aí onde aparece o dogma Plur - peace, love, unity and respect: que teve origem num discurso
do dee jay Frankie Bones em uma de suas festas num galpão abandonado no Queens, em Nova
York, que reuniu, em dezembro de 1992, cerca de 5 mil pessoas. Bones defendeu emocionado,
em discurso durante a festa, a paz, o amor, a unidade e o respeito. Ficando caracterizado o
surgimento da cena rave americana. Essa informação em torno do discurso de Bones, no entanto,
é colocada às vezes como um mito na cultura rave americana. O interessante é que Bones é
americano, mas tocava e acompanhava a cena toda em Lodres/Manchester e achou que aquilo
que acontecia lá (acid house party) deveria também estar nos EUA. E quando ele volta para os
EUA e começa a promover suas festas.
Uma outra coisa bacana: a atuação do New Order, na Inglaterra, que sustenta as bases da
cultura club criando o Haçienda, que foi uma forte referência para a manutenção da noite
underground, baseada no som repetitivo. Na produção da techno music, a cidade de industrial
decadente Detroit era a sede para May, Atkins e colar as estéticas propostas por Kraftwerk e pelo
funk de Afrika Bambaataa. A house music (em Chicago/NYC) é uma contraposição à Disco (que já
tinha dado o máximo) e a house vem para estabelecer os fundamentos de uma nova cultura
baseada na música repetitiva/dança/noite/comportamento/cultura do dj. Uma coisa interessante
é que a relação música eletrônica e high technology (telefones móveis, bbs, net agora) e low
technology (fanzines, flyers) aparece logo no início com forma de burlar a perseguição da polícia
contra as acid house parties na Inglaterra, por conta das drogas. E o cara eu acelera essa
conexão (subversão da tecnologia/música) é o promoter (em fins de 80) Colston-Hayter, um
jovem fissurado em tecnologia...
É bom lembrar que nessa época, além do New order, mais dois grupos (rock) participavam da
cena inglesa: Happy Mondays (nome em referência a boa ressaca do ecstasy na segunda-feira) e
Primal Scream...
 
A cena é uma comunidade musical

Nos anos 50 as ciências sociais começam a pesquisar as "culturas urbanas" mais alternativas,
geradas por comunidade alternativas. O conceito de "subcultura" é criado. Subcultura porque era
uma cultura vindo do underground, fora do sistema tradicional. O rock que surgia trazia com ele
uma nova estética, inclusive novas formas de comportamento. Nos anos 60 essas subculturas se
tornam mais visíveis, invadem espaços públicos, saem dos guetos, aparecem nas mídias. É o caso
dos punks, já no iniciozinho dos anos 70. Eles chegam até mesmo à mídia, com sua arte (punk
rock) transgressora. Essas subculturas, como estão sempre sendo alimentadas pelo underground,
elas vão e voltam, se reiventando. Não acabam. Se pensarmos no rock, esse é um bom exemplo.
Surgido nos anos 50, saído do r&b e rock and roll, o rock tem se reiventado e não cabará. Nem os
punks. Nem os rockabilies...
As subculturas não desaparecem, elas, ao contrário, se acumulam, se juntam e se transformam.
Em meio a essa subcultura existem aqueles que a produzem e a consomem: os artistas e o
público, principalmente. É aí quando o conceito de "Cena" aparece.
Uma subcultura quando tem visibilidade é cena. A gente chama 'a cena punk", "a cena rock", "a
cena eletrônica". Cena é uma comunidade. Só há cena quando há visibilidade, quando o produto
(o punk rock, por exemplo) aparece, alimentado pelos consumidores dessa cena (o povo punk).
Mas a cena exige também um local onde as coisas acontecem. Cena é a existência de um grupo
(unidade social) que elege um local (unidade geográfica). A cena é a efervecência contínua de
uma cultura específica. Isso vale para o teatro – "a cena teatral". É o povo se reunindo sempre
em torno de algo, num “point”.
Há um triângulo que alimenta a cena: a produção, a circulação e o consumo. Não há grupo
cultural sem a existencia da produção, da circulação e do consumo de uma cultura bem específica
que faça a cena existir.
A produção se refere aos produtos materias (cd, livros, vinis, roupas/moda) e de bens simbólicos
(idéias, arte). No caso da música eletrônica, a produção seria a música e seus suportes (vinis, cd,
sampler, mixer, etc). A circulação são os caminhos por onde essa arte tenta encontrar seus
públicos: mídias alternativas, como sites, listas e fanzines, flyers, as lojas, os bares, as festas, os
shows. E, por último, para existir o consumo é preciso que exista uma comunidade, um público
que consuma os produtos. Não adianta produzir, sem circulação, pois a comunidade não se
forma; não adianta público consumidor se não há produção; de nada adianta uma producão com
boa circulação se não há comunidade que consuma. Produção, Circulação e Consumo andam
juntos na formação da cena. A cena seria a superprodução (a produção para além de quem a
produz) de uma comunidade. Quanto maior a comunidade maior é a cena, pois para existir uma
comunidade grande, uma cena grande, é preciso produtos bons, que circulem bem e tenham bom
consumo. O que chamamos de cena é nada mais que uma comunidade se encontrando sempre
para consumir o que elas gostam e se identificam, culturalmente.
 
O que o groove?

A palavra groove não tem tradução perfeita, literal. Mas é em última instância o que conhecemos
como a “levada” na música. O encontro do beat (batida) com um outro som percussivo mais
grave ou com umas poucas notas mais graves do baixo normalmente em contra-tempo pode ser
um groove dos bons - é a síntese do ritmo de uma música.
Na música eletrônica, o groove, a levada, é fundamental para mostrar até que ponto ela
experimenta, inventa, e se torna irresistível para quem gosta de dançar. Uma música pode ter um
bom vocal, bons arranjos, boa melodia, mas faltar groove compromete aquela vontade irresistível
de dançar. Essa - sem groove - é uma música sem tanto apelo de pista, sem ritmo contagiante. É
o groove o responsável pelo melhor momento do ritmo e a principal estrutura da música
eletrônica de pista. Uma música com groove dos bons, balança nosso corpo e faz nosso corpo -
nossa carne, literalmente - sentir a música.
- Essa música tem uma levada, tem um suingue!...
Groove é o encontro de sons percussivos em contra-tempo (baixo, atabates, percussão, enfim),
com as batidas, os beats.
 
A cultura negra gerou o debê e a e-music “de rua”

O Drum and Bass? Tudo começou na cena Hip Hop inglesa, nos bairros e guetos negros de
Londres, bem no início dos anos 90. Os djs aceleravam as batidas usadas no rap para a rotação
45 rpm, criando o que foi chamado inicialmente de "Hardcore" e logo em seguida chamado de
"Jungle". O nome Drum and Bass aparece depois para aliviar a barra do preconceito dos tablóides
ingleses (jornalismo sensacionalista) que vinha associando a cena Hardcore/Jungle ao uso da
droga crack. O Jungle, que tinha batidas mais quebradas, mais sincopadas, destaca os baixos do
reggae nas batidas usadas na produção do Rap. Eram utilizados trechos de Reggae, Funk. E ainda
são. Reggae e funk são sons já saídos da cultura negra, não? Sempre é assim.
O DrumNbass, menos pesado e menos quebrado se comparado ao Jungle (o pré-Drum and Bass),
tem hoje vários sub-gêneros, dependendo de elementos incorporados às batidas. O atmosférico
drum and bass, por exemplo, destaca texturas etéreas, às vezes mais altas que a batidas. E o
Jazzy drum and bass, por outro lado, mistura solos de instrumentos a essas batidas. O Hard step
acentua os timbres potentes dos baixos distorcidos e subgraves e o Tech step inclue elementos
das batida techno (4x4, reta) aos sons quebrados. A velocidade desse ritmo da eletrônica gira em
torno de 160/180 bpm (batidas por minuto). Quando ela se encontra com outros ritmos como o
samba ou bossa nova baixa a velocidade da batida para 145 bmp mais ou menos, para dar um
groove, uma colagem, uma levada melhor. Os pioneiros foram 4Hero, LTJ Bukem, Grooverider, Dj
Hype, Wax Doctor, dentre outros. Os negros Roni Size e Goldie reconceituaram o Drum and Bass,
apontando novos caminhos para o estilo e associando o mesmo a outras influências estéticas.
A cultura negra sempre marcou e criou fundamentos dentro da cultura da música eletrônica. A
música eletrônica - não a eletroacústica feita a partir de pesquisas laboratoriais nas universidades
- mas a música eletrônica “de rua”, conectada com o público, com a pista, com o dj é
marcadamente presenciada pela cultura negra em todas as suas manifestações originais.
Foram os djs negros que desde os anos 70, ainda na Era Disco, deram o tom. Nos anos 80 nem
se fala! Aliás, como pensar a música em geral se não pensarmos na cultura negra? A cultura da
música eletrônica não foge à regra. Ainda nos seus primórdios, com o techno de Detroit, em
meados dos anos 80, produtores e djs negros sempre estiveram à frente dessa música. Derrick
May, Juan Atkins, Jeff Mills, Kevin Saunderson, Afrika Bambaataa são nomes para ser lembrados
quando pensamos em música eletrônica e cultura negra.
 
Underground, overground e o pop na música eletrônica

Vez por outra ouvimos a palavra "underground", que, numa tradução grosseira, seria aquilo que
está escondido, submerso, à margem. Mas no campo da arte, essa palavra assume outra
conotação. É o que não está vinculado aos interresses do mercado de consumo tradicional,
"mainstream", meramente comercial, sem preocupação com a experimentação artística ou com
as culturas "alternativas". O "underground" é aquilo que abre mão dos interesses de lucro e
aposta na busca de novidades e se manifesta contra o que é comum, contra o tradicional, o já
conhecido, propondo novas formas de cultura. No caso da música eletrônica não é diferente. Ao
dizermos que gostamos da música eletrônica "underground", queremos deixar claro que é a
música não comercial. Afinal nem toda música eletrônica, por ser eletrônica, tem qualidade. Não é
o estilo que assegura que há qualidade. Também existe música eletrônica feita só para dar lucro
às empresas. Essa sempre usa timbres e fórmulas repetitivas. Existe samba e samba.
As vezes a música não comercial chega à midia, ao mercado tradicional, mas ela não abre mão de
suas experimentações estéticas. Isso é bom porque é a arte de qualidade difundida para mais
gente, através dos meios de comunicação de massa. É o que chamamos de "overground". Mas a
origem do "overground" é sempre o "underground" - surge "de baixo", dos artistas e produtores
comprometidos com a experimentação. Quando o Kraftwerk se tornou conhecido no mundo pop,
ele não abriu mão de continuar produzindo o som que eles queriam. A intenção deles não era ter
mais lucro. E o mercado tradicional teve de absorve-los assim, como eles eram mesmo. Eles são
um exemplo do que é a chegada do "undeground" no mercado, se tornando "overground" e até se
tornando pop, popular. No rock temos muitos exemplos dessa relação artistas experimentais-
mercado-sucesso. Patty Smith, Lou Reed, Marc Bolan são alguns um deles. Aqueles que
defendem que o "underground" não deve chegar à mídia se enganam, pois ao chegar à midia o
"undeground" só perde seu caráter experimental se abrir mão de sua estética inovadora para ser
dar bem no mercado, sem fazer emergir novidades. Quando a arte experimental se torna
"overground", chega à mídia mais pessoas têm acesso à qualidade, e não engolem tão facilmente
a "baba", o produto fácil.
Essa idéia de "underground" na estética, na arte, também faz surgir formas organizadas que
ajudam "undeground" a sobreviver. É aí que aparecem selos, sites, listas de discussão que
divulgam artistas experimentais que não seriam gravados por empresas comerciais. No caso da
música eletrônica, o "undeground" tem se concentrado principipalmente no selos de vinil, primeiro
pela qualidade de som de graves e agudos que os vinis dão aos djs, além de facilitar suas
técnicas de mixagem; segundo porque o mercado "mainstream", que corre atrás do lucro, não se
interessa em "dominar" o mercado de vinis mais, já que esse mercado tem produção menor e
gera poucos lucros.
 
O vinil

Os djs tocam com vinil por 3 motivos. 1. Esse suporte de som é o que mais mantém a fidelidade
dos timbres (mesmo com os todos os avanços tecnológicos). É o vinil que atinge um nível maior
de sons subgraves (mais que o cd!), muito presente na música eletrônica. 2. É que, além de não
ter morrido, o vinil (que continua sendo produzido e muito) é um mercado underground, onde os
autênticos produtores de e-music experimental circulam livremente sem a interferência do
mercado de sons comerciais e com fins lucrativos: a própria indústria mainstream não se
interessa pela produção de vinil pois o mesmo não dá lucros altos a ela. Produtores de qualidade
produzem em vinil porque sabem que os djs continuarão incentivando na prática a sua profissão
de produtores experimentais para que a música não pare de evoluir, e fique longe dos desvios do
mercado das grandes gravadoras. Dj que investe em vinil está investindo na descoberta de novos
timbres, de novas experimentações, na própria continuidade da e-music de qualidade, na medida
em que está mantendo o mercado dos melhores produtores. 3. É o suporte que sempre vai
fortalecer a "cultura do dj", facilitando o aprimoramento das técnicas de mixagem manual, longe
dos botões que piscam e fazem tudo por você.

O jazz e os dj´s

A idéia de "discoteque" é anterior à Era Disco. A cultura e o culto ao dj é, portanto, anterior à


Disco, nos anos 70. Na verdade as origens da cultura do dj como artista (e do espaço fechado
para a dança com um dj "tocando") tem origem com os músicos e fans de Jazz (desde os anos
50) que se reuniam para ouvir as novidades.
A discoteque (esse nome nem existia como referência a um clube) era o encontro dos fans de jazz
que se juntavam para ouvir a uma nova coleção de discos (discoteca) de uma pessoa mais atenta
aos lançamentos. Entre ouvir e dançar as novidades, essas reuniões ajudaram no surgimento do
dj pesquisador das novidades (até então um fan do jazz que "colocava" o som) e do espaço
(ambiente/clube) de reunião para ouvir música nova e dançar. A formação do dj, como
personagem promotor da música, aparece na história assim informalmente. Era a pessoa (fan)
que colocava som nos intervalos do shows, como forma de manter a alegria, a vibração, após as
apresentações (shows). Esse personagem não mixava, apenas colocava a música. A mixagem
surge como técnica, como forma de aperfeiçoamento na mistura (mixagem) entre uma música e
a outra. Não é muito dizer que foram os fans de jazz que (sem intenção direta) formaram o
personagem-dj!

Brasil, uma das principais pistas de e-music do mundo

Já faz alguns meses. O nosso País tem dado provas de amor à cultura da música eletrônica. Não
só pela cena efetiva existente em algumas cidades brasileira, mas pela força, talento e técnica
dos nossos dj’s e produtores. A cena brasileira chama a atenção do mundo. Hoje qualquer grande
turnê de dj ou produtor de e-music tem que pensar no Brasil como parada obrigatória. O motivo
basicamente é um: a pista brasileira é animada e tem informação. Dj bom e que seja
comprometido com a nova música eletrônica e quem vem tocar no Brasil sempre encontra “vibe”
por essas bandas do planeta.
 
A Eletroacústica

Na década de 50, dentro das universidades, pesquisadores se dedicaram à produção musical que
associava a criação de sons através das tecnologias, para examinar os resultados estéticos e
teóricos. Essa experimentação foi chamada de música Eletroacústica e o objetivo era meramente
acadêmico, sem maiores manifestações públicas. Os grandes expoentes dessa experimentação
foram Stockhausen (que recentemente esteve no Brasil), Eimert e Meyer-Eppler, que trabalhavam
em parceria na cidade de Colônia, Alemanha. Mas essa conexão entre música e equipamentos
tecnológicos vem acontecendo desde a criação do Theremin, em 1923, seguido pelo Ondes
Marternot, em 1928 e o Trautonium, de 1930. Estes instrumentos geravam e manipulavam sons.
Só na década de 70, com os experimentos de Ralf Hutter e Florian Schneider, pioneiros do
Kraftwerk, essa música mais experimental baseada em tecnologias, assume características menos
acadêmicas emais pop. Longe das universidades, essa música é celebrada e produzida por mais
pessoas, por novos músicos que passaram a utilizar as tecnologias em geral como novos
instrumentos musicais - sem a necessidade de conhecimentos de teoria musical. A Eletroacústica
é fundamental para entender que as tecnologias podem gerar novas estéticas, novas idéias. No
Brasil, pesquisas da Eletroacústica continuam sendo feitas. Um dos grupos mais atuantes é o
Artes Sônicas. Conheça o trabalho deles no site www.artnet.com.br/~pmotta.
Não só em grandes eventos como o Skollbeats ou Parada da Paz (que reúne hoje em São Paulo,
cerca de 10 trios elétricos e mais de 20 mil pessoas). Mas em evento mais conceituais, como o
projeto Fucked! De Luis Pareto e Marcos Morcerf, que entra na sua 9 edição, em São Paulo. Nesta
última, essa dupla trouxe nada menos que a moçada do selo (e sound-system ) Reverberations,
de Londres, que reúne três amigos - Asad Rizvi, Ravi McArthur & Tom Gillieron.
O dj Asad Rizvi, paquistanês e residente na Inglaterra, já esteve no Brasil e foi adorado. Hoje tem
uma legião de fans por conta de sua simpatia e sua house de qualidade. Quem quiser ouvir o som
de Asad Rizvi é só ir à radio Groovetech londrina (www.groovetech.com) onde existem set inteiros
do dj.
Essa turnê da Reverberations traz para o País qualidade de e-music porque sabe quem o Brasil
absorve e quer qualidade da e-music. Há uma relação onde a demanda é quem conta e isso mais
uma vez confirma que o Brasil é uma pista emergente no cenário mundial.
 
A mixagem: bpm, pitch, bumbo, prato e caixa

A gente já sabe: Mixar é misturar. Na técnica do dj, significa juntar as batidas de duas ou mais
músicas na mesma velocidade, nas mesmas bpms (batidas por minuto), buscando uma fusão ou
uma passagem de um vinil, ou cd, a outro, de uma música com a outra. A idéia central é fazer a
pista (público) continuar no ritmo. Mixar é fundamental para ser dj, além de ter cultura musical e
estar sempre atento aos novos lançamentos.
Basicamente misturar músicas significa colocar as duas faixas do vinil (ou cd, ou md, etc) na
mesma velocidade. É aí que entra o recurso do pitch (um botão de aceleração ou redução da
velocidade da música). Não basta apenas alterar a rotação (33 ou 45 rpm, rotação por minuto). É
preciso usar o pitch para colocar as duas músicas no mesmo ritmo. A segunda tarefa na mixagem
é respeitar as “viradas”. Uma “virada” acontece no intervalo de 4, 8, 16 ou 32 batidas, quando
entram ou saem novos instrumentos (timbres).

Quando duas músicas estão com pitch certo, mas são coladas em momentos de viradas
diferentes, a coisas não soa bem, principalmente se tiver alguma linha melódica (um layer, uma
camada, uma harmonia, um acorde). Juntar as batidas também tem que respeitar a sequência
“bumbo, prato e caixa”. O bumbo é o primeiro tum!, o segundo é o bumbo acompanhado pela
caixa, e o prato (chimbau) fica entre o bumbo e a caixa. Uma boa colagem tem que juntar bumbo
com bumbo das duas músicas. Difícil? Pois preste atenção. Ouça uma música eletrônica de pista e
perceba que a cada 4, 8, 16 ou normalmente 32 batidas há sempre uma mudança – uma
“virada”.
A terceira parte de uma mixagem certa, além das bpms iguais e as viradas iguais, é a colagem de
uma música a outra com sutileza, como se uma música fosse se transformando em outra. Essa
técnica é a mais difícil e se chama mixagem por timbre. O dj com essa técnica reduz ou aumenta
um timbre de uma música (fechando ou abrindo os botões do grave, médio ou agudo aos poucos)
e faz a fusão lentamente para manter uma textura sonora mais homogênea.
Um dj precisa ter um bom mixer com uma “chave de ganho” (gain) e controle de equalização por
canal, para favorecer essa técnica. A “chave de ganho” serve para compensar o volume de um
vinil ou cd em relação a outro, já que eles são às vezes gravados em volumes diferentes. O dj
também sempre trabalha com seu volume máximo em 7 (sete), na escala de 0 a 10, para ter
uma margem de aumentar e diminuir o volume, caso a música mixada seja mais alta (ou mais
baixa) que a outra. A equalização por canal, ou seja, o controle dos timbres (grave, médio e
agudo) por canal serve para fazer uma melhor colagem das músicas. Mas como toda técnica, o
que vale é meter a mão na massa, treinar bastante, se você quer ser dj. E não esqueça jamais
que música eletrônica é cultura e só tem cultura quem se informa, pesquisa, corre atrás das
novidades. Se não, vai se transformar em um mero apertador (perfeito) de botões.
 
Dançando junto, porém só

A música eletrônica recupera "o sentido tribal e transcedental de dançar", como defendeu o dj
Marcos Morcerf em uma antiga entrevista ao Pragatecno. Horas a fio, os ravers/clubbers se
entregam ao ritual coletivo da dança, tendo a frente o dj que mixa sons, aumenta e diminui as
bpms, as velocidades das batidas, o ritmo dos sons repetitivos e minimalistas. É o dj que controla
o êxtase, a vibração (vibe), a energia, dos dançarinos. É por isso que as vezes é feita uma
comparação entre as festas techno (com horas e horas de dança coletiva) com os rituais
religiosos primitivos. Essas festas parecem sim com as cerimônias indígenas, como as do Pow-
wows americanos, ou com os cânticos noite a dentro do índios Truká (do interior de Pernambuco),
que usam a música repetitiva e a droga jurema para contactar um mundo mágico. A música é a
chave para despertar um novo estado psicológico, de transcedência coletiva.
O dj inglês Mr.C. (que veio a Brasil em agosto de 88 para o evento Camel Connection em São
Paulo), afirmou que o "bom dj hipnotiza a pista, desenvolve uma relação telepática e xamanística
com as pessoas". O dj procura criar o clima, o vibe, para o prolongamento de um estado de
espírito comum aos dançarinos. Ele assume a função de um orientador da energia coletiva. Um dj
assumiria uma função - digamos assim - de xamã cibernético, com sua ciber tribo.
Ao dançar junto, porém, a tribo dos clubbers e ravers não faz nenhuma coreografia da moda,
nenhuma dancinha difundida pela mídia. A dança é livre, de acordo com o jeito de cada um sentir
a música. Todos dançam juntos, porém de sua maneira, porém só. Essa dança coletiva é ainda
hedonista, despolitizado e pagão. Hedonista porque traz o prazer pelo prazer imediato de apenas
dançar. É despolitizada porque é uma cultura sem "nações", sem pátria, globalizante e universal,
e sem bases em partidarismos, sem preconceitos ideológicos. E é pagã, pois nenhuma religião é
eleita como coletiva, nenhum deus é eleito como o deus de todos. O único deus é a música tribal.
 
A cultura do segredo

Na cultura da música eletrônica, tenta-se não cultuar o pop star, o artista-estrela, midiático.
Desde os anos 70, com grupos como o Kraftwerk, sempre se promoveu a “cultura do segredo”,
em que artistas inventavam pseudônimos para serem conhecidos apenas por sua arte.
O que se queria (e se quer) é destacar que essa música é de quem a manipula, de vários donos,
uma música que sirva como eterno banco de dados, disponível para a manipulação, já que as
ferramentas tecnológicas/digitais favorecem a proliferação de artistas sem grandes
conhecimentos teóricos, porém com talento. Só quem circula na cena, ou pesquisa mais
atentamente, consegue vincular o nome do dj, projeto ou produtor musical a uma determinada
pessoa. Temos exemplos da “cultura do segredo” atuais como o H-Fundation, DJ Q, Get Fucked,
Octave One, Hipp-e. Alguns se tornaram pop e seus nomes vêm logo à tona – como o Prodigy,
Fat Boy Slim e o Chemical Brothers. Mas, durante anos, os quatro integrantes Kraftwerk
conseguiram se esconder e até nem davam entrevistas.
A “cultura do segredo” também aparece sob outras formas: os famosos ‘white labels’ (vinis sem
identificação) que servem para serem testados nas pistas de dança, sem se saber quem são os
artistas daquela música. A própria batida da música (o beat e o groove) é um formato fácil de ser
manipulado.
Djs usam nomes falsos para serem reconhecidos apenas pelo som que tocam – é a música que
importa! Embora hoje os djs estejam cultuados como artistas. Se prestarmos mais atenção,
vamos notar que produtores de e-music mudam o nome quando se associam com outro produtor.
 
Há casos engraçados para confundir aqueles menos atentos: Cari Lekebusch convida a ele próprio
(com outro nome, claro) para remixar suas músicas.
Aliás dê um pulo no site do Kraftwerk e veja que eles não se expõem tanto: www.kraftwerk.com
 
Tudo volta, inclusive o Eletro

O bum do Eletro, ou o Eletronic funk (ou ainda Eletrofunk) aconteceu nos anos 80. Tem se falado
pouco nesse estilo da eletrônica como produção contemporânea de música, em relação às outras
vertentes (house, techno, drum and bass, trance...). As noites retrôs (as retrospectivas) que tem
acontecido no Brasil (e no mundo) tem recuperado essa produção e tem retomado, ainda que
pouco, o tema do Eletro, enquanto vertente. Eis uma boa função das noites retrôs, trazer à tona
os tesouros esquecidos para as geração que chegaram depois à cena e não tiveram acesso aos
"roots" da Eletrônica - mas é bom mesmo não ficar (somente) nos retrôs, afinal os timbres são
velhos (e como!) e tem muita coisa nova e boa, hoje, alimentando uma perspectiva melhor para o
que chamamos de "experimentação" na música eletrônica - para que ela evolua!
A questão é que o Eletro nunca morreu. Aliás, em se tratando de arte, nada morre - sofre
reciclagem, é recuperada de outra forma - a experiência estética, seja em que área de expressão
artística, sempre deixa suas marcas, na música então...
Nos anos 80 o Eletro teve seu auge, quando, influenciados diretamente por Kraftwerk, os
produtores (inclusive os de Detroit, de onde surgiu o techno, em 85/86) se dedicavam ao som
quebrado do eletrofunk, e não só ao som reto do techno e da house de Chicago. Do Kraftwerk
temos como grande exemplo a música "Numbers" - um eletrofunk, antes mesmo dele existir
conceitualmente. Mas mesmo grupos como Information Society, Visage, Depeche Mode e Human
League (e artistas como Ryuichi Sakamoto) traziam faixas quebradas em seus vinis, referenciadas
no funk eletrônico. Mas é em 1982, com, "Planet Rock" que Afrika Bambaataa e seu grupo The
Soulsonic Force junta as batidas usadas pela proto-hip-hop (o rap inicial!) com enxertos da
música de Kraftwerk, definindo o gênero.
Pela Virgin, na época, sai então a primeira e histórica coletânea do estilo: Booming On Pluto:
Electro For Droids, organizada pelo músico David Toop.
O estilo floresceu primeiro em NY por conta da intensa cultura de rua, advinda da cena Hip Hop, e
logo em seguida se espalha por Los Angelis e Miami - com o sucesso de "Planet Rock".
Voltando Detroit, Juan Atkins (um dos responsáveis pela definição do estilo Techno) tinha, antes,
um projeto eletrônico chamado Cybotron, junto com Rick Davis. O Cybotron chegou a lançar um
álbum (Fantasy, pela Enter) e uma das faixas fazia uso também da música de Kraftwerk - "Clean"
era um outro eletro.
Já nos anos 90, o Eletro vai sofrendo transformação e fica mais dark, saído principalmente de
Detroit, com linhas de baixo potentes (às vezes chamado de "electro-bass" ou "techno-bass"). À
frente dessa nova produção estavam Aux 88 e o projeto Drexciya. Interessante notar que o
famoso selo UR (Underground Resistence) e o Direct Beat foram suporte para essa produção. O
UR, aliás, chega a lançar coletânea onde o techno e o eletro estão bem presentes mostrando os
dois caminhos do que hoje podemos chamar de "old school". Ouça por exemplo a ótima coletânea
Interstellar Fugitives, distribuído pela também underground Submerge.
Produtores de techno tem recuperado essa conexão techno-eletro, assim como produtores de
house tem feito conexão com os breakbeats entre 120 a 128 bpm - aliás Layo & Bushwacka!
talvez sejam a dupla símbolo atual dessa mistura. Dave Clarke e Sven Vath (produtor da elite do
techno alemão) não abrem mão do Eletro.
O povo do IDM (inteligent dance music), como Aphex Twin, usa Eletro em suas produções. Cari
Lekebusch em seu novo projeto (Mystic Letter K), usa e abusa de sons quebrados e do Eletro em
especial, no álbum duplo em vinil Mindgames, promovendo uma conexão com sons mais radicais
da cultura de rua e do breakdance – nesse álbum, fantástico, há bastantes timbres que fazem
referência ao "old school".
Mas não é nó na cena underground que o Eletro está presente. Na cena mais pop ele aparece em
hits "Music", de Madonna e na faixa "Idioteque", do Radiohead.
Empolgado, o defensor Tom Magic Feet profetizou em 2001 que o Eletro "é o fantasma do frescor
funky na máquina que não pode ser exorcizado, o vírus na circulação que não pode ser contida.
Permanece o que sempre foi: um poste itinerário para o futuro". Ele tem sua razão.
 
A luz como hipnose
A ambiência da pista de dança, na Cena da Música Eletrônica, é alimentada principalmente pela
cores da luzes em movimento - além da música dos djs e de eventuais imagens lisérgicas
exibidas em telão pelo Video Jockey.

As luzes, de cores fortes ou até sem filtros de cor (brancas) mas igualmente intensas, têm a
função de alimentar o êxtase que a dança provoca, cercando o dançarino como se quisesse isolá-
lo "ao redor". A frase "entrar na pista" é perfeita por isso: é como se entrássemos num outro
mundo, numa bolha de prazer: somos envolvidos com imagens lisérgicas, luzes robóticas e som
repetitivo – um outro (novo, paralelo) mundo onde cada um de nós é o centro – quem entra na
pista, fica lá, vai ficando...
Já foi dito: uma boa festa de música eletrônica tem que ter luz de qualidade, bom som e um dj
com novidades no set (na sua seleção musical). A luz bem utilizada poderá criar climas,
reforçando os breaks (paradas) da música e agitando a volta do beat (da batida), incentivando o
êxtase dos dançarinos. A função da luz é dar mais "calor" ao clima da música, é tridimensionalizar
o som. Para isso é preciso também um pouco de conhecimento da "estrutura" da música
eletrônica de pista – suas viradas em 8, 16, 32 e 64 batidas, os breaks, os climas com layers
(camadas). É preciso saber usar os recursos da mesa de luz apoiado no ritmo da música, e não
apenas alterados as luzes. E é aí que surge o Light Jockey, ou LJ, o principal auxiliar do DJ. É ele
que, além do conhecimento técnico (equipamentos e seus recursos) também se envolve com o
clima da pista – um LJ tem que gostar do que faz, para fazer bem, se identificar, enfim, com a
cultura da e-music. Um LJ é parte integrante da cultura da e-music.
 
As imagens lisérgicas do Video Jockey

A criatividade associada à música eletrônica busca conexões com outras linguagens artísticas,
como as da produção visual: animações, clips em 3D, imagens fractais e as infografias. O
controlador dessa produção, durante um avento, principalmente uma festa, é chamado de VJ
(Vee Jay) ou Vídeo Jockey. Se o DJ controla o vibe da pista através da sua sequencia de músicas,
o VJ utiliza recursos gráficos para fazer sua interpretação visual da música eletrônica.
A visualidade quer reforçar os conceitos lisérgicos desta cultura. Há, nessa cultura da música
eletrônica, coletivos (grupos organizados) de produtores de vídeo para mostrar seu conceito de
visualidade "lisérgica" eletrônica. A maioria da produção é feita de imagens animadas em 3D,
projetadas em telão. Alguns desses produtores se associam a selos e lançam fitas vhs a serem
exibidas em festas. Titan, Triapolis e Zone G. são alguns desses produtores. A exemplo dos djs,
que também usam pseudônimo (pois o que importa é a música), esse grupos de produção visual
também apelam para o anonimato, abrindo mão do personalismo, do estrelato e apostando na
divulgação de seus conceitos, de suas estéticas.
Existe uma coleção em vhs X-Mix alemã, por exemplo, reúne mais de 50 vídeos, com 50 minutos
de duração cada. Em cada vídeo, um dj de renome internacional é convidado a mixar cerca de 12
diferentes faixas. Interessante constatar que as imagens são igualmente mixadas, respeitando as
batidas, as bpms, o ritmo do som - atividade do VJ, o video jockey.
Além de produtor, ele pode atuar "alive" (ao vivo) nas festas, levando seu computador e gerando
as imagens ali mesmo, usando softs de exibição como o winamp, com cabos conectando o
computador ao telão, dando um clima visual à festa.
 
ENTREVISTA: Vj Pixel
 
Um dos poucos e bons VJs (Vídeo Jockey) que tem atuado em festas de música eletrônica em
Salvador é o artista visual Ângelo Moscoso (e-angelo@ig.com.br), conhecido artisticamente como
Vj Pixel. Aos 20 anos de idade, Pixel é estudante de Ciências da Computação da Faculdade Rui
Barbosa. Ele comenta sobre sua atividade - o video jocking - que busca incrementar com
animações, clips em 3D, imagens fractais e infografias as "ambienências" onde as pessoas se
encontram para dançar e ouvir música eletrônica.
 
>> Por que você se interessa pelo video-jocking?
Vj Pixel - Na verdade, o trabalho é apenas consequência do meu interesse por imagem. Gosto de
produzir ".avs" (formato que é usado para armazenar imagens produzidas pelo Winamp AVS
Editor e exibidas pelo Advanced Visualization Studio e de baixar clips e filmes na internet.
 
>> O que é ser VJ? VJ é artista?
Vj Pixel - Ser vj é saber escolher imagens, sejam elas animações, vídeos ou até mesmo imagens
estáticas. O vj tem que ter sensibilidade e bom gosto para fazer a seleção das imagens que vai
projetar. Não conheço nenhum guitarrista que tenha fabricado sua guitarra. Um guitarrista é um
artista?
 
>> Quais os tipos de imagens fazem uma melhor conexão com o som eletrônico?
Vj Pixel - Imagens abstratas geradas por equações matemáticas, de preferência no mesmo ritmo
da música que está em execução.
 

>> Que softwares podem ser usados e como são produzidas as imagens?
Vj Pixel - (Ainda) Não me aventurei muito na produção de clips ou vídeos, mas recomendo o site
www.morethantoast.com, onde se podem encontrar vários clips baseados em animés (animação
de estética japonesa). Na produção de imagens que têm interação com som, uso o Winamp AVS
Editor, que já vem com o Winamp (programa para exibir imagens) e é bem fácil de usar. Com ele
é possível criar uma infinidade de imagens, inclusive importar vídeos no formato ".avi" e imagens
".bmp". Mas existem outros plug-ins (programas-acessórios) muito bons (para winamp) que
permitem inclusive que se brinque com as imagens enquanto elas estão sendo executadas
fullscreen (em tela cheia); logo, é possível a modificação dos parâmetros das imagens enquanto
estão sendo exibidas. A produção de animações é bastante simples: escolhem-se algumas
músicas (de preferência ritmadas) e enquanto elas estão sendo reproduzidas, se escolhe as
imagens que serão trabalhadas, modificam-se seus parâmetros; escolhem-se os efeitos,
modificam-se seus parâmetros e pronto. Quando o produto final não agrada, pode-se recomeçar
do zero ou continuar modificando até que se chegue ao resultado desejado.
 
Apropriação tecnológica na e-music

As máquinas fotocopiadoras foram inventadas para reproduzir documentos de forma mais


quantitativa e assim fortalecer o circuito da burocracia, que também se baseia em formulários,
recibos, cartas-ofício, documentação em geral. Os punks e sua subcultura, desde o final década
de 70, se apropriam dessa tecnologia (as máquinas fotocopiadoras) e dão um outro significado a
ela. Essas mesmas máquinas agora reproduziam fanzines (revistas de fãs) e divulgavam as idéias
e a cultura do punk rock, o caos como doutrina, etc. A reapropriação é uma certa forma de usar
as tecnologias existentes, lhe dando um novo significado, uma nova função. O significado social
da informática também foi completamente transformado. Hoje a informática é instrumento de
produção artística. "Computadores fazem arte"? Um tiro de canhão faz arte!
Peter Ilich Tchaikovsky (1840-93) incluiu em sua sinfonia "1812" um tiro de canhão - som, ou
timbre, nada convencional saído de um objeto - agora instrumento musical - também nada
convencional. Por trás desta experimentação estética, Tchaikovsky aponta um caminho percorrido
pela música eletrônica: a busca de novos timbres e o entendimento de que outros instrumentos,
que não os "tradicionais", fazem música, produzem ritmo e melodias. Ou você vai dizer para o
grande Hermeto Pascoal que panela e copo não são instrumentos musicais?
Quando produtores (músicos) de música eletrônica se apropriam das tecnologias em geral para
transformá-las em instrumentos musicais, eles estão dando um novo significado (função) a essas
tecnologias. Assim, uma pick up (toca-discos) foi projetada para rodar discos de vinil. Essa
"utilidade" desse objeto técnico está naturalizada pelo tempo. O estranho, para alguns, é
entender essa mesma pick up com outro significado, como um instrumento musical de
percussão., como é usado pelos djs – principalmente os que tocam sons quebrados, através de
um conjunto de técnicas (como o back-to-back, back spin, scratch etc) que atribuem a essas pick
ups um valor de instrumento musical de percussão e de produção de texturas sonoras. É preciso
ter a consciência de que os objetos técnicos podem desenvolver novas funções, inclusive o
computador.
 
O Line Up faz a festa

Numa tradução assim rasteira, o "line up" seria o "programa", a ordem de apresentação dos djs,
a seqüência. Dentro da cultura da música eletrônica, sabe-se da importância do line up - se ele
for mal feito (mal montado) pode destruir uma festa.
A idéia do line up é ir crescendo, mas ter "quebras" para a pista respirar, descansar - senão a
festa acaba cedo. A idéia é manter a pista animada sempre.
Numa festa conde acontece a apresentação de vários djs tocando cada um sua vertente, a
preocupação principal é estruturar um line up baseado na velocidade das bpm, das batidas por
minutos. Pensando nos sons retos, organizaríamos a house, seguida pelo techno e pelo trance.
Mesmo dentro de cada uma dessas vertentes, as bpms são igualmente consideradas, se houver
dois djs de house, por exemplo. Digamos que o de deep house abriria para o de techouse, por
esse último ter um som mais pesado. Assim valeria para o techno (130 a 150 bpm): deep techno,
techno, progressive techno e hard techno.
O problema é quando vertentes de estruturas diferentes se misturam - por exemplo, house com
drum and bass. Pela lógica seria house primeiro, com suas bpms de 120 a 133, e na sequência
drum and bass (160/170 bpm). Mas há uma quebra estética que a vezes repercute bem na pista
e agita a moçada, mas pode ser uma quebra muito dura e para retomara pista de house por
exemplo, às vezes não cola mais. O inverso é pior ainda. Abrir com drum and bass, quebrar para
a house e voltar para o drum and bass. O line up é para ser pensado sim, quando falamos de
festa de e-muisc, pelo caráter hipnótico desse som, onde a pista não deve sentir tanto a quebra
total do ambiente sonoro. O line up é ainda algo flexível, que pode ser alterado na noite, a
depender da resposta da pista ao estilo que saiu e ao som que entrou.
Nesse mundo de segmentação estética, quem gosta realmente de drum and bass fica mais
desmotivado quando entra a house, e quem gosta de somente de house fica esperando que o
drum

and bass acabe para a house voltar. Ninguém é obrigado a gosta de TUDO, não é mesmo? É por
isso que tem surgido projeto mais específicos com noites dedicadas à house music e todas suas
divisões, assim como ao drum and bass e trance e todas os seus sub-gêneros. Mesmo aí o line up
é também importante. Um dj de jazzy drum and bass tendencialmente tocaria antes de um de
hardstep ou techstep, que são linhas mais pesadas. Pois é, nem tood mundo que gosta de death
metal quem que gosta de punk, só porque é rock. Aliás, gosto nem se discute.
 
Lounge não é a música

Há umas imagens de Cleópatra sempre sentada em sua cadeira, relaxada – parece curtir seu
ambiente lounge. De fundo deve haver uma musiquinha leve, tranqüila, para ela ficar daquele
jeito, tão relaxada, ainda mais alisando sua serpente venenosa. Será que ali, num canto qualquer
da sala de Cleópatra, num canto que não aparece na foto, tem algum dj tocando downtempo
music só para ela?
Quando falamos em lounge nos referimos ao ambiente e não à música – um ambiente
normalmente com sofás e cadeiras muito confortáveis, luz indireta, música de fundo para
incentivar um bate-papo. Lounge não é a música é uma ambiência com um tipo de som mais
tranqüilo mesmo, sem caráter de pista. O som normalmente é o que chamamos de downtempo
(desacelerado), e isso inclui jazzy stuffs (coisas jazísticas como jazzy house, acid jazz...), trip hop
e ambient music, enfim, música mais para se ouvir.
Recentemente se falou em lounge music (e começam a aparecer até coletâneas lounge, em cd) e
disseram até que esse tipo de música era para se fazer...sexo! Pode até ser melhor fazer sexo
com música mais tranqüila, relaxante...mas essa música continua sendo downtempo.
 
SoulCyber rompe com tradicionalismo na academia

Desde sua primeira versão, no ano de 1999, o evento SoulCyber, promovido pelo Centro de
Estudos e Pesquisa em Cibercultura da UFBA (O Ciberpesquisa) propunha uma contra-mão na
"normalidade" dos debates teóricos nas universidades brasileira. Historicamente, foi o primeiro
evento a discutir música eletrônica dentro da universidade brasileira (depois esse debate se
estendeu à Ufal, Universidade do Ceará e à USP). Além de debates/palestras de conteúdo mais
teórico, o evento não abria mão de "mostrar" do que ele estava discutindo. Em paralelo, portanto,
era realizadas festa de "techno", com djs do underground atuando. A segunda versão do
SoulCyber, em 2001, foi mais radical ainda: elegeu como tema, além de música eletrônica, a
cultura hacker, desmistificando a idéia de que hacker é criminoso (versão notadamente divulgada
pela mídia desinformada), e mostrando o quanto a cultura hacker ajudou a democratizar o acesso
às tecnologias contemporâneas e à informação que "quer ser livre".
Coordenado pelo Prof. doutor André Lemos, um dos pesquisadores mais respeitados no País sobre
Cibercultura, o evento SoulCyber entrou um sua terceira versão, agora em 2002, e mostrou o
quanto é ampla a discussão sobre arte, tecnologia, comunicação e cibercultura. A idéia central é
um espaço de discussão, de troca de informação, de criticismo e de prazer estético. Nessa
terceira edição, manteve o tema da música eletrônica, organizando oficinas em conjunto como
Pragatecno, onde os participantes puderam se iniciar na produção de sons, via softwares (em
curso intensivo ministrado pelo produtor Gilberto Monte) e na arte do djing (com curso dado por
djs Santana e Môpa), além de palestras e vídos sobre o tema. Numa parceria com Andréa May, o
Soulcyber montou ainda um meeting, um encontro ao domingos a tarde, com mostra de arte e
tecnologia, e djs de downtempo atuando - o CyberBalaio 2002. E fez uma technoparty que reuniu
quase 600 pessoas, com 7 djs em revezamento e a presença especial do live pa do grupo carioca
Hapax, que mistura grooves eletrônicos com sons metálicos de sucatas de ferro e latão,
mostrando seu som industrial-techno. Performance fantástica! O evento deste ano destacou como
tema central o cinema de animação japonesa e filmes voltados para a temática da cibercultura,
numa mostra coordenada por Rodolfo Filho. Alguns desses filmes eram inéditos no Brasil! Por
essas e outras iniciativas, não é a toa que o Ciberpesquisa é pioneiro e um dos mais importantes
no Brasil sobre os estudos e pesquisa em Cibercultura. O Soulcyber é hoje um evento de
conteúdo underground dentro da academia que já se consagrou nacionalmente, com repercussão,
via jornais e sites brasileiros. Ora, fala-se, sempre, em tentar conectar a Universidade à vida
cotidiana. O Soulcyber faz isso e de forma radical: elegendo temas em destaques na cultura
"alternativa" e de vanguarda, presentes no cotidiano. Longa vida ao SoulCyber!
 
É caro, sim, ser dj
Depois de se formar em Odontologia, nas universidades, o dentista começa uma nova batalha: a
de montra seu consultório, cheio de equipamentos caros, caríssimos, se não ele nem consegue
trabalhar. Com o dj não é diferente.
Depois de desejar ser dj, ou seja, achar que pesquisar música, se alimentar de cultura musical,
optar por um estilo e aprender as técnicas de mixagem, o candidato a dj descobre que as coisas
não são tão fáceis assim não. Nunca foram. Os equipamentos para djing são caros, caríssimos.
O básico é: 01 fone de ouvido, um mixer, dois toca-discos (ou dois cdj's) e muitos vinis (ou cds).
Um fone de ouvido de qualidade tem que suportar volume e timbres de graves, gasta-se aí em
torno de 400 a 600 reais. Depois vem um mixer, aparelho para misturar as músicas. Existem
vários modelos, mas o ideal é um que tenha "gain" (ganho) por canal - uma chave que aumenta o
volume em separado do canal, para diminuir a diferença dos volumes diferentes gravações das
músicas. Além da chave "gain", um mixer para dj tem que ter controle de equalização por canal,
também para ajustar isoladamente as músicas a serem mixadas. O preço? Entre 400 a 1.200
reais. Depois vem as pick ups (ou toca-discos). Tem que ser as Technics MK2 SL 1200 (ou 1210).
São os principais instrumentos do dj que quer estar no mercado de trabalho. Cada uma custa 1
mil e quinhentos reais. Se você tiver sorte, você pode comprar uma par usado por 1mil e
quinhentos. Mas tem que estar funcionando bem, com pitch (acelerador/redutor de velocidade do
prato) bem regulado, se não é roubada pagar caro. Se você quer tocar com cd player, tem que
ser um cdj, um cd player especial com pitch. O par pode custar, digamos usado, uns 1 mil e 200
reais. O orçamento já esta caro, não é? Vejamos: um fone, 500 reais; mais um mixer, 500 reais;
mais duas pick ups usadas, 1 mil e 200 reais. Já vão aí 2 mil e 200 reais. E os vinis? São caros
também. Djs quer que estar investindo em novas músicas, senão a pista fica falando mal dele,
dizendo que ele so toca a mesma coisa. E afinal a função do dj é pesquisar novidades! os vinis
para djs sã especial. ele so vêm com no máximo 4 músicas, duas por lado, é o que chamamos de
"ep". A maioria vem mesmo com duas música, uma por lado. E quando é um "single", vem a
música original e uma outra remixada, portanto você escolhe: ou toca uma ou a outra remixada,
naquela noite - a não ser que o remix seja bem diferente do original. Com tão poucas faixas por
vinil. É preciso cerca de 12 vinis para um set de uma hora de som, pois cada faixa dura em media
6 minutos, 7. Mas o dj normalmente não usa a música toda, pois precisa "perder" uma parte dela
para fazer a mixagem. Um vinil desse custa em torno de 10 dólares, ou seja 25 reais - mas ao
comprar fora do país, pagamos a importação (correio internacional e até alfândega). Cada vinil
desse termina chegando por uns 35 reais. Então você gasta perto dos 400 reais para comprar 12
vinis, certo? Mas você não vai comprar apenas uma vez. O ideal é você comprar bastantes vinis
por mês - digamos que, pelo menos, 7 ou 8 vinis ao mês, ok?, se não você não vai conseguir
acompanhar o mínimo de lançamentos. Ou seja, você terá quer gastar mensalmente em torno de
250 reais com vinil. Você pode usar CD; é mais barato - e ainda tem o mp3. Curso para dj
também é caro, em torno de 400 reais (mas tem o do Soulcyber por 40!, aproveite). Por último:
não, não desista. Ser dj é muito bacana, mas exige seriedade, paixão e alguma (!) grana.
 
Cada estilo é uma Cena

Após as experiências da Eletroacústica, ainda nos anos 50, principalmente em Colônia, na


Alemanha, o grupo Kraftwerk, já nos anos 70, fazia a conexão entre música, tecnologia de ponta
e o conceito Pop de arte. As experiências que aconteciam dentro da Academia, dentro das
universidades, chegam às ruas, buscando um público aberto às novas experimentações estéticas.
O novo som, chamado de Kraut Rock – logo despois conhecido como Prototechno - estabelece um
marco na música experimental, uma ruptura baseada em novos timbres sonoros – totalmente
eletrônicos.
A popularização aconteceu de forma mais intensa com um remix de Autobahn (faixa de 23
minutos, produzida em 1974) que o grupo Kraftwerk faz com 4 minutos, numa versão voltada
para as rádios alemãs. O novo conceito é bem aceito pelo público. Mas é o dj e produtor Afrika
Bambaataa que, se utilizando de um trecho da música de Kraftwerk, expõe definitivamente o
novo som. Assim, o hip hop ajuda a música eletrônica.
Passados quase 30 anos, a música eletrônica aprofunda seus conceitos, verticaliza suas
informações e se segmenta em subgêneros como o ambient, trip hop, house, techno, trance,
drum and bass... Em torno de cada estilo, um estilo de vida, grupos, tribos. Djs se tornam mais
especializados em uma ou outra vertente, selos e produtores também se definem por gênero –
aliás característica comum em culturas emergentes. Assim foi com o Rock, que hoje incorpora o
Heavy Metal, Guitar bands, Death Metal, Progressive Rock, Hard Rock, Punk Rock... Especilizações
geram culturas especializadas, público e produtores especializados.
Hoje fala-se não somente em Cena da Música Eletrônica, mas em Cena House, Cena Techno,
Cena Trance, Cena Drum and Bass, etc. Para cada subgênero um fluxo de produção, circulação e
consumo diferentes.
É assim também com a House music. Ainda em 1981, saído da influência da disco, Farley Keith
formou o Hot Mix 5, um coletivo de djs de rádio (composto também pelos djs Mickey Oliver,
Ralphie Rossario, Mario "Smokin'" Diaz e Scott Sills). Fez eventos (festas) em Chicago e na
verdade criava um das bases para uma cena específica: djs que tocavam sons parecidos que
reuniam público que gostava daquele tipo específico de som. Em 1982, Jesse Saunders começa a
mixar discos de House. Em 1983, Ron Hardy and Frankie Knuckles já reinavam supremos na
Powerplant e na WareHouse.
Desde aí a House music mantém sua produção e sua eterna transformação, sempre com seus
adoradores – djs e público.
A House music contemporânea passa pelo mesmo processo.

Em cidades onde a cena começa a se consolidar, já é possivel ter uma visibilidade de um público
específico para esse tipo de som.
São Paulo disparou e realiza varias festas mensais, como a Fucked, que foi só sucesso em 2001.
Há noites também de apenas drum and bass, estilo que cresceu e não foi pouco em várias parte
do País.
 
Um dia especial

No 09 de março é comemorado o Dia Internacional do Dj. Embora o artista-dj seja ainda uma
profissão muito recente no Brasil (inclusive sem legislação trabalhista específica), sua atividade é
hoje fundamental na cultura da noite. Não é demais afirmar que alguns djs hoje tem a mesma
fama que os pop star, com seu rosto estampado em revistas e cachês altos. Isso para alguns – e
poucos, pouquíssimos. Na maioria, esses artistas "ralam" muito para sobreviver de sua arte e
nem sempre são reconhecidos como o merecido.
A função do dj é especial, quando pensamos na difusão da produção musical. Eles estão
organizados basicamente em 3 tipos: o dj móbile (ou móvel, free lancer), o rádio dj (o de estação
de rádios) e o club dj (o dj "residente", oficial e fixo, de um clube). Por vezes um dj de clube é
também de rádio, e vice-versa. Mas nas 3 funções, sua atividade principal, além de animar a
pista, é divulgar novidades, ou seja, acompanhar os lançamentos do mercado (seja o mercado
underground ou comercial) e trazer essas novidades à tona. Os djs de rádios tradicionais são os
mais pressionados pelo mercado e nem sempre têm liberdade de divulgar o que gostam.
Normalmente se tornam meros técnicos, executores de uma programação musical pré-montada,
e que eles não escolhem. A depender do clube, é possível o dj trabalhar seu set (sua seleção
musical) de acordo com seu gosto. São exatamente djs de clubes mais alternativos e djs free
lancers que se consagram como artistas, pois o público os identifica pelo "seu" som e sal técnica
de mixagem ao vivo. Isso não é pouco. Um dj comprometido com o mercado menos comercial da
música está, no fundo, incentivando a arte de melhor qualidade e os artistas (músicos) que a
produzem. Esse dj é um mentor de uma arte mais experimental, que traz novidades, e que não
cai na mesmice. Djs, notadamente da Cena da Música Eletrônica, se consagraram mundialmente
por esse fato, por sua associação com a música de qualidade e experimental, geradas pelo
circuito alternativo de mercado (produção e circulação).
Para o dj Arlequim, do núcleo Undergroove, de Fortaleza (que toca techno), acabou se formando
uma "Cultura do Dj" - que é o domínio de técnicas, o culto ao dj como artista e, principalmente, a
informação musical, o background cultural do dj. "Pois é a partir de suas referências que ele vai
pesquisar o que de melhor é produzido e trazer essas novidades para a pista: um verdadeiro
lançador de novidades!"
Às vezes associamos a origem do dj à Era Disco, mas sua figura aparece ainda nos anos 50,
quando os fans do Jazz se encontravam para ouvir os lançamentos. Nesses grupos de fans, havia
sempre algum mais "antenado", mas ligado nas novidades e que "apresentava" essas novidades.
Essa prática, mesmo sem o nome de dj, levou esse personagem a incluir música em intervalos de
shows. Ao poucos ele foi ocupando mais espaço e é consagrado como personagem importante
nos eventos nos anos 70, já com a Era Disco. Pessoas iam os clubes por causa do dj (e seu som)
e por causa do clube.
Aos poucos, também, os djs foram inventando formas de prolongar a música, para que o clima na
pista não fosse interrompido. As técnicas de mixagem vão aparecendo. O culto ao dj chega ao
máximo com a House Music, em meados dos anos 80, com djs que saíam do underground e
transformavam enorme galpões em focos da cena noturna e com a cena Hip Hop que veio trazer
uma marca especial para esses artistas. Na cena Hip Hop, djs são a chave para o MC (Mestre de
Cerimônia) comentar e o Rapper "falar" sua poesia. Foram os djs do Hip Hop que puderam
desenvolver as técnicas e performances nas mixagens. Enfim, desde os anos 50 até o dias atuais,
essa profissão foi aos poucos encontrando seu espaço e terminou por ganhar um dia de
homenagem. É justo, sim. Então: vivas ao Dia Internacional do Dj!

O dj-produtor

Dos anos 50 (com os fans de jazz que discotecavam os lançamentos de seus artistas preferidos)
até os dias atuais, quem aprova a música de pista - além da própria pista, onde os lançamentos
são testados - é o dj.
Durante a Era Disco, começa a aparecer a figura do dj-produtor, ou o dj-músico, aquele que,
além de executar a música, a produz. Essa atividade dupla (que hoje cresce cada vez mais no
mercado da e-music) surgiu como saída que os djs encontraram para fazer remixes (novas
versões) de música que em seu original não eram preparadas para o trabalho do dj. Os remixes
eram versões mais longas que as originais. Não foi à toa que djs eram procurados como músicos
(nos anos 70) pela gravadoras para que eles fizessem suas versões das músicas. É ele, o dj,
quem sabe se a música tem apelo e se está estruturada para ser mixada.
Estruturada no sentido de ser composta com entrada e saída de timbres (sons dos instrumentos)
em determinadas partes da música.

Vejamos: uma música de pista de eletrônica obedece normalmente a uma regra básica que é a
cada 4, 8, 16 ou 32 batidas entra ou sai um timbre, um som, na composição. Essa música chega
a seu ápice com 5,6, 7 minutos de som, com todos os timbres juntos, batidas e sons percussivos
em contratempo, texturas, vocais (se houver) etc – após isso, entra um trecho preparado para a
mixagem, com menos elementos, menos timbres, normalmente um beat (uma batida de bumbo e
caixa) marcando o ritmo, para o dj já ir entrando com a outra música, mixando. Sim, a música
eletrônica (essa de pista) obedece a uma estrutura, à uma "formula" (claro que passível de ser
reinventada e não seguida). Essa "fórmula" foi resultado da necessidade dos próprios djs de
encontrarem no formato das músicas alguns "momentos" para sua mixagens. Era o dj quem
melhor entendia de como fazer a música de pista, e eis por isso que essa relação dj X produtor
nunca deixou de existir. Aliás, há produtores (que não são djs) que antes de lançar seus vinis,
produz um exemplar apenas e pede para ser testado na pista por algum dj. Nos anos 70, músicas
"dance" só se tornavam sucesso, só explodiam, nas mãos dos djs. As pistas de dança e djs
mandavam nos hits e não as rádios.
Hoje essa figura da e-music, o dj-produtor, continua forte. A diferença é que ele, como produtor,
não se detém apenas a fazer remixes, versões das músicas, mas cria novas, cria suas músicas.
Vezes essa figura da e-music cria vários nomes (ou pseudônimo) para dar ênfase aos seus vários
estilos como produtor. O mesmo dj assina com um nome tal uma música que é house; e com
outro nome, uma música que é idm, por exemplo.

Um copo é um instrumento musical?

Um dos argumentos que mais reflete a falta de compreensão sobre os processos de produção da
música eletrônica é de que esta é "feita por computador (máquina)" - e não "através do", como se
a máquina fizesse a música e não o artista por trás da máquina. E como se os instrumentos
musicais mais tradicionais não fossem também "objetos técnicos", com recursos próprios. É que
os instrumentos musicais mais tradicionias já foram "naturalizados" no decorrer do tempo. Quanto
mais recente a invenção, mais estranho é a sua absorção enquanto objeto "natural". Tudo é
artefato, é invencão. O piano já foi um instrumento muito estranho, um dia.
Ligar o carro e fazê-lo funcionar é uma atividade técnica "naturalizada", assim como acender uma
lâmpada ou aquecer uma pizza no microondas. O tempo nos faz entender ou conviver sem
estranhamento com esses objetos técnicos. A novidade, ao contrário, sempre "não é natural".
A frase "música feita por computador (máquina)" retira da máquina seu significado de
instrumento criativo e vê a mesma com sua utilidade básica, rotineira e mecanicista. E se exagera
ao atribuir a essa máquina um poder de execução, independente da interferência humana. Um
computador é uma máquina de múltiplas faces, inclusive como instrumento musical, que não
destrói a criatividade humana; pelo contrário, agiliza a criatividade e a produção.
O computador, digamos, já é um objeto técnico naturalizado. Estranho mesmo é o "fazer" a
música através do computador ou sampler - pois essa técnica não foi "naturalizada", ou seja,
atribuir a significação de fazer música ao computador não é ainda natural; natural é essa máquina
armazenar dados - sua principal significação.
Peter Ilich Tchaikovsky (1840-93) incluiu em sua sinfonia "1812" um tiro de canhão - som, ou
timbre, nada convencional saído de um objeto - agora instrumento musical - também nada
convencional. Por trás desta experimentação estética, Tchaikovsky aponta um caminho percorrido
pela música eletrônica: a busca de novos timbres e o entendimento de que outros instrumentos,
que não os "tradicionais" (naturalizados), fazem música, produzem ritmo e melodias.
Uma pick up (toca discos de vinil) foi projetada para rodar os discos. Essa utilidade desse objeto
técnico está naturalizada pelo tempo. Pois há um conjunto de técnicas desenvolvidas pelos djs
(como o back-to-back, back spin, scratch, mixagem, remixagem) que atribuem a essas pick ups
um valor de instrumento musical de percussão e de produção sonora. Um copo é um copo, mas
Hermeto Pascoal dá outro significado a ele e faz do copo um instrumento musical.
O músico contemporâneo Marcelo Martins, de Brasília, defende que "...não importa muito se você
está com um violoncelo, um tambor, um toco de madeira ou um teclado sofisticado: o que
interessa é como se dá o fluxo da sua idéia até o equipamento que você está usando!!!".
 
Originalidade e música eletrônica

O original caminha ao lado da cópia. Só há cópia porque algo foi usado como original. Mas de que
original estamos falando em tempos de cópia e colagem, em tempos de tecnologias do digital? Do
Control-C/Control-V?
Já se foi o tempo em que só Da Vinci pintou a Mona Lisa. Hoje, uma foto dessa obra de arte,
escaneada, pode ser manipulada em softwares de fotoedição e adquirir uma outra cor, forma ou
textura – uma nova linguagem, uma nova estética. Esse novo produto é original? Se
raciocinarmos sob a ótica de que o original mesmo quem fez foi Da Vinci, o resto é cópia. Mas
cada cópia pode ser original se ela for resultado de um processo particular que gere um produto
particular.
Quando pensamos em tecnologias do digital – ou seja, em técnicas que manipulam infinitamente
– nada é mais original, nada é mais cópia. O original mesmo é o processo, é a forma de fazer.
Talvez a "pura" música eletrônica – aquela construída totalmente em suportes digitais – e as
imagens infográficas – geradas totalmente através do computador – sejam os exemplos mais
radicais do limite tênue do que é original e do que é cópia.
Quando pensamos em arte eletrônica – aquela aberta à manipulação, à interação – a
"originalidade" perde a importância. O que interessa é o processo de reelaboração do que já foi
feito e o próximo resultado. Afinal, como afirma o professor André Lemos da Ufba, "a arte
eletrônica é indiferente a objetos originais, ela busca a circulação de informações, o híbrido, a
comunicação e interação em tempo real, a tradução do mundo em bits, manipuláveis e postos em
circulação na velocidade da luz".
Se um músico eletrônico tiver um pequeno banco de dados sonoros (samples, amostras de sons)
e softs, ele pode ordenar esses sons e fazer vários tipos de música, modificando o ritmo
(velocidade da mesma), alterando as tonalidades dos timbres, aplicando efeitos, etc. Com esse
mesmo banco de dados sonoros, ele constrói diferentes músicas "originais", mas que podem ser
manipuladas por uma outra pessoa. O original está no processo de ordenação, de arrumação
desses sons que formaram a música - só no processo. Pois até o resultado "original" é um
resultado aberto à manipulação – é o caso de uma remix. Ao falarmos em arte eletrônica,
estamos falando de colagens. De junção de idéias, de conceitos, de etapas, passiveis de uma
nova reordenação, pois não é uma junção para sempre. Segundo Lemos, o artista eletrônico
contemporâneo é mais um editor de informações, "aquele que as disponibiliza e as faz circular,
desaparecendo a fronteira entre os que concebem, produzem e consomem arte".
 
E-music e mercado

Não é a toa que grandes marcas têm apostado na música eletrônica como mercado emergente e
de rápida expansão. Esse som não está presente apenas nas vinhetas e comerciais de mídia
eletrônica de radiodifusão. É um produto vendável e que carrega consigo o conceito da "cultura
jovem" – assim como o rock, o skate, surf etc – e monta um contexto mercadológico ao redor que
envolve indústrias de todo tipo: roupas (moda), discos (lojas, gravadoras, estúdios), informática
(software e hardware para produção musical), equipamentos eletrônicos (cd players, toca-discos,
agulhas, cases, amplificadores, sistemas de luz, etc). Essa é uma conexão mais direta: música
eletrônica, mercado e indústria.
Mas uma outra conexão, menos "material", e que funciona no plano das idéias, da venda de
conceitos, ou da apropriação de conceitos a serem transformados em produtos. É a conexão entre
música eletrônica e marketing cultural, onde a publicidade é o instrumento principal.
O marketing cultural seria a forma mais eficaz (e duradouro) de vender uma imagem. Uma
empresa de cerveja, ao patrocinar um grande evento cultural, não quer apenas vender seu
produto, mas associar para sempre seu produto a um público já formatado, com gosto próprio,
um público fiel àquela arte, àquela cultura e, em conseqüência, à sua cerveja, ora. Não, não é a
toa que grandes marcas têm apostado na música eletrônica como mercado emergente e de
rápida expansão.
Hoje, grifes de moda, indústrias voltadas ao público jovem, que não investem nas culturas
emergentes estão com seu direcionamento de marketing apontando para o lado, digamos assim,
destoante dos caminhos do mercado.
O ano de 2001 mostrou até uma certa disputa em se falando de marcas, marketing e música
eletrônica. Bebidas energéticas querem se inserir de vez nas noites eletrônicas, cervejas fazem
festivais com djs nacionais e internacionais do underground (!) e que não tocam som comercial.
Ao se falar de cultura emergente, a indústria não aposta apenas na venda de seu produto, faz
uma opção pelo investimento na realização dos eventos que alimentam essa cultura – e assim
demarca território de venda de seu produto. Tempos modernos. O underground financiado por
empresas.
 
A estética da repetição na música eletrônica

A repetição pode significar falta de criatividade. Há muito tempo que a MPB, por exemplo, não
volta aos seus tempos áureos. A MPB e o pop rock têm sido pegos (mesmo com o surgimento de
novos cantores/grupos) pela repetição de fórmulas - quantas vezes, ao se ouvir um novo artista,
não lembramos de outro? A grande novidade aparece, quando a MPB busca se associar com as
novas texturas sonoras, como a eletrônica. Só a acústica e a eletricidade já não são suficientes
para se juntar ao talento e apontar novidades, impactos estéticos, sem a utilização da cultura
binária.
Na música eletrônica, particularmente na música techno, no house, garage e nos break beats -
vertentes onde o ritmo (diferente da ambient music) são fundamentais, a repetição é parte
integrante da estética; e não ausência de criatividade. O loop, o sample sequenciado - gerados
em equipamentos analógicos como o sampler, e digitais, como o sequencer e softs - é parte
fundamental da estética da techno (entendida aqui como as várias vertentes da eletrônica).
Se nas "músicas nacionais", a exemplo da MPB, a criatividade quase sempre sobrevive da
pessoalidade, do pop star; na eletrônica, a repetição é a libertação do ego.

Primeiro pelo uso e apropriação do que era privado (característica contrária da música e da arte
dos astros e estrelas de sucesso). A busca pelo anonimato (o fim do pop star), a utilização punk
("faça você mesmo") das tecnologias contemporâneas na produção artística e a criação de uma
cultura musical tribal e planetária dão poderes democráticos a quem não os tinha antes.

A repetição aparece em diferentes pontos da Terra, em países avançados, metropolitanos, e


também em pequenos pontos urbanos, até mesmo sub-urbanos.
A repetição da techno e suas bpms liberta os egos do estrelato e cria a grande comunidade
através da música compreensível, com menos texto possível, com ritmos tribais.
O som produzido pelos povos indígenas é arte e sua estética, o conjunto de seus elementos
integrativos, não é baseada na repetição de ritmos e cânticos, feito o loop nos samplers dos djs?
Aliás, o loop (a repetição, o sample sequenciado) faz uma conexão com o Mantra. O Mantra
destrói o individualismo; a techno destrói o pop star. Os versos místicos indianos adquirem poder
pois se baseiam na repetição - e assim provocam a ausência do ego, o Eu, esvaziam a mente e
criam uma melhor integração nossa com o Cosmo. Mais uma vez a repetição como elemento
fundamental, criador da integração.
A repetição pode significar a transcendência.
O trance, uma vertente saída diretamente do techno, é fundamentado nos inúmeros loops e
efeitos lisérgicos sintetizados que funcionam como uma segunda, terceira, quarta textura, que
nos leva a imaginar um espaço cibernético onde luzes viajantes têm sons, onde gráficos mutantes
formam imagens fractais - imagem da transcendência psicodélica. Não é a toa que ácidos e as
smart drugs são associadas a este tipo de som. A repetição das batidas no trance buscam a
transcendência. O exemplo clássico é mesmo o Goa Trance, com mais camadas de texturas
sonoras, além do ritmo pesado, de bpms aceleradas, denso, climático.
O loop na música techno, além do caráter estético, cria a atmosfera de hipnose. É o efeito
paralelo da repetição no mantra.
Liberte-se do seu ego, recite mantras:
-Aum
-Om
-Ahhhhhh
-Kodoish kodoish kodoish adonai tsebaiyoth
-Om yamantaka hum phatpay
-Om ah hum vajra guru padme siddhi hung
 
Portfólio sonoro
 
Pelo mundo todo, dar fita k7 com set mixado sempre foi uma mania dos djs. Essa história
começou de amigo para amigo, de dj para dj. Agora é parte integrante (e importante) das mídias
alternativas de divulgação e do marketing pessoal do dj. Entregar fita mixada (ou cd) é cartão de
apresentação. Antes era só o chart (lista por escritos das 10 melhores faixas que o dj estava
tocando). Mas saber a forma de mixagem, conhecer a técnica dele nas mixagens, os climas das
viradas, seu vibe, enfim, tocando, só é possível mesmo ouvindo seu som.
Com o surgimento das agências de djs, esse incremento se tornou extremamente necessário. Cds
com sets mixados circulam pelo mundo. É fácil produzir: com suas pick ups em casa, o dj conecta
seu mixer à linha de entrada de som do computador, gera uma trilha wav e depois queima uns 50
minutos de som num cd. A criatividade aparece aí: capinhas sofisticadas, cd's coloridos, releases
acompanhando, fotos. Como se fosse um cd de mercado - mesmo feito em casa - uma demo,
uma demonstração de sua arte.
O MP3 e o RA também são as formas, no ciberespaço, para a difusão deste "portfólio" sonoro. Há
sites com releases, fotos, charts e sets mixados (é o caso do www.rraurl.com, no Brasil e tantos
fora do País). Um exemplo bacana é o da www.groovetech.com que, além de áudio (arquivados
em banco de dados) também conta com a imagem (vídeo) do dj tocando. Sets mixados, em
mídias digitais, principalmente, é portanto o portfólio sonoro do dj.

Fonte: www.pragatecno.com.br

9. Sites

ALGUNS SITES PARA PESQUISA EM MÚSICA ELETRÔNICA


www.hypno.com.br
www.clunkdjs.net
Informações:
www.rraurl.com
www.pragatecno.com.br Discos na net:
www.hard-to-find.co.uk
www.juno.co.uk
Festivais: www.bangingtunes.com
www.sonar.es www.discogs.com (CATÁLOGO)
www.loveparade.net
www.ilovetechno.be
www.nature-one.de
www.skolbeats.com.br
Produção Musical:
www.computermusic.co.uk
Festas: www.futuremusic.co.uk
www.circuitotechno.net www.synthzone.com
www.spgroove.com
www.technopride.net
www.theinfluence.com.br
www.xxxperience.com.br Moda X Música Eletrônica:
www.slam.com.br
www.glow.com.br
Clubs: www.amulherdopadre.com
www.ministryofsound.com (LONDRES) www.erikapalomino.com.br
www.cafedelmarmusic.com (LOUNGE EM IBIZA)
www.loveclub.com.br (SP)
www.aloca.com.br (SP)
www.clubekraft.com (CAMPINAS/SP)

DJS:
www.carlcox.com
www.davethedrummer.net
www.petduo.com
www.djmurphy.net

Agências:
www.smartbiz.com.br
8. Release

__________________________________________________________ EXEMPLO DE RELEASE

Camilo Rocha
[São Paulo - SP]

breakbeat / techno

Na ativa desde os primórdios da cultura eletrônica no Brasil, o DJ,


produtor e jornalista Camilo Rocha passou por todas as festas,
publicações e movimentos que importam, sempre à frente da
divulgação de novos talentos e sonoridades. O resultado é simples:
Camilo é uma daquelas pessoas para quem definições como “um dos
nomes mais importantes” não são mero exagero. Sua credibilidade no
meio é amplamente reconhecida, como artista e comunicador.

Entre seus projetos atuais se destacam: a mixagem do CD Smartbiz For DJs vol. 1, com
produções de vários nomes da agência (incluindo uma faixa de Camilo com Julian Liberator, "Get
Around Town") e que terá distribuição nacional em bancas, encartado na revista Outra Coisa; sua
nova residência no Vegas, onde uniu seus projetos Quebrada (breaks, electro e afins) e Discology
(clássicos) numa bem-sucedida noite mensal de sábado.

Camilo também acaba de retornar de duas ótimas apresentações em Londres, na festa Kinetec
Records Live e na noite The Box, do DJ Terry Mitchell.

DJ REQUISITADO
Como DJ, toca profissionalmente desde 1997. Participou ativamente de diversos momentos
importantes da cena eletrônica desde seu embrião, ganhando os macetes da profissão com
Renato Lopes e Mauro Borges no extinto club Nation, virando manhãs no after-hours Hell´s Club,
organizando as primeiras raves brasileiras como Oribapu, Techno Bells e Avonts, e comandando
toca-discos nos principais eventos do país, como os festivais Skol Beats, Free Jazz Festival,
Eletronika e Rock in Rio. Também já se apresentou na Argentina, Uruguai e Chile.

Hoje, segue requisitado para casas e eventos importantes pelo país, das festas Circuito e
Techcardia aos clubes Lov.e e Loca ou ainda fechando a tenda eletrônica de festitvais como
Planeta Atlântida e Ceará Music. Em abril deste ano, foi curador e se apresentou no festival Brasil
Eletrônico, realizado no Centro Cultural Banco do Brasil, que reuniu artistas e DJs do país inteiro.

PROJETOS DIVERSOS
Desde 2003, promove a festa Discology, ao lado da também DJ e jornalista Claudia Assef.
Sucesso de público na cidade, a Discology se dedica aos sons dançantes das décadas de 70, 80 e
90, e já recebeu convidados de peso como Marky e Mau Mau. A Discology foi convidada para
fazer uma das noites do Vivo Open Air, em 2005, além de festas em Recife.

Apesar de mais conhecido pelo tecno, Camilo foi um dos principais impulsionadores do novo som
dos breakbeats, que anda fazendo muito barulho na cena paulistana. Além das incursões pelo
mundo das batidas quebradas, Camilo é divulgador de outro boom atual da cena paulistana: a
parceria com VJs, artistas que manipulam imagens ao vivo, fazendo a trilha visual de festas. Ao
lado do coletivo Embolex e do DJ e produtor Erico Theobaldo (do duo Autoload), participou dos
eventos Extra Bienal e Red Bull Live Images.

ESCRITOS ? ?
Na ativa desde 1988, o jornalista Camilo Rocha foi o primeiro profissional a divulgar com força a
cena eletrônica brasileira, então engatinhando. Ocupou páginas em espaços originalmente
dedicados a roqueiros, como as extintas revistas Bizz e General. No seu histórico constam
também colaborações para os jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O Globo e
Jornal da Tarde, além da revista inglesa Muzik. Hoje, Camilo escreve para a revista especializada
Beatz e para a nova versão da revista Bizz. Recentemente, escreveu o livro “Hip Hop” para uma
colecão da Super Interessante, contando toda a história do estilo. Para a editora Conrad, traduziu
ano passado “A Grande Caçada aos Tubarões”, clássico do recém–falecido autor americano
Hunter S. Thompson. Atualmente, Camilo continua sendo regularmente convidado para dar
palestras e participar de debates sobre música e cena eletrônica.
Na Internet, é colaborador do site rraurl.com, que ajudou a fundar em 1997. Entre suas
experiências com rádio estão cinco anos como parte do time da Energia FM, incluindo aí direção e
aprsentação do programa Radio Smartbiz por quase dois anos com Renato Lopes. Com este
também apresentou o histórico programa Nova Dance, lá pelos idos de 1993, um dos primeiros
espaços a abrir portas para a eletrônica na rádio brasileira.

NO ESTÚDIO
A experiência dentro das cabines já rendeu dois CDs mixados: “Rave Trip” e “Rave Trip 2”.
Lançados pela gravadora Trama em 1999 e 2000, ambos traziam sucessos das raves techno da
época, e tiveram tiragens praticamente esgotadas. Outro CD dedicado a esse universo, “Brastec
– O Novo Techno Funkeado Brasileiro”, foi lançado em parceria com o também DJ e produtor Alex
S e encartado em edição especial da revista DJ World, em 2001. Junto com faixas de Camilo e
Alex, o álbum apresentou ao público as primeiras produções de novos nomes do techno nacional,
como Phillip Braunstein, Santiago e Acid Logic. Camilo teve produções próprias lançadas em
outros volumes do universo eletrônico, como os CDs “Love por São Paulo”, “SP Fashion Week”,
“Smartbiz For DJs” e “Penta” e no DVD “Clubtronic Live”.

Foco atual de seu trabalho, a produção musical tem rendido ótimos frutos. O projeto 2Freakz, ao
lado do DJ Yah!, recebeu em 2002 dois prêmios de melhor videoclipe: da MTV Brasil por “Station”
e da coluna Noite Ilustrada da jornalista Erika Palomino (Folha de São Paulo) por “Batucada
Remix”, parte do CD “Cidade de Deus Remixes”, feito em cima da trilha sonora do filme e
distribuído em quase 20 países. A faixa acabou sendo incluída na trilha sonora oficial do filme.
Desse mesmo trabalho saiu sua primeira produção em vinil, “Bicho Solto”, em 2003, que foi parar
nos cases de gente como os DJs Valentino Kanziani (Eslovênia), Marko Nastic (Sérvia) e Holgi
Star (Alemanha). O 2Freakz também já remixou Otto, na coletânea “Changez Tout”, de 1999.

Outra parceria recente, com o DJ e produtor inglês Julian Liberator, tem resultados começando a
aparecer. As faixas “Unstoppable Force” e “Rhythm Slave”, de hard e funky techno, já são parte
do selo de Julian, Ultra Funk, com distribuição na Europa. Aqui no Brasil, outro importante
trabalhou seu foi o remix para “Monstro”, do Benzina, projeto solo do guitarrista Edgard
Scandurra.

ONDE TOCOU
RAVES:
SP Groove, The Farm, Rave Patrol, Megavonts, Techcardia, R.e.s.i.s.t.a.n.c.e, Rave
Sudamericana (em suas quatro ediçes: Argentina, Uruguai, Chile e Brasil), Fulltronic, Fusion,
Gaia Rave, Space, Union Techno Trance, Xxxperience, Tecnológica, Groove Babylon, Mothership
Connection, Turbulence, Tresor-tour Brasil, Influence (Piracicaba), Bunker Rave (Rio de Janeiro).

PRINCIPAIS CLUBES:
Residências: Lov.e, Kraft, Ampgalaxy. São Paulo: D-Edge/SP, Susi In Transe, A Loca, Embolex
Whiteout, Stereo, The One, Base, U-Turn, Manga Rosa, Florestta, Hell's Club, Columbia, Sound
Factory, Overnight, Kashmir e Torre do Dr. Zero.
E-Club, Dreams (Cuiabá)
D-Edge/CG, Nocturna e Mr. Dan (Campo Grande)
Sirena (Maresias)
Red (Blumenau)
Bunker e BASE (RJ)
Baturité, Ibiza e Mein Beer (Balneário Camboriú)
Muzik, Vibe, The Hall e Rave (Curitiba)
Alles Bier (Campinas)
Liquid, Lov.e, Fim-de-Século/NEO (Porto Alegre)
Ibiza (Florianópolis)
Pulse (Goiânia)

FESTAS:
SP Groove, Rave Patrol, Circuito, Smartbiz Gigolo Party (Porto Alegre), Techcardia (Campinas),
Influence (Piracicaba), XXXperience, Lee Loo, Gastronic (Balneário Camboriú), Sampoerna
Electronic, Rock In Halls, Bavaria Vibe, Big Fish

CIDADES:
Buenos Aires (Argentina), Santiago (Chile), Montevideu (Uruguai), Rio de Janeiro, Belo Horizonte,
Curitiba, Porto Alegre, Belém, Manaus, Florianópolis, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Goiânia,
Vitória, Salvador, Fortaleza, Recife, João Pessoa, Balneário Camboriú, Cascavel, Maringá,
Londrina, Novo Hamburgo, Costa do Sauípe, Garanhuns, Gramado, Búzios, Foz do Iguaçu,
Santos, Guarujá, Maresias, Camburi, Piracicaba, Sorocaba, Artur Nogueira, Campinas, Campos
do Jordão, Serra Negra, Indaiatuba, Ribeirão Preto, Vinhedo, Jundiaí, Paulínia, São José do Rio
Preto, Presidente Prudente, Guaratinguetá.

FESTIVAIS e OUTROS EVENTOS:


Skol Beats 2000, 2001, 2002 e 2003 (São Paulo)
Planeta Atlântida em 2003 e 2005 (Florianópolis e Atlântida, RS)
Electronic Music Festival 2004 (Brasília)
Ceará Music Festival 2004 (Fortaleza)
Red Bull Live Images 2002 (São Paulo) - com Erico Theobaldo e Embolex
Festival Telemig Eletronika 2002 e 2004 (Belo Horizonte)
Rock In Rio 2001 - Tenda Eletro (Rio de Janeiro)
10o. Festival de Inverno - Tenda Eletrônica (Garanhuns/PE) 2000
Festival Eletronic Music Brasil 1998 (São Paulo) - organizado pelo Mercado Mundo Mix
Parada do Amor 1997, Parada da Paz 1998, 99, 00 e 01 (São Paulo)
Parada AME São Paulo - 2003
Abril Pro Rock 1996 (Recife)
Tribos Eletrônicas 1999 e 2000 (São Paulo) - festival de grupos de DJs brasileiros
Video Brasil 1998 (São Paulo) exibição integrada de video-arte com DJs
Festa de Aniversário da cidade de Santo André - 2000
Festival Batucada Inglesa 1999 (São Paulo e Belo Horizonte)

» INFO
» camilo@rraurl.com

» Clunk
Email: » clunkdjs@gmail.com
Contato: Marco Oliveira
11 4427 7635 / 8259 7750
fonte: www.rraurl.com

Você também pode gostar