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ISOLADA DE DIREITO ADMINISTRATIVO – “COMEÇANDO DO ZERO”

Romoaldo Goulart
Apostila

PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO que a criam. “Administrar é aplicar a Lei de


Ofício”. O administrador está rigidamente preso à
Princípio é o fundamento de existência de lei, desse modo a atuação do administrador deve
algo, de algum sistema ou ciência; Normas ser confrontada com a lei.
fundamentais. Tudo que é criado é baseado no A doutrina costuma usar a seguinte
princípio. expressão: enquanto na atividade particular tudo
A autonomia de um ramo do Direito o que não está proibido é permitido, na
somente é assegurada, quando ele é capaz de Administração Pública é o inverso, ela só pode
elaborar princípios próprios. fazer o que a lei permite, deste modo, tudo o que
O Direito Administrativo elaborou os seus não está permitido é proibido. Qualquer ato
PRINCÍPIOS. Alguns foram acolhidos pela CF/88, administrativo está subordinado à lei.
no entanto já haviam sido contemplados pela
doutrina. 2. IMPESSOALIDADE:

Princípios da Administração Pública: Possui duas vertentes:


Destinatário do Ato
Constitucionais: (Art. 37, CF/88) Remetente do Ato

LEGALIDADE Na primeira, qualquer ato da


IMPESSOALIDADE Administração Pública deve zelar pelo interesse
MORALIDADE público, não pessoal. Na outra, os atos são
PUBLICIDADE imputados à entidade a que se vincula o agente
EFICIÊNCIA público, não a ele próprio.
O ato não é do administrador e sim da
Outros Princípios: Administração.
As ações da Administração pública hão de
FINALIDADE ser pautadas pela finalidade pública, de modo
CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO que não podem ter por objetivo beneficiar ou
AUTOTUTELA prejudicar ninguém e não devem ser imputadas
RAZOABILIDADE aos seus agentes, pessoalmente, mas sim ao
PROPORCIONALIDADE órgão que a integra. O Ato não é do administra
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO dor e sim da administração – impessoal.
SOBRE O PRIVADO Significa que o administrador deve
PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE OU orientar-se por critérios objetivos, não devendo
VERACIDADE fazer distinções fundamentadas em critérios
HIERARQUIA pessoais. Veda a discriminação benéfica e
SEGURANÇA JURÍDICA detrimentosa. Em decorrência desse princípio
que temos o concurso e a licitação.
Princípios Constitucionais da Administração Desse princípio decorre a generalidade do
Pública: serviço público – todos que preencham as
exigências têm direito ao serviço público.
1. LEGALIDADE: A responsabilidade objetiva do Estado
decorre do princípio da impessoalidade.
É o princípio básico de todo o Direito Público.
3. MORALIDADE: a moralidade foi transformada
O princípio da legalidade é o que em princípio jurídico.
fundamenta o próprio Estado de Direito; marco
de passagem do Estado arbitrário para o Estado Moralidade administrativa não é pura e
de Direito, não cabe ao estado fazer o que quer e simplesmente a regra moral, os valores de cada
sim o que a lei determina – onde todos estão um e sim a preservação do interesse público.
subordinados às suas próprias leis, inclusive os Não é suficiente a administração cumprir a lei. Há

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condutas que objetivamente podem ser lícitas, estava ínsita tacitamente na Administração
legais, no entanto, contrariam valores inerentes Pública.
ao interesse público. A administração pública deve buscar na
O Direito Administrativo elaborou um sua prestação de serviço público a melhor
conceito próprio de moral, diferente da moral qualidade, maior especificidade possível.
comum. A moral administrativa significa o dever Obedecer ainda à relação qualidade x tempo.
de o administrador não apenas cumprir a lei Onde se presta o serviço com a melhor qualidade
formalmente, mas cumprir substancialmente, e menor tempo.
procurando sempre o melhor resultado para a MAURÍCIO ANTÔNIO RIBEIRO LOPES
administração. Toda atuação do administrador é (Comentários à Reforma Administrativa) afirma
inspirada no interesse público. que se trata de princípio meramente retórico. É
possível, no entanto, invocá-lo para limitar a
JUSTO – HONESTO - LEGAL discricionariedade do Administrador, levando-o a
escolher a melhor opção. Eficiência é a obtenção
A exploração deste princípio está do melhor resultado com o uso racional dos
relacionada à improbidade administrativa - meios. Atualmente, na Administração Pública, a
imoralidade qualificada. (Lei 8429/92). tendência é prevalência do controle de resultados
Há improbidade independentemente do DANO. sobre o controle de meios.
A Constituição de 1988 enfatizou a
moralidade administrativa, prevendo que “os atos Outros princípios da Administração Pública:
de improbidade importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a 6. FINALIDADE:
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário na forma e gradação previstas em lei, sem Toda atuação do administrador se destina a
prejuízo da ação penal cabível”. (Art.37 §4º) atender o interesse público.
O interesse público pode ser:
4. PUBLICIDADE:
Primário – identifica-se com o de toda a
Todo Ato administrativo deve ser público, coletividade. É o interesse coletivo.
exceto quando a lei estipular que se deve Secundário – é o pertinente à Pessoa Jurídica
guardar sigilo. A natureza do Ato pode requerer de Direito Público. Ex.: a União tem interesse
este sigilo como nos casos de segurança secundário em pagar menos aos seus servidores.
nacional ou de interesse público.
Destina-se, de um lado, à produção dos Essa distinção é importante, no processo
efeitos externos dos atos administrativos. civil, porque só quando existe interesse primário
Necessidade de publicação de seus Atos. é que se torna necessária a intervenção do
Existem atos que não se restringem ao ambiente Ministério Público.
interno da administração porque se destinam a A Administração Pública deve direcionar
produzir efeitos externos – daí ser necessária a os seus atos para alcançar o interesse público
publicidade. primário.
Esse princípio também se justifica para A fonte que vai indicar qual o interesse a
permitir a qualquer pessoa que fiscalize os atos ser atingido pela Administração Pública é a LEI.
administrativos, ensejando a possibilidade de A finalidade pública objetivada pela lei é a única
obter certidões que poderão servir para o que deve ser perseguida pelo administrador.
ajuizamento de Ação Popular. O conceito de Finalidade Pública é
especificamente previsto na Lei que atribuiu
5. EFICIÊNCIA: competência para a prática do ato ao
Administrador. O conceito de Finalidade Pública
Introduzido pela emenda constitucional não é genérico e sim específico. A Lei, ao atribuir
19/88, que tratou da Reforma administrativa, competência ao Administrador, tem uma
esse princípio veio explicitar a regra que já finalidade pública específica. O administrador,

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praticando o ato fora dos fins expressa ou Não precisa ser provocada para reconhecer a
implicitamente contidos na norma, pratica nulidade dos seus próprios atos;
DESVIO DE FINALIDADE. Não precisa recorrer ao Judiciário para
reconhecer a nulidade dos seus próprios atos.
7. CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO:
SUM.STF – 473 : “A Administração tem o
Exercita a necessidade coletiva, exige a poder de reconhecer a nulidade dos seus
continuidade do serviço público, que não pode próprios atos”.
parar. É a Administração zelando pelos seus próprios
atos.
Efeitos principais: É, ainda, em conseqüência da Autotutela,
que existe a possibilidade de a Administração
Impenhorabilidade, não se encontra sujeito à revogar os atos administrativos que não mais
penhora. atendam às finalidades públicas – sejam
Imprescritibilidade, não se encontra sujeito ao inoportunos, sejam inconvenientes – embora
usucapião. sejam legais.

O serviço público destina-se a atender Em suma, a autotutela se justifica para garantir à


necessidades sociais. É com fundamento nesse Administração:
princípio que nos contratos administrativos não
se permite seja invocada pelo particular a A defesa da legalidade dos seus atos;
exceção do contrato não cumprido. A defesa da eficiência dos seus atos.
Nos contratos civis bilaterais pode-se
invocar a exceção do contrato não cumprido para A autotutela compatibiliza-se com o
se eximir da obrigação. Princípio do Devido Processo Legal. É
Hoje, a legislação já permite que o imprescindível ouvir os que vão ser afetados pela
particular invoque a exceção de contrato não anulação ou revogação.
cumprido – Lei 8666/93 – Contratos e Licitações,
apenas no caso de atraso superior a 90 dias dos 9. RAZOABILIDADE:
pagamentos devidos pela Administração.
A exceção do contrato não cumprido é Os poderes concedidos à Administração
deixar de cumprir a obrigação em virtude de a devem ser exercidos na medida necessária ao
outra parte não ter cumprido a obrigação atendimento do interesse coletivo, sem
correlata. exacerbações.
A possibilidade de invocar tal exceção A Administração Pública deve atuar de
contra o poder público decorre da obediência ao conduta comum, normal e razoável em
Princípio da Continuidade do Serviço Público. conformidade com o previsto.
É sabido que o Direito Administrativo
8. AUTOTUTELA: Um poder controlando a si consagra a supremacia do interesse público
próprio – Autocontrole. sobre o particular, mas essa supremacia só é
legítima na medida em que os interesses
A Administração tem o dever de zelar pela públicos são atendidos.
legalidade e eficiência dos seus próprios atos. É
por isso que se reconhece à Administração o 10. PROPORCIONALIDADE:
poder-dever de declarar a nulidade dos seus
próprios atos praticados com infração à Lei. É um desdobramento da razoabilidade.
Adotando a medida necessária para atingir o
Em conseqüência desse Princípio da Autotutela, interesse público almejado, o Administrador age
a Administração: com proporcionalidade. Os meios equivalem aos
fins.

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No exercício do Poder de Polícia e nas A Administração Pública é instituída de


restrições a direitos, deve-se atender ao Princípio forma organizacional. Composta por órgãos,
da proporcionalidade. Segundo Celso Antônio, a autoridades superiores e autoridades inferiores.
matriz constitucional dos princípios da Atuação do poder hierárquico:
razoabilidade e da proporcionalidade está situada DELEGAÇÃO - AVOCAÇÃO - REVISÃO, do
no artigo 37 da Lei Magna que consagra a ato administrativo pelos superiores.
submissão da administração à legalidade.
Delegação: delega as funções e atribuições aos
11. SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO subordinados.
SOBRE O PRIVADO: Avocação: vai chamar para si a atribuição que de
início seria do subordinado.
É a essência do regime jurídico Revisão: vai revisar os atos praticados pelos
administrativo. Toda ação do agente público há subordinados. Deferimento ou indeferimento.
de se voltar para assegurar a ordem pública.
A Administração Pública nas suas Há dois tipos de competências: exclusiva e
relações sempre se posiciona de forma privativa.
privilegiada, voltada justamente para o interesse
público. O Sistema Jurídico concede Exclusiva - Apenas aquela autoridade (superior
prerrogativas ao estado para defender o ou subordinado) poderá praticar o ato. Atos
interesse público. Nas suas relações de Direito inerentes à própria função, exclusividade, não há
Administrativo há uma superioridade do poder avocação nem delegação.
público e não uma relação de igualdade.
Não se deve confundir interesse público Privativa - Pode delegar suas funções a outros
(primário) com interesse das pessoas de Direito órgãos.
público (secundário).
Essas medidas, no entanto, não podem PODER DISCIPLINAR
configurar atos arbitrários, por isso se concede X
ao Estado poder na medida necessária para PODER HIERÁRQUICO
preservação do interesse público primário.
Poder Disciplinar – capacidade que tem a
12. PRESUNÇÂO DE LEGITIMIDADE OU administração de verificar os ilícitos
VERACIDADE administrativos. Mais amplo.

Presume-se que o ato administrativo foi Poder Hierárquico _ específico para punição de
criado em obediência a todos os requisitos legais; irregularidades administrativa, pelo superior ao
criado de acordo com a lei. subordinado. Está contido no poder disciplinar.

Presunção: 14. SEGURANÇA JURÍDICA

Relativa: admite-se que prove o contrário. É A administração Pública deve-se portar


verdadeiro até que se prove o contrário. “ Juris em suas relações de forma a preservar a
tantum “ intenção inicial do ato.
Absoluta: não se admite que prove o contrário. “
juris et de júris” Segurança Jurídica:

Todo ato administrativo é de presunção relativa. Ato Jurídico perfeito


Coisa Julgada
Direito Adquirido
13. HIERARQUIA

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Ato Jurídico perfeito: Constituído em


conformidade com a lei anterior ( na época da
realização do ato). A nova lei não pode modificar.

Coisa Julgada: O que é dito em definitivo. Não


cabe mais recurso.

Direito Adquirido: Está incorporado ao patrimônio


do cidadão. Quando se cumprem todos os
requisitos exigidos pela lei. Usa quando quiser.

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