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N° 31 Ano VI SET/OUT 1998 Violao Ly ih cI € rn oh Lp Ss ie Pp Cc I nN i O Violao Intercémbio completa em outubro mais um aniversdrio. Desde o comego, em 1993, a prioridade des- te pequeno informativo sempre foi promover o intercdm- bio de informagées entre as enormes distancias do Bra- sil, tentando colaborar para o melhor rendimento das ati- vidades dos violonistas, profissionais e estudantes. Hoje temos certeza de que a carreira do violonista é uma profissdo vidvel, levando-se em conta acarreira solo; a vida académica - pesquisa e diddtica; a misica de ca- mara e a promogao de eventos. Todos os grandes profissionais jd entrevistados ao lon- go destes anos pelo Violéo Intercaémbio destacam a ne- cessidade de o violonista saber se autopromover (saber escrever um projeto, no minimo), conhecer tudo o que esta acontecendo, estudar sempre (durante toda sua vida), ter um bom instrumento, fazer cursos (muitos sdo gratuitos e outros valem o investimento), ter bons referenciais como assistir a recitais e ter CD’s dos melhores intérpretes, en- fim buscar uma formagdao geral. Agindo desse modo, a profissionalizagao do violonis- ta chegard mais rdpido do que se imagina e o que era sé um sonho poderd se realizar de maneira honesta e defini- tiva. E 0 que nés do Violéo Intercémbio desejamos aos nossos leitores. Parabéns a todos! er Violio Intercémbio Ly Boletim dirigido ao piiblico ffi a Cf} e violonista Setembro/Outubro 1998 — | Ano VII - Niimero 31 Acervo do Violao Intercambio 4 Periodicidade Bimestral Frases que marcaram o Violao Teresinha Rodrigues Prada Soares Intercambio 8 “Mtb 19130 a Cartas 12 i Ricardo Marui Entrevista com Julian Gray 13 Colaboradores: Gilson Antunes Canhoto, Guilherme de Camargo 0 Rei do Violdo Brasileiro 14 ircio de Souza Tiaraju A. ich andre Ege A Escuela Razonada de la Henrique Pinto Guitarra, de Emilio Pujol 18 Os artigos aqui veiculados sdo de inteira responsabilidade de seus O Concerto de 1 ano da OSESP 21 Intercémbio" adquirindo nimeros anteriores. Escreva para nds informando quais exemplares deseja receber: A taxa é de RS 2,50 or exemplar. autores. oi ; oa : ee ._ Viol&o no 34° Festival Musica Rua Angelo Guerra 18/92 Nova 22 Santos - SP CEP.; 1045-510 . : Tel.: (013) 237-5660 V Festival Internacional de © Teresinha Prada Guitarra de Santo Tirso 23 | tprada@usp.br Entrevista com Fabio Shiro | rmarui@originet.com.br Monteiro 26 Assinatura: | RS 8,00 (semestral) Agenda 29 RS 15,00 (anual) . Noticias 30 Complete sua colegdo do “Violdo I Viole Inte: ACERVO DO VIOLAO INTERCAMBIO (Dados de out/93 a jul/93) Um interessante acervo foi formado ao longo dos seis anos de existéncia do Violdo Intercambio. Além de entrevistas com as mais diversas personalidades e artigos tratando dos mais variados assuntos, fotos, CD's, fitas-demo, partituras e livros compée este pai- nel do violdo nos dias de hoje. Nome do CD 1. Retratos 2. Tributo a Ernesto Nazaré - piano 3. Manuel Maria Ponce 4, Spanish Guitar Music Albeniz / Tarrega / Granados / Torroba 5, O Som do Violdo Brasileiro 6. Urdboro - viola caipira 7. Premiére 8. Recriando 9, Duo Franco-Brésilien 10. Quadrant 11. Antique 12. Ophris 13, Maogani S$ 14, "Andrea Dicci chitarra” Aguado / Llobet / Ponce / ‘Takemitsu / Giuliani Integrantes Gilvan de Oliveira Tania Mara Lopes Cangado Andrea Dicci Edoardo Catemario Djalma Marques Roberto Corréa Marcus Llerena Djalma Marques Fréderic Bemard e Giacomo Bartoloni Tom van Eygen,)Andy Wayaert, Bert Verschueren, Helmut Keustermans Quaternaglia Laurent Crumitre, Agnés ‘Ageron}/Alain Benedetti, Martine Pa Paulo Aragio}\ Marcos Chaves, Carles Chaves, Sérgio Valdeos Andrea Dicci’ 15. Omagsio.a Franeésco Molino Gianni Biocotino e Antonello 16. Trio 17. Uma Festa Brasileira Ghidoni Paulo Porto Alegre (violdo), Marcelo Jaffé (viola), Rogério Wolf (flauta) José Ananias Lopes (flauta), Edelton Gloeden (violdo) 18. Misica para Violino e Violdo Anderson Rocha (violino), Scheidler / Paganini/ Rust / Giuliani Ricardo Marui (violao) 19. Tocata Brasileira para Pinho Gisela Nogueira (viola de ¢ Arame Arame), Gustavo Costa (violio) 20. Bach - The sonatas ¢ partitas Paul Galbraith for unaccompanied violin (CD duplo) Origem - Ano Belo Horizonte - 1993 Belo Horizonte - 1993 Ttélia / Alemanha - 1994] Itélia / Alemanha - 1994} Rio@e Janeiro - 1994 “Toto Pessoa’ 1995 Bélgica - 1996 Sto Paulo - 1996 Franga - 1998 Rio de Janeiro - 1997 Itélia - 1998 Itilia - 1998 S&o Paulo - 1998 ‘Sao Paulo - 1998 Sao Paulo - 1998 Sao Paulo - 1998 EUA - 1998 Vielao tntercambio FITA CASSETE (FITA-DEMO): 1. Quaternaglia - Sao Paulo - 1994; 2. Yuyaki - Sdo Paulo - 1995 Kleber Alexandre; 3. Trio Chitarristico Santa Cecilia - Itdlia - 1995 ; 4, Francisco Gil; Itdlia - 1996; 5. Carlos Jaramillo - Espanha - 1997. ENTREVISTAS GRAVADAS EM FITA CASSETE: 30 Abel Carlevaro; Alexandre de Faria; Antonio Guedes; Blas Sénchez; Carlos Alberto Carvalho; Dagoberto Linhares; Edelton Gloeden; Eduardo Castaiiera; Everton Gloeden; Fa-bio Zanon; Fernando Aratijo; Giacomo Bartoloni; Henrique Pinto; Ilse B. Collares; José Lucena; Jodacil ‘Damasceno; Leo Soares; Manoel Sao Marcos; Marcus Lle-rena; Nicolas de Souza Barros; Nigel North; Oscar Ghiglia; Paul Gal-braith; Paulo Pedrassoli Jr; Paulo Porto Alegre; Pedro Cameron; Roberto Gomes; Ronoel Sim6es; Quarteto Rubio; Quaternaglia; Sergio Abreu. CORRESPONDENCIA: NACIONAIS: 314 cartas. Mé- dia de 10,5 cartas por edigao. INTERNACIONAIS: 148 car- tas - Alemanha; Argentina; Bél- gica; Canadé; Espanha; Esta- dos Unidos; Finlandia; Fran- ¢a; Grécia; Holanda; Hungria; Inglaterra; Itdlia; Polénia; Su- tea; Turquia. Média de 4,9 car- tas por edigao. CURRICULOS: Carlos Jaramillo (Espanha); Edoardo Catemario (Itdlia); Fabio Zanon; Francisco Gil (México); Gilvan de Oliveira; Graga Alan; Hideo Nakamine (Japao); Marcus Llerena; Margarita Escarpa (Espanha); Quarteto Chitarristico “Federico Moreno Torroba” (Itdlia); Quarteto Maogani; Quarteto Ophris (Franga); Trio Chitarristico Santa Cecilia (Italia). LIVROS: 1. Histéria do Violao Norton Dudeque; 2. A Troca da Clave Leonardo Boccia; 3. Miisica Contemporanea Brasilei- ra para Violéo Moacyr Teixeira Neto 4, The Luthier’s Art - Healdsburg Guitar Makers Festival (doagdao de Roberto Gomes) ‘Da esquerda para a direisa: Eduanto Fernandez, Robert Aussel ¢ Edelion Gloeden, no Concurso Palestrina de 1975 PARTITURAS (publicadas): Garoa (Kleber Gongalves) N° 8 - nov/dez 94 Moleque (Celso Delneri) No LI - maifjun 95 Pega N.o 5 (Gilberto Mendes) arr, Edelton Gloeden No 12 - jul/ago 95 Improviso (Paulo Porto Alegre) N.o 13 - setfout 1995 Aguas de Marco (Tom Jobim) arr. Ledice Fernandes N.o 15 - janifev 96 Agua e Vinho (Egberto Gismonti) arr. Luts Stelzer N.o 16 - mar/abr 96 Flor do Campo (Celso Delneri) N.0 20 - nov/dez 96 Tango (Ricardo Nicolau Luccas) N.o 21 - jan/fev 97 Valsa para Eugénia (Toninho Brevés) N.0 24 - jul/ago 97 Temperamentos (Ricardo Cardim) N.o 27 - jan/fev 98 Small Blues (Eusiel Rego) N° 30 - jul/ago 98 FOTOGRAFIAS: 45 fotos. ARTIGOS: 78 publicados. COBERTURAS: 25 eventos cobertos. ENTREVISTAS: 42 publicadas. Laurindo de Almeida (2 esquerda) ¢ Ronoel Simbes, no IV Concurso Internacional de Violdo Villa-Lobos, em 1987. E-MAILS RECEBIDOS: 73 e-mails. 43 ENTREVISTADOS: Abel Carlevaro Alexandre de Faria Angela Muner Antonio Crivellaro Antonio Guedes Carlos A. Carvalho Dagoberto Linhares Duo Assad Duo Barbieri-Schneiter Edelton Gloeden Eduardo Castafiera Eduardo Fernandez Ermano Chiavi Everton Gloeden Fabio Zanon Fernando Araiijo Giacomo Bartoloni Gilson Antunes Henrique Pinto Hopkinson Smith Ilse Breituck Collares Jiro Hamada Jodacil Damasceno José Lucena 17 ARTIGOS Leo Soares Luts Cldudio Ferreira (Grandes Personagens): Marcus Llerena Agustin Barrios Margarita Escarpa Alexander Tansman Mario da Silva Jr. Andrés Segovia Maurico Carrilho Dilermando Reis Nicolas de S. Barros Ida Presti Orlando Fraga John Williams Oscar Ghiglia Julian Bream Paulo Bellinati Laurindo de Almeida Paulo Pedrassoli Jr. Leo Brouwer Paulo Porto Alegre Manuel Marta Ponce Pedro Cameron Mario C.-Tedesco Quarteto Rubio Narciso Yepes Quaternaglia Nigel North Roberto Gomes Ralph Towner Ronoel Simoes Scott Tennant Sao Marcos Toru Takemitsu Sergio Abreu Turibio Santos Frases que marcaram no. Violao Intercamiio “O meu pensamento é: eu nunca vivi de tocar violéo somente. Sem- pre dependi dos meus alunos, arranjos, composi¢6es, além de varias Greas da misica, MPB, misica na noite, cachés de casamentos, Na- tal, tudo enfim que possa abrir um leque de perspectivas”. Paulo Porto Alegre, V.I.n.o 2- nov/dez 1993 “Eu acho que realmente quem tem vontade de fazer a coisa, vai atras. Quem acha que o professor vai resolver o problema, esté enganado completamente”. Edelton Gloeden V.I.n.o 3- jan/fev 1994 “Claro que nao se pode pretender ser miliondrio e misico ao mesmo tempo, embora alguns consigam essa proeza”. Léo Soares V.I.n.o 4- mar/abr 1994 “A primeira regra para quem estd iniciando é aceitar que, fora casos extremamente especiais, o mercado esté mais voltado para o violao popular, € até vocé chegar em um posto universitdrio ou similar vocé vai ter que dar aula de popular”. Nicolas de Souza Barros V.I.n.o 5- maifjun 1994 “Se vocé realmente for bom no que faz vocé vai ter campo de traba- lho, eu nGo tenho a menor dtivida. Se vocé vai ficar rico, ai é outra historia. Se vocé quer ficar rico, néo faga miisica, pois fazemos miisi- ca porque amamos. Mas a gente consegue viver bem”. Carlos Alberto de Carvalho V.I.n.o 6- jullago 1994 “Hoje o violdo nao esté na moda, ele ja é um fato, existe técnica, repertorio, formacao, exemplos anteriores ”, Henrique Pinto V.I.n.o 8- nov/dez 1994 “Gravagao é uma dédiva para a miisica, como Glen Gould falou, quase um proces- so de composi¢ao. Num estiidio chega-se mais meditativamente na esséncia de uma obra, fora da influéncia massiva de um pu- blico. E eu estou mais interessado em criar repertorio, gravar € desenvolver o violdo musicalmente”’. Paul Galbraith V.I. n.0 L1- maifjun 1995 “Acho que a vocacdo do brasileiro para o violdo é incrivel”. Everton Gloeden, V.I. n.o 13 - set/out 1995 Violio Intercambio - 9 “Eu vejo ainda uma separagao muito grande nessas dreas (popular e erudito) e eu acho que ndo deve haver. Porque para ambos deve-se ter um dominio do instrumento”. Jodacil Damasceno V.I. n.o 14 novidez 1995 “Nao creio que as pessoas queiram perder poesia”. Oscar Ghiglia V.I. n.o 16 marfabr 1996 “Eu acho que vocé viver do violao sem lecionar, por exemplo, é uma coisa quase impossivel”. Paulo Bellinati V.I. n.o 16 mar/abr 1996 “Creio na reciprocidade entre vida académica e a artistica, enriquece muito o pensamento e reflete no seu trabalho como artista”. Giacomo Bartoloni V. I. n.o 17 maifjun 1996 “Nos estamos no Brasil fazendo misica européia do século passado. Essa forma de concerto que nés temos hoje é muito anacrénica. Nos- so repertorio é velho, chato e viciado”. (Orlando Fraga V. I. n.o 18 jul/ago 1996) “A parte de tocar era a mais facil, diga- mos assim, agora a xaropada de enfrentar aeroportos, a parte de organizagaéo com i empresérios e, pior de tudo, no meio de uma turné vocé esté cansado, terminou de to- car e ainda tem que enfrentar uma recep- ¢Go que vocé nao esté nem um pouco a fim, onde sé vGo pessoas que vocé nao conhe- ce, essa parte af eu realmente ndo tenho o menor prazer, é pra pessoas que gostam disso, que acham isso a melhor parte, mas pra quem nao gosta disso, ndo da”. Sérgio Abreu V.I. n.o 20 nov/dez 1996 Interedmbio - 10 “E muito ruim que ndo haja um curso de violao popular nas faculda- des. O que acontece é que as escolas formam um grande niimero de bons violonistas que acabam ficando desempregados porque néo hd mercado para eles. Enquanto isso, existe um monte de gente muito ruim fazendo miisica popular”. Mauricio Carrilho V. I. n.o 23 mai/jun 1997 “Previ celebrar concursos, previ grandes concertos, novos valores, a juventude fazendo misica com o violdo. Previ rainhas e presidentes assistindo e aplaudindo ao violdo e foi no que deu”. Antonio Crivellaro V.I. n.o 23, mailjun 1997 “Em termos de carreira neste momento, a op¢ao do violonista erudito esté cada vez mais dificil, porque o nivel de execugao tem subido de- mais nos iiltimos quinze ou vinte anos, e simplesmente nao existem oportunidades suficientes para todos os bons violonistas”. Eduardo Ferndéndez V.I. n.o 24, jul/ago 1997 “Temos de aprender a fazer projetos e propor a determinado empre- sdrio, fundagdao cultural, secretaria, argumentando que o trabalho a ser apresentado é de altissima qualidade, pois estudamos para isso”. Mario da Silva Jr. V.I. n.o 24, jul/lago 1997 “O futuro do violéo é muito bom. Porque o violdo nao permanece quieto. O violéo sem- pre se transforma. Hé muitos instrumentos que sGo uma sé coisa, mudam os tempos e ndo lhes é permitido amoldar-se aos novos tempos. O violéo permite amoldar-se. E um instrumento muito doécil, tanto para 0 cam- ponés - caipirinha - que toca seu violdo em toda a América do Sul, como para um con- certo cléssico, como para outras coisas. E muito amoldével, € como dgua que se amol- da em qualquer recipiente”. Abel Carlevaro, V.I. n.o 25, set/out 1997 V 0 in uw “Quando eu comecei - com o Savio -, vocé tocando a nota certa jd estava bom. Nao errando jé estava bom. Por exemplo, aqui no Brasil, tocar ‘Sevilha’e ‘Catedral’ era uma coisa de um deus!” Antonio Guedes, V.I. n.o 26, nov/dez 1997 “NGo se pode perder de vista que o instrumento é um meio para se fazer misica, A pessoa pode até ter uma preferéncia pelo timbre do instrumento, mas deve abrir mais seus horizontes, ver que 0 mundo ndo é s6 violdo, que hé muitas coisas para se aprender”. Pedro Cameron, V.I. n.o 28, mar/abr 1998) “Parei de estudar com ele (Carlevaro) porque quando vocé esté perto de uma personalidade téo forte vocé nao tem a liberdade de trabalhar 4 vontade. Entdo tem que se afastar para fazer o seu trabalho. Nunca chegamos a falar disso mas ele entendeu, ele sabe, que para um artis- ta é chegado 0 momento de fazer o seu proprio caminho e nesse sen- tido ele foi uma pessoa muito correta e o admiro muito por isso”. Eduardo Castafera, V.I. n.o 29, maifjun 1998 ‘antstica. Cenameneploncira wo Brasil quando do langameato ds alias de um novo enfoque no trato da matéria a que se props realizs, VAL" digaa, x6 por teso, de nose spat estita, atames convicts de que, longo camino se pereorido, aca VIL" abrird milo da necesciriasriedae, compeitaeia fenglo de tnimo em suas matérias e, quer na eric, quet no clogio 0 ‘eves gratuitos- procuardfogir de resvalar nay éguas mal cheirosas do popularesco fécil ¢ do improviso - rages Romo da supe moda, sublinhando para seus"lelires que Mises. onceta eethoviano de revelifo sls que.eloS? de tudo, “beleza de som” (les-seaire ngs(Dilermando Reis), no dizer de Mignone, © “soaido*? auma/vela frase de Segov csclarecendo provivelreferncia a0 ravilhoso Som mulicolorido ‘ou potrs inert onan dquo, “es un factor espirtual Em cootapatida, para oseo pes, estamos aasistc, deh mito, um copioso decile de instrumentsias fates de sensibilidade Vi le #40, tetas, 0 que s6 faz afastar os leitoresinteressados. Para tais pelotiqueiros da arte musical, seja dito alto e bom som, {que 0 malabarismo, por si 7 Af onde pudemos,veriicaj no rar revistas especializadas em suas teas copécifcas, nas dirgidas ao grande piblico,e mesmo iies"de inno )prefensamente pedagégico, primam pela falha ialtant d asénelsdoimprescindive carter ddéticonaexposigio ramos que e saiba prender a centre os quais. ctiadores de valor” José Gualtiéri $0 Paulo - SP, Recebemos “Luteria”.o novo informative da Associado Brasileira de Luteria, que conta ‘com pagina na Internet: hup:// sewweinep.ufie.brMuteria/indes.html Endereyo: ABL- Caixa Postal 30 CEP 12900 - Braganca Peaisia- SP. i lentemente, encontrar-se-lo estudiosos € Entrevista JULIAN GRAY Julian Gray é professor do Peabody Institute, junto com Manuel Barrueco e, com o violonista ‘Ronald Pearl, forma o Duo Gray and Pearl. O primeiro CD do Duo, The Magic Circle, foi extre- ‘mamente bem recebido pela critica norte-ameri- cana, ganhando elogios da Guitar Player, ‘Acoustic Guitar e American Record Guide. Em 1996, 0 Duo langou outros dois CDs, Baroque Inventions, com obras de Bach, Handel e Scarlatti ¢ Homages and Evocations, ambos repetindo 0 mesmo sucesso de critica. - Fale um pouco sobre a linha de trabalho que 0 Duo tem seguido. Nosso primeiro desafio foi a escolha do repert6- rio, pois além de agradar aos dois, tinha de ser um repert6rio diferente, afinal, na época em que for- mamos 0 Duo, o repert6rio para essa formagao era restrito, e todos os outros duos tocavam as mesmas pegas. Dessa forma, em dois ou trés anos j4 haviamos tocado praticamente tudo o que era disponfvel e passamos entio a fazer transcrigdes or nossa conta. Finalmente, apés algum tempo, Passamos a pedir que compositores escrevessem Pegas para o Duo, com o objetivo de deixar futu- Tamente um amplo repertério disponfvel para essa formagao. Atualmente, apés tanto trabalho, estamos tentando gravar todo este material. - O que vocé acha do atual nivel dos estudantes universitérios de violdo? De 1960 para cé, tenho sentido uma enorme dife- renga nos estudantes de violdo em geral, nao ape- nas 0s universitdrios, mas os estudantes dos con- servat6rios etc... O ntimero de programas univer- sitérios de violao esté aumentando muito, e a qua- Tidade dos programas também esté subindo anoa ano. Em Peabody, por exemplo, temos cerca de 35.240 alunos de violéo por ano, indo de calouros aos alunos de Mestrado e Doutorado. E possivel observar que so estudantes de altissimo nfvel, sérios ¢ talentosos. - No Brasil, enfrentamos uma grande dificuldade de levar piiblico aos concertos de violdo. Como por Tiaraju Aronevich 6, nos EUA, a apreciagéo e freqiiéncia do piibli- co nos recitais? Tudo depende do marketing empregado. Algo ue nos ajuda muito sdo as sociedades de violio € oridio. Nas sociedades de violao, sempre pro- curamos manter um bom relacionamento com as emissoras de radio e investimos muito nas ‘mailing lists. E importante salientar que nunca um concerto de violdo é tratado como um acon- tecimento individual, ele sempre esté inserido dentro de um contexto, um panorama que cresce ano a ano. Dessa forma, conseguimos manter uma média razodvel de pablico, que tende acres- cer, gragas a0 apoio e trabalho miituo de muitas pessoas. = Que conselhos vocé daria para os estudantes iniciantes de violdo? Primeiramente, € necessério cuidar para que 0 amor pelo instrumento nio 0 deixe cego para eventuais problemas. Deve-se desenvolvera pa- ciéncia ea concentrago, que so as bases para o estudante avangado. E importantissimo trabalhar a mio direita, para elaborar um som grande € colorido nota apés nota. O professor deve ensi- nar 0 aluno como praticar € resolver problemas, pois na maior parte do tempo o aluno estard so- zinho. Gostaria de dizer, por tiltimo, que a técni- cae a interpretagio devem ser trabalhadas sepa- radamente, e depois devem ser unidas. - Vocé gostaria de mandar algum recado para os brasileiros? Eu adoro a sua misica! A influéncia da misica brasileira neste século € enorme. Bu também ad- miro a clareza sonora que observo nos violonis- tas brasileiros, alidés sou um grande fa do Duo ‘Assad. Um abrago para todos. Tiaraju Aronovich, 18 anos, violonista, reali- zouno primeiro semestre a Mostra de Violdo na Biblioteca Monteiro Lobato, com grande suces- so de piiblico. Esteve no Peabody Institute fa- zendo cursos. 0 Dutercimbio COmoOnmetpe ‘O Rei do Viola Brasileiro” por Gilson Antunes Ha setenta anos atrds morria o maior violonista brasileiro do infcio do século, Américo Jacomino, mais co- nhecido pelo apelido de “Canhoto” (pelo fato de tocar violio desta ma- neira, sem inverter as cordas do ins- trumento). Famoso principalmente pela valsa “Abismo de Rosas” e com- posi¢gdes como “Marcha dos Marinhei- ros e Marcha Triunfal Brasileira , a vida do violonista ainda hoje nao foi totalmente esclarecida em diversos pontos fundamentais, prejudicada principalmente por artigos romancea- dos ao extremo, favorecido pelas ca- racteristicas da €poca em que viveu, ou mesmo por curiosos fatos que ocor- reram nas buscas de tais informagGes. O que € certo, contudo, é que Ca- nhoto representou uma luz enorme para o enobrecimento do mais margi- nal dos instrumentos, numa época em que 0 preconceito era realmente bra- vo. As controvérsias ocorrem logo com relagao a sua data de nascimento. Al- gumas fontes dio como certas 0 ano de 1887, em Sao Paulo. Outras, em 1889, ano da proclamagao da Repii- blica, em Sao Paulo, em Santos ou, até, na Itdlia , no dia 12 de fevereiro. Seus Pais, Crescencio Jacomino e Vicencia (ou Vicenta) Carpello vieram de Napoles, Italia, j4 com dois filhos, Emesto e Edoardo. Canhoto teria nas- cido na rua do Carmo, um dos locais mais agitados do centro velho da ca- pital paulista. As primeiras “ligdes” de violio foram com o irmao mais velho, Ernesto, que o ensinou a tocar também bandolim as escondidas do pai. Este por sua vez foi o responsa- vel pela educagio formal dos filhos, J que nao frequentaram nenhum co- légio. Esta vivéncia pouco formal per- Correu a vida do artista por completo, JA que o violonista aprendeu a tocar violao com a mao esquerda sem in- verter as cordas, daf seu apelido dire- toe certeiro. Os primeiros empregos de Canhoto foram como pintor (de paredes , de le- treiros ou de painéis) e jomnaleiro. As primeiras informagées a respeito de suas atividades como violonista datam de 1904, mas tudo ainda muito incer- to, dadas as precdrias informacées a Tespeito do movimento violonistico da €poca. Em 1908 morre sua mie e sua famflia muda-se para a rua Santo Amaro, ainda no centro de Sao Paulo. E entio que conhece o cantor Roque Ricciardi, o Paraguagu, numa serena- ta, e ambos passam a se exibir em sa- lGes, circos e cinemas entiio disponf- veis. A capital paulista possufa nessa €poca 400 mil habitantes e tinha como prefeito Albuquerque Lins, substituf- do mais tarde por Rodrigues Alves. A parte da populacao que frequentava as atividades artfsticas concentrava-se basicamente no centro comercial onde morava 0 violonista, que nessa época provavelmente come¢ava a compor suas primeiras musicas. E certo que o primeiro grande recital de violao da ci Violio Intercambio - 15 dade ocorrera em 1904, com o violo- nista cubano Gil Orozco, no Salao Carlos Gomes, mas ainda sem des- pertar a atengfo da critica ou do gran- de piiblico. Em 1912 Canhoto grava seu primei- ro disco pela Odeon de Sao Paulo, contendo as misicas Lembrangas de Lina e Tudo Mexe. No ano seguinte morre seu pai Cresencio Jacomino. Nesse mesmo ano de 1913 Canhoto teria registrado a valsa Acordes do Vi- olao, mais tarde renomeada para Abis- mo de Rosas. Esta pega se transfor- maria quase que num sin6nimo do vi- olao brasileiro, um dos maiores cl4s- sicos da histéria do instrumento e a pega que imortalizaria para sempre o violonista. Em 1915 comega a gravar regular- mente pela afamada Odeon-Casa Edison do Rio de Janeiro, presidida por Fred Figner, sendo muitos discos com um conjunto composto de violao, clarinete, trombone e cavaquinho. Em S%o Paulo Gustavo Figner (irmao de Fred), também o convida para gravar pela Phoenix. Mas a grande mudanga em sua carreira (e na prépria histéria do viol&o no Brasil) ocorreria no ano seguinte. Foi justamente em 1916 que a critica musical comega a mudar sua opiniao com relagao ao instrumento, até entao tido como “coisa de malan- dro”, por ocasiao dos recitais do en- to maior violonista do mundo, o paraguaio Agustin Barrios, e da espa- nhola Josefina Robledo, divulgadora da mais moderna técnica violonistica, Vielin Intereiunbio - 16 ade Tarrega. Canhoto também tem sua vez, num histérico recital no Sa- lao Nobre do Conservatério Draméti- co e Musical de Sao Paulo, no dia 5 de setembro daquele ano. Mesmo competindo com a apresentagao da bailarina Isadora Duncan no Teatro Municipal, 0 auditério estava lotado, No dizer de um artigo do Diario Po- pular, “Para encher o Salao bastaria decerto o mérito excepcional do artis- ta, que soube evidenciar-se tanto na arte dificil do fazer falar, gemer e sen- tir um instrumento rebelde As inspira- g6es musicais (...)”. Para o recital, em trés partes, participaram o poeta Danton Vampré, o cantor e violonista Trajano Vaz e o violonista Alvaro Galdéncio, que acompanhou Canho- to. Pelo sucesso de ptiblico e critica, e pelo tratamento que 0 violao no Bra- sil tomou a partir de ent&o, devemos a este ano a data histérica da virada do instrumento marginal para instrumento “s€rio”(1). Com a carreira estabelecida, e com violéo novo doado por Tranquillo Giannini, Canhoto segue se apresen- tando regularmente por varias cidades. Em 1919, com a moda dos trios caipi- tas (onda iniciada por Cornélio Pires © 0 ator Sebastiao Arruda), Canhoto forma 0 trio Viterbo, com a cantora Abgail Gongalves (de apenas 10 anos de idade) e 0 ator Viterbo de Azevedo (que adota o nome de Jeca Tatu, tira- do do livro Urupés de Monteiro Lobato). O Trio Terminaria em 1920 com a morte traégica de SS sy Viterbo, assassinado em 17 de feve- reiro de 1920 com um tiro em pleno carnaval. Abgail Gongalves ficou tao chocada que ficou 20 anos sem can- tar, voltando depois com o pseud6ni- mo de Abgail Aléssio. O episédio motivou ainda a composi¢io triste car- naval. Durante os anos 20 Canhoto apre- senta-se muito pelo interior paulista, como em margo de 1922 em Itapetininga. Em 7 de setembro de 1922, centendrio da independéncia do Brasil Canhoto casa-se com Maria Vieira de Morais e muda-se para S40 Carlos, onde abre a Casa Carlos Go- mes, residindo nesta cidade até 1925, quando retoma a Sao Paulo, onde volta aresidir no centro da cidade. Por essa época (1924 ou 1925, nao se sabe ao certo), Canhoto inaugura, juntamente com seu amigo Para- guassu a Radio Educadora Paulista (futura R4dio Gazeta), a primeira Radio da capital. E em 1926 (ou 1927 2), ambos também inauguram (ou sao um dos primeiros a inaugurar 7) o sis- tema de gravagoes elétricas, no Riode Janeiro, pela Odeon. Em 19 de fevereiro 0 violonista vai ao Rio de Janeiro participar do Con- curso “O Que é Nosso”, promovido pelo jornal Correio da Manha, sagrando-se vencedor do concurso e recebendo 0 titulo de “Rei do Violio Brasileiro”. Voltando a Sao Paulo, or- ganizou o conjunto Turunas Paulistas, formado por 4 violes, flauta, saxofo- ne, 2 cavaquinhos, reco-reco, maracaxé e pandeiro. Em 20 de margo de 1928 foi nome- ado lancador de impostos da prefeitu- ta de Sao Paulo. Sua satide estava fi- cando precdria (nfo se sabe com cer- teza 0 motivo) eo violonista procurou os melhores médicos, entre eles Miguel Couto, no Rio de Janeiro e José Rubiao Meira em Sao Paulo. Ainda fez algumas gravagdes no Rio de Ja- neiro, mas veio a falecer justamente no dia 7 de setembro de 1928 na capi- tal paulista. Canhoto representou o violio bra- sileiro em sua esséncia, daf talvez sua fama e reconhecimento até hoje. Como ninguém, soube penetrar sua arte nos circulos conservadores de ent&o sem renunciar ao espirito roman- tico bem ao gosto popular. Foi sem dtvida o principal criador do primei- ro género brasileira de misica solistica para violao, com elegancia e talento suficientes para deixar o nome na misica brasileira como o maior vio- lonista brasileiro da época mais ro- miantica de sua hist6ria. Nota: ' Para maiores informagées ler artigo de Paulo Castagna e Gilson Antunes, “O violdo bra- sileiro jé é uma arte (1916)", in Revista Voves n.1, Jarffev 1994, ano 88, volume 88, Editora Vozes Métodos para violdo - Uma analise (II) A “Eseuela Razonada de la Guitarra’, de Emilio Pujol Apés termos analisado 0 desenvolvi- mento da diddtica aplicada aos instrumen- tos de cordas dedilhadas através da obser- vagio dos métodos de J. C. Amat e de Femando Sor, cobrindo assim quase tre- zentos anos desta hist6ria, chegamos final- mente ao século XX, onde uma obra gran- diosa se coloca como divisora de 4guas no ensino do violao moderno: a “Escuela Razonada de la Guitarra” de Emilio Pujol, obra prefaciada por Manuel de Falla e con- cebida em 1923, inicialmente em cinco volumes, dos quais apenas quatro foram de fato escritos. Para compreendermos sua enorme im- portancia, porém, é preciso que nos reme- tamos a Francisco T4rrega, compositor ¢ violonista que influenciou decisivamente toda uma geragdo de violonistas em que se incluem Miguel Llobet, Andrés Segovia e © préprio Pujol. Apesar de nao ter deixado nenhum tratado ou método para o instru- mento! (ao contrario do que muitos acre- ditam, influenciados por edigdes historica- mente equivocadas), Térrega desenvolveu a técnica violonistica elevando-a a um alto patamar. Suas composigées e diversas transcrigdes de miisicas de mestres como Bach e Beethoven ajudam-nos a ter uma idéia clara de que o violdo, na virada do século, j4 se colocava ao mesmo tempo como executor de obras conhecidas, equi- valendo-se por vezes em importancia a0 piano, nos saraus em que se apresentava, € como instrumento que comegava a desen- volver identidade propria ¢ bastante parti- bio = 18 Violio Inte por Gullherme de Camargo cular. Ja na introdugao de sua obra, em item denominado “Princfpios Racionais da Es- cola de Térrega”, Pujol exterioriza clara- mente admiragio e respeito pelo maes- tro. O texto € 0 que se segue: “TGrrega foi o mais admirdvel violo- nista de todos os tempos e um dos esptri- tos mais nobres e elevados dedicados & mitsica. Um artista genial, de tempera- mento notdvel e inteligéncia clara que, ampliando e elevando as possibilidades técnicas do violdo, logrou éxito em redimi-lo do desprestigio injusto em que o haviam colocado o desfavor e 0 aban- dono de uma época. A parte técnica de sua obra é fruto das exigéncias de uma arte superior. Sua te- orias, apoiadas em princtpios fundamen- tais imutdveis, nao apenas ensinam a re- solver logicamente problemas conheci- dos, mas também aqueles que eventual- mente se apresentassem. (...] Sua vida intensa e laboriosa, sem- pre sedenta de elevagao, extinguiu-se de- safortunadamente demasiado cedo. A morte o surpreendeu antes que pudesse levar a cabo a realizagdo de um método que resumisse os principios racionais de sua técnica, que deixara para escrever no declinio da vida, Somente alguns exer- cicios e estudos permaneceram espalha- dos desordenadamte entre amigos e dis- cfpulos, como paginas soltas de um livro inestimdvel que no se poderd jamais ler integralmente, Muitas vezes insinuei sem éxito a ne- cessidade de reunir estes manuscritos, ordend-los e edité-los, para que servis- sem de base durével a uma escola autén- tica de Tarrega, capaz de orientar os es- forcos de quantos desejassem conhecer ou praticar esse instrumento. Longe dis- so, vimos aparecer varios de seus exerct- cios, estudos e obras em edigées defeitu- cosas, com lamentdveis incorregées e nem sempre acompanhados do nome do au- tor Passaram-se vinte ¢ trés anos da mor- te do grande mestre. O violdo, através de sua longa e agitada historia, conseguiu triunfalmente em nossos dias 0 apogeu de sua valorizagao artfstica. Seus triun- fos, devidos em parte ao progresso da cultura geral do piiblico e ao talento de alguns artistas eméritos, repousam sobre- tudo no aperfeigoamente que Térrega deu @ sua técnica e a sua estética.” Podemos compreender, desta maneira, que analisar a escola de Pujol é também, em Ultima andlise, analisar 0 legado mu- sical de Térrega. Nao obstante, devemos Considerar que Pujol traz em seu método no apenas uma organizacao dos precei- tos técnicos de Térrega, mas também uma profunda pesquisa sobre a histéria do vi- oldo, desde seus ancestrais de cordas du- plas dedilhadas. O primeiro volume de sua obra consiste de um apanhado hist6- Tico em que se podem aprender as diver- Sas notagdes j4 utilizadas por estes ins- trumentos, incluindo-se tablaturas france- sas, italianas e espanholas, além de diver- Sas citagdes e andlises de obras importan- tes como os “Trés livros de musica em cifra para vilhuela” de Alonso Mudarra, “El Maestro”, de Luis Milan e até mes- mo do pequeno tratado de J. C. Amat, j4 enfocado nesta série de matérias. O autor se coloca talvez como o primeiro violo- nista a encarar com seriedade a questo da pesquisa hist6rica relacionada aos ins- trumentos de cordas dedilhadas. Dando continuidade a este primeiro volume, Pujol desenvolve exaustivamente a ques- t&o da postura adequada para a pratica do instrumento, incluindo diversas figuras onde se podem observar detalhes precio- sos sobre a posigdo de ambas as mos. O segundo livro aborda a técnica de maneira pritica, propondo exercicios que abrangem o assunto de maneira global. Cada item € acompanhado de texto explicativo, fazendo jus ao titulo geral da obra, que considera a pritica de maneira racional, aspecto bastante similar ao ide- al de Fernando Sor.’ Ao final do volume sdo apresentados doze estudos originais, cada qual visando a reforgar e desenvol- ver musicalmente um tépico especifico anteriormente abordado nos exercicios de técnica. O préximo volume da escola de Pujol (livro terceiro) continua a tratar de assun- tos técnicos, esmiugando algumas ques- t6es e desenvolvendo priticas como arpejos, ligados em posigoes fixas, liga- dos com distensio, apojaturas, apojaturas duplas, arrastes, mordentes, harménicos simples e oitavados e vibrato, técnica até hoje pouco considerada pelos violonistas em geral. Apesar do aparente descaso com que se encara 0 assunto, o vibrato pode ter bastante importancia na execucdo de determinados trechos musicais. “A mao esquerda pode contribuir para 0 prolongamento (mais ou menos limita- mbio - 19 do) do som de uma ou varias notas e dar- Thes maior intensidade por meio do vibrato. {...] Para realizd-lo corretamente é preciso agitar 0 dedo no momento exato em que se pulsou a corda, aproveitando as primeiras vibracdes (as mais intensas), sem deixar por isso de manter 0 mesmo grau de forca empregado no primeiro im- pulso. [...] A boa execugao do vibrato depen- de menos da presséo dos dedos do que da maneira como se pratica. E necessd- rio apoiar sobre a corda a iiltima falange do dedo que ird produzir o vibrato, con- siderando-se que a inércia propria da mao sustenta e prolonga as vibragées melhor do que a fora excessiva que se poderia dar por meio do uso do brago. [...] O efeito expressivo do vibrato que tanto anima a execugao do violonista deve ser usado oportunamente e com mo- deragao, de modo a evitar a afetagao eo mau gosto. Ao final deste terceiro volume encon- tram-se 27 estudos escritos com o mes- mo propésito daqueles situados no volu- me anterior, acrescidos de maior dificul- dade técnica. O quarto e tiltimo volume dedica-se & virtuosidade. Sao inimeros exercicios onde se praticam diversos aspectos de téc- nica avancada, considerando que todas as ligGes presentes nos volumes anteriores jé tenham sido apreendidas satisfatoria- mente pelo executante, que se encontra- ria ento apto a dar continuidade aos seus estudos. Ao final do volume h4 também uma série extensa de estudos, muitos dos quais trechos de obras anteriormente es- critas, de dificuldade bastante expressi- va. Viola Inter: 20 Podemos depreender desta répida observagao da escola de Pujol que o vio- lio no inicio do século vinte tinha uma técnica sélida e preocupava-se j4 em aprender com seus ancestrais. O cuidado com que Pujol analisa os métodos anti- gos demostra grande discernimento e so- bretudo admirdvel maturidade, se consi- derarmos que a vida do instrumento de seis cordas simples era relativamente cur- ta quando da escrita do método. Este do- cumento soma intenso interesse histéri- co, pois é capaz de sintetizar brilhante- mente uma concep¢ao técnico-musical herdada de TArrega, a enorme interesse pratico, pois ainda hoje é sem diivida ca- paz de nortear 0 estudo de qualquer um que queira dedicar-se com afinco a prati- ca deste intrumento to querido. Em artigo deste porte nao se poderia pretender, obviamente, abordagem mais ampla do método. Cabe ressaltar, toda- via, que nada pode comparar-se ao estu- do cotidiano orientado por esta obra, in- dispensdvel a quem pretenda aprofundar seus conhecimentos sobre 0 violao. 1 Esta lacuna foi de alguma forma preenchida pela compilacao de Karl Scheid: dos “Estudos Completos de Técnica” de Francisco Térrega (Samiliche Technische Studien, Universal Edition), obra composta exclusivamente por estudos de téc- nica atribuidos a Térrega, sem no entanto contar com nenhum texto explicativo que elucide as fontes consultadas pelo autor. ? Veja a matéria destinada a antllise deste méto- do no niimero anterior de “Violdo Intercambio”. Eventos © Concerto de 1 ano da OSESP Ocorreu nos dias 10 ¢ 12 de setembro o con- certo comemorativo de I ano da agora fantdstica Orquestra Sinfénica do Estado de Sao Paulo. Sob aregéncia do polémico maestro John Neschling, tendo como solistas os irm3os Sérgio e Odair ‘Assad, somado a um belissimo programa, o con- certo foi uma festa em todos os sentidos, com di- reito a coquetel, bolo de aniversario, “‘parabéns pri vocé” e tudo mais. Logo de infcio um discurso inflamado de Neschling (com elogios explicitos a0 governo Mario Covas) proclamava as intimeras qualida- des da nova Orquestra como sendo a melhor da América Latina, apés um tumultuado exame den- tro da prépria para checar novamente as qualida- des técnicas individuais dos integrantes, sendo que naturalmente muitos recusaram a se submeter. Esta com certeza foi a parte mais “traumdtica” (como disse o préprio regente), seguindo-se a novas contratages para aumentar o nimero de integran- tes, que hoje estio a cerca de 90 miisicos. Mas, falando da apresentacio, esta se iniciou com a enérgica suite do balé “Estancia”, do ar- gentino Alberto Ginastera. A garrae sonoridade da Orquestra foi algo realmente impressionante, Principalmente a segao de sopros, onde esto al- ‘guns dos melhores miisicos brasileiros. Seguindo o programa, o to esperado “Con- certo duplo para 2 violdes, cordas e percussio”, do afamado compositor brasileiro Marlos Nobre (que estava presente). No hd diividas que ocom- Positor é um dos melhores, se no o melhor, em atividade no Brasil, por isso um certo ar de de- cepco em relago a esta obra. Escrita em 1995 Sob encomenda da GHA Records S.C., de Bru- xelas e dedicado ao Duo Assad, 0 concerto refle- te uma nova fase do compositor caracterizada pela Volta aos elementos tonais, sem contudo ser uma obra tonal no sentido tradicional do termo. Se- ‘gundo as notas do programa, a obra apresenta 0 que © compositor chama de “recontextualizago Thusical”, sendo esta a reminiscéncia de pegas mais recentes do proprio compositor (neste caso, Por exemplo, a “Homenagem a Villa-Lobos” € 0 Por Gilson Antunes “Divertimento para Cordas”), No primeiro mo- vimento, Allegro, jungdes barrocas com a misi- ca contempordinea so trabalhadas, sendo que os violdes atuam mais como baixo continuo do que ‘como propriamente solistas, tendo, contudo, uma cadenza, como nos concertos tipicos. O que es- tranhou logo de cara foi que os solistas tocaram Tendo 0 concerto (quem conhece © Duo Assad sabe que eles odeiam fazer isso), e a amplifica- 40. horrorosa, onde se ouvia praticamente os graves. Nitidamente os solistas no estavam muito a vontade, 0 que s6 veio a ocorrer no bis. Seguindo, o virtuosistico segundo movimento mostrou-se como o mais bem acabado, em forma de rond6, num estilo mais préximo ao normal do compositor. O terceiro movimento €, com certe- za, um sério candidato a “addgio do Aranjuez” tupiniquim. No quero desmerecer 0 méritoe a beleza natural da misica, escrita em forma tripartite, aria-scherzo-aria, mas € 0 movimento mais fraco do concerto. No quarto e iiltimo mo- vimento a chamada “recontextualizag0” apare- ce através da “Homenagem a Villa-Lobos”, pega escrita em 1977 para violio solo. Na verdade 0 compositor expe o tema da pega numa cadenza e depois trabalha suas variantes. Ao final da obra, aplausos momos saudaram este que foi 0 ponto fraco do dia. Mas o melhor felizmente estava por vir, quando 0 Duo Assad apresentou (sem amplificagao, gracas a Deus) no bis a pega “Zita", da Suite Troileana de Astor Piazzolla, sendo que af sim mostraram quem so e para que vieram. Dispensa comentirios. O concerto seguiu com a galante ¢ belissima “Le Tombeau de Couperin”, de Maurice Ravel (onde os sopros se destacaram novamente) € segunda suite do balé “El Sombrero de Tres Pi- cos” de Manuel de Falla, ambas interpretadas de forma magistral. E de se torcer agora que essa orquestra continue esse trabalho por muito tem- po, o que € dificil num ramo em que a politica (emtodos os sentidos) exerve seu poder “em nome da arte”. Por enquanto s6 temas que desfrutar, Jonge de quaisquer preocupagées. Viokio Lntercambio - 21 Eventos Violao no 342 Festival Miisica Nova O evento, idealizado por Gilberto Mendes, € 0 festival mais antigo da América Latina. Iniciou em Santos, depois se estendeu a Sao Paulo e agora chega a algumas cidades do interior. Este ano 0 compositor alemdo Karlheinz Stockhausen recebeu destaque pe- los seus 70 anos, além de Edino Krieger, e os 100 anos de Bertold Brecht e Hans Eisler tam- bém foram lembrados. O violonista neozelandés Michael Calvert esteve no Festival Musica Nova nos dias 19 e 23 de agosto, dividindo o palo coma pianista paulista (e sua esposa) Beatriz Roman. Calvert estudou em seu pais ¢ completou sua forma- gdo na Royal Academy de Londres e na Brooklin College de Nova York, onde fez 0 Mestrado. Estudou violao com David Starobin ¢ John Mills e composigaio com Milton Babitt ¢ Robert Starer. No Festival, Calvert (apresen- tando-se com um violao Ramirez 1965) tocou duas obras de sua autoria - Rhapsody on a Riff (1994) e Suma (1989); Ballade (1982) do com- positor austrfaco Erich Urbanner e encerrou com a Notumnal (1963) de Benjamim Britten. ‘Concedendo-nos uma pequena entrevista, 0 violonista e compositor falou de suas obras, afirmando que j4 compés duos ¢ estudos de violao, além de: Suma; Sonatina, duas Raps6- dias e pequenas pecas. Hé pouco tempo, sua peca para dois violdes e orquestra de cordas foi apresentada no México. Também ja com- pds muita misica para teatro em sua terra na- tal. Em Nova York, Calvert é professor e pro- dutor de discos. Sobre o ambiente violonfstico nova- iorquino, Michael explicou que hé muita coi- sa acontecendo. Fez um comentario sobre o estilo do violonista nova-iorquino em geral ser muito diferente do estilo europeu, no qual for- mou-se (principalmente se comparado ao de Londres, de qual Michael cita Bream ¢ Mills), Violio Inte por Teresinha Prada no tocante ao uso de dinamica. Para ele, os nova-iorquinos usam pouca cor na interpreta- do, falta mais calor ao tocar mas, em com- pensagao, cles t¢m uma compreenso geral da pega e tocam com uma precisio muito maior do que qualquer outro violonista que ele jé te- nha conhecido. Também gosta de tocar o repertério antigo € tradicional (Bach, por exemplo) e € iniciado em vihuela. Sobre musica transcrita, ele diz que depois de tocar no instrumento original fica dificil aceitar tocar em outros. Cré que a energia que se gasta ao tocar as pegas antigas deveria ser usada no repertério contempora- neo do violao mesmo. Do violao brasileiro, 0 violonista e compo- sitor neozelandés conhece Baden Powel, Laurindo Almeida (do qual lembra-se de um recital que assistiu na Nova Zelandia, quando tinha 12 anos) e o Duo Abreu. Jé tocou os Pre- lidios e Estudos de Villa-Lobos € toca bossa- nova (Beatriz garantiu que ele tem a ginga). MAIS VIOLONISTAS Também se apresentaram no evento os vio- lonistas: Ulysses Mansur em Santos no dial6 de agosto; 0 violonista francés Roger Eonem So Paulo no dia 8 de agosto e em Ribeiro Preto no dia 14; o Ensemble Theater am Gleis, da Sufca, sob coordenagaio de Max Keller, trou- xe a cantora Lena Hauser; a flautista Susanne Huber c 0 violonista Christoph Jéiggin (ex-alu- no de Karl Scheit) no dia 29 de agosto no Itatt Cultural; Edelton Gloeden e o flautista José Ananias fizeram mais uma apresentacao de langamento do CD “Uma Festa Brasileira”, encerrando assim o evento em So Paulo, no dia 30 de agosto. Eventos V Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso O professor Henrique Pinto esteve em San- to Tirso, Portugal, como convidado. Contente com tudo o que viu, Henrique parabeniza Lité Go-dinho, idealizador do Festival, e a Camara Mu-nicipal de Santo Tirso. Em artigo publica- do pela Guitarreando, Henrique demonstrou que a ocasido foi uma experiéncia. marcante em sua vida profissional: “Foi uma surpresa seguida de momentos que nio sero esqueci- dos, pois estaré gravado em nossa meméria cada instante que compartilhamos o mesmo espaco com os maiores violonistas do final des- te século”. OS CONCERTOS O Festival foi aberto por Artur Caldeira tocando o Concerto de Villa-Lobos com a Or- questra do Norte, regido por Ferreira Lobo. Se- gundo Henrique, “Artur demonstrou um co- nhecimento pleno da partitura que interpreta va, resolvendo todos 0s sofisticados problemas rftmicos que caracterizam a misica brasilei- ra”, Artur, que é aluno de José Pina, represen- ta a nova escola violonfstica de Portugal. Em seguida, Maria Esther Guzman inter- Pretou o concerto op. 30 de Giuliani. A intérpre- te soube se destacar: “Em toda a obra, cada mo- tivo, frase ou perfodo nos era oferecido com a generosidade de quem quer ser compreendido, como um didlogo entre intérprete e ouvinte”. Costas Cotsiolis tocou Brouwer, Piazzolla, Theodorakis e Bellinati. “Coloco em destaque a 2* parte do programa, onde consta as pegas de Brouwer; Sonata e 7 arranjos de pegas dos Beatles para quarteto de cordas e violaio”, diz Henrique. Roberto Aussel realizou um recital impe- cével na opinitio de Henrique: “Observar Aussel tocar é um prazer, por sua movimenta- Henrique Pinto * io perfeita e precisa, é um ballet que basta- Tia seus passos para ser completo. Seu pro- grama constou de trés perfodos, a primeira parte com Giovani Zamboni, S.L. Weiss, com- positores do final barroco e Fernando Sor do classicismo e a segunda parte com Brouwer € Obrovska”. Paulo Amorim também representa a nova geragiio portuguesa. “Soube, com maestria, dar 0 enfoque adequado a cada pega que exe- cutou”, diz Henrique. Apresentou “Quatro ImpressGes”, obra de sua autoria e concluiu o recital com R. Gnattali. O argentino Eduardo Isaac esteve perfeito no parecer de Henrique. “Dono de uma sono- ridade robusta e rica em matizes, aliada a um talento criativo, desenvolveu as linguagens do repert6rio com a magistralidade de um artesio, colocando em planos diferenciados todo o dis- curso musical, nos dando a idéia (parafrasean- do Debussy) de uma pequena orquestra”. Ini- ciou 0 programa com Castelnuovo-Tedesco, a “Sonata em homenagem a Boccherini” e en- cefrou com Astor Piazzolla em uma transcri- gio. de trechos da obra “Maria de Buenos Aires". Henrique qualifica sua sonoridade como “um presente para os ouvintes”. O duo de violdo e flauta Bensusan & Didier ilustrou o Festival com sonoridades e estilos variados. Bensusan é guitarrista de cor- dade ago ¢ amplificada e suas composigoes receberam influéncia jazzfstica, africana, bra- sileira, argentina, indiana, como explica Henrique “nisto gerando a new age music”. Didier Malherbe, também € saxofonista e de- monstrou talento para improvisar temas. O grande violonista flamenco, Vitor Mon- * Henrique Pinto gentilmente cedeu as informagées para a elaboracdo deste artigo. Vielia Intercimh ge, oSerranito, é destaque constante em San- to Tirso. Apresentou-se com seu quarteto, mais dois violdes ¢ um percussionista (filho de Serranito). Segundo Henrique: “Foi um passeio pelos ritmos mais variados, sempre com o virtuosismo ¢ musicalidade deste fan- Uistico misico”. David Russell sempre abrilhanta um evento. Henrique explica o que fez Russell atingir o topo: “Talento natural, determina- Gio, constancia e objetividade no trabalho, saber escolher um repertério adequado a sua personalidade musical, ter uma orientago correta que néio deforme sua espontaneida- de”. O nivel de seu concerto foi téo alto que Henrique afirma: “Tivemos a oportunidade de desfrutar o melhor do néctar dos violonis- las, Nao podemos escolher uma determinada pega do repertério executado, pois todas soam perfeitas. A sonoridade de seu violao € dife- renciada, preencheu todo espago com todas as sutilezas que ela pode proporcionar: cor- po sonoro, timbre, riqueza de cores, dindmi- ca, tudo acompanhado de um conduzir mu- sical inteligente e claro, sem afetagées, com a simplicidade de quem sabe perfeitamente bem o que deveré ocorrer em todo seu dis- curso. Foi uma noite em que os deuses esti- veram presentes, participando deste festim musical”. Henrique destaca Carlos Bonnel por seu belfssimo trabalho musical nas obras de Leo Brouwer (Paisage Cubana com Campanas), Armand Coeck (Constellations) e de John Taverner (Chant): “Possui um raro trabalho de mio direita que coloca em realce todaesta gama de sonoridades que se faz necessério na musica contemporanea”. AS AULAS O grego Costas Cotsiolis exemplifica bem seus argumentos. “Suas aulas demonstraram uma imensa compreensio entre técnica ins- tumental e misica, deixando evidente as pos- sibilidades do violdo, com todo seu jogo di- namico e timbrico, colocando em destaque as obras escritas originalmente para o instry- mento, principalmente as escritas no século XX, enfatizando as de Leo Brouwer, que vem registrando em CD, integralmente”, afirma Henrique. Relembrando Jorge Martinez Zarate, professor de Roberto Aussel, Henrique ex- plica: “Com grande formagio musical e com- peténcia pedagégica, moldou a personalida- de artistica de muito de seus alunos, que hoje sdo representantes de sua escola em todo o mundo”. E, para Henrique, Aussel é tio gran- de pedagogo como foi Zarate. Aatuagio de Eduardo Isaac causou mui- to boa impressao a Henrique: “Eduardo Isaac faz parte do selecionado grupo de violonis- tas que atua em todos os sentidos que a car- reira proporciona: vencedor de todos os con- cursos que participou, professor, concertista, arranjador, grava regularmente e toca com as melhores orquestras ¢ regentes do mundo. A oportunidade de assistir suas master-classes confirma sua visio da misica e do instrumen- to. Objetivo em suas afirmagées, que a priti- ca constante moldou, e de um talento invulgar, formula todas as questdes técnicas com objetividade e determinagao, resultan- do sempre em maior clareza musical e mais fécil resolugdo de movimentagao. Sua opi- nido sobre um programa progressivo para um aluno € inovadora, saindo do velho academicismo e arejando 0 ensino como um educador. Técnica e repert6rio caminham jun- tos neste seu raciocinio pedagégico e, acre- ditamos, ser a formulagaio de uma escola violonistica contempordnea”. As aulas de violdo flamenco estiveram a cargo do lendério Serranito, “possuidor de uma admirdvel técnica e conhecedor profun- do de sua profissio”, como afirma Henrique, € que demonstrou isto em suas master-clas- ses, fartamente exemplificadas comuma pro- fusdo de ritmos caracterfsticos do cante jondo. Outro grande pedagogo é Carlos Bonell, formador de varias geragdes. Afirma Henrique: “Foi objetivo, consciente e acertivo em todas as opinides sobre técnica e mtisica, com a pratica de muitos anos como profes- sor, formulava varias possibilidades para um mesmo problema, que conforme a possibili- dade do aluno, a escolha ficava a cargo do aprendiz. Foram master-classes de um pro- fissional consciente de seu trabalho, que en- riqueceram os que assistiram sua disputada aula”. HENRIQUE, CARLEVARO E BROUWER Oreencontro entre Henrique Pinto e Abel Carlevaro no Festival de Santo Tirso (os dois jéhaviam se revisto em julho do ano passado no Festival SESC quando, de publico, Carlevaro afirmou que sabia do grande nd- mero de violonistas brasileiros formados por Henrique Pinto) trouxe mais uma vez a Henrique a certeza da grandiosidade do mes- tre uruguaio: “E um dos maiores didatas da atualidade. Sua escola consiste em saber a ori- gem da movimentagdo, usando com racionalidade cada movimento, sempre com economia. Toda sua escola esta contida em quatro livros de exercfcios (técnica pura) ea teoria no “La Escuela Razonada de la Gui- tarra”, Seus principios pedagégicos so 0 re- sultado de uma extensa pesquisa para resolu- ao dos problemas que foram surgindo com sua postura e as particularidades técnicas que se apresentaram. Como um cientista, Carlevaro foi respondendo as préprias per- guntas e conseqilentemente criando uma nova maneira de encarar a técnica do instrumento. Suas explicages sintetizam toda uma vida de pesquisas, compartilhar de suas aulas € ober informagées que serio definitivas em nossa formagio da técnica do instrumento, € desmistificar a mecanica violonistica. Na so carlevariana, separar a técnica da musica que resultard dessa técnica, ser uma econo- mia de tempo, no momento que resolvemos todo complexo mecdnico e condicionamos uma perfeita movimentagdo, sem surpresas que possam surgir, a musica fluiré espont4- nea e sem dificuldades, pois a complexidade de toda a técnica jé estard resolvida e o resul- tado final serd confirmado pela fluidez e cla- reza do texto. A compreens&o do que seja “meméria muscular” € a intengdo de Carlevaro em toda sua inovadora escola. N6s guitarristas somos gratos aos seus ensinamentos € a dedicagao de toda uma vida no ensino de nosso querido instrumento”. Conversando com Leo Brouwer, que foi © professor de composigio no evento, e as- sistindo a suas concorridas aulas, Henrique tema certeza de que o violdo ¢ os violonistas tém muita sorte em ter um Brouwer para represent4-los mundialmente. “Em conversa informal, confidenciou-me que sua formagio foi quase totalmente como autodidata, sua necessidade de conhecimento e formagdo no campo da composigio foi de uma eterna pro- cura, € a experimentagao foi sempre a sua constante. Seu pensamento diante da criagdo € bastante complexo, mas de muita clarezae objetividade. Suas aulas transcorreram sem- pre como um aprender continuo, analisou obras dos alunos, deu opinides e conselhos, analisou suas obras e de outros composito- res, exemplificou e sugeriu, fez criticas com- parativas entre as diversas artes como: misi- ca, literatura, pintura, arquitetura e escultu- ra. Seu falar sempre era pontuado por uma aguda observaco, de forma a estimular o alu- no € provocar o desejo de aprender. Sua for- ma simples de abordar o complexo de uma composigao e a compreensio imediata de suas explicagées nos faz pensar sobre a fungao do educador. Brouwer é um educador nato, se faz entender em toda evolugio de seu racio- cinio, sua forma abrangente de pensar, a ne- cessidade do aprender constante, a maneira paciente de dar forma a uma idéia musical, modificando, transformando, podando - que €sua maneira de trabalhar, nos d4 um exem- plo de como poliu suas obras, porque seu tra- balho € 0 mais tocado neste final de séculoe, certamente, sera por todos os anos vindou- ros’ Entrevista XI Semindrio de Misica de Montenegro - RS (Brasil-Aleranha) por Marcio de Souza A XI edigao do Semindrio de Miisica de Montenegro, no Rio Grande do Sul, aconte- ceu de 20431 de julho. O evento foi promovi- do pela FUNDARTE - Fundagéo Municipal de Artes de Montenegro e contou com a parti- cipagdo de mais de cem alunos. O corpo do- cente foi constituido de professores de reno- me nacional e internacional, oriundos de di- versos estados do Brasil, bem como dos EUA eda Europa. O semindrio de violéo foi minis- trado por Fabio Shiro Monteiro, atualmente radicado na Alemanha. Aproveitei um momen- to de folga para entrevistd-lo e assim regis- trar os relatos e as hist6rias de um violonista com experiéncia no exterior e conjugé-las com 0s leitores do Violdo Intercambio. Fébio Shiro Monteiro é gaticho de Porto Alegre, onde iniciou os estudos de violao com Pedro Duval. Na década de 70, participou dos Semindrios Internacionais de Violo realiza- dos na capital gaiicha, nas classes de Abel Carlevaro e Miguel Angel Girollet. Licenciou- se em Musica pela UFRGS, tendo ainda estu- dado com Alvaro Pierri, quando este residia no Brasil. Em 1981, transferiu-se para a Ale- manha, graduando-se em violdo, com distin- ¢ao, pela Escola Superior de Miisica da Rendnia, em Aachen, na classe do mestre ja- ponés Tadashi Sasaki. Realizou, também, masterclasses com Manuel Barrueco. Desde 1976, apresenta-se, em recitais solo e mitsica de camara, na Europa Ocidental e Oriental e nas Américas do Norte e Sul. De suas premiagdes em concursos, destacam-se um primeiro prémio em 1977 em Sao Paulo (Con- curso Abel Carlevaro) e outro em 1982 em Colénia (Concurso Tonger). Gravou trés CDs na Alemanha: dois com o violonista japonés Gen Hasegawa e o terceiro, recentemente, com o tenor brasileiro Reginaldo Pinheiro. Desde Viel Intercambio - 26 ee 1992 participa como docente e solista convi- dado em Festivais e Semindrios Internaci nais de Misica na Alemanha, Austria, Espanha, Polénia e Brasil, ministrando tam- bém masterclasses nos EUA, Hungria e em diversas universidades brasileiras. Os com- positores brasileiros Leonardo Boccia, Anto- nio Carlos Cunha e Almeida Prado jé the de- dicaram obras importantes para e com vio- Ido, destacando-se a “Sonata Tropical” de Almeida Prado para dois violdes, estreada em Viena e editada na Alemanha. = Que caminhos te levaram a estudar e atual- mente morar e trabalhar na Alemanha? , Pois é, a coisa surgiu meio por acaso. Em 1980, quando me formei na UFRGS, nao havia ain- da curso de mestrado em violdo no Brasil, além disso, eu senti que poderia levar a carrei- ra adiante estudando na Europa ou nos EUA em vez de me enraizar de vez no Sul do Bra- sil, dar aulas de violao e casar... Nessa oca- sido, houve duas coisas importantissimas na minha vida: a primeira foi o Concurso Inter- nacional Villa-Lobos, realizado no Rio, com nfvel altfssimo, juiri internacional, essas coi- sas. Nesse concurso, eu fui até a semifinal - 0 vencedor, alids, foi o grande amigo ¢ excelen- te violonista Eduardo Castaiiera - mas senti que, trabalhando um pouco mais, poderia ‘che- gar junto” a (urma dos melhores, enfim, que eu até poderia tentar uma carreira internacio- nal. Foi a grande chance para poder avaliar meu potencial, comparando diretamente com 9s “feras” do momento. A segunda coisa foi conhecer a familia da minha mulher, que esta- vana 6poca retornando A Alemanha e que aca- bou me levando para ld também. A presenga da“musa inspiradora” por ld, foi decisiva para que eu resolvesse buscar um lugar para estu- dar e uma bolsa na Alemanha, - Quais as dificuldades passadas no pertodo inicial de adaptagéo? Como é ser brasileiro na Europa? 1. Na verdade, néio posso me queixar de ne- nhuma dificuldade de adaptag‘io na Alemanha, nem antes, nem agora. Eu jé tinha conheci- mentos bdsicos do idioma antes de me man- dar para 14, e além disso, acho que gosto de me comunicar com as pessoas, em qualquer lingua que der. E claro que houve épocas de grana apertada, o primeiro inverno, frio ¢ es- curo, a gente nunca esquece. Também teve épocas de grandes correrias, trabalho demais, tipo dar 25 horas de aula por semana, rodar outras 25 de trem, estudar para concertos e concursos e ainda namorar. Haja energia, né? Mas foi tudo muito divertido e até bastante instrutivo, no final das contas. 2, Eu tenho um orgulho imenso de ser brasi- leiro na Europa. Jé poderia, h4 muito tempo, ter me naturalizado alemao, mas carrego meu passaporte tupiniquim como se fosse uma medalha, uma jéia de familia. Ser brasileiro No exterior para mim, é muito mais do quer ter saudade de praia, caipirinha e goiabada cas- cio. E poder cantar um samba-cangiio do Tom Jobim numa tarde de inverno, é lerem voz alta Poemas de Ceeflia Meireles, do Drummond, ou mesmo uma historinha do Chico Bento pros meus filhos. E ficar emocionado vendo a Se- lego perfilada, cantando bonitinho 0 Hino Nacional antes de cada jogo da Copa, mesmo tendo jogado tao mal naquela final... Em ge- ral, o brasileiro é bem visto na Alemanha. Tem fama de alegre e extrovertido, bom de bola ¢ de samba, apesar de um pouco preguigoso. Até af, nenhuma novidade. ~ Quais sao os teus vinculos como Brasil, além da familia em Porto Alegre? Tu procuras man- ter alguma forma de contato com intérpretes € compositores brasileiros? Bom, desde que minha situago profissional se estabilizou lé fora, tratei de ser aquilo que o Guilherme Figueiredo chamou de “camelé da cultura brasileira”. Entio, 0 que mais me dé prazer profissional no momento, € resgatar obras brasileiras pouco tocadas, esquecidas ou até escondidas. Um exemplo disso é a peque- na “Suite” do compositor Guerra Peixe, escri- ta no final da década de 40, sob a influéncia do dodecafonismo de Koellreutter, outro exem- plo: a primeira Sonata para violio solo do Almeida Prado, escrita em 1981, e que dor- mia na gaveta da editora alema um sonho de Bela Adormecida, Quando 0 editor soube do meu interesse pela obra, ficou muito feliz e me encarregou da edigao definitiva da mes- ma. Entao editei a Sonata e saf tocando-a por ai, para a alegria do Autor, a quem considero um dos melhores compositores brasileiros ati- vos. Num belo dia, ao voltar para casa, encon- trei um envelope na minha mesa: era 0 ma- nuscrito original da Sonata Tropical do Almeida Prado, quem sabe a primeira sonata brasileira para dois violdes, escrita em pleno camaval de 1996 e dedicada a mim. Legal, né? Enfim e resumindo, acho que é meu dever vulgar as boas obras escritas neste lado do mundo para o nosso instrumento, as obras que foram escritas ontem ou que surjam amanhi. ‘S6 assim teria um sentido minha curta carreira de intérprete, essa gota mindscula do oceano interminavel da musica. = Quais os caminhos que um violonista brasi- leiro poderia se utilizar para aperfeigoamen- to dos estudos na Alemanha? O conservaté- rio continua sendo a tradicional forma de es- tudos nesse pats? Para um violonista brasileiro, estudar na Ale- manha é bastante complicado, por duas razGes: © idioma, claro, mas também e principalmen- te a estrutura do ensino superior. Explico: o Vielao tnt ensino ld no se faz na Universidade, como no modelo brasileiro, americano ou inglés, mas sim numa Escola Superior de Misica ou Con- servat6rio. Essa separagao entre Escola Supe- rior de Musica ¢ Universidade causa muitas dores de cabega, principalmente quando o misico formado na Alemanha procurar revalidar seu diploma no Brasil. E sempre uma “Juta de titulos” na hora, por exemplo, de dis- putar uma vaga pelo magistério superior numa Universidade brasileira. 0 candidato com Mestrado ou Doutorado no Brasil ou na Amé- rica do Norte j4 teré uma vantagem contra 0 candidato formado na Alemanha, ndo interes- sando 0 nivel das Escolas formadoras... Mas, acredito que, no futuro, com a unificagZo eu- ropéia, haver4 uma aproximagdo entre as di- ferentes escolas, facilitando o reconhecimen- to ¢ equiparago dos tftulos obtidos nas mes- mas. Até Id, € melhor o violonista brasileiro se armar de muita paciéncia, se quiser lecio- nar no Brasil com o diploma alemio! Quanto a0 Conservatério, apesar de lecionar num de- les, eu considero um anacronismo, que surgiu na Revolugao Francesa ¢ que devers com 0 tempo desaparecer, sendo encampado pelas Universidades ou Escolas Superiores de Mt- sica, = Como professor e concertista, quais sdo twas principais atividades musicais no Conserva- trio de Karlshure? No Conservatério, tenho a chefia do Departa- mento de Cordas Dedilhadas (violdo, guitarra elétrica, harpa) e canto. Ou seja, lecionar em diversos niveis, coordenar e orientar o traba- Iho dos colegas no Departamento, organizar audigGes, provas, testes, concertos e até um pequeno festival anual de violo. E muita pa- pelada ¢ nem sempre os conflitos sio contomaveis. Mas vale a pena, mesmo por- que o nivel das classes vem subindo conside- ravelmente e os alunos tém muita motivagao. ‘Temos, por exemplo, dois ensembles (conjun- tos) de violdes: um de alunos mais adianta- dos, que fazem um repert6rio de maior enver- gadura, tocando concertos, viajando em tumés, etc. O outra ensemble & de principiantes, ou seja, mais jovens, mas que querem tocar como Viele Interest “gente grande” e se esforgam para atingir 0 nivel que 0s possibilite passar para 0 ensemble dos “craques”. Entio surge um clima de con- corréncia muito sauddvel e criativo entre os alunos. - Como foram as atividades no XI Semindrio de Miisica de Montenegro, no Rio Grande do Sul? O curso, concertos, mitsica de cémara, elC...? ~ Essa foi minha primeira participago como docente no Semindrio de Montenegro. Talvez devido a tardia ¢ escassa divulgagao, a turma nao foi das maiores em ntimero, com nove alu- nos. Mas 0 n{vel foi bastante satisfat6rio, tive- mos tempo (duas semanas) e calma para estu- dar a fundo o repert6rio da mogada, e até pre- parar obras interessantes de mdsica de cémara na classe. Um exemplo: para acompanhar as ‘meninas da flauta doce, que tinham aula na sala ao lado, preparamos um sonata francesa do barroco. Assim, fizemos, em aula, a reali- zac do baixo continuo, explicando os peque- nos macetes do trabalho com os acordes cifra- dos. Depois, cada um encarregou-se de um movimento, pequenas adaptagSes foram fei- tas a técnica e possibilidades dos alunos, en- saiamos duas vezes, e no terceiro dia de traba- Iho apresentou-se a obra inteira. Para 0 pr6xi- mo Seminério, pretendo trazer obras desconhe- cidas mas interessantes, € que possam ser apre- sentadas igualmente com poucos ensaios. Além disso, vamos ter obras para 0 grupo in- teiro dos violonistas tocando em conjunto. Que tal, tché? Mas eu também toquei, acompanhan- do o excelente flautista alemao Hans Joachim Fuss em sua apresentacdo, bem como tocando duas pecinhas solo. Acho que a turma gostou... Para o ano tem mais supressas, j4 que, como 4 deves ter notado, sou um apaixonado pelo tepertdrio do nosso instrumento. Marcio de Souza é bacharel em miisica/vio- lao pela UFRGS e mestre em execusdo musi- cal pela UFBA. Atualmente leciona no Insti- tuto de Artes da UFRGS. End: Sarmento Leite 1011/34 - Porto Alegre - RS. CEP 90050 170. F: (051)226 25 31. S 1 SEMINARIO INTERNACIONAL DE vIOLAO : 1 CONCURSO NACIONAL DE VioLio ‘ERUDITO ESCOLA PRO-MUSICA - SESC Homenagem a Antonio Crivellaro. De Il a 14 de Outubro. Master class com o violonista mexicano Francisco Gil; concertos de Gilson Antunes; Eduardo Castafiera; Francisco Gil e vencedores do 1 Concurso Escola Pr6-Misica. ‘Concurso em 3 categorias: infantil (até 11 anos); jovem (de 12.a 15 anos) ¢ adulto (de 16 anos em diante). Data prevista para encerramento de inscrigdes: 08de outubro. Taxas: Curso - R$ 80,00- executante; R$ 40,00 - ouvinte; Concurso: R$ 40,00. Hé possibilidade de alojamento para vindos de outras localidades e hotéis locais t@m descontos promocionais para os participantes do evento. Escola Pré-Misica Av. Jtilio de Castilhos, 2001, sub-solo Centro - Caxias do Sul - RS CEP 95010-005 e usica@nutecnet.com.br ‘SAO PAULO - SP 1X CONCURSO DE VIOLAO SOUZA LIMA Categorias: Solo (4 turnos: infantil, até 1lanos; infanto-juvenil até 14 anos; juvenil até 17 anos € sem limite de idade); duo, trio ou quarteto de violdes; duo de violo com outro instrumento. Taxa: R$ 40,00. Inscrigdes até 31 de outubro. R. José Maria Lisboa, 745 CEP 01423-001 - tel.: (011)884-9149. SETEMBRO - Concertos para violo € Orquestra, Solista: Everton Gloeden. (ver antincio na iiltima pagina). 17/9 - Recital solo de Edelton Gloeden no Centro Universitario Maria Antonia - USP, as 20 hs, na sala 100. No programa, misica brasileira. Enderego: Rua Maria Antonia 280. Lancamento do CD “Uma festa brasileira” Selo Paulus, com José Ananias (flauta) ¢ Edelton Gloeden (violio). Neste CD sio abordadas as principais obras originais para esta formagio, partindo de Villa- Lobos até Paulo Costa Lima, passando por Radames Gnattali, Sérgio Vasconcelos Correa € Paulo Porto Alegre, além de transcrigdes ealizadas pelos intérpretes sobre criagdes de Mathieu-André Reichert, Francisco Mignone, Camargo Guamieri e Edino Krieger. 25/9 - CENA (Centro de Encontro das Artes) as 20:30 hs. Rua Ibiaté, 52 Itaim Bibi. Tel.: (011)822-9543 Fax: 820-8053. 30/9 - TULHA - Campus da USP de Ribeiro Preto as 20 hs. 22/10 - Recital com o Duo: Violiocellando - Gretchen Miller (cello) Henrique Pinto (violio).. Local: Banco Moreira SalleS Espago Higienépolis Instituto Moreira Salles. End.: Rua Piaui, 844 - I°andar as 21 hs. 29/10 - Recital de Tiaraju Aronovich no Musicalis, 4s 20h30, No repertério, Aguado, Bach € Garoto. Confirmar (011) 820-1514, 30 e 31/10 - Recital de Tiaraju Aronovich no audit6rio da Biblioteca Monteiro Lobato, as 20h. Norepert6rio somente obras de J. S. Bach. O local 6 proximo a estago Santa Cecilia do Metro. 14/11 - Concerto de Aranjuez. Solista: Edelton Gloeden, coma Orquestra Sinfonica da USP, sob regéncia de Ronaldo Bologna, Local: Anfiteatro Camargo Guarnieri. 15/11 - Recital de Everton Gloeden nos SESC Belém. No programa, obras de Villa-Lobos. ARACATUBA - SP 26/9 - Recital de Henrique Pintoem duocom Luciano ‘Meneghetticern duocom Sidney Gi-menez. Local: ‘Teatro Paulo Alcides Jorge 3s 21 hs. BELO HORIZONTE - MG De 25 a 27/11 - Concurso de Violdo José Lucena ‘Vaz. Informagées: (031)499-4706. SAO CAETANO DO SUL - SP I Encontro de Violonistas da Fundagao das Artes de Sao Caetano do Sul - de 6 a 8/11. (ver antincio na tiltima pagina), Viole CURITIBA - PR 24/08 - Esteve em Curitiba o luthier Roberto Gomes, dando uma palestra sobre histéria do vi- lio ¢ instrumentos antigos. Mostrou slides ¢ um video sobre construgio de instrumentos (leque, espessura do tampo etc.). Tragou um hist6rico da evolugao nos padrdes de construgio desde Anto- nio Torres, considerado o pai do violdo moderno, até luthiers da atualidade. A palestra foi organi- zada pelo professor Mario da Silva Jr., com apoio da EMBAP. 29/08 - Em concerto de violdo no auditério da ‘ordem Rosacruz apresentaram-se os violonistas Eldade Marcelino e Brenyo Chimiti, alunos do curso de Bacharelado em Violio na EMBAP. SALVADOR - BA Apresentaram-se os violonistas: 2.W08 - Mateus Dela Fonte, Ant6nio Leonardo e Umberto Salles; 26/08 - Wladimir Bonfim, Jodo Paulo Figuerda; 27108 - Paulo Inda, Robson Mattos, Marcelino Moreno 28/08 - Marcio de Souza; 31/08 - Eduardo Isaac tocou 0 Concerto del Sur de Manuel Ponce no Teatro Jorge Amado com a Orquestra Sinfénica da UFBA. RIO DE JANEIRO - RI 30/08 - O Grr Trio de Violdes esteve no Teatro Carlos Gomes no programa “Concertos para a Juventude”, promovido pelo Conservatério Bra- sileiro de Musica. Na ocasido, 0 trio teve a opor- tunidade de conhecer o pianista Marcos Souza, filho do violonista Chico Mario - irmio de Henfil e Betinho. Marcos Souza fez questo de oferecer ao trio uma partitura de seu pai, que quando mo- rava em Sio Paulo estudou com Henrique Pinto, Marcos também revelou que seu pai fez intime- ras composigdes para violio e ele espera catalo- gar todas, 5/09 - Projeto Paulus in Concert. Recital de lan- gamento do CD “Miisica para Violino e Violio - obras de compositores alemaes ¢ italianos”, pelo selo Paulus. Com Anderson Rocha (violino) € Ricardo Marui (violio), no Teatro Cacilda Becker. Viola Untereambi ‘Se apresentaram no | projeto Edelton Gloeden (Vi- olfo)e José Ananias (lauta), langando oCd “Uma festa Brasileira”, ¢ Paulo Porto Alegre (viola), Rogério Wolt (flauta)e Marcelo Jaffé (viola),com ‘CD Trio for Flute, Viola & Guitar. Edelton Gloeden foi um dos indicados para 0 Prémio Carlos Gomes na categoria de interpréte de misica erudita, juntamente com a violinista Blisa Fukuda e 0 organista José Luis de Aquino, Jovem violonista brasileiro britha em concurso na Argentina 0 violonista Thiago Colombo de Freitas, de Farroupilha - RS, ficou em 3.0 lugar no X En- ‘cuentro de Nifios y Jvenes Miisicos, em Cér- doba, Argentina. Thiago, de 15 anos, deixou para trés mais de 60 concorrentes. O primeiro colocado foi um pianista russo ¢ o segundo, um violinista argentino. Em Sao Paulo, Thiago ven- ceu em sua categoria o I Concurso Musicalis, tem tudo para continuar brilhando. Atualmen- te, ele tem aulas com Eduardo Isaac. CONCURSO MUSICALIS Foi realizado nos dias 6 e 7 de setembro o II Concurso de Interpretagio ¢ o I Concurso de Composigaio Musicalis. Os objetivos de divul- gar o violdo e revelar novos talentos foram ple- namente atingidos, na opinido dos orga- nizadores, e a continuidade de eventos deste tipo com certeza traré mais adeptos ao instrumento. Fizeram parte da banca julgadora a composito- ra Lina Pires de Campos, os violonistas Eduar- do Fleury, Alvise Migoto e Paul Galbraith (Paul participou somente do Concurso de Composi- io). Veja agora os vencedores de cada categoria: Melhor composigdo: “Puisagem ¢ Visdes” de Leonardo Boccia, ‘compositor italiano radcado em Salvador: Taro (até 10 anes) 1. Camila Bonini Delaoli 20 Bruna Ramos 3.0 - Manoel Rodrigues Junio Tum (id 14 anos) 1.0 Joo Carls Vitor Alves 20 Maria Soledad Acevedo 3.0 - Otdvio de Lima Costa 1 Tuo (ai 17 anos) 1. - Thiago Colombo de Freitas 2.0 - Gustavo Salvador Batista do Carmo 3.0- Bruno Tsai ¢ Jtilio Cesar Mendes Afonso 1V Tuo (sem lite de dade) llo- Marco Femandese Luciano César Moms Siva 220. Vladimie Bonfim Primo 3.0-Tiaraju Aronovich CONCERTO DE ARANJUEZ Joaquin Rodrigo Orquestra Nova Filarmonia Regente: Paulo Rydlewski 22/9 - Colégio Santo Américo 21h 27/9 - SESC Taubaté 11h Fac. Santa Marcelina (data a confirmar) CONCERTO PARA VIOLAO E PEQUENA ORQUESTRA Heitor Villa-Lobos Orquestra Sinfonia Cultura Regente: Lutero Rodrigues 3/11, 10/11 e 1/12 - SESC Belém Vendo violdo Jodo Batista valor: R$ 1200,00 (011) 887-9686 falar c/ Alexandre Radio USP - 93,7 FM Tre CONCERTOS PARA VIOLAOE ORQUESTRA Il ENCONTRO DE VIOLONISTAS DA FUNDAGAO DAS ARTES DE SAO CAETANO DO SUL de 6 a 8 de Novembro Inscrig6es: de 14/9 a 23/10 (por correio ou pessoalmente) Taxa: R$ 15,00 (da direito a todos os eventos; transporte, alimentacao e hospedagem ficam por conta do participante). Ingressos para os eventos: R$ 5,00 Haverd certificado para os inscritos. Workshop: Quaternaglia Musica Eletroacuistica: Fernando lazzetta, Silvio Ferraz e Gilberto Assis Masterclass: Paulo Porto Alegre Ccncertos: Quatemaglia, duo Paola Pitherzky (violo) e Gabriela Machado (flauta); recital solo de Rosimary Parra; duo de violéo e Saxofone - Renato Santoro e Mario ‘Checchetto; recital solo de Paulo Tiné com composigdes préprias. Coordenagdo geral: Rosimary Parrae Andrea Paola Pitherzky. Informagées: Rua Visconde de Inhaima 730 Nova Gérti - Sao Caetano do Sul-SP. Tel: (011) 743-3030 lll Festival Nacional de Violao “Dilermando Reis” Guaratingueta - SP do 22 a 27/09 Participagdes de Edmauro de Oliveira, Nico Ferreira, Trio Dilermando Reis, Francisco Araujo , Marcos Oliveira, Paulo Porto Alegre, Grupo de Choro “Quebrando o Galho", Rogério Dentello e Camerata de Viol6es de Tatu. Informagées: Tel.: (0125) 35-2932 25-3922 25-5082. “VIOLAO EM TEMPO DE CONCERTO” Programas semanais quarta- feira as 22:00 Horas Produzido e apresentado pelo prof. Edelton Gi6eden da ECA-USP ‘SETEMBRO . 23 -Albeniz Guitar Duo. CD com obras de Brouwer, Frangaise e Jolivet. 30 -Obras para Violo e Orquestra no século XX. OUTUBRO 2.- Entrevista com o violonista francés Roge Eon. 14 - Paulo Bellinati e 0 CD Lira Brasileira. mmitsu, Kurlag @ Brouwer. 21 = Stefano Grondona - CD La guitarra de Torres, interpretando Liobet e Tarrega. 28 - VI Programa em homenagem ao 50° ano da morte de Ponce > UMA FESTA BRASILEIRA José Ananias (flauta) Edelton Gloeden (violéo) Selo: Paulus Sonatina Ei Keer) more cine Sagan) rma Beare te tees Corte Potaties Pome ie Metab) Saar faarp Cao } Api a te ae Cos ine Satara - 4 ‘enbraniey cptecnas Pegi RR oe ie ee FSSA oe per thewsnde Richer i ‘La Coquette opus 4 BACH - THE SONATAS E PARTITAS ‘for unaccompanied violin (CD duplo) Paul Galbraith a Selo Delos A ANTES Sonaa n1 BMV 1001 ‘ Sonata n" 3 BWV 1005 Partita n° 3 BWV 1006 MUSICA PARA VIOLINO E VIOLAO Compositores alemées e italianos séculos XVIII e XIX Anderson Rocha (violino) Ricardo Marui (violao) Selo: Paulus ‘Duo para violdoe violino (Christian Gottlieb Scheidler) Sonata Concertata em Lé Maior (Niccold Paganini) Cantabile Friedrich Wilhelm Rust (Sonata em Sol Maior) Nriagdes, opus 84 (Bauro Giuliani) ON TOCATA BRASILEIRA para pinho e arame Gisela Nogueira (viola de arame) Gustavo Costa (violao) Selo: CPC-UMES Atraente/ Gaucho (Chguinha Gonzaga) Lamentos do Morr (Garo) Nenecnka e Catia (Anaceto de Medeiros Ingénuo (Pcinheuinka /Benedito Lacenda) Jorge do Fusa (Garo) Henvene (Eresto Nazancth) Toccata em ritmo de samba n° | (Radamés natal) Suite Retratos(Radamés Graal)

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