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PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO

Professora:
Me. Marcia Pappa
DIREÇÃO

Reitor Wilson de Matos Silva


Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Executiva Pedagógica Janes Fidelis Tomelin


Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho
Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha
Head de Projetos Educacionais Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano
Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho
Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo
Projeto Gráfico Thayla Guimarães
Designer Educacional Rossana Costa Giani
Editoração Flávia Thaís Pedroso

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação


a Distância; PAPPA, Marcia.

Planejamento e Controle da Produção. Marcia Pappa.
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.
42 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
1. Gestão 2. Produção 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 338


CIP - NBR 12899 - AACR/2

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obtidas a partir do site shutterstock.com

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sumário
01 06| CONCEITO E FINALIDADE DO PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO

02 13| PREVISÃO DE DEMANDA

03 20| PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA PRODUÇÃO

04 27| PLANEJAMENTO MESTRE DA PRODUÇÃO (PMP)


PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Apresentar os conceitos relacionados à etapa de Planejamento da Produção.
•• Citar os Tipos de Sistemas Produtivos.
•• Conceituar o termo Previsão de Demanda.
•• Analisar as ações do Planejamento Estratégico da Produção.
•• Compreender o Planejamento Mestre da Produção (PMP).

PLANO DE ESTUDO

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:


•• Conceito e Finalidade do Planejamento da Produção
•• Previsão de Demanda
•• Planejamento Estratégico da Produção
•• Planejamento Mestre da Produção (PMP)
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a),
Neste estudo serão abordadas questões relacionadas ao planejamento da
produção. Esse assunto é de vital importância para as rotinas diárias de uma
indústria, pois, por mais que imprevistos aconteçam, os gestores devem ter
informação para tomada de decisão de forma a minimizar os impactos que
esses imprevistos possam causar em todo processo.
As atividades a serem realizadas em cada momento das rotinas produtivas
também serão abordadas, de forma a trazer subsídios para que você possa
compreender as ações que devem ser realizadas em cada etapa, desde o
desenvolvimento do produto até a entrega dos pedidos aos consumidores finais.
Você já deve ter ouvido falar em planejamento estratégico, tático e operacional,
mas afinal quais são as ações realizadas em cada uma dessas etapas? Quais
informações devem ser analisadas para que o planejamento como um todo
atenda ao objetivo da empresa? Essas respostas poderão ser obtidas no decorrer
do estudo desta unidade.
Os assuntos tratados são valiosos para a compreensão das atividades que
envolvem o setor produtivo, a definição da regra de negócio da empresa também
é importante, bem como o conhecimento das tarefas a serem realizadas para
elaboração do plano de produção e o plano mestre.
Você está preparado? Então vamos lá. A partir de agora você irá estudar
esse assunto que é a essência para o bom desempenho do setor produtivo das
nossas indústrias.

introdução
6 Pós-Universo

Conceito e Finalidade do
Planejamento da Produção
Pós-Universo 7

Quando o assunto é produção, relacionamos as funções que envolvem a transformação


de um bem ou serviço como, por exemplo, a produção de automóvel, eletrodoméstico,
produtos de beleza e também a prestação de um serviço como uma biblioteca.
As funções relacionadas à produção começaram a ser percebidas desde a
antiguidade, quando os homens da caverna produziam seus próprios utensílios
domésticos. Nesse momento histórico, utilizavam materiais brutos que encontravam
na natureza e transformavam em bens de consumo próprio.
Conforme o tempo foi passando, as pessoas que tinham o dom de transformar
um material em um bem de consumo começaram a receber encomendas dos
produtos, passando então a existir atividades comerciais. Surgem, dessa forma, os
artesãos, que recebiam encomendas e trabalhavam com princípios de organização,
estabelecimento de prazos de entrega e sequências produtivas.
Seguindo a evolução do nosso processo produtivo, com o surgimento da
revolução industrial, a produção artesanal iniciou um declínio, pois, segundo Martins
e Laugeni (2005), com o advento da máquina a vapor as forças humanas passaram
a ser substituídas pelas máquinas.
No final do século XIX, Frederick W. Taylor apresentou seus trabalhos nos Estados
Unidos, aplicando conceitos de produtividade e padronização das tarefas. Na mesma
época, 1881, tivemos outros precursores com o casal Frank e Lilian Gilbret, que
aplicaram conceitos de tempos produtivos e racionalização dos métodos de trabalho
(TUBINO, 2000).
Segundo Slack et al. (1996), Henry Ford também foi considerado inovador, pois
introduziu a linha de montagem e conceitos de produção em massa. Dessa forma,
tinha-se um volume de produção considerável e padronizada.
As indústrias passam então a terem uma produção mais organizada, estabelecendo
padrões tanto de processos quanto de produtos, maior qualidade, iniciando também
a avaliação do custo e acompanhamento da eficiência do processo, enfim, é iniciado
um pensamento em que a obtenção de informação se faz cada vez mais necessária.
(ZACARELLI, 1982).
8 Pós-Universo

Hoje em dia, os processos produtivos têm como característica a inovação, não


somente na questão de tecnologia, máquinas e equipamentos de última geração, mas
também na questão de aplicação de técnicas que otimizam o processo produtivo,
englobando desde a análise da demanda até o recebimento do produto pelo
consumidor final (MARTINS; LAUGENI, 2005).
Na era de mercados cada vez mais competitivos, o investimento no capital
intelectual é valorizado e o conhecimento dos colaboradores é visto como um
diferencial. Dessa forma, os gestores também mudam a forma de pensar, pois se em
tempos passados a força humana era valorizada, atualmente é o conhecimento que
está em destaque.
Após esse rápido entendimento sobre como aconteceu a evolução do nosso
processo produtivo, a partir de agora vamos nos aprofundar nas questões relacionadas
ao Planejamento e Controle da Produção (PCP).
A sigla PCP é muito utilizada no nosso setor produtivo, mas afinal o que ela
realmente quer dizer?

•• Podemos dizer que é uma atividade integrada ao processo?

•• É um setor que está localizado no chão de fábrica?

•• Ou são ações que determinam o rumo da produção?

Respondendo a esses questionamentos, de acordo com Tubino (2007), o PCP, ou como


alguns autores tratam PPCP – Planejamento, Programação e Controle da Produção,
está relacionado a ações que envolvem o setor produtivo, fazendo a integração com
os demais setores da organização, e geralmente é encontrado nas indústrias um setor
em que existem profissionais de produção e logística realizando essas ações.
As funções que estão relacionadas às práticas de planejamento, programação e
controle dos processos produtivos têm início na etapa de engenharia e desenvolvimento
de produto, seja criando novos produtos ou melhorando os já existentes, até a chegada
desse produto ao consumidor final. Dessa forma, quando falamos que o PCP faz
integração com os demais setores da organização é porque ações que são realizadas
desde o momento da criação do produto, passando pelo momento da venda desse
produto, passando pelo chão de fábrica, faturando esse pedido e enviando o produto
ao cliente, interferem e influenciam no planejamento da produção.
Pós-Universo 9

Para que possamos entender melhor quais são essas atividades, vamos compreender
o que é um sistema produtivo. De acordo com Martins e Laugeni (2005), o sistema
produtivo pode ser entendido como um processo de entradas (inputs), que são
organizadas e geram como resultado as saídas (outputs) (Figura 1).

INPUTS TRANSFORMAÇÃO OUTPUTS

• Mão de obra • Processo Produtivo • Produtos


• Materiais • Serviços

Figura 1: Funcionamento do Sistema Produtivo


Fonte: Martins e Laugeni (2005).
Segundo Moreira (2009), os insumos, como a mão de obra, materiais, máquinas e
equipamentos, capital e conhecimento, são transformados diretamente em produto.
O processo de transformação está relacionado a ações de chão de fábrica, ou seja,
nessa etapa ocorre a fabricação dos produtos.
Por isso dizemos que o PCP age desde o início do processo até as entregas dos
produtos aos clientes, pois fornece informações para compra de materiais ou insumos,
verifica a necessidade de produção, analisa a capacidade produtiva, acompanha a
qualidade e produtividade, acompanha o custo de produção, analisa o andamento
da produção e também verifica a necessidade de investimento em mão de obra e
equipamentos (MOREIRA, 2009).
Por exemplo, consideramos que o PCP precisa organizar as ações a serem realizadas
no chão de fábrica, dessa forma, tem a necessidade de saber qual é a demanda dos
produtos, informação essa que é conseguida no setor comercial/vendas. Também
precisa saber qual é o estoque de matéria-prima e, para isso, troca informações com
o setor de almoxarifado, para posteriormente fornecer informações para o setor de
compras daquelas matérias-primas que precisam ser adquiridas, trocando ainda
informação com o setor de estoque de produto acabado/expedição e também com
o chão de fábrica para saber qual é o estoque em processo (TUBINO, 2000).
10 Pós-Universo

O setor de recursos humanos não pode ser esquecido, pois é nele que acontece
a troca de informações relacionadas aos colaboradores, contratação, demissão, horas
extras, necessidade de cursos, palestras ou treinamentos. Essas informações são
essenciais para que os gestores possam tomar decisões relacionadas ao planejamento
estratégico, tático e operacional (Figura 2).

Recursos Compras/
Expedição
Humanos Suprimentos

Engenharia
Financeiro PPCP
do Produto

Produção Almoxarifado Comercial

Figura 2: Integração entre PCP e setores empresariais


Fonte: Pappa (2013).
Enfim, alguns autores tratam o PCP como sendo o pulmão ou o coração da empresa,
uma etapa crucial para o bom desenvolvimento da organização, pois, para que os
produtos possam ser fabricados, se faz necessário reunir informações para que as
decisões sejam tomadas, por isso a importância do PCP.
Para que aconteça essa troca de informações de forma coerente, confiável e ágil,
muitas empresas utilizam softwares de gestão integrados, que fornecem uma maior
confiabilidade no final do processo e proporcionam aos gestores uma tomada de
decisão mais acertada.
Falamos que o PCP está ligado às funções de planejamento, programação e controle,
mas, para que essas funções sejam realizadas de forma satisfatória, é necessário que
seja conhecido o tipo do sistema produtivo com o qual se está trabalhando.
De acordo com Tubino (2007), o grau de complexidade dessas funções pode variar
de acordo com o tipo de sistema. Essa classificação tem como finalidade facilitar o
entendimento das características do sistema produtivo, resultando assim nesse grau
de complexidade.
Pós-Universo 11

Segundo Martins e Laugeni (2005), podemos classificar os sistemas produtivos


da seguinte forma:

a. Sistema Produtivo em Massa: nessa modalidade, a produção tem


características de altos volumes de produção e alto grau de padronização
dos produtos. Como exemplos podem ser citadas as grandes montadoras
de veículos, fábricas de confecção que têm pouca variedade de produtos
e alto volume produtivo.

b. Sistema Produtivo em Lote: nos sistemas caracterizados em lote, têm-se


como característica principal médios volumes de produção e média
diversidade de produtos. Como exemplo, pode ser citada a indústria da
moda, em que produtos são diferenciados e apresenta médios volumes
produtivos.

c. Sistema Produtivo Sob Encomenda: nesse tipo de sistema, os produtos


são vendidos e produzidos de acordo com a necessidade do cliente, com
demandas baixas e na grande maioria das vezes sendo produzida uma
única unidade do produto. Como exemplo, podemos citar os alfaiates,
que fazem a costura das peças de acordo com o pedido de cada cliente e
nas suas medidas. Também podemos citar os móveis planejados, que são
produzidos de acordo com as especificações de cada cliente.

d. Sistema Produtivo Contínuo: Nesse tipo de sistema, tem-se como


característica a alta uniformidade de produção como, por exemplo, produção
de petróleo e energia elétrica. Nos sistemas contínuos, não conseguimos
identificar claramente a separação de fases de produção, por isso o nome.
A automação dos processos também é encontrada em alto grau.

A característica do processo produtivo é que irá definir a forma de planejamento


e controle da produção, assim como o lead time, o layout, o tempo de ciclo e o
acompanhamento dos processos, pois quando o gestor tem esses conhecimentos
consegue dimensionar o setor produtivo de acordo com a característica de venda e
distribuição dos produtos (TUBINO, 2007).
12 Pós-Universo

Podemos acompanhar um resumo das características dos sistemas produtivos


no quadro 1, a seguir.

Quadro 1 – Resumo das características dos sistemas produtivos


Contínuo Massa Lote Projeto
Volume de
Alto Alto Médio Baixo
Produção
Variedade de
Pequena Média Grande Pequena
Produtos
Flexibilidade Baixa Média Alta Alta
Qualificação
Baixa Média Alta Alta
MO
Layout Por produto Por produto Por processo Por processo
Capacidade
Baixa Baixa Média Alta
Ociosa
Lead Time Baixo Baixo Médio Alto
Fluxo de
Baixo Médio Alto Alto
Informações
Fonte: o autor.

Assim, podemos compreender que conhecer o sistema produtivo da indústria é


fundamental para que o planejamento, a programação e o controle da produção
possam ser realizados da melhor forma a fim de obterem-se resultados positivos.
Pós-Universo 13

Previsão de Demanda
14 Pós-Universo

A previsão de demanda é um assunto muito estudado nas nossas indústrias, pois


avaliar as informações advindas do mercado e também as informações internas da
empresa necessita que os gestores façam uma análise criteriosa para que gere um
resultado satisfatório para todos os envolvidos.

reflita
• Qual objetivo de se fazer previsão de demanda?
• Qual a importância e relevância da previsão de demanda para gestão
da produção?
• Se a empresa faz previsão, quer dizer que não irá acontecer erros no
planejamento?

São algumas perguntas interessantes que vamos responder no decorrer


da aula.

Para uma melhor compreensão do assunto, vamos inicialmente entender claramente


alguns termos utilizados quando o assunto é previsão de demanda. Segundo Martins
e Laugeni (2005), são eles:

•• Planejamento: processo lógico no qual são determinados metas e objetivos


e que no decorrer do processo são seguidos.

•• Predição: processo que visa à determinação de um acontecimento futuro,


mas sem análises muito bem definidas, sem metodologia clara e também
baseadas em aspectos subjetivos.

•• Previsão: processo para determinação de um acontecimento futuro, nele,


diferentemente da predição, são utilizados técnicas estatísticas, modelos
matemáticos, com a utilização de metodologia clara e objetiva.

De acordo com Moreira (2009), a previsão de demanda pode ser definida como um
processo racional baseado em técnicas estatísticas e matemáticas, cujo objetivo é
saber a quantidade de vendas futuras que a organização tem capacidade de atingir,
seja de um produto ou de uma família de produtos.
Pós-Universo 15

A previsão de demanda é realizada para traçar objetivos estratégicos, ou seja,


objetivos a serem alcançados em longo prazo e, de acordo com Tubino (2007), ela
é a base para o planejamento das áreas de vendas, produção, finanças e recursos
humanos, pois, a partir dessa informação, são traçados números, permitindo aos
demais setores fazerem o planejamento e programação das suas atividades de acordo
com esse norte.
Os gestores devem levar em consideração que esses dados são originados de
previsão, por isso o acompanhamento no dia a dia de como eles estão se comportando
é fundamental, por mais que sejam utilizadas técnicas estatísticas, matemáticas,
análise do mercado, feeling dos administradores, imprevistos podem acontecer e
acabar influenciando nos números.
Para o gerenciamento e acompanhamento das informações de demanda, é
necessário focar em alguns itens e, de acordo com Correa, Gianesi e Caon (2009), são:

•• Previsão de demanda: nesse momento, a empresa deve ter conhecimento


para escolher e aplicar as técnicas existentes relacionadas ao cálculo da
demanda, levando em consideração a margem de erro, entender como o
ambiente interno interfere nos números e analisar o ambiente externo para
que a demanda gerada realmente possa ser utilizada para planejamento.

•• Comunicação com o mercado: esse fator é bem interessante, pois, em


alguns casos, as organizações acabam não avaliando de forma coerente a
opinião dos clientes e também dos colaboradores que mantêm contato
com o ambiente externo. Além da avaliação dos dados históricos, deve ser
levado em consideração o mercado, pois caso contrário pode ser que, na
análise da previsão, acabem sendo deixados de lado dados preciosos.

•• Influência sobre a demanda: na análise da previsão de demanda, a empresa


também deve estudar meios que podem influenciar o resultado final como,
por exemplo, no momento da venda, estabelecer quantidades mínimas
para os clientes comprarem, montar mix de produtos, estabelecer prazos
e condições de pagamentos diferenciadas do que está sendo oferecido no
mercado.
16 Pós-Universo

•• Promessa de prazo de entrega: no momento em que acontecem as vendas,


são prometidos os prazos de entrega; essa habilidade em promessas deve
ser convertida na eficiência de entrega, pois, se a empresa não consegue
honrar seus prazos, podem ser comprometidas as vendas futuras e assim
influenciar na previsão de demanda.

•• Priorização e Alocação: a previsão de demanda gera informações para


as demais áreas da empresa, dessa forma, deve ser elaborado um plano
de vendas pelo setor comercial/marketing e passado às outras áreas, para
que se consiga fazer um planejamento das ações baseado nesses dados.
Por exemplo, o setor produtivo analisa esses dados e consegue programar
de forma antecipada a capacidade produtiva, se terá condições de fabricar
esses produtos internamente ou se terá que fazer terceirizações.

É preciso acompanhar esse processo de determinação da demanda, pois existem


erros que as empresas podem acabar cometendo. Segundo Correa e Correa (2007),
os erros mais comuns são:

•• Confundir previsão com metas.

•• Gastar tempo e esforço discutindo se a previsão está certa ou errada, ao


invés de concentrar os esforços para verificar o quanto está se errando e
procurar as causas.

•• Pensar somente nos números de previsão e esquecer os desvios, ou seja,


levar em consideração uma estimativa de erro ou desistir ou não buscar a
melhoria dessas estimativas, aplicando os métodos adequados e analisando
o ambiente.

Agora que já entendemos o que é previsão de demanda e os fatores que interferem


nesses números, vamos nos concentrar em quais informações devem ser levadas
em consideração nessa análise, de acordo com Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009):

•• Dados históricos das vendas.

•• Dados históricos das demandas, nesse caso, analisar o potencial do mercado,


as vendas perdidas e identificar o motivo, buscando sempre a melhoria.
Pós-Universo 17

•• Informações que demonstrem o comportamento atípico das vendas, ou


seja, fatores que interferiram no volume das vendas como, por exemplo, a
falência de um concorrente que impactou em um aumento expressivo nas
suas vendas em um determinado período.

•• A situação real do seu mercado, ou seja, analisando os concorrentes, possíveis


concorrentes ou a real característica do público alvo.

•• Análise da economia do país e como essa conjuntura pode influenciar na


demanda.

•• Lançamento de novos produtos ou serviços e como esse fator pode


influenciar na demanda.

•• Realização de pesquisas de mercado com questionamentos que possam


fornecer informações sobre comportamentos futuros do público alvo.

Diante de tantas informações, qual deve ser a sequência correta para se conseguir
ter uma previsão de demanda confiável e segura? Devemos primeiramente entender
o objetivo do método a ser aplicado, como ele funciona e que tipo de informação
demonstrará, entender quais dados serão coletados e também como eles devem
ser monitorados.
Após estudo desses fatores e informações advindas do ambiente interno e externo,
a previsão de demanda requer a aplicação de técnicas estatísticas e matemáticas que
possam reproduzir esse cenário com a redução de incertezas.
Segundo Martins e Laugeni (2005), para se fazer uma previsão de vendas adequada,
é necessário conhecer o tipo da demanda e os padrões mais comuns são:

•• Média: em que as flutuações da demanda estão em torno de um valor


constante.

•• Tendência Linear: em que a demanda cresce ou decresce linearmente.

•• Tendência Não Linear: em que a demanda cresce ou decresce linearmente,


conforme uma equação do 2º grau, por exemplo.

•• Estacional ou Sazonal: em que a demanda cresce ou decresce em certos


períodos.
18 Pós-Universo

Após a identificação do tipo da demanda e análise dos dados descritos anteriormente, é


possível fazer a aplicação da melhor técnica de previsão. De acordo com Tubino (2007),
essas técnicas podem ser subdivididas em dois grandes grupos: as qualitativas, que
envolvem dados subjetivos, ou seja, opiniões e julgamentos de pessoas que entendem
dos processos da empresa, e as quantitativas, que envolvem dados numéricos.
Para Correa e Correa (2007), as previsões quantitativas podem ser subdivididas
em dois grandes grupos: as técnicas baseadas em séries temporais e as técnicas
baseadas em correlações. Nas séries temporais, a modelagem matemática analisa
os dados históricos do produto e parte do princípio que esses dados passados não
sofrem influência de outras variáveis; já as técnicas de correlação analisam os dados
históricos do produto juntamente com variáveis que interfiram na demanda do
produto.
Segundo Martins e Laugeni (2005), as técnicas que podem ser aplicadas no
método baseadas em séries temporais são:

•• Técnica para previsão: média móvel.

•• Técnica para previsão: média ponderada.

•• Técnica para previsão: média exponencial móvel.

•• Técnica para previsão: ajustamento sazonal.

•• Técnica para previsão da tendência: equação linear.

•• Técnica para previsão da tendência: ajustamento exponencial para a


tendência.

Como exemplo, consideramos a seguinte situação: uma indústria de chocolate está


fazendo a previsão de demanda para o próximo período de vendas, e um determinado
produto apresentou a demanda dos últimos 12 meses, conforme tabela 1. Ela quer
determinar a previsão para o próximo período (janeiro do ano 2). Vamos calcular?

DEMANDA – Ano 1
MÊS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
DEMANDA 100 102 101 104 102 101 102 103 103 103 104 103
Pós-Universo 19

•• Aplicando o método da média móvel simples:

A demanda de janeiro do ano 2 será a média dos 12 meses anteriores: (100+


102+101+104+102+101+102+103+103+103+104+103) / 12 = 102,33

•• Aplicando o método da média móvel ponderada:

Nesse caso, utiliza-se um peso para os dados analisados, sendo que essa
soma deve ser igual a 1. No exemplo anterior, utilizar para o mês de janeiro
do ano 2 uma média móvel trimestral com fator de ajustamento 0,7 para
dezembro, 0,2 para novembro e 0,1 para outubro:

O cálculo fica da seguinte forma: 0,7 x 103 + 0,2 x 104 + 0,1 x 103 = 103,2

Segundo Tubino (2007), vários fatores podem afetar um modelo de tendência,


sendo assim, os gestores devem estar atentos à utilização do melhor método
que traga os melhores resultados.
20 Pós-Universo

Planejamento
Estratégico da Produção
Pós-Universo 21

O planejamento faz parte de todas as ações do ser humano, desde atividades mais
simples como pensar em uma festa de aniversário até atividades mais complexas
como planejamento de um casamento. Nas nossas indústrias não é diferente, as
atividades precisam ser planejadas em longo, médio e curto prazo, a fim de garantir
a execução das atividades de forma satisfatória.

fatos e dados
O Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022 aponta o caminho que a indústria
e o Brasil devem percorrer na próxima década para aumentar os níveis de
produtividade e eficiência e alcançar um elevado grau de competitividade,
respeitando os critérios de sustentabilidade. Disponível em: <http://www.
portaldaindustria.com.br/cni/canais/mapa-estrategico-da-industria/>.

O objetivo do planejamento estratégico, segundo Moreira (2009), é proporcionar


uma melhor visão das atividades a serem realizadas em longo prazo, maximizando
os resultados e minimizando os riscos e incertezas.
O tempo é uma vantagem crítica nas estratégias competitivas, as empresas
precisam ser cada vez mais produtivas, enxutas e ágeis, assim planejar se torna essencial
para alcançar resultados, proporcionado organização para que a empresa consiga
atingir os objetivos traçados no planejamento estratégico. Formular estratégias e
pensar no melhor caminho a percorrer não é algo recente, pois até os homens das
cavernas quando saíam para caça montavam um plano e, assim, até hoje as empresas
precisam pensar nas ações a serem realizadas (CHIAVENATO, SAPIRO, 2003).
De acordo com Tubino (2007), o planejamento estratégico da produção é uma
função pensada em longo prazo em que o plano de produção é elaborado, relacionando
as áreas de decisão da empresa e também avaliando as questões internas e externas
à organização (Figura 3).
22 Pós-Universo

Missão/Visão Corporativa

Estratégia Corporativa

Estratégia Competitiva

Estratégia Competitiva

Estratégia Funcional
Finanças Marketing
Produção

Táticas Funcionais

Operações Funcionais

Figura 3: Planejamento Estratégico


Fonte: Tubino (2007).

Ainda segundo o autor, a missão e visão da empresa são avaliadas, pois aqui traz
uma visão futura da organização, as estratégias também são analisadas, tanto as
corporativas, pois essa define as áreas de negócios em que a empresa irá atuar, quanto
as estratégias competitivas, pois demonstram a informação de como as unidades de
negócios irão competir no mercado.
De acordo com Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009), essas estratégias compõem
a lista de informações analisadas no momento da previsão de demanda, pois, com
essas informações em mãos, a empresa consegue montar o plano de produção.
As estratégias de produção, segundo Martins e Laugeni (2005), são elaboradas
avaliando as informações do planejamento, ou seja, de acordo com o objetivo que
a empresa definiu, o setor produtivo irá elaborar o caminho a percorrer para o seu
alcance.
Pós-Universo 23

Para que o PCP consiga montar sua estratégia, primeiramente deve estabelecer
quais critérios ou parâmetros são relevantes para a empresa, por exemplo, critérios
de desempenho e áreas de decisão que devem ser avaliados para garantir o melhor
desempenho desse critério (TUBINO, 2007).

atenção
O plano de produção analisa a demanda, a capacidade produtiva e a
necessidade de investimento em máquinas ou pessoas, isso por família de
produtos.

reflita
Quanto menor o ciclo de vida dos produtos e serviços – devido à rápida difusão
da nova tecnologia suportada pelas novas redes de telecomunicações–,
maior será o prêmio competitivo às organizações ágeis e rápidas.
Fonte: Chiavento e Sapiro (2003).

Critérios de Desempenho Áreas de Decisão


Políticas da
Custo Instalações
Produção
Qualidade Capacidade de produção
Desempenho de entrega Tecnologia
Flexibilidade Integração vertical
Ético-Social Organização
Recursos Humanos
Qualidade
PCP
Novos Produtos

Figura 4: Critérios e Áreas de Decisão


Fonte: Tubino (2007).
24 Pós-Universo

Após o estabelecimento desses critérios e a definição de qual área de decisão irá sofrer
interferência, é montado o plano de produção. Segundo Correa, Gianesi e Caon (2009),
esse plano tem como objetivo dar uma direção de ações a serem realizadas pelo
setor produtivo e áreas interligadas que venha ao encontro das estratégias definidas.
De acordo com Tubino (2007), no plano de produção, trabalha-se com informações
referentes à previsão de demanda advindas do setor comercial, geralmente por família
de produtos, já que estamos pensando em longo prazo.
A partir desses dados, são iniciadas outras ações. Conforme Moreira (2009), o PCP
analisa as seguintes questões:

•• Capacidade produtiva instalada.

•• Possibilidade de diminuição ou aumento dessa capacidade com base na


previsão de demanda.

•• Necessidade de aquisição de novas máquinas e equipamentos.

•• Análise da possibilidade de a produção ser realizada internamente ou da


necessidade de terceirizar serviços.

•• Contratação ou demissão de colaboradores.

•• Necessidade de treinamentos.

•• Necessidade de consumo de matéria-prima.

•• Necessidade de compra de matérias-primas e insumos.

•• Nível de qualidade desejado.

•• Avaliação de estoque de produto acabado.

•• Integração e troca de informações internamente.


Pós-Universo 25

Analisaremos agora uma indústria do vestuário que produz calças jeans e precisa
elaborar o plano de produção para a próxima coleção. O plano será elaborado para
os próximos seis meses que correspondem ao período da coleção.
Na indústria do vestuário, as peças são desenvolvidas e, posteriormente, aprovadas.
No setor de engenharia e desenvolvimento, são realizadas as documentações de cada
produto, ou seja, para todos os produtos, são montadas as fichas técnicas, nelas, são
discriminados todos os materiais que serão necessários para fabricação do produto,
e na ficha de operações, serão inseridas todas as etapas do processo produtivo
juntamente com o tempo de produção.
Dessa forma, a indústria já tem a informação do produto para montar suas
estratégias. O setor comercial também já fez a análise de previsão de demanda,
assim o PCP também já tem essas informações.
Para montagem do plano de produção, iremos analisar a família de produtos
calça jeans feminina. Entendemos como família os produtos que possuem as mesmas
características técnicas e possam ser analisadas em conjunto.
O quadro 2 demonstra as entradas do plano de produção referente ao produto
acabado, demanda prevista e à produção planejada, está analisando a capacidade
produtiva.

Quadro 2 - Plano de Produção


Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
Demanda Prevista 1500 3300 5000 2200 2500 1500
Demanda Real
Estoques Iniciais 0 1000 200 0 0 0
Produção Planejada 2500 2500 4800 2200 2500 1500
Produção Realizada
Fonte: Pappa (2013).
26 Pós-Universo

Nesse exemplo, a capacidade produtiva é de 2500 unidades, dessa forma, para efeito
de planejamento, o setor produtivo irá produzir no mês 1 e 2 mantendo estoque
para atender o mês 3, nesse momento, o PCP deve avaliar quais decisões deverão
ser tomadas, devido à capacidade produtiva ser de 2500 unidades e, para atender
a demanda, deverão ser produzidas 4800 unidades, considerando o estoque inicial,
o PCP deverá verificar se essa produção excedente terá que ser terceirizada ou se
deverá ser realizada em mais turnos de trabalho, assim como fazer avaliação de horas
extras de trabalho.
É nesse momento que a equipe de produção já começa a avaliar se a produção
será interna, se terá necessidade dos colaboradores fazerem horas extras, ou se irá
enviar essa produção para um prestador de serviços.
Já nos meses 4 e 6 a demanda é menor que a capacidade produtiva, se não for
pensado em outro produto para ser produzido, a fábrica ficará ociosa.
A previsão de demanda deve ser sempre acompanhada para identificar os possíveis
desvios, dessa forma, a demanda real são as vendas que estão acontecendo, por isso o
PCP deve acompanhar essas informações, tanto nas vendas quanto no andamento da
produção, verificando se todas as ações planejadas realmente estão sendo executadas.
Essa análise também é feita para as matérias-primas, verificando os estoques e
necessidade de compras, analisam-se também a capacidade produtiva e os custos
envolvidos em todo esse processo.
A partir da análise do plano de produção, segundo Martins e Laugeni (2005), é
possível desmembrar as informações para o Plano Mestre de Produção (PMP).
Pós-Universo 27

Planejamento
Mestre da Produção (PMP)
28 Pós-Universo

O planejamento faz parte da vida das organizações, com ações e pensamentos a


serem realizados em longo, médio e curto prazo. Nesta aula, iremos compreender
quais são essas ações desenvolvidas em médio prazo e como elas estão integradas
às rotinas produtivas das indústrias.
O plano mestre de produção (PMP) é realizado nas indústrias com objetivo de
desmembrar as informações fornecidas no plano de produção, em ações para as
etapas de programação e controle da produção (MOREIRA, 2009).
De acordo com Tubino (2007), as informações advindas do plano de produção,
como a previsão de demanda em famílias, já são desmembradas por produto; nesse
momento, o PCP também avalia as informações das vendas que estão acontecendo.

atenção
O Plano Mestre da Produção – PMP – desmembra as ações definidas para
as famílias de produtos no plano de produção em ações de médio prazo
para os produtos individuais.

Para formulação do PMP, várias informações de entrada são necessárias e, de acordo


com Slack et al. (1997), precisam ser mapeadas e acompanhadas nas suas origens.
As entradas para o PMP podem ser acompanhadas na Figura 5.

restrições chave
carteira de pedidos
de capacidade

previsão de níveis de
demanda estoque
PROGRAMA
MESTRE DE
PRODUÇÃO
demanda de demanda por
empresa coligada peças de reposição

necessidades necessidade
demanda de P&D para exposições de estoque de
e promoções segurança

Figura 5: Entradas do PMP


Fonte: Slack et al. (1997)
Pós-Universo 29

Dessa forma, a finalidade do PMP é fornecer informações para tomada de decisão em


médio prazo bem como fornecer subsídios para as ações em curto prazo na etapa de
planejamento operacional, pois nesse momento o PCP precisa responder a quatro
questões básicas, conforme Martins e Laugeni (2005):

a. O que produzir?

b. Quanto produzir e comprar?

c. Quando produzir e comprar?

d. Com que recursos produzir?

Vamos entender cada uma dessas questões.

a) O que produzir?

Essa resposta o PCP irá obter avaliando as vendas do período e também os números
relacionados à previsão da demanda. Essas informações são advindas do setor comercial
e muitas indústrias utilizam softwares de gestão integrados, a fim de garantir que
essa comunicação entre setor comercial e produção seja ágil e confiável.
Dessa maneira, o setor de PCP irá acompanhar as vendas já desmembradas por
produto (Quadro 3), considerando também as vendas, por exemplo, por cor e tamanho,
para que assim consiga fazer a previsão de consumo de matéria-prima e também
balancear os processos produtivos. Respondendo então a esse questionamento, o
setor de PCP, dependendo da estrutura da indústria, avalia esses dados pelo software
de acordo com o lote dos pedidos.

Quadro 3 - Previsão de Demanda e Vendas


Produto 1 Produto 2 Produto 3 Produto 4
Demanda Prevista 1500 3300 5000 2200
Demanda Real (vendas) 700 3500 5200 2000
Fonte: Pappa (2013).
30 Pós-Universo

b) Quanto produzir e comprar?

O PCP irá ter essa resposta avaliando o plano de produção gerado no planejamento
estratégico (Figura 7), desmembrado por produtos, dessa forma irá analisar a previsão
de vendas, as vendas efetivadas, os estoques de produto em processo e acabado
(TUBINO, 2007).

Quadro 4 - Necessidade produtiva


Produto 1 Produto 2 Produto 3 Produto 4
Demanda Prevista 1500 3300 5000 2200
Demanda Real (vendas) 700 3500 5200 2000
Estoque em Processo 200 1000 200 300
Estoque Produto Acabado 0 2500 4000 1200
Necessidade de Produção - 500 0 - 1000 - 500
Fonte: Pappa (2013).

Para efeito de cálculo de necessidade de produção, a Quadro 4 foi montada da


seguinte forma:
Estoque em Processo + Estoque de Produto acabado - Demanda real (vendas) =
Necessidade de Produção.
Quando esse cálculo for negativo, indica que o PCP deve iniciar seu planejamento
de produção, avaliando se produz somente a quantidade informada no cálculo ou
se produz uma quantidade maior para manter um estoque de segurança.
Até este momento, já sabemos quais os produtos e quantidades que precisamos
produzir, agora avaliamos os materiais ou insumos que precisamos para manter essa
produção. Aqui acontece a comunicação entre as áreas de engenharia de produto,
compras, almoxarifado e PCP (MOREIRA, 2009).
Pós-Universo 31

fatos e dados
Falta de planejamento é o grande obstáculo das micro e pequenas indústrias
Um estudo realizado pelo Sebrae, em parceria com a Federação das
Indústrias do Espírito Santo (Findes), identificou que o grande obstáculo
das Micro e Pequenas Empresas (MPE) do setor Indústria para aumentar a
competitividade é a falta de planejamento. Ao todo 1.073 empresários foram
entrevistados. Este estudo levou à criação do Índice da Competitividade das
MPE Capixabas Setor Indústria (ICP-MPE). Disponível em: <http://gazetaonline.
globo.com/_conteudo/2013/09/cbn_vitoria/reportagens/1459475-falta-de-
planejamento-e-o-grande-obstaculo-das-micro-e-pequenas-industrias.
html>.
Fonte: Félix (on-line).

As informações referentes a quais materiais são utilizados para fabricação do produto


são fornecidas pelo setor de engenharia e formalizado pelo documento de ficha
técnica do produto (Quadro 5).

Quadro 5 - Ficha Técnica

Ficha Técnica – Calça jeans


Tecido 1 metro
Linha 12 metros
Embalagem plástica 1 unidade
Etiqueta 1 unidade
Fonte: Pappa (2013).

quadro resumo
A ficha técnica é um documento que é produzido no setor de engenharia
do produto e tem como finalidade informar as matérias-primas utilizadas
para fabricação do produto bem como calcular o custo e projetar consumo
desses materiais.
32 Pós-Universo

A partir dessa informação, o PCP consegue fazer uma projeção de consumo, ou seja,
na ficha técnica, consta a matéria-prima necessária para produção de um produto,
analisando a quantidade de produtos que devem ser produzidos, tem-se como
resultado a necessidade da matéria-prima (Quadro 6).

Produto 1:
Quadro 6 - Necessidade de Matéria-Prima
Pedidos de
Matéria-Prima Previsão Estoque Reservas Saldo
Compra
Tecido 500 0 200 30 - 170
Linha 6000 5000 3000 0 2000
Embalagem plástica 500 250 0 200 - 450
Etiqueta 500 5000 0 1000 3500

Fonte: Pappa (2013).

Além dessa necessidade, também são avaliados o estoque de cada matéria-prima e


os pedidos de compra que estão em aberto. Aqui podemos observar a integração e a
troca de informações entre os setores de PCP, que irá integrar e avaliar as informações,
o setor de almoxarifado, que é quem fornece informações sobre o estoque e as
reservas de materiais, e o setor de compras, que alimenta a informação das compras
realizadas para cada produto.
A partir dessa análise, o PCP consegue passar informação da necessidade de cada
matéria-prima ao departamento de compras. Nessa análise, se o saldo for negativo,
indica que será necessário comprar o material e, se for positivo, tem-se a matéria-
prima suficiente para produção dos itens demandados.
Pós-Universo 33

c) Quando produzir e comprar?

Essa resposta de quando comprar envolve a área de compras, pois nesse departamento
deve se ter a informação de prazos de entrega e análise de cada fornecedor. A resposta
de quando iniciar a produção vai depender da avaliação da capacidade produtiva,
do tempo de produção do produto e do Lead time.

saiba mais
O lead time é o tempo de processamento das ordens de produção, ou seja,
é medido o tempo em que a indústria leva para converter um pedido em
produtos acabados e entrega aos clientes.

Para saber mais a respeito do lead time, acesse o site: <https://repositorio.ufsc.


br/xmlui/bitstream/handle/123456789/85848/223910.pdf?sequence=1>.

Em relação ao tempo de produção do produto, a informação é fornecida pela área


de engenharia de produtos, pois no momento da aprovação do produto é feita a
ficha de sequência operacional (Quadro 7), ou ficha de fabricação, contendo as etapas
do processo produtivo, o maquinário em que é produzido cada processo e o seu
tempo de produção.

Produto 1:
Quadro 7 - Ficha de fabricação
Operação Máquina Tempo
Corte das partes Corte 5 minutos
Costurar Máquina Reta 20 minutos
Revisar Manual 5 minutos
Embalar Manual 1 minuto
Fonte: Pappa (2013).

A partir da quantidade de produto acabado a ser produzido, o PCP avalia o tempo


de produção total, qual é o lead time produtivo e a capacidade fabril, para que
posteriormente consiga fazer a programação das ordens de produção.
34 Pós-Universo

d) Com que recursos produzir?

Após as análises feitas anteriormente, o PCP consegue responder a esse questionamento,


pois nesse momento avalia a quantidade de colaboradores que precisa na linha
produtiva, quais maquinários serão utilizados e como será feita a produção em relação
aos turnos de trabalho.
A questão financeira também é levada em consideração, pois se avalia necessidade
de melhorias de máquinas, equipamentos e contratação/demissão.
Sendo assim, a partir do desenvolvimento do PMP é possível tomar as seguintes
decisões:

•• Utilização do estoque de produto acabado.

•• Avaliação da necessidade de compra de matéria-prima.

•• Contratação de colaboradores ou terceirização de serviços.

•• Avaliação do tempo de entrega dos pedidos.

•• Gerenciamento da demanda.

•• Avaliação do lead time.

•• Aceitação ou recusa de pedidos de vendas para determinados períodos.

Dessa forma, o PMP fornece informações para que o PCP consiga executar suas tarefas
com eficiência, respeitando a qualidade dos processos e agilidade na informação
gerada (CORREA E CORREA, 2007).
atividades de estudo

1. O Planejamento e Controle da Produção (PCP) é responsável por garantir respostas


em curto, médio e longo prazo nas empresas. A partir do planejamento estruturado,
as ações começam a ser desenvolvidas a fim de fornecer essas informações referentes
ao processo. Com base nessas informações, marque a alternativa correta:

a) O PCP não está envolvido com ações relacionadas à compra de materiais, já que
o setor de compras realiza essa função.
b) Atividades de acompanhamento do estoque em processo não interferem no
planejamento operacional.
c) As respostas referentes à quantidade que deve ser comprada é originada a partir
das análises de necessidade de produção e estoque.
d) Ações planejadas em longo prazo são necessárias para a etapa de PCP sem levar
em consideração o mercado de atuação.
e) A eficiência do processo produtivo não é levada em consideração no momento
de gerar informação do processo, é utilizada no momento de planejamento.

2. A previsão de demanda tem como característica demonstrar informações do que


pode vir a acontecer com base em dados matemáticos, estatísticos ou qualitativos.
Diante disso, assinale a alternativa correta:

a) A previsão de demanda é inteiramente confiável já que os dados não são mutáveis.


b) Por mais que sejam utilizadas as técnicas, imprevistos podem acontecer e interferir
nos números.
c) As técnicas confiáveis são somente as técnicas estatísticas.
d) Dados já passados não são levados em consideração na previsão de demanda.
e) A previsão de demanda é realizada para traçar objetivos estratégicos, ou seja,
objetivos a serem alcançados a curtos prazos.
atividades de estudo

3. As empresas, cada vez mais, estão sentindo a necessidade de serem rápidas na


tomada de decisão, para isso, são necessários organização e planejamento. Diante
disso, assinale a alternativa correta:

a) O plano de produção é resultado do plano mestre da produção.


b) O planejamento estratégico analisa ações em médio prazo.
c) O mercado de atuação não é levado em consideração para montar estratégias.
d) O plano da produção é resultado do planejamento estratégico.
e) O plano de produção não analisa a demanda produtiva.

4. O planejamento nas indústrias é item obrigatório para um bom andamento das


rotinas assim como para uma entrega em dia dos seus pedidos. O PMP é montado
pensando nas questões internas e externas à organização. A partir do exposto, assinale
a alternativa correta:

a) O plano mestre da produção é analisado em períodos de curto prazo.


b) O plano mestre da produção é resultado do planejamento tático.
c) O estoque em processo no PMP é considerado por famílias de produtos.
d) A capacidade produtiva é item avaliado apenas no planejamento operacional.
e) O plano mestre de produção é realizado nas indústrias, segundo Tubino (2007).
resumo

As indústrias de transformação são aquelas que recebem a matéria-prima e a transformam em


produto acabado, tendo como característica de entrada do processo os materiais e informações
que são organizados e produzem como resultados bens e/ou serviços.

Para que esse processo seja organizado e eficiente, é implementado o setor de Planejamento e
Controle da Produção (PCP), que tem a função de integrar as áreas de uma indústria e avaliar a
informação gerada.

Para que esse setor consiga avaliar a informação gerada, se faz necessário o planejamento das
ações, ou seja, as indústrias realizam o planejamento estratégico, tático e operacional a fim de
avaliar o mercado de atuação e também sua estrutura interna.

O objetivo do planejamento estratégico é proporcionar uma melhor visão das atividades a serem
realizadas em longo prazo, maximizando os resultados e minimizando os riscos e incertezas.

Já o planejamento mestre de produção (PMP) é realizado com objetivo de desmembrar as


informações fornecidas no plano de produção, em ações para as etapas de programação e
controle da produção.

Podem ser citados itens básicos que são levados para essa análise: previsão de demanda, capacidade
produtiva, lead time, estrutura interna, por exemplo, colaboradores, máquinas e equipamentos,
balanceamento produtivo, custo e qualidade.
material complementar

Administração da Produção
Autores: Petrônio Martins e Fernando Laugeni
Editora: Saraiva

Sinopse: o livro Administração da Produção apresenta um conteúdo


claro e objetivo e também moderno acerca dos temas relacionados à
produção. Contempla vários exemplos da indústria brasileira, inseridos
entre as explicações, mostrando como a teoria é aplicada nas empresas.

Administração de Produção e Operações


Autor: Henrique L. Correa e Carlos A. Correa
Editora: Atlas

Sinopse: o livro apresenta conceitos interessantes de administração da


produção e operações, com fundamentos estratégicos e operacionais.
Traz informações referentes ao planejamento estratégico, tático e
operacional, com questões referentes a produtos e serviços, também
considera informações a respeito das instalações industriais e técnicas de planejamento,
programação e controle da produção.

Na Web
Para conhecer mais a respeito da Revolução Industrial.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historiag/revolucao-industrial.htm>.
Disponível em: <http://www.portalbrasil.net/historiageral_revolucaoindustrial.htm>.
material complementar

Ford: o Homem e a Máquina


Ano: 1987
Direção: Allan Eastman

Sinopse: o filme é uma biografia do famoso inventor e empreendedor


Henry Ford (Cliff Robertson), que no início do século 20 revolucionou a
produção de automóveis criando as chamadas “linhas de montagem”,
além de contribuir para diversas teorias administrativas e econômicas
para a época. O roteiro mostra que Ford era um verdadeiro tirano, que colocava seus carros
e a empresa acima de tudo e de todos, causando uma grande insatisfação nos funcionários.
Ao mesmo tempo sua vida particular também era complicada, mesmo casado com Clara
(Hope Lange), ele mantinha um caso com uma funcionária (Heather Thomas).

Comentário: o vídeo retrata a situação industrial onde a aplicação de conceitos e técnicas


de administração revolucionam o processo produtivo desenvolvendo novas maneiras para
execução dos trabalhos. No caso desse exemplo, onde a produção era em larga escala,
conseguiu-se uma melhor organização do trabalho e das rotinas industriais. Nas indústrias
atuais, essa relação de trabalho e organização também é encontrada?
referências

CHIAVENTO, I.; SAPIRO, A. Planejamento Estratégico: fundamentos e aplicações. Rios de Janeiro:


Elsevier, 2003.

CORREA, H.; CORREA, A. Administração de Produção e Operações. São Paulo: Atlas, 2007.

CORREA, H.; GIANESI, I.; CAON, M. Planejamento, Programação e Controle da Produção. São
Paulo: Atlas, 2009.

FÉLIX, T. Falta de planejamento é o grande obstáculo das micro e pequenas indústrias. Gazeta
online. Disponível em: <http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/09/cbn_vitoria/
reportagens/1459475-falta-de-planejamento-e-o-grande-obstaculo-das-micro-e-pequenas-
industrias.html>. Acesso em 9 mai. 2018.

KRAJEWSKI, L.; RITZMAN, L.; MALHOTRA, M. Administração da Produção e Operações. São


Paulo: Pearson, 2009.

Mapa Estratégico da Indústria 2018 - 2022. Portal da Indústria. CNI, SESI, SENAI, IEL. Disponível
em: <http://www.portaldaindustria.com.br/cni/o-que-a-cni-faz/mapa-estrategico-da-
industria/2013/05/1,13421/mapa-estrategico-da-industria-2013-2022.html>. Acesso em 9 mai.
2018.

MARTINS, P.; LAUGENI, F. Administração da Produção. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.

MARTINS, F. A. de A. M. Modelo para avaliação do Lead Time Produtivo nas Empresas Têxteis.
2003. 100f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis, 2003. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.
br/xmlui/bitstream/handle/123456789/85848/223910.pdf?sequence=1>. Acesso em 8 mai. 2018.

MOREIRA, D. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Cengage Learning, 2009.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; HARLAND, C.; HARRISON, A.; JOHNSTON, R. Administração da produção.
São Paulo: Editora Atlas S.A., 1997.

TUBINO, D. F. Manual de Planejamento e Controle da Produção. São Paulo: Atlas, 2000.

TUBINO, D. F. Planejamento e Controle da Produção: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2007.
resolução de exercícios

1. c) As respostas referentes à quantidade que deve ser comprada é originada a partir


das análises de necessidade de produção e estoque.

2. b) Por mais que sejam utilizadas as técnicas, imprevistos podem acontecer e interferir
nos números.

3. d) O plano da produção é resultado do planejamento estratégico.

4. b) O plano mestre da produção é resultado do planejamento tático.

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