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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS
CAMPUS DE CAICÓ

JOSILENE MARQUES DA SILVA

A INFLUÊNCIA DA CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR


PÚBLICO NO CONTROLE DOS GASTOS PÚBLICOS: um estudo de
caso no município de Serra Negra do Norte/RN.

CAICÓ – RN

2015
JOSILENE MARQUES DA SILVA

A INFLUÊNCIA DA CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR


PÚBLICO NO CONTROLE DOS GASTOS PÚBLICOS: um estudo de
caso no município de Serra Negra do Norte/RN.

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências


Exatas e Aplicadas do Centro de Ensino Superior do
Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, para obtenção do título de Bacharel em
Ciências Contábeis.

Orientador(a): Profª. Esp. CLARA MONISE SILVA

CAICÓ – RN
2015
JOSILENE MARQUES DA SILVA

A INFLUÊNCIA DA CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR


PÚBLICO NO CONTROLE DOS GASTOS PÚBLICOS: um estudo de
caso no município de Serra Negra do Norte/RN.

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Exatas e Aplicadas do Centro de


Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção
do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________
Prof.ª Esp.Clara Monise Silva UFRN/CERES
Orientador

_______________________________________________________
UFRN/CERES
Examinador

________________________________________________________
UFRN/CERES
Examinador

CAICÓ – RN
2015
Aos meus pais, irmãos, filhos, esposo e tia, que
não mediram esforços para que eu pudesse chegar
até essa etapa da minha vida.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado saúde força e coragem para a superar
as dificuldades enfrentadas ao longo desta difícil jornada.
A minha orientadora pela paciência e empenho antes e durante a elaboração do
trabalho.
A minha família pelo apoio e incentivo nas horas de desanimo e cansaço, em especial
aos meus filhos que nos momentos de ausência, sempre fizeram entender que o futuro é feito
a partir da dedicação no presente.
E de um modo geral agradeço a todos que direta ou indiretamente fizeram parte dessa
jornada, me incentivando e mostrando que era mais uma batalha na minha vida e que
conseguiria, pois para essas pessoas só tenho que dizer obrigada, e hoje tenho uma formação
acadêmica.
RESUMO

A presente pesquisa tem a finalidade de verificar a influência da Contabilidade Pública no


controle dos gastos públicos, como também demonstrar que a mesma serve como ferramenta
para os gestores na tomada de decisões. Este trabalho justifica-se pela intenção de expor de
forma clara e sucinta o tema abordado, trazendo informações pertinentes quanto à
participação da contabilidade no controle dos gastos municipais. Tendo como objeto de
estudo a Prefeitura Municipal de Serra Negra do Norte/RN. Desta forma o objetivo geral desta
pesquisa foi verificar a influência da contabilidade pública no controle dos gastos públicos,
através de um estudo de caso. Foi realizado um levantamento bibliográfico, de forma a
referenciar conceitos que foram utilizados para auxiliar a análise da pesquisa. Para alcançar o
objetivo, foi realizada uma pesquisa descritiva, aplicando uma abordagem do problema de
forma qualitativa. A coleta e análise dos dados teve como fundamento uma entrevista com o
pessoal responsável pelo setor contábil da referida entidade. Destaca-se através da pesquisa, o
quanto a contabilidade aplicada ao setor público tem subsídios para se tornar uma ferramenta
útil aos gestores públicos. Ficou constatado, que no município objeto deste estudo, a
contabilidade tem participação no processo de planejamento e execução orçamentária, porém
o gestor ainda não utiliza efetivamente essas informações com fins gerenciais e como base
para tomada de decisão.

Palavras-chave: Contabilidade Pública, Administração Pública, Controle.


ABSTRACT

This research aims to investigate the influence of Public Accounting in control of public
spending, but also to demonstrate that it serves as a tool for managers in decision-making.
This work is justified by the intention to expose clearly and succinctly addressed the issue by
bringing relevant information on the participation of the accounting control of municipal
expenditure. Having as object of study the Municipality of Serra Negra North / RN. Thus the
objective of this research was to investigate the influence of public accounting in control of
public spending, through a case study. A literature review in order to refer to concepts that
were used to help analyze the survey was conducted. To achieve the goal, a descriptive
research was carried out by applying an approach to qualitatively problem. The collection and
analysis of data was based an interview with the staff responsible for the accounting sector of
the merged entity. It stands out through research, how the accounting applied to the public
sector subsidies have to become a useful tool for policy makers. It was found that the object
of this study municipality, accounting has participation in the planning and budget execution
process, but the manager has not effectively use this information for managerial purposes and
as a basis for decision making.

Keywords: Public Accounting, Public Administration, Control.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMF: Anexo de Metas Fiscais


ARF: Anexo de Riscos Fiscais
CF: Constituição Federal
FNS: Fundo Nacional de Saúde
FUNDEB: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
FUNDEF: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização
do Magistério
FPM: Fundo de Participação dos Municípios
ICMS: Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
INEP: Instituto Nacional de Pesquisas e Educação
IPVA: Imposto Sobre Propriedade de Veículos Automotores
ITCMD: Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação
ITR: Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural
LOA: Lei Orçamentaria Anual
LDO: Lei de Diretrizes Orçamentaria
LRF: Lei de Responsabilidade Fiscal
NBCASP: Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao Setor Público
NBCT: Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica
PPA: Plano Plurianual
RREO: Relatório Resumido da Execução Orçamentaria
RGF: Relatório de Gestão Fiscal
SIOPS: Sistema de Informação Sobre os Orçamentos Públicos em Saúde
SUS: Sistema Único de Saúde
TCM: Tribunal de Contas do Município
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................11

1.1CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA DO TEMA ................................13


1.2 JUSTIFICATIVA.....................................................................................................................13
1.3OBJETIVOS..............................................................................................................................14
1.3.1Objetivo geral.........................................................................................................................14
1.3.2Objetivos específicos..............................................................................................................14
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO............................................................................................14
2 A CONTABILIDADE COMO INSTRUMENTO DE INFORMAÇÃO................................16
2.1 CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.......................................................16
2.2 OS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA......18
2.2.1Plano Plurianual ....................................................................................................................19
2.2.2Lei de Diretrizes Orçamentaria............................................................................................20
2.2.3 Anexo de Metas Fiscais ........................................................................................................21
2.2.4 Anexo de Riscos Fiscais.........................................................................................................21
2.2.5 Lei Orçamentaria Anual ......................................................................................................23
2.3 EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA .........................................................................................24
2.4 CONTROLE DOS GASTOS PÚBLICOS ............................................................................24
2.4.1 Gastos com pessoal.................................................................................................................25
2.4.2 Gastos com saúde e educação ...............................................................................................26
2.4.3 Limites mínimos de gastos com saúde..................................................................................27
2.4.4 Sistema Único de Saúde (SUS)...............................................................................................28
2.5 GASTOS COM EDUCAÇÃO...................................................................................................30
2.6 CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.................................................................31
2.7 CONTROLE INTERNO...........................................................................................................33
2.8 CONTROLE EXTERNO .........................................................................................................35
2.9 CONTROLE SOCIAL .............................................................................................................37
3 METODOLOGIA ........................................................................................................................38
3.1 TIPO DA PESQUISA................................................................................................................38
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA ......................................................................................................39
3.3 SUJEITOS DA PESQUISA .....................................................................................................39
3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS.......................................................................40
3.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS................................................................40
4 ANÁLISE E DISCURSÃO DOS DADOS..................................................................................41
4.1 QUANTO AO PLANEJAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA........................41
4.2 QUANTO AO ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA................42
4.3 QUANTO AO CONTROLE E AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA......43
4.4 QUANTO AO CONTROLE PATRIMONIAL......................................................................44
4.5 QUANTO A PRESTAÇÃO DE CONTAS DA EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA............44
4.6 QUANTO A MODERNIZAÇÃO DA CONTABILIDADE PÚBLICA...............................45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................46
6 REFERÊNCIAS...........................................................................................................................48
11

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA DO TEMA

A contabilidade pública é exigida para todas as organizações que recebem


direta ou indiretamente recursos públicos. No Brasil a Contabilidade Pública baseia-se
principalmente na Lei 4.320/64, ela é responsável pelo registro da previsão da receita e a
fixação da despesa estabelecida no orçamento público aprovado para o exercício, como
também escritura a execução orçamentaria, compara a previsão das receitas e a fixação das
despesas.

A Contabilidade Pública se presta a coletar, registrar e controlar os atos e


fatos que afetam o patrimônio público, com destaque para os atos e fatos de
natureza orçamentaria. Assim, de acordo com o art. 83 da Lei n° 4.320/64 a
Contabilidade evidenciara perante a Fazenda Pública a situação de todos
aqueles que, de algum modo, arrecadem receitas, efetuem despesas,
administrem ou guardem bens pertencentes ou confiados a Administração
Pública. (LIMA e CASTRO, 2007, p. 3 - 4).

Segundo o art. 85, da Lei n° 4.320/64, estabelece que os serviços de contabilidade


devem ser organizados de forma a permitir o acompanhamento da execução orçamentaria, o
conhecimento da composição patrimonial [...], a análise e a interpretação dos resultados
econômicos e financeiros.

A Contabilidade é considerada como uma peça chave auxiliando na execução


orçamentária, pois tem a capacidade de gerar relatórios necessários aos gestores para a
tomada de decisão como também tem a competência de demonstrar os efeitos positivos e
negativos dos atos administrativos relacionados ao orçamento.

A Contabilidade registra e permite o controle e analise dos ato e fatos


administrativos e econômicos operados no patrimônio de uma entidade
pública, possibilitando a geração de informações, variações e resultados
sobre a composição deste, auferidos por sua administração e pelos usuários.
Suas informações proporcionam o acompanhamento permanente da situação
da entidade em questão, da sua gestão envolvendo o início, o meio e o fim. É
um importante elemento auxiliar de controle para o atingimento dos
objetivos e finalidades e permite uma constante auto avaliação e auto
correção administrativa. (ANDRADE,2013, p.5).
12

Segundo Silva, (2013, p. 71), a contabilidade Aplicada ao Setor Público define-se


como um: [...] espaço de atuação do profissional de contabilidade que demanda estudo,
interpretação, identificação, mensuração, avaliação, registro, controle e evidenciação de
fenômenos contábeis decorrentes de variações patrimoniais [...].

A contabilidade pública se interessa também em todos os atos praticados pelo


administrador sejam eles de natureza orçamentaria, administrativa e patrimonial. Tem como
objetivo proporcionar a administração informações atualizadas e exatas que possam ser
expressas em termos monetários, informando os reflexos das transações realizadas de modo a
possibilitar as tomadas de decisões para o cumprimento da legislação vigente.

Neste novo cenário a gestão governamental passou por diversas mudanças que poderá
beneficiar a contabilidade pública brasileira no sentido de atualizá-la ao contexto mundial,
aonde o orçamento se transformará num instrumento efetivo de planejamento e controle das
ações governamentais ajudando os gestores públicos nas tomadas de decisões.

A contabilidade pública passou a ser uma forma moderna de geração de informações


para que a administração pública possa tomar suas decisões e ao mesmo tempo poder
controlar e avaliar seu desempenho. De acordo com Andrade, (2013), o objetivo da
Contabilidade para a Administração Pública não resume-se apenas ao registro e
acompanhamento de sua situação, como também viabiliza a tomada de decisão em relação ao
patrimônio e suas atividades desde o início até seu fim.

Segundo Kohama, (2014), a Administração Pública precisa recorrer a vários relatórios


e análises para poder controlar com eficácia suas operações, proporcionando maior proteção
contra fraquezas humanas e também reduzir a possibilidade de erros e irregularidades,
demonstrando cuidado com os recursos públicos e transmitindo a população de forma
transparente o resultado dos seus atos.

A administração pública existe em função do cumprimento de metas que estão


previstas nas ferramentas orçamentarias, Plano Plurianual, (PPA), Lei de Diretrizes
Orçamentaria, (LDO), Lei Orçamentaria Anual, (LOA), ligadas diretamente ao interesse
público, visando o bom uso dos recursos públicos.

Os gastos públicos podem ser considerados como um dos principais meios de atuação
do governo. Através deles, o governo manifesta as suas prioridades mediante a prestação de
serviços públicos básicos e a realização de investimentos. Vários fatores afetam o nível dos
13

gastos públicos e suas oscilações, dentre eles: a renda, a capacidade da obtenção de receitas,
problemas sociais, mudanças políticas, desenvolvimento tecnológico, gastos públicos em
períodos anteriores, entre outros.

De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, LRF, originalmente chamada de Lei


Complementar n° 101, o seu principal instrumento é regular as contas públicas e entre seus
objetivos estão o estabelecimento de metas, limites e condições para a administração das
receitas e despesas seja em um estado ou município. A LRF é composta pelo Relatório de
Gestão Fiscal(RGF) e o Relatório Resumido de Execução Orçamentaria (RREO). Estes
documentos, além de definir parâmetros para a administração pública permitem analisar a
gestão fiscal das esferas executivas e legislativas do poder. Diante desse panorama, a presente
pesquisa tem como problema: Qual a influência da Contabilidade Aplicada ao Setor público
no controle dos gastos públicos na cidade de Serra Negra do Norte/RN?

A presente pesquisa busca contribuir para a sociedade analisando como a


Contabilidade Aplicada ao Setor Público auxilia no controle dos gastos públicos, tendo em
vista que esses gastos devem ser sempre bem controlados obedecendo as normas e leis
estabelecidas pois essas novas leis além de servir como ferramenta gerencial para os gestores
também mantem a população informada sobre o uso do dinheiro público de forma
transparente e responsável. Visará também demonstrar os aspectos contábeis necessários para
que o gestor público tenha um melhor desempenho na utilização dos recursos públicos,
sempre levando em consideração os interesses da coletividade.

1.2 JUSTIFICATIVA

Com a linha de pesquisa proposta, busca-se estudar os gastos públicos no aspecto do


cumprimento das leis que controlam esses gastos.

A opção pela modalidade de pesquisa acadêmica resulta do interesse de aprofundar o


conhecimento no tema escolhido, traduzindo-se na oportunidade de incrementar o
aprendizado em assuntos correlatos a Administração Pública. Embora seja o assunto muito
tratado em bibliografias, sabe-se que há um certo desconhecimento na prática, sobre o tema,
gasto público no planejamento da administração pública.
14

Esta pesquisa visa estabelecer um paralelo entre os conhecimentos adquiridos em nível


acadêmico com a realidade da pratica, a partir da fundamentação do tema.

A relevância da presente pesquisa, justifica-se pela intenção de expor de forma clara e


sucinta, trazendo informações pertinentes a administração pública na condição de prover o
bem estar comum, a partir da elaboração e consecução do planejamento público para efetivar
as políticas públicas e o papel do controle desses gastos públicos municipais.

A relevância da contabilidade aplicada ao setor público centra-se no auxílio ao gestor


público no cumprimento aos limites estabelecidos por leis nos gastos públicos, direcionando e
limitando as ações do mesmo no sentido de melhorar o desempenho da gestão pública,
tornando-se uma administração mais hábil e participativa.

1.2 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

- Verificar a influência da contabilidade no controle dos gastos públicos.

1.3.2 Objetivos Específicos

- Analisar como a contabilidade aplicada ao setor público auxilia na gestão dos recursos do
município de Serra Negra do Norte/RN.
- Identificar como a contabilidade pública contribui nas decisões do gestor público.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho monográfico é composto por três partes fundamentais. A primeira parte
trata-se da explanação da introdução, contendo uma breve iniciação do tema escolhido, a
problemática que motivou a realização do estudo, a justificativa que trata a importância do
15

assunto abordado e os objetivos gerais e específicos. A segunda é composta da base teórica a


qual permite o entendimento dos conhecimentos aqui apresentados, como também aborda a
metodologia utilizada para a produção do trabalho e o campo de estudo utilizado na
investigação. A terceira parte destina-se a evidenciar o estudo de caso promovido como
também reunir os dados coletados e a análise dos mesmos e as considerações finais do
trabalho monográfico, responsável por demonstrar um pequeno resumo sobre os resultados
aqui obtidos.
16

2 A CONTABILIDADE COMO INSTRUMENTO DE INFORMAÇÃO

De acordo com Slomki, (2014), a Contabilidade no Brasil originou-se logo após a


dominação portuguesa com o Conselho Ultramarino e o Conselho da Fazenda. Porém só teve
um alvará determinante dos controles da “coisa pública” a partir de 1808.

A contabilidade pública aparece, de fato, com a publicação de um alvará


datado de 28 de junho do mesmo ano, quando D. João VI cria o Erário Régio
e institui o Conselho da Fazenda, para administração, distribuição,
contabilidade e assentamento do real patrimônio e fundos públicos do Estado
do Brasil e Domínios Ultramarinos, obrigando os contadores da Real
Fazenda a utilizarem o método das partidas na escrituração mercantil.
(SLOMKI,2014, p.11).

A Contabilidade Aplicada ao Setor Público, hoje chamada de Contabilidade


Governamental originou-se da contabilidade comercial. A ciência contábil tem como função
básica gerar informações que auxiliem os gestores na tomada de decisões.

Enquanto a Contabilidade Empresarial se esmera na apuração do resultado


(lucro/prejuízo), a Contabilidade Governamental procura estudar a atividade
financeira do Estado, compreendendo o estudo da receita, da despesa, do
orçamento e do credito público e ainda executa análise do fluxo financeiro
dos recursos indispensáveis à satisfação das necessidades e ao
desenvolvimento do Estado. (SILVA,2013, p.69).

A ciência contábil vem passando por diversas mudanças decorrentes das inúmeras
demandas da sociedade em geral. Por ser considerada a ciência que estuda o patrimônio e
fornece informações para que através dessas possam ser tomadas as decisões corretas. De
acordo com Rosa, (2013, p. 8), foi:

Com a adoção dos procedimentos estabelecidos, com a edição das NBCASP


e com a tradução das IPSAS, o campo de estudo da contabilidade foi
ampliado e, possivelmente deverá ser facilitada a consolidação das contas
públicas e assegurada a expressão tempestiva e adequada de todas as
alterações patrimoniais nas demonstrações contábeis.

Contudo a contabilidade pública servirá como fonte de informações para os


usuários possibilitando uma comparação nas análises das informações contábeis nos
diferentes níveis de governo e auxiliando no desempenho da gestão.
17

Sendo assim, a considerar a fase da convergência na contabilidade pública, verifica-


se o intuito de dar a gestão de recursos públicos um tipo mais gerencial, podendo aperfeiçoar
os processos, elevando a compreensão e comparabilidade, bem como possibilitar a
uniformização dos procedimentos. (SILVA, 2013).

Na visão de Andrade, (2013, p.3).

Suas informações proporcionam o acompanhamento permanente da situação


da entidade em questão, da sua gestão envolvendo o início, meio e o fim. É
um importante elemento auxiliar de controle para o atingimento dos
objetivos e finalidades e permite uma constante auto avaliação e
autocorreção administrativa.

As novas inovações tecnológicas influenciam direta e indiretamente a contabilidade


pública; na atualidade, todo o espaço contábil pode e precisa do apoio de equipamentos,
sistemas, produtos e serviços. Para uma melhor produtividade e qualidade nas informações
contábeis que são de grande importância para os controles da gestão pública.
.

2.1 A CONTABILIDADE E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A administração pública tem como uma de suas características a preocupação com o


controle do déficit orçamentário e também do endividamento público, além da obtenção de
informações econômicas, financeira e patrimonial que possam possibilitar ao gestor na
tomada de decisões e que essa gestão seja mais eficiente na utilização dos recursos financeiros
que são sempre escassos.

Contabilidade e administração pública estão relacionadas para que possam dar


respostas a sociedade. A administração pública deveria ser uma parte integrante do cotidiano
de todos os cidadãos que esperam por respostas imediatas por parte das instituições,
procurando saber aonde e como estão sendo utilizados o dinheiro público. De acordo com
Kohama, (2014, p. 25).

A Contabilidade pública é um dos ramos mais complexos da ciência contábil


e tem por objetivo captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os
fenômenos que afetam as situações orçamentárias, financeiras e patrimoniais
18

das entidades de direito público interno, ou seja, a União, Estados, Distrito


Federal e Municípios, através de metodologia especialmente concebida para
tal, que utiliza de contas escrituradas segundo normas especificas que
constituem o Sistema Contábil Público.

De acordo com, Kohama, (2014).

Pelo exposto, pode-se inferir que a Contabilidade Pública, utilizando-se de


metodologia especial de escrituração, deve ser obrigatoriamente praticada
pelas entidades públicas, como a União, os Estados, o Distrito Federal, e os
Municípios, e, as suas entidades autárquicas, fundo, fundações e empresas
estatais dependentes. Por outo lado, a Contabilidade Pública não deve ser
entendida apenas como destinada ao registro e a escrituração contábil, mas,
também, a observação da legalidade dos atos da execução orçamentária,
através do controle e acompanhamento, que será prévio, concomitante e
subsequente, além de verificar a exata observância dos limites das cotas
trimestrais atribuídas a cada unidade orçamentária, dentro do sistema que for
instituído para esse fim. Portanto, na Administração Pública, os serviços de
Contabilidade devem ser organizados de forma que seja permitido o
acompanhamento da execução orçamentária desde o seu início, registrando
os limites das cotas [...] atribuídas a cada unidade orçamentária e
controlando e acompanhando, à medida que ela for se desenvolvendo.
Atualmente, existem os sistemas de administração financeira, como o SIAFI
e o SIAFEM, que fazem esse acompanhamento.

Estudos e experiências mostram que a atual estrutura governamental obriga a


sociedade a analisar os sistemas que integram as instituições para oferecer aos profissionais
auxílios no cumprimento das metas financeiras, administrativas e principalmente para atender
as necessidades da população como: saúde, transporte, moradia, segurança e educação e que
essas, sejam de qualidade sempre pensando na coletividade.

2.2 OS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

De acordo com a CF/1988 em seu art. 165, os princípios do processo de


planejamento como forma de instrumento de planejamento fixa a hierarquia dos processos de
19

planejamento como: Plano Plurianual, Lei das Diretrizes Orçamentárias, Lei Orçamentária
Anual.

1º Plano Plurianual: A lei que instituir o PPA estabelecerá de forma


regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública
federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para asa
relativas aos programas de duração continuada.
2º Lei de Diretrizes Orçamentárias: compreende as metas e prioridades, da
administração pública federal incluindo as despesas de capital para ao
exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração de lei de
orçamentária anual [...]
5º A Lei Orçamentária Anual compreenderá:
I – o orçamento fiscal referente aos poderes da União, seus fundos, órgãos e
entidades da administração direta e indireta inclusive instituídas e mantidas
pelo poder público;
II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e
órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os
fundos e fundações instituídos pelo poder público. (CF/88).

A CF e a Lei Complementar nº 101/00, determina que seja publicado os resumos da


execução orçamentária, como também exigir, o acesso público dos demonstrativos e
documentos inclusive pela internet, forçando assim a prestação de contas e que o contribuinte
tenha essa verificação da legitimidade destes atos e fatos.

O planejamento orçamentário tem uma grande importância para a administração


pública, pois é com base nele que o gestor poderá alcançar metas, obtendo um melhor
resultado desde que seja seguido fielmente.

De acordo com Kohama, (2014 p.41). “Observa-se, claramente, que os governos


devem utilizar-se da transparência na gestão fiscal, que poderá ser obtido mediante adoção
do sistema de planejamento integrado”.

2.2.1 Plano Plurianual

É um programa de trabalho elaborado pelo executivo para ser executado no


período correspondente a um mandato político a ser contado a partir do
exercício financeiro seguinte ao de sua posse [...]. É a transformação, em lei,
das ideias políticos divulgadas durante a campanha eleitoral, salientando os
interesses sociais. (ANDRADE, 2013, p. 24).
20

De acordo com o exposto Mendes complementa dizendo que: “A organização das


ações do governo sob a forma de programas visa proporcionar maior racionalidade e
eficiência da administração pública e ampliar a visibilidade dos resultados e benefícios
gerados para a sociedade[...]”. (MENDES,2010, p.25).

“O plano plurianual é um plano de médio prazo, através do qual procura-se ordenar as


ações do governo que possam levar a atingir seus objetivos e metas fixados para um período
de quatro anos [...]”. (KOHAMA, 2014, p.41).

O PPA é o planejamento de médio prazo onde se estabelece metas através da


elaboração de projetos que visam o crescimento com uma melhoria na educação, saúde e
aumento na economia.

2.2.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias

A LDO tem a finalidade de nortear a elaboração dos orçamentos anuais,” [...]de forma
a adequá-las as diretrizes, objetivos e metas da administração pública estabelecidos no PPA”.
(KOHAMA, 2014, p. 42 - 43).

Com o advento da LRF, Andrade diz que:

[...] a Lei de Diretrizes Orçamentaria passou ainda a exaltar: o equilíbrio


entre receitas e despesas; critérios e formas de limitação de empenho,
visando cumprimento de metas fiscais e do resultado primário e nominal,
além de direcionar formas de limites com gastos com pessoal, [...] e outros
riscos capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, e a inclusão de
anexo de Metas Fiscais e Riscos Fiscais. (ANDRADE, 2013, p.30).

Foi a partir do advento da Lei de Responsabilidade Fiscal que a LDO teve sua
importância ampliada pois lhe foi incluída novas situações que podem diminuir os riscos que
possam afetar o equilíbrio das contas públicas.

Com a Lei de Responsabilidade Fiscal apareceram dois anexos que deverão


acompanhar a LDO:
21

Anexo de Metas Fiscais deverá conter metas anuais relativas ás receitas,


despesas, resultado nominal e primário e montante da dívida pública para o
exercício presente e para os dois subsequentes;
Anexos de Riscos Fiscais deverá conter a provisão para as despesas
eventuais e incertas que poderão aparecer ao longo do exercício financeiro.
(SLOMSKI, 2014, p. 46),

2.2.3 Anexo de Metas Fiscais

De acordo com Andrade, Anexo de Metas Fiscais (AMF), deve ser entendido como,
“um relatório base para o equilíbrio das contas públicas e a chave para a gestão fiscal
responsável”. (ANDRADE, 2013, p.32).

A sua elaboração está obrigada para todos os municípios independentemente do


número de habitantes, a não apresentação desse anexo penaliza o gestor público como
também o chefe do Poder Executivo. Andrade, (2013, p.32).

Sobre o funcionamento do Anexo de Metas Fiscais, Andrade, (2013, p. 31)


exemplifica da seguinte forma:

Se no PPA constar meta de construção de dois postos de saúde e outra meta


para aquisição de equipamentos para esses postos, será necessário avaliar se
a construção dos postos será feita concomitante, se a prioridade para o
exercício a que se refere o planejamento é a construção de um só posto, se a
aquisição dos equipamentos do (s) posto (s) será feita também nesse
exercício, ou em ano posterior, para somente depois dessa análise fazer a
inclusão da meta no anexo citado.

Contudo, percebe-se que o AMF, tem sua importância, uma vez que proporciona o
equilíbrio das contas públicas, servindo também como um parâmetro para uma gestão fiscal
responsável.

2.2.4 Anexo de Riscos Fiscais


22

De acordo com o art. 4º, § 3º e § 4º da LRF, o Anexo de Riscos Fiscais é um dos


demonstrativos que compõem a LDO.

§ 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais,


onde serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de
afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso
se concretizem.
§ 4º A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em anexo
específico, os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem
como os parâmetros e as projeções para seus principais agregados e
variáveis, e ainda as metas de inflação, para o exercício subsequente.

Segundo Andrade, (2013, p. 40) riscos fiscais são definidos como:

- São a possibilidade da ocorrência de eventos que venham a impactar,


negativamente, as contas públicas e são classificadas em dois grandes riscos
orçamentários e riscos decorrentes da gestão da dívida.

- Os riscos orçamentários referem-se a possibilidade de as obrigações


explícitas diretas sofreram impactos negativos devido a fatores tais como as
receitas previstas não se realizarem ou a necessidade de execução de
despesas inicialmente não fixadas ou orçadas a menor. Como riscos
orçamentários podem-se citar, dentre outros casos:
- Frustação na arrecadação devido a fatos não previstos a época da
elaboração da peça orçamentária;
- Restituição de tributos realizada a maior que a prevista nas deduções da
receita orçamentária;
- Discrepância entre as projeções de nível de atividade econômica, taxa de
inflação e taxa de câmbio quando da elaboração do orçamento e os valores
efetivamente observados durante a execução orçamentária, afetando o
montante de recursos arrecadados;
- Discrepância entre as projeções, quando da elaboração do orçamento, de
taxas de juros e taxa de câmbio incidente sobre títulos vincendos e os valores
efetivamente observados durante a execução orçamentária, resultando em
aumento do serviço da dívida pública;
- Ocorrência de epidemias, enchentes, abalos sísmicos, guerras e outras
situações de calamidade pública que não possam ser planejadas e que
demandem do Estado ações emergenciais, com consequente aumento de
despesas.

Segundo Rosa, 2013, p.45. Pode se ressaltar que o ARF, é uma ferramenta de grande
importância para uma gestão transparente. O uso deste anexo contribui para uma gestão
eficiente e eficaz, pois de acordo com esse anexo os governantes deverão baseado nas
previsões, reservar dotações especificas para possíveis calamidades, menor arrecadação, entre
outros e com isso evitar transtornos para os gestores.
23

2.2.5 Lei Orçamentaria Anual

Andrade, (2013, p. 42), define Lei Orçamentária Anual como sendo um:

Instrumento legal que deve conter o orçamento fiscal dos poderes da União,
Estados e Municípios, de seus fundos, órgãos e entidades da administração
pública direta e indireta, o orçamento de investimento das empresas em que
o poder público, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social
com direito a voto e o orçamento social, incluindo todas as entidades e
órgãos a ele vinculados.

O percentual dos créditos adicionais suplementares deve ser estipulado na LOA, não
sendo caracterizada como matéria estranha a ela, conforme determina o art. 165, § 8º, da
CF/88.

Para a concretização das situações planejadas no PPA, “[...] elabora-se o orçamento


anual, onde são programadas as ações a serem executadas, visando alcançar os objetivos
determinados”. (KOHAMA, 2014, p.44).

De acordo com Kohama, (2014, p.44), a Lei Orçamentaria Anual compreenderá:

I– O orçamento fiscal referente aos poderes Executivo, Legislativo e


Judiciário, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta
inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público;
II – O orçamento de investimento das empresas em que o Estado, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; e
III – Do orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e
órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os
fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

A LOA é o meio utilizado para obedecer aos objetivos traçados anteriormente, “[...]
só poderá incluir novos projetos após adequadamente atendidos ou em andamento, e
conservadas as despesas de conservação do patrimônio público, nos termos em que dispuser a
LDO”. (KOHAMA, 2014, p..46).
Resumindo vemos que a LOA é um documento que formaliza o conjunto de
decisões políticas com relação aos recursos públicos repassados ao setor governamental e
aplicação desses recursos em bens e serviços cujo destino final é a satisfação da coletividade.
24

2.3 EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

Planejamento, transparência e responsabilidade são passos necessários para o


fortalecimento da ordem pública, e um maior controle dos gastos públicos. Para isso ocorrer é
necessário a sequência de diversos mecanismos legais existentes no âmbito da administração
pública. “A execução do orçamento constitui a concretização anual dos objetivos e
metas determinados para o setor público no processo de planejamento integrado e implica a
modernização de recursos humanos, materiais e financeiros”. (KOHAMA, 2014, p.52).
De acordo com Rosa, (2013, p. 106), a Execução Orçamentária compreende:

A execução da receita e da despesa orçamentária, é preciso ajustar o ritmo da


execução do orçamento aos fluxos dos recursos, ou seja, primeiro arrecada-
se, depois realiza-se a despesa. Ao dispor sobre a execução orçamento, a Lei
4.320/1964 estabeleceu que, imediatamente após a promulgação da Lei do
Orçamento e com base nos limites nela fixados, o Poder Executivo aprovará
um quadro de cotas trimestrais da despesa que cada unidade orçamentária
ficará autorizada a utilizar. Esse procedimento visa assegurar as unidades
orçamentárias, em tempo útil, a soma de recursos necessários e suficientes a
melhor execução do seu programa anual de trabalho e manter, na medida do
possível, o equilíbrio entre a receita arrecadada e despesa realizada, de modo
a reduzir ao mínimo eventuais insuficiências de tesouraria.

Os artigos 49 e 50 da Lei 4.320/64, fixam que a programação da despesa orçamentária


levará em conta os créditos adicionais e as operações extra orçamentária, e as cotas trimestrais
poderão ser alteradas durante o exercício, desde que se observe o limite da dotação e o
comportamento da execução orçamentária

2.4 CONTROLE DOS GASTOS PÚBLICOS

Segundo Andrade, (2013, p. 194), os limites e exigências legais dos gastos públicos
tem como objetivo:
25

Cumprir por completo o papel do Estado, ou seja, promover benefício


público mediante atos e fatos administrativos, a legislação vem
emanando ditames legais para cumprimento de percentuais ou
números mínimos e máximos para atendimento das necessidades da
população em geral.

2.4.1 Gastos com pessoal

De acordo com Filho, (2013.p. 212), os gastos com pessoal estão definidos conforme
a LRF:

- Em conformidade com a LRF, entende-se como despesa de pessoal o


somatório dos gastos do ente da federação com:
- Os ativos, os inativos e os pensionistas;
- Os relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos civis,
militares e de membros de poder, com quaisquer espécies remuneratórias,
incluindo os encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente as
entidades de previdência.

As despesas com pessoal não devem ultrapassar os limites definidos por lei, que de
acordo com Andrade(2013), não poderá ultrapassar o limite de 60%, assim distribuídos, o
Poder Legislativo com 54% da receita corrente liquida e o Poder Executivo Municipal com
6%, dessas receitas.

Além disso Andrade, (2013, p. 194), contribui resumindo da seguinte forma:

A despesa total com pessoal corresponde ao somatório dos gastos do


município com os ativos, inativos e os pensionistas, relativos a mandatos
eletivos, cargos, funções ou empregos civis, militares ou de membros de
poder, com quaisquer espécie remuneratórias, tais como vencimentos e
vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas
e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens
pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições
recolhidas pelo ente as entidades de previdência.

A Lei Complementar 101/00, ressalta em seu art. 18, § 1º a inclusão do cálculo da


despesa total com pessoal os valores dos contratos de terceirização de mão de obra referentes
a substituição de servidores e empregados públicos, denominando, outras despesas com
pessoal.
26

Andrade, (2013), ressalta que a terceirização de mão de obra, que são os serviços
prestados por empresas privadas ou outros profissionais deverão ter seus custos computados
nos gastos com pessoal mediante comprovação que trata-se de serviços típicos da
administração pública que são, serviços médicos, educadores e motoristas, essas despesas
devem ter relação direta com a substituição da mão de obra referente a empregados públicos.
Os gestores públicos estão cientes que existem limites legais para serem cumpridos na
execução de despesas com pessoal e que o não cumprimento destes acarretará sanções de
cunho administrativo e pessoal. Mesmo assim poucos tratam do assunto com seriedade, e com
isso, muitas contas são aprovadas com ressalvas ou simplesmente rejeitadas.

2.4.2 Gastos com saúde e educação

Entende-se que o governo municipal responde por meio dos gastos correntes aos
anseios da comunidade local por uma boa qualidade dos serviços públicos.
A CF/88, afirma em seu art. 6º, que a educação, a saúde, o trabalho e a moradia, entre
outros são direitos sociais, que estabelecem a igualdade entre os brasileiros.

Para que essa qualidade seja refletido nos indicadores sociais, especialmente na
educação e na saúde é preciso uma atenção maior dos gestores uma vez que compõem uma
maior parcela do gasto público municipal, merecendo prioridade na sua utilização no
momento da execução sempre de acordo com o melhor para a coletividade.

Para que isso seja bem administrado deve-se obediência ao princípio da não afetação
das receitas, que de acordo com o art. 167 da CF/88, fica proibido:

IV – A vinculação de receitas de impostos a órgão, fundo ou despesa,


ressalvadas a repartição do produto de arrecadação dos impostos a que se
referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços
públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para
realização de atividades da administração tributária, como determinado,
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de
garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art.
165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo.
27

Sendo assim somente as receitas de impostos estão sujeitas ao princípio em questão,


não sendo aplicado as demais receitas.
A obediência ao princípio da não afetação das receitas, de acordo com Giacomoni,
(2008, p. 75), faz necessário de forma que:

Não sendo considerado como um dos princípios clássicos concebidos a partir


do interesse parlamentar, a exigência de que as receitas não sofram
vinculações, antes de qualquer coisa, é uma imposição do bom senso, pois
qualquer administrador prefere dispor de recursos não comprometidos para
atender as despesas conforme as necessidades. Recursos excessivamente
vinculados sinalizam dificuldades, pois podem significar sobra em
programas de menor importância e falta em outros de maior prioridade.

Segundo pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisas e Estratégia Econômica do


Ceará (IPECE), educação e saúde são os setores que tem maior impacto sobre o
desenvolvimento da sociedade, “[...] haja vista que o principal insumo que as economias
modernas contam para crescer e se desenvolver trata-se da formação de indivíduos saudáveis
e bem formados, [...]”.

De acordo com as ideias citadas acima, pretende-se propor uma abordagem em torno
da qualidade dos gastos públicos municipais, como também da sequência que é exigida
legalmente em torno dos limites determinados, especificando a saúde e educação.

2.4.3 Limites mínimos de gastos com saúde

A CF/88, garante o direito a saúde, através de ações e serviços que devem ser
prestados de forma igualitária e universal a população. De acordo com o Art. 2º da Lei nº
8.080/90, “a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as
condições indispensáveis ao seu pleno exercício”.

Além de receber recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS), originário do


orçamento da seguridade social e de outros orçamentos da união. A CF/88, relata que o
município deve aplicar, no mínimo, 15% de suas receitas com impostos e transferências nas
ações e serviços públicos.

O Fundo Nacional de saúde (FNS) é o gestor financeiro, na esfera federal dos


recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). Tem como missão “contribuir para o
28

fortalecimento da cidadania, mediante a melhoria continua do financiamento das ações da


saúde”.

Segundo o Ministério da Saúde:

Os recursos destinam-se a prover, nos termos no artigo 2º da Lei nº 8.142, de


28 de dezembro de 1990, as despesas do Ministério da Saúde, de seus órgãos
e entidades da administração indireta, bem como a despesas de transferência
para a cobertura de ações e serviços de saúde a serem executadas pelos
Municípios, Estados e Distrito Federal.

Andrade, (2013, p. 2), define FNS como:

O Fundo Nacional de Saúde é um instrumento de planejamento por permitir


ao gestor conhecer os recursos de que dispõe para as ações e serviços de
saúde e controle por facilitar o acompanhamento permanente sobre as fontes
de receita, seus valores e as datas de ingresso, as despesas realizadas e os
rendimentos de aplicações financeira.

Segundo o art. 35 da Lei nº 8.080/90, existem alguns critérios que são analisados antes
do rateio dos recursos a serem transferidos para os Estados, Distrito Federal e Municípios, que
são eles:

I – perfil demográfico da região;


II – perfil epidemiológico da população a ser coletada;
III – características quantitativas e qualitativas da rede de saúde na área;
IV – desempenho técnico, econômico e financeiro no período anterior;
V – níveis de participação do setor saúde nos orçamentos estaduais e
municipais;
VI – previsão do plano de investimento da rede;
VII – ressarcimento do atendimento a serviços prestados para outras esferas
de governo;

Por isso os Municípios são responsáveis pela gestão do dinheiro destinado a saúde e
tem obrigação legal de manterem todas as receitas no fundo próprio de saúde, sem
remanejamento para outras áreas e disponíveis para serem fiscalizados pelos conselhos
responsáveis.

2.4.4 Sistema Único de Saúde – SUS


29

Segundo o art. 4º da Lei nº 80.080/90, conceitua SUS como, um “conjunto de ações e


serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e
municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder
público[...]”.

O SUS foi criado para unificar as ações de saúde em escala federal, suas receitas são
arrecadadas pela União, como também serve para custear a seguridade social. Suas ações e
prioridades são obedientes aos princípios exigidos no art. 198 da CF/88, universalidade,
integralidade, autonomia, igualdade na assistência à saúde, direito a informação, entre outros.

De acordo com Jund, (2008, p. 348). “O SUS tem por objetivo proporcionar acesso
universal, igualitário e integral à saúde para a população brasileira. Como meio de atingir esse
propósito, o SUS rege-se pelos princípios da participação da comunidade, da existência de
rede de serviços hierarquizada e regionalizada e da descentralização”.

O SUS é um sistema público de obrigação legal não sendo facultativo, sua


responsabilidade com a gestão e o financiamento deve ser dividido entre os gestores das três
esferas, ressalta-se que, a iniciativa privada participa de forma complementar do SUS.

Acerca do tema Jund, (2008, p. 355), Complementa:

A fiscalização da execução orçamentária dos Estados, do Distrito Federal e


dos Municípios deve ser exercida pelo Poder Legislativo local, mediante
controle externo e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo. O
controle externo a cargo do Poder Legislativo local é exercido com auxílio
dos Tribunais de Contas dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios [...].

Mesmo com todos esses órgãos fiscalizadores conta-se também com o Sistema de
Informações sobre o Orçamentos Públicos (SIOPS), que foi criado para acompanhar,
fiscalizar como até mesmo controlar as aplicações das receitas em ações e serviços públicos
de saúde.

O SIOPS tem por finalidade dar maior transparência aos gastos públicos na área da
saúde, levando informações a sociedade de forma simples e de fácil acesso, visando uma
maior eficácia das ações e dos serviços públicos na área. O Sistema de Informações Sobre os
Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) demonstra informações relativas em cumprimento a
EC n°29 dos órgãos de controle e fiscalização no tocante que trata dos recursos mínimos para
o financiamento das ações e serviços públicos de saúde.
30

2.5 GASTOS COM EDUCAÇÃO

Por ser um dos principais instrumentos necessários para a redução da desigualdade


no mundo absorve uma grande parte dos recursos públicos.

A CF/88, diz que é direito do cidadão, uma educação pública e de qualidade,


complementa em seu art. 212, que os municípios devem aplicar no mínimo 25% de sua receita
provida de impostos, diretamente coletados ou de transferência de outros níveis de governo na
educação.

A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o


Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da
receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), aplica


recursos na área da educação, é constituído de 20% dos recursos provenientes de
transferências como: FPM, ICMS, IPVA, ITCMD, ITR.

O FUNDEB foi criado para substituir o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do


Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério – FUNDEF.

Segundo a Cartilha do FUNDEB, a mudança surgiu para melhorar o atendimento na


questão educação.

Com as modificações que o FUNDEB oferece o novo Fundo atenderá não só


o Ensino Fundamental (6/7 a 14 anos), como também a Educação Infantil (0
a 5/6 anos), o Ensino Médio (15 a 17 anos) e a Educação de Jovens e
Adultos. O FUNDEF, que vigorou até o fim de 2006, permitia investimentos
apenas no Ensino Fundamental nas modalidades regular e especial, ao passo
que o FUNDEB vai proporcionar a garantia da Educação Básica a todos os
brasileiros, da creche ao final do Ensino Médio, inclusive aqueles que não
tiveram acesso à educação em sua infância.

Por ser formado por uma parcela financeira de recursos federais, e por parcelas de
impostos e transferências dos Estados, Distrito Federal e Municípios. Ressaltando que todo o
recurso que seja gerado desses repasses será redistribuído para que seja aplicado na educação
básica.
31

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas e Educação (INEP).

A cobertura dos investimentos públicos em educação compreende a


formulação de política manutenção e desenvolvimento do ensino, a expansão e
melhoria das escolas de diversos níveis e modalidades de ensino, dos
estabelecimentos de educação, dos programas de assistência ao estudante,
entre outros.

Diante do exposto anteriormente podemos esclarecer um pouco sobre as leis e


normas que norteiam os gastos públicos em torno da educação brasileira, que é considerada
um dos principais instrumentos para a igualdade dos povos deve ter seus recursos aplicados
de forma correta e transparente para que seus objetivos sejam alcançados.

A obediência aos limites legais estabelecidos é de grande relevância para uma boa
administração pública, visando que na gestão governamental só pode ser realizado o que
estiver previamente estabelecido na lei visando favorecer melhores resultados na aplicação
dos recursos públicos.

2.6 CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Com relação ao controle, entende tratar-se de um instrumento que tem como objetivo
medir o desempenho de uma determinada empresa ou instituição, visando adoções
imediatas que possam corrigir ou melhorar a execução das ações quando acontece algum erro
ou falha na gestão. Podendo ser implantado em todas as áreas administrativas para atingir
metas com eficiência, eficácia e economia nas atividades a serem realizadas.
Segundo Quintana, Machado (2011, p. 143 apud GUERRA, 2007, p. 90).

O controle da administração pública é a possibilidade de verificação,


inspeção, exame, pela própria Administração, por outros poderes ou
qualquer cidadão, da efetiva correção na conduta gerencial de um poder,
órgão ou autoridade, no escopo de garantir atuação conforme aos modelos
desejados e anteriormente planejados, gerando uma aferição sistemática.

De acordo com o art.77, da Lei nº 4.320/64, relata que há outro tipo de classificação
para o tipo de controle, levando-se em conta o momento em que o mesmo é efetuado,
32

“verificação da legalidade dos atos da execução orçamentária será prévia, concomitante e


subsequente”.

A fiscalização prévia dos trabalhos permite a identificação de desvios em tempo hábil


e com isso evita que atos ou fatos que venham provocar prejuízos a coisa pública venham a
serem concretizados.

Segundo QUINTANA e MACHADO (2011, p.143), o controle da administração


pública passa por fases, exigidas por lei para evitar a incidência de desvios que venham
prejudicar a coisa pública, que são elas:

Por controle prévio pode-se citar a análise dos contratos firmados entre
governo e empresas, antes da liquidação da despesa, apurando-se assim
eventuais irregularidades antes mesmo de sua execução.
O controle concomitante é exercido por meio de relatórios periódicos que
permitam acompanhar o andamento dos processos de despesa durante o
exercício[...].
O controle subsequente realiza-se após a efetivação das despesas, por
exemplo, após o termino do exercício, com a apuração e apresentação de
balancetes e balanços integrantes dos relatórios da prestação de contas.

De acordo com Rosa (2013, p.110 a 111)

O controle da execução orçamentaria é a última etapa do processo


orçamentário: Segundo o art. 75 da Lei 4.320/1964 o controle da execução
orçamentaria compreenderá:
A legalidade dos atos praticados de que resultem a arrecadação da receia ou
a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;
A fidelidade funcional dos agentes da administração responsáveis por bens e
valores públicos:
O cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e
em termos de realização de obras e prestação de serviços.

Resumindo o controle da execução orçamentaria é a definição do campo de atuação,


a verificação frequente dos atos da gestão abrangendo o controle, verificando a fidelidade de
qualquer usuário que tenha a responsabilidade de bens e valores públicos.

O controle pode ser também, interno ou externo, dependendo de sua origem, ou seja,
se decorre de órgão integrante ou não da própria estrutura em que se insere o órgão
controlado. Podem ser mais bem explicitados da seguinte forma.

• Interno – é a espécie de controle que cada um dos Poderes exerce sobre seus próprios
atos e gerentes;
33

• Externo – é a espécie de controle exercida por um dos Poderes sobre o outro, como
também o controle da Administração Direta sobre a Indireta.

2.7 CONTROLE INTERNO

“O controle interno pode ser entendido como todas as ações e medidas adotadas numa
entidade, destinadas a prevenir salvaguardar o patrimônio daquela, bem como
acompanhar os processos e rotinas ali existentes”. (QUINTANA e MACHADO, 2011,
p.145).
De acordo com Castro, (2008, p.45).

O objetivo do controle interno é funcionar, simultaneamente, como um


mecanismo de auxílio para o administrador público e instrumento de
proteção e defesa do cidadão. O controle contribui para que os objetivos da
organização pública sejam alcançados e que as ações sejam conduzidas de
forma econômica, eficiente e eficaz. O resultado disto é uma verdadeira
salvaguarda dos recursos públicos contra o desperdício, o abuso, os erros, as
fraudes e as irregularidades.

De acordo com a NBC T 16.8, define controle interno como sendo um “suporte do
sistema de informação contábil, no sentido de minimizar riscos e dar efetividade as
informações da contabilidade, visando contribuir para o alcance dos objetivos da entidade do
setor público”.

Segundo Castro, (2008, p.360), resume a definição de controle interno na área


pública como: “[...] o conjunto de métodos e procedimentos adotados pela entidade, para
salvaguardar os atos praticados pelo gestor e o patrimônio sob sua responsabilidade,
conferindo fidedignamente aos dados contábeis e segurança as informações deles
decorrentes”.

O art. 35 da CF/88 em seu art.31, a cargo do Poder Executivo, no caso dos


municípios respeitando sua autonomia prevê:

Art. 31. A fiscalização do município será exercida pelo Poder Legislativo


Municipal, mediante controle externo e pelos sistemas de controle interno do
Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
34

§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com auxílio dos


Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos conselhos ou
Tribunais de Contas dos Municípios onde houver.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o
prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de
dois terços dos membros da Câmara Municipal.
§ 3º As contas do município ficarão durante sessenta dias, anualmente, a
disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá
questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.

Nos itens acima citados ressalta-se que na esfera municipal a fiscalização dos
recursos públicos é feita pelo Poder Legislativo e auxiliado pelo Tribunal de Contas do
Município(TCM). No caso dos municípios o Controle Interno poderá estar inserido na Lei
Orgânica ou regulamentado por lei especifica.

No art.70 da CF/88, são tratados os aspectos de fiscalização contábil, financeira,


patrimonial e operacional. No mesmo artigo, em seu parágrafo único determinam que, todos
aqueles que utilizem, arrecadem ou administrem recursos públicos são obrigados a prestar
contas, descritos dessa forma:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções
e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública
ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros,
bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome
desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

O Sistema de Controle Interno é de grande importância para todos os atos e


processos administrativos de órgão ou entidade, de forma que não pode e nem deve ser
concebido separadamente. Sua integração é fator decisivo para o perfeito desempenho das
atividades a serem implementadas nas diversas unidades administrativas.
A CF/88, versa sobre este assunto no art. 74, no que diz respeito aos poderes que
que manterão de forma integrada o sistema de controle interno. Esse artigo vem a corrigir
os artigos 75 e 76 da lei 4.320/64 o qual subtendia que toda a responsabilidade de controle
era destinada apenas ao Poder Executivo.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma


integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
35

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a


execução dos programas de governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como
dos direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de
qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de
Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades
perante o Tribunal de Contas da União.

Diante do expostos podemos ressaltar que o controle interno é uma ferramenta que
fiscaliza as ações da administração pública, com o intuito de fazer cumprir-se a legislação
aplicada aos órgãos públicos prevenindo e corrigindo eventuais irregularidades que venham
a ser praticada pelo ente que a realiza, como também verificar a confiabilidade dos dados
informados quanto as questões orçamentarias, financeiras, contábeis, operacionais e
patrimoniais das entidades.

2.8 CONTROLE EXTERNO

Em sua obra Silva, (2013, p. 20), define controle Externo como sendo;

Controle externo é aquele exercido pelo Congresso Nacional com o auxílio


do Tribunal de Contas da União, que tem por objetivo apreciar as contas do
Governo da República, desempenhar as funções de auditoria financeira e
orçamentária e julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
por bens e valores públicos.

Segundo Giacomoni, (2008, p.334), a constituição dá ao Poder Legislativo a


titularidade do controle externo. Aplicam-se a todos os entes da federação com adaptações
devidas aos seguintes dispositivos:

- Julgar anualmente as contas prestadas pelo presidente da República e


apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;
- Fiscalizar e controlar, diretamente, ou qualquer de suas casas, os atos;
36

A Lei 4.320/64, “evidenciam que as questões centrais de interesse do controle


externo são os aspectos legais ligados a arrecadação e aplicação dos dinheiros públicos e a
observância dos limites financeiros consignados no orçamento”.

Conforme o art. 59 da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Poder Legislativo, com o


auxílio dos tribunais de contas, do sistema do Poder Executivo, incluindo os da administração
indireta.de controle interno de cada poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento
das normas definidas pela LRF, no que se refere a:

- Atingimento das metas estabelecidas na LDO;


- Limites e condições para a realização de operações de crédito e inscrição
em restos a pagar;
- Medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal, montante
das dívidas consolidada e mobiliaria aos respectivos limites, quando estas
houverem sido ultrapassadas;
- Destinação de recursos obtidos com alienação de ativos, tendo em vista as
restrições constitucionais e legais. Ademais, o Tribunal de Contas alertará o
respectivo Poder ou Órgão caso constante:
- A possibilidade de que a realização da receita não comporte o cumprimento
das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de
Metas Fiscais;
- Que os montantes da despesa total com pessoal, das dívidas consolidadas e
mobiliaria, das operações de credito e da concessão de garantia se encontram
acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;
- Que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite
definido;
- Fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou
indícios de irregularidades na gestão orçamentária.

Segundo Quintana, Machado (2011, p. 143 apud GUERRA, 2007, p.101), expõe que:

O incremento dessa espécie de controle deu-se a partir do avanço da


democracia e do desenvolvimento do Estado de direito, levando a melhoria
nas relações entre os ideia de que o Estado tudo e ao cidadão a cega
obediência aos entes públicos e privados, entre o Estado e o cidadão, não se
admitindo mais a antiga.

O controle externo é aquele executado pelos órgãos auxiliares, estranhos a


administração pública que terão seus atos inspecionados pela sociedade em geral, pelo poder
Legislativo, Ministério Público e pelo Tribunal de Contas.
37

2.9 CONTROLE SOCIAL

Segundo Castro, (2008, p.341 - 342) “Outra forma de controle externo é o controle
social exercido pela população. Ele se manifesta no exercício do voto para a escolha dos
governantes e representantes junto ao parlamento municipal, estadual e nacional. [...]”.

De acordo com CF/88 em seu inciso LXXIII, preconiza que:

Qualquer cidadão é parte legitima para propor ação popular que vise anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o estado participe, a
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má fé, isento de custos judiciais
e de ônus da sucumbência.

Cabe ressaltar que a população pode e deve participar das ações da administração
pública, fiscalizando as tomadas de decisões dos gestores da coisa pública, apoiados por leis,
buscando sempre o melhor para a coletividade.
38

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DA PESQUISA

Com intenção de promover meios que possibilitem a realização deste estudo e que se
fundamentem de maneira precisa os dados que serão prescritos torna-se necessários o uso de
técnicas de pesquisa como: a pesquisa descritiva, a pesquisa exploratória, o estudo de caso e
também da pesquisa qualitativa como subsídios para a coleta e seleção de dados.

Este trabalho classifica-se como pesquisa descritiva, pois segundo Gil (2002), as
pesquisas descritivas têm como objetivo primordial à descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relação entre as
variáveis.

De acordo com Marconi e Lakatos (2006, p. 190), a pesquisa ainda classifica-se


como exploratória, onde estudos exploratórios são investigações por meio de pesquisa
empírica com o objetivo de formular questões para o desenvolvimento de hipóteses, aumento
da familiaridade com o ambiente do tema, visando esclarecer os conceitos para a elaboração
de pesquisas futuras mais precisas.

Portanto, a pesquisa exploratória trata de assuntos que não haviam sido objeto de
profundo conhecimento, sendo assim permite conhecer mais a fundo a entidade analisada.

Quanto aos procedimentos têm como técnica escolhida o estudo de caso, o qual
conceitua Pinheiro (2010, p. 23), como sendo um “[...] estudo profundo e exaustivo de um ou
poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento”. Nesse
contexto, uma entidade pública é o foco central da pesquisa, que será conduzida através de
questionário junto a contadora da referida entidade.

Quanto à abordagem esta pesquisa caracteriza-se como qualitativa, que segundo


Pinheiro (2010, p. 20) “[...] caracteriza-se pela tentativa de uma compreensão detalhada dos
significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados [...] ou seja a
pesquisa qualitativa análises por não depender de métodos e permite ao pesquisador uma
maior liberdade de expressar sua opinião em decorrência de suas dados estatísticos.
39

Através destes instrumentos revela-se que tal estudo destina-se a contribuir para a
sociedade em geral, demonstrando a importância do orçamento público e o uso do controle
interno visando o bem estar social.

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA

Em sua obra Vergara (1998, p. 48) define universo e amostra da seguinte maneira:

O universo e a amostra tratam de definir toda a população e a população


amostral, sendo que se entende por população o conjunto de elementos que
possuem características que serão objetos ele estudo. A população amostra!
ou amostra é uma parte do universo (população), escolhida segundo algum
critério de representatividade.

Define-se assim como universo a prefeitura municipal de Serra Negra do Norte/RN


que será analisada como peça chave desse estudo, que representa a totalidade e abrangência
sobre o tema abordado. Já amostra será representada pelos servidores do setor contábil da
prefeitura pois dentro do universo compreendido eles detêm o maior conhecimento
concernente às atividades desenvolvidas e aqui tratadas.

3.3 SUJEITOS DA PESQUISA

A pesquisa será desenvolvida na Prefeitura Municipal de Serra Negra do Norte/RN,


com base nas informações oferecidas pelo setor contábil da referida entidade.

A prefeitura objeto de estudo, localiza-se na rua Senador José Bernardo, 410, Centro,
Serra Negra do Norte/RN. O prefeito é o jovem Alysson Moises de Medeiros, o mesmo conta
com nove secretarias que o auxiliam na administração que são: Secretaria Agricultura,
Pecuária e Municipal de Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Administração e
Planejamento, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Secretaria
Municipal de Educação e Cultura, Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos,
Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal
40

de Finanças e Tributação, Secretaria Municipal de Saneamento, Recursos Hídricos e


Abastecimento, Secretaria Municipal do Trabalho, Habitação e da Assistência Social.

3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DOS DADOS

A pesquisa utilizará como técnica de coleta de dados uma entrevista com os


servidores lotados no setor contábil da entidade a qual é objeto do estudo contendo
questionamentos que se façam precisos e evidenciem as pretensões deste e as necessidades da
sociedade.

Segundo Silva (2010, p. 63), entrevista é uma comunicação verbal entre duas ou mais
pessoas, com um grau de estruturação previamente definido. Uma entrevista pode ter como
objetivo averiguar fatos ou fenômenos.

A entrevista é do tipo estruturada que de acordo com Marconi, (2003.p.197).

É aquela em que o entrevistador segue um roteiro previamente


estabelecido; as perguntas feitas ao indivíduo são
predeterminadas. Ela se realiza de acordo com um formulário
elaborado e é efetuada de preferência com pessoas selecionadas
dos entrevistados, respostas às mesmas perguntas, permitindo
"que todas elas sejam comparadas com o mesmo conjunto de
perguntas, e que as diferenças devem refletir diferenças entre os
respondentes e não diferenças nas perguntas. O pesquisador não
é livre para adaptar suas perguntas a determinada situação,
alterar a ordem dos tópicos ou de fazer outras perguntas.

3.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS

De posse dos dados colhidos com o setor contábil, a interpretação e análise se deram
conforme as técnicas metodológicas acima citadas de modo, a relacionar as informações
colhidas com o conhecimento teórico explanado. Estas foram organizadas e verificadas no
intuito de oferecer soluções necessárias para a resolução do problema identificado que é o
orçamento público e o uso do controle interno, buscando como o mesmo poder contribuir para
uma melhor gestão evidenciando o bem-estar social.
41

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com a finalidade de atender aos objetivos desta pesquisa, foi realizada uma entrevista
com os servidores do setor contábil da Prefeitura Municipal de Serra Negra do Norte/RN.
Aplicando questionamentos amparados no referencial teórico apresentado ao longo do
trabalho, conforme Roteiro de Entrevista presente no apêndice.

A entrevista seguiu as seguintes etapas: Quanto ao planejamento da execução


orçamentária; Quanto ao acompanhamento da execução orçamentária; Quanto ao controle e a
avaliação da execução orçamentária; Quanto ao controle patrimonial; Quanto à prestação de
contas da execução orçamentária e; Quanto à modernização da Contabilidade Pública.

Tendo em vista que o principal objetivo deste trabalho foi analisar como a
contabilidade aplicada ao setor público influência no controle dos gastos públicos, assim
como também verificar qual a parcela de participação do setor contábil da prefeitura neste
processo.

4.1 QUANTO AO PLANEJAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA

Nesta primeira etapa da entrevista foram questões relacionadas ao planejamento da


execução orçamentária, nas quais foram obtidas as seguintes respostas:
Quanto a concepção da proposta orçamentaria, segundo os dados coletados a mesma é
elaborada de acordo com os princípios orçamentários.

No que se refere a participação efetiva do Setor de Contabilidade na elaboração dos


instrumentos de Planejamento Orçamentário, PPA, LOA, LDO, verifica-se a contribuição da
contabilidade, o que vem a demonstrar que o setor contábil da prefeitura e o Executivo
trabalham em parceria, diminuindo assim o risco de falhas quanto aos preceitos legais
estabelecidos. Porém, também foi constatado na pesquisa, que a realização das Metas e Riscos
Fiscais, como também das prioridades inclusas na LDO, o município nem sempre consegue
realizá-las sem que sejam feitas alterações na LOA, referente a cada ano. Este fato pode vir a
demonstrar que mesmo havendo um planejamento conjunto da gestão com a contabilidade,
ainda podem ocorrer algumas alterações nesses dispositivos, mas em nada fere a legislação,
42

pois se for verificado que ocorreram alterações quando da elaboração da LOA, como
mudança nos parâmetros utilizados na estimativa das receitas e despesas, mudanças na
legislação ou no caso das calamidades públicas, estas metas e prioridades poderão sofrer
modificações, desde que previamente registradas na LDO.

Na análise das informações obtidas, foi observado que o município incentiva a


participação da comunidade na elaboração do orçamento, inclusive, a partir do ano de 2013 a
Administração Municipal adotou a prática do Orçamento Participativo, com a realização de
audiências públicas abertas a população e a criação de um espaço eletrônico, dentro do site do
município, onde o cidadão pode dar sugestões de propostas para elaboração orçamentária, o
que vem a fomentar a participação popular na gestão do município.

Segundo a análise dos dados obtidos foi observado que os gestores não utilizam a
contabilidade com fins gerenciais, o que configura um ponto negativo para a gestão, pois os
relatórios gerenciais servem para subsidiar os gestores públicos na tomada de decisões e
também a sociedade no controle dos recursos públicos. Esses relatórios, além de subsidiarem
os gestores na tomada de decisões, também auxiliam a administração no controle dos gastos
públicos, bem como o controle do patrimônio público e a transparência da gestão.

4.2 QUANTO AO ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

Na segunda etapa da entrevista foram abordadas questões relacionadas ao


acompanhamento da execução orçamentária, tendo como respostas:

Quanto a análise e interpretação dos resultados econômicos e financeiros do


município, no que diz respeito aos fins gerenciais, a contabilidade analisa, interpreta, bem
como fornece relatórios com esse tipo de informação. Mas, como já foi citado na etapa
anterior, os gestores não utilizam esse tipo de informação para fins gerenciais.

A pesquisa também aponta que a contabilidade participa ativamente do controle


relacionado ao cumprimento dos percentuais mínimos dos recursos próprios a serem aplicados
com as despesas em ações e serviços de saúde e educação. Onde, o setor contábil fornece
bimestralmente, relatórios que apresentam detalhadamente a execução dos gastos com saúde e
educação, verificando se o município está cumprindo as exigências mínimas. A contabilidade
43

também elabora, quadrimestralmente, o relatório de gestão dos gastos de saúde e juntamente


com o gestor, prestam contas desses gastos em audiência pública aberta a toda a população.

Quanto a participação ativa da contabilidade no controle em relação as despesas com


pessoal o setor contábil a firma sua participação. A contabilidade apresenta, semestralmente,
relatórios que trazem detalhadamente o comportamento das despesas com pessoal, buscando
identificar se a administração está cumprindo os limites estabelecidos pela LRF. Com relação
aos gastos com pessoal, a contabilidade ainda contribui com o cálculo do impacto financeiro
que qualquer nova contratação, bem como, aumento de salários, criação de novos cargos ou
adicionais salariais, pode causar sobre o percentual de despesas com pessoal, tendo sempre o
cuidado de observar se esse percentual não ultrapassará o limite fixado em lei.

4.3 QUANTO AO CONTROLE E AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA

Na terceira etapa da entrevista foram abordadas questões relacionadas ao controle e a


avaliação da execução orçamentária, nas quais foram obtidas as seguintes respostas:

Quando perguntado sobre a elaboração de demonstrativo das ações ajuizadas para a


cobrança da dívida do município, o setor de contabilidade informou que o município elabora
de forma parcial, o que vem a demonstrar novamente, falhas ou deficiência por parte da
administração pública do município. O relatório da dívida ativa é elaborado ao término de
cada exercício, porém a ausência de um Auditor Fiscal na área tributária deixa a desejar no
quesito cobrança dessa dívida.

De acordo com os dados que foram obtidos, pode-se observar que a Contabilidade
obedece aos princípios legais estabelecidos, levando em conta sua participação na elaboração
e apresentação dos relatórios bimestrais obrigatórios como o Relatório Resumido da Execução
Orçamentaria, RREO, como também do Relatório da Gestão Fiscal, RGF. Além de serem
relatórios obrigatórios segundo a LRF, os anexos desses relatórios contém informações
essenciais para a tomada de decisão dos gestores e principalmente, para o controle dos gastos
públicos.
44

4.4 QUANTO AO CONTROLE PATRIMONIAL

Na quarta etapa da entrevista foram abordadas questões relacionadas ao controle


patrimonial, sendo obtidas as seguintes respostas:

Conforme a análise das informações obtidas, pode-se verificar que a contabilidade


realiza de forma parcial o registro do Controle Patrimonial, através dos demonstrativos
contábeis referentes as aquisições, como também nas desapropriações de bens moveis ou
imóveis. Conforme foi exposto na entrevista, isso deve-se ao fato da administração não
possuir um sistema patrimonial informatizado e integrado ao sistema contábil, dificultando o
registro dos bens patrimoniais da entidade.

4.5 QUANTO A PRESTAÇÃO DE CONTAS DA EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA

Na quinta etapa da entrevista foram abordadas questões relacionadas a prestação de


contas da execução orçamentária, e foram obtidas as seguintes respostas:

Foi verificado neste item que o setor da Contabilidade, obedece ao Art.52, inciso I,
alínea, a, b, do inciso II, e § 1, anexo I, da LRF, que determina a elaboração e apresentação
dos Balanços e Relatórios obrigatórios. Inclusive, publica-os sempre dentro dos prazos, bem
como também os apresenta aos órgãos fiscalizadores nos prazos definidos em lei.

Também pode ser identificado de acordo com os dados obtidos, que a instituição já
publica suas informações pormenorizadas em meio eletrônico, sobre a execução orçamentaria
e financeira. Sendo informados, em tempo real, a execução das receitas e despesas públicas no
portal da transparência, e demais relatórios e legislação estarão disponíveis no site do
município.

Segundo os dados obtidos pode-se comprovar que o setor contábil, participa de


consultas e audiências públicas, agindo na legalidade, uma vez que, é o setor que responde
diretamente pela elaboração da prestação de contas junto à comunidade.
45

4.6 QUANTO A MODERNIZAÇÃO DA CONTABILIDADE PÚBLICA

A Contabilidade Aplicada ao Setor Público, nos últimos anos vem passando por
mudanças, em busca de um aperfeiçoamento da gestão do patrimônio público e de uma
melhor utilização do dinheiro público, para que isso venha a ser possível, estão sendo
estudadas e implementadas novas práticas contábeis e novos procedimentos visando uma
aproximação aos padrões internacionais da contabilidade, e assim dar uma maior
transparência as contas públicas.

Sendo assim foi indagado aos profissionais responsáveis pela área contábil em análise,
sobre sua preparação no sentido de participação em congressos, convenções, palestras, como
também treinamentos para que de fato venha a agregar informações que possa ser útil para sua
carreira em torno do tema, obteve-se como resposta que os servidores do setor contábil
participa de forma parcial a esses eventos, que a entidade não oferece nenhum treinamento,
como também que o município não se encontra totalmente preparado para a nova realidade.
Conforme dados da entrevista, esse fato justifica-se pela ausência de eventos e treinamentos,
na região, sobre esse processo de mudanças na Contabilidade Aplicada ao Setor Público, o
que dificulta a participação dos servidores, uma vez que estes têm que deslocar-se a outras
regiões, o que geraria um custo alto pra administração.

Também foi indagado se os gestores têm algum conhecimento de como a


contabilidade, logo após a implantação das NBCASP, promoverá informações adequadas
quanto a tomada de decisões. Obteve-se como resposta que os gestores não tem conhecimento
sobre o tema e muito menos sobre a importância da implantação destas normas para gestão
pública municipal.
46

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de tudo que foi exposto ao longo dessa pesquisa, feito todos os levantamentos
bibliográficos, estudo de caso e as análises dos dados buscou-se mostrar a influência da
Contabilidade Aplicada ao Setor Público como instrumento de controle dos gastos públicos,
demonstrando que a contabilidade tem papel importante no planejamento e execução
orçamentária, bem como na apresentação de relatórios auxiliares no processo de tomada de
decisão do gestor público.

Com base no que foi pesquisado e para responder ao problema formulado no presente
trabalho, bem como validar os objetivos levantados foi realizada uma entrevista com os
servidores da área contábil da referida prefeitura, com o intuito de verificar qual a
participação da contabilidade em todos os procedimentos contábeis para fins gerenciais.

Diante do exposto, foi possível analisar que a Contabilidade do município participa


efetivamente da maioria dos procedimentos e ações ajuizadas pela prefeitura Municipal, o que
vem a possibilitar uma tomada de decisões mais segura no que diz respeito ao cumprimento
das metas e objetivos.

De acordo com as informações obtidas com a pesquisa pode-se constatar que a


contabilidade participa de todas as etapas do planejamento e execução das despesas, dando ao
gestor subsídios necessários para um controle eficiente dos gastos da entidade.

Observa-se também que, no município analisado, a contabilidade auxilia o gestor na


obediência aos princípios legais estabelecidos, bem como tem participação efetiva na
elaboração e apresentação dos relatórios bimestrais obrigatórios, como por exemplo, o
Relatório Resumido da Execução Orçamentaria – RREO, e também do Relatório da Gestão
Fiscal – RGF, onde esses relatórios possuem informações relevantes para a tomada de decisão
dos gestores e principalmente, para o controle dos gastos públicos.

Segundo a pesquisa, pode-se confirmar que o município não utiliza integralmente a


contabilidade como ferramenta de apoio gerencial nas tomadas de decisões, utilizando-a
apenas no processo de prestação de contas e cumprimento de exigências legais. Este foi um
dos pontos a ser melhorado que foi encontrado neste estudo de caso, pois se os gestores
utilizasse a contabilidade como ferramenta essencial e não apenas no cumprimento de leis,
47

mas principalmente no auxilio quanto ao processo da tomada de decisão, a gestão dos


recursos seria mais eficiente e efetiva.

Nesta pesquisa percebe-se também, como ponto negativo da administração, um déficit


no aperfeiçoamento de novas práticas e procedimentos contábeis aos padrões internacionais
da contabilidade, bem como, a falta de conhecimento dos gestores sobre o tema. E isso é um
fato preocupante, pois a Contabilidade vem passando por um processo de convergências as
normas internacionais e as entidades devem se adequar a essa nova realidade.

Pode-se concluir que a Contabilidade Pública é uma ferramenta essencial na gestão e


que precisa ser bem entendida para que sua finalidade seja atingida com eficiência e eficácia
no controle do patrimônio público, ao mesmo tempo em que sugere que as instituições de
ensino superior, como as áreas de Administração e Ciências Contábeis, possam rever suas
grades curriculares inserindo conteúdos relacionados a esta área. Percebe-se que para que haja
um país mais justo e democrático é preciso que existam pessoas devidamente capacitadas
nesta área para que os recursos públicos sejam aplicados de forma eficiente, sem esquecer é
claro de uma gestão ética e com responsabilidade e compromisso social.

Por fim, destaca-se que a resposta à problemática do presente trabalho foi respondida,
uma vez que, foi demonstrado com amparo nas respostas da entrevista que a contabilidade
tem influência sim no controle dos gastos públicos, ficando evidente que a mesma deve ser
utilizada como ferramenta de apoio, auxiliando os gestores no trato dos recursos públicos de
modo a evitar o uso indevido destes.
48

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CASTRO, Domingos Poubel, Auditoria, Contabilidade e Controle Interno no Setor Público.


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FILHO, João Eudes Bezerra. Orçamento Aplicado ao Setor Público.2. ed. São Paulo: Atlas,
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JUND, Sergio, AFO, Administração Financeira e Orçamentaria, 4.ed. Rio de Janeiro,


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_____ Lei Federal n° 4.320 de 17 de Março de 1964. Dispõe obre as Normas Gerais para
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______Lei Complementar n° 101 de 04 de Maio de 2000. Estabelece normas de finanças


públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. Disponível em:
<gov.br/ccivil_03/leis/lcp.101.htm>. Acesso em: 03 out 2015.

______Lei nº 8.080/90, dispõe sobre a regulação das ações e serviços de saúde para pessoas
naturais ou jurídicas de direito público ou privado. Disponível em: <>. Acesso em: 03 out
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49

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SLOMSKI, Valmor, Controladoria e Governança na Gestão Pública, 1.ed. São Paulo, Atlas
2014.
APÊNDICE A – ROTEIRO PARA ENTREVISTA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE-UFRN


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS
CAMPUS CAICÓ
BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Entrevista a ser realizada com os servidores do setor de contabilidade da Prefeitura de Serra


Negra do Norte/RN, para elaboração de trabalho como requisito para conclusão de curso, que
tem como tema: A INFLUÊNCIA DA CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR
PÚBLICO NO CONTROLE DOS GASTOS PÚBLICOS: um estudo de caso no
município de Serra Negra do Norte/RN?

1. Quanto ao planejamento da execução orçamentária:


a) O município obedece aos princípios orçamentários legais na concepção da proposta
orçamentária?

b) A contabilidade participa da elaboração do PPA, LOA e LDO?

c) O município fomenta a participação da comunidade na elaboração do orçamento?

d) As metas fiscais, riscos fiscais e as prioridades da administração incluídas na LDO


geralmente conseguem ser alcançadas ou realizadas sem que seja necessárias
alterações na LOA referente a cada ano?

e) Os gestores se utilizam da contabilidade para fins gerenciais?

f) Sabe-se que a elaboração e encaminhamento do PPA, LDO e LOA são de iniciativa


do Poder Executivo. Diante do exposto, o setor de contabilidade participa
efetivamente da elaboração desses instrumentos?

2. Quanto ao acompanhamento da execução orçamentária:


a) A Contabilidade analisa e interpreta os resultados econômicos e financeiros do município
com fins gerenciais?

b) A Contabilidade participa ativamente do controle relacionado ao cumprimento do


percentual mínimo de recursos próprios a serem aplicados com despesas em ações e
serviços de saúde?

c) A Contabilidade participa ativamente do controle relacionado ao cumprimento do


percentual mínimo de recursos próprios a serem aplicados em despesas de educação?

d) A contabilidade participa ativamente no controle relacionado às despesas com


pessoal?

3. Quanto ao controle e avaliação da execução orçamentária:


a) Elabora demonstrativo das ajuizadas para cobrança da dívida ativa do município?
b) A Contabilidade participa da elaboração e apresentação de relatórios bimestrais
obrigatórios, como relatório resumido da execução orçamentária?

c) Participa da elaboração e apresentação de relatórios quadrimestrais obrigatórios,


como o relatório de gestão fiscal?

4. Quanto ao controle Patrimonial:


a) A Contabilidade realiza o controle patrimonial, registrando fielmente nos demonstrativos
contábeis relacionados todas as aquisições ou desapropriações de bens móveis ou imóveis?

5. Quanto à prestação de contas da execução orçamentária:


a) A Contabilidade elabora e apresenta os balanços e relatórios obrigatórios?

b) O município já publica em meios eletrônicos de acesso público as informações


pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, conforme previsto na Lei
Complementar nº 131/2009 que alterou a LRF?

c) A Contabilidade participa de consultas e audiências públicas?

6. Quanto à modernidade da Contabilidade Pública:


a) Com a implantação das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público
(NBCASP) que se tornaram obrigatórias nos municípios a partir do ano de 2013, pergunta-se:
o município encontra-se preparado?

b) Os profissionais do setor de Contabilidade tem participado de aperfeiçoamento, de


Congressos, convenções ou palestras sobre o tema?
c) Na sua análise os gestores, têm conhecimento de como a Contabilidade, a partir da
implantação das NBCASP fomentar
DACAC

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