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INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA

Alvadi Antonio Balbinot Junior


Julio Franchini
Henrique Debiasi
Engenheiros Agrônomos, pesquisadores da Embrapa Soja
Principais usos de solos agrícolas do Brasil:

Agricultura Pecuária

- Sucessão soja/milho - Pastagens perenes


segunda safra
- Sucessão soja/trigo
- Sucessão
soja/coberturas do solo
Pecuária – Muitas áreas degradadas
Panorama em Maria Helena, PR, dia 01/08/2016
Alguns problemas da sucessão soja/milho
segunda safra:
- Período de colheita da soja e plantio do milho em
época chuvosa: mais compactação

- Pouca cobertura do solo entre agosto e outubro


- Sério problema com plantas daninhas de difícil
controle
- Doenças de solo/nematóides
Correção química
do solo

Sinergia

Melhoria da qualidade física,


química e biológica do solo e
quebra do ciclo de várias
doenças e pragas.
QUALIDADE DO SOLO NO SISTEMA ILP
Panorama em Maria Helena, PR, dia 01/08/2016
Pasto/carne
bovina

Pasto/leite Soja
ILP

Milho
Fonte: Balbinot Jr. et al., 2016
ILPF NO BRASIL Pesquisa encomendada pela Rede de Fomento ILPF e realizada pelo 
Kleffmann Group na safra 2015/2016 estimou que o Brasil conta hoje com 
11.468.124 ha com sistemas integrados de produção agropecuária.

Área com integração *

0% 20%

Mato Grosso

1.501.016 ha Goiás e DF
943.934 ha

Mato Grosso do Sul Minas Gerais

2.085.518 ha 1.046.878 ha

11,5
milhões de hectares
Rio Grande do Sul
1.457.900 ha
é a área estimada
com ILPF no Brasil
CONFIGURAÇÕES

83%

9%

7%

1%
Objetivos da ILP
Em regiões Em regiões de
agrícolas pecuária

- Reforma de pastagens

- Diversificação - Aumento da renda por


área
- Redução de riscos
econômicos - Aumento da
disponibilidade de
forragem no
outono/inverno
Relação entre a produtividade média da soja em 20 safras e o
C.V. da produtividade nos estados brasileiros produtores

Balbinot Jr. et al., 2017


Sistema ILP

Boa genética
Diversificação de
espécies cultivadas animal e vegetal

Plantio Correção do
direto solo
Bom manejo da
pastagem
Altura de pastejo indicada para algumas espécies de
forrageiras no pastejo rotacionado

Espécies ou variedades Altura (cm) das forrageiras


Entrada Saída
Panicum maximum

Mombaça 100-120 30-40


Tanzânia 90-110 30-40
Massai 50-60 15-20

Brachiaria brizantha (Brizantão e Xaraés) 40-45 15-20

B. decumbens (Braquiarinha) 30-35 10-15


B. humidicola (Humidicola) 25-30 8-12
Cynodon nlemfuensis (Estrela roxa) 25-30 8-12

Embrapa
Altura de pastejo indicada para algumas espécies de
forrageiras no pastejo contínuo

Pastagens Altura (cm) das forrageiras


máxima mínima
Capim-xaraés 45 20

Capim-marandu 35 20
Capim-piatã 35 20
Capim-paiaguás 35 20
Braquiária decumbens 30 15
Braquiária humidícola 20 10

Capim-tupi 20 10

Fazendo Certo, Embrapa Gado de Corte, 2015


10 cm 20 cm

10 cm

Foto: Alvadi Balbinot Jr.


Fazenda Flor Roxa, PR, janeiro de 2016

10 cm 20 cm

10 cm
Brachiaria ruziziensis pastejada a 30 cm de altura
Raízes da soja depois de Raízes de soja depois de
milho safrinha Braquiária ruziziensis

0 – 10 cm
38 %
38%

10 – 20 cm
57 %
57%

20 – 30 cm 14%
14 %

30 – 40 cm 100%%
100
TRANSPIRAÇÃO

Abertura
estomática

Fotossíntese

Embrapa/Coamo, safra 2018/19. Foto: Julio Franchini


Efeito das raízes das plantas forrageiras não seria tão ou mais
importante do que da palha?
A COMPACTAÇÃO NO SISTEMA ILP

10 cm 20 cm
Pontos a considerar:
10 cm

1) Compactação devido ao pisoteio


ocorre de 0 a 12 cm de profundidade;
2) Tolerância à compactação superficial:
soja > milho > feijão.
3) Compactação depende do manejo

Rotação de culturas + plantio direto +


10correção
cm do solo + bom manejo da
20 cm
pastagem

10 cm
Elevado crescimento de raízes e alta
atividade biológica do solo

Descompactação
biológica
Resistência a penetração do solo (Mpa) na camada de 0-5 cm após
diferentes pressões de pastejo

pasto a 50 cm : 2 UA/ha
3.5

pasto a 30 cm : 4 UA/ha 2.5

pasto a 15 cm :
6 UA/ha

Início Após pastejo

Pastejo contínuo, de Dez a Jun 2012


A EXPORTAÇÃO DE NUTRIENTES PELOS ANIMAIS

A quantidade exportada via carcaça é relativamente pequena. Os


bovinos devolvem ao sistema grande parte dos nutrientes ingeridos.

Exportação de 400 de peso vivo: 13 kg de N, 9 kg de P2O5 e menos de 1


kg de K2O (Anghinoni et al., 2015).

Animais são catalisadores da ciclagem de nutrientes.


Tabela . Quantidade de nutrientes na palha no momento da dessecação, quantidade liberada
de nutrientes até o final do ciclo da soja, taxa diária de liberação de nutrientes pela palha e
tempo para liberação de 50% dos nutrientes presentes na palha de pastagem de braquiária
brizanta, cultivar BRS Piatã, com e sem adubação nitrogenada, dessecada 15 dias antes da
semeadura da soja. Quantidade de palha na dessecação nas duas condições de adubação
nitrogenada = 5 t/ha. Londrina, PR, safra 2017/18
Nutrientes Adubação nitrogenada na pastagem
0 kg de N/ha 300 kg de N/ha
Quantidade de nutrientes na palha no momento da dessecação (kg/ha)
N 38 54
P 7 9
K 50 95
Ca 24 13
Mg 10 12
S 6 5
Quantidade liberada de nutrientes pela palha até o final do ciclo da soja (kg/ha)
N 36 54
P 7 9
K 50 95
Ca 22 13
Mg 10 12
S 5 4
Taxa de liberação de nutrientes pela palha, da dessecação ao final do ciclo da soja (kg/dia)
N 0,23 0,27
P * *
K * *
Ca 0,15 0,09
Mg 0,07 0,09
S 0,04 0,02
Dias para liberação de 50% dos nutrientes presentes na palha
N 70 60
P 40 30
K 20 15
Ca 75 50
Mg 60 50
S 85 90
*Taxa não linear. Fonte: Balbinot Jr. et al., 2011
Principais modalidades de ILP:
1) Lavoura no período de primavera/verão (soja) intercalada com
pastagem anual de outono/inverno (uso de aveia-preta e/ou
azevém nas regiões mais frias e braquiária brizanta ou
ruziziensis nas regiões mais quentes);

2) Uso da soja para reforma de pastagens degradadas; e

3) Período com pastagem – 1 a 3 anos, intercalados com 2 ou


mais anos com culturas graníferas (soja e milho).
Região
subtropical

INVERNO

Fotos: Alvadi Balbinot Jr.


VERÃO

Foto: Alvadi Balbinot Jr.


Produtividade de grãos de milho plantado depois de
cobertura do solo e pastagem de inverno (média de 3
propriedades rurais)

ns ns
Sacos de milho/ha
200

150
10 cm
Cobertura
100
Pasto

50

Pastagem de inverno: potencial de 4.000 litros de leite/ha

Fonte: Balbinot Jr. et al., 2011


Produtividade de grãos de feijão preto plantado depois
de cobertura do solo e pastagem de inverno (média de
3 propriedades rurais)
ns ns
Sacos de feijão/ha
60

50

40
10 cm Cobertura
30
Pasto
20

10

Pastagem de inverno: potencial de 5.000 litros de leite/ha

Fonte: Balbinot Jr. et al., 2011


Produtividade de grãos de soja plantada depois de
cobertura do solo e pastagem de inverno

ns ns
60
Sacos de soja/ha

50

40 cm
10
Cobertura
30
Pasto
20

10

0
Pastagem de inverno: potencial de 4.500 litros de leite/ha

Fonte: Balbinot Jr. et al., 2011


Produtividade de grãos de milho plantado depois de
cobertura do solo e pastagem de inverno

ns ns
Sacos de milho/ha

180
160
140
10
120cm
100 Cobertura
80 Pasto
60
40
20
0
Pastagem de inverno: potencial de 2.500 litros de leite/ha

Fonte: Balbinot Jr. et al., 2011


Produtividade de grãos de soja cultivada após pastagem anual de
inverno em diferentes intensidades de pastejo e sem pastejo

Ambientes com
maior
produtividade
(7 safras)

Ambientes com
menor
produtividade
(5 safras)

Kunrath et al., 2015


Integração de soja com pastagem anual de outono/inverno
em regiões quentes

18000 Entressafra Soja


15.980 16.408
16000
Lucro, R$/alq em 3 anos

13.931 14.002 14.050


14000 13.360

12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
Ruz/Soja MS/Soja MS+Ruz/Soja MS+Ruz/Soja MS+Ruz/Soja Ruz/Soja
Ruz/Soja MS/Soja MS/Soja MS+Ruz/Soja MS+Ruz/Soja MS/Soja
Ruz/Soja MS/Soja MS/Soja MS/Soja MS+Ruz/Soja MS/Soja

Estimativa do lucro operacional de sistemas de produção em 3 anos, utilizando a


braquiária para pastejo no outono/inverno. Embrapa Soja/Cocamar, 2016.
Produtividade de grãos de soja após pastagem perene
de braquiária BRS Piatã ou após milho segunda safra.
Londrina, safra 2017/18

10 sacas/ha a mais após a pastagem


a
a a
10 cm
b
EXPERIÊNCIAS COM ILP EM
SOLOS ARENOSOS DO PARANÁ
Produtividade Média de soja no Paraná de 2000-2013

Sacas/ha

Paranavai
Londrina Andirá
52
Umuarama
49
Campo Mourao
Palotina 46
Tibagi
Pitanga 43
Cascavel
Ponta Grossa
Medianeira 40
Guarapuava Curitiba
37
Mangueirinha
Fco. Beltrão 34
Palmas
31
Coeficiente de Variação da produtividade da soja no Paraná de 2000-
2013

CV = Desvio padrão x 100


Paranavai Média
Londrina Andirá

Umuarama
Campo Mourao
27
Palotina
Tibagi
23
Pitanga
Cascavel
Ponta Grossa 19
Medianeira
Guarapuava Curitiba
15
Mangueirinha
Fco. Beltrão
11
Palmas
7
ILP EM REGIÕES COM SOLO ARENOSO
5
Rotação contínua de soja/milho
Pasto depois de lavoura
Matéria orgânica (%) Lavoura depois de pasto

2
0
75 76 78 82 86 87 88 89 90 91 92
Anos
Sousa et al., 1997
10 cm 20 cm

10 cm
Produtividade de soja da fazenda
Produtividade (sacas/ha)
Jardim Olinda, PR - Fazenda Flor Roxa

Foco: Pecuária
Modelo de produção usado
Impacto da soja na pastagem

Pastagem 1 ano Pastagem 2


anos
Milho segunda safra + braquiária
Milho segunda safra + braquiária
Mata nativa. Pastagem degradada.
DRES = 6,0 a DRES = 2,4 c

Pastagem em ILP. Segunda soja em ILP.


DRES = 5,8 a DRES = 4,6 b

Fotos: Amanda Pit


Atributos microbiológicos em solo arenoso sob
diferentes usos. Jardim Olinda, novembro, 2018.
Uso do solo CBM* NBM* RBS*
(μg g⁻¹) (μg g⁻¹) (μg de CO₂‐C g⁻¹ solo dia⁻¹)
ns
Soja - ILP 375 b 37,7 31,0 b
Pasto - ILP 458 a 32,6 57,2 a
Pasto degradado 331 b 33,3 25,6 b
Cana 275 c 41,0 25,1 b
Mata Nativa 488 a 35,3 29,0 b
CV% 3,69 16,15 5,79
*CBM: Carbono da Biomassa Microbiana, NBM: Nitrogênio da Biomassa Microbiana, RBS: Respiração Basal do
Solo. Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p<0,05).

Fonte: Nunes et al., 2019


Produtividade soja e milho segunda safra

Produtividade da soja (kg/ha)

Produtividade do milho segunda safra, mais estável


= 5.000 a 7.000 kg/ha
CONSIDERAÇÃO FINAL

O sistema ILP representa uma importante oportunidade


para aprimorar sistemas de produção, o que pode conferir,
ao longo do tempo, ganhos de rentabilidade por área,
estabilidade de produção e otimização do uso de recursos.
No entanto, há maior necessidade de conhecimento e
planejamento das atividades.

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