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Expansao Cosmologia PDF
Expansao Cosmologia PDF
e
suas conseqüências cosmológicas
Ronaldo E. de Souza
Para medir as distâncias das estrelas mais próximas devemo s utilizar o méto d o da
paralaxe que consiste em avaliar as variações angulares na posição destes objetos,
em relação ao fund o de objeto s mais distan t es, enquan t o a Terra percor r e a sua
órbita anual. Trata - se do mesm o efeito que percebe m o s quan d o viajamo s por uma
estrada e examina m o s o movimen t o aparen te dos objeto s próximo s em relação aos
acidentes geográficos mais distan t e s. No caso astro n ô mico as estrelas próximas
parecem se mover em relação ao fund o das estrelas mais distan te s enqua n t o a
Terra se movimen t a em torno do Sol. Trata - se de um efeito muito dimin u t o e por
este motivo a sua detecção experimen tal só ocorreu em mead o s do século XIX,
apesar de astro n ô m o s como Tycho Brahe terem previsto a sua existência no final
do século XVI. A variação angular na posição das estrelas mais próximas é da
orde m de 1 segun d o de arco, ângulo 3600 vezes meno r do que 1 grau. Para se ter
uma idéia da dificulda d e de observar este efeito pode m o s considera r que este é
aproxima d a m e n t e o ângulo sob o qual vemos a largura de um dedo indicado r
huma n o situad o a uma distância de dois kilômet r o s! Clarame n t e precisa m o s de
instr u m e n t o s ópticos de boa qualidad e para percebe r este efeito. No caso
astronô mico, como a linha de base é igual à distância Terra - Sol, uma estrela que
aprese nt a uma paralaxe de 1 segun d o de arco deve estar a uma distância
aproxima d a de 3,086 x 10 18 cm, conhecida em astro n o mia como o parsec, ou pc,
termo derivado do inglês PARalaxe SECond. Em termo s da velocidad e da luz temos
que
1 parsec ~ 3,26 anos - luz,
indicand o que a luz das estrelas mais próxima s demo r a cerca de 3 anos para
atingir a Terra. Apesar de gigantesca, quan d o compa r ad a aos nosso s padrõe s
diários, esta ainda é uma distância muito mode st a para os padrõ es cosmológicos.
As estrelas mais afastad a s da nossa Galáxia estão muito distan te s para que
possam o s aplicar o méto d o da paralaxe. Para medir estas distâncias precisa mo s
utilizar a prop rie d a d e de que o fluxo da radiação recebido por nós, originad o
destas estrelas, é tanto meno r quanto maiores forem as distâncias que nos
separa m destes mes mo s objetos. É basicamen t e o mesm o fenô m en o que
observa mo s ao examinar as lâmpa d a s dos postes mais distan tes que iluminam uma
rodovia. Como a luz se difun d e por todo o espaço, se diluin d o em superfícies
esféricas cada vez maiores, e cuja área é prop o rcio n al ao quad r a d o do raio, resulta
que a iluminação que recebe m o s decai com o inverso do quad ra d o da distância. Se
indicar mo s pelo símbolo F o fluxo que recebem o s estan d o a 1 metro de distância,
então uma lâmpa d a que está a 5 metro s deve nos iluminar com um fluxo 25 vezes
menor. Ou, inversa m e n t e, se recebe mo s um fluxo 25 vezes menor pode m o s
concluir que estamo s a uma distância de 5 metro s daq uela lâmpa d a. Este mes mo
efeito pode ser observad o quan d o compara m o s o fluxo das estrelas próximas, cuja
distância pode ser aferida pela paralaxe, com as estrelas de mes mo tipo, mas
localizadas a distâncias muito maiores.
Figura 3: Para medir as distâncias das estrelas da Galáxia podemos utilizar o fato de
que o fluxo observado decai com o inverso do quadrado da distância.
Este méto d o pode ser utilizad o para examinar a estru t u r a da nossa Galáxia e desta
forma concluimo s que a sua dimen são é da ordem de 50 000 parsecs, ou 50 kpc.
Para cruzar a Via Láctea a luz deve demo rar cerca de 163 000 anos, ou seja a nossa
galáxia tem cerca de 163 000 anos - luz de diâmetro. Portan to a luz que recebem o s
hoje das estrelas mais distan t e s da nossa galáxia foi emitida quan d o a huma nid a d e
ainda se encont rava na idade da ped ra.
Além da distância uma outra prop ried a d e muito import a n t e que pode m o s medir é
o espectro da luz emitida pelas galáxias. Esta radiação foi emitida tanto pelas suas
estrelas como pelos gases aquecido s espalhad o s entre as estrelas, deno mi n a d o de
meio interes telar. A luz que recebem o s, dado que é uma onda eletro m ag n é tica,
pode ser decom p o s t a, em seus diverso s comp ri m en t o s de onda, por instr u m e n t o s
instalado s nos telescó pios e deno mi n a d o s de espectróg rafo s. O seu princípio de
funciona m e n t o é o mesm o de um prisma capaz de deco m p o r a luz solar
separan d o - a segun d o os diverso s comp ri me n t o s de onda desta radiação.
Normalme n te, no regime óptico, observa - se desde o extrem o ultravioleta, cerca de
3000 Å (1 Angströ m = 1 Å= 10 - 8 cm) até o vermelh o, cerca de 8000 Å . Tanto no
caso do Sol, como tamb é m de outras estrelas semelhan t e s, podem o s percebe r no
seu espectro a presença de linhas escuras, deno min a d a s linhas de absorção, e que
indicam a presen ça de elemen t o s químicos presen te s na sua fotosfera. Estas linhas
funciona m como uma impres sã o digital revelan d o a presença daqueles elemen to s.
Analogame n te, os gases quen tes do meio interestelar tamb é m emitem uma
radiação, que pode ser decom p o s t a espectral me n t e, e que most ra a presença de
linhas de emissão. Estas linhas ocorre m pela emissão de gases muito quen tes, com
tempe r at u r a s da orde m de alguns milhares de graus, e muito diluídos no espaço.
As linhas de emissão, bem como as linhas de absorção, conté m uma infor mação
muito impor ta n t e sobre a presença de elemen to s químico s nas estrelas e galáxias.
A luz emitida por estes elemen to s químico s, sabemo s por experiências em
laboratórios, ocorre em comp ri me n t o s de onda muito bem deter mi n a d o s.
Depende n d o da suas constituição eletrô nica os átomo s emitem em pad rõe s fixos
conhecido s como séries espectro scó p icas quan d o os seus elétro n s muda m de nível
de energia. Por exemplo, nas transições que atingem o segun d o nível de energia
temos a série de Balmer do átomo de Hidrogênio que ocorre nas linhas H α (6563 Å),
Hß (4861 Å), Hγ (4340 Å), H δ( 4100 Å ), etc.. A identificação desta seqüência de
linhas marca inequivocame n t e a presen ça do Hidrogênio nestes objetos.
Figura 6. O espectro da galáxias distantes mostra que a emissão dos mes mos
elementos químicos presentes na Terra está sistema tica m e n te deslocada para o
vermelho. Este é o fenô me no conhecido como redshift e que é devido à expansão do
Universo .
Este é exatame n t e o fenô me n o de expan são do Universo que foi descob ert o em
meados dos anos de 1920 por Edwin Hubble. Devido a esta expan são do Universo
as galáxias mais distan te s parecem se movimen ta r com velocidade s crescente s com
a distância que nos separa m delas. Podemo s exprimir este fato através da lei de
Hubble,
Velocidad e = H 0 x distância.
Como a velocidade é express a em km / s e as distâncias em mpc resulta que a
constante de Hubble (H 0 ) é dada em km / s / m p c.
Uma conseq ü ê n cia muito impo rta n t e desta expan sã o cosmológica é que o Universo
está evoluin d o e deve ter se expan did o subitam e n te no passa d o distan te. Esta
expansão inicial é conhecida como o Big- Bang. No passa d o distan t e as galáxias
estavam muito mais próximas entre si do que hoje.
Podemo s inferir esta infor mação a partir de uma experiência bastan t e simples e
corriqueira. Imagine a situação de um trem que parte da cidade de São Paulo em
direção à cidade do Rio de Janeiro a uma distância d= 400 km. Supon d o que a
velocidad e do trem, V=80 km / h , se mante m constan t e pode m o s concluir que o
tempo de viagem deve ser igual a cerca de 5 h. Basicame n te o mes mo fenô me no
ocorre com as galáxias que acomp a n h a m a expan são do Universo. Se
considerar m o s uma galáxia a uma distância de 10 mpc pode m o s constat ar,
segun d o a lei de Hubble, que a sua velocidade de afastam e n t o é cerca de 7 000
km / s. Portan to, tal qual ocorre com a experiência do trem, pode m o s concluir que a
expansão inical ocorreu a cerca de 10 bilhões no passad o.
Figura 11: Pela teoria da relatividade geral existem três possíveis modelos para
descrever o nosso Universo, todos eles em expansão .
Pela teoria da relatividad e geral existem três possíveis modelos para descrever o
Universo: o modelo aberto, ou de curvatu r a negativa, o modelo plano, ou de
curvatu r a nula, e o modelo fechad o, ou de curvatu r a positiva. As conseq ü ê n cias
previstas para estes três modelo s são distintas e espera - se que nos próximo s anos
venha mo s a saber com segura nça qual destes mo delo s é o mais adequa d o.
Em qualq uer dos casos é fora de dúvida que o modelo que melho r descreve o
Universo deve ser um modelo em expan são. O raio de curvat u ra do Universo pode
ser utilizad o para descrever o seu fator de expan são (R). Por convenção o valor
atual do fator de escala é R=1. Mas, no passa d o este fator de escala era bem
diferent e. Imagine uma época em que este fator de escala era R=0,5. Nesta fase as
distâncias entre os objeto s era duas vezes men o r do que hoje e as densid a d e s eram
8 vezes maiores. Se imaginar m o s uma viagem retroced e n d o cada vez mais no
tempo as separaçõ es, densid ad e s e temp era t u r a s eram muito superiore s ao que
observa mo s atualme n t e. O Universo passo u por diferen t e s fases evolutivas desd e o
evento do Big- Bang. Se imaginar m o s que as galáxias estão fixas em um sistema de
coorde na d a s cosmológico a alteração do fator de escala modifica gradu al me n t e as
distâncias desta grade de coord en a d a s. Portant o a expansão do espaço modifica as
separações nesta grade coorde na d a e altera as distâncias das galáxias. Esta é a
interp r et ação da expan são de Hubble segun d o a teoria da relatividade geral.
Portanto, as velocidade s de expan sã o detectad a s na lei de Hubble são um reflexo
da expan são do espaço prevista pela teoria da relatividad e geral. As galáxias
per ma nece m fixas em seus ponto s na grade coord en a d a, mas o espaçame n t o da
grade se modifica com as variações do parâm et r o de escala.
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