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Diretrizes para elaboração de Projetos de Manutenção usando a tecnologia BIM

Conference Paper · November 2011


DOI: 10.4237/sbqp.11.277

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3 authors, including:

Thiago Araújo Maria Aparecida Steinherz Hippert


Universidade Santa Úrsula e Universidade Veiga de Almeida Federal University of Juiz de Fora
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2º. Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído
X Workshop Brasileiro de Gestão do Processo de Projeto na Construção de Edifícios
03 e 04 de Novembro de 2011 – Rio de Janeiro, RJ – Brasil

Diretrizes para elaboração de Projetos de


Manutenção usando a tecnologia BIM
Guidelines for preparation of Maintenance Projects using BIM

Thiago Thielmann de Araújo


Mestrando em Ambiente Construído da Universidade Federal de Juiz de Fora
| e-mail: thiagoaraujothg@gmail.com | CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2404786006685170 |

Maria Aparecida Steinherz Hippert


Professora D.Sc. do Mestrado em Ambiente Construído da Universidade Federal de Juiz de Fora
| e-mail: aparecida.hippert@ufjf.edu.br | CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/1496082873649128 |

José Gustavo Francis Abdalla


Professor D.Sc. do Mestrado em Ambiente Construído da Universidade Federal de Juiz de Fora
| e-mail: gustavofrancis@ig.com.br | CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/9007018919636001 |

RESUMO

Proposta: Este trabalho tem por objetivo apresentar as diretrizes para a elaboração de projetos de
manutenção utilizando a tecnologia Building Information Modeling (BIM). Método de
pesquisa/Abordagens: Será apresentada uma revisão bibliográfica sobre BIM e manutenção de
edifícios procurando identificar as informações necessárias para a manutenção e a sua inserção na
nova tecnologia. Resultados: Esclarecer como o BIM pode ser uma tecnologia fundamental para a
manutenção de edifícios por meio da proposta de diretrizes. Contribuições/Originalidade: A
tecnologia BIM no âmbito da manutenção não é abordada com frequência e os estudos relacionados
poderão fomentar cada uma das áreas.

Palavras-chave: BIM. Manutenção de Edifícios. Diretrizes.

ABSTRACT

Proposal: To present guidelines for the elaboration of maintenance projects using the technology
Building Information Modeling (BIM). Methods: A bibliographical revision will appear on BIM and
maintenance of buildings, indicating related points between the two areas. Findings: Clarify how the
BIM may be a fundamental technology for the maintenance of buildings by means of the proposed
guidelines. Originality/value: BIM in the context of maintenance is not addressed frequently and
related studies may promoting each of the areas.

Key-words: BIM. Building Maintenance. Guidelines.

10.4237/sbqp.11.277 749
1 INTRODUÇÃO

A tecnologia Building Information Modeling (BIM) promete o acompanhamento da edificação


ao longo do seu ciclo de vida. Grande parte dos trabalhos foca a tecnologia na fase de
projeto, e desta maneira, torna-se importante abordá-la em outras fases, como a
manutenção.

Trabalhos como Antunes e Calmon (2005) e Sanches e Fabricio (2009) entre outros,
relacionam a fase de projeto e manutenção enfatizando a importância de se pensar na
manutenção durante a fase de projeto. Neste trabalho, além de tratar desta importância,
aborda-se a utilização de uma ferramenta tecnológica para facilitar o projeto de manutenção.
O uso de tecnologia é abordado por Sampaio et al (2011) ao apresentarem um modelo de
realidade virtual para auxiliar a manutenção do edifício.

A partir destas considerações, o objetivo deste artigo é apresentar a tecnologia BIM como
uma ferramenta que atenda à confecção do projeto de manutenção. Busca-se também
abordar a importância da manutenibilidade dos edifícios como parâmetro a ser considerado
durante a fase de projeto.

Para o alcance destes objetivos o trabalho se inicia com uma revisão bibliográfica sobre BIM
e manutenção de edifícios, abordando como estas duas áreas de conhecimento se
relacionam. Posteriormente, são apresentadas as informações necessárias para um projeto
de manutenção e, através do uso de um software BIM, no caso o ArchiCAD da Graphisoft,
busca-se identificar a inserção das informações de manutenção nos parâmetros ou atributos
do objeto. Ao final é feita uma análise dos resultados, procurando caracterizar a utilização
do uso do BIM na confecção do projeto de manutenção.

2 BUILDING INFORMATION MODELING - BIM

A linha principal de trabalho do Building Information Modeling (BIM) é a modelagem de um


protótipo virtual da edificação, como se fosse a construção da edificação no ambiente virtual.
Aplica-se inclusive a denominação edifício virtual (AYRES, SCHEER, 2007). Este modelo ou
protótipo, não é só visivelmente igual à edificação, nele é agregada toda uma gama de
informações que resultará na representação do edifício no ambiente virtual.

A tecnologia BIM surgiu a partir da Engenharia Simultânea (E.S.), onde as informações


contidas no projeto são gerenciadas, visualizadas e disponibilizadas de maneira integrada,
através de um processo de projeto integrado. Para Fabrício e Melhado (1998), a E.S.
contribui significativamente para o processo de projeto na construção, uma vez que busca
melhoria de desempenho através do “desenvolvimento em conjunto de todas as facetas do
Ciclo de Vida do produto”.

De acordo com Santos (2009), com o BIM é possível criar um modelo digital integrado que
abrange todo o ciclo de vida da edificação, envolve a modelagem das informações do
edifício em várias etapas, de modo que em cada uma vão sendo agregadas diferentes
informações ao mesmo modelo (SANTOS, 2007). O projetista alimenta o modelo com as
informações de cada elemento durante todo o processo de projeto. Ao final é possível
visualizar o modelo com todas as suas características estabelecidas.

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O modelo proposto pela tecnologia BIM é único. Todos os profissionais que intervém na
edificação trabalham em um único arquivo que fica armazenado em um servidor. Através do
modelo é que os intervenientes do processo de projeto e do ciclo de vida da edificação
interagem entre si e com a representação virtual da edificação. Do modelo são retirados
automaticamente as representações, documentações, relatórios quantitativos,
especificações dos materiais e qualquer tipo de informação agregada ao edifício virtual. As
informações retiradas podem servir tanto para alimentar outros processos (como por
exemplo, análises físicas ou estudos de insolação) como para a geração de documentos
(como por exemplo, as documentações do projeto).

Os dados em plataformas BIM são vinculados ao objeto, ao elemento de projeto. No âmbito


da programação é uma ferramenta orientada a objetos, ou seja, cada elemento no projeto
traz um conjunto de informações como característica desse determinado objeto. É como se
os elementos de projeto possuíssem várias informações como bagagem. Podemos
visualizar o objeto da mesma maneira que em softwares que não utilizam o BIM, porém, há
parâmetros de controle e informação do objeto, características dos materiais,
comportamento deste objeto, dentre outros. Como exemplo, a diferença na visualização 3D
e 2D de uma porta não diferem em um programa que utiliza o BIM e outro que não utiliza.
Mas por trás deste objeto porta podemos encontrar uma série de outras informações. Por
exemplo, as suas características, tais como: detalhamento do objeto, outros objetos que o
compõem, materiais, fornecedor, restrições físicas ou de posição e custo entre outros.

Os esquemas das Figura 1 e Figura 2 esclarecem essa diferença e enfatizam como o objeto
é visto. Na Figura 1, que representa um objeto (no caso uma porta), o que um software CAD
convencional tem a oferecer é um conjunto de linhas no caso da representação em 2D e um
conjunto de sólidos na representação em 3D. Estes elementos formarão a representação do
objeto porta. Na Figura 2, em ambientes que utilizam o BIM, pode-se visualizar o objeto
porta da mesma maneira, mas pode-se adicionar a esta representação outras informações.
O custo de mão de obra e de cada item desse objeto poderão também ser informados, bem
como os dados de fornecedores e quaisquer outros que se julgarem necessários. Crespo e
Ruschel (2007a) usam a expressão “se o objeto representa uma porta, ele age como uma
porta”.

O BIM melhora a visualização espacial do que esta sendo concebido (FLORIO, 2007;
LAUBMEYER et al., 2009) já que a qualquer momento do projeto, é possível visualizar a
edificação em 3D. Pode-se ainda incorporar outras dimensões no modelo (LEUSIN, 2007).
Um exemplo disto é o modelo em 4D que incorpora o tempo como variável na
representação para a execução. Um dos benefícios dessa incorporação é a facilidade no
planejamento da obra. É possível trabalhar com outras dimensões no modelo, com a
denominação N-D, alimentando informações sobre execução, uso e manutenção. Neste
caso, podem ser analisadas opções construtivas, automação de suprimentos e manutenção
(LEUSIN, 2007).

Com o BIM, um projeto complexo envolvendo muitos profissionais e muitas tecnologias pode
ser facilmente gerenciado, pois o BIM facilita o processo colaborativo. A integração é uma
ótima oportunidade de negócios para os fornecedores da construção (LEUSIN, 2007). Se
um fornecedor disponibilizar os produtos que dispõe na forma de modelos na plataforma
BIM, será muito mais fácil para o projetista especificar estes produtos. O fornecedor
disponibiliza os dados para que o projetista use o seu produto. O projetista por sua vez tem
a segurança de que as informações do modelo são confiáveis uma vez que foram
disponibilizadas pelo próprio fabricante.

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Figura 1 - Representação de Objetos sem o BIM

Figura 2 - Representação de Objetos com o BIM

Softwares baseados no BIM evoluem a tarefa de projetar (LAUBMEYER et al., 2009;


CRESPO e RUSCHEL, 2007b; FLORIO, 2007; SANTOS, 2007; CICHINELLI, 2009; FARIA
2007; TSE et al. 2005) e prometem revolucionar o segmento de arquitetura, engenharia e
construção. Estas ferramentas que utilizam BIM (Revit da Autodesk e o ArchiCAD da
Graphisoft, por exemplo) fazem automaticamente alguns processos: a geração de
quantitativos, caderno de encargos, estimativas de custo (LEUSIN, 2007). A geração
automática de quantitativos se destaca como uma característica muito útil, pois o processo
manual é trabalhoso e passível de erros. A precisão das informações automatizadas, no
entanto, dependerá da qualidade das informações que os projetistas alimentam o modelo, já
que são a partir destas informações que são gerados os processos automatizados.

As ferramentas computacionais que utilizam o BIM ainda estão em desenvolvimento


(SANTOS, 2007). No entanto, softwares mais populares como o Revit podem ser utilizados
pois, segundo Santos (2007), “já atingimos o nível prático”. Este autor ainda aponta que
“somente o uso mais intenso (e as conseqüentes reclamações dos usuários) vão fazer o
software evoluir na velocidade que gostaríamos”. É constatada a imaturidade quando
observamos a falta de compatibilidade com outros programas e a não adaptação dos
softwares aos padrões brasileiros de construção (LAUBMEYER et al., 2009).

As plataformas BIM exigem das empresas uma reorganização geral, uma reestruturação
nas formas de socialização e na organização do trabalho (LEUSIN, 2007). Os softwares
transformam o processo de projeto, implicando em novas organizações, refletindo até em
novos modelos contratuais, dependendo do nível em que a tecnologia esteja implantada.

A adoção da tecnologia BIM ocorre em estágios, partindo de pequenos pontos de aplicação


até sua completa adoção (TOBIN, 2008; RUSCHEL, 2011). Os estágios são denominados

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de BIM 1.0, 2.0 e 3.0. O estágio 1.0 se refere à adoção da tecnologia por geralmente uma
disciplina, enfatizando a modelagem paramétrica e uma fase específica do processo. Já no
estágio 2.0 a tecnologia é aplicada em uma ou duas fases do processo de projeto e envolve
dois profissionais de disciplinas diferentes. No terceiro e ultimo estágio, o 3.0, há a criação
compartilhada e colaborativa do modelo em todo o processo de projeto, envolve mais fases
do processo como a concepção e construção, recebendo os trabalhos de múltiplas
disciplinas (RUSHEL, 2011).

3 MANUTENÇÃO DE EDIFICIOS

A manutenção de edifícios se define como sendo toda atividade a ser realizada para
conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes
(ABNT, 1998). Ao longo do tempo, cada componente da edificação vai deteriorando,
perdendo o desempenho. Quando o componente já não atende à sua finalidade, este
chegou ao fim da sua vida útil, pois atingiu o desempenho mínimo (ABNT, 1999). Justifica-
se, portanto, a necessidade de prevenir ou corrigir a perda de desempenho dos seus
componentes, a manutenção. Os elementos sofrem deterioração de forma singular, em
maior ou menos grau, dependendo de como foi projetado, executado, das condições
ambientais ou de como esta sendo usado (SEELEY, 1976 apud ANTUNES e CALMON,
2005). Como cada elemento possui características técnicas próprias, cada um também terá
sua própria necessidade e característica de manutenção.

A manutenção pode ser preventiva ou corretiva, de acordo com a característica de atuação


da intervenção. A manutenção preventiva é aquela que ocorre rotineiramente por meio de
um fluxo constante de serviços, é planejada dentro de um cronograma (ABNT, 1999). Deve
ocorrer antes de o elemento passar para o nível inferior ao desempenho mínimo. A
manutenção corretiva é necessária quando o elemento já esta em um nível inferior ao
desempenho mínimo e é executada para recuperar a capacidade funcional do elemento. É a
não planejada e engloba as manutenções de emergência que necessitam de intervenções
imediatas para permitir o desempenho mínimo do ambiente. A atuação da manutenção
preventiva deve superar as desvantagens da manutenção corretiva (SANCHES e
FABRÍCIO, 2008).

Um edifício que possui características funcionais incorporadas tais como as melhores


formas de manutenção, os materiais adequados ao uso, acessibilidade, outras que
maximizam custos e benefícios do ciclo de vida do edifício, possui manutenibilidade
(SANCHES e FABRÍCIO, 2008). A manutenibilidade se refere à facilidade de se executar
uma intervenção no equipamento, com a finalidade de restaurar a sua prontidão funcional
(ROSA, 2006). Este conceito esta estreitamente ligado ao de sustentabilidade.

Sanches; Fabrício (2008) apontam que a não consideração de aspectos de manutenção na


fase de projeto causam problemas de desempenho. É importante a consideração dos
requisitos de manutenção em todas as etapas para que sejam formulados os documentos e
manuais de operação, uso e manutenção da edificação (SANCHES e FABRICIO, 2009).
Estes autores definem o Projeto para Manutenção como o conjunto de soluções projetuais
focado na otimização dos serviços de manutenção de edifícios, por meio de um processo de
projeto simultâneo e integrado. É composto de diretrizes, soluções e posturas projetuais
incorporadas nas diversas etapas de desenvolvimento do produto.

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“Um bom planejamento da etapa de uso, operação e manutenção de
um empreendimento ainda na fase inicial de concepção e projeto do
produto, acarretam em um melhor desempenho do edifício e
economia de recursos em longo prazo, ou seja, um maior grau de
manutenibilidade, diminuindo a necessidade de operações
corretivas e o impacto ambiental, contribuindo para a
sustentabilidade da edificação.” (SANCHES e FABRÍCIO, 2008)

Já o projeto da manutenção é o planejamento e as especificações dos procedimentos e


cuidados que devem ser considerados com a finalidade de preservar o desempenho da
edificação (SANCHES e FABRÍCIO, 2008). São manuais de operação, uso e manutenção,
ou seja, documentos contendo as informações necessárias para o melhor aproveitamento e
uso da edificação, contendo memoriais descritivos e plantas (SANCHES e FABRÍCIO,
2009).

Atualmente a manutenção vem sendo discutida junto à tecnologia. Na proposta de Sampaio


et al (2011), os autores utilizaram a tecnologia virtual para discutir a manutenção. Criou-se
um modelo da edificação que possibilitou a transmissão visual e interativa das informações
relacionadas com o comportamento físico dos elementos ao longo do tempo. Já o trabalho
de Siviero (2010) utilizou a tecnologia BIM na gestão e manutenção dos edifícios históricos
da UFRGS, como forma de torná-la mais dinâmica e racional. Estes dois trabalhos
demonstram que os recursos de tecnologia da informação (TI) podem ser adotados como
ferramentas de auxilio à gestão da manutenção.

4 ANÁLISE

O modelo BIM permite a inserção de informações relativa a qualquer elemento dentro da


edificação, que é uma característica da tecnologia. Cada objeto agrega informações como
bagagem. Por outro lado, o sistema de manutenção de edifícios precisa de informações
relativas à manutenção de cada elemento da edificação para que seja formulado o projeto
da manutenção. Neste projeto, há a informação referente à manutenção de cada elemento
da edificação.

Para o projeto da manutenção, são confeccionadas tabelas que relacionam cada elemento
da edificação com as suas respectivas características de manutenção (SAMPAIO et al,
2011). Por exemplo, para cada elemento podem ser incluídos seus prazos de validade,
informações sobre adequada conservação, possíveis anomalias, soluções e metodologias
de reparo. É possível então, ter um panorama de quais patologias cada elemento da
edificação poderá apresentar. Posteriormente, os dados são adicionados a um modelo
virtual tridimensional.

Inserindo as informações relativas à manutenção de cada elemento construtivo no modelo


BIM, o protótipo fica carregado de características referentes à manutenção da edificação.
Assim como o modelo BIM gera uma planilha de quantitativos, os softwares poderão gerar
uma planilha das características de manutenção dos elementos construtivos. Tem-se então
uma relação das características de manutenção de cada elemento ao longo do tempo.
Verifica-se com este relatório, quais elementos construtivos terão que ser reparados com o
passar do tempo. Uma programação da manutenção ao longo do tempo de toda a
edificação, ou seja, o projeto da manutenção. Esta aplicação pode ser feita desde o nível 1.0
de implantação do BIM, pois um profissional pode utilizar o software BIM com esta
finalidade. Sampaio et al (2011) apresenta a Tabela 1 abaixo, onde são relacionadas as
anomalias que podem ser encontrados em cada tipo de material utilizado, são estes dados
que foram inseridos no modelo virtual.

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Especificação Solução de
Anomalia Metodologia de reparo
da Anomalia reparo
Destacamento Queda de Substituição 1º - Remoção das placas danificadas com
revestimento do ajuda de um martelo ou formão
por revestimento 2º - Reparação do substrato danificado nas
deterioração áreas onde o destacamento incluiu o
do substrato material
3º - Reaplicar camada de substrato
4º - Reassentar os revestimentos com
argamassa de assentamento
Craqueamento/ Falha do Substituição 1º - Remoção dos revestimentos
Fratura substrato de do danificados
suporte revestimento 2º - Remoção dos materiais danificados ao
(fissuras com (com longo das juntas
orientações reparação 3º - Reparação das fissuras, obstruindo
definidas) das fissuras com material adesivo (aroeira)
do substrato)
4º - Aplicação de uma camada líquida feita
com cimento em duas camadas
intercaladas com fibra de vidro
5º - Reassentamento do revestimento

Tabela 1. Exemplos de anomalias e soluções de reparo associadas (Fonte: SAMPAIO et al 2011)

Uma vez que estas informações foram levantadas, há de se estudar como elas vão ser
adicionadas ao modelo virtual, discute-se como, quando e por quem as características de
manutenção devem ser inseridas dentro do BIM. Esta discussão já envolve os níveis 2.0 e
3.0 de implantação da tecnologia onde é necessário o planejamento das ações, pois
envolvem diferentes profissionais em diferentes etapas do ciclo de vida da edificação.

Os fabricantes dos materiais e componentes da edificação podem disponibilizar os objetos


dentro da plataforma BIM com as características de manutenção. Isto facilitaria todos os
trabalhos dos intervenientes ao longo do processo de projeto e acompanharia o modelo da
edificação por todo seu ciclo de vida. A inserção das características de manutenção seria
pelos campos de características dos objetos, que são disponibilizados pelos softwares BIM.
A finalidade destes campos é justamente salvar características dos objetos. Como exemplo,
no software ArchiCAD da Graphisoft, há os Parâmetros de Listagem, dentro das Definições
de Seleção do Objeto. Nesta área do software, se insere o custo, fabricante, número de
série e peso do objeto além de outras informações ou características. São necessários
portanto, parâmetros referentes à manutenção, capazes de armazenar os valores referentes
às características de manutenção. Da mesma maneira que se insere o custo, pode-se
informar a frequência de manutenção, a forma ou método de reparo, o contato da equipe de
suporte, etc.

O contato com as informações referentes à manutenção desde o inicio do projeto pode


influenciar na escolha dos materiais e componentes, atuar na meta de cada profissional que
procura a melhor forma de utilização de cada material (projeto para manutenção). Neste
sentido, acredita-se que as informações relativas à manutenção possam ser inseridas e
manipuladas no modelo da edificação pelos seguintes agentes:

1º. Fabricantes ou responsáveis pelos materiais ou produtos usados nos ambientes: Atuará
por meio da configuração dos materiais e objetos no software ou da confecção de
modelos com características de manutenção dos elementos. Este agente poderá
fornecer seu produto com todas as características de manutenção necessárias,
informando todos os outros intervenientes das melhores práticas de reparo e cuidados.

2º. Projetistas: Atuará no ato de projetar, por meio de observações relacionadas à


manutenção dos elementos ou por meio de informações relevantes que irão contribuir

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para o projeto de manutenção. Também atua no projeto para manutenção, onde será
responsável por soluções projetuais focadas na otimização da manutenção de edifícios;

3º. Profissionais responsáveis especificadamente pelo projeto da manutenção: Terão que


preencher os dados que por ventura não foram informados pelos intervenientes
anteriores, mas que serão importantes para o projeto da manutenção. Poderá ser
responsável por gerar as tabelas de manutenção e elaborar o próprio projeto da
manutenção.

A ordenação pode ser necessária uma vez que se o projetista (2º) tiver a necessidade de
mudar a especificação informada pelo fabricante (1º), o software terá que solicitar a
permissão de modificação ao fabricante (1º). Somente após esta autorização, o projetista
poderá informar a nova característica. A restrição de informações é necessária quando há o
trabalho simultâneo de vários profissionais, para que a modificação de um não altere a
informação de outro.

Caso os fabricantes ou responsáveis pelos materiais ou produtos usados nos ambientes não
fornecerem os dados relativos à manutenção, estes terão que ser informados pelos
projetistas e profissionais responsáveis especificadamente pelo projeto da manutenção.

Segundo Sampaio et al (2011) em qualquer fase do processo de manutenção, deve haver a


interação com o modelo virtual, de modo a possibilitar a analise da melhor solução para os
trabalhos de reparação. O modelo BIM é a referencia de informações da edificação, também
servirá para referenciar dados relacionados com a manutenção.

Os modelos também poderão suportar o planejamento das atuações de manutenção do


edifício pela geração de um plano de intervenções de reparo dos elementos constituintes. A
proposta é gerar um plano de manutenção a partir do modelo BIM independente do nível de
implantação já que um profissional que trabalhe com um software (BIM 1.0), pode alimentar
o modelo e a partir dele gerar as planilhas de características de manutenção. No BIM 2.0 e
3.0 são necessários estudos e planejamentos relacionados com a forma pela qual os dados
serão manipulados pela tecnologia.

Apesar de o BIM atuar mais efetivamente no projeto da manutenção, através da geração


das planilhas relacionadas a cada elemento, o projeto para manutenção também será
fomentado, já que o profissional de qualquer disciplina em qualquer estágio do ciclo de vida
da edificação terá contato com as características de manutenção.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho buscou relacionar a tecnologia BIM com a manutenção de edifícios


estabelecendo uma série de diretrizes a serem seguidas para a consecução deste objetivo.
A tecnologia BIM abrange todo o ciclo de vida da edificação, sendo utilizada inicialmente na
fase de projeto, mas há estudos de sua aplicabilidade na fase de manutenção. O projeto de
manutenção necessita de um conjunto de informações de toda a edificação e essa é a
característica principal da tecnologia BIM.

Entretanto, é necessária ainda a realização de estudos relacionando o projeto de


manutenção com a tecnologia BIM utilizando os softwares que prometem armazenar dados
de diferentes características. Posteriormente, é necessária a pesquisa de como o modelo
BIM, embasado pelas características de manutenção, pode gerar o projeto de manutenção
de uma forma automática semelhante à geração de quantitativos.

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7 AGRADECIMENTOS

À FAPEMIG pela bolsa de mestrado concedida ao primeiro autor.

Anais do 2º.Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído


X Workshop Brasileiro de Gestão do Processo de Projeto na Construção de Edifícios
| 03 e 04 de Novembro de 2011 | Rio de Janeiro, RJ | PROARQ/FAU/UFRJ e PPG-IAU USP|
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