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‘9/05/2020 ‘A moderna teria monet” (MMT), utopias reformistas,e 08 “Grundsisse’ de Marx - Guilombo Spartacus Quilombo Spartacus Blog de Santiago Marimbondo para debater temas da politica nacional, internacional e de teoria A “moderna teoria monetaria” (MMT), utopias reformistas, e os ‘Grundrisse’ de Marx [Por Santiago Marimbondo] A “moderna teoria monetaria” (na sigla em inglés MMT) é a nova moda dentro do pensamento econémico de esquerda. Do candidato “socialista” dentro do partido democrata estadunidense Bernie Sanders! a setores mais & direita dentro do Psol brasileiro? (certamente nao todo o Psol, que em seu interior contém correntes que se reivindicam revolucionérias), por exemplo, a mmt tem conquistado nos tiltimos anos uma cada vez maior platéia e mais adeptos. Esse sucesso, apesar da pobreza tedrica de suas proposicdes, se deve a que a mmt expressa, no campo da teoria econdmica, espirito de época neo-reformista que hegemoniza a esquerda ao redor do mundo hoje. Assim como para essa “esquerda" os sujeitos sociais perderam seu carater estrutural se formando agora a partir de “aces performéticas” guiadas por uma “raz0 populista” (como nas teorias de Judith Butler e Ernesto Laclau) a mmt vé a economia como desligada das estruturas materiais de criago da riqueza (riqueza essa que no capitalismo hitpsqullombospartacus. wordpress. con/2020/04/03/a-moderna-teor'a-monetaria-nm-ulopias-efomistas-2-os-grundisse.ce-mank/beld=WARY... 1/3 ‘ynsr2020 ‘moderna teria monet" (MMT), utopia refomitas,e 8 ‘Grundrise' de Marx Quilombo Spartacus assume a forma de mercadoria), pensando a politica econémica como um jogo financeiro jogado através de emissdes monetarias ¢ financas funcionais, que parece nada ter a ver com a produgao material e a efetiva apropriacao da natureza através de um determinado metabolismo social. A ideia da “moderna teoria monetéria” de que um governo soberano nunca fica insolvente, e que nunca existe um excedente de valor irrealizavel, desde que se sigam suas recomendacoes, pois o governo sempre pode imprimir moeda, posto que o estado tem 0 monopélio da emissao do dinheiro (E. Tymoigne, L. Wray, 11/2013, p.5)° é de uma infantilidade e ingenuidade impressionante. Nem é preciso ser economista pra perceber isso. Por que entao existiram crises econémicas no capitalismo? Ah, certamente por que nenhum governo na histéria do sistema pensou antes em imprimir mais moeda pra acabar com a superproducio, jé que o novo evangelho monetario ainda nao havia sido descoberto. Essa ideia ndo parece tdo fantasiosa que nem sequer deveria ser levada a sério? Mas por incrivel que possa parecer, ela ven influenciando os programas econémicos de grande parte da esquerda neo-reformista nos Ailtimos anos. A partir dessa “fundamentacao” tedrica extremamente duvidosa (de que governos soberanos nunca ficam insolventes, posto que ao monopolizarem a emissio de moeda sempre poderiam imprimir o dinheiro necessério para seu autofinanciamento) os proponentes da mmt buscam construir todo um programa de politica-econémica (nao necessariamente de esquerda, mas que 6 abracado com fervor pela esquerda hoje) para superar as contradig6es ¢ as crises da economia capitalista. Segundo seus propositores bastaria que os governos capitalistas seguissem suas receitas que as contradiges e crises, inerentes ao sistema, seriam superadas. Como financiar um sistema publico de satide universal? Simples, basta imprimir mais dinheiro. De onde viriam as receitas para um programa publico de emprego para todos? Nao ¢ ébvio? Basta o estado utilizar seu poder de criar moeda ex-nihilo que tudo esta resolvido (E. Tymoigne, L. Wray, 11/2013, p. 50[4]) = como os principais “tedricos” da mmt sao estadunidenses e sua maior influéncia direta na esquerda hoje se da dentro da campanha para a presidéncia daquele pais do democrata Bernie Sanders, essas costumam ser suas principais propostas. Fica claro pela resposta que dao os proponentes da mmt ao problema fundamental de como garantir o financiamento e os recursos necessérios para que seja possivel dar base para o funcionamento de grandes programas sociais 0 carter apologgtico ao capitalismo que tem essa teoria, e sua ingénua perspectiva, de um reformismo utdpico, sobre como responder as suas contradigées. Pois dentro dessa perspectiva nao é necessério que existam lutas entre as classes sobre as formas de distribuicao da propriedade e da riqueza socialmente produzida, para que seja possivel garantir os recursos necessaries para financiar programas sociais; ndo é necessario taxar grandes fortunas, expropriar grandes empresas capitalistas, nacionalizar setores produtivos da economia, basta que o estado imprima mais moeda que os problemas de financiamento e recursos esto, como num passe de magica, superados; e apesar de fantastica que essa perspectiva possa parecer ela ¢ defendida expressamente pelos “teéricos’” da mmt (entre os proponentes da mmt ver E. Tymoigne, L. Wray, 11/2013, p. 51[5)/ para criticos que mostram também que a mmt defende essa perspectiva ver Doug Henwood, na edicao estadunidense da revista ‘Jacobin'[6]). hitpsqullombospartacus. wordpress. con/2020/04/03/a-moderna-teor'a-monetaria-nm-ulopias-efomistas-2-os-grundisse.ce-man/bel=WARY... 2°13 ‘ynsr2020 ‘moderna teria monet" (MMT), utopia refomitas,e 8 ‘Grundrise' de Marx Quilombo Spartacus Entdo para que luta de classes, organizacées combativas da classe trabalhadora, conflitos sociais? Basta uma politica econémica, dentro do capitalismo, correta, que todas as contradicdes seriam superadas. Esse tipo de utopismo, que busca superar contradigées sociais por meio de meras reformas monetérias nao é uma novidade dentro da histéria da esquerda. J4 na primeira metade do século XIX perspectivas como essa emergirdo (de forma menos fantastica e com aiores bases tedricas que a mmt, contudo) Isso mostra como os debates teéricos no campo da economia nao tem mero interesse tedrico, mas séo base para uma pratica efetiva. Mostraremos na parte final desse artigo como para formular sua teoria econdmica (fundamento para sua estratégia revolucionaria) Marx teve que combater esses “falsos amigos” do movimento operario, que propunham reformas monetérias parciais como estratégia para superacdo das contradigoes do sistema. Para debater com o mmt nao vamos nos voltar a escritos ou falas de divulgadores secundérios da teoria, mas sim a seus principais proponentes, os “tedricos” e “economistas” ligados ao instituto econdmico Levy nos EUA (como Eric Tymoigne, L. Randall Wray e Stephanie Kelton), que jé a algumas décadas trabalham no “desenvolvimento” da “nova” teoria. Penso que isso dard maior escopo e base para os debates a serem expressos ao longo do artigo. Partiremos também de alguns criticos estadunidenses importantes da mmt no campo da esquerda keynesiana (como Doug Henwood, ou Thomas Palley), para mostrar como nao sé entre os marxistas, mas também em escolas de pensamento com bastante proximidade, essa corrente & entendida como bastante superficial. Usaremos também muitas citagdes desses tedricos ao longo desse artigo. Para evitar alongar 0 texto de forma desmedida indicaremos sempre o ano da publicago, os autores, a pagina onde se encontra a citacdo, dirigindo o leitor por meio de notas de rodapé, ao final do artigo, onde encontrara também o enderego eletrénico para a consulta do texto de onde a citacao foi extraida. Sera essencial utilizar um ntimero elevado de citagdes por alguns motivos: porque as afirmagoes dos tedricos da mmt sao tdo estapafirdias que por vezes é dificil, mesmo para seus admiradores, acreditar que pessoas que estudaram economia poderiam fazé-las, entao é preciso mostrar isso; porque por serem frageis as suas bases, os teéricos da mmt sao contraditérios, ora afirmando algo para no momento seguinte, sentindo que o chao Ihes escapa, dizer o contrario; porque seus sustentadores na internet, desconhecendo as préprias fontes originais, tem uma propensio a nao acreditar nos absurdos sustentados por quem eles pensam defender Apés essa introducao comesaremos com um breve debate metodolégico sobre a teoria da moeda. Consideracdes metodolégicas para o debate com a MMT (moderna teoria monetaria) a partir de um ponto de vista marxista Um dos argumentos histéricos fundamentais dos “tedricos” da mmt para justificar sua concepcao da possibilidade irrestrita de autofinanciamento do estado por meio da emissdo de moeda é que a moeda surgiu independentemente e de forma anterior ao mercado, tendo sua origem nas formas de tributagao e taxagdo pelas autoridades estatais sobre a sociedade (ver L. Randall Wray. 05/2012[7)).. hitosqullombospartacus. wordpress. con/2020/04/03/a-moderna-teora-monetaria-nm-ulopias-efomistas-e-os-grundisse.ce-manw/beld=WARY... 3/13 ‘ynsr2020 ‘moderna teria monet" (MMT), utopia refomitas,e 8 ‘Grundrise' de Marx Quilombo Spartacus Por fantastica e extravagante que seja a ideia da origem da moeda como algo exterior as trocas de mercadorias, que se dao num espa¢o social especifico, o mercado, nao é necessario que facamos, para debater com os “tedricos” da mmt, uma “genealogia” da moeda. Em seu debate sobre 0 ‘método da economia politica’ (na introdugao a seus ‘Grundisse’) Marx mostra como a andlise da relacdo e articulagao entre as categorias da economia politica nao deve seguir uma sequéncia histérica linear, nem muito menos uma sequéncia num sujeito metafisico como a “ideia” (como na concepcao idealista de Phroudon), mas sua relagao e articulagao deve ser buscada dentro da sociedade burguesa moderna, onde cada uma das categorias que sao pressupostos histéricos e formas determinadas de existéncia para a efetivacao do capital atingem seu maximo grau de desenvolvimento. “£ a anatomia do homem a chave para a anatomia do macaco’, E quando atingem seu maximo grau de desenvolvimento e amadurecimento que as categorias econémicas mostram todas as consequéncias de sua existéncia efetiva na realidade social Assim, na medida em que, como dizem seus criticos (ver Palley, T. 03/2014,p.6[8]), 0 “relato” histérico sobre a origem da moeda cumpre dentro do corpo “teérico” da mmt apenas um papel de adorno, de tentar justificar com uma narrativa genealégica erros na concepcao da moeda no presente e como o préprio Wray (um dos principais proponentes da “nova” teoria) admite, em artigo de 11/2013, escrito em colaboracao com Eric Tymoigne, que a narrativa histérica cumpre um papel secundério nas proposigées praticas da mmt, nao é necessario que entremos nesse debate sobre a origem histérica da moeda. O que é necessdrio demonstrar ¢ 0 qudo fantéstica ¢ fantasiosa é no presente a ideia de que o papel central da moeda na economia c. ta atual é no mediar a troca de mercadoria produzidas em unidades produtivas formalmente independentes, produz semestar submetide a.um plane global. endo como constquéncia-que sua produc privada, para mostrar seu cardter social, deve ser capaz de se converter na mediacio. comunitariamente aceita que mostra o carte fungo central da moeda na economia capitalista atual ¢ permitir ao estado cobrar taxas ¢ tributos de seus cidadaos. Leitor, sei que a ideia de que o papel fundamental da moeda na economia capitalista seja ndo a de mediar a producao global como producao efetivamente social, a partir de unidades produtivas formalmente independentes, mas sim a ideia de que ela tem como papel central a cobranga de taxas e tributos pelo estado pode parecer por demais inacreditavel; tao fantastica que talvez seja dificil sequer acreditar (para aqueles nao a par da nova moda na teoria econémica) que pessoas que supostamente estudaram economia defenderiam tal absurdo. Porém, em nossa época de aguda pobreza tedrica infelizmente é essa a base ideolégica que vem hegemonizando as formulagdes das politicas econémicas da esquerda reformista nos tiltimos anos. Dessa forma, para mostrar a fragilidade te6rica da nova teoria, temos que entender o que ¢ a moeda hoje no capitalismo (onde essa categoria atinge seu maximo grau de desenvolvimento) para que depois possa ser possivel pesquisarmos sua origem histérica. Partir desse d bate Partir desse debate metodolégico sobre as formas de compreender a moeda nao é buscar fender um: xia limitada nem partir de um texto candnico simplesmente, pois num debate tedrico com uma corrente ideolégica distinta,. que ndo parte de Marx como uma figura central, isso sequer faria sentido. Entender o que é a moeda em sua estrutura mais essencial, hitosqullombospartacus. wordpress. con/2020/04/03/a-moderna-teora-monetaria-nm-ulopias-efomistas-2-os-grundisse.ce-mank/™beld=WARY... 4F13 ‘9/05/2020 ‘A moderna teria monet” (MMT), utopias reformistas,e 08 “Grundsisse’ de Marx - Guilombo Spartacus algo s6 possivel quando se parte de seu maior grau de desenvolvimento, atingido na sociedade sociedade onde ela se manifestou sao superados, tedricas para pesquisas histéricas posteriores sobre a origem da moeda. Pois como seria possivel uma pesquisa histérica para buscar a origem da moeda se nao temos claro o que ela 2 Seria como procurar algo sem saber o que esse algo efetivamente é, Tarefa ingrata, certament A proposicao histérica fundamental da mmt sobre a origem da moeda é que essa seria unidade contabil, imposta pelo estado, que permitiria a este regular a vida econdmica da sociedade, ea partir disso taxar seus cidadaos, independente da existéncia ou ndo do mercado, como espaco social especifico onde se realizam as trocas das mercadorias. Numa perspectiva antagénica, para Marx a moeda tem origem na emergéncia, espontanea, do mercado, e no surgimento de uma forma especifica de riqueza social, a mercadoria, forma contraditéria da riqueza, onde um produto privado sé mostra seu carater social por meio da troca, mediada necessariamente pela moeda. A moeda assim é a mediagao necessdria entre unidades privadas independentes ¢ nao necessariamente articuladas, sendo forma social que dé reconhecimento comunitario a um produto privado. Se se parte desses pressupostos a afirmacao da mmt de que a moeda existia antes do mercado perde qualquer sentido. Poderia existir algo que fosse um pressuposto histérico, um antepassado, da moeda dai (como nos exemplos de unidades contabeis impostas pelo estado, em que buscam se apoiar os tedricos da mmt) mas existir a moeda sem existéncia do mercado passa a ser algo contraditério por principio. Nesse sentido que é necessdrio discordar da ideia (sem muita reflexao metodolégica, algo comum nos proponentes da mmt) de que para entender a esséncia do fendmeno moderno temos que voltar a génese da moeda. A apreensio metodolégica que busco fazer de Marx aqui tem como objetivo mostrar que pra entender as categorias da economia burguesa é um erro metodolégico partir de sua genealogia, pois em outras formagées sociais onde se manifestaram, como essas categorias estao ainda pouco desenvolvidas, elas aparecem de forma confusa, mescladas ¢ nao lapidadas pelo seu desenvolvimento histérico, nublando e distorcendo a visio do pesquisador sobre elas. Entdo a melhor maneira de apreendé-las é estabelecendo sua ligagao e articulago com as outras categorias dentro da moderna economia burguesa, onde suas determinagdes mais essenciais esto mais desenvolvidas, e os elementos contingentes que poderiam aparecer acoplados de forma confusa a elas esto superados A ideia da volta ao passado que sustentam muitas vezes os defensores da mmt é sé uma forma de escamotear a afirmacao estapafirdia de que a moeda no capitalismo tem como funcao central permitir a taxagao pelo estado dos cidadaos, e ndo permitir a troca de mercadorias no mercado capitalista, Refugiados em debates hist6ricos confusos, pois sem a base de uma concepgao sélida do que é o objeto de sua pesquisa (a moeda) os defensores da mmt tentam eludir o debate concreto sobre qual o papel central da moeda na tinica sociedade onde ela é mediagao fundamental para o metabolismo social, o capitalismo, Dessa forma, evitando essas confusdes, passemos ao debate concreto: o que é a moeda/dinheiro no capitalismo? (nesse artigo néo discutiremos as diferencas que existem no marxismo entre moeda e dinheiro, que sao categorias distintas, apesar de intimamente ligadas). hitosqullombospartacus. wordpress. com/2020I04/03/a-moderna-teor'a-monetaria-nm-ulopias-efomistas-2-os-grundisse.ce-many/beld=WARY... 5/13 ‘9/05/2020 ‘A moderna teria monet” (MMT), utopias reformistas,e 08 “Grundsisse’ de Marx - Guilombo Spartacus Qual a fungao fundamental da moeda/dinheiro no capitalismo? Uma das proposicdes fundamentais da mmt sobre a moeda é que essa é unidade contébil imposta pelo estado (L. Wray 01/1998[9]). Contudo, na medida em que os tedricos da mmt buscam discutir em geral apenas os aspectos financeiros da economia capitalista sem refletir muito sobre a producao material e efetiva da riqueza, nunca fica muito claro o que a unidade contabil moeda contabilizaria. Nesse sentido, sem muita ligagao légica entre as proposicdes, a existéncia da moeda seria independente e teria uma existéncia anterior & do mercado (se bem que em artigo recente L . Wray diz que nao importa na pratica para a mmt se a moeda é ou nao anterior ao mercado, bastaria ter claro que ela poderia existir sem 0 mercado). Esse tipo de afirmacao fantastica, estapafiirdia, inacreditavel mesmo, por parte dos proponentes da mmt de que a moeda poderia existir sem o mercado s6 ¢ possivel pelo grau de superficialidade de sua “teoria”, que busca debater os movimentos e oscilages do sistema financeiro sem debater sequer de forma inicial, as caracteristicas particulares e especificas do modo de PRODUCAO capitalista, e o papel e relagao do sistema financeiro com a PRODUCAO, capitalista, ndo podemos partir de uma forma de producio em geral, pois se partimos desse método equivocado, construimos analogias entre categorias que sio fundamentalmente distintas, Se existem elementos bastan\ configurasies histéricas da produsdo da riqueza, sclas sé podtem ser comtpzcendidas asim cum ‘gvano salis, com muito cuidado, pois se ndo se negligencia suas caracteristicas especificas ¢ suas particularidades histéricas. Oclemento fundamental que garante a especificidade do modo de producdo burgui tiqueza,.do metabolismo social hegemonizado por essa forma social que ¢ o capital, é quea formacdo de um efetivo organismo produtivo que garante e regula esse metabolismo nao se da de forma imediata e direta, O pertencimento e submisso de uma determinada unidade produtiva as regras-e regulacSes impostas pelo capital ndo garante de imediato o caréter social desi O produto de uma unidade produtiva privada s6 mostra seu carter social na medida em que consegue se converter na mediacao socialmente reconhecida da riqueza social, conversdo que se a necessariamente por meio da troca. E quando se troca pela forma socialmente reconhecida da riqueza social que um produto privado se mostra como socialmente necessério. A regulacao e formagao de um efetivo organismo produtivo, assim, se da necessariamente por meio da troca. Ii sé pela troca, pelo trafico, que uma miriade praticamente infinita de unidades produtivas formalmente independentes estabelecem uma rede de relagdes que faz com que cada uma seja parte do organismo produtivo total. A moeda, o dinheiro, assim, é essa mediaco socialmente reconhecida da riqueza produzida pela comunidade, dentro do capitalismo, forma social necessaria que permite a conexao e entrelagamento entre as distintas unidades produtivas. E apenas quando se convertem em dinheiro que os produtos privados mostram o seu carater social. E é essa relagao que faz com hitosqullombospartacus. wordpress. con/2020/04/03/a-moderna-teor'a-monetaria-nm-ulopias-efomistas-e-os-grundisse.ce-man/bel=WARY... 6/13 ‘ynsr2020 ‘moderna teria monet" (MMT), utopia refomitas,e 8 ‘Grundrise' de Marx Quilombo Spartacus que o produto privado nao necessariamente se converta em social, e que s6 possa se converter em social por meio da troca, mediada pelo dinheiro, que faz do produto, da riqueza, dentro do capitalism, uma mercadoria. Assim, faz sentido, efetivamente, dizer que a moeda, o dinheiro, ¢ unidade contabil, forma necessiria de manifestacio do valor, que por sua vez é a unidade de medida das for produtivas realmente atuantes no capitalismo. O dinheiro é unidade contébil na medida em que & forma fenoménica social necessdria da forma do valor. Mas sé é possivel entender a moeda/dinheiro como unidade contabil quando a entendemos inserida nas relagdes de producdo efetivas da qual a moeda como categoria é manifestacio necesséria, Ela é unidade contébil numa sociedade em que é necessaria a contabilizacao da riqueza social efetivamente existente nao por meio de uma planificacdo social concreta e uma regulagio consciente, mas onde essa contabilidade da riqueza social aparece de forma exterior e contraposta aos sujeitos sociais que a constroem. Assim, 0 dinheiro pode ser entendido como forma de contabilidade das forcas produtivas sociais numa sociedade baseada na troca de produtos entre unidades produtivas formalmente independentes (ou seja, 0 fato de uma mercadoria valer £10 expressa que ela utilizou 10 unidades das forcas produtivas sociais totais, e o valor tem que necessariamente se expressar por meio do dinheiro). erro dos proponentes da mmt, no entanto, ¢ fazer de toda e qualquer forma de mecanismo de contabilidade social diretamente dinheiro. De formas de contabilidade social que existiram em estados antigos , escritas em tabuas, passando pela moeda na sociedade capitalista, até cartées de racionamento em sociedades socialistas atrasadas, por exemplo, todas essas formas de contabilidade social seriam dinheiro. O que estou dizendo, ao contrério disso, para deixar bem claro, é: 0 elemento fundamental, a FUNDAGAO, a BASE para a existéncia da moeda/dinheiro é a troca de mercadorias. Sem existéncia de troca de mercadorias nao existe moeda ou dinheiro. Se se suprimisse a troca e se instituisse um sistema de racionamento planificado onde se recebesse um cupom dizendo o quanto do produto social se pode consumir a partir do quanto se contribui através do seu trabalho para a produgio, isso ndo seria moeda nem dinheiro, seria um outro sistema, totalmente diferente e alternativo, de divisao do produto e contabilidade social da riqueza entre ‘os membros da comunidade. Nao porque a moeda é uma forma de contabilidade social, uma forma de mensurar o produto form: sua divisio entre os membr omunidade, que toda forma de contabilidade social é moeda, A moeda/dinheiro (aqui sao irrelevantes possiveis diferencas) é instrumento contébil, de contabilidade social, numa sociedade baseada na troca de mercadorias, produzidas através de unidades produtivas formalmente independentes. E nesse sentido que a moeda sé pode existir quando existe mercado, o mercado é sua FUNDAGAO, seu elemento fundante, sua base. Voltando pro exemplo de uma comunidade que repartisse seu produto através de cupons de racionamento dentro de uma economia planificada (um exemplo arbitrario, mas legitimo, penso. Mesmo porque L. Wray usa num artigo dele um exemplo infantil de cupons de pizza hitosqullombospartacus. wordpress. con/2020/04/03/a-moderna-teora-monetaria-nm-ulopias-efomistas-s-os-grundisse.ce-man/beld=WARY... 7H3 ‘9/05/2020 ‘A moderna teria monet” (MMT), utopias reformistas,e 08 “Grundsisse’ de Marx - Guilombo Spartacus emitidos por uma pizziaria). Esses cupons seriam moeda? Jé foi explicado porque nao. Seriam uma outra forma de contabilidade social. Mas e se os membros da comunidade passassem a consumir menos do que o total de cupons permitisse e acumulassem esses cupons para trocar com outros membros da comunidade por mais produtos, ou por produtos alternativos, ou seja, comecassem a manipular a quantidade de cupons para trocé-los por outras coisas? A partir dai, estabelecendo as trocas, e portanto a existéncia de um mercado, os cupons se TORNARIAM moeda. Esse experimento mental com outras formas de contabilidade social, em outras formagées sociais, foi necessdrio para mostrar a especificidade do dinheiro no capitalismo como forma de contabilidade social da riqueza produzida, numa sociedade baseada na producao para a troca de mercadorias. O que significa financiamento da produgio no capitalismo? A emissao de moeda pode ser uma forma de financiamento do estado? (crises e medidas “anti-ciclicas”) Outra ideia fantasiosa expressa pelos teéricos da mmt ¢ de que estados soberanos nunca enfrentariam problemas para o financiamento de suas politicas, pois tendo o monopélio da emissdo de moeda poderiam sempre emitir dinheiro para se autofinanciar. Dessa forma, para os tedricos da mmt, na contemporaneidade passa a ser supérfluo e anacrénico que os estados taxem seus cidadaos como forma de garantir o financiamento para projetos puiblicos, pois bastaria a emissdo de novo contingente monetario para garantir esse financiamento (L. Wray 03/2018, p.2[10)). Mas os proponentes da mmt, totalmente desligados da produgao real de riqueza, nunca se questionam o que significa se financiar na economia capitalista. O fato de que toda a riqueza social, para se efetivar na sociedade capitalista, tenha que se converter em dinheiro, e as formas efetivas de existéncia dessa categoria na sociedade contemporanea, onde nao existe nenhum lastro institucionalmente estabelecido entre o papel-moeda (forma atual de existéncia do dinheiro) e uma mercadoria particular, pode criar a ilusdo, muitas vezes (¢ os teéricos da mmt esto completamente submersos nessa ilusdo), de que basta que se tenha dinheiro, papel-moeda, que os problemas de financiamento para a realizacao de qualquer projeto econémico esto resolvidos. No entanto, basta superar essa hiper-superficial e vulgar visdo e ter o minimo de realismo para ver que na realidade efetiva nao ¢ assim. Podemos usar um exemplo corriqueiro para pensarmos o quao estapaftirdia ¢ a visio dos tedricos da mmt. Pensemos numa comunidade que projeta construir um prédio. Ela consegue financiamento, ou seja papel moeda, para supostamente efetivar seu projeto. Contudo, no mercado naquele momento a producao de cimento, aco, vidro, etc, ndo é suficiente para atender sua demanda. O prédio sera construido? Basta colocar a pergunta pra entender a resposta. Ou seja, financiar-se no capitalismo nao significa simplesmente ter o papel-moeda que supostamente possibilitaria a aquisicao dos produtos necessarios para a realizacao de um determinado projeto. E preciso, fundamentalmente, que existam as forcas produtivas hitosqullombospartacus. wordpress. con’2020/04/03/a-moderna-teor'a-monetaria-nm-ulopias-efomistas-e-os-grundisse.ce-man/beld=WARY... 8/13 ‘ynsr2020 ‘moderna teria monet" (MMT), utopia refomitas,e 8 ‘Grundrise' de Marx Quilombo Spartacus necessérias para a producdo dos produtos reais e efetivos que permitirao a realizacao do projeto. Sem a existéncia de produtos reais, nos quais o papel-moeda possa se converter, esse papel- moeda é simples papel, sem nenhum poder social efetive. Mas de alguma maneira a emissao de moeda poderia ser forma de garantir o financiamento estatal? Sim. Mas nao porque a emissdo de moeda cria riqueza ex-nihilo, como os teéricos da mut sustentam, e nem porque a emissao monetéria é algo contraposto a tributagdo, mas antes porque a emissao de moeda é uma forma de tributagdo mascarada dos agentes econémicos. Se hé um papel-moeda de curso forgado emitido pelo estado, cuja aceitagdo é imposta por questées politicas e sociais e 0 estado usa 0 monopélio da emissao desse papel-moeda como forma de financiamento, isso nao significa, evidentemente, que ao emitir mais moeda se criou mais riqueza, mas que por meio da emissao de mais moeda o estado se apropriou da riqueza criada pelos agentes econdmicos, pois ouve uma troca sem equivalentes (ou seja, o papel-moeda emitido pelo estado nao era figura simbdlica de uma riqueza efetivamente existente, entao ele se apropriou das mercadorias criadas pelos agentes econdmicos sem Ihes transferir, por meio da troca, uma mercadoria equivalente). Essa emissdo monetaria pode ter um efeito anti-ciclico de curto prazo? Sim, na medida em que cria a ilusao nos agentes econémicos privados de que o valor de suas mercadorias (ou os precos de producao, para que nao entremos numa polémica que no imediato é secundéria, sobre se existe valor ou nao) se realiza. Esse efeito, no entanto, é limitado, pois as contradigées da realizado do valor ou prego de produgdo nao deixaram de existir (as desproporgies entre os diversos setores da economia, entre producao e consumo, entre departamento produtor de meios de producio e dep. produtor de meios de consumo, entre oferta e demanda de mao de obra, entre a composicdo organica ¢ a taxa de lucro dos capitais investidos, etc). Inclusive essa ilusio da realizacao dos presos de produc&o das mercadorias faz com que as contradicées e desproporcées inerentes a economia capitalista se acumulem, levando a crises ainda mais violentas no momento seguinte. Aeconomia capitalista é um ORGANISMO PRODUTIVG, ou seja, é necessario que exista uma proporgao entre os seus diversos setores, departamentos, momentos, para que ela possa se reproduzir de forma relativamente estavel em seu processo de ampliacao (essa estabilidade relativa é sempre mediada por uma instabilidade estrutural). E evidente que nao basta imprimir mais moeda para que essa estabilidade e relativa organicidade entre os diferentes setores da economia se realize. Sem ter qualquer preocupagao com a producdo real e efetiva da riqueza, e as formas especificas que essa producao assume no capitalismo, a mmt sequer formula as questdes sobre as causas reais das crises no processo de producao, quanto mais é capaz de dar qualquer resposta a essas questdes. Emissao de moeda e pressao inflacionaria A inflacao é a resposta dos agentes econdmicos privados (principalmente da burguesia evidentemente, que tem maior poder de fogo) para lutar contra a tributagao mascarada por meio do estado através de uma maior emissao de moeda. itpstqulombosparacus wordpress. con‘ 20201043/a-modemateora-nanetaria-nmnt-uopas-efomistas-2-o¢-grundisce-de-mandbehd= WARS... 9/19 ‘ynsr2020 ‘moderna teria monet" (MMT), utopia refomitas,e 8 ‘Grundrise' de Marx Quilombo Spartacus Por meio do aumento do preco de mercado de seus produtos (que refletem a tradugdo dos precos de producdo para a “linguagem” da moeda de curso forcado emitida pelo estado) os agentes econdmicos privados podem combater a exigéncia estatal de que a riqueza produzida de forma privada seja transferida sem equivalente para o estado. Dessa forma, mesmo que se assuma que a moeda de curso forcado emitida pelo estado sempre vai ser aceita pelos agentes econémicos num estado soberano (uma das proposigies fundamentais, e mais fantasiosas, da mmt) isso nao significa que a emissao de moeda financia 0 estado ex-nihilo e s6 pode ter efeitos benéficos, como pensam seus proponentes. Por meio da inflagao do preco de suas mercadorias os agentes econdmicos privados podem absorver a maior emissao monetéria sem que seja necessdrio que transfiram a riqueza produzida em unidades produtivas privadas para o estado. A ideia da moderna teoria monetaria de que as taxas e impostos sdo desnecessirios, pois 0 estado pode se autofinanciar simplesmente pela emissdo de moeda, e que a taxacao, assim, tem como tinica funcao a absorcao do excedente de moeda emitido em relacao as obrigacies contraidas pelo estado ao emitir mocda c titulos de divida ¢ expresso de uma politica de conciliagao de classes, pois, por que taxar grandes fortunas, por exemplo, para financiar programas sociais se pelo mero abracadabra da emissao de mais moeda o estado pode financiar esses gastos? Nessa perspectiva, nao existe uma disputa pelo excedente produzido na economia, pela riqueza materialmente existente, ndo ha necessidade de luta, basta seguir o novo evangelho da boa politica monetaria que todos os problemas estariam resolvidos. Utopias socialistas do século XIX e a resposta de Marx Apesar de sua pretensio de novidade a “moderna” teoria monetéria é uma requentada reprodugio de teorias econdmicas ja bastante tradicionais. De sua apropriagao da teoria legalista da moeda, ligada ao nome do economista conservador alemao Georg Friedrich Knapp, & sua perspectiva de que a emissao de moeda e manipulacGes “funcionais” nas finangas, ligada & tradigao keynesiana, pode ser um fator determinante para politicas “anti-ciclicas”, pouco (ou nada) parece ser novo na “moderna” teoria. Sua novidade é apenas sua capacidade de reproduzir determinados equivocos no campo da ciéncia econémica de forma qualitativamente mais vulgar, superficial, fazendo misturas ecléticas sem muita preocupagao com a coeréncia logica de suas proposicées (algo bastante adaptado & pobreza dos debates teéricos que vivemos atualmente). Mas para além das influéncias confessas existem algumas inconfessadas, ou talvez desconhecidas. Teorias superficiais tendem, muitas vezes, a desconhecer os debates tedricos que as precederam, apresentando como novidades perspectivas ha muito superadas pelo desenvolvimento de uma determinada ciéncia. O debate sobre reformas monetérias como politica socialista, de esquerda, para responder as. contradiges estruturais do capitalismo nada tem de novo. Desde a primeira metade do século XIX diversas correntes do socialismo inglés e francés propugnavam por esse tipo de politica como estratégia predominante no movimento operario. hitosqullombospartacus. wordpress. con/2020/04/03/a-moderna-teora-monetaria-nm-ulopias-efomistas-2-os-grundisse.ce-many/Mbeld=WARY.... 10/13 ‘ynsr2020 ‘moderna teria monet" (MMT), utopia refomitas,e 8 ‘Grundrise' de Marx Quilombo Spartacus Um dos debates centrais que fard Marx em seus ‘Grundrisse’ seré contra esse tipo de perspectiva, nesse caso especifico em polémica com a corrente ligada a Proudhon dentro do movimento socialista. A primeira parte do manuscrito, ‘sobre a moeda’, é mediada toda pelo debate do revolucionario alemao contra o economista Alfred Darimon, e sua proposta de que a moeda deveria ser substituida por bénus-hordrios, como forma de combater a crise que se avizinhava naquele momento (segunda metade do ano de 1857). Para Darimon, seguindo os ensinamentos de Proudhon, a grande contradigao da economia capitalista é que o dinheiro escamoteava a relacao de exploracao inerente a ela. No fato de que uma mercadoria valia $10 reais (num exemplo arbitrario) nao ficava claro para o trabalhador que havia um excedente nao pago em relacao as suas horas efetivamente trabalhadas. A existéncia desse excedente adicionava ainda uma outra contradigao fundamental & economia burguesa, que era a existéncia de uma quantidade de valor sem equivalente e impossivel de ser realizado, o que levaria as crises de superproducao, A substituigao do dinheiro pelos bénus-hordrios superaria esse inconvenient, pois o preco das mercadorias expressaria de forma dircta a quantidade de trabalho nela presente, sem a mediacao mistificadora do dinheiro (por exemplo, uma mercadoria que cristalizasse 10h de trabalho em sua producio seria representada pelo bénus de 10h). Assim, tanto 0 trabalhador teria claro a relacao entre sua quantidade de trabalho e a sua retribuicio por esse trabalho, quanto nao haveria um excedente de valor irrealizavel no mercado, que para os proudhonianos era a causa fundamental das crise: O.que Marx ird mostrar, numa critica profunda a essa perspectiva, ¢ que ela nfo enfrenta a unidades produtivas responsaveis pela producio de cada produto particular e o carter social da.produsdo de conjunto, A existéncia da propriedade privada dos meios de producdo,.onde ma miriade de unidades produtivas formalmente independentes produzem sem estarem privado pode produ a oces es de 2 ers producio, criando uma série quase infinita de possibilidades de desproporcdes na economia burguesa, que so a causa fundamental das crises na sociedade capitalista. economia, que ndo podem ser superadas por meras manipulacdes monetérias. Um produtor Podem se produzir desproporgées entre a producao de meios de produgao e as necessidades do setor produtor de meios de consumo, entre diferentes setores de producao dos préprios meios de produgio, entre a produgao geral e a capacidade social total de consumo, entre as inovagdes técnicas, que tornam o trabalho mais produtivo, e a capacidade total da sociedade de absorver 0 novo montante produzido (o que leva a tendéncia a queda da taxa de lucro) e uma série de outras possibilidades. Nao bastam manipulagées monetérias para que essas miltiplas contradigdes e desproporgées da economia burguesa sejam superadas. O fato de uma mercadoria encontrar um correspondente em moeda para seu valor ndo faz com que as desproporgdes reais que emergem do processo produtivo sejam superadas. Para que a emissao de titulos de contabilidade social emitidos pelo estado tivesse o poder que reivindicam os proudhonianos (assim como hoje reivindicam os tedricos da mmt) nao bastaria que o estado reformasse suas formas de emissdo de moeda e as emitisse indiscriminadamente. estado teria que ter o poder de planificar e dirigir a producio, a distribuicao dos recursos hitpsqullombospartacus. wordpress. con/2020/04/03/a-moderna-teor'a-monetaria-nmulopias-efomistas-e-os-grundisse.ce-manw/beld=WARY.... 11/3 ‘ynsr2020 ‘moderna teria monet" (MMT), utopia refomitas,e 8 ‘Grundrise' de Marx Quilombo Spartacus produtivos, dos produtos finais, etc, como forma de combater a emergéncia das contradicdes economia burguesa. Mas para que o estado tivesse esse poder nao bastaria e nem snte uma reforma monetéria, Seria necessaria uma revolucao social que atacasse as bases da economia capitalista, a propriedade privada dos meios de produgao, e as transformasse em propriedade social, estando assim submetidas a um plano comunitario do que e como e em que quantidade produzir (uma perspectiva que ia muita além da estratégia dos proudhonianos ce estd a anos luz da dos proponentes da mmt). Vemos assim que esse debate proposto como novidade pela mmt nada tem de novo. De maneira muito mais aprofundada (pois ligada a produco material efetiva) a ideia de que manipulacdes e reformas monelarias seriam a saida para o movimento socialista jé tem uma histéria centendria, A resposta tedrica a esses erros também ja encontra uma base sdlida na pena de um pensador do calibre de Karl Marx. Contudo, no movimento socialista, como no mito do Sisifo grego, muitas vezes os debates tém que recomesar, praticamente do zero, como se nao houvessem antes existido. Precisamos sempre refazé-los, portanto, 1- https://www.enbe.com/2019/03/01/bernie-sanders-economic-advisor-stephanie-kelton-on- mmt-and-2020-race.html 2- https://movimentorevista.com.br/2019/08/o-debate-ao-redor-da-teoria-monetaria-moderna-e- apaixonante/ 3- “The monetarily sovereign government is the monopoly supplier of its currency and can issue currency of any denomination in physical or non-physical forms. As such the government has an unlimited capacity to pay for the things it wishes to purchase and to fulfill promised future payments, and has an unlimited ability to provide funds to the other sectors. Thus, insolvency and bankruptcy of this government is not possible. It can always pay.” (http://www. levyinstitute.org/pubs/wp_778.pdf) 4- “We would argue instead that MMT reframes the nature of important economic debates. For example, most of the debates surrounding Social Security and Medicare are framed in terms of insolvency. Once one accepts that solvency is not an economic issue—government can always pay—one can reframe the debate in another way”. http://www.levyinstitute.org/pubs/wp_778.pdf 5- “As long as Congress upholds that social security payments are an obligation of the United States government, it will budget the necessary funds for Social Security and it will find the means to obtain the funds. With MMT, one can then advocate for more profound reform of the system that would abolish the trust fund, remove the payroll tax, promote immigration of young workers, and policies that increase the productivity of workers. Taxes may be advocated but not with a view of funding Social Security, but rather to reduce the purchasing power of those of working age in order to leave enough for retirees to consume. As Fiebiger noted, taxes are part of fiscal activism and create winner and losers, But discussing taxes in terms of means to pay for something confuses matters and leaves one open to conseroative critiques that taxes are a burden instead of a means to fight inflation. The language and logic used is important to frame debates and possibilities surrounding government programs.” http://www.levyinstitute.org/pubs/wp_778.pdf hitpsqullombospartacus. wordpress. con/2020I04/03/a-moderna-teor'a-monetaria-nm-ulopias-efomistas-e-os-grundisse.ce-mank/beld=WARY.... 12/13 ‘ynsr2020 ‘moderna teria monet" (MMT), utopia refomitas,e 8 ‘Grundrise' de Marx Quilombo Spartacus 6-"While adherents strenuously profess that MMT is subtler and more complex than this, its main selling point is that governments need not tax or borrow in order to spend — they can just create money out of thin air. A few computer keystrokes and everyone gets health insurance, student debt disappears, and we can save the climate too, without all that messy class conflict.” 7- http://www levyinstitute.org/pubs/wp_717.pdf 8-“MMT's obsession with the origins of money is a red herring A second less important issue raised by T&W (2013, p.9-11) concerns the origins of money. The origins question is a red herring in the debate regarding the power of sovereign governments to achieve full employment with price stability in the current monetary system, That said, T&W’s claims about money’s origins warrant a reply, but rather than distract from the important arguments, the reply is relegated to the appendix.” https://www.econstor.eu/bitstream/10419/105998/1/imk-wp_132_2014.pdf 9-http://www.levyinstitute.org/pubs/wp222.pdf 10-”Congress will appropriate the necessary funds to pay program expenses. No additional taxes will be levied. As I discuss below, advocates of the JG should not play the “how you gonna pay for it” game.” http://www levyinstitute.org/pubs/pn_2018_3.pdf Publicado por Santiago Marimbondo 11 Ver todos os posts por Santiago Marimbondo 13 de abril de 2020 Sem categoria CRIE UM WEBSITE OU BLOG GRATUITO NO WORDPRESS.COM. ACIMA t hitosqullombospartacus. wordpress. con/2020/04/03/a-moderna-teora-monetaria-nm-ulopias-efomistas-2-os-grundisse.ce-manw/beld=WARY.... 13/3

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