‘9/05/2020 ‘A moderna teria monet” (MMT), utopias reformistas,e 08 “Grundsisse’ de Marx - Guilombo Spartacus
Quilombo Spartacus
Blog de Santiago Marimbondo para debater temas da politica nacional, internacional e de teoria
A “moderna teoria monetaria” (MMT), utopias
reformistas, e os ‘Grundrisse’ de Marx
[Por Santiago Marimbondo]
A “moderna teoria monetaria” (na sigla em inglés MMT) é a nova moda dentro do pensamento
econémico de esquerda. Do candidato “socialista” dentro do partido democrata estadunidense
Bernie Sanders! a setores mais & direita dentro do Psol brasileiro? (certamente nao todo o Psol,
que em seu interior contém correntes que se reivindicam revolucionérias), por exemplo, a mmt
tem conquistado nos tiltimos anos uma cada vez maior platéia e mais adeptos.
Esse sucesso, apesar da pobreza tedrica de suas proposicdes, se deve a que a mmt expressa, no
campo da teoria econdmica, espirito de época neo-reformista que hegemoniza a esquerda ao
redor do mundo hoje. Assim como para essa “esquerda" os sujeitos sociais perderam seu carater
estrutural se formando agora a partir de “aces performéticas” guiadas por uma “raz0
populista” (como nas teorias de Judith Butler e Ernesto Laclau) a mmt vé a economia como
desligada das estruturas materiais de criago da riqueza (riqueza essa que no capitalismo
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assume a forma de mercadoria), pensando a politica econémica como um jogo financeiro jogado
através de emissdes monetarias ¢ financas funcionais, que parece nada ter a ver com a produgao
material e a efetiva apropriacao da natureza através de um determinado metabolismo social.
A ideia da “moderna teoria monetéria” de que um governo soberano nunca fica insolvente, e
que nunca existe um excedente de valor irrealizavel, desde que se sigam suas recomendacoes,
pois o governo sempre pode imprimir moeda, posto que o estado tem 0 monopélio da emissao
do dinheiro (E. Tymoigne, L. Wray, 11/2013, p.5)° é de uma infantilidade e ingenuidade
impressionante. Nem é preciso ser economista pra perceber isso. Por que entao existiram crises
econémicas no capitalismo? Ah, certamente por que nenhum governo na histéria do sistema
pensou antes em imprimir mais moeda pra acabar com a superproducio, jé que o novo
evangelho monetario ainda nao havia sido descoberto. Essa ideia ndo parece tdo fantasiosa que
nem sequer deveria ser levada a sério? Mas por incrivel que possa parecer, ela ven
influenciando os programas econémicos de grande parte da esquerda neo-reformista nos
Ailtimos anos.
A partir dessa “fundamentacao” tedrica extremamente duvidosa (de que governos soberanos
nunca ficam insolventes, posto que ao monopolizarem a emissio de moeda sempre poderiam
imprimir o dinheiro necessério para seu autofinanciamento) os proponentes da mmt buscam
construir todo um programa de politica-econémica (nao necessariamente de esquerda, mas que
6 abracado com fervor pela esquerda hoje) para superar as contradig6es ¢ as crises da economia
capitalista.
Segundo seus propositores bastaria que os governos capitalistas seguissem suas receitas que as
contradiges e crises, inerentes ao sistema, seriam superadas. Como financiar um sistema
publico de satide universal? Simples, basta imprimir mais dinheiro. De onde viriam as receitas
para um programa publico de emprego para todos? Nao ¢ ébvio? Basta o estado utilizar seu
poder de criar moeda ex-nihilo que tudo esta resolvido (E. Tymoigne, L. Wray, 11/2013, p. 50[4])
= como os principais “tedricos” da mmt sao estadunidenses e sua maior influéncia direta na
esquerda hoje se da dentro da campanha para a presidéncia daquele pais do democrata Bernie
Sanders, essas costumam ser suas principais propostas.
Fica claro pela resposta que dao os proponentes da mmt ao problema fundamental de como
garantir o financiamento e os recursos necessérios para que seja possivel dar base para o
funcionamento de grandes programas sociais 0 carter apologgtico ao capitalismo que tem essa
teoria, e sua ingénua perspectiva, de um reformismo utdpico, sobre como responder as suas
contradigées.
Pois dentro dessa perspectiva nao é necessério que existam lutas entre as classes sobre as formas
de distribuicao da propriedade e da riqueza socialmente produzida, para que seja possivel
garantir os recursos necessaries para financiar programas sociais; ndo é necessario taxar grandes
fortunas, expropriar grandes empresas capitalistas, nacionalizar setores produtivos da
economia, basta que o estado imprima mais moeda que os problemas de financiamento e
recursos esto, como num passe de magica, superados; e apesar de fantastica que essa
perspectiva possa parecer ela ¢ defendida expressamente pelos “teéricos’” da mmt (entre os
proponentes da mmt ver E. Tymoigne, L. Wray, 11/2013, p. 51[5)/ para criticos que mostram
também que a mmt defende essa perspectiva ver Doug Henwood, na edicao estadunidense da
revista ‘Jacobin'[6]).
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Entdo para que luta de classes, organizacées combativas da classe trabalhadora, conflitos
sociais? Basta uma politica econémica, dentro do capitalismo, correta, que todas as contradicdes
seriam superadas. Esse tipo de utopismo, que busca superar contradigées sociais por meio de
meras reformas monetérias nao é uma novidade dentro da histéria da esquerda. J4 na primeira
metade do século XIX perspectivas como essa emergirdo (de forma menos fantastica e com
aiores bases tedricas que a mmt, contudo)
Isso mostra como os debates teéricos no campo da economia nao tem mero interesse tedrico,
mas séo base para uma pratica efetiva. Mostraremos na parte final desse artigo como para
formular sua teoria econdmica (fundamento para sua estratégia revolucionaria) Marx teve que
combater esses “falsos amigos” do movimento operario, que propunham reformas monetérias
parciais como estratégia para superacdo das contradigoes do sistema.
Para debater com o mmt nao vamos nos voltar a escritos ou falas de divulgadores secundérios
da teoria, mas sim a seus principais proponentes, os “tedricos” e “economistas” ligados ao
instituto econdmico Levy nos EUA (como Eric Tymoigne, L. Randall Wray e Stephanie Kelton),
que jé a algumas décadas trabalham no “desenvolvimento” da “nova” teoria. Penso que isso
dard maior escopo e base para os debates a serem expressos ao longo do artigo. Partiremos
também de alguns criticos estadunidenses importantes da mmt no campo da esquerda
keynesiana (como Doug Henwood, ou Thomas Palley), para mostrar como nao sé entre os
marxistas, mas também em escolas de pensamento com bastante proximidade, essa corrente &
entendida como bastante superficial.
Usaremos também muitas citagdes desses tedricos ao longo desse artigo. Para evitar alongar 0
texto de forma desmedida indicaremos sempre o ano da publicago, os autores, a pagina onde
se encontra a citacdo, dirigindo o leitor por meio de notas de rodapé, ao final do artigo, onde
encontrara também o enderego eletrénico para a consulta do texto de onde a citacao foi extraida.
Sera essencial utilizar um ntimero elevado de citagdes por alguns motivos: porque as afirmagoes
dos tedricos da mmt sao tdo estapafirdias que por vezes é dificil, mesmo para seus
admiradores, acreditar que pessoas que estudaram economia poderiam fazé-las, entao é preciso
mostrar isso; porque por serem frageis as suas bases, os teéricos da mmt sao contraditérios, ora
afirmando algo para no momento seguinte, sentindo que o chao Ihes escapa, dizer o contrario;
porque seus sustentadores na internet, desconhecendo as préprias fontes originais, tem uma
propensio a nao acreditar nos absurdos sustentados por quem eles pensam defender
Apés essa introducao comesaremos com um breve debate metodolégico sobre a teoria da
moeda.
Consideracdes metodolégicas para o debate com a MMT (moderna teoria monetaria) a partir
de um ponto de vista marxista
Um dos argumentos histéricos fundamentais dos “tedricos” da mmt para justificar sua
concepcao da possibilidade irrestrita de autofinanciamento do estado por meio da emissdo de
moeda é que a moeda surgiu independentemente e de forma anterior ao mercado, tendo sua
origem nas formas de tributagao e taxagdo pelas autoridades estatais sobre a sociedade (ver L.
Randall Wray. 05/2012[7))..
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Por fantastica e extravagante que seja a ideia da origem da moeda como algo exterior as trocas
de mercadorias, que se dao num espa¢o social especifico, o mercado, nao é necessario que
facamos, para debater com os “tedricos” da mmt, uma “genealogia” da moeda.
Em seu debate sobre 0 ‘método da economia politica’ (na introdugao a seus ‘Grundisse’) Marx
mostra como a andlise da relacdo e articulagao entre as categorias da economia politica nao deve
seguir uma sequéncia histérica linear, nem muito menos uma sequéncia num sujeito metafisico
como a “ideia” (como na concepcao idealista de Phroudon), mas sua relagao e articulagao deve
ser buscada dentro da sociedade burguesa moderna, onde cada uma das categorias que sao
pressupostos histéricos e formas determinadas de existéncia para a efetivacao do capital
atingem seu maximo grau de desenvolvimento. “£ a anatomia do homem a chave para a
anatomia do macaco’,
E quando atingem seu maximo grau de desenvolvimento e amadurecimento que as categorias
econémicas mostram todas as consequéncias de sua existéncia efetiva na realidade social
Assim, na medida em que, como dizem seus criticos (ver Palley, T. 03/2014,p.6[8]), 0 “relato”
histérico sobre a origem da moeda cumpre dentro do corpo “teérico” da mmt apenas um papel
de adorno, de tentar justificar com uma narrativa genealégica erros na concepcao da moeda no
presente e como o préprio Wray (um dos principais proponentes da “nova” teoria) admite, em
artigo de 11/2013, escrito em colaboracao com Eric Tymoigne, que a narrativa histérica cumpre
um papel secundério nas proposigées praticas da mmt, nao é necessario que entremos nesse
debate sobre a origem histérica da moeda.
O que é necessdrio demonstrar ¢ 0 qudo fantéstica ¢ fantasiosa é no presente a ideia de que o
papel central da moeda na economia c. ta atual é no mediar a troca de mercadoria
produzidas em unidades produtivas formalmente independentes,
produz semestar submetide a.um plane global. endo como constquéncia-que sua produc
privada, para mostrar seu cardter social, deve ser capaz de se converter na mediacio.
comunitariamente aceita que mostra o carte
fungo central da moeda na economia capitalista atual ¢ permitir ao estado cobrar taxas ¢
tributos de seus cidadaos.
Leitor, sei que a ideia de que o papel fundamental da moeda na economia capitalista seja ndo a
de mediar a producao global como producao efetivamente social, a partir de unidades
produtivas formalmente independentes, mas sim a ideia de que ela tem como papel central a
cobranga de taxas e tributos pelo estado pode parecer por demais inacreditavel; tao fantastica
que talvez seja dificil sequer acreditar (para aqueles nao a par da nova moda na teoria
econémica) que pessoas que supostamente estudaram economia defenderiam tal absurdo.
Porém, em nossa época de aguda pobreza tedrica infelizmente é essa a base ideolégica que vem
hegemonizando as formulagdes das politicas econémicas da esquerda reformista nos tiltimos
anos. Dessa forma, para mostrar a fragilidade te6rica da nova teoria, temos que entender o que ¢
a moeda hoje no capitalismo (onde essa categoria atinge seu maximo grau de desenvolvimento)
para que depois possa ser possivel pesquisarmos sua origem histérica.
Partir desse d bate Partir desse debate metodolégico sobre as formas de compreender a moeda nao é buscar
fender um: xia limitada nem partir de um texto candnico simplesmente, pois num
debate tedrico com uma corrente ideolégica distinta,. que ndo parte de Marx como uma figura
central, isso sequer faria sentido. Entender o que é a moeda em sua estrutura mais essencial,
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algo s6 possivel quando se parte de seu maior grau de desenvolvimento, atingido na sociedade
sociedade onde ela se manifestou sao superados,
tedricas para pesquisas histéricas posteriores sobre a origem da moeda. Pois como seria possivel
uma pesquisa histérica para buscar a origem da moeda se nao temos claro o que ela 2 Seria
como procurar algo sem saber o que esse algo efetivamente é, Tarefa ingrata, certament
A proposicao histérica fundamental da mmt sobre a origem da moeda é que essa seria unidade
contabil, imposta pelo estado, que permitiria a este regular a vida econdmica da sociedade, ea
partir disso taxar seus cidadaos, independente da existéncia ou ndo do mercado, como espaco
social especifico onde se realizam as trocas das mercadorias.
Numa perspectiva antagénica, para Marx a moeda tem origem na emergéncia, espontanea, do
mercado, e no surgimento de uma forma especifica de riqueza social, a mercadoria, forma
contraditéria da riqueza, onde um produto privado sé mostra seu carater social por meio da
troca, mediada necessariamente pela moeda. A moeda assim é a mediagao necessdria entre
unidades privadas independentes ¢ nao necessariamente articuladas, sendo forma social que dé
reconhecimento comunitario a um produto privado. Se se parte desses pressupostos a afirmacao
da mmt de que a moeda existia antes do mercado perde qualquer sentido.
Poderia existir algo que fosse um pressuposto histérico, um antepassado, da moeda dai (como
nos exemplos de unidades contabeis impostas pelo estado, em que buscam se apoiar os tedricos
da mmt) mas existir a moeda sem existéncia do mercado passa a ser algo contraditério por
principio.
Nesse sentido que é necessdrio discordar da ideia (sem muita reflexao metodolégica, algo
comum nos proponentes da mmt) de que para entender a esséncia do fendmeno moderno temos
que voltar a génese da moeda. A apreensio metodolégica que busco fazer de Marx aqui tem
como objetivo mostrar que pra entender as categorias da economia burguesa é um erro
metodolégico partir de sua genealogia, pois em outras formagées sociais onde se manifestaram,
como essas categorias estao ainda pouco desenvolvidas, elas aparecem de forma confusa,
mescladas ¢ nao lapidadas pelo seu desenvolvimento histérico, nublando e distorcendo a visio
do pesquisador sobre elas.
Entdo a melhor maneira de apreendé-las é estabelecendo sua ligagao e articulago com as outras
categorias dentro da moderna economia burguesa, onde suas determinagdes mais essenciais
esto mais desenvolvidas, e os elementos contingentes que poderiam aparecer acoplados de
forma confusa a elas esto superados
A ideia da volta ao passado que sustentam muitas vezes os defensores da mmt é sé uma forma
de escamotear a afirmacao estapafirdia de que a moeda no capitalismo tem como funcao central
permitir a taxagao pelo estado dos cidadaos, e ndo permitir a troca de mercadorias no mercado
capitalista, Refugiados em debates hist6ricos confusos, pois sem a base de uma concepgao sélida
do que é o objeto de sua pesquisa (a moeda) os defensores da mmt tentam eludir o debate
concreto sobre qual o papel central da moeda na tinica sociedade onde ela é mediagao
fundamental para o metabolismo social, o capitalismo, Dessa forma, evitando essas confusdes,
passemos ao debate concreto: o que é a moeda/dinheiro no capitalismo? (nesse artigo néo
discutiremos as diferencas que existem no marxismo entre moeda e dinheiro, que sao categorias
distintas, apesar de intimamente ligadas).
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Qual a fungao fundamental da moeda/dinheiro no capitalismo?
Uma das proposicdes fundamentais da mmt sobre a moeda é que essa é unidade contébil
imposta pelo estado (L. Wray 01/1998[9]). Contudo, na medida em que os tedricos da mmt
buscam discutir em geral apenas os aspectos financeiros da economia capitalista sem refletir
muito sobre a producao material e efetiva da riqueza, nunca fica muito claro o que a unidade
contabil moeda contabilizaria. Nesse sentido, sem muita ligagao légica entre as proposicdes, a
existéncia da moeda seria independente e teria uma existéncia anterior & do mercado (se bem
que em artigo recente L . Wray diz que nao importa na pratica para a mmt se a moeda é ou nao
anterior ao mercado, bastaria ter claro que ela poderia existir sem 0 mercado).
Esse tipo de afirmacao fantastica, estapafiirdia, inacreditavel mesmo, por parte dos proponentes
da mmt de que a moeda poderia existir sem o mercado s6 ¢ possivel pelo grau de
superficialidade de sua “teoria”, que busca debater os movimentos e oscilages do sistema
financeiro sem debater sequer de forma inicial, as caracteristicas particulares e especificas do
modo de PRODUCAO capitalista, e o papel e relagao do sistema financeiro com a PRODUCAO,
capitalista, ndo podemos partir de uma forma de producio em geral, pois se partimos desse
método equivocado, construimos analogias entre categorias que sio fundamentalmente
distintas, Se existem elementos bastan\
configurasies histéricas da produsdo da riqueza, sclas sé podtem ser comtpzcendidas asim cum
‘gvano salis, com muito cuidado, pois se ndo se negligencia suas caracteristicas especificas ¢ suas
particularidades histéricas.
Oclemento fundamental que garante a especificidade do modo de producdo burgui
tiqueza,.do metabolismo social hegemonizado por essa forma social que ¢ o capital, é quea
formacdo de um efetivo organismo produtivo que garante e regula esse metabolismo nao se da
de forma imediata e direta, O pertencimento e submisso de uma determinada unidade
produtiva as regras-e regulacSes impostas pelo capital ndo garante de imediato o caréter social
desi
O produto de uma unidade produtiva privada s6 mostra seu carter social na medida em que
consegue se converter na mediacao socialmente reconhecida da riqueza social, conversdo que se
a necessariamente por meio da troca. E quando se troca pela forma socialmente reconhecida da
riqueza social que um produto privado se mostra como socialmente necessério.
A regulacao e formagao de um efetivo organismo produtivo, assim, se da necessariamente por
meio da troca. Ii sé pela troca, pelo trafico, que uma miriade praticamente infinita de unidades
produtivas formalmente independentes estabelecem uma rede de relagdes que faz com que cada
uma seja parte do organismo produtivo total.
A moeda, o dinheiro, assim, é essa mediaco socialmente reconhecida da riqueza produzida
pela comunidade, dentro do capitalismo, forma social necessaria que permite a conexao e
entrelagamento entre as distintas unidades produtivas. E apenas quando se convertem em
dinheiro que os produtos privados mostram o seu carater social. E é essa relagao que faz com
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que o produto privado nao necessariamente se converta em social, e que s6 possa se converter
em social por meio da troca, mediada pelo dinheiro, que faz do produto, da riqueza, dentro do
capitalism, uma mercadoria.
Assim, faz sentido, efetivamente, dizer que a moeda, o dinheiro, ¢ unidade contabil, forma
necessiria de manifestacio do valor, que por sua vez é a unidade de medida das for
produtivas realmente atuantes no capitalismo. O dinheiro é unidade contébil na medida em que
& forma fenoménica social necessdria da forma do valor.
Mas sé é possivel entender a moeda/dinheiro como unidade contabil quando a entendemos
inserida nas relagdes de producdo efetivas da qual a moeda como categoria é manifestacio
necesséria, Ela é unidade contébil numa sociedade em que é necessaria a contabilizacao da
riqueza social efetivamente existente nao por meio de uma planificacdo social concreta e uma
regulagio consciente, mas onde essa contabilidade da riqueza social aparece de forma exterior e
contraposta aos sujeitos sociais que a constroem.
Assim, 0 dinheiro pode ser entendido como forma de contabilidade das forcas produtivas
sociais numa sociedade baseada na troca de produtos entre unidades produtivas formalmente
independentes (ou seja, 0 fato de uma mercadoria valer £10 expressa que ela utilizou 10
unidades das forcas produtivas sociais totais, e o valor tem que necessariamente se expressar
por meio do dinheiro).
erro dos proponentes da mmt, no entanto, ¢ fazer de toda e qualquer forma de mecanismo de
contabilidade social diretamente dinheiro. De formas de contabilidade social que existiram em
estados antigos , escritas em tabuas, passando pela moeda na sociedade capitalista, até cartées
de racionamento em sociedades socialistas atrasadas, por exemplo, todas essas formas de
contabilidade social seriam dinheiro.
O que estou dizendo, ao contrério disso, para deixar bem claro, é: 0 elemento fundamental, a
FUNDAGAO, a BASE para a existéncia da moeda/dinheiro é a troca de mercadorias. Sem
existéncia de troca de mercadorias nao existe moeda ou dinheiro. Se se suprimisse a troca e se
instituisse um sistema de racionamento planificado onde se recebesse um cupom dizendo o
quanto do produto social se pode consumir a partir do quanto se contribui através do seu
trabalho para a produgio, isso ndo seria moeda nem dinheiro, seria um outro sistema,
totalmente diferente e alternativo, de divisao do produto e contabilidade social da riqueza entre
‘os membros da comunidade.
Nao porque a moeda é uma forma de contabilidade social, uma forma de mensurar o produto
form: sua divisio entre os membr omunidade, que toda forma
de contabilidade social é moeda,
A moeda/dinheiro (aqui sao irrelevantes possiveis diferencas) é instrumento contébil, de
contabilidade social, numa sociedade baseada na troca de mercadorias, produzidas através de
unidades produtivas formalmente independentes. E nesse sentido que a moeda sé pode existir
quando existe mercado, o mercado é sua FUNDAGAO, seu elemento fundante, sua base.
Voltando pro exemplo de uma comunidade que repartisse seu produto através de cupons de
racionamento dentro de uma economia planificada (um exemplo arbitrario, mas legitimo,
penso. Mesmo porque L. Wray usa num artigo dele um exemplo infantil de cupons de pizza
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emitidos por uma pizziaria). Esses cupons seriam moeda? Jé foi explicado porque nao. Seriam
uma outra forma de contabilidade social.
Mas e se os membros da comunidade passassem a consumir menos do que o total de cupons
permitisse e acumulassem esses cupons para trocar com outros membros da comunidade por
mais produtos, ou por produtos alternativos, ou seja, comecassem a manipular a quantidade de
cupons para trocé-los por outras coisas? A partir dai, estabelecendo as trocas, e portanto a
existéncia de um mercado, os cupons se TORNARIAM moeda.
Esse experimento mental com outras formas de contabilidade social, em outras formagées
sociais, foi necessdrio para mostrar a especificidade do dinheiro no capitalismo como forma de
contabilidade social da riqueza produzida, numa sociedade baseada na producao para a troca
de mercadorias.
O que significa financiamento da produgio no capitalismo? A emissao de moeda pode ser
uma forma de financiamento do estado? (crises e medidas “anti-ciclicas”)
Outra ideia fantasiosa expressa pelos teéricos da mmt ¢ de que estados soberanos nunca
enfrentariam problemas para o financiamento de suas politicas, pois tendo o monopélio da
emissdo de moeda poderiam sempre emitir dinheiro para se autofinanciar. Dessa forma, para os
tedricos da mmt, na contemporaneidade passa a ser supérfluo e anacrénico que os estados
taxem seus cidadaos como forma de garantir o financiamento para projetos puiblicos, pois
bastaria a emissdo de novo contingente monetario para garantir esse financiamento (L. Wray
03/2018, p.2[10)).
Mas os proponentes da mmt, totalmente desligados da produgao real de riqueza, nunca se
questionam o que significa se financiar na economia capitalista. O fato de que toda a riqueza
social, para se efetivar na sociedade capitalista, tenha que se converter em dinheiro, e as formas
efetivas de existéncia dessa categoria na sociedade contemporanea, onde nao existe nenhum
lastro institucionalmente estabelecido entre o papel-moeda (forma atual de existéncia do
dinheiro) e uma mercadoria particular, pode criar a ilusdo, muitas vezes (¢ os teéricos da mmt
esto completamente submersos nessa ilusdo), de que basta que se tenha dinheiro, papel-moeda,
que os problemas de financiamento para a realizacao de qualquer projeto econémico esto
resolvidos.
No entanto, basta superar essa hiper-superficial e vulgar visdo e ter o minimo de realismo para
ver que na realidade efetiva nao ¢ assim. Podemos usar um exemplo corriqueiro para
pensarmos o quao estapaftirdia ¢ a visio dos tedricos da mmt. Pensemos numa comunidade que
projeta construir um prédio. Ela consegue financiamento, ou seja papel moeda, para
supostamente efetivar seu projeto. Contudo, no mercado naquele momento a producao de
cimento, aco, vidro, etc, ndo é suficiente para atender sua demanda. O prédio sera construido?
Basta colocar a pergunta pra entender a resposta.
Ou seja, financiar-se no capitalismo nao significa simplesmente ter o papel-moeda que
supostamente possibilitaria a aquisicao dos produtos necessarios para a realizacao de um
determinado projeto. E preciso, fundamentalmente, que existam as forcas produtivas
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necessérias para a producdo dos produtos reais e efetivos que permitirao a realizacao do projeto.
Sem a existéncia de produtos reais, nos quais o papel-moeda possa se converter, esse papel-
moeda é simples papel, sem nenhum poder social efetive.
Mas de alguma maneira a emissao de moeda poderia ser forma de garantir o financiamento
estatal? Sim. Mas nao porque a emissdo de moeda cria riqueza ex-nihilo, como os teéricos da
mut sustentam, e nem porque a emissao monetéria é algo contraposto a tributagdo, mas antes
porque a emissao de moeda é uma forma de tributagdo mascarada dos agentes econémicos.
Se hé um papel-moeda de curso forgado emitido pelo estado, cuja aceitagdo é imposta por
questées politicas e sociais e 0 estado usa 0 monopélio da emissao desse papel-moeda como
forma de financiamento, isso nao significa, evidentemente, que ao emitir mais moeda se criou
mais riqueza, mas que por meio da emissao de mais moeda o estado se apropriou da riqueza
criada pelos agentes econdmicos, pois ouve uma troca sem equivalentes (ou seja, o papel-moeda
emitido pelo estado nao era figura simbdlica de uma riqueza efetivamente existente, entao ele se
apropriou das mercadorias criadas pelos agentes econdmicos sem Ihes transferir, por meio da
troca, uma mercadoria equivalente).
Essa emissdo monetaria pode ter um efeito anti-ciclico de curto prazo? Sim, na medida em que
cria a ilusao nos agentes econémicos privados de que o valor de suas mercadorias (ou os precos
de producao, para que nao entremos numa polémica que no imediato é secundéria, sobre se
existe valor ou nao) se realiza.
Esse efeito, no entanto, é limitado, pois as contradigées da realizado do valor ou prego de
produgdo nao deixaram de existir (as desproporgies entre os diversos setores da economia,
entre producao e consumo, entre departamento produtor de meios de producio e dep. produtor
de meios de consumo, entre oferta e demanda de mao de obra, entre a composicdo organica ¢ a
taxa de lucro dos capitais investidos, etc).
Inclusive essa ilusio da realizacao dos presos de produc&o das mercadorias faz com que as
contradicées e desproporcées inerentes a economia capitalista se acumulem, levando a crises
ainda mais violentas no momento seguinte.
Aeconomia capitalista é um ORGANISMO PRODUTIVG, ou seja, é necessario que exista uma
proporgao entre os seus diversos setores, departamentos, momentos, para que ela possa se
reproduzir de forma relativamente estavel em seu processo de ampliacao (essa estabilidade
relativa é sempre mediada por uma instabilidade estrutural).
E evidente que nao basta imprimir mais moeda para que essa estabilidade e relativa
organicidade entre os diferentes setores da economia se realize. Sem ter qualquer preocupagao
com a producdo real e efetiva da riqueza, e as formas especificas que essa producao assume no
capitalismo, a mmt sequer formula as questdes sobre as causas reais das crises no processo de
producao, quanto mais é capaz de dar qualquer resposta a essas questdes.
Emissao de moeda e pressao inflacionaria
A inflacao é a resposta dos agentes econdmicos privados (principalmente da burguesia
evidentemente, que tem maior poder de fogo) para lutar contra a tributagao mascarada por
meio do estado através de uma maior emissao de moeda.
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Por meio do aumento do preco de mercado de seus produtos (que refletem a tradugdo dos
precos de producdo para a “linguagem” da moeda de curso forcado emitida pelo estado) os
agentes econdmicos privados podem combater a exigéncia estatal de que a riqueza produzida
de forma privada seja transferida sem equivalente para o estado.
Dessa forma, mesmo que se assuma que a moeda de curso forcado emitida pelo estado sempre
vai ser aceita pelos agentes econémicos num estado soberano (uma das proposigies
fundamentais, e mais fantasiosas, da mmt) isso nao significa que a emissao de moeda financia 0
estado ex-nihilo e s6 pode ter efeitos benéficos, como pensam seus proponentes. Por meio da
inflagao do preco de suas mercadorias os agentes econdmicos privados podem absorver a maior
emissao monetéria sem que seja necessdrio que transfiram a riqueza produzida em unidades
produtivas privadas para o estado.
A ideia da moderna teoria monetaria de que as taxas e impostos sdo desnecessirios, pois 0
estado pode se autofinanciar simplesmente pela emissdo de moeda, e que a taxacao, assim, tem
como tinica funcao a absorcao do excedente de moeda emitido em relacao as obrigacies
contraidas pelo estado ao emitir mocda c titulos de divida ¢ expresso de uma politica de
conciliagao de classes, pois, por que taxar grandes fortunas, por exemplo, para financiar
programas sociais se pelo mero abracadabra da emissao de mais moeda o estado pode financiar
esses gastos?
Nessa perspectiva, nao existe uma disputa pelo excedente produzido na economia, pela riqueza
materialmente existente, ndo ha necessidade de luta, basta seguir o novo evangelho da boa
politica monetaria que todos os problemas estariam resolvidos.
Utopias socialistas do século XIX e a resposta de Marx
Apesar de sua pretensio de novidade a “moderna” teoria monetéria é uma requentada
reprodugio de teorias econdmicas ja bastante tradicionais. De sua apropriagao da teoria legalista
da moeda, ligada ao nome do economista conservador alemao Georg Friedrich Knapp, & sua
perspectiva de que a emissao de moeda e manipulacGes “funcionais” nas finangas, ligada &
tradigao keynesiana, pode ser um fator determinante para politicas “anti-ciclicas”, pouco (ou
nada) parece ser novo na “moderna” teoria. Sua novidade é apenas sua capacidade de
reproduzir determinados equivocos no campo da ciéncia econémica de forma qualitativamente
mais vulgar, superficial, fazendo misturas ecléticas sem muita preocupagao com a coeréncia
logica de suas proposicées (algo bastante adaptado & pobreza dos debates teéricos que vivemos
atualmente).
Mas para além das influéncias confessas existem algumas inconfessadas, ou talvez
desconhecidas. Teorias superficiais tendem, muitas vezes, a desconhecer os debates tedricos que
as precederam, apresentando como novidades perspectivas ha muito superadas pelo
desenvolvimento de uma determinada ciéncia.
O debate sobre reformas monetérias como politica socialista, de esquerda, para responder as.
contradiges estruturais do capitalismo nada tem de novo. Desde a primeira metade do século
XIX diversas correntes do socialismo inglés e francés propugnavam por esse tipo de politica
como estratégia predominante no movimento operario.
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Um dos debates centrais que fard Marx em seus ‘Grundrisse’ seré contra esse tipo de
perspectiva, nesse caso especifico em polémica com a corrente ligada a Proudhon dentro do
movimento socialista. A primeira parte do manuscrito, ‘sobre a moeda’, é mediada toda pelo
debate do revolucionario alemao contra o economista Alfred Darimon, e sua proposta de que a
moeda deveria ser substituida por bénus-hordrios, como forma de combater a crise que se
avizinhava naquele momento (segunda metade do ano de 1857).
Para Darimon, seguindo os ensinamentos de Proudhon, a grande contradigao da economia
capitalista é que o dinheiro escamoteava a relacao de exploracao inerente a ela. No fato de que
uma mercadoria valia $10 reais (num exemplo arbitrario) nao ficava claro para o trabalhador
que havia um excedente nao pago em relacao as suas horas efetivamente trabalhadas. A
existéncia desse excedente adicionava ainda uma outra contradigao fundamental & economia
burguesa, que era a existéncia de uma quantidade de valor sem equivalente e impossivel de ser
realizado, o que levaria as crises de superproducao,
A substituigao do dinheiro pelos bénus-hordrios superaria esse inconvenient, pois o preco das
mercadorias expressaria de forma dircta a quantidade de trabalho nela presente, sem a
mediacao mistificadora do dinheiro (por exemplo, uma mercadoria que cristalizasse 10h de
trabalho em sua producio seria representada pelo bénus de 10h). Assim, tanto 0 trabalhador
teria claro a relacao entre sua quantidade de trabalho e a sua retribuicio por esse trabalho,
quanto nao haveria um excedente de valor irrealizavel no mercado, que para os proudhonianos
era a causa fundamental das crise:
O.que Marx ird mostrar, numa critica profunda a essa perspectiva, ¢ que ela nfo enfrenta a
unidades produtivas responsaveis pela producio de cada produto particular e o carter social
da.produsdo de conjunto, A existéncia da propriedade privada dos meios de producdo,.onde
ma miriade de unidades produtivas formalmente independentes produzem sem estarem
privado pode produ a oces es de 2 ers
producio, criando uma série quase infinita de possibilidades de desproporcdes na economia
burguesa, que so a causa fundamental das crises na sociedade capitalista.
economia, que ndo podem ser superadas por meras manipulacdes monetérias. Um produtor
Podem se produzir desproporgées entre a producao de meios de produgao e as necessidades do
setor produtor de meios de consumo, entre diferentes setores de producao dos préprios meios
de produgio, entre a produgao geral e a capacidade social total de consumo, entre as inovagdes
técnicas, que tornam o trabalho mais produtivo, e a capacidade total da sociedade de absorver 0
novo montante produzido (o que leva a tendéncia a queda da taxa de lucro) e uma série de
outras possibilidades.
Nao bastam manipulagées monetérias para que essas miltiplas contradigdes e desproporgées da
economia burguesa sejam superadas. O fato de uma mercadoria encontrar um correspondente
em moeda para seu valor ndo faz com que as desproporgdes reais que emergem do processo
produtivo sejam superadas.
Para que a emissao de titulos de contabilidade social emitidos pelo estado tivesse o poder que
reivindicam os proudhonianos (assim como hoje reivindicam os tedricos da mmt) nao bastaria
que o estado reformasse suas formas de emissdo de moeda e as emitisse indiscriminadamente.
estado teria que ter o poder de planificar e dirigir a producio, a distribuicao dos recursos
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produtivos, dos produtos finais, etc, como forma de combater a emergéncia das contradicdes
economia burguesa. Mas para que o estado tivesse esse poder nao bastaria e nem
snte uma reforma monetéria, Seria necessaria uma revolucao social que atacasse as
bases da economia capitalista, a propriedade privada dos meios de produgao, e as transformasse
em propriedade social, estando assim submetidas a um plano comunitario do que e como e em
que quantidade produzir (uma perspectiva que ia muita além da estratégia dos proudhonianos
ce estd a anos luz da dos proponentes da mmt).
Vemos assim que esse debate proposto como novidade pela mmt nada tem de novo. De maneira
muito mais aprofundada (pois ligada a produco material efetiva) a ideia de que manipulacdes
e reformas monelarias seriam a saida para o movimento socialista jé tem uma histéria
centendria, A resposta tedrica a esses erros também ja encontra uma base sdlida na pena de um
pensador do calibre de Karl Marx. Contudo, no movimento socialista, como no mito do Sisifo
grego, muitas vezes os debates tém que recomesar, praticamente do zero, como se nao
houvessem antes existido. Precisamos sempre refazé-los, portanto,
1- https://www.enbe.com/2019/03/01/bernie-sanders-economic-advisor-stephanie-kelton-on-
mmt-and-2020-race.html
2- https://movimentorevista.com.br/2019/08/o-debate-ao-redor-da-teoria-monetaria-moderna-e-
apaixonante/
3- “The monetarily sovereign government is the monopoly supplier of its currency and can issue
currency of any denomination in physical or non-physical forms. As such the government has
an unlimited capacity to pay for the things it wishes to purchase and to fulfill promised future
payments, and has an unlimited ability to provide funds to the other sectors. Thus, insolvency
and bankruptcy of this government is not possible. It can always
pay.” (http://www. levyinstitute.org/pubs/wp_778.pdf)
4- “We would argue instead that MMT reframes the nature of important economic debates. For
example, most of the debates surrounding Social Security and Medicare are framed in terms of
insolvency. Once one accepts that solvency is not an economic issue—government can always
pay—one can reframe the debate in another
way”. http://www.levyinstitute.org/pubs/wp_778.pdf
5- “As long as Congress upholds that social security payments are an obligation of the United
States government, it will budget the necessary funds for Social Security and it will find the
means to obtain the funds. With MMT, one can then advocate for more profound reform of the
system that would abolish the trust fund, remove the payroll tax, promote immigration of
young workers, and policies that increase the productivity of workers. Taxes may be advocated
but not with a view of funding Social Security, but rather to reduce the purchasing power of
those of working age in order to leave enough for retirees to consume. As Fiebiger noted, taxes
are part of fiscal activism and create winner and losers, But discussing taxes in terms of means
to pay for something confuses matters and leaves one open to conseroative critiques that taxes
are a burden instead of a means to fight inflation. The language and logic used is important to
frame debates and possibilities surrounding government
programs.” http://www.levyinstitute.org/pubs/wp_778.pdf
hitpsqullombospartacus. wordpress. con/2020I04/03/a-moderna-teor'a-monetaria-nm-ulopias-efomistas-e-os-grundisse.ce-mank/beld=WARY.... 12/13‘ynsr2020 ‘moderna teria monet" (MMT), utopia refomitas,e 8 ‘Grundrise' de Marx Quilombo Spartacus
6-"While adherents strenuously profess that MMT is subtler and more complex than this, its
main selling point is that governments need not tax or borrow in order to spend — they can just
create money out of thin air. A few computer keystrokes and everyone gets health insurance,
student debt disappears, and we can save the climate too, without all that messy class conflict.”
7- http://www levyinstitute.org/pubs/wp_717.pdf
8-“MMT's obsession with the origins of money is a red herring
A second less important issue raised by T&W (2013, p.9-11) concerns the origins of money. The
origins question is a red herring in the debate regarding the power of sovereign governments to
achieve full employment with price stability in the current monetary system, That said, T&W’s
claims about money’s origins warrant a reply, but rather than distract from the important
arguments, the reply is relegated to the appendix.”
https://www.econstor.eu/bitstream/10419/105998/1/imk-wp_132_2014.pdf
9-http://www.levyinstitute.org/pubs/wp222.pdf
10-”Congress will appropriate the necessary funds to pay program expenses. No additional
taxes will be levied. As I discuss below, advocates of the JG should not play the “how you
gonna pay for it” game.”
http://www levyinstitute.org/pubs/pn_2018_3.pdf
Publicado por Santiago Marimbondo
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13 de abril de 2020
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