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Me sinto estranho de falar sobre situações assim.

Como se qualquer palavra que eu falasse


fosse errado. Como se o certo não existisse ou se existe é apenas uma observação óbvia e
meio inútil. Eu queria saber o que falar, mas me perco... É que é difícil mesmo. Tudo nessa
situação é difícil. Ah, droga... Viu? Tropecei numa inutilidade. Esbarrei no comum. É que... só
consigo concordar. Eu olho para as feridas que tu me mostrou e ainda as vejo abertas. Sei que
é preciso tempo para que elas virem cicatrizes. Tempo e cuidados. Um dia elas serão marcas
de algo distante. Algo que passou. Algo que recebeu cuidado e ficou para trás. E o tempo vai
passar. Tempo... Não acredito muito naquilo que dizem. Que o tempo cura. Para mim ele não
cura nada, ele só abre espaço para que possamos nos olhar e curar a nós mesmo. O tempo não
fez nada por mim. Nunca fez. Sou eu que faço coisas no tempo. Faço coisas por mim e gostaria
de fazer por você. Agora, eu te ouço e entendo e acredito em cada palavra que sai da tua boca.
Só doí saber que não posso ajudar. Quero tanto te dar apoio. Quero tanto ter dar mais. Um
afago confortável. Abraços quentes. Conversas longas. Risos tranquilos. Um pouco de paz. Por
hora, não. Eu quero ter um tempo só pra mim. Tenho coisas para resolver. Por isso que digo. O
tempo só vem para dar distância das coisas. Vem abrir espaço. Vem tornar o presente, um
passado. E isso me dá chance. Tenho a chance de tratar minhas feridas. Tempo me deixar
torna-las cicatrizes. Já estou me repetindo. É que com o tempo tudo fica meio inútil e óbvio e
vira passado. Inclusive essas palavras.

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