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Gerencial
Educação
continuada
Indicadores para
Monitoramento de
Programas e Projetos
Governo do Estado de São Paulo
Governador
Cláudio Lembo
Diretora Executiva
Neide S. Hahn
Diretora Técnica
Maria de Fátima Infante de Araújo
Coordenadora
Maria Stela Reis
Equipe Técnica
Laís Macedo de Oliveira
Maria Cristina Costa Pinto Galvão
Maria G. Mariantonia Chippari
Consultoras
Augusta E. E. H. B. do Amaral
Rovena Negreiros
Assistência de coordenação
André de Vasconcelos
Apostila
Texto
Carlos Alberto Monteiro Aguiar
Claudia Antico
Fernando Assumpção Galvão
Kleber Fernandes de Oliveira
Paulo de Martino Jannuzzi
Preparação e revisão
Eloisa Pires e Vera Zangari
Editoração eletrônica
Julia Y. Kurose
Fundap
Rua Cristiano Viana, 428
05411-902 São Paulo SP
Telefone (011) 3066 5500
www.fundap.sp.gov.br
Introdução .................................................................................................2
Os indicadores são úteis para todos os gerentes que precisam planejar algum tipo
de programa ou projeto, para a execução de ações, para a análise de projetos ou
para o gerenciamento da rotina de trabalho. Constituem-se, além disso, em
subsídios para as atividades de planejamento público e formulação de políticas
sociais, possibilitando o monitoramento das condições de vida e bem-estar da
população.
2
TEXTO
1 O Planejamento Estratégico e a
Necessidade de Instrumentos de Monitoramento
Objetivo de aprendizagem:
Reconhecer a importância do uso de indicadores para o
gerenciamento de programas e projetos vinculado aos
processos de planejamento, monitoramento e avaliação
na gestão pública.
As Ações Governamentais
1 O termo gestão é aqui empregado como sendo o desenvolvimento do conjunto de atribuições que
compreendem desde a elaboração de um plano de ação até sua implementação.
3
Da mesma forma que ocorre com as ações desenvolvidas pelas organizações
voltadas para o mercado, precisam ser eficientes no emprego dos recursos, posto
que públicos e escassos por definição.
4
Toda organização tem por missão o atingimento de um conjunto de objetivos.
5
A estatística tradicional não cumpre essa função adequadamente, por
demandar muito tempo entre a ocorrência de um fato, a captura do dado que o
comprova, e a disponibilização da informação decorrente. Dessa forma, é preciso
monitorar indiretamente a realidade, mediante o uso de indicadores.
6
Para cada dimensão a ser acompanhada, temos indicadores específicos que
podem ser classificados, grosso modo, em: Indicadores de Recursos, de
Processos, de Desenvolvimento, de Programas e Projetos, de Produtos e de
Resultados. De sua análise individual ou das relações entre eles teremos
indicadores de qualidade, eficiência, eficácia etc.
7
estruturação e operação de um sistema de monitoramento de programas e
projetos será um tema específico do curso.
8
TEXTO
Objetivo de aprendizagem:
Apresentar conceitos básicos, tipologia e propriedades
dos indicadores apropriados a formulação, execução,
monitoramento e avaliação de ações, programas e
projetos.
Para que possam ser avaliados, programas e projetos devem ser desenhados.
Para que se possa avaliar determinado programa e, durante a execução, gerenciar
seu plano de ação, os objetivos declarados devem ser traduzidos em formas
mensuráveis. A partir da comparação entre as medidas obtidas e aquelas
esperadas, pode-se ajustar o plano e a estratégia utilizados, tomar medidas
preventivas para aumentar a eficiência e a eficácia das ações, estabelecer ou
revisar as metas e orientar o processo de avaliação. Sem que haja objetivos e/ou
problemas descritos e definidos por indicadores precisos, quantitativa e
qualitativamente, não é possível planejar de forma eficaz a intervenção a ser feita e
definir o conjunto de iniciativas (programas, projetos e ações) a serem
implementados.
2
1. Propriedades dos Indicadores
2 Texto a seguir baseado nos conceitos apresentados em Jannuzzi, 2001 – Indicadores Sociais no Brasil.
9
Um dos critérios fundamentais para a escolha adequada dos indicadores, a
serem usados no processo de formulação, execução, monitoramento e avaliação
de ações, programas e projetos, é a análise de seus atributos. A aderência dos
indicadores a um conjunto de propriedades desejáveis justifica e legitima sua
produção e sua utilização.
10
fundamentada em uma avaliação crítica e consistente de suas propriedades, tendo
em vista que é fundamental garantir a validade dos indicadores utilizados, a
confiabilidade das medidas calculadas e sua transparência metodológica.
Classificação temática
11
Processo
Indicadores Insumo, P rocesso e Resultado
12
indicadores específicos, ou seja, cada aspecto deve ser avaliado por meio de
indicadores adequados.
13
TEXTO
Objetivo de aprendizagem:
Identificar as principais fontes de dados sociais e
econômicas do Sistema Estatístico Brasileiro e as
disponíveis no Estado de São Paulo; e os principais
indicadores sociais e econômicos para
acompanhamento da conjuntura socioeconômica do
Estado.
14
indicadores dessas dimensões analíticas podem ser computados para diversos
grupos sociodemográficos (por sexo, raça/cor, estratos de renda etc.) e escalas
territoriais que chegam ao nível de agregações de bairros de municípios (áreas de
ponderação). As informações levantadas através do questionário básico permitem
computar indicadores até mesmo do setor censitário (conjunto de cerca de 200 a
300 domicílios na zona urbana, para os quesitos levantados no questionário
básico, aplicados em todos os domicílios do país).
15
A PNAD procura atualizar as informações levantadas pelo Censo Demográfico
ao nível do país, unidades da Federação e principais regiões metropolitanas. Como
a amostra é muito menor que a usada por ocasião do censo – por questões de
custo e agilidade na coleta – a pesquisa não comporta o uso de seus dados na
escala municipal. De qualquer forma, a PNAD é um levantamento fundamental para
atualizar os indicadores sociais do país e dos Estados, além de se prestar à coleta
de informações mais específicas, de interesse dos ministérios e outros agentes,
através de questionários suplementares anexados ao principal. Anualmente, seus
resultados compõem a Sinopse de Indicadores Sociais para o país, assim como o
Brasil em Dados, publicações fundamentais para acompanhamento da conjuntura
social brasileira.
16
de infra-estrutura urbana, que não se limitam a apontar o grau de cobertura
populacional atendida. Com os dados levantados nessa pesquisa, é possível
construir indicadores de volume de água ofertada per capita, do tipo de
tratamento e volume da água distribuída à população, de volume e destino do
esgoto e lixo coletado, dentre outros aspectos.
17
Algumas instituições têm procurado desenvolver medidas-síntese da realidade
social, de forma a apreender o comportamento “médio” ou situação “típica” da
mesma em termos do Desenvolvimento Humano, Qualidade de Vida,
Vulnerabilidade Social etc. Como mostrado no Quadro 2, tem havido muitas
propostas de indicadores sintéticos no Brasil, com maior ou menor grau de
sofisticação metodológica, elaborados por pesquisadores de universidades,
órgãos públicos e centros de pesquisa, motivadas, por um lado, pela necessidade
de atender as demandas de informação para formular políticas e tomar decisões
nas esferas públicas; e, por outro, pelo sucesso do IDH e seu impacto nesses
últimos 15 anos na disseminação da cultura de uso de indicadores junto aos
círculos políticos. Em que pese sua disseminação, o uso e a aplicabilidade desses
indicadores sintéticos como instrumentos de avaliação da efetividade social das
políticas públicas ou como instrumentos de alocação prioritária do gasto social
estão sujeitos a questionamentos de natureza substantiva e metodológica. O uso
dos mesmos como instrumento analítico requer conhecimento da metodologia de
sua construção – aliás, o que se aplica a qualquer indicador.
18
1920. Esses Censos constituíram-se, por bom tempo, nas principais fontes de
dados econômicos disponibilizados pela instituição, pela cobertura espacial e
escopo investigativo.
A partir dos anos 1960 e décadas seguintes, o IBGE veio a implantar uma série
de pesquisas econômicas conjunturais, reestruturadas nos anos 90, de forma a
constituir um Sistema (Quadro 3) sob a égide integradora e estruturadora das
Contas Nacionais. Ao longo do período, ampliaram-se não apenas as áreas de
coleta das pesquisas, como também as áreas de divulgação das estatísticas. Em
função de restrições orçamentárias e complexidade operacional, os Censos
Econômicos deixaram de ser realizados depois do último levantamento de 1985,
sendo substituídos pela conjugação das pesquisas amostrais e o cadastramento
contínuo de empresas no país – Cadastro Central de Empresas, o qual é
continuamente atualizado a partir das informações aportadas pela Relação Anual
de Informações Sociais (RAIS), pelo Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
(CNPJ) e as pesquisas amostrais do IBGE, permitindo que anualmente se possa
produzir estatísticas e indicadores econômicos acerca de pessoal ocupado,
remunerações, surgimento e fechamento de empresas, com razoável nível de
detalhamento territorial e setorial.
19
Preços ao Consumidor serviços consumidos pelas famílias conforme renda:
INPC - 1 a 8 sm IPCA – 1 a 40 sm IPCA-E 1 a 40 sm (ref.
15o dia do mês corrente p/ 15o anterior)
Levantamento de Conjuntura
FIESP www.fiesp.org.br
Nível de Emprego
Inst.Economia
Política econômica em foco www.ie.unicamp.br
UNICAMP
20
UFRJ
Instituto de
Informações Econômicas www.iea.sp.gov.br
Economia Agrícola
Confederação
Nacional do Evolução da Conjuntura Econômica www.cnc.com.br
Comércio
21
Investimentos e Geração de Empregos e a Pesquisa de Conjuntura da Pequena e
Média Empresa (PECOMPE).
Sistema/ Pes
Pesquisa Escopo Desagregação Periodicidade
geográfiica
geográf Di vulgação
Pesquisa de Estatística do mercado de Região Metr. S. Paulo Mensal, com
Emprego e trabalho como pessoal Região do ABC resultados em
Desemprego ocupado, taxa de dês até 30 dias do
Em outros estados: DF,
emprego e nível de mês de
RMs de Salvador, Belo
rendimento médio referência
Horizonte, Recife, Porto
Alegre
2003
23
Quadro 6: Principais Índices Sociais do Seade
Índi
Índ i ce Objetivo Fontes de Unidade Aspectos
da dos territorii al
territor metodológicos
IPRS Indicador qualitativo Diversos registros Municípios Tipologia construída através da
(tipologia), administrativos aplicação da análise fatorial e de
desenvolvido para disponíveis no agrupamentos
atender demanda da SEADE, Riqueza
Assembléia compilados das Consumo residencial de energia
Legislativa de São informações elétrica
Paulo, para provenientes de Consumo de energia elétrica na
identificar o estágio Secretarias agricultura, no comércio e nos
de desenvolvimento Estaduais e serviços
social dos 645 outros órgãos Remuneração média dos
municípios paulistas, empregados com carteira
segundo nível de assinada
riqueza, longevidade Valor adicionado fiscal per capita
e escolaridade Longevidade
Taxa de mortalidade infantil
Taxa de mortalidade perinatal
Taxa de mortalidade de 15 a 39
Taxa de mortalidade de 60 anos
e mais
Escolaridade
% de jovens de 15 a 17 anos com
ensino fundamental
% de jovens de 15 a 17 anos com
pelo menos quatro anos de
estudo
% de jovens de 18 a 19 anos com
ensino médio
% de crianças de 5 a 6 anos que
freqüentam pré-escola
IVJ Instrumento auxiliar Censo Distritos da Índice construído através de análise
na escolha de áreas Demográfico cidade de São fatorial, com base nas variáveis:
de intervenção de 2000 e Sistema Paulo Taxa anual de crescimento
programas na área de Estatísticas populacional entre 1991 e 2000;
da Sec. Est. Cultura, Vitais Percentual de jovens, de 15 a 19
para identificar Anos, no total da população do
distritos da cidade de distrito;
São Paulo com Taxa de mortalidade por
maiores níveis de homicídio da população
vulnerabilidade de masculina de 15 a 19 anos;
jovens Percentual de mães
adolescentes, de 14 a 17 Anos,
no total de nascidos vivos;
Valor do rendimento nominal
médio mensal, dos responsáveis
por domicílios particulares
permanentes;
Percentual de jovens de 15 a 17
anos que não freqüentam
IPVS identificar áreas Censo Setor Índice construído através de análise
intramunicipais com Demográfico Censitário 2000 fatorial, com base nas variáveis:
grande 2000 (agrupamento Anos médios de estudo do
concentração de contíguo de responsável pelo domicílio;
famílias pobres. aproximadame % de responsáveis pelo domicílio
Instrumento auxiliar nte 300 com ensino fundamental
na focalização de domicílios, completo;
programas de independentem % de responsáveis com renda
transferência de ente do porte até 3 salários mínimos;
renda populacional do Rendimento nominal médio do
município onde responsável pelo domicílio;
se localizam) % de responsáveis pelo domicílio
alfabetizados;
Idade média do responsável pelo
domicílio;
% de responsáveis com idade
até 29 anos;
% de pessoas com até 4 anos
24
no total de residentes
25
TEXTO
Objetivo de aprendizagem:
Apresentar o conceito de Painel de Monitoramento e
Avaliação como ferramenta essencial para apoio ao
26
Os indicadores utilizados na fase de análise da situação ou diagnóstico são de natureza
distinta daqueles referentes à fase de execução e avaliação dos resultados, como já mencionado
em capítulo anterior. É importante destacar que o painel de monitoramento e avaliação de
programas aplica-se melhor às duas últimas fases.
a) Diagnóstico ou análise da situação atual
Esta fase envolve a análise de indicadores sociais relacionados à temáticas diversas, que
possam orientar a identificação de problemas e demandas prioritários. O que se pretende é
diagnosticar, comparar, classificar e analisar tendências, por meio de indicadores já existentes.
b) Formulação ou concepção do programa
A partir do diagnóstico realizado, são estabelecidos os objetivos do programa, seu
público-alvo e/ou tema, suas diretrizes e ações (projetos e atividades operacionais) e a previsão
dos recursos necessários.
Nesta fase, é importante que haja a definição dos indicadores de monitoramento e
avaliação, com a concepção dos quatro grupos de indicadores essenciais para a gestão de
programas: insumos, projetos, atividades e resultados.
Desse modo, os objetivos podem ser traduzidos em indicadores e metas; a natureza dos
produtos finais deve ser especificada, assim como um cronograma com a previsão orçamentária
(investimento) no âmbito dos projetos; os produtos estratégicos, os indicadores e metas de
processo devem ser definidos, bem como o custeio estimado para a etapa das atividades.
c) Gerenciamento da execução
Nesta fase, o painel de monitoramento e acompanhamento das atividades ganha vida,
com a verificação da pertinência dos indicadores e das metas definidas na fase anterior.
A comparação entre os valores aferidos e as metas estabelecidas irá oferecer ao gestor, e
demais interessados, um quadro para avaliação do andamento da execução. Uma boa concepção
e um bom planejamento não são suficientes para garantir resultados. É necessária uma boa
execução da estratégia adotada e, neste momento, os indicadores, se bem concebidos, são a
base para a tomada de decisão segura e bem fundamentada.
d) Avaliação dos resultados
A avaliação deve estar integrada à rotina do gerenciamento, trazendo maior garantia de
eficácia, uma vez que produz um senso de compromisso e alinhamento da equipe com os
resultados esperados. A avaliação permanente desloca naturalmente o foco para o cliente da ação
e não para a ação em si, propiciando o ajuste das estratégias e conseqüente correção de rota
durante a execução e a produção de melhores resultados.
27
3. Sistema de pilotagem x Sistema de informações
28
5. Composição do painel de controle
Situaç
Situação Painel de Bordo do Programa Situaç
Situação
Atual Desejada
Indicadores de Impacto
Estruturação Operação
Indicadores Sociais
E vo lu ç ã o
Benefício Concedido
Sociedade 10 0%
9 0%
10 0
Sociedade
A va n ç o fís ic o
8 0% 80
7 0%
6 0% 60
5 0%
%
4 0%
40
3 0%
2 0% 20
1 0%
População 0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 12 1 3 1 4 15 1 6 1 7 18 1 9 20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
População
Me s es Meses
Alvo P revis to Real iz ado P revisto Realizado
Alvo
Beneficiários Avanço Financeiro Custo operacional Beneficiários
ou usuários ou usuários
A construção do painel de controle deve ser o mais simples possível para que não se
torne um obstáculo. Seu desenvolvimento deve ser encarado como um processo de aprendizagem
em que a experiência vai enriquecendo a capacidade de melhorar o conjunto das informações e
sua utilização.
A seguir, são apresentadas algumas dicas para sua construção:
• Não se fixe demais em modelos: não existe um modelo ideal. Seu painel de controle deve
“grudar” na realidade e nas prioridades de seu programa;
• Busque um formato que seja suficientemente comunicativo a todos interessados
Normalmente, a representação gráfica do previsto versus o realizado oferece boa
aceitação e rápida assimilação para a maioria dos envolvidos na gestão;
• Não exagere nos detalhes. Não acumule em seus painéis de controle um excesso de
informações que podem ser facilmente encontradas em outros lugares. O painel de
controle do programa não deve substituir o sistema de informação das organizações ao
qual programa esteja vinculado;
• Utilize poucos e bons indicadores. O excesso de informação produz desinformação.
Valem mais alguns indicadores confiáveis do que muitos indicadores incertos;
• Envolva a equipe na formulação, formatação e manutenção do painel. Ele é um
instrumento gerencial coletivo e seus colaboradores devem aderir à sua concepção para
contribuir na sua alimentação e utilização;
• Reserve um campo para observações. Sempre surgem situações inesperadas e/ou a
necessidade de noticiar um acontecimento importante, seja o alcance de uma meta
parcial ou um ponto de controle do projeto, por exemplo.
• Reproduza periodicamente as informações do painel em um relatório pré-formatado para
distribuir aos interessados no acompanhamento do programa, seja para a prestação de
contas, seja como instrumento de motivação para os colaboradores internos ou externos.
30
TEXTO
5 Aspectos Metodológicos da
Construção e Análise de
Indicadores
Objetivo de aprendizagem:
Introduzir os conceitos da estatística descritiva para a
construção de Indicadores.
A Análise Quantitativa, por sua vez, só pode ser realizada de forma confiável,
mediante o domínio de um conjunto de conceitos estatísticos básicos. Os
equívocos analíticos provocados pela inobservância de um quadro conceitual
podem ser ainda agravados se essas estatísticas forem calculadas sem o
conhecimento de suas aplicabilidades e limitações. Não raro, pode-se chegar a
conclusões equivocadas justamente pelo uso aleatório de algumas medidas
estatísticas.
1. Conceitos básicos
Nominal
Qualitativa
Ordinal
Variável Dicotômica
Discreta
Quantitativa
31 Contínua
As variáveis qualitativas são aquelas que, como o próprio nome sugere,
exprimem uma qualidade. Essa qualidade de interesse pode ser de caráter ordinal,
onde seus atributos apresentem determinada hierarquia interna, como, por
exemplo, o nível de instrução e o estado civil. Se os atributos da variável qualitativa
não constituem essa hierarquia interna, afirma-se tratar de uma variável nominal,
de que são exemplos as variáveis Sexo e Lugar de Nascimento.
Figura 1 - Gráfico em setores para o grau de instrução Figura 2 - Histograma das faixas salariais
Superior 14
17%
12
Fundadmental
33%
10
2
Médio
50%
0
4,00 a 8,00 8,00 a 12,00 12,00 a 16,00 16,00 a 20,00 20,00 a 24,00
32
A definição das variáveis, a serem utilizadas no trabalho de monitoramento ou
avaliação de ações e projetos, constitui a parte inicial do tratamento estatístico.
Nos estágios que se seguem a esse, é usual o emprego de algumas medidas
como Razão, Proporção, Taxa e Índice. Ocorre que, em alguns casos, nota-se
certa confusão entre os seus conceitos, fato que pode dificultar o entendimento
acerca do que se deseja mensurar.
Define-se Razão como a relação, comumente por cem (%) ou por mil (‰),
entre dois valores que pertencem a populações diferentes. Por exemplo, o total de
alunos do sexo masculino e o total do sexo feminino, consumo de energia elétrica
por hora etc. A forma matemática que exprime essa relação é a seguinte:
XA XA
Rz = * 100 ou Rz = * 1000 (1)
XB XB
Xa Xa
Pr op = * 100 ou Pr op = * 1000 (2)
XA XA
Para medir a intensidade de uma variação no tempo, crescimento ou
decrescimento, utilizamos as taxas. Em outras palavras, o emprego de taxas só se
justifica quando existe uma dimensão temporal envolvida, ou seja, pelo menos dois
pontos no tempo (T0 e T1).
X T1 X
∆ T 0,T 1 = tempo − 1 * 100 ou ∆ T 0,T 1 = tempo T 1 − 1 * 1000 (3)
XT0 XT0
33
necessário um conjunto de medidas mais refinadas, de forma a resumir
determinada característica de uma população ou de parte dela, recorre-se à
Estatística Descritiva.
Média
a) Médi a aritmética: define-se como a razão entre a soma dos termos e o total
de termos, podendo essa relação ser ponderada.
n n
_ ∑ xi _ ∑x i * fi
x= i =1
ou x= i =1
n
(4)
n
∑f
i =1 i
Tabela 2
Freqüência e porcentagens dos 36 empregados da seção de
orçamentos da Cia. MB, por faixa de salário
Faixa de salário Freqüência (fi ) xi x i*f i
4,00 8,00 10 6 60
8,00 12,00 12 10 120
12,00 16,00 8 12 96
16,00 20,00 5 14 70
20,00 24,00 1 16 16
Total 36 362
Fonte: Bussab & Morettin, p. 13, 2002
n _
362
_ ∑ xi * f i
i =1
= x=
36
= 10,05
x= n
∑f i =1 i
34
_ _
x g = n xi * ... * x n ou (5)
f fn
x g = n xi i * ... * x n
_ _
x g = 4 3,8 * ... * 3,1 = 3,19 x g = 4 3,8 * 4, 2 2 * 3,1 = 3,8
f _ post
Mo = l + *h (6)
f _ ant + f _ post
35
h é a amplitude da classe modal.
Tabela 2
Freqüência e porcentagens dos 36
empregados da seção de orçamentos da
Cia. MB, por faixa de salário 8
Faixa de salário Freqüência (ni)
Mo = 8 + * 4 = 9,8
8 + 10
4,00 8,00 10
Classe Modal 8,00 12,00 12
12,00 16,00 8
16,00 20,00 5
20,00 24,00 1
Total 36
Fonte: Bussab & Morettin, p. 13, 2002
n +1
observações ímpar, a mediana ocupará a posição , que, no primeiro caso, é
2
5 +1
Me = = 3, indicando que a mediana é 4. Quando o número de observações
2
n
for par, a mediana é obtida através da média simples entre os elementos e o
2
seguinte. No exemplo com X2={1,3,4,5,7,9}, a mediana é obtida calculando a média
4+5
entre o terceiro e o quarto elementos ( = 4,5.
2
36
E Me − Fac _ acum _ abaixo
Me = l + *h (7)
f Me
36
2º passo – O elemento mediano está na: E Me = = 18 0 posição
2
3º passo – A classe mediana será aquela que contiver o 18º elemento, ou seja, a
que tiver a freq_abaixo maior ou igual a 18. Essa classe é de 8 a 12 SM.
Tabela 2
Dos cálculos acima, tem-se que metade dos funcionários da empresa ganha
até 10,7 SM.
Note que o salário dominante (9,8 SM), sendo inferior à média (10,05 SM),
indica a existência de importante número de empregados com baixo salário
relativo. Por outro lado, o valor assumido pelo salário mediano (10,7), superior às
outras estatísticas, sugere a existência de funcionários com elevados salários.
37
Desvio-
a) Desvio -padrão: a quantificação dessa heterogeneidade ou a dispersão de
um conjunto de dados é obtida calculando-se o desvio-padrão. Define-se desvio-
padrão como a média quadrática dos resíduos centrados, padronizada pela raiz
quadrada. A lógica desse cálculo consiste em dimensionar a distância ao quadrado
de cada ponto em relação à média dos pontos. A seguir, formaliza-se o desvio-
padrão:
2
n
_
∑
i =1
x i − x * fi
dp = (8)
n
2
Tabela 2 n
_
Freqüência e porcentagens dos 36 empregados da seção de orçamentos da Cia. MB,
por faixa de salário
∑
i =1
x i − x * fi
Faixa de salário Freqüência (fi) xi xi*f i
2
(xi-x) *f i
dp = =
n
4,00 8,00 10 6 60 164,475
8,00 12,00 12 10 120 0,037
12,00 16,00 8 12 96 30,247
16,00 20,00 5 14 70 77,793 307,889
20,00 24,00 1 16 16 35,336 = = 2,92
Total 36 362 307,889 36
Fonte: Bussab & Morettin, p. 13, 2002
dp
CV = _
* 100 (9)
x
2,92
CV = * 100 = 29,05% , ou seja, os dados acima apresentam uma
10,05
variabilidade de 29% da média.
38
3.1 Conceitos básicos de inferência estatística
Definições importantes:
39
Tratando especificamente dos tipos de amostragem, são classificadas em dois
grupos:
levantamentos
3.2 Principais fases dos levanta mentos amostrais
40
Nesse sentido, as fases de uma pesquisa amostral podem ser estruturadas da
seguinte forma:
Planejamento
2ª fase: Plane jamento e amostra
3ª fase: Operações
O conteúdo quantitativo abordado até agora serve de base para duas principais
tarefas – monitoramento e gestão de projetos. As técnicas de estatística descritiva
permitem conhecer determinadas características de um conjunto de dados,
tenham eles caráter censitário, amostral probabilístico ou não-probabilístico.
41
Aritmé
4.1. Gráficos de Controle para a Amplitude (R) e para a Média Aritm X-
ética X -
barra
_ _ d3 _ _ d3
LCI = R − 3 R e LCS = R + 3 R (10)
d2 d2
onde,
_
R = amplitude média de cada subgrupo amostral;
d3= relação empírica entre o desvio padrão e o desvio padrão da
amplitude para tamanhos de amostra diferentes;
d2= relação empírica entre o desvio padrão e a amplitude para
tamanhos de amostra diferentes.
42
Tabela 3 - Tem po de atendimento por paciente
Pacientes e
Minutos Atendim ento
Dia
Am plitude (R)
1 2 3 4 Tem p_Min (A) Temp_Max(B) (C=B-A)
1 7,2 8,4 7,9 4,9 4,9 8,4 3,5
2 5,6 8,7 3,3 4,2 3,3 8,7 5,4
3 5,5 7,3 3,2 6,0 3,2 7,3 4,1
4 4,4 8,0 5,4 7,4 4,4 8,0 3,6
5 9,7 4,6 4,8 5,8 4,6 9,7 5,1
6 8,3 8,9 9,1 6,2 6,2 9,1 2,9
7 4,7 6,6 5,3 5,8 4,7 6,6 1,9
8 8,8 5,5 8,4 6,9 5,5 8,8 3,3
9 5,7 4,7 4,1 4,6 4,1 5,7 1,6
10 1,7 4,0 3,0 5,2 1,7 5,2 3,5
11 2,6 3,9 5,2 4,8 2,6 5,2 2,6
12 4,6 2,7 6,3 3,4 2,7 6,3 3,6
13 4,9 6,2 7,8 8,0 4,9 8,0 3,1
14 7,1 6,3 8,2 5,5 5,5 8,2 2,7
15 7,1 5,8 6,9 7,0 5,8 7,1 1,3
16 6,7 6,9 7,0 9,4 6,7 9,4 2,7
17 5,5 6,3 3,2 4,9 3,2 6,3 3,1
18 4,9 5,1 3,2 7,6 3,2 7,6 4,4
19 7,2 8,0 4,1 5,9 4,1 8,0 3,9
20 6,1 3,4 7,2 5,9 3,4 7,2 3,8
R_médio 3,3
_
Calculada a amplitude (coluna C), obtém-se a média das amplitudes, R
(R_médio)= 3,3, cuja informação é utilizada no cálculo dos limites inferior e
superior, conforme segue.
0,88
LCI = 3,3 − 3 * 3,3 = 3,3 − 4,23 ≅ −0,93 e
2,059
0,88
LCI = 3,3 + 3 * 3,3 = 3,39 + 4,23 ≅ 7,62
2,059
Note que o Gráfico E1 indica a inexistência de pontos situados fora dos limites
de controle. Isso indica que o processo apresentou variabilidade dentro do
aceitável, principalmente tratando-se de cuidados médicos, em que o tempo
representa uma variável de grande relevância.
43
Gráfico E1 - Amplitude dos Tempos de Atendimento
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
Minutos
4,0
3,0
2,0
Amplitude de atendimento
Amplitude Média
1,0
Limite Superior
Limite Inferior
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Dias
44
3,3
LCI = 5,9 − 3 = 5,9 − 2,1 = 3,8 e
2,326 * 4
3,3
LCS = 5,9 + 3 = 5,9 + 2,1 = 8
2,326 * 4
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
Minutos
4,0
3,0
2,0
Tempo Médio de Atendimento
Média Global
1,0
Limite Superior
Limite Inferior
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Dias
45
A n e x o 1 - F a t o r e s p a r a o s G r á f ic o s d e C o n t r o le
N ú m e ro d e o b s e rva ç õ e s
n a a m o s tra d2 d3
2 1 ,1 2 8 0 ,8 5 3
3 1 ,6 9 3 0 ,8 8 8
4 2 ,0 5 9 0 ,8 8 0
5 2 ,3 2 6 0 ,8 6 4
6 2 ,5 3 4 0 ,8 4 8
7 2 ,7 0 4 0 ,8 3 3
8 2 ,8 4 7 0 ,8 2 0
9 2 ,9 7 0 0 ,8 0 8
10 3 ,0 7 8 0 ,7 9 7
11 3 ,1 7 3 0 ,7 8 7
12 3 ,2 5 8 0 ,7 7 8
13 3 ,3 3 6 0 ,7 7 0
14 3 ,4 0 7 0 ,7 6 3
15 3 ,4 7 2 0 ,7 5 6
16 3 ,5 3 2 0 ,7 5 0
17 3 ,5 8 8 0 ,7 4 4
18 3 ,6 4 0 0 ,7 3 9
19 3 ,6 8 9 0 ,7 3 3
20 3 ,7 3 5 0 ,7 2 9
21 3 ,7 7 8 0 ,7 2 4
22 3 ,8 1 9 0 ,7 2 0
23 3 ,8 5 8 0 ,7 1 6
24 3 ,8 9 5 0 ,7 1 2
25 3 ,9 3 1 0 ,7 0 8
R e p r o d u z id o d e L e v in e , 2 0 0 0
46