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1.0 - A FORCA DE TRABALHO 13, A fSrca de trabalho (FT) de um pafs é constitufda por aquela parte da populag&o que esté em condicgdes de participar do pro cesso de produg&o social. Considera-se produgdo social a ati 0, des- ta maneira contribuindo . a -Produtivas que nlio so sociais, pois se limitam ao dmbito do- WEZEHEo, sendo o seu resultado consumido imicamente pelos mem bros do cfrculo familiar. A mais importante destas ativida- des é a das @OHaSIMSNEASS, que por isso nfo fazem parte da FT nesta qualidade de donas de casa (1). Em térmos estritos, os servicgais domésticos - empregadas, mo- toristas particulares, jardineiros etc. - também nao contri- buem para o produto social, pois sua atividade é complementar ou substitutiva da da dona de casa ou de outros individuos, enquanto consumidores. Se um homem leva os filhos de automé- vel & escola, esta atividade certamente em nada contribui pa- ra o produto social e a situagdo é a mesma se éle paga alguém para fazer éste servico. MOletibanEOylos|SEEViGais|Monéstics » que, por isso, é maior do que o produto social, da maneira como nés o defini- mos. & importante assinalar, também, Quelservigosldallmesma (Gepéeieqtomecidospforamdonémbutondonéstizo - énibus escolar, D. ex. - Contribiem|parallolprodutolsccial, porque se — enqua- dram na divis&o social do trabalho. No fundo hé uma linha viséria, dif{cil de tragar na praética, entre os servigos que © consumidor compra no mercado e os que éle presta a si mes- mo, diretamente ou mediante pagamento a terceiros. Em teoria, pelo menos, os primeiros contribuem para o produto social e os segundos nfo. Como, no entanto, as estat{sticas de FT e (1) As mulheres que so donas de casa podem fazer_parte da FT desde que também exercum ou estejam,em condigdes de exer- cer atividades produtivas extra-domésticas. 20. emprégo s&o levantadas de acdrdo com critérios da Contabilida de Nacional, teremos, no decorrer déste estudo, que conside~ rar os servicais domésticos como parte da FT sempre que nido seja poss{vel desagregar os totais computados pelas fontes de estat{sticas. A FT reflete a potencialidade produtiva de uma populaciio. Com parando-se a FT com a parcela da populagao ocupada, verifica- se em que medida tal potencialidade se realiza. Em princ{pio, est&o em condigdes de participar da divis&o social do traba- Iho todos os que nao est&o incapacitados por circunstancias de idade (as criangas e os velhos), de satide (os doentes, os invélidos) ou sociais (os encarcerados). HA que acrescentar a estas categorias dos que se encontram fora da FT aquéles que possuem meios de subsisténcia no derivados de sua atividade produtiva e que, ao mesmo tempo, nado desejam exercer tal ati- vidade. N&o é facil computar o numero dos que se encontram neste caso e, na verdade, éles tendem a ser superestimados quando se institui como critério de participagao na FT a ocu- pag&o ou a atividade de busca de ocupag&o num perfodo de refe réncia muito curto (uma semana, p.ex., como é o adotado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domic{lios - PNAD). Nada per mite supor, pelo fato de uma pessoa n&o ter exercido nem bus- cado trabalho ativamente numa determinada semana, que ela néo deseja participar da atividade produtiva ou, em térmos mais concretos, que ela néo aceitaria uma ocupagao produtiva se houvesse oportunidade de obté-la. £ dbvio que a busca de tra balho pressupde alguma perspectiva de obté-lo e que ninguém se entregard a uma procura fiitil sé para poder figurar na FT. Em consequéncia, as estimativas que obedecem a éste critério subestimam a FT e, de forma muito mais acentuada, o grau_ de desocupag&o da mesma. Outro grupo da populagéo que nao estd em condicgdes de partici par da divis&io social do trabalho é composto pelas _ pessoas PIPIIISIDIDIIIIIIIIIIID III IIDIDIDIIIIIIIFj07d DID; 21, \ “ que est&o ocupadas em atividades que, em contraposic&o as “so ciais", denominamos “individuais". Neste grupo,a grande ma ria é constitufda por donas de casa, Aas quais deveriam ser a- crescentados os servigais domésticos, se fésse possivel desa gregé-los do todo. Efetivamente, hé um numero ponderdvel de mulheres que se dedicam aos cuidados da casa e & criag&o dos filhos e que por isso nao pode se engajar em atividade produ- tiva. Apenas, é preciso atentar para o fato de que, muito pro vavelmente, uma proporg&o ponderdével de mulheres que tém con- digdes de participar da FT e ndo o fazem por falta de emprégo acabam por se dedicar a afazeres domésticos. (0 dcio, em nos- so tipo de sociedade, parece ser um privilégio predominante- mente masculino). Na medida em que isso acontece, o procedi- mento usual de excluir tédas as pessoas ocupadas em afazeres domésticos da FT, procedimento do qual nao poderemos fagir neste estudo por falta de informagées especificas, acarreta uma outra subestimagZo da FT e do seu grau de desocupagao. As consideragdes acima feitas indicam que a melhor maneira de determinar a FT de uma populagdo é proceder por exclusio nao, como se faz habitualmente, por incluso. Em outros tér- mos, a FT é constitufda por todos aquéles que nao est&o inca- pacitados, voluntariamente ociosos ou ocupados em atividades individuais, ou seja, por todos aquéles que nao est&o circuns tancialmente impedidos de nela partici determinar a FT d& resultados substancialmente diferentes da ir. Esta maneira de que define a FT como sendo a soma dos ocupados e dos desocupa dos involuntérios, cuja condigéio é provada pela busca ativa de trabalho. 1.1 = A PARCELA OCUPADA DA FORCA DE TRABALHO A maior dificuldade na di erminagio do niimero de pessoad\gcu- padas consiste em definir o grau m{nimo de participagéo “ho 22. processo produtivo que se requer para classificar alguém nes- ta categoria, dDbviamente, o melhor tratamento do problema se- ria computar o nimero de homens-horas trabalhadas (2) e compa ré-lo com um numero representativo de tédas as horas-homem po tenciais de trabalho contidas na FT. fste procedimento apre- senta, no entanto, dificuldades dbvias de levantamento das 1 formagdes. Se o perfodo de referéncia é curto (uma semana,p. ex.), n&o se pode generalizd-lo para o ano todo - perfodo pa- dro para a maioria dos cAlculos econdmicos - dada a existén- cia de flutuagdes de téda espécie no total de horas trabalha- das de semana para semana. Se o perfodo de referéncia é lon- g0, a informag&o obtida deixa de ser fidedigna, 0 cémputo das horas trabalhadas sé cabe em levantamentos de curta periodici dade, como é o caso da PNAD (trimestral), em que éste dado é registrado. Em censos, a tendéncia & perguntar pela ocupaco principal, classificando-se a pessoa conforme a resposta. fis- te modo de proceder dé lugar a divergéncias nos resultados , particularmente no que se refer? Aas mulheres que se dedicam simultaneamente a atividades domésticas e ao trabalho agrico- la. Dada a dificuldade de definir qual dessas atividades é a principal, estas mulheres podem ser ou nfo inclufdas na FT e no rol de ocupadas. Citra dificuldade esté na cisting&o entre ocupag&o e sub-ocu- pagio. Tedricamente o sub-ocupado nfo é apenas a pessoa que trabalha menos que uma jornada completa (como quer que esta seja definida), mas a pessoa nesta situag&o que tem condicdes de trabalhar por um perfodo maior do que realmente o faz. N&o s& sub-ocupados aquéles que se dedicam a atividades indivi- duais (afazeres domésticos, estudo) e efetivamente trabalham durante o resto de tempo que tém dispon{vel. 0 problema se complica ainda mais quando consideramos a sub-ocupag@o sazo- (2) Usamos a palavra “trabalno como sinénimo de participagéo no processo de producéo social. FIPIDIDIIIIDIIIIIIDIDI IID III DG IIIIIIIIDVIIDIDID. 23. nal, muito frequente na agricultura, que aparece sob a forma de plena ocupag&o de certo nimero de pessoas durante uma par- te do ano, combinada com desocupacg&o parcial ou total em ou- tra. 1.2 - A PARCELA DESOCUPADA DA FORGA DE TRABALHO De'acérdo com o exposto mais acima, a parcela de desocupados da FT compde-se de todos aquéles que n&o est&o ocupados. Cabe via distinguir entre éstes os que est&o ativamente-em busca de emprégo e que chamaremos de desempregados "vis{veis" e os demais que chamaremos de desempregados “ocultos". Uma parcela da FT que poderia ser legitimamente inclufda no niimero de @88esupades!Serialal dos! desempregados Gisfaxgados” , ou seja, daqueles que participam do processo de produg&o so- cial sem, no entanto, contribuir para o produto.De acdrdo com a teoria do valor-trabalho, dir-se-ia que a atividade destas pessoas nado é trabalo socialmente necessdrio e portanto nao gera valor, Em térmos da teoria do valor-utilidade, o traba- lho destas pessoas em nada contribui para aumentar a utilida- de do produto social. Tudo leva a crer que a tmica maneira de efetivamente se medir o desemprégo disfargado é quando éle desaparece: se se constata que num dado perfodo o produto fi- sico por unidade de trabai! (hora-homem, p.ex.) aumenta sem que tenha havido mudangas tecnolégicas, pode-se concluir que determinada parcela do trabalho, no infeio do perfodo, era re dundante. Se no ano T eram necessdrias 6'horas-homem para produzir uma tonelada de ago e no ano T+X é poss{vel obter a mesma quantidade de ago com apenas 5 horas-homem, sem qual- quer mudanga tecnolégica, é de se supor que em T uma de cada seis horas-homem era redundante. Se na usina em quest&o tra- balhavam 3 000 pessoas em T, tédas cumprindo a mesma jornada de trabalho, pode-se admitir que 500 delas eram desempregados 24, disfargados. A dificuldade na medig&o do desemprégo disfargado reside na condig&o de que a tecnologia seja a mesma nos dois momentos de comparag&o, pois, do contrdério, os desempregados disfarca- dos n&o seriam realmente cesocupados, isto é, FT potencialmen te disponivel, j4 que sua mobilizag&o dependeria de uma mudan ga tecnolégica, a qual exige determinados pré-requisitos, in- clusive acumulagdo ;zévia de capital. Nao tem sentido para um estudo da utilizag&o dos recursos humanos calcular qual se via a FT necessdria para obter um determinado produto social com uma tecnologia ideal e¢ depois compard-la com a FT requeri da pela técnica efetivamer.:e usada, considerando-se a dife- renga como constitufda po: desempregados. F£ claro que aste tipo de informag&éo é de mito interésse para o estudo da m- danga tecnologica, porém carece de significado para uma ava~ liag&io dos recursos humanos disponfveis numa economia e do seu grau de utilizagio. A determinag&o da disponibilidade de recursos humanos tem que se subordinar, neste caso, & condi- ¢&o de "ceteris paribus": s&o recursos ociosos os que podem ser aproveitados sem mudangas ponderéveis no arcabougo da eco nomia e da sociedade. Dadas tais premissas, a avaliac&o do desemprégo disfarcado sé pode ser feita numa base comparativa no tempo ou no espacgo, isto é, comparando o mesmo estrato da economia em dois pon- tos no tempo ou comparando dois estratos em tudo semelhantes exceto no que se refere A produtividade do trabalho. Em vir- tude de tais limitagdes, o estudo do desemprégo disfargado sé se torna vidvel em térmos setoriais, que fogem do ambito dés- te trabalho. . H& que acrescentar que n&o nos parece aceitével a avaliagéo do desemprégo disfarcado mediante a andlise da remunerag&o da FT, admitindo-se que os trabalhadores de nfvel mais baixo de remunerago so desempregados disfargados. &ste raciocinio se PIPIDISDIIIVIDIDIDID IAD IIIIIDVDIZDIDIDVDIDIDIDIIDID DD. 25. baseia na teoria segundo a qual o nivel de remunerag&o do tra balho reflete a sua produtividade marginal. Ora, esta teo- ria pressupde mercados de livre concor- incia, onde no exis- tem interferéncias institucionais na fixag&o de saldrios, nem indivisibilidades técnicas e nem ganhos (ou perdas) de esca- la. Nada permite acreditar que tais pressupostos se verifi- quem nos mercados reais. Basta lembrar o seguinte: num merca do oligopdlico o nfivei de emprégo de uma emprésa esta determi nado no pela igualdade, na margem, entre produtividade e sa- lério mas pela demanda solvavel, cuja elasticidade-preco esté longe de ser infinita, como o seria para cada emprésa num mez cado perfeitamente concorrencial. Consequentemente, o volume de emprégo pode ser tal que a produtividade marginal seja subs tancialmente maior do que o nivel de saldrios. Segue-se daf que niveis muito baixos de remmeragao nao podem ser encara- dos como indicadores de {nfima produtividade e, portanto, de desemprégo disfargado. 1.3 - POPULACAO E FORGA DE TRABALHO NO BRASIL 1.3.1 - Os Dados Para a andlise das relagées entre populag&o e FT no Brasil as tmicas fontes que para nés estiveram disponiveis foram os Cen sos decenais e os resultados da PNAD. Utilizamos os Censos de 1920, 1940, 1950, 1960 e a PNAD completa mais recente, do 3° trimestre de 1969. A partir dos dados déstes levantamen- tos calculamos as parcelas da populag&o, por sexo e idade,que participam da FT (Taxas de Participag&éo), da parte ocupada da FT (Taxas de Ocupag&o) e da parte desocupada da FT (Taxas de Desocupag&o). 0 resultado déstes cdlculos estéo na = Tabela ely . Os procedimentos metodoldégicos adotados para tornar compard- veis os resultados dos diversos Censos entre si e com os da "9% TABELA 1.1 FORCA DE TRABALHO - BRASIL 1920, 1940, 1950, 1960, 1969 EXA PARTICIPACAO(% 1940} 1950} 1969 TAXAS DE OCUPAGAO (%) aa 70 7, 1950| 1960 1969] 1940] 1950] 1964 IDADE HOMENS 10 = 14 - 15 = 19(1) 76,0 20 = 24 95,1 25 = 34 99,4 35 = 44 99,6 45 = 54 99,2 55 = 64 97,6 65 e mais 94,6 TOTAL: = sdbre a po pulag&o de 1d anos e mais - sdbre a po: pulag&o de 14 anos e mais (1) Para 1920: de 15 a 20 anos; para 1969: de 14 a 19 anos. FONTES: Censos de 1920, 1940, 1950, 1960 e PNAD - 32 trimestre de 1969 ss ~ PFIPIIIMAIIIIIDIIIIIVIIDIDIIIIIIDIIDID ID IIIIIIIIIDIIDD. TABELA 1.1 FORCA DE_TRABALHO - BRASIL 1920, 1940, 1950, 1960, 1969 Cont inuag&o ARE 4 ICIPA‘ MULHERES 10 = 14 15 - 13(2) 20 = 24 25 ~ 34 35 - 44 (1) Para 1920: de 15 a 20 anos; para 1969: de 14 a 19 anos. FONTES: Censos de 1920, 1940, 1950, 1960 e PNAD ~ 3° trimestre de 1969 “Le 28. PNAD est&o expostos no Anexo I. Limitamo-nos aqui a apontar alguns aspectos que afetam a comparabilidade dos dados e que no puderam ser “ajustados”: a) b) s6 pudemos calcular Taxas de Desocupagéo e, portanto, Ta- xas de Participagéo para os anos de 1940, 1950 e 1969. Os elementos disponfvels dos Censos de 1920 e 1960 n&o permi- tem tais cAlculos. Para as cinco datas temos apenas as Ta xas de Ocupag&o, sendo que para 1920 estas sé puderam ser calculadas para o total de cada sexo e para dois _— grupos etérios: 14 a 20 anos e 21 e mais; os critérios para a computag&o do numero de ocupados, ado- tados no Censo de 1950, foram os de "“atividade principal"; no Censo de 1940 néio houve esta limitag&o, mas os resulta- dos foram ajustados de acérdo com os critérios sugeridos no artigo "A populag&o ativa feminina e o Recenseamento", Conjuntura Econdmica, setembro de 1953, também adotados pe lo IPEA, Aspectos Econémicos_e Demograéficos da Mao-de-Obra no Brasil (1940/1960). Quanto ao Censo de 1920, n&o conhe cemos os critérios adotados. 0 Censo de 1960 adotou o cri tério de “ocupago habitual”, isto é, aquela exercida du- rante a maior parte do ano que precedeu o Censo. Entre as pessoas assim inclufdas na FT deve ter havido um certo mi- mero de desempregados por ocasifio do Censo, porém, n&o fo- ram inclufdos os desempregados que nunca trabalharam e os que estavam sem trabalhar hd mais de meio ano.Como a maior parte dos desempregados deve pertencer a estas ultimas ca~ tegorias, consideramos os dados do Censo de 1960 como ex- .primindo “ocupag&o". A PNAD inclui na Fi tédas as pes- soas que, na semana de referéncia, exerceram qualquer ati- vidade"extra-doméstica”, exceto os trabalhadores familia - res sem remuneragdo que trabalharam menos de 15 horas na- quela semana; PIPIIPIIIIIIIDIIIIIIIIIDIIIIIIIDD III FDI DDD 29. c) a PNAD n&o cobre todo o pafs mas apenas os estados do Sul, Leste e Nordeste. fstes, no entanto, continham em 1920, 1940, 1950 e 1960 cérca de 92% da populac&o brasileira. A- 1ém do mais, examinando-se as Taxas de Participacg&o, de 0- cupag&o e de Desocupagéo das regides faltantes(Norte e Cen tro-Oeste), em 1950 e 1960, nota-se que elas nfo diferem essencialmente das do resto do pafs. Déste modo, admitiu- se que os resultados da PNAD féssem representativos do pafs como um todo; d Em 1940, 1950 e 1960 as taxas séo calculadas sébre a popu- lag&o de 10 anos e mais ao passo que em 1920 e 1969 elas s&o calculadas sébre a populag&o de 14 anos e mais. Para facilitar as comparacgées, calculeram-se também as taxas sO bre a populagéo de 15 anos e mais para 1940, 1950 e 1960. A discrepancia entre 14 e 15 anos no péde ser evitada; e) o mimero de desocupados foi estimado a partir da explora- g&o do item "Condigdes Inativas” dos Censos de 1940 e 1950 e da PNAD. Nos Censos foi possivel separar os inativos em dois grupos: os que n&o estavam em condigées de integrar a FT por circunstancias de satide, idade (aposentados) ou pre sumfvel falta de motivagZo (os que vivem de rendas) etc. e os demais, que foram considerados desocupados. Tanto em 1940 como em 1950, os desocupados coustituiram a grande maioria dos “inativos", sendo enquadrados nas categorias de: inativos por desocupag&o, outras condigées inativas, atividade ou condig&o nfo declarada (em 1940); sem ocupa- gHo e desempregados (em 1950). A PNAD apresenta, além dos desocupados (procurando trabalho) a categoria "outros fora FT", na qual devem estar incorporados tanto os que de fato est&o fora da FT por varias circunsténcias como aquéles que est&o ociosos porém nao est&o procurando trabalho(desm pregados ocultos). Por falta de informagdes mais desagre gadas, escimou-se o ntiuwero de desempregados ocultos com ba se na proporgéo dos mesmos no total de inativos em 1950. 30. Uma tabulacdo proviséria, gentilmente cedida pelo Grupo de Pesquisas Domiciliares do IBGE, tende a indicar que ste procedimento tende a superestimar algo o niimero de desem - pregados ocultos. As nossas estimativas do niero d- desncupados por sexo e ida de n&o apresentam o rigor desejével, porém constituem indica- gSes da sua ordem de grandeza e de sua evolugao entre 1940 e 1969. 0 seu viés mais provével é que elas subestimam o ver- dadeiro nime-7o de desocupades, j4 que foram exclufdos todos aquéles que exercem atividaces individuais (afazeres domésti- cos e estudo), sendo muito provdvel que boa parte das pessoas nesta condigiio - principalmente mulheres solteiras que se de- dicam a afazeres domésticos - aceitariam trabalhar se encon- trassem uma oportunidede, 1.3.2 - Os Resultados As Taxas de Ocupag&o masculinas apresentam tendéncia ao decl{ nio entre 1920 e 1969, porém n&o ao longo de todo perfodo. En tre 1920 e 1940, a Taxa de Ocupag&o total (populagio de 15 a- nos e mais) aumenta de 88,5% para 89,0%. fiste atimento se de- ve sobretudo ao crescimento da Taxa de Ocupag&o dos jovens de 15 a 19 anos (15 a 20 anos, em 1920), que passa de 64,5% em 1920 para 67,6% em 1940, dsta elevagZo continua no perfodo 1940-1950, alcangando 80,6% em 1950, a partir de quando a Ta- xa de OcupacgZo neste grupo 2tério comeca a declinar, até vol- tar a ser 68,2% em 1969 (14 a 19 anos), como seria de se espe tar dado o aumento dos nfveis de escolaridade (particularmen- te do Curso Médio) que se verificou no Brasil desde entéo. 0 reduzido nfvel de ocupag&o dos jovens de 15 a 20 anos,em 1920 pode ser devido a que aprendizes n&o tenham sido considerados ocupados pelo Censo ce 1920 ou que tenha havido alguma outra forma de subcstimagio do sincere ce jovens que trabalhavam. 0 mais provavel, porém, é que a grande maioria dos jovens enqua PIPIVIIIIDIDIDIIIDID IDI IIIIIIIIIIDIIIIIDIDD DID 31. drados na categoria de “profiss&o nao declarada e sem profis- sao" seja de desocupados, pois tal é a interpretag&o dos edi- téres do Censo: "Pelos algarismos apurados nos diversos gru- pos de profissées ... (havia) 21 444 561 sem profisséo defini, da ou em inatividade (profissdes mal definidas, 416 568; pro- fissdes n&o declaradas e sem profissio, inclusive os menores de 14 anos, 21 027 993). Eliminados os menores de 14 anos, (12 631 575) e exclufdas as mulheres sem profisséo declarada (7 372 264), ficard reduzido o nimero dos desocupados a menos da vigésima parte (1 024 154). (Directoria Geral de Estatis- tica, Synopse do Recenseamento realizado _em 1 de setembro de 1920, Rio, 1926, p.III). Sendo o total de homens de profis- s&o n&o declarada e sem profiss&o, em 1920, de 1 050 538, dos quais 830 764 de 15 a 20 anos, pode-se admitir que: a) a Taxa de Desocupagéo masculina total em 1920 deveria ter sido de 11,2%; b) no grupo de 15 a 20 anos, a Taxa de Desocupagio masculina deveria ter sido crea de 35%5 c) quase 80% dos desocupados, em 1920, deveriam ter tido de 15 @ 20 anos. Como se verd mais adiante, estas estimativas quanto & distri- buig&o etéria do desceurns"s -nasculina em 1920 s&o consisten- tes com as estimativas referentes aos demais anos. Entre 1940 e 1950, as Taxe3 de Ocupag&o masculinas no Brasil variaram pouco, verificarda-se forte queda nas Taxas do grupo etdério de 10 a 14 anos e «veda menor ..os grupos de 55 a 64 a- nos e de 65 anos e m:is, ?oder-se-ia interpretar esta dimi - nuigSo das Taxas de Ocupagco no comégo e no fim da vida produ tiva como um ind{icio de msdernizag&o, j4 que o desenvolvimen- to tem, entre outras consequéncias, a de retardar a entrada e acelerar a saida da FT. Mas, se isso se deu, a tendéncia foi muito ténue pois no mesmo perfodo, de 1940 a 1950, as Taxas de Desocupag&o dos homens nestes mesmos grupos etérios aumen- 32. taram, sem excegéo. Em virtude disso, as Taxas de Participa- g&o déstes grupos etdérios e do conjunto da populag&o masculi- na quase néo variaram entre 1940 e 1950. 0 que houve, nesta época, foi apenas um aumento das Taxas de Desocupag&o naque- les grupos etérios, compensado, no entanto, pela queda daque- la Taxa no grupo de 15 a 19 anos. Neste grupo, a Taxa de Par ticipag&o se manteve a mesma entre 1940 e 1950, tendo aumenta do a Taxa de Ocupaco (de 67,6% para 80,6%). Se modernizagio houve, manifestada por um .naior retardamento da entrada na FT, esta se deu, entre 1940 e 1950, sobretudo no grupo de 10 a 14 anos, sendo provavel que a queda da Taxa de Participag&o dés- te, de 66,7% para 54,8% seja devida a um aumento da escolari- zagao. Entre 1950 e 1960, a Taxa de Ocupag&o da populag&o masculina de 10 anos e mais cai de 80,7% para 77,1%. Esta queda é mais acentuada nos grupos de 10 a 14 anos (de 31% para 23%), de 15 a 19 anos (de 80,6% para 72,4%), de 55 a 64 anos (de 88,1% pa ra 83,2%) e de 65 e mais anos (de 70,8% para 59,1%). Como nio se dispdem de elementos para calcular as Taxas de Desocupagao para 1960, n&o sabemos se estas alteragdes se devem as tendén cias de modernizag&o j4 mencionadas ou a um aumento da desocu pag&o. Podemos, no entanto, fazer alguma inferéncia se compa rarmos as tendéncias entre 1950 e 1969, j& que 1960 é o ponto médio déste perfodo. Examinando-se a evolucio nestas duas décadas, verificam-se nos grupos etdrios em questAo as mesmas tendéncias: queda das Taxas de Ocupagfo e elevagao das Taxas de Desocupago (a veri ficago sé n&o é poss{ivel para o grupo de 10 a 14 anos, que nao é levantado, para efeito de cémputo da FT, pela PNAD). Ha uma diferenga, no entanto: nos grupos mais velhos, de 55 a 64 anos e de 65 anos e mais a queda das Taxas de Ocupac&o é com- pensada pelo aumento das Taxas de Desocupag&o, de modo que as Taxas de Participagio se nantém, praticamente, no mesmo nfi- vel; j&, no que se refere ao grupo mais jovem, de 15a 19 a- % PIPIIIIIDIIIIIIIIIIDIIDI ID IID IID IDIIIIIIIIISF DID. 33, nos, a diminuig&o da Taxa de Ocupag&o n&o é compensada pelo crescimento da Taxa de Desocupag&o, de modo que a Taxa de Par ticipag&o cai de 87,2% em 1950 para 76% em 1969. E de se su- por que o mesmo tenha acontecido com o grupo de 10 a 14 anos. Em resumo, as tendéncias verificadas quanto A populag&o mascu lina no meio século examinado, s&o as seguintes: a) redug&o das Taxas de Participagio dos grupos mais jovens, entre os quais, no entanto, continua alta a desocupagao. A expans&o da réde escolar provavelmente retém, fora da FT, uma parcela crescente dos jovens de 10 a 19 anos; _porém, dos que est& em condigdes de participar da FT, uma parce- la ponderével fica desocupada; "b) nos grupos mais favorecidos, de 20 a 54 anos, as Taxas de Ocupag&o se mantém, durante todo perfodo, em nfveis muito elevados, iguais ou superiores a 90%. Nestas idades, 0s homens, no Brasil, participam em alta propor¢g&o da FT e ge ralmente encontram ocupagdo. As Taxas de Desocupag&o, no entanto, tém aumentado mesmo para éstes grupos etérios, a- tingindo nfveis de 6 a 7% em 1969; c) s&o os homens mais velhos os que sofrem evolug&o menos fa- vorével, Suas Taxas de Participac&o se mantém —elevadas, idénticas 3s dos grupos de 20 a 54 anos, mas suas Taxas de Desocupac&o se elevam fortemente. Entre 1940 e 1969,0 gru po de 55 a 64 anos apresenta uma queda em sua Taxa de Ocu- pagio de 91,3% para 81,5%, ao passo que sua Taxa de Desocu pagiio cresce de 7% para 16,1%. Para o grupo de 65 anos e mais, a, Taxa de Ocupaco cai ainda mais: de 76,1% em 1940 para 51,4% em 1969, ao passo que a Taxa de Desocupag&o au- menta também em maior proporcéo: 20% em 1940 para 43,2% em 1969; ‘ d) em consequéncia destas tendéncias, o resultado para o con- junto da populac&io masculina (de 15 anos e mais) é uma que 34. da das Taxas de Participagio (de 95,9% em 1940 para 93,2% em 1969), uma queda mais acentuada da Taxa de Oeupagiio (de 89,0% em 1940 para 84,8% em 1969) e uma elevagio da Taxa de Desocupag&o (de 6,9% em 1940 para 8,4% em 1969), fste resultado se altera algo se ievarmos em conta o perfodo de 1920 a 1940, durante « qual a Taxa de Desocupag&o parece ter cafdo de 11,2% para 6,9% e a Taxa de Ocupaco se mante ve praticamente a mesma. £ diffcil averiguar em que medida o Censo de 1920 é compard- vel aos outros, posteriores a éle, mas, se se aceitam os seus resultados, nao se pode deixar de concluir que ocorreu um ver dadeiro “ciclo” nas tendéncias da desocupagio masculina neste Gltimo.meio século: partindo de uma elevada porcentagem de de socupados, em 1920, sobretudo jovens de 14 a 20 anos, a Taxa de Desocupacgfo caiu até 1950 ao passo que entre 1950 e 1969 a desocupag&o voltou a subir, Faltam informagdes intermedié- rias que permitam interpretar estas tendéncias com alguma se- guranga, Parece razoével, no ertanto, admitir que @ queda da desocupago masculina, entre 1920 e 1950 se deve & menor par- ticipag&io de jovens na FT, por causa do aumento da escolarida de, e ao crescimento da ocupag3o dos mesmos, ao passo que 0 aumento da desocupag&o entre 1950 e 1969 resulta sobretudo da elevagZo macica do niimero de desocupados nos grupos mais ido- sos. Passemos, agora, ao exame do problema relativamente mais com- plexo das relacgdes da populag&o feminina coma FT. As Taxas de Ocupagao tendem a aumentar, no periodo de 1920 a 1969, ao passo que as de Desocupag&o tendem a cair, no perfodo de 1940 a 1969, para o qual se dispdem de dados minimamente compard- veis. As Taxas de Participacéio crescem entre 1940 e 1969. Uma andlise mais detida dos dados sé pode ser feita nos vad- rios subperfodos, devido & escassa comparabilidade dos levan- tamentos entre si. Entre 1920 2 1940, a Taxa de Ocupago da FDIDIIIIIIDIIIDIDIIDIDIIIIIIIIIIIIIIIIIDIIDG DIDIE 35. populag&o feminina de 15 anos e mais aumenta de 9% para 12,4%. S&o mais elevadas as Taxas de Ocupag&o dos grupos etérios jo- vens, de 10 a 14 e de 15 a 19 anos (de 15 a 20 anos em 1920), passando a decrescer na medida que se passa a grupos etérios mais velhos, cou leve inversdéo aes:a tendéncia nos grupos de 45 a 54 anos e de 55 a 64 anos, en 1940, Verifica-se, neste perfodo, que a participacéo da mulher na atividade produtiva social se d& com maior intensidade nos perfodos anteriores ao casamento, quando as responsabilidades familiares ainda nfo a obrigam a se dedicar exclusivamente 4 atividade individual. Entre 1940 e 1950, a Taxa d2 Ocupag&o da populagéo feminina de 10 anos e mais se mantém no mesmo nivel. Verifica-se cer- to crescimento nos grupos .*.irios de 15 a 24 e de 35 a 54 an nos, porém, decréscimo da Texa de Ccupagdo no grupo de 10 a 14 anos, Neste grupo a Taxa de Desocupag&o diminui acentuada mente, o que leva a uma queda muito mais fort da Taxa de Per ticipagéo (de 41,4% em 1940 para 23% em 1950). Se a escolari- dade em expansdo é a explicag&o mais provavel para esta ten- déncia, ela afetou de modo mais intenso as meninas do que os rapazes, neste perfodo. Mesmo assim, vale a pena assinalar que das meninas de 10 a 14 anos que estavam em condigdes de participar da FT, 53,8% em 1940 e 62,5% em 1950 estavam deso- cupacas, o que mostra a grende dificuldade em encontrar traba lho para meninas desta idade. E muito p_ovdvel que a verda - deire. proporg&o de desocupados ainda fésse maior, j& que mui- tas meninas nesta condig&o deveriam estar se dedicando a afa- zeres domésticos, nao sendo, por isso, computadas como desocu pada:. No grupo etério seguinte, de 15 a 19 anos, uma elevag&o da Ta xa dc OcupagSo é acompanhada por uma redug&o muito maior da Taxa de Desocupag&o, o que leva a uma queda da Taxa de Parti- cipagHo de 41,4% em 1940 para 26,1% em 1950. E de se duvidar que < expans&ic da escolericxde fosra exp*icar esta tendéncia, pois o numero de m.cas que prosseguem os estudos além dos 14 36. anos certamente n&o é superior ao de rapazes (a Taxa de Parti cipag&o masculina no grupo de 15 a 19 anos, em 1940 a 1950, & praticamente a mesma). Tudo leva a crer que a queda da Taxa de Desocupag&o feminina no grupo de 15 a 19 anos, de 22,3% em 1940 para 2,7% em 1950 é artificial, decorrendo do fato que no Censo de 1950 "afazeres domésticos" foram considerados co- mo uma poss{vel ocupac&o "principal", ao passo que o Censo de 1940 néio considerou esta possibilidade (3). Nestas condigdes, & bem provdvel que em 1950 tanto a Taxa de Ocupac&o como a de Desocupac&o déste grupo etdério tenham sido subestimadas,o mes mo tendo ocorrido, por consequéncia, com a Taxa de Participa- ¢&o. Valea pena notar que nao havendo na PNAD esta restri- ¢8o, a Taxa de Participacao feminina neste grupo etaério volta a subir a 40,1% em 1969. Nos grupos et&rios de 20 a 54 anos, verifica-se uma queda nas Taxas de Desocupagio, que é geralmente compensada pelo cres mento da Ocupac&o, de modo que as Taxas de Participacéo, en- tre 1940 e 1950, permanecem quase constantes. Nos grupos et& rios mais idosos, de 55 anos e mais, a queda nas Taxas de De- socupacéo é mais acentuada e nfo é compensada por aumentos nas Taxas de Ocupag&o, que se mantém praticamente constantes neste perfodo. Consequentemente, caem as Taxas de Participa- g&o déstes grupos etérios na FT, entre 1940 e 1950, ea das mulheres como um todo. © desenvolvimento, que d4 lugar & in- dustrializagao e & urbanizagao, tende a oferecer maiores opor tunidades 4 mulher de participar da atividade produtiva. Esta tendéncia deve ter-se feito sentir também no Brasil, entre 1940 e 1950, porém sua manifestagHo foi, em boa parte, obscu- xecida pelas mudangas de critério de classificagéo ocorridas de um Censo a outro. (3) Embora os resultados do Censo de 1940 tenham sido ajusta- dos para poderem ser ccnparados aog do Censo de 1950, co- mo foi dito acima, a correcdo se féz apenas quanto ao nu- mero de mulheres ocupadas na agricultura (V. Anexo I). PIIPIIDIIIIIDII IDI III DIDI IIIII DIDI DIDI DDI DD 37. Entre 1950 e 1960, aumenta a Taxa de “cupago da populaciio fe minina de 10 anos e mais, que passa de 13,6% para 16,5%. A Ta xa de Ocupag&o permanece avroximadamente a mesma nos grupos mais jovens, aumentando nos demais. A Taxa de Ocupaga&o femi- nina, em 1960, se eleva bruscamente do seu nivel minimo, no grupo de 10 a 14 anos, para o seu mAximo, no grupo de 15 a 19 anos, passando dai em diante a declinar lentamente, na medida em que se passa aos grupos etérios mais velhos. © comporta - mento da Taxa de Ccupacgdo feminina vor grupos etdrios,em 1960, em contraste com o verificado em 1940, leva a crer que o casa mento esta deixazdo de ser um forte obstaculo & integracgZo da mulher no processo de prod io social. Basta observar que a proporg&o de mulheres ocunadas, no grupo de 35 a 44 anos(8,4%) em 1940, era de menos da metade da proporcio verificada no grupo de 15 a 19 anos (15,1%), ao vasso que, em 1960, a pro- porgdo de mulheres que treba! (17,1%) era de quase trés quartos da que se verificava no giu vam ao grupo de 35 a 44 anos po de 15 a 19 anos (23,4%). Como a proporgao de mulheres ca- sadas e com filhos deve ser muito maior no grupo de 35a 44 anos do que no de 15 a 19 anos (4), o grande aumento da Taxa de Ocupagdo no primeiro déstes grupos indica que o trabalho produtivo esté deixando de ser apandgio apenas da mulher sol- teira. Entre 1960 e 1969, as Taxas de Ocupag&o femininas dao um névo e grande salto para cima. Para as mulheres de 15 anos ou mais, ela passa de 18,4% em 1960 para 33,6% em 1969. 0 aumen- to é particularmente intenso nos grupos etaérios de 20 a 64 a- nos, em que as Taxas de OcupagZo entre 1960 e 1969 quase sem- pre dobram. ldo é, realmente, de se crer que tal aumento se tenna dado num prazo tao curto de 9 anos. & provavel que o crescimento inusitado das Taxas de Ocupagao neste perfodo se- (4) De acérdo com a amostra de 1,27% do Censo de 1960, a pro- porgao de mulheres com fill.os nestes grupos etérios era Ze, respectivamente, 8,7% no grupo de 15 a 19 anos e 83,9% no’de 35 a 44 anos. 38. ja, em parte, o fruto de mudangas de critério dos levantamen- tos, ja que a PNAD considera ocupada quase qualquer mulher que exerga atividade produtiva social, isto é, extra-domésti- ca. Como éste critério é o mais conveniente para se avaliar o potencial de recursos humanos que o contingente populacional feminino representa, do ponto de vista da produgdo social, 0 resultado apresentado pela PNAD, de que atualmente cérca de “ um t@rgo das mulheres esté, de alguma forma, engajado na divi s&o social do trabalho deve ser encarado como bastante signi- ficativo. Para tornar, no entanto, comparaveis os dados da PNAD com os dos Censos anteriores, as Taxas de Ocupag&o femininas foram recalculadas para 1969, considerando-se ocupadas apenas as mu lneres que dedicam 35 horas ou mais por semana ao trabalho.Su poe-se, desta maaeira, eliminar do total de ocupadas aquelas que tém por ocupago “habitual” atividades individuais. Os da dos assim recalculados esto na Tabela 1.11, juntamente com as Taxas de Ocupag&o femininas dos outros anos. Verifica-se que a Taxa de Ocupagio feminina da populagdo de 15 anos e mis aumieritou' entre 1960 e 1969, embora num ritmo um pouco menor do que entre 1950 e 1960. # vossivel, no entanto, que as Ta- xas de Ocupag&o fer.ininas em 1969, considerando-se apenas as mulheres que trabalham 35 noras ou mais por semana, sejam al- go subestimadas em relagZo as de ivv) devido aos seguintes fa téres: a) é poss{vel que certa proporgao de mulheres que te- nham atividade extra-doméstica "i.abitual" (no sentido do Cen- so de 1960) tenham estado, em i953, trabaliiando menos de 35 horas por semana; b) a PNAD inclui as jovens de 14 anos que no podem ser desagregadas do grupo de 10 a 14 anos da compu- tag&o da amostra do Censo de 1950; como estas jovens devem ter baixa Taxa de Ocupag&c, isto node deprimir um pouco a Ta- do Censo de 1960, a pro- “e grupos etdrios era zeane ce 15 a 19 anos e 83,9% (4) De acérdo com a amostra porgéo de mulheres co de, respectivamente, no'de 35 a 44 anos. ce 1,27 PIPIIIIIIIDIDIIIDIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIDIIIID DD e mais TOTAL (10 e mais) TOTAL (15 e mais) Tédas as mulh 1 2 3 4 FONTES: Censos de mestre de Estas taxas s. TABELA 1.1I TAXAS DE _OCUPACAQ FEMININAS eres que trabalham. e referem as mulheres de 1’ 1940, 1989 2 1960 (omestraY 1969 39, 1969(1)} 1969(2) 21,3(4)| 33,6(4) Mylheres que trabalham 35 horas ou mais por semana. Estas taxas se referem as mulheres de 14 a 19 anos, anos e mais. > PNAD - 32 tri- 40. xa de téda populag&o feminina em 1969; c) o Censo de 19€0 in- celui as mulheres correntemente desempregadas que tenham traba lhado a maior parte do ano anterior, mas a PNAD nao. Apesar da relativa precariedade da comparagio entre os dados constantes da Tabela 1.II, algumas tendéncias s&o suficiente- mente nf{tidas para se ter razodvel certeza delas. Assim, pa- rece bastante seguro que a Taxa de Ocupag&io das mulheres de 14 (ou 15) anos e mais esté se elevando continuamente, tendo quase dobrado entre 1940 e 1969. Em sentido oposto esta evo- luindo a Taxa de Ocupag&o das meninas de 10 a 14 anos, que es t& em diminuig&o, o que deve ser atribufdo em parte & crescen te escolarizag&o déste grupo e em parte ao aumento da desocu- pagio. Sendo a Taxa de Ocupagiio do grupo de 10 a 14 anos mais de trés vézes maior entre os repazes do qu: entre as meninas, em 1960 (Tabela 1.1), n&o se pode atribuir esta diferenga & maior escolarizag&o destas Ultimas (o nimero de criangas de cada sexo matriculadas no ensino médio era, na época, aproxi- madamente o mesmo, com ligeira predominancia dos rapazes). A hipétese mais provavel é que a Taxa de Desocupagdo feminina, em 1960, deve ter sido bem maior que a masculina, neste grupo etario. 0 mesmo talvez tenia-se dado também em 1950, porém a frequente classificagdio das meninas na categoria de afazeres domésticos pode ter ocultado o fenémeno (5). © aumento da Taxa de OcupacZo feminina, entre 1960 e 1969, considerando-se apenas as mulheres que trabalhavam 35 ou mais horas por semana (Tabela 1.II), se dé principalmente nos gru- (5) De acérdo com,o Censo de 1950, eszavam na categoria de "a tividades domésticas e escolares discentes" 38% dos ‘rapa- zes e 72,5% das meninas de 10 a 14 anos. Tudo leva a crer ue todos os rapazes nesta categoria exerciam atividades discentes. Admitinds-se que a roporgéo de 38% de discen- tes fosse a mesma entre as meninas, 34,5% delas estavam exercendo atividades domésticas nado remuneradas. Como me- ninas nesta idade nao tém as responsabilidades de cuidar de uma famflia, salvo em caso3 exce,cionais, a grande maio ria déstes 34,5% deve ser considerada desocupada. PFSIIIIPIIIIIIDIIIIDIIIIIIIIIIDIDIIIDDIIIIZD DDD 41. pos de 15 a 19 e de 20 a 24 anos, que sdo os tmicos que apre- sentam, em 1969, taxas maiores que a média de téda_populagao feminina de 14 anos e mais. f interessante observar que nes- te mesmo perfodo (1960-1969), as mulheres mais velhas, de 55 a 64 anos e de 65 anos e mais tém Taxas de Ocupa;ao pratica- mente constantes as primeiras e em torte diminuigao as wlti- mas. A queda da Ocupag&o das mulheres mais velhas resulta em Taxas de Desocupagéo cada vez maiores, como se pode verificar na Tabela 1.1. A crescente desocupagaéo das mulheres dos grupos mais idosos também é comprovada comparando-se as Ultimas duas colunas da Tabela 1.11, que exprimem o grau de subocupagao em cada grupo etério feminino. Na medida que se passa dos grupos etérios mais jovens aos mais velhos, aumenta a diferenga entre a pro- porg&o total das mulheres que trabalham e a das que o fazem durante 35 ou mais horas por semana. Assim, no grupo de 15 a 19 anos, menos de um quarto das mulheres ocupadas trabalham me nos de 35 horas por semana, ao passo que nos grupos de 45 a 54 e de 55 a 64 anos esta proporgdo alcanga mais de 40%, para atingir mais da metade no grupo de 65 anos e mais. Na&o resta divida que aumentam as dificuldades das mulheres acima de cer ta idade (55 anos provavelmente) de se integrarem de modo ple no na produg&o social. Tais fatos, nfo obstante, nfo devem obscurecer a tendéncia fundamental, que se verifica ao longo de todo perfodo anali: do (1920 a 1969), de um cont{nuo crescimento da participagaio da mulher na FT. De uma forma geral esta tendéncia geral é o resultado de outras tendéncias que em parte se contradizem e se compensam e que sdo andlogas as verificadas para a popula- go masculina: a) queda das Taxas de Ocupag&o e de Participacio no grupo, de 10 a 14 anos, com provdvel aumento da Taxa de Desocupac&o, que nao é registrado pelos levantamentos; 42, b) c) crescimento das Taxas de Ocupag&o e de Participagéo nos grupos de 15 a 54 anos, com particular intensidade nos gru pos de 20 a 24 anos e de 35 a 44 anos. A diferenca entre as Taxas de Ocupagdo déstes grupos etarios tende a se redu zir, o que leva a crer que as atividades individuais dei- xam cada vez mais de ser o principal ébice & participagao da mulher na FT. £ importante notar que, em 1969, a Taxa de Participagio das mulheres de 20 a 24 anos era maior que a das mulheres de 15 a 19 anos; estagnacgao e decréscimo das Taxas de Ocupag&o nos grupos € tdrios mais velhos, a partir dos 55 anos, com aumento das Taxas de Desocupag&o, verificando-se também considerével subocupag4o nestes grupos etarios. PFFIIIIPIIIIIIIIIIIIDIDIDIIIIDIDIIIIIIIDIDIDIDD

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