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110. A PLATAFORMA Eis como foi ela historiada: “Nascido para lutas, nao vacila o Rev. Eduardo na defesa de suas idéias. Era de uma tenacidade admiravel. Muitos dos antigos compa nheiros iam dele se afastando cada vez mais. Ele, porém, combatia aic a0 extremo, Aumentavam as suspeitas ¢ desconfiangas naqucla atmostc ra pesada, Se os descontentes, porém, eram muitos, ndo pequeno cra o niimero de admiradores que cle ia conquistando. Suas intengdes eram boas, embora mal compreendidas. Batia s< pela autonomia da igreja, que era um ideal dos missionarios. Velay. da doutrina na questéo magOnica. Por mais elevados quc 08 ideais da instituicdo, scus principios filoséficos ¢ morais, « seu ritualismo, estavam em conflito com os principios evangélicos. Em ‘O Estandarte’ de 23 de janeiro de 1902 saiu a lume ums Carta Aberta do Dr. Silva Rodrigues, que era entéo presbitero da Igrej. Unida. Confessava-se vencido na questéo magdnica. Os artigos do | pastor da 1* igreja o haviam conyencido da incompatibilidade. Dirigiv | também no mesmo némero um apelo aos crentes magons narrando evolugdo que se operava no seu espirito. Assim terminava: ‘Em vist. pois, da presente atitude do meu espirito com relagio & magonaria, | como satisfagdo do solene compromisso assumido na imprensa ¢ por dever venho declarar aos meus irmaos em Cristo que rompi todos os lagos que me prendiam & instituiggo magénica © m< considero exonerado das tremendas responsabilidades decorrentes dv juramento prestado por ocasifio de minha iniciagéo.’ Causou sensagao a adesdo valiosa do Dr. Silva Rodrigues, quc havia sido um tenaz oponente, chegando a escrever dois folhctos. comentando a atitude do pastor da 1* igreja. _ Em o néimero de 6 de margo saiu 0 1° artigo da Plataforma, de } F I , Ee ee eae eee ge hos re ndiam salutar para o progresso da Igrej* ‘igitalizado com Camscanner APLATARORMA _ so st6rica, vamos Lranscrever 0s cinco t6picos Seguindo a marcha ve foram largamente debatidos desde entao. q 10 — Independéncia absoluta ou soberania espiritual da Igreja biteriana no Brasil 2° Desligamento dos missiondrios dos Presbitérios nacionais. “Estes dois topicos diziam respeito & autonomia da igreja_nacio~ nal, Certos planos podcriam estar em desacordo com os designios dos issiondrios nao teriam liberdade, Teriam de Boards. Daf o conflito, Os defender as idéias ¢ es de suas respectivas corporagoes. E a igreja nacional fica 1u desenvolvimento. Era nesta diregio que a discussio se movia, sendo apresentados casos coneretos para esclarecimento. Para uma sintese, em amor a verdade hist6rica, vem um destes casos concretos citados pelo Rev. Eduardo. No Sinodo de 1900, um missiondrio, de acordo com sua consciéncia e com o Livro de Ordem, defendia uma queixa ‘contra uma monstruosidade juridica, vinda do itério de S. Paulo, em que um professor do Mackenzie procurava cimento, desprezando todo deco- diante da ordem presbiteriana, a Pres ida no Pres! reabilitar o diretor do mesmo estabele ro dos nossos tribunais. Mostrava ele, procedéncia da queixa, que tinha tido, aliés, duas vezes a opinido favoravel da comissao Sinodal, quando, depois de sentar-se, caminhou para cle o mesmo dito professor, ¢, em voz ameacadora ¢ audivel, Ihe Sr. F, nos Estados Unidos hao de saber desta sua atitude ¢ 0 sr. ha de pagar caro! Sentiu o missiondrio a forga da ameaga. 3° — Declaragao oficial da incomp: ibilidade da magonaria com 0 Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. 4° — Conversio das Misses Nacionais © ou autonomia dos Presbitérios na evangelizagao 5° — Educagao sistematizada dos filhos da Igreja pela Igreja ¢ para a Igreja. Era a condenagao da educagao mista como meio de propaganda, questo j4 muito debatida. Depois de fundament sucessivamente fortalecer os seus argument: m Missoes Presbiteriais de seus territérios. ar o Rev. Eduardo os cinco t6picos, vieram os, Bento Ferraz, Remigio Digitalizado com CamSeanner continuava a estourar no Presbitério de Minas. iretoria do Semina sos do Mackenzic prio Presbitério. A rel rio, que autorizava 0S Se! freqiientar OS cur: ages do Sinodo de 97 ¢ do pro) Mogcao Smith e as representagoes dos Presbi de confianga do S ios de S. inodo na réncia era a Paulo e Minas que salientavam @ falta diregao do Mackenzie. £ curioso notar que @ Diretoria do Seminario, em $0" reuniao do fim do ano, ao tomar imento da mogao do Presbitério de Minas, resolveu dar como resposta que nao reconhecia a0 Presbitério compe- deixar de aprovar 0S seus atos. Mais radical foi ainda o Presbitério de Minas, aprovando uma proposta do presbitero Jalio Olinto. Era este © teor. Convencido 0 tério da incompatibilidade entre @ Magonaria ¢ 4 Igreja, repre- sentasse a0 Sinodo para reconsiderar a resolugao passada ¢ declarar oficialmente a incompatibilidade. Cinco votos a favor, dois contra, trés nao votaram. Foi calorosa a discussao. Causou sensagao a medida. mada, discutida com calor, foi a favor de que © Outra resolugao tot Sinodo reconsiderasse 0 seu ‘ato censurando a atitude de ‘O Estandar te, visto ndo ter atribuigao para isso. Em 10 de julho reuniu-se em Botucatu 0 Presbitério Oeste de S Paulo, fazendo sua estréia como moderador o autor destes Anais, que também foi cleito secretario permanente pela rentincia do Rev. Bizarro. Otoniel Motta ¢ o presbitero Foram secretarios temporarios o Rev. Antonio Ernesto. i Uma proposta do Rev. Otoniel provocou longa ¢ calorosa discus- sao. Era ‘a reconsideragao da medida proibitiva da reunido de Brotas — pile se ae propaganda sobre a maconaria. Falaram os Revs- a are oe Lino, Laudelino, Cruz e presbiteros eee oi is. ‘argo. Por fim foi retirada a proibicao- Do queixa que a minoria ia levar ao Sinodo. Com a questao da reconsideragao da medida proibitiva sobre @ ta ee nee a outra ndo menos importante sobre 0s dois icos da Plataforma, que diziam respeito a interferéncia Digialzad com CamScanner OSINODO DE 1903 573 “Revidando, propés o Rev. Teixeira um substitutivo: ‘Que 0 Sino- do exclua do seu grémio o Rev. E. C. Percira e todos os ministros ¢ presbiteros que comungam com as suas idéias sobre os missiondrios ¢ a Maconaria.” Neste ponto confessou nobremente o Dr. Kyle a ironia de sua proposta ¢ retirou-a. Foi pena ver-se ligado 4 mogdo pungente 0 nome de um mission tio tio simpatico e respcitavel em muitos sentidos. A explicagao se encontra nas incoeréncias do espirito humano. Apresentou entdo 0 Rev. Alvaro outra proposta que abrangia trés tépicos da Plataforma - a permanéncia dos missiondrios nos concilios como em nada sendo prejudicial; a questo mac6nica como questao vencida: a status quo do Seminario. Dividida em parte, quanto & primeira veio o substitutivo do Rev. Lino: Proponho que 0 Sinodo d ser necessdrios, como membros ridade da causa evangélica em nossa patria ‘ermos que s¢ expds 0 caso a consideragao do Sinodo. leclare que os missiondrios continuam a efetivos dos nossos concilios, 4 prospe- Foi nestes t Abrangia os dois primeiros topicos da Plataforma. caso foi muito comentado naqueles dias, ¢ por vezes o vem ainda a ser. Foi muito mal interpretada a posigao dos plataformistas como encerrando odiosidade e ingratidao. E fora de davida que havia exagero nisso. O Rev. Eduardo e seus companheiros reconheciam os servicos valiosos dos missiondrios, ¢ nao desejavam que retirassem a sua cooperacao. Pugnando pela autonomia da igreja nacional, porém achavam que, no interesse do progresso desta, ndo deveriam ter voto nos concflios. Planos poderiam surgir em antagonismo com as vistas missiondrias. Daf 0 conflito certo. Muitos missionérios, aliés, se convenceram disso, Em je a uma consulta do anterior vimos 0 parecer favordvel do Rev. Boy! : Rev. E.C. Pereira, Vimos também o conselho favordvel do seeretirio da Jo o substituti- do sul, citado pelo Rev. Teixeira. Posto cm discussa foi posto a votos, vo do Rev. Lino, depois de algum tempo de debate, psto sendo requerida a votagéo nominal. Passou por grande maioria. Vota- ram contra apenas os Revs. E. C. Pereira, Bento Ferraz, Otoniel Motta capitulo Digalzade com CamScanner 54 IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL. _ ae Alfredo Teixeira, ¢ os presbiteros José Celesting, Saturnino Teixeira, Sebastido Pinheiro, Jélio Olinto ¢ Severo Franco © receio de ofender os missionarios prevaleceu em alguns espiri- tos, levando-os a votar pelo substitutivo. Entre outros, 0 autor destas notas, pacifico por indole, amigo ¢ discipulo de missionarios, tendo aide o Evangelho por intermédio deles € por um deles tendo sido batizado. Hé quem diga que a separagao foi por causa do artigo sobre os missiondrios. A questao esteve envolvida nos artigos da Plataforma. Foi decidida no dia 29, mas os plataformistas continuaram no Sinodo, em companhia do Rev. Eduardo. O Sinodo reconheceu isso na Pastoral que dirigia as igrejas de sua jurisdigéo quando, explicando a separagio, afirmara que ela se deu ao ser conhecido o pronunciamento do Sinodo sobre a questo macénica, nao que ‘se tivesse pronunciado em favor da magonaria, nem tao pouco porque cle aprovasse alguma doutrina secreta, como seja a negacao da necessdria mediacao de nosso Senhor Jesus Cristo, como alguns nos querem imputar, pois jamais este Sinodo deixou de reconhecer, crer ¢ ensinar esta doutrina fundamental do Cristianismo; mas porque os irmaos dissidentes insistiam em que @ nossa igreja se pronunciasse contra a maconaria e thes conferisse a liberdade de continuarem a polémica contra a dita ordem’, ‘Anos depois os missiondrios espontaneamente se desligaram do Sinodo, continuando, entretanto, a cooperar. Era uma vit6ria ulterior da Plataforma. Até mesmo 0 t6pico da conversio das MissGes Nacionais em Presbiteriais veio mais tarde a triunfar no Sinodo. _ No dia 30 cntrou em discusséo a questdo mag6nica. Do Presbité- tio de Minas tinha subido a comunicagao relativa ao que sc passara em sua tiltima reunido, Convencido 0 Presbitério da incompatibilidade da magonaria com a Igreja, representava a0 Sinodo para que reconsideras- eee i 1900 ¢ declarasse oficialmente essa incompatbilidad ropes porém, em consideragéo na forma do segundo item Proposta do Rev. Alvaro: ‘Que 0 Sinodo considerasse questao vencida & questéo magoni Kyle, Declarando-se escandalizado com os termos da Mogio, >) jdo da embora j ira i . ra jd retirada, disse 0 Rev. Temudo que, por estar convenct Lessa, “Annaes”, pags. 662-673. Digalzade com CamScanner O SINODO DE 1903 S15 incompatibilidade, nao poderia dar o seu voto para que se abafasse a questo. Propés 0 presbitero Manoel da Costa um substitutivo 4 proposta do Rev. Alvaro - ‘Que 0 Sinodo declarasse a incompatibilidade, que recomendasse aos crentes que se filiassem A instituigdo, e que fossem tolerados os crentes magons até que Deus os esclarecesse.’ Fez ver 0 Rev. Jensen a incoeréncia — se era incompativel, nao podia ser tolerada; se tolerada, nao seria incompatfvel. Vendo a forga do argumento, propés o Rev. E. C. Pereira uma emenda: ‘Que os Presbiteros ¢ SessGes livessem toda a caridade e tolerdncia para com aqueles que houvessem entrado na magonaria até aquela data.’ A tudo isso apresentou o Rev. Gammon um substitutivo em trés considerandos: ‘Considerando 0 génio do Protestantismo, que esta baseado sobre o direito ¢ o dever do livre exame e a plena liberdade de consciéncia; considerando mais a histéria ¢ as tradigdes do Presbiteria- nismo, insistindo nas causas essenciais do Evangelho e dando plena liberdade nas secundaria; considerando finalmente que nao devemos estabelecer incompatibilidade na vida cristé que a Palavra de Deus nao estabelece; ~ resolve-se que se no reconsidere a deliberacao de ha trés anos € que sc emita o seguinte parecer: O Sinodo julga inconveniente legislar sobre o assunto. Considerando, porém, as contendas acerbas que se tém levantado sobre a questdo, o Sinodo recomenda aos crentes de uma ¢ outra parte que nutram sentimentos de caridade crista uns Para com os outros, lembrando-se das palavras da Escritura em Rm 14.1-13” O Rev. Gammon pedia que se néo reconsiderasse a deliberacdo tomada no Sinodo precedente. Nas atas impressas encontra-se a f6rmu- la positiva ~ que se reconsiderasse. ve’ extn iverséncia tem sua explicagdo. A reportagem de ‘O Estandar- © explica a contradigao aparente, he o maloria tinha pressa em ver decidida a questéo. Daf a forma Gallva, nao permitindo a reconsideragio. ae debate feriu-se, Bragas a tolerancia ¢ diplomacia do Rev. delicadera e ee Sessdes tao acaloradas, se houve com a maior para moderadon qed © que justifica a sabedoria de sua eleigao A reportagem sie es lcbate, Comegado a 30, s6 terminou na noite de 31, vema ser vath Estandarte’ deu noticia ampla da discussao, 0 que ‘sa fonte de informagao para o historiador. Digtalzad com CamScanner 7 amma Gerry BV 576 IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL No final dos debates a formula que serviu para a votacao veio a ser 0 mesmo substitutivo na forma positiva. Os considerandos cram os mesmos ¢ foi esta a forma que ficou nas atas impressas. O Rev. Kyle, a despeito de nao ser magon como o Rev. Gammon, defendeu a instituicdo sob 0 ponto de vista da liberdade de consciéncia. Para ele cra matéria secundaria. Falou o Rev. E. C. Pereira largamente sobre 0 ponto, recordando os argumentos que empregara antes pela imprensa. Mostrou estar a maconaria em antagonismo com a doutrina da Trindade. Citando auto- res, demonstrou que o Deus invocado na magonaria, além de nao ser 0 Deus Trino, nao é o Deus Criador da matéria. Simplesmente 0 arquite- to. Construtor, ¢ nao criador. As oragées sem a mediagao de Cristo ¢ a pretensao de regencrar a humanidade com a sua moral sublime eram também pontos antag6nicos. O Rev. Alvaro, também magon, procurou rebater os argumentos do Rev. Eduardo conforme Ihe foi possivel, nao reconhecendo 0 valor dos autores citados. Seguiu-se-Ihe o Rev. Bento Ferraz que falou pelo espaco de duas horas, encarando a questao da incompatibilidade sob varios pontos de vista. © Rev. Cruz, magon recente, afirmou nao ter @ magonaria cardter religioso, nao obstante recorrer a oragGes. O Rev. Schneider negou a incompatibilidade ¢ procurou justificar as oragées sem a mediagado de Cristo como outros oradores precedentes. Bem sabemos que 0 velho servo de Deus era ortodoxo como tam- bem os que o antecederam com a palavra. Mas a ingratiddo da causa « defender fazia-os incorrer em incoeréncias, que bem mereciam censu- ras. Muitas amarguras advieram dai. O Rev. Ernesto, 0 orador seguinte, condenou a fraqueza dos que procuravam defender as oragdes scm a mediagdo de Cristo, sendo aparteado pelos Revs. Jensen, Alvaro ¢ outros, Terminou citando @ definigao de orago no Breve Catecismo, em que vem a cliusula: Em nome de Cristo’. O Rev. Temudo disse ser infeliz a causa da magonaria, uma Ver que obrigava os seus defensores a se internarem pela estrada da hetero doxia. A liberdade de consciéncia é limitada pela Palavra de Deus. Ninguém € livre no scio da Igreja para acci . Em todas as oragoes da Biblia, desde a promessa da Semente da mulher, 0 nome de Cristo é pressuposto, mesmo que nao scja articulado, Como 0 Espirits: ar uma her Digitalzad com CamScanner 0 SINODO DIL wn 1 Cristo nao & cneontrado na mo, tem a magonaria belas oragoes, por ec desses sistemas, Porlanto, sts oraghes nao pressupoem oO nome do Redentor, falou entio, Como magon hé vinte anos nao via incompatibi contudo, por causa dos irmaor escandalizados, O Rev, Lino, de novo com a palavra, abundow nay mesmas consideragdcs. Nao reconhecia incompatibilidade, mas se retirara para nao dar escindalo ¢ por outros motivos ainda, O. Presbite- ro Antonio Alves é pela compatibilidade, visto haver muito crente macon picdoso. O Dr. R. Baird declarou ser magon de muitos anos, tendo sempre pregado nas lojas, sem contes agio, a mediagao de Cristo. ‘Todo homem de bem é magon, porquanto a instituigao 6 a quintesséncia dos. principios basicos ~ amor, caridade © fraternidade. Os apéstolos ¢ Jesus Cristo tinham prinefpios mag6nicos © Rev, Otoniel rebateu as assergées do presbitero Antonio Alves ¢ do Rev. Dr. Baird, mostrando a fraqueza dos seus argumentos. Falou finda o Rev, Cactano Nogueira que julga indtil a filosofia magnica © diz querer para si somente a Biblia. Chamado a tribuna o Dr. Smith na qualidade de tedlogo, a prop6- sito da mediagiio de Cristo, sem fazer alusocs aos oradores precedentes cita a doutrina ortodoxa, lendo 0 tpico do Breve Catecismo, Nem para si, nem para seus filhos quer a magonaria, mas defende o Deus dela contra a pecha de ser um deus estrangeiro. O Estado conhece Deus ¢ nao o Cristo e, entretanto, 0 Deus do Estado é 0 Deus verdadciro, 0 Deus da Providéncia. Daf 0 ser 0 Deus verdadciro, 0 Deus da magona- ria. qucle 31 de julho, No arrai: Amargas ¢ pungitivas as horas daq Como nos dias de Roboio, presbiteriano reinava dolorosa expectativa. co reino ia cindir-se. A hora adiantava-se, Os espiritos conservavam-se tensos. Os mos exaltavam-se. ‘Temia-se 0 que veio a acontecer, O presbitero Ma- noel da Costa ¢ 0 Dr. Kyle pronunciaram-se contra a separagao. Exam varbes prudentes. pendesse a discussio, Acaso poder-se- eparagio, que ponto ¢ encontrar _—Arminoria pedin que se su -ia transigir em alguma coisa para evitar a desejavam. Queriam reunir-se & parte para discutir 0 uma formula ae Digalzad com CamScanner sw IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL a vel, Houve mesmo quem se desse a trégua pedida = ‘Para que prolongar a _ Via-se, porém, que a brecha seria inevi manifestasse no Sinodo a opiniéo de que nao para encontrar uma f6rmula intermediéri: agonia ao doente?” O mesmo espirito que, no Sinodo de 1900, determinara a infeliz classificacdo das igrejas da capital em dois presbitérios ¢ levara a uma arbitraria divisdo geografica dos dois coneflios para evitar-se 0 convivio celesidstico com determinadas pessoas, o mesmo sentimento de novo se produzia. O sossego se imporia somente com a alicnagao de certos elementos. Triste é de registrar. Concedida a permissio, reuniu-se na 1° Tgreja a minoria, em verdadeira agonia, procurando a solugao conciliatoria. Com a minoria Viam-se alguns espiritos ponderados como 0 Rev. Kyle ¢ 0 Dr. Teixeira da Silva, solicitos também em cvitar a cisdo como pacificadores que eram. 'A noite reabriu-se a sesso ¢ a minoria entregou a formula que mas que nao foi accita: ‘Nés, abaixo-assinados, fninistros e presbiteros anti-macons, convencidos da incompatibilidade entre a magonaria ¢ a Igreja, vimos pedir respeitosamente aos macons que abandonem a magonaria por amor da paz © da Igreja escandalizada, e que o Sinodo reconhega 0 nosso dircito de externar nosso pensamento sobre 0 assunto.’ Era na verdade conciliatéria. A minoria transigia. J4 nao pedia o reconhecimento da incompatibilidade. Queria a paz com a liberdade de externar suas idéias. Exigia dos crentes magons que se retirassem da instituigdo por amor da consciéncia ferida. A caridade crista compensa- ria o sacrificio. Mais valia o sacriffcio de uns poucos, no espirito de Cristo, do que a ciséo de uma coletividade. Chegou o momento fatal. Grande cra a assisténcia na Igreja Unida. Crentes de varias igrejas eram vistos no auditério, aguardando todos com ansiedade o desfecho. Dois oradores se fizeram ouvir ainda antes de se proceder a votagdo da Mogao Gammon. _Primeiro foi o Rev. Ernesto de O! ira, Fez um rapido cxame da mogdo, achando que haviamos chegado a divisao ou & pa’ ‘i A formula mais vidvel para evitar-se a divisio seria a proposta la i Te : ae minoria. Deixassem os irmaos os rudimentos do mundo, a magon’ , por amor de Cristo ¢ estaria nisto a salvagao. reputava salvadora, Digalzade com CamScanner O S{NODO DE 1903 a Bm segundo lugar, cheio de emg, fou o Rev. EC Pereira, farendo rapida andlisc dos considerandos. Impedida pelo génio do Protestantismo, via a minoria na Biblia a condenagao da magonaria. O génio do Protestantismo nao permitia a heresia, Sobre 0 segundo consi derando via no Protestantismo a historia ¢ a tradigdo do Presbiterianis sno. Um frade diante de uma grande assembléia recusou calar-se para mnie perturbar a paz do império. A magonaria ndo era coisa secuncliria, ae piterferia com os dogmas fundamentais. Acha nele incompatibil- vInalos estabelecidas na Palavra de Deus. Nao pode nem deve recuar no terreno dos principios. Vota contra a proposta. Assim Deus 0 ajude. Amém. Corre a votagao nomin: Por motivos de doenga nao est: Ferraz, membro da minoria. Votaram 52a favor da mogao Gammon, entre os quais com restri goes 0 prudente Manoel da Costa. Os votos contrérios foram 17, na Srdem seguinte, a pag. 22 das Atas do Sinodo de 1903: Eduardo Pereira, Vicente Temudo, Otonicl Mota, Caetano Nogueira Jénior, Alfredo Teixeira, Dinarte Coutinho, Aquilino Nogueira, Celestino de Aguiar, José de Lemos, Saturnino ‘Teixeira, Sebastiao Pinheiro, Jélio de Oliveira e Mata Coelho. Dez horas jé haviam soado. grave, o Rev. Ernesto de Oliveira declarou-se desligado do al, Eo tiltimo gréo de arcia da ampulheta. ava presente no momento © Rev. Bento Ereto, Sinodo. Entdo pede o Rev. Eduardo a palavra par despedit primeiro aos missionérios. ‘Irmaos missiondrios, permiti-me dirigit-vos cordial despedida. Procurei, nas bases apresentadas pelo Dr. Chester ¢ Dr. Ellinwood, um plano de cooperagao entre os missiondrios ¢ 0s nacionais. Vés 0 nao quisestes, creio que errastes; 0 futuro o dira. E yés, meus patricios, reagi quanto pude em favor do vosso prestigio moral, nada consegui. A magonaria cavou um abismo entre nés © vOS- Ela foi, porém, o instrumento e, se me permitem a expressdo, 2 mao de gato para tirar as castanhas do fogo. Como vistes, Cristo foi Jevantado a0 scio deste Concflio por uns, pregado numa cruz por outros, © ainda por outros coroado de gloria. Vos ouvircis falar de nds, nos ouviremos encontraremos. Felicidades, falar de vés ¢ um dia perante o Juiz nos 1 da tribuna € atravessou ° meus patricios’. Tomou 0 chapéu. Desce' Digalzade com CamScanner S80, IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL ‘a. Lagrimas corriam pelas faces recinto no meio do rumor que se ergui mbros da de muitos. Era a hora tremenda das provagées. Outros me! minoria 0 foram acompanhando. A Igreja Presbiteriana Brasileira, paro mentagoes, bem poderia exclamar na sua dor: “Olha, Jeova, porque es- tou angustiada; turbadas estéo minhas entranhas; transformado dentro de mim est4 0 meu coragdo; porque tenho multiplicado as minhas rebelides” (Lm 2.20). diando o Profeta das La- igitaizado com Camscanner

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