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Curso: DIREITO Turma: 4º PERÍODO Turno: NOTURNO

Disciplina: DIREITO CONSTITUCIONAL II Data: 18 de junho de 2013


Prova: 2ª CHAMADA 2ª AVALIAÇÃO 2013.1

Instruções
1. Consulta a quaisquer materiais de apoio só com a autorização do professor.
2. Não será permitido uso do telefone celular e/ou similares.
3. As questões objetivas respondidas sem a justificativa ou com a justificativa incorreta não
farão jus à pontuação, mesmo que haja marcação da alternativa correta. Serão, ainda,
anuladas as questões objetivas que estiverem rasuradas ou assinaladas erroneamente.
4. Serão corrigidas apenas as questões respondidas na Folha de Respostas.
5. Não será permitido uso de corretivos.
6. Não serão aceitas respostas a lápis. A prova deverá ser respondida com caneta
esferográfica de tinta azul ou preta.
7. As respostas deverão ser fundamentadas e primar pela clareza, coesão, coerência. Esses
elementos serão considerados na atribuição da pontuação da questão.
______________________________________________________________________________
Questões:

QUESTÃO 1: Considere os seguintes trechos da STA 389, Relator(a): Min. GILMAR MENDES,
julgado em 20/11/2009, publicado em DJe-225:

Trata-se de pedido de suspensão de tutela antecipada formulado pela União, com a finalidade de
sustar os efeitos da decisão proferida pelo Desembargador Federal Mairan Maia, do Tribunal
Regional Federal da 3ª Região, que, nos autos do Agravo de Instrumento nº 2009.03.00.034848-0,
deferiu o pedido de antecipação de tutela recursal, com a consequente determinação de que fosse
oportunizada aos autores da Ação Ordinária nº 2009.61.00.021415-6, em curso perante o Juízo da
16ª Vara Federal da Subseção Judiciária de São Paulo, “a participação no Exame Nacional do
Ensino Médio - ENEM, em dia compatível com exercício da fé por eles professada, a ser fixado
pelas autoridades responsáveis pela realização das provas, observando-se o mesmo grau de
dificuldade das provas realizadas por todos os demais estudantes”. Segundo o relato da petição
inicial, o Centro de Educação Religiosa Judaica e vinte e dois alunos secundaristas ajuizaram ação
ordinária, com pedido de antecipação de tutela, em face da União e do Instituto Nacional de Estudos
Anísio Teixeira (INEP), objetivando a designação de data alternativa para a realização das provas
do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que não coincidisse com o Shabat (do pôr-do-sol de
sexta-feira até o pôr-do-sol de sábado) ou qualquer outro feriado religioso judaico (fls. 38-65). (...)
Os autores afirmam, em síntese, que a designação de data alternativa para a realização das provas
do ENEM constitui meio de efetivação do princípio da igualdade e do direito fundamental à liberdade
religiosa. (...) O Desembargador Federal Mairan Maia, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região,
concedeu a tutela antecipada, por entender que a designação da data alternativa para a realização
das provas do ENEM constituiria meio de efetivação do direito fundamental à liberdade de crença,
prevista no art. 5º, VI, da Constituição. (...) Por fim, saliente-se que a União juntou aos autos, às fls.
225-271, cópia de ofício expedido pelo Ministério da Educação, segundo o qual, na inscrição para o
ENEM, foi ofertada a opção de “atendimento a necessidades especiais”, com a finalidade de
garantir a possibilidade de participação de pessoas com limitações em virtude de convicção
religiosa ou que se encontram reclusas em hospitais e penitenciárias. Afirma-se, no referido ofício,
que “todos que realizaram suas inscrições no ENEM e solicitaram atendimento especial por motivos
religiosos terão suas solicitações atendidas. No caso dos Adventistas do Sétimo Dia, a prova do
sábado, dia 03 (três) de outubro próximo será realizada após o pôr-do-sol” (fl. 227). Tal providência

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(início da prova após o pôr-do-sol) revela-se aplicável não apenas aos adventistas do sétimo dia,
mas também àqueles que professam a fé judaica e respeitam a tradição do Shabat. Em uma análise
preliminar, parece-me medida razoável, apta a propiciar uma melhor “acomodação” dos interesses
em conflito. Ante o exposto, defiro o pedido para suspender a decisão proferida pelo
Desembargador Federal Mairan Maia, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, nos autos do
Agravo de Instrumento nº 2009.03.00.034848-0.

Qual a colisão de direitos fundamentais? Com base em que método ela é resolvida? Qual o
resultado (explicite o caminho metodológico)? (4,0)

QUESTÃO 2: Considerando a ADPF 54 (antecipação terapêutica do parto), Rel. Min. Marco


Aurélio, julgada pelo STF, marque a opção correta e corrija as falsas (3,0 – sendo 1,0 para
cada assertiva equivocada corrigida corretamente)
a) Segundo o Min. Ayres Britto, “o ato de obrigar a mulher a manter a gestação, colocando-a em
uma espécie de cárcere privado em seu próprio corpo, desprovida do mínimo essencial de
autodeterminação e liberdade, assemelha-se à tortura ou a um sacrifício que não pode ser pedido a
qualquer pessoa ou dela exigido”. Neste trecho, o Min. faz referência a um limite às restrições aos
direitos fundamentais que só pode ser definido no caso concreto.
b) Em seu voto, a Min. Cármen Lúcia afirma que “a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é
medida de proteção à saúde física e emocional da mulher, evitando-se transtornos psicológicos que
sofreria se se visse obrigada a levar adiante gestação que sabe não ter chance de vida. Note-se
que a interrupção da gestação é escolha, havendo de se respeitar, como é óbvio, também a opção
daquela que prefere levar adiante e viver a experiência até o final. Mas o respeito a esta escolha é o
respeito ao princípio da dignidade humana”. Tal afirmação caracteriza a mulher como titular de um
direito subjetivo negativo, não havendo qualquer conduta positiva relacionada à norma de direito
fundamental.
c) Segundo o Min. Celso de Mello, “o direito à vida admite a possibilidade de, ele próprio, constituir
objeto de ponderação por parte do Estado, considerada a relevantíssima circunstância (ocorrente na
espécie) de que se põem em relação de conflito, com esse mesmo direito, interesses existenciais
titularizados por mulheres grávidas de fetos portadores de anencefalia”. A afirmação corrobora a
afirmativa de que inexistem direitos absolutos, na linha da teoria das restrições.
d) Segundo o Min. Cezar Peluso, “não há como estabelecer, a priori, qual o [direitoque se reveste
de maior peso, diante do reconhecimento de que são relativos e de que a sociedade é plural. Se os
valores são relativos, não há como fundamentar um como superior ao outro”

QUESTÃO 3: Dispõe o artigo 205 da CF que “a educação, direito de todos e dever do Estado
e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”. Em face disso, marque a opção correta e corrija as falsas
apresentando 1) o(s) seu(s) equívoco(s) e 2) o correto (3,0 – sendo 1,0 para cada assertiva
equivocada corrigida corretamente)
a) Do enunciado normativo pode-se depreender que o dever estatal é de promoção de políticas
públicas que atinjam a coletividade, pois o direito à educação é um direito coletivo, isto é, de todos.
Desse modo, o Estado pode se eximir da obrigação de prestar, individualmente, quando solicitado o
devido acesso à educação.
b) Segundo André Ramos Tavares, “perante o direito à educação como direito fundamental ao
Estado surge um dever de atuar positivamente, seja i) criando condições normativas adequadas ao

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exercício desse direito, seja ii) na criação de condições reais, com estruturas, instituições e recursos
humanos”. Com base nisso, pode-se afirmar que o direito à educação é um direito exclusivamente
positivo.
c) Não é possível extrair do dispositivo a conclusão de que o direito à educação incide no âmbito
privado.
d) Decorre da dimensão não-prestacional do direito à educação o direito subjetivo de realizar ou não
relizar matrícula em disciplina de ensino religioso, conforme dispõe o artigo 210, § 1º da CF,
segundo o qual “o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários
normais das escolas públicas de ensino fundamental”.

Quem tem olhos pra ver o tempo


Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos?
Viviane Mosé

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