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http://dx.doi.org/10.5007/2175-8077.

2017v19n47p148

Artigo recebido em: 10/06/2016


Aceito em: 04/02/2017

AS INSTITUIÇÕES E SUA COMPREENSÃO: SERIA ALGO PROPÍCIO


ÀS PREMISSAS INTERPRETATIVISTAS?

The Institutions and your Understanding: would be something


propitious to the interpretative premises?

Marcio Luis Massaro


Mestre em Administração. Professor de Economia e Comércio Exterior. Faculdade Paranaense FACCAR. Rolândia, Paraná. Brasil.
E-mail: mluismassaro@gmail.com

Resumo Abstract
Críticas voltadas à Teoria Institucional (TI) atentam Criticism aimed at Institutional Theory (IT), undermine
principalmente contra sua fragilidade metodológica. especially against its methodological weakness. It
É perceptível que sua base funcionalista não is noticeable that his functionalist base, does not
proporciona um aparato metodológico adequado às provide adequate methodological apparatus, the
pesquisas na área, o que limita suas contribuições research in the area, which limits their contributions
para o desenvolvimento do conhecimento em to the development of knowledge in Organizational
Estudos Organizacionais. A despeito das divergências Studies. Despite the paradigmatic differences between
paradigmáticas entre Funcionalismo e Interpretativismo, functionalism and interpretivism, the propositions of
nas proposições de Burrel e Morgan (2006), este ensaio Burrel and Morgan (2006), this paper proposes the
propõe a aproximação de ambos, por meio do uso da approach of both, through the use of phenomenology
fenomenologia como recurso metodológico para os as a methodological resource for the study as part of
estudos no âmbito da TI. O pressuposto central é de IT. The central assumption is that phenomenology as
que a fenomenologia, como instrumental metodológico, methodological tools, can enhance the results in the
potencializa os resultados no campo da TI, à medida field of IT, as it gives it greater ability to subjectively
que lhe confira maior capacidade de subjetivar suas their analyzes. The study is qualitative, the theoretical
análises. O estudo é de ordem qualitativa, no modelo test model, descriptive nature. It was concluded that
de ensaio teórico, de cunho descritivo. Concluiu-se there are points of convergence between the two lines
que existem pontos de convergência entre as duas of thought, which makes it feasible and desirable, the
linhas de pensamento que torna viável e desejável approach of phenomenology as a methodological tool
a aproximação da fenomenologia como ferramenta for IT.
metodológica para a TI.
K e y w o r d s : Fu n c t i o n a l i s m . I n t e r p re t i v i s m .
Palavras-chave: Funcionalismo. Interpretativismo. Phenomenology. Institutional Theory.
Fenomenologia. Teoria Institucional.

Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.

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As Instituições e sua Compreensão: seria algo propício às premissas interpretativistas?

1 INTRODUÇÃO Funcionalista e Interpretativista e posteriormente, as


conjecturas que aproximam a TI e o Interpretativismo,
A Teoria Institucional1 representa para os estudos com ênfase no uso da fenomenologia como alternativa
organizacionais a possibilidade de entendimento, so- metodológica aos estudos no âmbito da TI. Conclui-se
bre a influência que estruturas do ambiente, exercem com as considerações finais.
na constituição e sobrevivência das organizações. A
compreensão dos fatores e dos atores envolvidos nos
processos de institucionalização dessas estruturas e o 2 A TEORIA INSTITUCIONAL
papel das lógicas institucionais possuem significância
para o estrategismo organizacional e, assim, constituem A despeito da origem das bases do pensamento
fontes de estudos acadêmicos. Entretanto, conforme institucional, especialmente nos pressupostos de Sel-
atentam Burrel e Morgan (2006), a ausência de mé- znick (1996), um novo institucionalismo2 sociológico
todos de pesquisas e proposições originais são pontos renasceu na segunda metade da década de 1970,
que sustentam críticas a TI, quanto a sua fragilidade quando a teoria tomou vulto, em especial nos estudos
metodológica (PECI, 2006), fato que restringe seu de Meyer e Rowan (1977). Fato que representou uma
potencial de contribuição aos Estudos Organizacionais. mudança radical, na análise da estrutura formal e das
Por outro lado, uma vertente em pesquisas quali- relações envolvidas na gênese dessas estruturas. O Ins-
tativas, ainda pouco explorada no campo dos estudos titucionalismo pode, assim, ser definido como a análise
organizacionais é a Fenomenologia (JÚNIOR; MELLO, dos processos que transformam crenças e ações, em
2008). Já consagrada como ferramenta em pesquisas regras de conduta social. As contribuições de Meyer
no campo da Sociologia, Psicologia, Geografia e Edu- e Rowan apontam que as estruturas formais possuem
cação, até por sua natureza filosófica, ainda não tem tanto propriedades simbólicas, como capacidade de
destaque no campo das Ciências Sociais Aplicadas. gerar ação (BURREL; MORGAN, 2006).
Assim sendo, considera-se no âmbito deste ensaio, Na perspectiva de Carvalho, Vieira e Silva (2012),
que sob a perspectiva Funcionalista, é possível apre- as organizações são comumente pensadas sob a ótica
sentar e descrever as instituições, bem como discutir da racionalidade e do poder da intenção de seus de-
seus aspectos gerais. No entanto, para compreender cisores. Esse fato direciona o foco dos estudos organi-
a essência dos aspectos envolvidos nos processos de zacionais para teorias fundamentadas nas premissas
institucionalização bem como sob a abordagem das que envolvam a adaptação racional da organização,
lógicas institucionais, a ótica interpretativista, se mostra a seu lócus externo e suas condicionantes ambientais.
como alternativa possível e adequada, e a fenome- A TI, para os estudos organizacionais, representa uma
nologia, como um caminho metodológico capaz de alternativa ao pensamento de que todas as decisões
desvelar as questões mais essenciais das instituições. são dirigidas por critérios racionais de escolha.
Diante dessas colocações, propõe-se a seguinte Dessa forma, “[...] deve-se entender que a TI não
questão: A Fenomenologia seria possível como método é um conjunto de proposições que visa especificamente
para estudos no âmbito da Teoria Institucional (TI)? a análise organizacional; pelo menos, a ela não se
Partindo-se desse questionamento, este estudo busca restringe”. Antes, representa a junção convergente de
ampliar as argumentações que aproximam a Fenome- um conjunto de pressupostos teóricos advindos da
nologia, como recurso metodológico possível para os
Ciência Política, da Sociologia e da Economia,
estudos que seguem os pressupostos institucionalistas.
que buscam incorporar em suas proposições a
Na qualidade de ensaio teórico, de caráter qualitativo e ideia de instituições e de padrões de compor-
de cunho descritivo, o presente trabalho está estrutura-
do da seguinte forma: primeiramente são apresentados
2 Normalmente encontrado na literatura como Neoinstitucionalismo,
os aspectos teóricos conceituais que circundam a TI.
porém, conforme colocações de Conceição (2002), a TI não pode ser
Na sequência, o horizonte estrutural dos paradigmas linearmente entendida, mas sim, considerada desde suas bases conceitu-
ais, sob diferentes abordagens, o “velho institucionalismo”, passando para
o “neoinstitucionalismo” e o “novo-institucionalismo”, bem como sob suas
diferentes vertentes, política, sociológica e econômica. Sobre isso se trata
1 Neste trabalho, nominada simplesmente TI. mais adiante.

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tamento, de normas e valores, de crenças e de Seja sob a égide do “velho” do “novo institucio-
pressupostos, nos quais se encontram imersos nalismo” ou do “neo-institucionalismo”, a questão da
os indivíduos, grupos e organizações. (MACHA-
instituição tem sido recorrente na explicação dos mais
DO-DA-SILVA; GONÇALVES, 1999, p. 218)
diversos fenômenos sociais, de acordo com o âmbito de
No Quadro 1 sintetiza-se a essência da TI sob a suas três vertentes: política, econômica e sociológica.
ótica de suas vertentes política, econômica e socio- Conforme Carvalho, Vieira e Goulart (2005), na
lógica. vertente política verifica-se que as preocupações teó-
ricas seguem desde o fim do século XIX no sentido de
VERTENTES SIGNIFICADO desvendar as estruturas legais tanto quanto as formas
No campo da ciência Política, a privadas de governança. Já em meados dos anos 1970
abordagem institucional dominou a passam a focar em como as pressões sociais interferem
linha de pensamento desde a última
metade do século XIX até as primeiras
na autonomia política.
décadas do século XX, com foco
na análise de estruturas e normas. Os símbolos, os rituais, as cerimônias, os rela-
Na década de 1930, o empiricismo tos e dramatizações na vida política têm sido
nas ciências sociais colaborou para
Vertente política capazes de oferecer à análise institucional uma
mudança de foco com predomínio
da análise do comportamento do coerência interpretativa da vida política na
indivíduo. Na década de 1970, há sociedade contemporânea. (MEYER; ROWAN,
uma retomada da importância das 1977, p. 62)
instituições no campo político. Nos
estudos mais recentes, as atenções
deslocam-se também para a influência
A vertente econômica foi marcada em especial
do simbolismo na vida política. por uma contestação da visão clássica da economia,
Origem nos pensamentos de Thorstein principalmente no que se refere à posição estática do
Veblen, em 1898. Ele se opunha ao indivíduo perante a sociedade. Para Veblen (1998), a
pensamento clássico econômico, e dava
visão única do indivíduo racional, que busca exclusi-
importância aos costumes e tradições
para explicar o comportamento vamente sua satisfação imediata é equivocada. Esse
econômico, enquanto a ação individual pensamento abre espaço para considerar hábitos,
é influenciada pelas circunstâncias e
as relações de natureza institucional. instituições como elementos importantes na definição
Junto de Veblen, John R. Commons das ações econômicas. Já a continuidade dos traba-
Vertente econômica e Wesley C. Mitchell, defendiam que
lhos sob o novo Institucionalismo, o foco da vertente
o processo econômico é um construto
social que ocorre e é influenciado econômica passa a analisar questões que focam em
pelo contexto histórico e cultural, relações econômicas que ocorrem nas organizações,
proposta vencida pelo racionalismo
econômico. Na década de 1970, os com destaque para os custos de transação, como se
debates nessa vertente continuam com verifica em Williamson (1994).
tendência neoclássica de Williamson e
Douglass North com foco nas relações
Também para Conceição (2002), a corrente do
econômicas do universo organizacional. pensamento institucionalista deriva dos preceitos de
Tem sua gênese na tradição sociológica Veblen, sendo que, o fator marcante que caracteriza sua
de Durkheim e Weber, entretanto, linha de pensamento é a contrariedade às proposições
apenas no fim da década de 1940,
neoclássicas do indivíduo puramente racional e a busca
as organizações passam a ser o foco
de investigação para os sociólogos, por proximidades com o evolucionismo. Essa carac-
através dos estudos de Robert Merton. terística é o enfoque do que o autor denomina “velho
Vertente
As contribuições dos trabalhos de
sociológica
Berger e Luckmann (1991) seguiram institucionalismo”, quando as preocupações com as
no sentido de focar os estudos na instituições figuravam a um nível mais descritivo.
natureza e origem da ordem social,
sendo essa fundamentada numa
Invariavelmente, institucionalismo é tido como
realidade construída socialmente
pela interação com a natureza. uma linha de pensamento oposta ao neoclas-
sicismo (Hodgson, 1998a), semelhante ao
Quadro 1: A Teoria Institucional segundo suas vertentes marxismo em alguns aspectos (Dugger, 1988)
Fonte: Adaptado de Carvalho, Vieira e Silva (2012) e vinculada ao evolucionismo (Hodgson, 1993).

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As Instituições e sua Compreensão: seria algo propício às premissas interpretativistas?

Independentemente do enfoque adotado, Para Scott (1995), a partir dos anos 1950 e 1960
atribui-se ao “velho” institucionalismo norte- é que as organizações, soberanas sobre o ambiente,
-americano, a partir dos escritos de Veblen – e,
passam a serem percebidas como possíveis conexões
em menor grau, nos de Commons (1934) e
entre o indivíduo e a sociedade. Os trabalhos de Meyer
Mitchel (1984) –, a matriz da Escola Institucio-
nalista. (CONCEIÇÃO, 2002, p. 87) e Rowan, (1977) abrem outras versões sob o novo
institucionalismo sociológico. Desde então, considera-
A partir da década de 1980, novas preocupações -se que a organização não possui o controle soberano
sobre as instituições passaram a povoar a produção sobre o ambiente, ao contrário, este último é interve-
literária no campo, em especial pelos trabalhos de niente sobre as organizações. Sob o novo enfoque, as
Warren Samuels e Ray Marshall. Partindo dos preceitos organizações, além de possuírem competência técnica,
do “velho” institucionalismo, percebe-se que apesar da necessitam de legitimidade social, para assim, poder
proximidade do foco com a linha de pensamento de acessar demais recursos.
base, destaca-se que o pensamento “neoinstituciona- No geral, sob a vertente sociológica que norteia
lista” tem a essência de seu pensamento voltada para este ensaio, o foco principal da TI é a natureza objetiva
questões relacionadas ao ambiente (e sua influência). da organização e do ambiente organizacional, sendo a
Assim sendo, os pontos de contrariedades com o ne- visão de construção da ação organizacional, entendida
oclassicismo são recrudescidos. para além de uma racionalidade objetiva, mas também,
como a obediência quase inexorável a scripts institu-
Todas as abordagens, apesar de diferentes cionais. Essa visão institucional de organização, apesar
nuanças, aproximam-se do referido “corpo de
de se ter como dominante, não é única. A abordagem
conhecimento”, revelando um ponto em co-
mum: a negação do funcionamento da econo- institucional, tanto no âmbito do “velho” institucio-
mia como algo estático, regulado pelo mercado nalismo, “novo” institucionalismo ou “neoinstitucio-
na busca do equilíbrio ótimo. (CONCEIÇÃO, nalismo”, tem sido considerada sob a égide de suas
2002, p. 127 vertentes – política, econômica, e sociológica – fonte
de conhecimento para entendimento de fenômenos
Já a “Nova Economia Institucional” partindo sociais (CARVALHO; VIEIRA; SILVA, 2012).
principalmente dos preceitos de Ronald Coase e Oliver
Entretanto North (1990) versa que as instituições
Williamson, tem seu núcleo de pensamento voltado
simultaneamente determinam e limitam as escolhas
para a Teoria dos Custos de Transação.
dos indivíduos. No entanto, elas representam, de
[...] preocupa-se, fundamentalmente, com as-
certa forma, uma estrutura que sustenta a vida diária
pectos microeconômicos, com ênfase na teoria de organizações e sujeitos, diminuindo as incertezas
da firma em uma abordagem não convencional, do ambiente. Também afetam o desempenho da
mesclada com história econômica, economia economia, pelo efeito que exercem sobre os custos de
dos direitos de propriedade, sistemas compa- intercâmbio de produção, e os custos de transação e
rativos, economia do trabalho e organização
de transformação. Então, as instituições estão ligadas
industrial. (CONCEIÇÃO, 2002, p. 110)
diretamente ao controle das incertezas, fator funda-
Por outro lado, a vertente sociológica nasce de mental para o estabelecimento e a sobrevivência das
discussões que atentavam pouco sobre as organiza- organizações. Sob essa perspectiva, instituições são
ções, apesar de versarem sobre relações entre essas estruturas formais, legitimadas, com poderes coerciti-
e o ambiente. vos, externas às organizações, definidoras de estilos de
governança e de um aparato de regras e leis.
A ênfase dos estudos recaía sobre as macroes- Apesar de todas as considerações, Tolbert e Zu-
truturas institucionais e constitucionais, sistemas cker (1999) contatam que as organizações passam a
políticos, linguagem e sistema legal, deixando
ser foco de investigação para os sociólogos, apenas no
as organizações à margem das formas insti-
fim da década de 1940, nos estudos de Robert Merton,
tucionais. (CARVALHO; VIEIRA; GOULART,
2005, p. 855) período em que ocorre o estabelecimento de grandes
organizações, fusões de empresas, internacionalizações

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e, também, um período de transformações da socie- políticas. Nesse ponto, as afirmações de March e Olsen
dade no âmbito político e cultural. (1993, p. 2) seguem que “[...] a maioria dos principais
Todavia, por certo tempo, houve um enfraque- agentes nos modernos sistemas políticos e econômicos
cimento das propostas institucionalistas, como citam são organizacionais formais, e as instituições legais e
Carvalho e Vieira, (2003). Já sob o neoinstitucionalis- burocráticas desempenham um papel dominante na
mo, renascido das bases conceituais que envolvem as vida contemporânea”.
instituições, de que tratam Berger e Luckmann (1991), Historicamente, a Teoria Neoinstitucional se
tendo por base os trabalhos de Meyer (1977), Meyer ocupou intensivamente de estudos, sobre a forma que
e Rowan (1992) e de Zucker (1997), passa a consi- pressões institucionais, o que leva as organizações e os
derar o papel da cultura e do contexto institucional, grupos sociais ao isomorfismo. No entanto, um avanço
bem como o conjunto de normativos profissionais e contemporâneo sugere um foco maior nos estudos
o próprio Estado nos processos de institucionalização. das lógicas institucionais e como essas moldam as
A definição de institucionalização, a partir de então, organizações e indivíduos (NIELSEN; JENSEN, 2011;
passa a ser “[...] o processo pelo qual processos so- THORNTON; OCASIO, 2008).
ciais, obrigações ou circunstâncias assumem o status Na perspectiva de Jackall (1988, p. 37), o con-
de norma no pensamento e na ação sociais” (MEYER ceito de lógicas institucionais está voltado ao
E ROWAN, 1977, p. 341).
O ambiente passa a ter um papel mais ativo [...] complexo, experimentalmente construído
e, portanto, contingente, conjunto de regras,
para a análise dos processos de institucionalização, à
prêmios e sansões que os homens e mulheres
medida que em contextos particulares, criam e recriam de
tal forma que seu comportamento e perspectiva
[...] os partidários da abordagem institucional que os acompanham são até certo ponto regu-
consideram que o comportamento individual é larizado e previsível.
modelado por padrões criados e compartilhados
pela interação, mas incorporados na forma Para Thornton e Ocasio (2008, p. 101), “[...]
de normas e regras objetivas, cristalizadas na
sucintamente, uma lógica institucional é o caminho
sociedade como concepções legitimadas sobre
a maneira mais eficaz de funcionamento das que um mundo social particular constrói”. Os autores
organizações. (FONSECA; MACHADO-DA- consideram que as lógicas institucionais influenciam na
-SILVA, 2002, p. 98) formatação de indivíduos e de organizações, à medida
que os indivíduos e as organizações se identificam com
Nessa nova perspectiva, as organizações perdem a identidade coletiva de um grupo, já institucionalizado,
um grau de autoridade sobre o controle de seu am- como profissões, populações ou mesmo outras orga-
biente, característica presente no velho institucionalis- nizações (MARCH, OLSEN, 1993).
mo. No entanto, um ponto de convergência entre as A identidade coletiva é a conexão cognitiva, nor-
abordagens institucionalistas está justamente, no fato mativa e emocional experimentada por membros de
de que, ambos se colocam contrários aos modelos de um grupo social por causa de sua percepção de status
organizações baseados em concepções racionalistas, comum com outros membros do grupo social. (POL-
destacando as influências da cultura e das relações com LETTA; JASPER, 2001 apud THORNTON; OCASIO,
o ambiente na formação das organizações. 2008, p. 111)
Nas concepções de Powell e DiMaggio (1991), a É nesse contexto que, visando promover um
institucionalização é fator limitante da racionalidade aprimoramento dos métodos e da própria teoria insti-
organizacional, sob diversas fontes. Entretanto as diver- tucional, a ocorrência do empréstimo de métodos de
gências fundamentam-se nas questões do foco político outras teorias tem obtido resultados mais adequados,
e da luta de interesses intra e interorganizacional, são já que os dados trabalhados diante dos estudos das
debates cada vez mais presentes. lógicas institucionais envolvem entrevistas, grupos de
Evidencia-se, ainda, no pensamento instituciona- discussão, documentos históricos, discursos políticos
lista, o papel preponderante da sociedade burocrática e outros.
na transformação das instituições sociais, econômicas e

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As Instituições e sua Compreensão: seria algo propício às premissas interpretativistas?

Métodos de análise incluem, por exemplo, gene- gênese, entretanto, tem no pensamento de Auguste
alogia, a etnografia, a análise de conversação, Comte (1789-1857) sua primeira expressividade.
análise de conteúdo, análise de narrativas,
análise crítica do discurso e retórica análise Comte era de um mundo em que a “racio-
que fazem uso de uma variedade de textos in- nalidade” científica estava em ascendência,
cluindo palavras, imagens, símbolos, e artefatos subjacendo a base de uma ordem social bem
culturais, entre outros. (THORNTON; OCASIO, regulada. [...] Baseado no modelo “positivo” das
2008, p. 110) ciências naturais, utilizou analogias mecânicas e
orgânicas, distinguiu entre estático (estrutura) e
dinâmico (processo) e advogou um holismo me-
todológico. Iniciou importantes regras básicas
3 FUNCIONALISMO E INTERPRETATIVISMO para uma empresa sociológica dirigida a uma
explanação da ordem e da regulação social.
Na visão de Kuhn (1970), um paradigma repre-
O funcionalismo é estruturado no âmbito de
senta um conjunto de ideias definidas e estruturadas
quatro grandes categorias de pensamento, das quais
por uma parte da comunidade científica, que, influen-
derivam diversas escolas: “a) a teoria do sistema so-
cia a forma, pela qual, as pessoas percebem o mundo,
cial; b) interacionismo e teoria da ação social; c) teoria
resolvem questões, apreendem teorias. De forma bem
integrativa; e d) objetivismo” (BURREL; MORGAN,
simples, paradigmas representam basicamente lentes,
2006, p. 27). A Figura 1 apresenta, de forma sistêmica,
por meio das quais se visualiza uma questão;
toda estrutura do paradigma e a divisão das escolas do
Deve ser dito que paradigmas definem, em um pensamento com seus principais proponentes.
senso acordado e profundamente assentado, O paradigma funcionalista possui uma aborda-
uma forma de ver o mundo e como este de- gem objetivista diante das questões que analisa, tal fato
veria ser estudado, e que este ponto de vista é
é comum às ciências naturais. O foco dessa abordagem
compartilhado por um grupo de cientistas que
vivem em uma comunidade marcada por uma
para a análise social está no estudo do papel que os
linguagem conceitual comum, que buscam seres humanos desempenham na sociedade. Sob a
fundar um edifício conceitual comum, e que ótica da objetividade, considera-se “[...] que o mundo
são possuídos por uma postura política muito social é composto de artefatos empíricos relativamente
defensiva em relação aos de fora. (BURREL, concretos e de relações que podem ser identificadas,
1999, p. 445)
estudadas e medidas [...]” segundo as premissas da
racionalidade. Assim, de forma sistêmica, visualiza-se
Para os estudos organizacionais, a análise pa-
que a sociedade constrói relações com base na ordem
radigmática foi inserida em grande parte através dos
e na regulação. (BURREL; MORGAN, 2006, p. 17).
estudos de Burrel e Morgan (2006). “Eles identificaram
quatro paradigmas que são necessariamente formados No campo dos assuntos sociológicos, o funcio-
pela adoção de uma posição a partir de duas dimen- nalismo tende a ser ontologicamente realista à medida
sões conceituais básicas.” (BURREL, 1999, p. 445). que visualiza o mundo externo como resultado de
Essas dimensões referem-se à dicotomia subjetivo- uma cognição concreta do indivíduo. Do ponto de
-objetivo, inerentes à forma que cada paradigma pos- vista epistemológico, é positivista à medida que busca
sui de traduzir as questões que lhes são submetidas. sempre “[...] explicar e predizer o que acontece no
Por coerência com a proposta deste trabalho, serão mundo social, pela procura de regularidades e relações
apresentados apenas os paradigmas funcionalista e causais entre seus elementos constituintes”. Quanto
interpretativista. à natureza humana, o paradigma funcionalista é de-
terminista, no sentido de considerar que o ambiente
Segundo Burrel e Morgan (2006, p. 21), a tradi-
e a situação possuem o poder de moldar o homem.
ção intelectual que deu origem ao pensamento funcio-
Metodologicamente, admite-se que o funcionalismo
nalista é anterior à própria sociologia como disciplina,
seja nomotético devido à “[...] ênfase na importância
e assim, há certa dificuldade em definir exatamente sua
de basear pesquisa em protocolo sistemático e em
técnica.” (BURREL; MORGAN, 2006, p. 9-10).

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Marcio Luis Massaro

Categorias Escolas Autores-base

Radcliffe – Brown: sociedade


Funcionalismo estrutural: visão como rede de relações entre partes
holística da sociedade. A continuidade da constituintes.
vida de uma sociedade poderia ser
concebida em termos do funcionamento Malinowski: características de
de sua estruturas. sistemas sociais primitivos poderiam
ser entendidas em termos das
Teoria dos sistemas: alcançar a funções que desempenhavam.
Teoria do sistema
unidade da ciência baseado nas leis do
social: isomorfismo em campos diferentes. Bertalanffy: diferenciação entre
sistemas abertos e fechados.
Interacionismo: sociedade como um
intrincado entrelaçamento de múltiplas George Simmel: atenção nos
relações estabelecidas entre indivíduos seres humanos em seu contexto
em constante interação uns com os social (1858-1931).
outros.
George Herbert Mead:
Interacionismo simbólico: os atenção nos seres humanos em seu
Interacionismo e seres humanos respondem uns aos contexto social (1863- 1931).
Teoria da ação social: outros diretamente por ações.
Max Weber:
Teoria da ação social: colocar-se positivista/desenvolver uma ciência
no papel do ator como meio de relacionar social objetiva capaz de prover
a experiência interior a ações externas. explicações causais do fenômeno
social (1864-1920).
FUNCIONALISTA

O modelo de troca e poder de Blau: antirreducionista – a


SOCIOLOGIA

sociedade é mais que a soma das


Blau: enfatiza o papel da troca e poder partes, é um processo social
como fonte de integração da vida social. emergente (1964).

Teoria Mertoniana de Robert Merton: ligar teorias


funcionalistas conceitualmente
Estrutura Social e Cultural:
distintas / ligar níveis de análise
enfatiza as funções desempenhadas por
micro e macro, empirismo e grande
elementos da estrutura social no processo
teoria.
integrativo.

Merten: base de seu artigo:


Conflito Funcionalista: representa “Funções Latentes e Manifestas”
Teoria Integrativa: uma fusão da tradição funcionalista com (1958).
as teorias de Simmel e uma incorporação
do trabalho de Marx.
Buclkey: o sistema sociocultural
como um conjunto de elementos
Teoria dos sistemas ligados quase que inteiramente por
morfogênicos: é um ramo da teoria meio da intercomunicação de
integrativa associada com o trabalho de informações ao invés de ser ligado à
Buckley e com o “modelo de processo”. energia ou substância como são os
sistemas físicos e orgânicos (1967).

Behavorismo: homem é tratado Skinner: desenvolver teorias


Objetivismo: relacionado como produto do seu meio ambiente.
causais de comportamento baseadas
com métodos derivados das na análise de estímulo e resposta.
ciências naturais. Empirismo abstrato: presente em
basicamente todos os trabalhos dos C. Wright Mills: descreve a
teóricos anteriores, no que se refere ao
produção de pesquisadores que têm
engajamento em pesquisas empíricas que
permitido metodologias derivadas
viola os pressupostos de suas
das ciências naturais em seus
perspectivas teóricas.
trabalhos (1959).

Figura 1: Estrutura do paradigma da Sociologia Funcionalista


Fonte: Adaptada de Burrel e Morgan (2006)

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As Instituições e sua Compreensão: seria algo propício às premissas interpretativistas?

Em essência, o funcionalismo possui suas bases der a experiência subjetiva do indivíduo, do ponto de
nos pressupostos do positivismo, sob o pensamento vista do ator individual, como sendo essa experiência
de Auguste Comte. Não obstante, apresenta-se como constituinte da realidade social. Ontologicamente, o
o paradigma dominante nos estudos acadêmicos, paradigma interpretativista é nominalista, e voluntarista
tanto no âmbito social quanto organizacional e, assim em relação à natureza humana, sendo que as teorias
sendo, o racionalismo exacerbado como característica construídas sob esse paradigma são em essência
primeira do positivismo está presente em grande parte antipositivistas, ou seja, rejeitam os pressupostos das
das análises no campo dos fenômenos organizacionais ciências naturais, fato dentre outros, que o afasta do
(JUNIOR; PACAGNAN; OLIVEIRA, 2012). funcionalismo. O método de estudo é o ideográfico.
Por outro lado, a Sociologia Interpretativista é A estrutura do pensamento interpretativista, é
constituída entre o final do século XIX e início do século constituída segundo o grau de subjetividade. O inter-
XX, em reação à hegemonia funcionalista-positivista. pretativismo apresenta-se em termos de quatro linhas
O foco interpretativista está no entender e explicar o distintas, porém relacionadas, sendo elas: a) solipsismo;
mundo social, sob o ponto de vista dos atores envolvi- b) fenomenologia; c) sociologia fenomenológica; d)
dos no processo social. Em contradição ao positivismo hermenêutica.
sociológico e, com grande influência do idealismo O Solipsismo localiza-se no lado mais subjetivista
germânico, teve muita influência dos pensamentos de do paradigma. Trata-se do pensamento extremista de
Immanuel Kant (1724-1803), Wilhelm Dilthey, Max idealismo subjetivo, que teve em Berkeley (1685-1753)
Weber e Edmund Husserl. O centro das discussões um dos principais proponentes. Está ligado antes à
do pensamento interpretativista era que, as ciências metafísica que à sociologia, daí seu caráter subjetivo
humanas e ciências naturais, divergem principalmente extremista, que resulta em “completo relativismo e
quanto à sua natureza e finalidade (BURREL; MOR- ceticismo”. Acreditam que o mundo não tem existência
GAN, 1979, p. 67). própria, mas sim, é criação da mente do indivíduo, ob-
Além de focar no comportamento da consciência jeto de suas próprias sensações. O mundo é produto da
humana, esse grupo de teóricos se voltou para os pro- percepção dos indivíduos (BURREL; MORGAN, 2006).
blemas básicos epistemológicos entre o confronto das A Fenomenologia localiza-se numa posição in-
ciências natural e social. Então, a considerada ciência termediária entre os extremos subjetivo-objetivo do
da cultura utilizou-se de um novo método analítico, pensamento interpretativo. O movimento Fenome-
que permitia compreender os seres humanos, suas nológico “[...] não é algo completamente coerente,
mentes e, sentimentos expressados nas suas ações, o visto que reflete um grande número de linhas de de-
verstehen, pelo qual seria possível ordenar e explicar a senvolvimento”. O ponto de partida pode ser a linha
ação humana. “A ação é social até onde, em virtude do da fenomenologia transcedental firmada nos estudos
significado subjetivo ligado a esta ação pelo individuo de Husserl e seguida da contribuição de autores como
enquanto ator social, leva em conta o comportamento Scheller, Heidegger, Shutz, Sartre e Marleau-Ponty.
de outros indivíduos, e por esse meio é orientado em Entretanto, são consideradas, na sequência evolutiva,
seu desenvolvimento.” (WEBER, 1947, p. 154) as proposições de Schutz no âmbito da fenomenologia
Max Weber busca reconciliar, pontos de tensão, existencial (BURREL; MORGAN, 2006, p. 76).
entre idealismo e positivismo, na busca de, criar uma Conforme Burrel e Morgan (2006), a Fenome-
teoria causal de explicação social. Edmund Husserl, nologia Transcedental não se trata de investigação de
por sua vez, é considerado o fundador do movimento fatos internos ou externos, ao contrário, desconsidera
fenomenológico na filosofia. A fenomenologia busca a experiência, vai além da realidade objetiva, em
investigar e, trazer às claras, os verdadeiros fundamen- busca da realidade na consciência. Busca entender
tos do conhecimento, porquanto, estuda a essência os objetos, em si mesmos, como sendo intenções da
dos fenômenos. consciência, a fim de materializá-los tais como são.
De forma geral, os teóricos de todas as linhas Frente ao conteúdo do conhecimento, o método feno-
de pensamento, dentro do paradigma interpretativo, menológico parte em “[...] negligenciar o que só conta
possuem um ponto de inferência comum, de enten- aos filósofos e cientistas [...]”, buscando descrever os

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Marcio Luis Massaro

objetos tais como se apresentam a si mesmos, como respondem a estímulos desse. A ação é um construto
significados para torná-los visíveis como são. Assim, a e não um mero mecanismo de liberação. Seu principal
análise fenomenológica transcende a aparência física expoente foi G. H. Mead.
superficial das coisas ou da intuição. Blumer (1986) coloca que o movimento do
Nessa busca, o método da époche é viável à interacionismo simbólico está alicerçado em três pre-
“redução fenomenológica” na intenção de trazer às missas: - Os seres humanos agem em relação às coisas
claras o campo da essência das intenções como fonte baseando-se no significado que estas coisas têm para
de significado, entre a consciência pura e o mundo eles. Elas incluem tudo que os seres humanos podem
como fenômeno. A proposta de Edmund Husserl é notar como objetos físicos, outros seres humanos, ca-
de apreender o mundo como um fenômeno, o qual tegorias de seres humanos como amigos ou inimigos,
manifesta a si mesmo, na consciência não no objeto, instituições, ideais, atividades dos outros e situações
mas, significado. “[...] A realidade não é construída que os indivíduos encontram no seu cotidiano; - O
pela consciência; ela lhe é revelada através do ato de significado das coisas é derivado ou surge da interação
intencionalidade” (BURREL; MORGAN, 2006, p. 77). social que um membro tem com o outro; - Os significa-
A fenomenologia existencial é ligada ao trabalho dos das coisas são apropriados e modificados por um
de Heidegger, Merleau-Ponty, Sartre e Schutz. “Eles processo interpretativo usado pela pessoa para lidar
partilham um interesse comum pelo que Husserl cha- com as coisas que ele defronta. (BISPO, 2010, p. 7)
mou de “mundo da vida” (Lebenswelt), para significar A Hermenêutica representa a linha menos subje-
o mundo da experiência cotidiana”, o que por si já se tiva do pensamento interpretativista. Seus proponentes
opõe à consciência transcedental. Procura uma análise possuem uma visão “idealista objetiva” do mundo
de significado no fluxo da consciência, como sendo sociocultural, tendo nos trabalhos Dilthey, sua maior
esse uma constante sequência de experiências vividas inferência, e na noção do verstehen e também nos
as quais não possuem significado em si mesmas. Tem trabalhos de Gadamer mais recentemente. O pensa-
em Alfred Schutz (1899-1959) seu principal propo- mento principal é de que os seres humanos objetificam
nente, que buscava “entender o mundo social pela através de artefatos culturais, seus processos mentais
visão daqueles que vivem nele, usando os construtos internos. O exemplo dessa objetificação fica na visão
e as explicações que são inteligíveis em termos de in- de instituições, literatura, linguagem, obras de arte,
terpretação do senso comum da vida cotidiana”. Seu religiões.
trabalho estava voltado a relacionar a fenomenologia
com os problemas da sociologia (BURREL; MORGAN,
2006, p. 80). 4 APROXIMANDO TEORIA INSTITUCIONAL E
A Sociologia fenomenológica como linha da INTERPRETATIVISMO
teoria interpretativista, apresenta-se sob duas escolas
de pensamento. A Etnometodologia, que se funda no O Paradigma Estrutural-Funcionalista sofreu
“minucioso estudo da vida cotidiana”. Tem interesses questionamentos na década de 1970, que atentam
nos processos, pelos quais, os atores do cotidiano, contra o caráter fechado de suas proposições, a pouca
interagem uns com outros nos eventos e atividades relevância do aspecto político, bem como, a desconsi-
em que estão inseridos. O termo etnometodologia foi deração da influência histórica, fato que, abre espaço à
proposto por Harold Garfinkel, e distingue-se sob duas propositura de novas teorias com preocupações diver-
maneiras: linguístico – “foco no uso da linguagem e as sas no campo da Teoria das Organizações, em especial,
formas pelas quais as conversações diárias são estru- no que se refere à influência de fatores externos às
turadas”; situacional – foco nos “meios pelos quais as organizações (CARVALHO; VIEIRA, 2003). A TI, como
pessoas negociam os contextos nos quais eles próprios componente do acervo teórico funcionalista, padece
se encontram” (BURREL; MORGAN, 2006, p. 80). então, pela condição de engessamento metodológico
O Interacionismo Simbólico Fenomenológico de seu paradigma.
tem sua ênfase, na análise da interação pela qual os A despeito do distanciamento paradigmático,
indivíduos criam seu mundo social e, não somente frente ao funcionalismo, o interpretativismo representa,

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As Instituições e sua Compreensão: seria algo propício às premissas interpretativistas?

o princípio da busca pela explicação e, a busca do sen- pelos atores para responder às circunstâncias
tido dos fenômenos organizacionais, em contraponto ambientais, o que implica no uso de estratégias
de pesquisa capazes de captar a interdepen-
ao objetivismo exacerbado funcionalista, que muitas
dência entre estrutura, interpretação e ação,
vezes o torna limitado para a compreensão das organi-
em diferentes contextos sociais. Nesse sentido,
zações. O pensamento interpretativista, busca visualizar o exame dos esquemas interpretativos se torna
organizações, como processos resultantes da interação essencial para a compreensão da dinâmica
de indivíduos que, interpretam e buscam sentido nas organizacional [...]. (MACHADO-DA-SILVA;
coisas, através de suas experiências subjetivas (VER- FONSECA; CRUBELLATE, 2010, p. 31)
GARA; CALDAS, 2007).
O que se mostra, então, é que, há um lócus de
Por isso, na concepção de Burrel e Morgan (2006)
convergências possíveis entre as necessidades meto-
os teóricos da linha interpretativista, focam seus estudos
dológicas contemporâneas da TI e as disponibilidades
em explicar como a existência concreta dos aspectos da
estruturais dos aspectos do interpretativismo. De acor-
vida organizacional, depende das construções subje-
do com Thornton e Ocasio (2008), considera-se, ainda,
tivas das individualidades humanas. Nota-se que essa
que no âmbito dos estudos das lógicas institucionais,
característica, se faz muito próxima das necessidades da
o que se tem demonstrado eficiente é, justamente, a
TI, diante de seu propósito explicativo, dos fenômenos
triangulação de métodos qualitativos e quantitativos,
ligados às instituições.
como o caso do método de tipos ideais que concilia
Sob as lentes interpretacionistas, as organizações
abordagens interpretativas com testes de hipóteses.
figuram não apenas sob o aspecto racional de um
Nesse sentido, a proposta de aproximação da TI com
planejamento, mas também passam a deter um novo
o interpretativismo não se propõe no sentido de afastar
plano, enquanto fenômeno socialmente construído,
a TI de sua essência funcionalista, mas como forma de
como sendo resultado de uma série de “interações não
comutação metodológica complementar, que conferiria
racionais de cunho político, cultural, e de processos
à TI, uma liberdade investigativa que ela demanda.
cognitivos e simbólicos” (CRUBELLATE; GRAVE;
MENDES, 2004, p. 41). O interesse dos proponentes
interpretativistas é de compreender o mundo subjetivo
5 A FENOMENOLOGIA COMO INSTRUMENTO
da experiência humana. Assim, é necessário adentrar
nos fenômenos investigados, a fim de compreendê-los METODOLÓGICO POSSÍVEL PARA TI
de dentro. Por isso, rejeita-se uma imposição externa
que, normalmente, viria impregnada da visão do ob- A evolução temporal do pensamento em TI, de
servador (BURREL; MORGAN, 2006). certa forma, pode ter contribuído para uma aproxima-
ção dos preceitos interpretativistas. Considerando-se
A Teoria Institucional se faz cada vez mais pre-
que a primeira concepção institucional estava mais
sente no âmbito dos Estudos Organizacionais, desde
voltada para os estudos das organizações, o que se
o fim da década de 1970, em especial, pela sua alta
verifica a partir da década de 1970 é uma alteração no
propensão explicativa. Por outro lado, tem recebido
foco dos estudos em TI, em especial, no que concerne
críticas constantes, no que tocante à suposta identifi-
a visão das relações de ambientes interorganizacionais.
cação da perspectiva institucional de analise, dentro
Dessa forma, o ambiente passa a ter um papel mais
do âmbito do Neoinstitucionalismo. É evidente, porém,
ativo para a análise dos processos de institucionaliza-
[...] que já não cabe restringir a análise do ção. Os partidários da abordagem institucional pas-
processo de institucionalização à identificação sam a considerar que o comportamento individual é
do efeito da estrutura social no comportamento modelado por padrões criados e compartilhados pela
social ou, em direção contrária, da definição de interação, mas, incorporados na forma de normas
ações intencionais, buscando conformar certa
e regras objetivas, cristalizadas na sociedade como
ordem institucional favorável aos valores e inte-
resses de atores racionais. É necessário verificar concepções legitimadas sobre a maneira mais eficaz
os padrões estruturais vigentes, as ações que de funcionamento das organizações (FONSECA;
eles possibilitam e limitam, quais significados MACHADO-DA-SILVA, 2002, p. 98).
são construídos, modificados e reproduzidos

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Marcio Luis Massaro

Mais que isso, verifica-se que parte dos trabalhos [...] Há pouco consenso sobre a definição de
mais recentes no campo, também, passaram a utilizar conceitos-chave, mensuração ou métodos no
âmbito desta tradição teórica. [...] A teoria ins-
uma abordagem que evidencia o estudo das lógicas
titucional ainda não desenvolveu um conjunto
institucionais, bem como a forma com que essas
central de variáveis-padrão, não tem metodo-
participam da formatação de organizações, grupos e logia de pesquisa padronizada nem tampouco
indivíduos (NIELSEN; JENSEN, 2011; THORNTON; conjunto de métodos específicos. (TOLBERT;
OCASIO, 2008). ZUCKER, 1999, p. 194)
Assim sendo, o pensamento em TI volta-se
para as ações de indivíduos como fator influente nos Diante do exposto até o presente, há uma ca-
processos de institucionalização de estruturas, bem rência latente no campo da TI, pelo uso de métodos
como nas lógicas institucionais e, ainda, considera alternativos, como da análise de eventos históricos,
o ambiente como ator presente nesses processos. métodos interpretativos, triangulação e tipos ideais.
Desse constato, tem-se a possibilidade de conjectura “[...] O desenvolvimento de métodos interpretativos
de que, no âmbito da distinção paradigmática, diante enriquece as possibilidades de tipos de dados e os
do quesito voluntarismo e determinismo, a TI assume métodos de coleta de dados disponíveis para pesqui-
uma posição configurativa que se posiciona num lócus sadores para examinar o conteúdo e significado das
intermediário entre ambos. Porquanto, há algum grau instituições.” (THORNTON; OCASIO, 2008, p. 109).
de indeterminação do caráter paradigmático da TI, na Ao mesmo tempo, existem muito mais contribui-
classificação de Burrel e Morgan (2006), podendo-se ções funcionalistas, a fim de, explorar as implicações
identificar a presença de pressupostos Funcionalistas e de se estudar a realidade social, que se põe muito
Interpretativistas no âmbito da referida teoria. menos palpável e mais processual, do que se considera
Sob o ponto de vista organizacional, a premissa dentro do próprio funcionalismo. Para tanto, há que
central é de que, na busca por legitimidade, as organi- se ter maior consideração com a posição individual
zações incorporam linhas de ações já definidas e racio- dos atores envolvidos, no tocante à forma que cada
nalizadas na sociedade e, por aceitação de normativos, um possui de interpretar e sustentar, pontos de vistas
coercitivos e “pressões mimético-institucionais”, orga- sobre a realidade social. “Há campo para adotar uma
nizações são “socialmente recompensadas” garantindo epistemologia, uma visão de natureza humana e uma
recursos para sua sobrevivência. Portanto, estrategica- metodologia em consonância com essa visão revisada
mente, as organizações incorporam práticas, valores do status ontológico do mundo social”. Em síntese,
contextuais, símbolos e cerimônias, para o contexto. pode ser desejável à Teoria das Organizações contem-
Essa praxe, estendida para o âmbito de uma série de porânea, revisitar constantemente suas proposições
organizações, constitui em isomorfismo, referindo-se básicas, com vistas nas dimensões subjetivo-objetiva
ao alinhamento de práticas organizacionais, à me- (BURREL; MORGAN, 2006, p. 97).
dida que são influenciadas pelas mesmas estruturas Uma orientação ainda pouco frequente na pes-
institucionalizadas. A busca por legitimidade, por sua quisa organizacional, porém, de crescente importância,
vez, leva as organizações a um grau mais elevado de é o método fenomenológico de pesquisa. Na sua forma
competitividade, crucial para sua sobrevivência no mais pura, busca entender a essência das coisas, como
contexto de mercado (FERNANDEZ-ALLES; VALLE- o que tem significado na descrição de mitos, culturas
-CABRERA, 2006, p. 503). e símbolos organizacionais, e daí a possibilidade de
Segundo Tolbert e Zucker (1999), vários trabalhos utilização da fenomenologia enquanto método para a
sob a égide Institucionalista têm contribuído para a pesquisa organizacional. “A concepção de fenômeno
evolução de análises no campo dos Estudos Organi- fundamenta-se nas visões idealista, neo-idealista, exis-
zacionais. Entretanto, existem carências estruturais da tencial e fenomenológica com relação à realidade do
própria TI a serem atendidas. A despeito das técnicas conhecimento” (JUNIOR; MELLO, 2008, p. 27). No
emprestadas aos estudos institucionalistas, pouca aten- sentido mais amplo, fenômeno é tudo que aparece, se
ção tem sido dada à conceitualização e à especificação manifesta e se revela.
de processos de institucionalização.

158 Revista de Ciências da Administração • v. 19, n. 47, p. 148-162, abril 2017


As Instituições e sua Compreensão: seria algo propício às premissas interpretativistas?

Na linha da fenomenologia, as organizações são análises no âmbito das teorias ligadas ao paradigma
basicamente um construto social, ou seja, representam funcionalista. De forma especial, diante dos estudos
diferentes interpretações para diferentes indivíduos. Na envolvendo processos de institucionalização ou lógicas
interação, trata-se de uma construção intersubjetiva. institucionais, os quais demandam análises no âmbito
Assim, há um distanciamento ontológico fundamental da essencialidade dos fenômenos.
entre o teórico das organizações (funcionalista) e o
fenomenologista (interpretativo) (BURREL; MORGAN, [...] Zucker (1987, 1991) inclui o desenvolvi-
mento da teoria institucional realizado até então
2006). No entanto, segundo as considerações de Ver-
no âmbito paradigmático da teoria funciona-
gara e Caldas (2007), é possível que o conhecimento lista e propõe uma abordagem interpretativa
fenomenológico seja empregado com consistência, (etnometodológica e fenomenológica) dela.
sob outros enfoques, como complementaridade me- Com isso, distingue a persistência cultural como
todológica, agregando contribuições para pesquisa em decorrência e não mais como característica do
Administração. processo de institucionalização, sugerindo que o
grau de institucionalização se eleva na medida
O acréscimo fenomenológico, para o pensamento
do aumento da transmissão, da manutenção e
funcionalista, está fundado especialmente, no tocante da resistência à alteração dos padrões culturais
ao respeito à natureza do mundo social. É possível compartilhados. As consequências conceituais
existirem infortúnios para o sociólogo fenomenolo- deste privilégio dado pela autora à dimensão
gista, que direcione seus estudos para o campo das cognitiva do fenômeno institucional, bem como
o seu foco monoparadigmático no que concerne
organizações. Isso não há como contestar. No entanto,
à cognição e às instituições, foram generalizados
conforme a concepção de Burrel e Morgan (2006), é
para todos os princípios da teoria institucional,
possível perceber que boa parte desses embaraços demarcando as críticas vindouras. (MACHADO-
repousam na falta de explicitude dos pesquisadores -DA-SILVA; FONSECA; CRUBELLATE, 2010,
principalmente no que se relaciona ao seu foco de p. 13)
atuação. Assim, considerando ser o problema de cunho
ontológico, se faz necessário trazê-lo à luz. Sobretudo, no que se refere à abordagem das
lógicas institucionais e seu papel na formatação do
Por uma perspectiva mais estrutural, Brown indivíduo e de organizações, bem como a forma que
(1978) assume a racionalidade, a legitimidade o contexto individual, interfere nas lógicas institucio-
ou a autoridade como dimensões que podem nais, a fenomenologia se coloca como um método
ser reconhecidas como estruturas de consci-
promissor, não o único, para incrementar os resultados
ência, assim como características dos cenários
cotidianos das empresas. Dessa maneira, a no campo.
construção de temáticas vinculadas à gestão, O contexto cultural onde se apresentam os fenô-
por exemplo, podem ser reinterpretadas feno- menos permite, através da interpretação deles, esta-
menologicamente, compondo os fundamentos belecer questionamentos, discussões dos pressupostos
praxiológicos da vida organizacional. Os mé-
e uma busca dos significados da intencionalidade do
todos de pesquisa qualitativa, explicitamente
chamados de fenomenológicos, incluem
sujeito frente à realidade. (JÚNIOR; MELLO, 2008,
entrevistas em profundidade e análises do p. 28)
discurso, especialmente na forma como são
desenvolvidos historicamente no âmbito das
ciências sociais, compreendidos eventualmente 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
como interpretativos e pós-fenomenológicos.
(JUNIOR; MELLO, 2008, p. 40)
A proposição deste ensaio está em apresentar
Diante do exposto, e considerados os possíveis conjecturas que fomentem discussões sobre a aproxi-
percalços ontológicos, verifica-se que o caráter in- mação da fenomenologia, enquanto patrimônio teó-
terpretativo da fenomenologia se mostra como uma rico interpretativista, como um possível complemento
possibilidade viável de satisfação de parte das carências metodológico à TI, que figura no âmbito do paradigma
metodológicas da TI e de forma geral para potencializar funcionalista. Não se absteve, entretanto, de pontuar
o distanciamento fundamental existente na essência

Revista de Ciências da Administração • v. 19, n. 47, p. 148-162, abril 2017 159


Marcio Luis Massaro

dos dois paradigmas, mas, buscou-se essencialmente, especial no campo dos métodos, como o caso de Max
destacar pontos de aproximação que, corroborem a Weber e a noção de verstehen.
proposta do trabalho. Diante do contexto, a fenomenologia se mostra
A despeito das distinções paradigmáticas, entre em sua forma mais pura, como a busca da essência
funcionalismo e interpretativismo, no âmbito de suas das coisas. Assim, se existe significância no ato de
respectivas abordagens, objetiva e subjetiva, ambos elucidar aspectos dos processos de institucionalização
encontram-se sob os pressupostos da sociologia da e de lógicas institucionais. Conhecer a essência dos
regulação, ou seja, consideram que há certo orde- fenômenos institucionais representa a chance de inter-
namento e um padrão no mundo social. O foco de pretar mitos, cerimônias, símbolos organizacionais, na
aproximação, entretanto, ficou por conta das demandas forma como se manifestam, portanto, mais adequada
metodológicas da TI não atendidas pelo instrumental às premissas da TI. Esse é um dos pontos de interseção
funcionalista. O estudo de fenômenos sociais e orga- que, se mostrou possível, como justificativa para o uso
nizacionais, sob as premissas das ciências naturais, da fenomenologia no incremento metodológico à TI.
comum ao funcionalismo, tem sido alvo de críticas con- Um segundo ponto, diz respeito à forma que a
tundentes na academia. Essas críticas são embasadas fenomenologia compreende organizações, como resul-
no fato de que as metodologias racionais, já não dão tado de um construto social e, portanto, diferentemente
conta de explicar a complexidade que circunscreve as sob diferentes pontos de vista, assim sendo, ela conse-
relações sociais contemporâneas. gue analisar os fenômenos ao nível do indivíduo, fato
A perda de fatos explicativos e o reducionismo que o objetivismo funcionalista não abarca.
têm justificado o embate. Daí, a crescente importân- A despeito do racionalismo positivista, a feno-
cia de pesquisas qualitativas no campo dos estudos menologia reconhece que, organizações representam
organizacionais. Então, as críticas a TI, se sustentam o resultado da interação de contextos político, cultural,
principalmente sobre sua fragilidade metodológica, e de processos cognitivos e simbólicos. Assim sendo, a
em especial, na dificuldade de subjetivar as análises fenomenologia dispõe de características constitutivas,
de processos de institucionalização e, das lógicas ins- que perfazem justamente, as necessidades metodo-
titucionais. lógicas complementares da TI, tanto em estudos de
Desde as preocupações com os processos de processos quanto em lógicas institucionais.
institucionalização e, mais recentemente a tendência Em suma, a fenomenologia apresenta-se viável
de estudos sobre as lógicas institucionais, percebe-se como complemento metodológico à TI. Não se trata
que há um forte caráter social que circunda o objeto aqui, de uma tentativa de promover a aproximação
de estudo da TI. Por exemplo, as preocupações acerca epistemológica e ontológica, de campos que, por es-
da forma que organizações e indivíduos, interferem sência, são distintos. No entanto, destacaram-se alguns
e sofrem interferência das lógicas institucionais. Esse pontos de confluência, que aproximam dois campos
assunto suscita uma investigação, para muito além do do conhecimento, que apesar de terem concepções
que o arsenal metodológico funcionalista é capaz de distintas, podem ser, na prática, complementares.
fornecer. O entendimento de fenômenos organizacionais
O âmago desses estudos repousa sob o nível do complexos demanda um ferramental metodológico
fenômeno envolvido na questão, portanto, mais que capaz de abarcar assuntos em diferentes dimensões.
uma leitura quantitativa de dados, se faz indispen- Por isso, há necessidade de se discutir barreiras con-
sável lançar mão de métodos capazes de interpretar ceituais, que impeçam aproximações como a proposta
significados. Dessa forma, métodos qualitativos como neste estudo.
entrevistas, análises históricas, e outros de natureza
essencialmente interpretativistas, se apresentam em
crescente importância nos estudos organizacionais. REFERÊNCIAS
Desde longa data, pensadores da linha funcionalista
consideraram o uso de insights interpretativistas, em BERGER, P.; LUCKMANN, T. La Construcción Social
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160 Revista de Ciências da Administração • v. 19, n. 47, p. 148-162, abril 2017


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